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Tópicos Avançados em Administração 3 A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Joao Luiz Souza Lima Revisão Textual: Profª. Dra. Patrícia Leite Silvestre 5 • Introdução • Competição no Século XXI • Organizando a Empresa para Competir no Século XXI Nesta unidade, você terá a oportunidade de estudar o fenômeno da competição no século XXI e suas influências no ambiente empresarial. Além disso, buscaremos entender como o gestor contemporâneo deve organizar a empresa para competir no novo cenário que se apresenta. Ainda, verificaremos a crescente participação das mulheres na transformação das organizações, também de aprender sobre as novas abordagens da Administração. Serão abordados os pensamentos dos seguintes Gurus da Administração: Apresentaremos, ainda, alguns temas principais sobre Gestão Ambiental e como esse conceito se modificou e cresceu ao longo dos anos junto ao ambiente empresarial. Mostraremos o quanto as mudanças no ambiente de negócios afetam decisivamente a estratégia da organização para alcançar seus objetivos e metas de mercado, principalmente em se tratando de um mercado globalizado. A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI • Mulheres na Transformação das Organizações • Novas Abordagens da Administração • Considerações Finais a) Edward Deming; b) Joseph Juran; c) Kaoru Ishikawa; d) Masaaki Imai; e) Michael Hammer; f) Thomas Davenport; g) Peter Senge; h) Outros. 6 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI Nesta Unidade, será possível a nossa compreensão de temas de grande relevância profissional, tais como: “Competição Empresarial”, “Organização das Empresas Competitivas”, “Mulheres na Transformação das Empresas” e as “Tendências da Administração”. Serão abordados os seguintes temas: a) Competição no Século XXI; b) Organização da Empresa do Século XXI; c) Mulheres na Transformação das Empresas; d) Novas Tendências da Administração (Movimento da Qualidade, Reengenharia, Processos Empresariais, Gerenciamento da Qualidade Total, Just-in-Time, Kanban, Kaisen, 5S, Análise de Valor do Processo, MRP II, Custo ABC, Downsizing, Benchmarking etc.); e) Gestão do Conhecimento; f) Gestão Ambiental; g) Ética e Responsabilidade Social. Na pasta da nossa disciplina, você encontrará os seguintes itens que compõem a unidade: 1 - Competição no Século XXI Este tema apresenta o confronto entre as empresas da velha economia (empresas tradicionais) contra as empresas da nova economia (empresas de alta tecnologia, de serviços e entretenimento). 2 - Organizando a Empresa na Competição no Século XXI Este tema tem o relevante papel de mostrar ao gestor deste século que se deve superar o mercado por meio da valorização da capacidade da empresa de inovar através de seus processos (combinação de recursos e atividades). Seguindo a lógica de Schumpeter (economista austríaco), a empresa cria valor por meio da combinação de recursos que possui para a inovação contínua. 3 - Mulheres na Transformação das Empresas A mulher passou a fazer parte do mercado de trabalho durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, tomando a posição dos homens. Com o passar do tempo, elas foram ganhando direitos, alcançando posições e conquistando até papéis de liderança. 4 - Novas Abordagens da Administração Este tema apresenta as novas abordagens da Administração que farão parte do papel dos gerentes ao longo do século XXI. Entre as abordagens se destacam: Gerenciamento da Qualidade Total, Just-in-Time, Kaisen, MRP II, Análise de Valor. Custeio ABC, Reengenharia, Benchmarking, Gestão do Conhecimento, Gestão Ambiental e Responsabilidade Social. 7 Contextualização OS GURUS DA ADMINISTRAÇÃO Os gurus da administração – professores de faculdade de administração, empresas de consultoria de grande poder, oradores motivacionais que mal completaram o segundo grau – são os bruxos modernos, que prometem a cura de todos os males que assombram as empresas. Esses homens e mulheres são representantes de vendas de um setor que existe exclusivamente para divulgar conselhos gerenciais entre executivos petrificados. Muitos gerentes acreditam que as ferramentas gerenciais corretas podem ajudar a garantir o sucesso do negócio, e muitos acreditam também que essas ferramentas prometem mais do que são capazes de cumprir. Muitas vezes, os resultados são milhares de pessoas que perdem o emprego ou têm suas vidas profissionais irremediavelmente alteradas. Porém, milhares de empresas continuam se agarrando ao mais novo conceito do dia – até que surja o próximo. A ironia é que algumas das ideias e receitas dos gurus, realmente, podem resgatar ou renovar sua empresa. Mas até que você conheça essas ideias, suas chances de sucesso são mínimas. Por meio de investigações imparciais, muitas vezes polêmicas, também pelo conhecimento, aprendizado, inovação, estratégia e visão, o futuro do local de trabalho, esses homens foram capazes de estruturar empresas e fazer sucesso em suas carreiras. Para Pensar • Como seriam as empresas de hoje se não tivesse existido um Taylor? • Como seria a produção das indústrias sem o conceito da produção em massa de Ford? • As pessoas eram vistas como máquinas, se não fossem os primeiros estudiosos que destacaram a importância das pessoas na organização, como seriam as empresas hoje? • Hoje, o capital intelectual é o principal ativo da organização, mas foram os gurus Elton Mayo e Maslow que começaram com esses estudos. Qual a importância da estratégia competitiva de Michael Porter no mercado? • Como sobreviver nos tempos atuais sem o legado deixado pelos Gurus da Administração? 