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1 2 Sumário 1. HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA ................................................................................................... 3 1.2 Estudos da Microbiologia .................................................................................................................... 3 2. A MICROBIOLOGIA ........................................................................................................................... 5 3. FONTES DE INFECÇÃO ..................................................................................................................... 6 3.1 Tipos de infecções ............................................................................................................................. 6 3.2 Modo de Transmissão ...................................................................................................................... 6 3.2.1 Contato: ..................................................................................................................................... 6 3.2.2 Gotículas: ................................................................................................................................... 7 3.2.3 Pelo ar: ....................................................................................................................................... 7 3.2.4 Por vetores: ................................................................................................................................ 7 4 ELIMINAÇÃO DE MICRO-ORGANISMOS ..................................................................................... 8 5 RESPOSTA IMUNE CONTRA BACTÉRIAS..................................................................................... 9 5.1. Bactérias Intracelulares .................................................................................................................. 9 5.2. Bactérias Extracelulares ............................................................................................................... 11 6. RESPOSTA IMUNE NAS INFECÇÕES VIRAIS ............................................................................ 15 6.1. Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) ................................................................................ 17 6.2. Vírus Linfocitotrópico de células T humanas (HTLV-1)........................................................... 17 6.3. Papiloma Vírus Humano (HPV) .................................................................................................. 18 7. RESPOSTA IMUNE NAS INFECÇÕES CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS ......................... 18 8. RESPOSTA IMUNE A FUNGOS ...................................................................................................... 22 9. RESPOSTA IMUNOLÓGICA NAS INFECÇÕES POR HELMINTOS ....................................... 23 10. DIVISÕES DA MICROBIOLOGIA ................................................................................................ 24 10.1 Formas de aplicações ................................................................................................................... 25 10.2 Áreas da Microbiologia aplicada em estudos ............................................................................ 25 10.3 Placa de Petri ................................................................................................................................ 26 10.4 Microrganismos ............................................................................................................................ 26 10.5 Grupos de Microrganismos ......................................................................................................... 27 10.5.1Vírus......................................................................................................................................... 27 10.5.2 Bactérias .................................................................................................................................. 30 10.5.3 Protozoários ............................................................................................................................ 32 10.5.4 Fungos ..................................................................................................................................... 33 10.5.5 Algas ....................................................................................................................................... 34 10.6 Outros ramos da Microbiologia .................................................................................................. 35 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 40 3 1.HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA A existência de seres microscópicos foi levantada há muitos séculos, próximo do século VI a.C. Esses registros foram feitos através de escrituras que indicavam criaturas que viviam na terra, água, ar e fogo, que possuíam vida conjunta, e que tinham tempo de vida curto ou longo. Em 1546, a civilização islâmica registrou que doenças epidêmicas pudessem ser transmitidas por contato direto ou indireto. Em 1676 Antonie Van Leeuwenhoek, observou alguns microrganismos e bactérias através de um microscópio. Próximo ao século XIX, Ferdnand Cohn fundou um subcampo de microbiologia, incentivado por um trabalho de Louis Pasteur. Ferdnand era botânico, e seu trabalho com algas e bactérias fotossintéticas o levou para o campo microscópico. Pasteur ficou conhecido popularmente como pai da microbiologia por ter praticado grande quantidade de trabalhos envolvendo essa ciência, ele teve grande contribuição em processos práticos e teóricos. Apesar de Pasteur ser considerado o pai da microbiologia, Beijerinck fez duas contribuições importantíssimas para essa ciência, a descoberta dos vírus e o desenvolvimento de técnicas de cultura de enriquecimento. Winogradsky também contribuiu de maneira destacada, ele foi responsável pelo primeiro isolamento seguido de descrição de bactérias fixadoras de nitrogênio. 1.2 Estudos da Microbiologia Hoje entendemos como microbiologia o estudo de organismos microscópicos, sendo eles unicelulares, multicelulares e acelulares. O uso da microbiologia permitiu compreender e avançar os estudos sobre a virologia, a micologia, a parasitologia e a bacteriologia. A microbiologia pode ser classificada como ciência pura ou aplicada e também pode ser classificada de acordo com sua taxonomia. Fazem parte dos inúmeros seres estudados, com os microrganismos eucarióticos, que possuem organelas celulares ligadas à membrana, entre eles estão os protistas e os fungos, e procarióticos, que não possuem membrana, entre eles estão as eubactérias e arque bactérias. 4 Figura 1 Células Eucariontes e Procariontes Fonte: http://biomundodnv.blogspot.com/2018/11/ Figura 2 Diferenças entre Células Eucariontes e Procariontes Fonte: Brasil Escola 5 Os microbiologistas utilizam frequentemente técnicas que envolvem cultura, coloração e a microscopia de microrganismos. 2.A MICROBIOLOGIA A Microbiologia é o ramo da Biologia que estuda os microrganismos. Os microrganismos são seres vivos de tamanho pequeno, cujas dimensões não permitem que sejam observados a olho nu pelo homem. Assim, eles só podem ser visualizados ao microscópio. A palavra microbiologia, deriva da combinação das palavras gregas mikros, "pequeno", bios e logos "estudo da vida". Dessa forma, o estudo da Microbiologia abrange a identificação, forma, modo de vida, fisiologia e metabolismo dos microrganismos, além das suas relações com o meio ambiente e outras espécies. (FETMG, 2020) Figura 3 Visão de Microrganismos na Placa de Petri Fonte: Google Imagens De modo geral, os microrganismos contribuem na fertilização do solo, reciclagem de substâncias e participamde ciclos biogeoquímicos. Ainda podem ser usados na fabricação de produtos como iogurte, vinhos, queijos, vinagres e pães. Existem ainda os microrganismos patogênicos que causam doenças em seres humanos, animais e plantas. Os microrganismos são os organismos ideais para estudo dos fenômenos biológicos porque possuem algumas peculiaridades como: apresentam uma ampla variedade de processos bioquímicos que vão desde a simplicidade nutritiva crescendo em meios salinos até o parasitismo que variam desde a exigência de um a vários compostos químicos como os aminoácidos até aqueles conhecidos como parasitas, como os energéticos ou dependentes de 6 nucleotídeos ou até a dependência completa de células vivas para completar o desenvolvimento, por apresentar uma elevada relação de superfície volume e efetuar concomitantemente o processo de duplicação genômica, transcrição e tradução, eficientes sistemas de transporte. Os microrganismos apresentam altas taxas metabólicas podendo atingir cerca de 100 gerações em menos de vinte e quatro horas alcançando populações superiores a um milhão no mesmo período, tornando-os ideais para estudo metabólicos e genéticos, são mantidos fácil e economicamente em meios de cultura apresentando, à microbiologia básica interessa o estudo da morfologia seus arranjos e reações aos processos de coloração, fisiologia, metabolismo, genética, a caracterização e identificação dos microrganismos. 