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Caso Bioética

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A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar detectou, em Hospital de porte médio, surto de infecção. Tomando as devidas providências, identificou prontamente o agente infeccioso e, com base nos estudos, indicou o antibiótico ao qual o germe é altamente sensível e que deveria ser utilizado. Solicitou de imediato sua aquisição na proporção necessária. 
O Diretor do Hospital, porém, considerando o elevado custo do antibiótico indicado, determinou a aquisição de outro antibiótico (custo 1/3 do indicado pela Comissão) ao qual o germe se mostrou sensível, porém não altamente sensível. Os médicos da Instituição se dividiram: 
a) alguns se recusaram a utilizar o antibiótico adquirido pelo Diretor do Hospital, exigindo aquele indicado pela Comissão;
 b) outros médicos utilizaram o antibiótico adquirido pelo Hospital, “já que não tem outro”. 
Criou-se um desacordo entre Comissão de Infecção Hospitalar, diretor do Hospital e os médicos. O que fazer?
Os princípios da bioética: beneficência, não-maleficência, justiça e autonomia devem ser fundamentais na tomada de decisão ao adquirir o antibiótico.
Enquanto profissionais da saúde, os funcionários do hospital devem usar antimicrobianos de forma racional, dado o fato do surto, é necessário analisar qual o medicamento correto e a quem aplica-lo e com qual dose. 
Em 1999, o Conselho Federal de Medicina estabeleceu a resolução n. 1552 que regulamenta o uso de antimicrobianos. No artigo 2º é definido que a utilização do antimicrobiano deve ser aquele com maior eficácia cientifica, não priorizando o fator econômico. 
Outro ponto importante ao se decidir qual medicamento utilizar é decidir de acordo com a situação: topografia da infecção, sensibilidade da bactéria ao antimicrobiano, optando por o que apresentar melhor sensibilidade, experiência da instituição com a droga e os efeitos adversos.
É definido que o que Comissão de Controle de Infecção Hospitalar toma a decisão baseado nesses pontos e o diretor clínico deve acata-la, independentemente do custo desse medicamento, pois a “saúde é um direito de todos” (artigo 5º da Constituição Federal, 1988) e o “alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano” (Artigo 2º do Código de Ética Médica, 1988) e este deve “usar o melhor do progresso cientifico em benefício do paciente” (Artigo 5º do Código de Ética Médica,1988), ou seja, o paciente deve receber a melhor terapia disponível.
Considerando os princípios da bioética, os profissionais da saúde devem usar o antibiótico especifico, pois sabe-se que seu efeito será eficaz eliminando a infecção e deve aplica-lo em todo paciente que esteja infectado ou com alto risco. Além do controle medicamentoso do surto de infecção, cabe a gestão hospitalar implementar a adesão de medidas de precaução e estratégias que impeçam disseminação da resistência bacteriana, possibilitando assim maior promoção da qualidade e segurança do paciente.
REFERÊNCIA
1. HOSSNE, William Saad. Bioética – e agora, o que fazer? Revista Bioethikos, São Camilo, V. 4, n. 1, pg 99-102. 2010

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