8 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI INTRODUÇÃO Nesta Unidade, na disciplina de Tópicos Avançados em Administração focalizaremos as teorias e as tendências da Administração no século XXI, além dos conceitos de ética e de responsabilidade socioambiental. No contexto das empresas contemporâneas, os processos administrativos desempenham um papel de vital importância na estratégia e na sustentabilidade de qualquer empresa. Portanto, o estudo dos Tópicos Avançados em Administração consiste em ferramenta ideal e necessária para o estudo da Administração como um todo dentro da moderna organização e está direcionada aos estudantes e profissionais das áreas de administração, gestão e negócios. Contém, ainda, os procedimentos que os profissionais devem aplicar para incrementar os resultados gerenciais por meio das atividades envolvendo o processo de tomada de decisões. O estudo sobre os “Tópicos Avançados em Administração” tem como objetivos: 1 - Estudar as ideias dos Gurus da Administração, as quais se institucionalizaram nas organizações contemporâneas; 2 - Entender os conceitos de ética e de responsabilidade socioambiental; 3 - Analisar os modelos de gestão ambiental, visando à alavancagem da imagem da empresa perante a comunidade. O conceito de Desenvolvimento Sustentável é a nova palavra de ordem desde que a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU) publicou seu relatório, em abril de 1987, sob a denominação de “Nosso Futuro Comum”, que teve sua inspiração na Primeira Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente realizada em 1972, em Estocolmo (Suécia). O relatório não é uma previsão de decadência, pobreza e dificuldades ambientais cada vez maiores num mundo cada vez mais carente de recursos. Deve ser entendido como a possibilidade do surgimento de uma nova era de crescimento econômico, que se apoie em políticas que mantenham e expandam a base dos recursos naturais. 1. COMPETIÇÃO NO SÉCULO XXI As grandes corporações da era industrial ou velha economia como Exxon/Mobil, General Motors, Wall Mart, Chrysler, Ford e Sears estão dando lugar aos novos complexos da nova economia como Microsoft, HP/Compaq, Dell, Sony, Disney e Time Warner. Essas empresastransnacionais estão usando a nova revolução digital nas comunicações para conectar o mundo. Na era industrial, quando produzir bens era a forma mais importante da atividade econômica, ter propriedades era essencial para a sobrevivência física e para o sucesso. A transformação da velha economia para a nova tem sido longa e promoveu a alteração dos vários paradigmas existentes até então. 9 O processo começou no início do século XX, com a mudança na ênfase de bens manufaturados para o fornecimento de serviços básicos. A progressão das prioridades econômicas da manufatura de bens e serviços básicos para transformação das relações humanas em produtos intangíveis constitui a maior mudança ocorrida nas relações econômicas e nos paradigmas da Administração. Nessa nova economia, as máquinas inteligentes na forma de hardwares, softwares e netwares substituem cada vez mais a mão-de-obra na agricultura, na manufatura e nos setores de serviços. Fazendas, fábricas e muitas indústrias de serviços estão se tornando automatizadas. Assim, as mãos de obra física e mental (de tarefas repetitivas desinteressantes para o trabalho conceitual altamente profissional) serão substituídas por máquinas inteligentes no século XXI. Em meados deste século, a economia terá os recursos tecnológicos e a capacidade organizacional para fornecer os bens e serviços básicos para a população humana em expansão, usando uma fração da força de trabalho atualmente empregada. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), talvez se precise apenas cinco por cento da população adulta para administrar e operar a tradicional capacidade industrial global por volta do ano de 2.050. Fazendas, fábricas e escritórios, praticamente sem trabalhadores, serão a norma em todos os países. No entanto, novas oportunidades de emprego existirão em atividades pouco conhecidas hoje. Outro aspecto a ser analisado envolve os efeitos nocivos da Globalização / Mundialização da Economia, ou seja, o desemprego. As famílias mudaram os seus hábitos e viu-se uma relativa mudança cultural, exemplificada pela elevação da participação das mulheres no mercado de trabalho. Era sabido que a maioria das mulheres brasileiras, até meados dos anos 80, trabalhava em atividades eminentemente domésticas; porém, a elevação da participação da mulher no mercado de trabalho é sentida e as estimativas preveem que o mercado de trabalho no Brasil, até o ano de 2020, será disputado de igual forma, tanto por homens como por mulheres. Isso representa uma conquista justa da participação da mulher na sociedade. Para os economistas, a participação das mulheres no mercado de trabalho é uma preocupação, tendo em vista o quadro de recessão atual. A visão filosófica para a noção moderna de propriedade foi dada pela primeira vez no século XVII pelo filósofo britânico John Locke. A sua teoria afirmava que a propriedade privada era um direito natural e não algo que a autoridade da Igreja ou do Estado concedia como privilégio, condicional ao desempenho de obrigações sociais estabelecidas. Locke acreditava que cada homem cria sua própria propriedade acrescentando seu trabalho à matéria bruta da natureza, transformando-a em coisas de valor. Enquanto Locke se preocupava com a maneira como os seres humanos criavam a propriedade, Adam Smith estava mais interessado em como a propriedade passava a ser comercializada no mercado por meio da troca. Smith focalizou sua atenção na economia da troca de propriedades. Na primeira fase do capitalismo industrial, os bens, que eram feitos em casa ou por artesãos locais para permuta e, apenas ocasionalmente, para a troca no mercado, gradualmente passaram a ser produzidos em massa em fábricas. A casa em si foi transformada de um lugar de produção para um local de consumo. A casa foi, durante milhares de anos, o local primário de praticamente toda a atividade econômica. O próprio termo economia vem do grego oikos, que significa gerenciar a economia da casa. 10 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI O historiador e sociólogo norte-americano Harry Braverman (1977) afirmou que no final de 1900 muito da produção ainda era centrada na casa, mesmo nas densas áreas urbanas e nas cidades em crescimento dos Estados Unidos da América. As famílias que viviam em regiões altamente industrializadas daquele país estavam produzindo a maior parte de seus alimentos em casa. Elas criavam aves, gado e cultivavam vegetais e compravam apenas batatas no mercado. Enquanto as roupas masculinas eram geralmente compradas em lojas, as das mulheres e crianças eram costuradas em casa, primeiro à mão, e depois com a máquina de costura. Atualmente, o trabalho está começando a diminuir, mais uma vez, sua importância. A automação dos processos de produção e a crescente substituição da mão de obra pela tecnologia inteligente estão permitindo a liberação dos seres humanos do duro trabalho manual. Avanços tecnológicos estão sendo empregados nos setores de manufatura, de serviços e de conhecimento, aumentando a capacidade produtiva, praticamente, em todo campo comercial enquanto se reduz a necessidade de trabalho humano no processo. É bem provável que com os novos avanços em tecnologia e aumentos dramáticos na produtividade, a semana de trabalho, que no início da era industrial se aproximava de 70 (setenta) horas ou mais e foi reduzido continuamente no último século para 40 (quarenta) horas e atualmente para 35 (trinta e cinco) horas na França e na Itália, continuará seu declínio histórico para 30 (trinta) horas e até para 20 (vinte) horas no final do século XXI, tornando o trabalho humano bem menos importante como aspecto dominador da vida diária das pessoas. 