3.FONTES DE INFECÇÃO Os microrganismos apresentam muitas fontes ou reservatórios para desenvolver-se, entre eles: o próprio organismo, insetos, animais, objetos inanimados, alimentos. Fatores de risco para ocorrer a infecção. a) idade, b) doenças de base, c) desnutrição, d) uso prolongado de medicamentos, e) tempo de hospitalização, f) procedimentos invasivos, g) técnica de uso e processamento de materiais inadequados. 3.1 Tipos de infecções 3.1.1 Endógena: pode ocorrer quando parte da flora natural do paciente sofre alterações, convertendo-se em patógenos por modificação de sua estrutura. Exemplo: candidíase vaginal. 3.1.2 Exógena: resulta de microrganismos externos ao indivíduo que não fazem parte da flora natural. Exemplo: bactérias, vírus, fungos, entre outros. 3.2 Modo de Transmissão 3.2.1 Contato: Exemplos de doenças que necessitam isolamento de contato: Infecções por bactérias multirresistentes, Clostridium difficile, Difteria cutânea, Enterovirus, Hepatite A, Herpes 7 simples, Herpes zoster, Impetigo, abcessos, celulite ou úlceras de decúbito, ou outras infecções por Staphylococcus aureus cutâneo, Parainfluenza, VSR, Rotavirus, Escabiose, Pediculose, Shigella, Febre hemorrágica (Ebola). A transmissão por Contato pode ser: Direta: Transferência física direta de um indivíduo infectado e um hospedeiro susceptível. Exemplo: manusear um paciente infectado e logo em seguida manipular outro sem lavar as mãos (infecção cruzada). Indireta: Contato pessoal do hospedeiro susceptível com objetos inanimados contaminados. Exemplo: agulhas, roupas de camas, fômites (comadres, papagaios), entre outros. 3.2.2 Gotículas: O agente infeccioso entra em contato com mucosas nasal ou oral do hospedeiro susceptível, através de tosse ou espirro. Exemplo: Adenovírus, Difteria faríngea, Haemophilus influenza tipo b (meningite tipo b), Influenza (gripe), Parotidite, Mycoplasma pneumoniae, Pertussis, rubéola, Faringite ou pneumonia estreptocócica. 3.2.3 Pelo ar: Núcleos secos de gotículas, ou seja, resíduos de gotículas evaporadas que permanecem suspensas no ar, quando o indivíduo infectado espirra, fala, tosse, etc. Exemplo: tuberculose, sarampo e varicela. 3.2.4 Por vetores: Insetos, mosquitos, pulgas, carrapatos, piolhos, por veículos: itens contaminados. Exemplo: sangue, secreções, soluções, entre outros. O profissional de saúde pode intervir para evitar que as infecções se desenvolvam ou disseminem, adotando medidas preventivas adequadas. O profissional exerce papel importante para minimizar a disseminação de infecções. Por exemplo: uma simples lavagem das mãos, adotar técnicas adequadas no momento de um banho no leito. Os profissionais também podem contrair infecções dos pacientes, caso suas técnicas sejam inadequadas no controle de transmissão de infecção. 8 4 ELIMINAÇÃO DE MICRO-ORGANISMOS O conhecimento de que diferentes tipos de micróbios são combatidos por diferentes componentes da resposta imune data do início dos anos 50, quando ficou documentada a importância dos anticorpos na destruição de bactérias extracelulares. Embora isoladamente os anticorpos por si só não tenham a capacidade de destruir bactérias, anticorpos podem neutralizar os micro-organismos, impedindo sua ligação com o tecido do hospedeiro. Adicionalmente, em associação com o complemento, os anticorpos podem lisar bactérias e funcionar como opsoninas, facilitando a fagocitose. Os neutrófilos, eosinófilos e macrófagos exercem sua ação microbicida de forma mais ampla contra vários tipos de agentes e são células importantíssimas para a defesa do hospedeiro. A documentação de que células fagocíticas expressam em sua membrana receptora como o toll-like receptor (TLR), que se ligam especificamente a padrões moleculares existentes em diversos agentes infectantes, torna impróprio denominar inespecífica a resposta imune inata. Os neutrófilos têm ação microbicida fundamental contra bactérias; os macrófagos são células importantes na defesa contra agentes intracelulares (protozoários e bactérias intracelulares); e os eosinófilos, não tanto pela atividade fagocítica, mas pela atividade citotóxica contra helmintos. A resposta mediada pelas células T é extremamente efetiva no mecanismo de defesa contra agentes intracelulares, como vírus, protozoários, fungos e bactérias intracelulares. As células T podem exercer sua função através da citotoxicidade mediada por células CD8+ ou através da secreção de citocinas que vão ativar macrófagos para destruir os agentes intracelulares. Outros elementos que podem participar do processo de defesa contra agentes infecciosos incluem o queratinócito e a célula de Langerhans, já que muitas vezes a pele é invadida por diversos microrganismos. Os queratinócitos possuem a capacidade de secretar inúmeras citocinas, dessa maneira ativando e recrutando células inflamatórias e linfócitos para a pele. A célula de Langerhans, por sua vez, exerce o papel fundamental de vigilante do território cutâneo, fagocitando desde partículas proteicas inanimadas até vírus, bactérias ou qualquer outro microrganismo invasor. Após a fagocitose a célula de Langerhans migra para 9 o linfonodo regional a fim de realizar a apresentação antigênica aos linfócitos, dando início ao desenvolvimento de imunidade específica protetora, tolerância ou hipersensibilidade. Se de um lado já eram conhecidas as células e os mediadores envolvidos nas defesas dos humanos, só recentemente foi documentado o fato de que a população de células TCD4+ (T helper) é heterogênea, sendo constituída de duas subpopulações: as células Th1 e Th2. Essa observação tem contribuído bastante para o entendimento da imunopatogênese da maioria das doenças infecciosas. 5 RESPOSTA IMUNE CONTRA BACTÉRIAS As bactérias são os microrganismos que mais frequentemente causam infecções no homem. Tanto as barreiras naturais contra os agentes infectantes, como a imunidade inata e a adaptativa participam do mecanismo de defesa contra as bactérias. 5.1. Bactérias Intracelulares A característica principal é a capacidade de sobreviver dentro dos macrófagos, tendo como exemplos o M. Tuberculosis, o M. Leprae e a L. monocitogenesis. A penetração no macrófago constitui também um mecanismo de escape do parasita e, embora paradoxal, é também útil para o hospedeiro, desde que a ausência de penetraçãocelular da bactéria poderia induzir uma forte resposta inflamatória e um excessivo dano para o hospedeiro. Dentro dos macrófagos essas bactérias podem estimular tanto as células TCD4+ através da expressão de antígeno associado ao MHC classe II, como também células TCD8+ através da expressão de antígenos associados a moléculas do MHC classe I. A ativação de células TCD4+ leva à secreção de IFN-γ que ativa os macrófagos levando à produção aumentada de óxido nítrico (NO) e destruição da bactéria. As células TCD8+ participam do mecanismo de defesa através da citotoxicidade, destruindo os macrófagos infectados. No caso do M. Tuberculosis, a despeito de haver imunidade protetora impedindo sua multiplicação, não existe a eliminação completa do bacilo. Por essa razão indivíduos em uso de corticosteróides e portadores de HIV podem desenvolver manifestações clínicas de tuberculose, a despeito de terem sido infectados há muito tempo e terem persistido completamente assintomáticos. 