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ENSAIO CRÍTICO DO DOCUMENTÁRIO: "Políticas de saúde no Brasil: Um século de luta pelo direito à saúde"

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS BIÓLÓGICAS E DA SAÚDE 
CURSO DE FARMÁCIA 
 
 
 
 
Caroline Santos Pereira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENSAIO CRÍTICO DA OBRA: 
 "Políticas de saúde no Brasil: Um século de luta pelo direito à saúde" 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINA GRANDE - PB 
AGOSTO DE 2020 
INTRODUÇÃO 
O documentário “Políticas de saúde no Brasil: um século de luta pelo direito à 
saúde” conta a história das políticas de saúde em nosso país durante um pouco mais de 
100 anos de luta popular pelo direito à saúde. A produção audiovisual conta com uma 
linguagem leve e é extremamente informativa, destacando o contexto histórico-social e 
político de cada época, bem como especificando os mecanismos de 1900 até meados de 
2006 que possibilitaram a implantação do atual sistema de saúde (SUS). 
O filme inicia mostrando a frustração com o século 20, onde a perspectiva de 
progresso por um século novo durou pouco. Com a crescente urbanização e 
industrialização sem planejamento urbano, uma série de epidemias como a febre 
amarela, cólera e varíola surgiram. Não havia o conceito de higiene e a desigualdade 
social reinava, a assistência médica era privilégio da elite, enquanto que a população 
pobre só se dispunha de atendimentos filantrópicos nos hospitais de caridade mantidos 
pela igreja, chamados de Santas Casas de Misericórdia. As epidemias comentiam os 
trabalhadores e consequentemente, afetava diretamente a economia, afastando 
comerciantes imigrantes em um momento de grande expansão cafeeira, o que levou a 
necessidade de adoção de políticas de reestruturação urbana, bem como, de políticas 
sanitárias e de vacinação compulsória, comandado pelo médico sanitarista Oswaldo 
Cruz. A obrigatoriedade da vacinação, bem como a destruição dos cortiços nos grandes 
centros, gerou extrema insatisfação popular, cominando na Revolta da Vacina. Nesse 
sentido, a população carente de medidas de promoção da saúde, foi reprimida 
violentamente, em vez de ter acesso à informação e esclarecimento sobre a imunização, 
bem como sobre formas de higiene para prevenção de doenças. A saúde foi vista, então, 
como caso de polícia. 
Com inúmeras mortes pela gripe espanhola, bem como a ascensão do 
movimento operário, explodiu-se a greve dos operários de 1917. Posteriormente em 
1922, a revolta tenentista e a tomada do Forte de Copacabana. Nesse universo de 
tensões, surgiu então uma lei criada pelo deputado Eloi Chaves que passou a 
regulamentar o direito a aposentadoria, através de caixas de aposentadoria e pensões 
(CAPs), financiadas por empresas, trabalhadores e a união, como meio de diminuir as 
tensões sociais pelo oferecimento, também, de assistência de saúde aos trabalhadores. A 
saúde que, anteriormente, era vista como caso de polícia, em São Paulo teve sua visão 
reformulada pelo Dr. Geraldo de Paula Souza que substituiu ações policiais por medidas 
educativas e sociais, envolvendo a família nas ações de promoção à saúde. 
Acerca da promoção da saúde, a produção audiovisual explica muito bem o 
contexto de inauguração de uma assistência medica inicial, atrelada a previdência social 
no governo de Vargas, através da criação dos Institutos de Aposentadoria por categoria 
profissional, os IAPs, financiado por uma taxa salarial, substituindo CAPs. Contudo, o 
interesse econômico imperou sobre as necessidades básicas de saúde no Brasil, 
resultando na aplicação dos recursos dos IAPS em financiamentos da industrialização 
do país, favorecendo o empresariado nacional. Em 1966, durante a Ditadura Militar, o 
governo unificou todos os IAPs num sistema único, o INPS (Instituto Nacional de 
Previdência Social), passando a concentrar todas as contribuições previdenciárias, 
incluindo a dos trabalhadores do comércio, da indústria e dos serviços. Os recursos do 
INPS são usados, mais uma vez, para financiar grandes obras como a usina de Itaipu e 
construção da ponte Rio-Niteroi, o que precarizou ainda mais o sistema de saúde, 
maquiado pela censura ditatorial. Outros sistemas foram criados, como o SINPAS, que 
envolvia o INPS, INAMPS e IAPAS, porém com destino semelhante aos anteriores, 
priorizando financiamento privado, em detrimento do público e posterior falência. Com 
esse cenário caótico, inúmeros movimentos sociais começaram a questionar o modelo 
de saúde vigente, o que culminou na “8º Conferência de Saúde”, na qual propuseram 
um sistema único de saúde baseado na universalidade, equidade e integralidade, 
buscando a saúde como um direito, o que foi incorporado na constituição de 1988. 
Em 1990, ocorreu então a regulamentação do SUS pela lei 8.080 e lei 8.142. 
Posteriormente, criaram o Programa de Saúde da família, com foco na saúde preventiva. 
Ao longo da década de 1990-2000, vários entraves foram enfrentados como a extrema 
burocracia e corrupção que dificulta o repasse para o ambiente público, bem como a 
ascensão das organizações privadas, que não lucram com um serviço público universal e 
de qualidade, o que culminou no atual sistema híbrido da saúde brasileira, com atuação 
mista, pública e privada. 
Entretanto, apesar da grande demanda e sucessivos entraves, o SUS consegue 
ofertar desde transplantes, vacinas, atendimento de urgência, fornecimento de 
medicamentos e promoção de saúde até controle da qualidade da água e serviços de 
vigilância epidemiológica, portanto, é um sistema que consegue atuar em diversos 
setores em prol da saúde coletiva, visando não apenas o indivíduo biologicamente, mas 
também o psicológico e social. Com caráter universal, o SUS possibilita o atendimento 
de todos, não apenas os de carteira assinada como o assistencialismo preconizado pelas 
previdências, sendo um exemplo de equidade, enfrentando as desigualdades sociais e 
um fruto da participação popular, o que ainda persiste, com voz nos conselhos e 
conferências. Em virtude dessa retrospectiva e dos benefícios de um sistema de saúde 
como o SUS, é necessário proteger esse sistema como uma conquista popular advinda 
de muita luta.

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