2. ORGANIZANDO A EMPRESA PARA COMPETIR NO SÉCULO XXI O economista francês Jean Baptiste Say é, geralmente, aceito como um dos pioneiros em definir o empresário como um organizador e coordenador de fatores de produção que compra os insumos necessários, transforma esses insumos em produtos acabados e os vende ao respectivo mercado consumidor. O economista austríaco Joseph Schumpeter atribuía ao empresário o papel inovador, de produtor do progresso técnico, de motor das transformações. Ele partiu da crítica do caráter estático da economia política clássica, ou seja, sem empresários audaciosos e suas propostas de inovações tecnológicas, a economia manter-se-ia numa posição de equilíbrio estático, num círculo econômico fechado de bens, nulos o crescimento real e a taxa de investimento. Muitos autores já estabeleceram ligações entre os conceitos “schumpeterianos” de circuito fechado e evolução e os conceitos de reprodução simples e reprodução ampliada, criados por Karl Marx. No caso das inovações tecnológicas, Schumpeter entendia a existência de cinco categorias de fatores, conforme segue: · • A fabricação de um novo bem; · • A introdução de um novo método de produção; · • A abertura de um novo mercado; · • A conquista de uma nova fonte de matérias-primas; ·• A realização de uma nova organização econômica, tal como o estabelecimento de uma nova situação de monopólio. 11 Schumpeter enfatizou, ainda, a natureza evolucionária do sistema capitalista, afirmando também que, numa situação de monopólio, as empresas darão menor ênfase à competição de preços, aumentando a competição em termos de inovações tecnológicas e de organização. A figura 1 foi concebida para ilustrar o modelo proposto por Joseph Schumpeter, no qual há uma forte correlação entre desenvolvimento econômico e utilização de tecnologia, sendo esta considerada como uma vantagem competitiva para a nação que adotar o modelo em questão. Figura 1: Modelo de Joseph Schumpeter. Fonte: Lima, 2003. Atualmente, a Tecnologia da Informação consiste num conjunto de equipamentos, aplicações, serviços e tecnologias que envolvem: hardwares, softwares e netwares. Ela é, atualmente, complexa, abrangente e inclui uma imensa variedade de recursos. A TI está transformandoos valores atuais da sociedade. É muito mais profunda e rápida que qualquer outra transformação tecnosocial na história, alterando drasticamente o perfil de toda a sociedade e de suas organizações empresariais. A TI garante ganhos de produtividade desde que a organização administre bem a sua base informacional e saiba aproveitar as oportunidades que as novas tecnologias de informação oferecem (Lima, 1996). A Tecnologia da Informação (TI) possibilita às empresas as seguintes diferenciações estratégicas: a) Diferenciar serviços/ produtos das organizações; b) Mudar as relações de poder e pressão e de força política; c) Criar ou destruir dependências entre organizações; d) Estabelecer relações de fidelidade com os respectivos clientes e fornecedores; e) Reduzir prazos para atividades essenciais da organização; f) Mudar drasticamente as estruturas de custos; 12 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI g) Criar canais de comunicação com o cliente/cidadão/mercado inimagináveis há alguns anos; h) Fortalecimento da competitividade da organização; i) Integrar processos de trabalho; j) Impactos da natureza essencialmente econômica (reduções de custos e aumento de ganhos, melhorias de fluxos de caixa etc.); k) Importância como agente facilitador do trabalho, bem como integrador da organização; l) Desenvolvimento do uso das tecnologias de informações que objetivam manter a empresa ou organização na vanguarda tecnológica. O futurólogo e consultor norte-americano John Naisbitt, autor do livro Paradoxo Global, vê o desenvolvimento da TI como sendo, ao lado do colapso do comunismo e do crescimento do sudeste asiático, uma das três mudanças recentes e importantes na economia mundial (Lima, 2003). A Vantagem Competitiva existe quando uma empresa tem um diferencial em relação à concorrência e esta sabe que é muito difícil ou impossível buscar a paridade em termos de mercado. A TI e a Vantagem Competitiva estão está diretamente ligadas à atual Competição Empresarial. Esta tem a capacidade de transformar complexidade e especialização em desempenho, pois permite construir organizações que funcionem. A essência da competição é escolher o que não fazer. Praticamente todos concordam que a competição é importante, porém quase ninguém concorda com o que ela é. Por dois séculos, até aproximadamente a década de 1960, com a divisão do trabalho e o início do processo de mecanização, a história da industrialização se caracterizou pela constante busca do aumento da produtividade. Os esforços estavam voltados para a produção em larga escala e por um crescimento quantitativo do mercado. A demanda superava o fornecimento e tudo o que se produzia era vendido. A partir de 1960, porém, o mercado começou a mudar rapidamente e o aumento da competição entre empresas transformou o preço em um importante critério para o sucesso no mercado. Reestruturação, transferência da produção para países com recursos mais baratos, redução de custos e diminuição da integração vertical eram as principais questões discutidas até então. No início da década de 1970, a competição volta a mudar e o foco passa a ser a qualidade. Os clientes resolvem ser mais críticos na seleção de seus produtos e começam a prestar mais atenção nos aspectos qualitativos dos produtos. Este foi o momento em que os japoneses revolucionaram o mundo produzindo produtos de alta qualidade e baixo preço. Ao mesmo tempo, as empresas passaram a competir em qualidade e preço. Neste período, a competitividade mudou mais uma vez: a capacidade de produção excedeu a demanda e intensificou a competição internacional levando algumas companhias a buscarem novas oportunidades de negócios para aumentarem seus lucros. As empresas passaram a investir em novos modelos na modernização de seus produtos e a oferecerem um número maior de opções, ou