10 O papel da resposta imune celular no controle das infecções causadas por microbactérias é bem demonstrado pela expansão dessas infecções com o advento da Aids. Com referência à infecção causada por M. Leprae, o espectro clínico da doença está intimamente ligado à resposta imune. Nos pacientes com a forma tuberculóide existe uma forte resposta Th1, e a doença se caracteriza por destruição das fibras nervosas em áreas específicas, levando ao aparecimento na pele de lesões localizadas e bem demarcadas, com perda de sensibilidade térmica e dolorosa. Na ausência de uma resposta Th1, ocorre disseminação do bacilo, levando ao quadro da Hanseníase Wirchowiana. Nesse caso os macrófagos estão repletos de parasita e há escassez de linfócitos na lesão. As formas borderline, também conhecidas como dimorfas, representam um padrão clínico e imunológico de resposta intermediária. A importância da resposta imune a hanseníase não se restringe à determinação do espectro clínico; no decorrer da doença ou muitas vezes após início do tratamento alguns pacientes podem apresentar manifestações clínicas agudas secundárias à liberação de antígenos e a reações de hipersensibilidade. Essas manifestações, também denominadas reações, são representadas pelo eritema nodoso hansênico (ENH) e pela reação reversa (RR). O ENH é uma resposta inflamatória sistêmica associada asaltas concentrações de TNF-α e à deposição de imunocomplexos, com infiltração de neutrófilos e ativação de complemento, comprometendo vários órgãos. A imunopatogênese do ENH é bastante complexa: têm sido demonstrados no soro dos pacientes altos níveis circulantes de IL-1 e TNF-α, enquanto um aumento tecidual na expressão de RNA mensageiro para IL-6, IL-8 e IL-10 indica resposta Th2; além disso, é documentada a presença da enzima óxido nítrico sintase induzível (iNOS) nos neutrófilos e de TNF-α e TGF-β nos macrófagos das lesões. O ENH pode acompanhar-se de toxicidade sistêmica, sendo muitas vezes tratado com corticosteróides ou drogas inibidoras do TNF-α, como a talidomida. Por outro lado, a RR desenvolve-se após o aparecimento abrupto de um mecanismo de hipersensibilidade tardia contra frações antigênicas do M. Leprae, envolvendo participação ativa de linfócitos T com produção tecidual de citocinas Th1 (IL-2, IFN-γ) e citocinas inflamatórias, como TNF-α. 11 As lesões apresentam-se infiltradas por linfócitos CD4+, com aumento da expressão de HLA-DR e do receptor para IL-2 em células do infiltrado, assim como nos queratinócitos. 5.2. Bactérias Extracelulares As infecções causadas por bactérias extracelulares são as mais frequentes. Nesses casos os mecanismos de defesa estão relacionados principalmente com as barreiras naturais do hospedeiro, a resposta imune inata e a produção de anticorpos. A importância das barreiras naturais no combate às infecções bacterianas extracelulares é bem reconhecida. De acordo com Machado (2004), a integridade da pele e das mucosas impede a aderência e a penetração de bactérias; o movimento mucociliar elimina bactérias do trato respiratório; o pH ácido do estômago destrói bactérias que penetram pelo trato digestivo alto; e na saliva e secreções prostáticas existem substâncias com atividade antimicrobiana. 12 Quadro 1 Mecanismos de Defesa contra bactéria extracelulares Fonte: Machado (2004) A participação da imunidade inata ocorre através das células fagocitárias, da ativação do sistema complemento pela via alternativa e da produção de quimiocinas e citocinas. Adicionalmente a proteína C reativa (PCR), proteína de fase aguda produzida principalmente por células hepáticas nas infecções bacterianas, exerce ação variada contra as bactérias. Ao ligar-se aos fosfolipídios de membrana de algumas bactérias (por exemplo, pneumococos) a PCR atua como opsonina, facilitando a fagocitose por neutrófilos. A PCR tem também a capacidade de ativar o sistema complemento e também estimula a síntese de TNF-α, a qual induz a síntese de NO e consequentemente a destruição de vários microrganismos. O complemento exerce seu papel de defesa pela ativação do complexo de ataque à membrana (C5-C9) e facilitando a opsonização através do componente C3b, que se liga à bactéria e interage em uma segunda etapa com um receptor específico existente nas células fagocíticas. As deficiências do sistema complemento têm sido associadas com infecções graves por Neisseria meningitidis e infecções disseminadas por Neisseria gonorheae. Todas as células da imunidade inata participam da defesa contra bactérias, embora seja enfatizado principalmente o papel de neutrófilos e monócitos/macrófagos pela capacidade fagocítica dessas células. Os basófilos e mastócitos ativados por fatores do sistema complemento, a exemplo do C5a, C3a e C4a, liberam mediadores que, juntamente com as referidas proteínas do complemento, atraem leucócitos para o sítio de agressão e contribuem para a passagem dessas células dos vasos para os tecidos, local onde está ocorrendo a agressão ao hospedeiro. 13 Os eosinófilos, além da atividade fagocítica, podem destruir microrganismos por meio da liberação de proteínas com atividade microbicida, tais como a proteína básica principal e a proteína catiônica eosinofilia. Os neutrófilos e os macrófagos têm participação importante na defesa contra esses agentes desde que as bactérias sejam susceptíveis a substâncias produzidas por essas células, a exemplo do NO e do peróxido de hidrogênio. Existem também no interior dessas células, enzimas como a mieloperoxidase e substâncias outras como a azurocidina, que possuem propriedade microbicida. Embora tanto os neutrófilos como os macrófagos sejam células fagocíticas, essas células possuem características bem diferentes. Enquanto os neutrófilos têm vida curta tanto no sangue como nos tecidos, os macrófagos têm sobrevida prolongada. Os neutrófilos só são encontrados nos tecidos inflamados, enquanto os macrófagos concentram-se tanto em tecidos inflamados como em tecido sadio. Durante a reação inflamatória os neutrófilos produzem secreção purulenta, enquanto os macrófagos formam o granuloma. Os neutrófilos defendem principalmente contra as bactérias extracelulares, enquanto os macrófagos são fundamentais para a eliminação dos agentes intracelulares que albergam. As células da resposta imune são também as principais fontes de citocinas e quimiocinas no início das infecções, as quais exercem sua ação tanto na fase inata como na adaptativa. As quimiocinas, devido a seu papel de atrair células para o sítio da lesão, são muito importantes no processo de defesa do hospedeiro. Entre as várias citocinas que participam da defesa contra bactérias, tem sido dado destaque às citocinas pró-inflamatórias, como o TNF-α, IL-1 e IL-6. Essas citocinas são produzidas nas fases iniciais da infecção e sãoresponsáveis, por meio de sua ação no hipotálamo, pelo aparecimento da febre que inibe a multiplicação bacteriana. Elas aumentam a expressão das moléculas de adesão (seletina P e ICAM), facilitando a passagem de células de vaso para o sítio da infecção, e também estimulam os neutrófilos e macrófagos a produzirem NO e a destruírem bactérias. Outras citocinas produzidas nas fases iniciais da infecção interferem na resposta imune adaptativa. A IL-12, produzida por macrófagos, tem papel importante na diferenciação de células Th0 para Th1, enquanto a IL-4, produzida por basófilos, mastócitos 14 e macrófagos, estimula a diferenciação de células Th0 para Th2, que vão colaborar com o linfócito B na produção de anticorpos, mais especificamente, da IgE. A imunidade adaptativa, principalmente mediante os anticorpos, desempenha importante papel na defesa contra as bactérias extracelulares. Os anticorpos podem exercer suas ações de três maneiras: 1) Opsonização, 2) Ativando o sistema complemento, 3) Promovendo a neutralização de bactérias ou de seus produtos. Como as bactérias extracelulares são susceptíveis à destruirão quando fagocitadas, elas desenvolvem, como mecanismo de escape, substâncias que possuem atividade antifagocítica. Anticorpos dirigidos contra essas substâncias não só impedem sua ação, mas facilitam a fagocitose, desde que neutrófilos e macrófagos possuam receptor para a porção FC da imunoglobulina (opsonização). Os anticorpos também são coadjuvantes na destruição de bactérias por complemento, ativando esse sistema pela via clássica. Por meio do mecanismo de neutralização, os anticorpos, principalmente a IgA, podem ligar-se a bactérias e, com isso, impedir que as mesmas se fixem nas mucosas, como no trato intestinal e no trato respiratório. Os anticorpos em muitas ocasiões ligam-se a toxinas produzidas por bactérias, como as toxinas tetânica e diftérica, neutralizando a ação desses produtos. A despeito da importância defensiva da resposta imune, a dificuldade em controlar a resposta inflamatória que se desenvolve pode provocar danos nos próprios tecidos, muitas vezes limitado e sem maiores consequências para o hospedeiro. Porém, eventualmente, infecções causadas por germes gram-negativos podem resultar em septicemia e choque séptico, situação extremamente grave e associada com alta taxa de mortalidade. O choque séptico é desencadeado por lipopolissacarídeos (LPS) presentes na parede bacteriana estimulando nos neutrófilos, macrófagos, células endoteliais e músculos uma produção exacerbada de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1, IL-6, IL-8) e NO. Como consequência, há diminuição do tônus muscular e do débito cardíaco, que resulta em hipotensão e má perfusão tecidual, e finalmente morte celular. No entanto, a modulação dessa resposta exacerbada pode ser obtida. Assim, em modelo experimental a administração concomitante de IL-10 e LPS protege camundongos da morte por choque séptico, ao inibir a produção de IL-12 e síntese de IFN-β e TNF-α. 15 6. RESPOSTA IMUNE NAS INFECÇÕES VIRAIS A despeito dos múltiplos mecanismos de defesa contra os vírus, as doenças virais não só são comuns, como hoje representam uma das mais importantes doenças infecciosas associadas com a mortalidade da população. (MACHADO, 2004) Figura 4Mostra como os vírus são destruídos por meio da reposta imune inata. Fonte: Machado (2004) Na fase inicial das infecções virais, o controle dessas infecções é feito pelos interferons tipo I (IFN-α e IFN-β), pelos macrófagos e pelas células NK. Os interferons tipo I são produzidos por células infectadas por vírus e, ao interagir com uma célula não infectada, têm a propriedade de protegê-la contra a infecção, além de colaborar com a resposta imune adaptativa. O IFN-γ também atua contra as infecções virais mediante a ativação dos macrófagos com destruição dos vírus e também das células NK (células citotóxicas naturais), as quais, pela liberação de granzima e perfurina, destroem as células infectadas. Adicionalmente, a IL-12 possui participação importante na fase inicial, sendo produzida por macrófagos e outras células apresentadoras de antígenos, estimulando as células NK a exercer citotoxicidade e a produzir mais IFN-α, que por sua vez aumenta o potencial microbicida dos macrófagos. A imunidade adaptativa contra os antígenos virais ocorre com ativação de células TCD8+ que vão exercer citotoxicidade pelo reconhecimento de antígenos virais via MHC classe I nas células alvo, e consequente liberação de granzima e de perfurinas com lise das células infectadas e também dos vírus. 16 Durante a resposta imune adaptativa há também ativação das células TCD4+, que vão colaborar com as células B na produção de anticorpos. A despeito de os vírus serem agentes intracelulares, os anticorpos têm papel importante no combate às infecções virais, desde que, por ocasião da propagação da infecção viral, após multiplicarem-se em células infectadas, os vírus rompem essas células, ficando livres até a penetração em outra célula. Nessa fase extracelular os anticorpos podem ligar-se aos vírus e, por meio do mecanismo de neutralização, impedir que eles penetrem uma célula não infectada. Alternativamente, anticorpos podem ser adjuvantes no mecanismo de citotoxicidade celular dependente de anticorpos, ao se ligar às células infectadas, permitindo a ação das células NK. Em várias doenças, a exemplo de Poliomielite, Sarampo, Hepatite B e Varicela, o anticorpo tem papel fundamental na proteção contra a infecção quando se trata de um hospedeiro previamente sensibilizado, seja por uma infecção prévia ou por imunização. Isso porque, em indivíduos já sensibilizados, a presença de anticorpos pode interceptar os vírus, impedindo sua ligação com a célula do hospedeiro. Em virtude dos múltiplos mecanismos de defesa contra os vírus, grande parte das infecções virais é assintomática ou tem uma apresentação subclínica com manifestações inespecíficas, como febre e rash cutâneo. Todavia, várias infecções virais progridem, e dano tecidual importante pode ocorrer. A patologia associada à infecção viral pode estar relacionada com um efeito citopático do vírus, reação de hipersensibilidade e fenômenos autoimunes. Conforme ilustra a Figura 5. Figura 5 Patologia Associada a Infecções Virais Fonte: Machado (200) 17 Em muitas infecções virais a destruição de célula acontece por mais de um desses mecanismos. Por exemplo, na infecção pelo HIV e nas infecções pelo vírus B e vírus C da hepatite, a destruição das células infectadas é mediada tanto pelo efeito citopático do vírus como através de citotoxicidade por células NK e células CD8. Algumas infecções virais exemplificam bem a ampla dimensão dos mecanismos de agressão tecidual que ocorrem no curso dessas infecções. 6.1. Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) O HIV infecta predominantemente as células TCD4+, e a destruição dessas células pode ocorrer pelo efeito citopático do vírus. Adicionalmente, existe um aumento do apoptose dessas células e, por expressarem antígenos virais no nível da membrana, as células podem também ser destruídas por citotoxicidade mediada pela célula TCD8+, fenômeno que também contribui para a redução das células CD4+. Sendo a célula TCD4+ uma das mais importantes na cooperação da resposta imune, a diminuição numérica e a alteração de sua função levam a uma supressão da resposta imunológica. Essa supressão está associada predominantemente com a diminuição de IL-2, IFN-β e TNF-α. Por essa razão, em pacientes com Aids, as principais infecções oportunistas estão relacionadas a agentes intracelulares, tais como: M. Tuberculosis, P. Carinii, Citomegalovírus, C. Albicans e Criptosporidium. Como na infecção pelo HIV os linfócitos B de memória estão funcionando, anticorpos são produzidos,e o mecanismo de defesa contra agentes extracelulares não é prejudicado em grande escala. Essa ausência de maior susceptibilidade para infecções bacterianas extracelulares observada em pacientes com Aids é, entretanto, observada em adultos nos quais o repertório de anticorpos produzido por células B e dependente de células T já estava formado antes da infecção pelo HIV. Em crianças infectadas, como a alteração do funcionamento das células TCD4+ é precoce, a cooperação celular é prejudicada, havendo também anormalidade na síntese de anticorpos. Por esta razão, infecções por bactérias extracelulares são comuns em crianças com HIV. 6.2. Vírus Linfocitotrópico de células T humanas (HTLV-1) 18 A infecção pelo HTLV-1 induz ativação e intensa proliferação celular dos linfócitos T infectados. Esse fenômeno relaciona-se principalmente com a função do gene Tax do vírus que tem a propriedade de transativar os genes da IL-2, e do receptor da IL-2. Essa proliferação anômala de células T pode levar ao aparecimento da leucemia de células T do adulto. A proliferação indiscriminada de células pode provocar também a expansão de células T auto-reativas e secreção acentuada de citocinas pró-inflamatórias como o TNF-α. Essas anormalidades podem associar-se com lesão tecidual cutânea e neurológica. Em virtude da forte ativação de células Th1 na infecção pelo HTLV-1, ocorre uma redução da produção de IL-4 e IL-5 e diminuição da síntese da IgE e da ativação de mastócitos e eosinófilos, componentes da resposta protetora contra helmintos. Assim, existe uma maior prevalência de esquistossomose e estrongiloidíase em pacientes infectados pelo HTLV-1, podendo ocorrer disseminação da larva do S. stercoralis com aparecimento de formas graves de estrongiloidíase. 