seja, uma maior variedade de produtos 13 para seus clientes. Internamente, para as indústrias, isto se traduziu numa enorme pressão em tempo e flexibilidade. Os esforços se voltaram para a redução do ciclo de produção, introdução de novas tecnologias, trocas rápidas de ferramentas, sistemas integrados de manufatura, polivalência da mão-de-obra, sistemas de entrega rápida e redução de estoques. A competição passou a ser simultaneamente baseada em preço, qualidade, tempo e flexibilidade. Os administradores devem adotar uma nova mentalidade que valoriza as características básicas da competição empresarial contemporânea baseada em: Preço, Flexibilidade, Inovação, Integração e Tecnologia e os desafios que daí surgirem, conforme estipulado na figura 2. Podemos definir a Flexibilidade como sendo a habilidade que as empresas contemporâneas têm de mudar, de fazer algo diferente ou de se adaptar às novas exigências dos clientes sem nenhum prejuízo significativo dos custos, da qualidade e do tempo. Figura 2: Evolução dos Critérios de Competitividade das Empresas. Fonte: Lima, 1996. A Flexibilidade representa também um meio para se atingir outros fins como qualidade, custo, confiabilidade e velocidade. Melhora a confiabilidade, pois ajuda a lidar com interrupções inesperadas no fornecimento, problemas com entregas e problemas com mão de obra. Os custos são melhorados com a utilização dos equipamentos e recursos de uma maneira geral e a empresa se torna mais rápida acelerando seu sistema de entregas e o desenvolvimento de novos produtos. Assim como a Qualidade, a Flexibilidade apresenta inúmeras dimensões e maneiras de alcançá-la. A Flexibilidade pode ter significados diferentes, por diferentes ângulos. Por exemplo, para um engenheiro que trabalha na produção, Flexibilidade pode significar fabricar diferentes produtos ou até a capacidade de adaptação ou mudança. Para o cliente, Flexibilidade pode ser habilidade de mudar datas programadas da entrega. A figura 3 apresenta a correlação da Flexibilidade Organizacional e o uso dos recursos envolvidos nos processos administrativos e operacionais das empresas contemporâneas. 14 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI Figura 3: Flexibilidade Organizacional. Fonte: Vantagem Competitiva em Manufatura. Editora Atlas, São Paulo, 1993, página 87. As condições desse cenário competitivo conduzem a um perigoso mundo dos negócios, onde os investimentos necessários para concorrer em escala mundial são enormes e as consequências do fracasso são graves. A Hiperconcorrência consiste no resultado da dinâmica das manobras estratégicas entre empresas globalizadas e inovadoras. É uma condição de rápida escala, baseada no posicionamento preço-qualidade; é a concorrência orientada para a criação de “Know–How” (conhecimento) e estabelecimento de vantagem competitiva. A Economia Globalizada consiste no fenômeno contemporâneo no qual os bens, serviços, pessoas, habilidades e ideias movimentam-se através das fronteiras geográficas. A concorrência globalizada impôs padrões de desempenho mais rigorosos em muitas dimensões, inclusive nas relacionadas com: • Qualidade; • Custos; • Produtividade; • Prazo para lançamento de produto; • Fluxo de operações mais eficientes. No novo cenário competitivo do século XXI, a Competitividade Estratégica será alcançada apenas por aqueles que forem capazes de atender ou ultrapassar os padrões globalizados. 3. MULHERES NA TRANSFORMAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES A mulher passou a fazer parte do mercado de trabalho durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, tomando a posição dos homens. Com o passar do tempo, elas foram ganhando direitos, alcançando posições e conquistando até papéis de liderança. No entanto, 15 foi a partir da década de 1970, que as mulheres começaram a entrar com grande força no mercado de trabalho. Isso de deu a diversos fatores, tais como, a liderança feminina nas relações conjugais (o número de famílias chefiadas por mulheres encontra-se em constante crescimento – em 1989 representavam 20,1%, em 1999 chegou a 26%) também,por causa da crise de desemprego na década de 1980. No Brasil, a participação feminina no mercado de trabalho ganhou grande força em apenas 20 anos. O que, em 1999, já representava 41,4% de participação, em 1979, era representado por apenas 31,7%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até a década de 2020, o Brasil terá um mercado de trabalho igualitário entre homens e mulheres. Em outras palavras, as mulheres representam mais de 40% da força de trabalho no país. Ao analisar o comportamento da força de trabalho feminina no Brasil no último quarto de século, o que chama a atenção é o vigor e a persistência na conquista do seu espaço. Em outras palavras, as mulheres vêm desempenhando um papel muito mais intenso no aumento de população economicamente ativa do que os homens. Para a conquista de posições de destaque nas empresas, as mulheres estão se especializando cada vez mais, entrando em setores de trabalhos originalmente executados por homens, por exemplo: hoje em dia não é muito difícil de encontrar mulheres formadas em engenharia mecânica. Além do quesito profissional, a mulher se destaca também por conseguir conciliar a carreira juntamente com a criação dos filhos e com a governança da casa, por isso, ganham cada vez mais admiração e respeito. As principais tendências associadas ao avanço das mulheres no mercado de trabalho são: • Penetração maior de mulheres em ocupações antes restritas aos homens (na indústria, por exemplo, as mulheres avançam em profissões como soldadores e operadores de máquinas); • Maternidade adiada e menor número de filhos; • Aumento do padrão de consumo familiar e do investimento em educação; • Crescente reivindicação por igualdade cívica e política. 4. NOVAS ABORDAGENS DA ADMINISTRAÇÃO 4.1 Movimento da Qualidade As Teorias que envolvem o Movimento da Qualidade influenciaram sobremaneira a melhoria dos processos. Dentre os precursores do Movimento da Qualidade destaca-se a figura consagrada do norte-americano Edward Deming que admitia a mudança radical, mas argumentava que a organização que não apoiasse a melhoria incremental contínua não teria condições de desenvolver uma mudança mais radical (LIMA, 1996). 