6.3. Papiloma Vírus Humano (HPV) O HPV é um vírus DNA que, além de causar a verruga vulgar e o condiloma acuminado, está fortemente associado ao desenvolvimento de neoplasia cervical e desenvolvimento de Câncer de pele, principalmente em indivíduos imunossuprimidos. O envolvimento do HPV com Câncer de pele foi também demonstrado em pacientes com epidermodisplasiaverruciforme em que DNA viral foi detectado em lesões maculares. A resposta imune contra o HPV de uma forma geral é mediada pela resposta imune celular a despeito de anticorpos da classe IgG e IgA contra frações antigênicas serem encontrados no muco cervical de pacientes com neoplasia cervical. Infiltrado inflamatório composto de macrófagos e células CD4+ é observado em condilomas que regridem espontaneamente, e a resposta linfoproliferativa de células T CD4+ específica para o antígeno E2 demonstrou-se associada à eliminação do HPV. Por outro lado, células CD8+ específicas para os antígenos E6 e E7 são encontradas em pacientes com grandes lesões ou com tumor cervical. Além disso, diminuição da resposta tipo 1 com baixa produção de IL-2, IFN-β e TNF-α é observada em pacientes com lesão intraepitelial de alto grau. 7. RESPOSTA IMUNE NAS INFECÇÕES CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS As principais doenças causadas por protozoários no homem são: as Leishmanioses, Doença de Chagas, Malária, Toxoplasmose e Amebíase. 19 Os protozoários são agentes infecciosos intracelulares que habitualmente infectam o hospedeiro por longo período de tempo, em virtude de possuir mecanismos que lhes permitem escapar das agressões mediadas pelo sistema imune. De maneira adicional, as infecções por protozoários habitualmente só causam doença em uma parcela dos indivíduos infectados, indicando que o sistema imune não permite, na maioria das vezes, a multiplicação em grande escala dos protozoários e a disseminação da infecção, sem, porém, ter a capacidade de promover esterilização. Dessa forma, esses agentes podem permanecer no hospedeiro por toda a vida, até sem causar doença, a não ser que esse equilíbrio seja perdido por uma depressão imune ou pelo desencadeamento de uma resposta imunitária exacerbada com inflamação tecidual. Vários componentes da resposta imune inata participam do mecanismo de defesa contra os protozoários, mas esses microrganismos escapam dessa defesa. Embora in vitro as promastigotas de Leishmania sejam altamente sensíveis ao complemento, as formas infectantes resistem a sua ação. O Tripanosoma Cruzi, por sua vez, tem a propriedade de impedir ativação do complemento, desde que se encubra com moléculas do hospedeiro como o fator acelerador da degradação (DAF). As leishmanias são também susceptíveis à ação de neutrófilos, células com grande potencial de produzir peróxido de hidrogênio e NO, mas que, ao penetrar o hospedeiro, infectam os macrófagos, livrando-se do ataque dos neutrófilos. A resposta adaptativa contra os protozoários ocorre após a apresentação de antígenos por macrófagos e células dendríticas, via MHC classe II para as células T. Como outras células podem ser infectadas, e os macrófagos e células dendríticas também expressam moléculas de MHC classe I, nas infecções por protozoários há também ativação das células TCD8+. Os mecanismos imunológicos de defesa contra alguns protozoários de importância clínica, vê-se abaixo. 20 Quadro 2 Principais mecanismos de Defesa contra Protozoários Fonte: Machado (2004) À exceção da GiardiaLamblia, que pode causar infecção grave em pacientes com deficiência de produção de anticorpos, a resposta imune celular é fundamental na defesa contra infecções causadas por protozoários. Embora nas infecções causadas por agentes intracelulares uma resposta imune desviada para o pólo Th2 seja maléfica, porque aumenta a susceptibilidade às infecções e permite a multiplicação e disseminação do parasito o conceito de que uma potente resposta Th1 seja protetora deve ser visto com reserva. Em várias doenças causadas por protozoários, existem evidências de que a resposta imune exacerbada está envolvida no dano tecidual: na amebíase é dependente da ação de neutrófilos;na Doença de Chagas é mediado por células CD4+ e CD8+;uma maciça produção de TNF-α e NO, documentada na patogenia da malária cerebral. Esses fatos indicam que uma atuação equilibrada do sistema imunológico é muito importante para a contenção do parasita sem destruição tecidual, fazendo com que, embora possa continuar presente, o agente infectante não cause doença no homem. A patogênese das diversas formas clínicas da Leishmaniose exemplifica bem a importância da resposta Th1 tanto no controle como na gênese da lesão tecidual. 21 As formas clínicas mais comuns da Leishmaniose são a Leishmaniose Tegumentar (Leishmaniose cutânea, Leishmaniose mucosa e Leishmaniose cutânea difusa) e a Leishmaniose visceral. O quadro 3 mostra a associação entre as diversas formas clínicas de leishmaniose, a espécie da Leishmania e a resposta imune. Quadro 3 Resposta imune (Produção de IFN γ) e formas clinicas das infecções causadas por diferentes espécies de Leishmania. Fonte: Machado (2004) Após a inoculação da Leishmania na pele e invasão macrofágica, nos indivíduos que não têm a capacidade de produzir IFN-α e ativar macrófagos, a Leishmania dissemina-se e, na dependência da espécie, causa a Leishmaniose visceral (L. Chagasi) ou a Leishmaniose cutânea difusa (L. Amazonensis). Nesses pacientes é fácil entender o desenvolvimento da doença, pela deficiência de IFN-α e alta produção de IL-10. A restauração da resposta imune in vitro na Leishmaniose visceral pode ser observada pela neutralização de IL-10 ou pela adição de IL-12 às culturas de células mononucleares de sangue periférico (CMSP). Atípico, entretanto, é o que ocorre na Leishmaniose cutânea e na Leishmaniose mucosa, situações nas quais existe um forte desvio Th1 e, embora o número de parasitas no tecido seja escasso ou até ausente, há desenvolvimento de lesão. CMSP de indivíduos com leishmaniose cutânea e Leishmaniose mucosaestimuladas com antígeno de Leishmania produzem grande quantidade de IFN-γ, IL-2 e TNF-α, e pouca IL-10. Como habitualmente o sistema imune não consegue destruir completamente as leishmanias, essa forte resposta Th1 termina por levar a ocorrência de uma reação inflamatória muito intensa e a dano aos tecidos próprios, resultando no aparecimento de úlceras na pele e na mucosa. 22 Tem participação importante nesse dano tecidual a produção acentuada de TNF-α e de NO. Evidências de que a resposta imune celular participa da patogenia da leishmaniose cutânea e Leishmaniose mucosa incluem: 1) o tratamento precoce da infecção não impede o aparecimento da lesão; 2) existência de forte reação inflamatória no tecido com expressão aumentada de TNF-α, IFN-γ e poucos parasitos na lesão; 3) associação de antimonial com droga inibidora de TNF-α cura pacientes com Leishmaniose mucosa que são refratários ao tratamento com antimonial. 8. RESPOSTA IMUNE A FUNGOS O principal mecanismo de defesa contra fungos é desenvolvido pelos fagócitos, que os destroem por meio da produção de NO e de outros componentes secretados por essas células. Adicionalmente, há participação de IFN-γ, aumentando a função de neutrófilos e macrófagos, não havendo evidências de atividade citotóxica por células T CD8+. Portanto, pacientes que apresentam neutropenia (menos de 500 neutrófilos/mm3) ou que tenham deficiência da imunidade celular cursam com frequência com micoses recorrentes e ocasionalmente desenvolvem formas graves e profundas. Embora um grande número de espécie de fungos possa causar doenças no homem, a maioria deles causa doença limitada, sem maiores repercussões clínicas. Destacam-se entre os fungos que estão associados com morbidade no Brasil a Cândidaalbicans, o CriptococcusNeoformans e o ParacoccidiodisBraziliensis. Apesar de a infecção por C. Albicans causar habitualmente infecções leves e sem maiores consequências, pacientes infectados com HIV não apresentam apenas alta prevalência da infecção por C. Albicans, mas também envolvimento de esôfago, estômago e intestino, sendo comuns infecções recorrentes. Em crianças que apresentam alteração na resposta imune celular e distúrbios endócrinos múltiplos, o quadro raro de candidíase mucocutânea crônica é descrito. Nessas crianças observam-se uma diminuição da resposta Th1 e lesões cutâneas, mucosas e ungueais graves. A despeito de a Candidíase Vaginal ser extremamente frequente e sem maiores consequências, cerca de 5% das mulheres em idade reprodutiva apresentam um quadro de 23 Candidíase Vaginal recorrente devido à ausência ou a baixos níveis de IFN-γ, que pode ser restaurada in vitro pela neutralização da IL-10. Embora não seja documentada uma resposta Th2 contra antígenos de C. Albicans, a elevada frequência de atopia nessas pacientes sugere que uma reação de hipersensibilidade imediata a diversos antígenos pode participar da patogênese da doença, com alguns casos se beneficiando de imunoterapia. O CriptococcusNeoformans pode causar doenças pulmonares e comprometer o Sistema Nervoso Central em pacientes imunossuprimidos, e o P. Braziliensis é o agente causal da Blastomicose sul-americana. A Blastomicose sul-americana caracteriza-se por envolvimento de gânglios, mucosa bucal e do aparelho respiratório. Na maioria das pessoas infectadas o agente é controlado, e o indivíduo fica completamente assintomático. Quando não se desenvolve uma resposta Th1 há disseminação do fungo com envolvimento de órgãos do sistema reticuloendotelial e do pulmão; nesse contexto o papel da IL-4 parece importante, já que em modelo experimental a ausência dessa citocina protege contra doença pulmonar grave. 