16 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI Outro estudioso do Movimento da Qualidade que se preocupou, inicialmente, com mudanças radicais nos processos empresariais foi o romeno Joseph Juran (nasceu em 1904 na Romênia e emigrou para os Estados Unidos em 1912). Posteriormente, assim como Deming, Juran deu ênfase à melhoria disciplinada e contínua do processo (LIMA, 1996). As empresas japonesas também causaram extremo desconforto aos meios empresariais ocidentais nos métodos que utilizavam para a colocação de produtos com preços acessíveis e qualidade muito acima da média dos concorrentes (LIMA, 1996). Atualmente, as práticas gerenciais japonesas dedicam quase que a totalidade do tempo disponível no gerenciamento dos processos e na busca da melhoria contínua conhecida como Kaisen. Alguns estudiosos japoneses do Movimento da Qualidade, dentre os quais podemos destacar Kaoru Ishikawa e Masaaki Imai, passaram a escrever sobre essas práticas gerenciais adotadas e logo ficaram conhecidos nos meios empresariais e acadêmicos ocidentais. 4.2 Reengenharia e os Processos Empresariais Muitos especialistas em Reengenharia atribuem à origem do emprego da melhoria dos processos empresariais, pela primeira vez, no sentido que lhe é dado na Administração Contemporânea, ao norte-americano Michael Hammer, um professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e atual consultor de renome nos países de língua inglesa. Hammer divulgou suas ideias por meio de um artigo publicado na revista norte-americana Harvard Business Review, em sua edição de Julho/Agosto de 1990. A palavra “melhoria dos processos” foi citada no título do artigo: Reengineering Work: Don’t Automate, Obliterate. Outro personagem que muito contribuiu para o incremento do estudo da Reengenharia foi o consultor canadense Thomas Davenport que se dedicou mais às mudanças organizacionais e divergia de Michael Hammer com relação à função reservada ao ser humano dentro da mudança. Davenport pregava a Reengenharia, mas defendia a preservação das pessoas, tendo a Tecnologia da Informação (TI) como ferramenta facilitadora às inovações ou melhorias incrementais (LIMA, 1996). A falta de visão nos processos faz com que os executivos enxerguem apenas até o limite de suas funções as quais passam a ser mais importante que os clientes permitindo que as responsabilidades se percam entre os departamentos (LIMA, 1996). Um processo pode ser subdividido em subprocessos que se inter-relacionam de forma lógica. O subprocesso é constituído por um determinado número de atividades que são ações necessárias para produzir resultados. Cada atividade é constituída por tarefas executadas pelas pessoas (LIMA, 1996). O processo pode ser entendido como a sequência de atividades que começa na percepção das necessidades explícitas e implícitas de um cliente e termina com a superação de suas expectativas, através da transformação dos insumos recebidos em produtos/serviços definidos e muitas vezes executados em parceria com clientes e fornecedores, conforme ilustrado na figura 4. 17 Figura 4: Visão dos Processos Empresariais na Indústria. Fonte: LIMA, 1996 4.3 Gerenciamento da Qualidade Total – TQM O Gerenciamento da Qualidade Total (Total Quality Management – TQM) objetiva a melhoria contínua dos processos empresariais em termos de custo, tempo e qualidade para o atendimento das necessidades dos clientes. O TQM utiliza gráficos de processo ou fluxo para a compreensão dos processos existentes na empresa e suas abrangências, finalizando com a adequação de atividades para a implementação de melhorias. A figura 5 apresenta os passos ou Ciclo do PDCA, criado pelo Gerenciamento da Qualidade Total – TQM, visando à melhoria contínua dos processos mercadológicos e administrativos das organizações contemporâneas. O Ciclo PDCA, Ciclo de Shewhart ou Ciclo de Deming, é um ciclo de desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua1. 1 O PDCA foi introduzido no Japão após a guerra, idealizado por Shewhart e divulgado por Deming, quem efetivamente o aplicou. Inicialmente deu-se o uso para estatística e métodos de amostragem. O Ciclo de Deming tem por princípio tornar mais claros e ágeis os processos envolvidos na execução da gestão, como por exemplo, na Gestão da Qualidade, dividindo-a em quatro principais passos ou ciclos básicos: Plan, Do, Check e Act. O PDCA é aplicado para se atingir resultados dentro de um Sistema de Gestão e pode ser utilizado em qualquer empresa de forma a garantir o sucesso nos negócios, independente da área de atuação da empresa. O Ciclo PDCA começa pelo planejamento, em seguida a ação ou conjunto de ações planejadas são executadas, checa- se se o que foi feito estava de acordo com o planejado, constantemente e repetidamente (ciclicamente), e toma-se uma ação para eliminar ou ao menos mitigar defeitos no produto ou na execução (Nota do Autor). 18 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI Atualmente, a máxima do Movimento da Qualidade consiste no Gerenciamento da Qualidade Total (Total Quality Management – TQM) objetiva a melhoria contínua dos processos mercadológicos e empresariais em termos de custo, tempo e qualidade para o atendimento das necessidades dos clientes. O TQM utiliza gráficos de processo ou fluxo para a compreensão dos processos existentes na empresa e suas abrangências, finalizando com a adequação de atividades para a implementação de melhorias. Dentre as técnicas mais usuais do TQM estão o Ciclo do PDCA, demonstrado na figura 5 o consagrado Diagrama de Ishikawa, constante na figura 6, também conhecido como Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama Espinha de Peixe, e a metodologia do Programa 5S. Figura 5: Ciclo do PDCA. Fonte: LIMA, 1996 ODiagrama de Causa e Efeito fez avanços significativos na melhoria de qualidade e são úteis como ferramentas sistemáticas para encontrar, classificar e documentar as causas da variação da qualidade na produção e organizar a relação mútua entre eles. Edwards Deming, um dos colegas de Ishikawa, adotou este Diagrama e usou-o para ensinar o Controle de Qualidade no Japão. Ishikawa e Deming usaram este Diagrama como um as primeiras ferramentas no Processo da Gerência de Qualidade. A figura 6 a seguir, apresenta o Diagrama de Ishikawa, ou Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama Espinha de Peixe. Figura 6: Ciclo do PDCA. Fonte: LIMA, 1996 19 O Programa 5S tem por objetivo melhorar o ambiente de trabalho, tornando-o agradável, saudável e produtivo. O seu sucesso depende diretamente do empenho, responsabilidade e disciplina dos membros da organização. A seguir, o detalhamento do Programa 5S: • 1ºS – Senso de Utilização (Seiri). Separar o útil do inútil; • 2ºS – Senso de Arrumação (Seiton). Separar o útil do inútil; • 3ºS – Senso de Limpeza (Seiso). Manter o ambiente sempre limpo aprendendo a não sujar; • 4ºS – Senso de Saúde e Higiene (Seiketsu). Manter o ambiente de trabalho sempre favorável à saúde e higiene com manutenção permanente; • 5ºS – Senso de Autodisciplina (Shitsuke). Fazer dessas atitudes um hábito, transformando o 5S num modo de vida. 4.4 Just-in-Time (JIT) O Just-in-Time (JIT) ou Bem-no-Tempo (BET) tem como objetivo a melhoria contínua dos processos produtivos, possibilitando entre outros benefícios a redução dos estoques fabris. O JIT/BET possui em sua filosofia e metodologia a aversão e ataque às perdas, ou seja, tudo aquilo que não agrega valor ao produto ou serviço (LIMA, 1996). O JIT/BET é um sistema de administração da produção que determina que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora exata. Pode ser aplicado em qualquer organização, para reduzir estoques e os custos decorrentes. O Just-in-Time é o principal pilar do Sistema Toyota de Produção ou Produção Enxuta. Com este sistema, o produto ou matéria prima chega ao local de utilização somente no momento exato em que for necessário. Os produtos somente são fabricados ou entregues a tempo de serem vendidos ou montados (WOMACK, 1992). Uma das ferramentas que contribui para um melhor funcionamento do sistema Just-in-Time é o Kanban (WOMACK, 1992). O Kanban é uma palavra japonesa que significa literalmente registro ou placa visível. Em Administração da Produção, Kanban significa um cartão de sinalização que controla os fluxos de produção ou transportes em uma indústria. O cartão pode ser substituído por outro sistema de sinalização, como luzes, caixas vazias e até locais vazios demarcados (WOMACK, 1992). Coloca-se um Kanban em peças ou partes específicas de uma linha de produção, para indicar a entrega de uma determinada quantidade. Quando se esgotarem todas as peças, o mesmo aviso é levado ao seu ponto de partida, onde se converte num novo pedido para mais peças. Quando for recebido o cartão ou quando não há nenhuma peça na caixa ou no local definido, então se deve movimentar, produzir ou solicitar a produção da peça. O Kanban permite agilizar a entrega e a produção de peças. Pode ser empregado em indústrias montadoras, desde que o nível de produção não oscile em demasia. Os Kanbans Físicos (cartões ou caixas) podem ser Kanbans de Produção ou Kanbans de Movimentação e transitam entre os locais de armazenagem e produção substituindo formulários e outras formas de solicitar peças, permitindo enfim que a produção possa realizar o Just-in- Time – metodologia desenvolvida e aperfeiçoada por Taiichi Ohno e Toyoda Sakichi conhecida como Sistema Toyota de Produção (WOMACK, 1992). 20 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI 4.5 Kaisen O Kaisen, conforme já mencionado anteriormente, consiste nos esforços sistemáticos e contínuos em que todos na organização contribuem para que a lucratividade, a qualidade do produto e o prazo de entrega do mesmo ao cliente sejam constantemente melhorados. 4.6 Análise do Valor do Processo A Análise do Valor do Processo visa à simplificação de um processo empresarial, reduzindo seu custo e tempo de execução. A metodologia básica dessa abordagem consiste na análise de cada etapa do processo onde é estabelecido um valor monetário para a etapa. Daí verifica-se se a etapa agrega valor ao processo como um todo. Caso contrário, a etapa é eliminada do processo (LIMA, 1996). 4.7 MRP II O Planejamento dos Recursos de Manufatura (Manufacturing Resources Planning - MRP II) foi uma resposta dos norte-americanos ao Just-in-Time (JIT) japonês. O MRP II consiste numa filosofia de Administração que busca a melhoria contínua do processo de manufatura através da utilização ótima das informações disponíveis sobre pedidos a serem faturados aos clientes, posição dos estoques existentes, centros produtivos e roteiros de produção, tempos associados à fabricação, custeio do produto, etc. O MRP II possibilita à empresa a melhoria dos seus processos interno e externo (LIMA, 1996). 4.8 Custo ABC O Custeio Baseado na Atividade (Activity Based Costing – ABC) tem como objetivo o corte dos custos através da análise do processo como um todo e da verificação das atividades que não agregam valor ao produto/serviço fornecido pela empresa aos seus clientes (LIMA, 1996). O Custeio ABC prega a eliminação dessa atividade não só do cômputo geral da formação do custo, mas também de sua eliminação definitiva do processo. O Custeio ABC está transformando a Contabilidade Gerencial tradicional com o envolvimento crítico maior desta área nos processos organizacionais. 4.9 Downsizing O Downsizing consiste na redução de níveis hierárquicos de uma organização para manter o essencial e a aproximação da base em relação à cúpula (direção). Geralmente, é acompanhado de uma descentralização do processo de tomada de decisões para os níveis inferiores da pirâmide hierárquica da organização (LIMA, 1996). 21 4.10 Benchmarking O Benchmarking consiste num processo contínuo em que a empresa avalia seus produtos, serviços, processos administrativos e operacionais em relação aos seus mais fortes concorrentes ou mesmo às empresas notadamente reconhecidas como líderes em termos de excelência empresarial (LIMA, 1996). É uma abordagem estruturada para se observar o mercado pelo lado de fora da empresa e da adaptação das melhores práticas empresariais encontradas no aprimoramento dos processos internos e na busca de uma estratégia ideal para a empresa. O Benchmarking é a avaliação objetiva de como a empresa está posicionada no mercado em relação aos competidores de classe mundial ou do mesmo ramo de atividades. É um processo em que a empresa aprende com a experiência, observando o que a concorrência está fazendo no presente e projetando qual seria o seu desempenho no futuro. Segundo o especialista em organização Michael Spendolini, o Benchmarking consiste num processo contínuo e sistemático de avaliação de produtos, serviços e processos de trabalho, de organizações que reconhecidamente praticam as melhores técnicas com a finalidade de melhoria organizacional. O Marketing moderno se utiliza do Benchmarking para analisar os movimentos da concorrência e aprimorar a empresa perante os clientes e o mercado como um todo. 4.11 Gestão do Conhecimento O termo Gestão do Conhecimento ou Organização de Aprendizagem deixa claro que a algumas habilidades típicas da aprendizagem organizacional não garantem por si que uma empresa é uma organização de aprendizagem. Por exemplo, a habilidade “resolução