9. RESPOSTA IMUNOLÓGICA NAS INFECÇÕES POR HELMINTOS Os mecanismos de resposta imune nas infecções helmínticas são múltiplos devido ao tamanho e à diversidade metabólica dos parasitas, que são antigenicamente complexos. Um problema adicional é que os parasitas podem sobreviver por muitos anos no hospedeiro, como resultado de mecanismos de escape, a exemplo do que acontece com o S. mansoni, (causador da Esquistossomose)que se torna coberto por antígenos do hospedeiro, deixando de ser estranho para o sistema imunológico. (MACHADO, 2004) Embora o complemento e outros fatores da resposta imune natural possam contribuir para a defesa contra a infecção por helmintos, a resposta imune específica com a produção de anticorpos e citocinas é importante. As células T CD4+ ou TCD8+ do tipo 2 são produtoras de citocinas como IL-4, IL-5 e IL-13 que, entre outras funções, induzem a produção de IgE pelas células B e ativação de eosinófilos, mastócitos e basófilos, respectivamente, componentes fundamentais na defesa contra helmintos. Anticorpos da classe IgE ligam-se aos basófilos circulantes ou mastócitos teciduais, induzindo a liberação de histamina e outros mediadores da reação de hipersensibilidade imediata, que leva à destruição de helmintos. 24 A IgE produzida em altos níveis na resposta imunológica do tipo Th2 tem sido relacionada com defesa contra reinfecção pelo S. mansoni. Eosinófilos têm também a capacidade de destruir os esquistossomos e o Strongyloides através do mecanismo de citotoxicidade celular dependente do anticorpo. As células do tipo Th2 estão associadas com a resistência à infecção não apenas do S. mansoni, mas dos helmintos intestinais, a exemplo do S. stercoralis e A. lumbricoides. A IL-4 estimula a produção de IgE e, juntamente com a IL-13, a de mastócitos, resultando em aumento da secreção de mediadores da inflamação, secreção de muco e aumento da contratilidade da musculatura intestinal, facilitando a expulsão dos vermes adultos. Na fase aguda da Esquistossomose as manifestações clínicas de febre, astenia, perda de peso, dor abdominal, diarreia e tosse, além de complicações como pleurite e pericardite, são decorrentes da presença de TNF-α, IL-1 e IL-6, e também da deposição de complexos imunes. A melhora da sintomatologia coincide com a produção de IL-10 induzida pelos antígenos de ovos na fase crônica. Nessa fase também ocorre secreção de IL-4, IL-5 e IL-13,50,51 que em modelos experimentais participam da formação do granuloma e da fibrose hepática, e, portanto, da patogênese da esquistossomose. A Microbiologia tem por objetivo o estudo dos microrganismos e suas atividades. Os microrganismos compreendem as Bactérias, Fungos (bolores, leveduras etc), Vírus, Algas e Protozoários. Ao Microbiologista também interessa estudar a sua distribuição natural, as relações recíprocas e com outros seres vivos nos quais provocam efeitos benéficos, indiferentes ou prejudiciais ao homem, outros animais e às plantas, bem como às alterações físicas e químicas que provocam no meio ambiente. 10. DIVISÕES DA MICROBIOLOGIA Quanto ao estudo dos diferentes tipos de microrganismos a microbiologia divide-se em: Bacteriologia- que estuda as bactérias. Micologia- que estuda os fungos. Ficologia- que estuda as algas. 25 Virologia- que se dedica aos estudos dos elementos acelulares. Uma ramificação da Microbiologia pode ser considerada para a medicina, sendo introduzida em casos de imunologia. A microbiologia pode ser muito útil, partindo do princípio de que grande parte das contaminações poderia ser evitada através de cuidados básicos, como lavar as mãos ou cobrir o rosto ao espirrar ou tossir, por exemplo. 10.1 Formas de aplicações A Microbiologia pode ser aplicada de diversas maneiras, entre elas: •Microbiologia médica – Estudo dos micróbios patogênicos e sua relação com a imunologia. •Microbiologia farmacêutica – Estudo dos microrganismos relacionados a produção de antibióticos. •Microbiologia industrial – Exploração de microrganismos para uso em processos industriais. •Biotecnologia Microbiana– Manipulação genética e molecular de microrganismos.• Microbiologia Ambiental – Estudo da função e diversidade dos micróbios em ambientes naturais. •Microbiologia aérea – Estudo de microrganismos que flutuam e se transportam com facilidade no ar. 10.2 Áreas da Microbiologia aplicada em estudos A Microbiologia abrange uma área de estudo ampla, podendo ser fonte de diferentes pesquisas.Os campos de atuação que a Microbiologia pode atuar são: •Microbiologia médica: tem como foco de estudo os microrganismos patogênicos. Sua atuação está diretamente ligada ao controle e prevenção de doenças, estando assim relacionada à imunologia. •Microbiologia farmacêutica: tem como objetivo o estudo dos microrganismos que podem contribuir com a produção de medicamentos, especialmente antibióticos. •Microbiologia ambiental: tem como foco de estudo as bactérias e fungos que atuam na decomposição de matéria orgânica e dos elementos químicos da natureza. Está relacionada aos ciclos biogeoquímicos. 26 •Microbiologia de alimentos: tem como objetivo estudar os microrganismos envolvidos na indústria alimentícia, especialmente no controle da produção e industrialização dos alimentos. •Microbiologia microbiana: tem como foco os processos que envolvem manipulação genética e molecular dos microrganismos. 10.3 Placa de Petri •Uma placa de Petri, ou caixa Petri é um recipiente cilíndrico, achatado, de vidro ou plástico que os profissionais de laboratório utilizam para a cultura de micro-organismos. •Estas placas usam-se principalmente para desenvolver meios de cultura bacteriológicos e para realizar reações em escala reduzida. Figura 6 Placa de Petri Fonte:https://pt.depositphotos.com/ 10.4 Microrganismos •Os microrganismos são considerados como organismos maléficos para a saúde, porém isso não é uma completa verdade, os microrganismos possuem funções extremamente importantes para o ciclo da vida e também apresentam funções importantes de caráter antrópico, resultando em processos benéficos para a sociedade. Alguns exemplos: produção de antibióticos, álcool, vinagre, queijo, enzimas, etc. •Pensando somente em processos naturais importantes para o ciclo da vida, os microrganismos podem fazer biorremediação de resíduos e biodegradação de forma natural. Ambas as técnicas são constantemente estudadas, e associadas ao número altíssimo de lixo que nós produzimos no planeta, lixo esse que não possui destino adequado. 27 Talvez em um futuro próximo, algum cientista descubra como eliminar grande quantidade de lixo usando esses microrganismos. Essa técnica já possui estudos avançados com lixos de origem plástica nos mares e oceanos, tendo bactérias que reciclam esse material como protagonistas. 