sistemática de problemas” é uma característica das empresas que aprendem. Mas, se o aprendizado baseado na solução de problemas (que é um aprendizado defensivo) não for autogerador, ou seja, for gerado somente pelos problemas, ou o aprendido é limitado a como eliminar as situações indesejáveis, a organização não pode ser uma Organização de Aprendizagem.A época de aprender não é somente quando existem crises. Segundo Peter Senge, as organizações devem desenvolver cinco disciplinas para continuamente estarem em processo de aprendizagem: • Maestria pessoal, relacionada com o autoconhecimento; • Modelos mentais, que trata de imagens que influenciam o modo como as pessoas vêem o mundo; • Objetivos comuns, que aborda as questões relacionadas à clareza e compartilhamento de objetivos; • Aprendizado em grupo, relacionada ao desenvolvimento de habilidades coletivas e de ações coordenadas; • Pensamento sistêmico, um modelo conceitual, formado por um conjunto de conhecimentos ferramentas, que buscam o aperfeiçoamento do processo de aprendizagem como um todo (SENGE, 1990). 22 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI Algumas pesquisas estão sendo desenvolvidas, abordando a questão da aprendizagem organizacional. Algumas procuram descrever os mecanismos de aprendizagem existentes e praticados por empresas, enquanto outras buscam avaliar a capacidade de aprendizagem das organizações por meio da aplicação de questionários “quantificáveis”. Também, outras formas de abordagem do tema são encontradas nos diversos centros que possuem grupos de pesquisa nessa área. Isso mostra que a questão é atraente e tem merecido atenção de grupos de pesquisadores e praticantes, principalmente devido à relação entre aprendizagem e capacidade competitiva. 4.12 Gestão Ambiental e Responsabilidade Social O conceito de Desenvolvimento Sustentável é a nova palavra de ordem desde que a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU) publicou seu relatório, em abril de 1987, sob a denominação de “Nosso Futuro Comum”, que teve sua inspiração na Primeira Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente realizada em 1972, em Estocolmo (Suécia). O relatório deve ser entendido como a possibilidade do surgimento de uma nova era de crescimento econômico, que se apoie em políticas que mantenham e expandam a base dos recursos naturais. Na visão empresarial prevalece a ideia de que a preocupação com a questão ambiental aumenta as despesas e o custo do processo produtivo. Porém, algumas empresas têm demonstrado que é possível proteger o meio ambiente e, com certa dose de criatividade, transformaram as restrições e ameaças ambientais em oportunidades de negócios. Entre essas oportunidades, pode-se citar: • A reciclagem de materiais que tem trazido uma grande economia de recursos para as empresas; • O reaproveitamento dos resíduos internamente ou sua venda para outras empresas através de bolsas de resíduos ou negociações bilaterais; • O desenvolvimento de novos processos produtivos com a utilização de tecnologias mais limpas ao ambiente se transforma em vantagens competitivas possibilitando até mesmo a venda de patentes; • O desenvolvimento de novos produtos para um mercado cada vez maior de consumidores conscientizados com a questão ecológica; • A geração de materiais de grande valor comercial a partir de lodo tóxico, estações portáteis de tratamento; • As mini usinas para uso de pequenas empresas; • O aparecimento de um mercado de trabalho promissor ligado à variável ambiental que deverá envolver auditores ambientais, gerentes de meio ambiente, advogados ambientais, bem como o incremento de novas funções técnicas específicas. A Logística Reversa é caracterizada pelos sistemas integrados de gerenciamento do fluxo dos produtos depois de finalizada sua utilidade original e que retornam ao ciclo produtivo de alguma maneira. Distinguem-se dois subsistemas no âmbito da Logística Reversa: os canais reversos de reciclagem e os canais reversos de reuso. No contexto de desenvolvimento sustentável, a Universidade exerce um papel fundamental na disseminação desse conceito e em seu amadurecimento, funcionando como uma incubadora, um laboratório, para o desenvolvimento de ideias, projetos e planos, formando profissionais capacitados a interagir com a nova demanda ambiental do mercado. Desse modo, a universidade deve estar sempre atenta às novas exigências do mercado de trabalho e às novas tendências. Recentemente, a preocupação com a destinação final de produtos sólidos gerou o conceito de Logística Reversa, o qual se constitui numa disciplina em vários cursos oferecidos à comunidade acadêmica. 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos o quanto os novos Paradigmas da Administração e a Competição Empresarial afetam decisivamente a estratégia de a organização alcançar seus objetivos e metas de mercado. Os administradores devem adotar uma nova mentalidade que valoriza as características básicas da competição empresarial contemporânea baseada em: Preço, Flexibilidade, Inovação, Integração e Tecnologia e os desafios que daí surgirem. A Hiperconcorrência consiste no resultado da dinâmica das manobras estratégicas entre empresas globalizadas e inovadoras. O mercado atual, calcado na Globalização / Mundialização da Economia, caracterizado por paradoxos, desordem política, caos econômico, falta de perspectivas sociais, imprecisão, incoerência etc., faz com que os profissionais de marketing e vendas busquem o tripé do sucesso empresarial: lucro, capital de giro e perpetuação da empresa no mercado, traduzindo em produtividade, rentabilidade e qualidade no atendimento, possibilitando assim, maior agregação de valor ao cliente. No novo cenário competitivo do século XXI, a Competitividade Estratégica será alcançada apenas por aqueles que forem capazes de atender ou ultrapassar os padrões globalizados. Além disso, as organizações do século XXI devem estar atentas aos quesitos ligados à Gestão Ambiental e da Responsabilidade Social. 