10.5 Grupos de Microrganismos De acordo com Machado (2004) Os principais grupos de microrganismos são: •Vírus •Bactérias •Protozoários •Algas •Fungos 10.5.1Vírus •Os vírus são organismos microscópicos que não possuem células. Por isso, são considerados parasitas intracelulares, e pertencem ao reino viridae. •Os vírus só conseguem realizar suas atividades vitais dentro de outra célula viva. •Alguns vírus são patogênicos e causam doenças ao homem. Alguns exemplos são: gripe, sarampo, febre amarela, meningite, caxumba, hepatite, AIDS e varíola. •Os vírus são classificados como organismos que possuem moléculas desde muito simples até muito complexas. Figura 7 Estruturas de alguns Vírus Fonte: https://www.mindomo.com 28 10.5.1.2 Nomes dos principais vírus mais comuns Aduz Carvalho (2010) a respeito dos Vírus mais comuns e suas patologias: Febre amarela •E o vírus e um ARN, transmitido principalmente pela fêmea do Aedes Aegypti e Haemogogus. •Como evitar: a vacinação é a forma mais eficaz. Diante de contraindicações, repelentes são úteis contra o vetor. •Sintomas: febre alta, dores, pele e olhos amarelados, calafrios, dores de cabeça. Cerca de 20% dos infectados têm males graves, como insuficiência hepática. •Como tratar: não há remédio específico. Repouso, hidratação e manejo das complicações no hospital são indicados. Dengue, Zika e Chikungunya •Seu nome é o Dengue vírus, ele e um arbovirus da famíliaflaviviridae, gênero:flavivirus que se dividem em denv1, denv2, denv3, denv4, transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti. •Como evitar: não dê sopa para o mosquito. •Sintomas da dengue: febre alta, dor de cabeça, fraqueza. A doença pode matar. •Sintomas do Zika: manchas e febre baixa. Grávidas correm maior risco de ter filhos com microcefalia. •Sintomas do Chikungunya: febre e dor articular, que às vezes perdura por meses. •Como tratar: o doutor medica os sintomas e espera o corpo reagir. Hepatite A •O vírus se chama de: VHA da família dos picornavirus, fácil de se encontrar em locais sem condições de higiene. •Como evitar: vá atrás da vacina e fique longe de água ou comida sujas. •Sintomas: fadiga, enjoo, dor de barriga… Os casos graves, ainda que raros, cobram transplante de fígado e podem matar. •Como tratar: recomenda-se repouso e controle dos sintomas, recomenda par quem não tenha anticorpos outra vacina e aguardar o período que pode durar até 3 semanas. 29 4) Meningite •Transmissão: transmitida pelo contato com os portadores da doença. •Sintomas: rigidez na parte da nuca (inflamação das meninges), além de mal-estar, cansaço, febre, dores no corpo, diminuição do apetite, náuseas e vômitos. •Tratamento: não existe um tratamento especifico para a cura da meningite. Os especialistas indicam alguns medicamentos para diminuir os sintomas. Além disso, o repouso, uma boa alimentação e ingestão de líquidos ajuda o sistema imunitário a criar anticorpos que combatem o vírus. •Prevenção: evitar o contato com as pessoas infectadas, e ainda, o compartilhamento objetos. •Obs.: além da meningite viral, existe também a meningite bacteriana. Pneumonia •Transmissão: transmitida pelo ar e o contato com secreções de pessoas infectadas. Também pode ser transmitida pelo compartilhamento de objetos. •Sintomas: tosse seca ou com catarro, febre alta, calafrios, fraqueza, perda de apetite, falta de ar, dores no corpo. •Tratamento: medicamentos antivirais e que combatem os sintomas da pneumonia podem ser prescritos pelos médicos. Repouso, boa alimentação e ingestão de líquidos também são recomendados. Com o tempo, nosso corpo cria anticorpos que combatem o vírus. •Prevenção: a vacina antigripal pode auxiliar na prevenção da doença, visto que a gripe pode desencadear uma pneumonia. Uma alimentação rica em nutrientes, aliada à pratica diária de exercícios fortalecem o sistema imunológico evitando atrair doenças. AIDS (SIDA - Síndrome Humana da Deficiência Adquirida) •Transmissão: transmitida pelo contato sexual, pelo sangue e de mãe para filho ou compartilhamento de seringas infectadas. •Sintomas: febre, calafrios, manchas na pele, ínguas, dor de cabeça, garganta e corpo. Como afeta o sistema imunológico, outras doenças podem surgir num estágio mais avançado como câncer, meningite, tuberculose, etc. •Tratamento: não existe um tratamento específico para a cura da AIDS. Mesmo assim, alguns medicamentos (retrovirais)para retardar a doença são prescritos pelos especialistas. 30 •Prevenção: uso de preservativos é o método mais eficaz para não contrair a doença. Além disso, não compartilhar objetos que tenham tido contato com o sangue, por exemplo, seringas. Herpes •Transmissão: transmitida pelo contacto com fluidos corporais ou ferida de uma pessoa infetada. Além disso, pode ser passada de mãe para filho e pelo contato sexual. •Sintomas: o herpes pode ser labial ou genital. Dependendo do local, há o surgimento de bolhas que causam dor, ardor e coceira. Além disso, febre, dor de cabeça e musculares podem surgir. •Tratamento: não há cura para essa doença. Assim, medicamentos antiviraise pomadas para aplicar na região afetada são os mais indicados. •Prevenção: uso de preservativos no caso de contato sexual. Além disso, deve-se evitar o contato com as pessoas que apresentem o vírus e não compartilhar objetos. 10.5.2 Bactérias Figura 8 Morfologia das Bactérias Fonte: https://biologydictionary.net/ Conforme Carvalho (2010): •As bactérias são seres unicelulares e procariontes. Elas fazem parte do Reino Monera. •As bactérias podem ser encontradas em diversos ambientes e são capazes de suportar condições ambientais inóspitas à maioria dos seres vivos. 31 •Mesmo sendo imperceptível, as bactérias desenvolvem importantes funções no ambiente. Figura 9 Morfologias da Bactérias 2 Fonte: https://biologydictionary.net/ Elas atuam nos ciclos biogeoquímicos e na produção de alimentos e medicamentos. •Algumas bactérias podem ser patogênicas e causam doenças como a Cólera, Difteria, Febre Tifoide, Hanseníase (Lepra), Meningite, Tuberculose. 10.5.2.1 Principais bactérias e suas doenças •O Botulismo é causado pela bactéria Clostridium Botulinum. •A Brucelose é uma infecção causada por bactérias do gênero Brucella. •A Cistite é uma doença crônica caracterizada por uma irritação ou inflamação da parede da bexiga. Na maioria dos casos, é causada pela bactéria Escherichia coli, naturalmente presente no intestino. •A Coqueluche é uma doença respiratória infectocontagiosa causada pela bactéria BordetellaPertussis. •A Difteria é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Corynebacteriumdiphtheriae. Sua principal característica é a inflamação da garganta, o que causa um inchaço na região do pescoço. •A Escarlatina é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Streptococcus pyogenes. É característica pelo surgimento de erupções vermelho-escarlate na pele. 32 •A Gonorreia é uma doença sexualmente transmissível, causada pela bactéria Neisseria Gonorrheae. •A Hanseníase é uma doença crônica, conhecida antigamente como Lepra. É causada pela bactéria Mycobacterium Leprae, também conhecido como Bacilo de Hansen. •A Leptospirose é uma doença bacteriana que afeta seres humanos e animais. É causada por bactérias do gênero Leptospira. •A Pneumonia é uma infecção pulmonar causada por bactérias, vírus, fungos ou outros parasitas. A forma mais comum ocorre pela bactéria Streptococcus Pneumoniae. •A Salmonelose é uma infecção gastrointestinal provocada por bactérias do gênero Salmonella e família Enterobacteriaceae. •O Tétano é uma doença infecciosa causada pela bactéria Clostridium Tetani. Ataca o sistema nervoso central. •A Tuberculose ou tísica pulmonar é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium Tuberculosis, também chamada de Bacilo de Koch (BK). •O Tracoma é uma doença inflamatória, crônica e recidivante que afeta os olhos. É causada pela bactéria ChlamydiaTrachomatis. 10.5.3 Protozoários Figura 10 Alguns Protozoários Fonte: https//:https://www.gettyimages.com.mx/ •Os protozoários são seres eucariontes, unicelulares e heterótrofos. 33 Pertencem ao Reino Protista, junto com as algas que são organismos aquáticos que têm a capacidade de realizar fotossíntese. Elas podem ser micro ou macroscópicas, eucariontes ou procariontes. •Os protozoários apresentam variadas formas corporais e ocupam ambientes úmidos ou o interior de outros organismos. •Alguns são parasitas, causadores de doenças. Entre as doenças causadas por protozoários estão: Amebíase, Giardíase, Malária e Doença de Chagas. 10.5.3.1 Principais protozoários •Doenças de Chagas, causada pelo TripanossomaCruzi, que é um protozoário flagelado que parasita animais selvagens como o tatu, e o flebotomíneo. •Malária, causada pelo TripanossomaCruzi, que é um protozoário flagelado que parasita animais selvagens como o tatu. •A Amebíase ou Disenteria amebiana é provocada pela forma patogênica da ameba, chamada EntamoebaHistolytica. •Giardíase, e causada pelo protozoário flagelado Giardia lamblia, cujos cistos são eliminados nas fezes das pessoas contaminadas. •A Tricomoníase é uma doença sexualmente transmissível causada pelo TrichomonasVaginalis. •A Toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário Toxoplasma Gondii encontrado nas fezes de gatos. •O ser humano é contaminado ao consumir carne de aves e mamíferos mau passadas e com os cistos dos parasitas. 