24 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI Material Complementar Como indicação de material complementar, sugiro o seguinte: Explore Site: http://www.administradores.com.br/ O site administradores.com possui um acervo muito grande de artigos de administradores, além de atualizações quanto à profissão do Administrador. O site traz também, indicações de livros, jornais, notícias, revistas, produção acadêmica e eventos. O site também possui link de empregos, estudos, cursos que podem ser feitos inclusive à distância e gratuito, índices econômicos e é apoiado por órgãos como o Conselho Regional de Administração e pela Agência Nacional de Cursos de Graduação de Administração. REVISTA Revista HSM Management. Revista de Administração de Empresas da FGV e Revista de Administração da USP. Essa revista traz diversos artigos de renomados administradores, bem como todas as mudanças vivenciadas no mundo dos negócios. O que há de mais novo em termos de gestão e mudanças de paradigmas está presente em todas as edições da revista. LIVROS 1 - MICKLETHWAIT, J. WOOLDRIDGE, A. Os bruxos da Administração. Como entender a Babel dos gurus empresariais. Ed. Campus. O livro é o primeiro a acabar com o sensacionalismo e a autopromoção em torno da teoria da administração, a fim de efetuar uma análise clara da verdade sobre a gestão de negócios. A verdade é que o mundo dos negócios vive assolado pelos modismos. Os gurus da administração – professores de faculdades de administração, empresas de consultoria de grande poder, oradores motivacionais que sequer completaram o segundo grau – são os bruxos modernos, que prometem a cura de todos os males que assolam as empresas. 25 Os capítulos dos livros que você não pode deixar de ler são: Capítulo III – Peter Drucker Neste capítulo, será focado um dos grandes gurus da Administração: Peter Drucker, visto como o “profeta” da Administração. Ele é considerado como o “Gugu dos Gurus” tal sua importância no estudo da Administração. O capítulo conta resumidamente toda a trajetória de Drucker, focando suas principais ideias, aborda também um pouco da vida pessoal do guru. Peter Drucker é conhecido como “inventor da administração” tal sua importância. Ao longo de suacarreira, ele escreveu 26 livros, milhares de artigos e palestras e uma infinidade de conselhos práticos para gerentes de grandes empresas. Capítulo IV – Tom Peters: A Administração como Arte do Desempenho O autor descreve as principais ideias de Tom Peters, a quem ele denominou de “apóstolo” da Administração. Peters foi autor do primeiro grande Best Seller da história da administração, o livro Vencendo a crise, editado em 1982. Desta obra, foram vendidos mais de 5 milhões de exemplares. O autor descreve as principais ideias de Peters, fala de sua vida pessoal, de como ele se tornou um guru da administração e a sua importância no mundo dos negócios. Também destaca o impacto que suas ideias causaram e causam até hoje no mundo empresarial. Há um resumo das principais obras publicadas. Capítulo V – Repensando a Empresa Neste capítulo, os autores apresentam as grandes polêmicas da administração, como por exemplo, a estrutura enxuta. Antes as empresas se orgulhavam de suas sedes tradicionais, sempre altas e imponentes, hoje foram trocadas por prédios simples e muitas vezes alugados. Ou seja, as empresas foram obrigadas a repensar em toda a sua estrutura gerencial. Os autores falam sobre os grandes motivos de pânico da administração e sobre a volta das grandes empresas, o que elas tiveram que fazer para não serem tragadas pela concorrência. 2 - DRUCKER, F. Peter. 50 casos reais de administração. Thomson Pioneira. Os 50 casos deste livro tratam de situações específicas, problemas específicos e decisões específicas, todas elas típicas e relativamente comuns nas empresas e em quaisquer outras organizações. E são situações, problemas e decisões administrativas, isto é, referem-se àquilo que as pessoas têm que enfrentar, resolver e decidir. Estes casos são, portanto, típicos das situações, problemas e decisões que todo administrador costuma ter diante de si. Cada caso converge para um tema principal. E, como ocorre em toda situação-problema e decisão administrativa, cada um enfoca o negócio como um todo e as pessoas envolvidas. Podem ser lidos, discutidos e aplicados com uma finalidade específica e um enfoque básico, e podem também ser lidos discutidos e aplicados para se compreender melhor a complexidade das instituições e do comportamento humano dentro delas. 26 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI ARTIGOS 1 - PETERS, T. 50 Regras de Liderança. Disponível em: http://www.administradores.com. br/artigos/50_regras_de_lideranca_tom_peters/27036/ Artigo escrito pelo Guru da Administração Tom Peters. No artigo, Peters descreve as principais regras de liderança contemporâneas as quais norteiam o novo papel dos líderes nas empresas. 2 - CRISTOVÃO, M. A estratégia na visão de Peter Senge. Disponível em: http://www. artigonal.com/negocios-admin-artigos/a-estrategia-na-visao-de-peter-senge-1068537. html Artigo escrito por Miguel Cristóvão. Pós-Graduado em Gestão de Marketing e Mestrado em Estratégia e Desenvolvimento Empresarial. Experiência de quase 20 anos nas áreas de Marketing e Vendas, com funções em empresas como 3M , Tudor, ABB-Adtranz e Sixt. Atualmente, na Samsung Portugal, com Responsabilidade pela Gestão de Grandes Contas na Mobile Divison. Miguel descreve de forma clara as ideias de Peter Senge e a Aprendizagem Organizacional. 27 Referências BOYETT, J. H. O Guia dos Gurus II: As Melhores Ideias e Casos de Sucesso dos Maiores Empreendedores. Rio de Janeiro: Campus, 2001. ______. O Guia dos Gurus: Os Melhores Conceitos e Praticas de Negócios. 10. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. BRAVERMAN, H. Trabalho e Capital Monopolista. Rio de Janeiro: Zahar, 1977. CARBONE, P. P.: BRANDÃO, H. P. Gestão por Competências e Gestão de conhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro. FGV, 2006. CHOWDHURY, S & Outros. Administração no século XXI. O estilo de Administrar hoje e no futuro. São Paulo, Pearson Education do Brasil, 2003. DANAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1999. LIMA, J. S. L. Proposta Metodológica para a Implementação da Reengenharia de Processos em Empresas dos Segmentos Químico e Petroquímico Brasileiro. Dissertação de Mestrado defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC- SP) em 26 de agosto de 1996. ______. Tecnologia, Novas Formas de Gerenciamento e Desemprego Industrial. Tese de Doutorado defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 14 de maio de 2003. PIERCE, J.L. A Estante do Administrador. Porto Alegre, Bookman, 2007. SENGE, P. A Quinta Disciplina. São Paulo: Best Seller, 1995, WOMACK, J; ROOS, D; JONES, D. A Máquina que Mudou o Mundo. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 28 Unidade: A Teoria e as Tendências da Administração no Século XXI Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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