10.5.4 Fungos Figura 11 Algumas qualidades de Fungos (Cogumelos) Fonte: Google Imagens 34 •Os Fungos são seres macroscópicos ou microscópicos, unicelulares ou pluricelulares, eucariontes e heterótrofos. Eles fazem parte do Reino Fungi. •Os Fungos possuem diversos tipos de habitat visto que são encontrados no solo, na água, nos vegetais, nos animais, no homem e nos detritos em geral. •Diante do grande número de espécies, cerca de 1,5 milhão, os Fungos são utilizados para diferentes fins, como na produção de medicamentos e até mesmo na produção de queijos. •O cogumelo é um tipo de Fungo que é muito apreciado na culinária, sendo fonte de proteínas. •Alguns Fungos podem ser patogênicos. Entre as doenças relacionadas com Fungos estão: Micoses, Sapinho, Candidíase e Histoplasmose. 10.5.4.1 Principais doenças fúngicas •Frieiras Um tipo de infecção comum entre os dedos dos pés. Ocorre quando eles ficam úmidos e abafados, devido ao uso prolongado de calçados fechados. Elas causam vermelhidão, coceira e rachaduras. •Pano Branco É uma doença muito comum, recebe esse nome porque apresenta-se como manchas brancas e descamativas na pele. Geralmente, surgem nos braços, ombros, pescoço e rosto. • Candidíase É causada por fungos do gênero Cândida. É uma doença causada pelo fungo Histoplasmacapsulatum, encontrado nas fezes de morcegos. 10.5.5 Algas Figura 12 Exemplos de Algas 35 Fonte: Google Imagens •As Algas são seres eucariontes, fotossintetizantes, clorofiladas, unicelulares ou pluricelulares. Elas podem viver em ambientes terrestres úmidos e aquáticos de água doce ou salgada.Apesar de algumas delas se parecerem com plantas, as algas não apresentam folhas, caules ou raízes 10.6 Outros ramos da Microbiologia •Microbiologia Médica: estuda os microrganismos patogênicos para homem, para a cavidade oral (Microbiologia oral) e animais (Microbiologia Animal ou Veterinário). Este campo de aplicação está relacionado com o controle e prevenção das doenças, associada, portanto às práticas assépticas, antibioticoterapia, quimioterapia e imunização, bem como com a epidemiologia ou epizootiologia e os métodos de diagnóstico das doenças infecciosas. •Microbiologia Ambiental: estuda os microrganismos, particularmente bactérias e fungos que desempenham papel importante na decomposição de matéria orgânica e a reciclagem dos elementos químicos da natureza (ciclos biogeoquímicos). De modo geral, esses microrganismos efetuam a bioconversão de resíduos orgânicos em combustíveis alternativos como metano, hidrogênio, gás sulfídrico. Por sua vez, a Bio-remediação consiste no uso de microrganismos para decomposição de substâncias tóxicas liberadas no meio ambiente devido a acidentes ou à atividade industrial. •No processo de reciclagem dos elementos químicos estão envolvidos os ciclos de compostos de C ( carbono) (CO2, CO, CH4, CnHnOn, dentre outros), N(nitrogênio) (N2, NO, NH3, aminas e compostos orgânicos nitrogenados), S ( enxofre) (S, H2S, SO2, S2O3, SO4 e compostos orgânicos de S), Fe (sais de ferro, íons ferrosos e férricos e compostos orgânicos contendo Fe), bem como Mn (manganês), Mg(magnésio), Mo (molibinenio)entre outros (sulfato de manganês e compostos orgânicos contendo Mn, Mg, Mo dentre outros), e diversos tipos de compostos contendo oxigênio. 36 •Microbiologia Aquática: Os microrganismos desse grupo estão também relacionadoscom a taxonomia e as atividades associadas com as águas dos mares, lagos e rios bem como com o tratamento e reciclagem das águas para torná-las potáveis, tendo em vista que muitos patógenos são transmitidos em águas de beber e águas destinadas à recreação. Muito embora as condições existentes nos ambientes marinhos e de água doce como pH, pressão osmótica, disponibilidade de nutrientes torna os muitos dos microrganismos incapazes de crescer nesses ambientes. •Microbiologia ambiental: está associado com o uso de microrganismos para decompor a matéria orgânica no tratamento secundário dos resíduos de esgotos. A avaliação da qualidade desses resíduos é feita através da avaliação quantitativa e qualitativa (ausência de patógenos) para assegurar a correta disposição dos mesmos após o tratamento de efluentes e esgotos (Microbiologia Sanitária) •A Microbiologia do Solo: praticamente todos os microrganismos existentes na natureza possuem representantes no solo. Quando um microbiologista procura um determinado organismo o solo é a sua primeira consulta. Tendo em vista a composição do solo (rochas, minerais, água, gases e matéria orgânica humos) oriunda de vegetais, animais e microrganismos, muitos grupos taxonômicos de microrganismos estão presentes no solo influindo na sua fertilidade, consequentemente também associada à reciclagem dos elementos químicos. •Microbiologia de Alimentos: o microbiologista que se dedica ao estudo dos microrganismos envolvidos com a indústria de alimentos ou de bebidas está preocupado com o controle da produção, manuseio, processamento, industrialização dos alimentos. Para tanto estuda a contaminação por microrganismos deterioradores e agentes de toxi-infecções alimentares, fermentação para produção de determinados alimentos, bebidas, enzimas, aminoácidos, ciclodextrinas, surfactantes biológicos. As bebidas alcoólicas como a cerveja, o vinho, cachaça, whisky dentre outras são produzidos por leveduras ou bactérias (Zimomonasmobilis) através da fermentação de carboidratos em etanol. Também micróbios como o Acetobacter e Gluconobacter oxidam o álcool das bebidas alcoólicas em ácido acético ou vinagre, condimento bastante utilizado pelas donas de casa. 37 Ao microbiologista de alimentos está reservado o estudo das bactérias láticas, bolores e leveduras para transformação do leite em diversos tipos de produtos como os mais variados tipos de queijo, manteiga, cremes, iogurtes, dentre outros. •Muitos vegetais também são transformados através da ação de bactérias, bolores e leveduras em produtos como a carimã, gari, lafun (mandioca fermentada), chucrute (repolho fermentado), picles (várias verduras fermentadas), soio (soja fermentada), e azeitonas fermentadas.Da mesma forma, produtos de massa e confeitaria são fermentados através da levedura Saccharomyces gerando etanol e anidrido carbônico que dão às massas dos pães e bolos as características desejadas. •Microbiologia Industrial: Está envolvida com a produção de medicamentos, ácidos orgânicos, bebidas alcoólicas, solventes, combustíveis, suplementos, bio surfactantes, biopolímeros. Há que considerar neste tópico que os microrganismos vêm sendo utilizados para a produção de recuperação terciária de petróleo) • Microbiologia do Rúmen: - os microrganismos desempenham papel importante na produção animal, através de suas atividades sobre os componentes da dieta dos animais ruminantes transformando as substâncias indigeríveis como celulose, lignina e outros compostos em ácidos orgânicos, aminoácidos e vitaminas bem como substâncias que estimulam o crescimento e a produção de carne, leite e lã. (PIRES, 2018) 38 EXERCÍCIOS 1 1) O ato de o profissional de saúde lavar as mãos, evita: a)a cura do paciente b) a higienização c)a contaminação d) o tratamento 2) A idade,e o tempo de hospitalização implica em: a)fatores de risco b) alta do paciente c) possíveis óbitos d) tratamento intensivo 3) A microbiologia estuda: a)inflamações b) doenças c) tratamento d) micro-organismos 4) Patogênicos, refere-se a seres: a)acelulares b) unicelular c) causam doenças d) não causam doenças 5) O pai da microbiologia foi: a) Louis Pasteur b) Fernand Cohn c) Leeuwenhoek d) Beijerick 6) Quais as classificações dos micro-organismos em formação celular? 7) Quis os tipos de microrganismos? 8) Quais os tipos de infecções? 9) Como pode ser classificadas as transmissões? 10) Como ocorre a contaminação por veículos? EXERCÍCIOS 2 1- A Microbiologia Médica tem seu foco em: a) Medicamentos b) Alimentos c) patogênicos d) ambiente 2- A placa de petri serve para: a) cultura de bactéria b) eliminação de bactéria c) tratamento de bactéria d) todas corretas. 3-O reino monera corresponde a: a) Vírus b) bactérias c) fungos d) protozoários. 4- o reino fungi corresponde a: a) Bactérias b) protozoários c) vírus d) fungos 5-Estreptococos e estafilococos são formas de: a) Vírus b) fungos c) protozoários d) bactérias 6-O que são vírus? 7-O que são bactérias? 39 8-O que são fungos? 9-O que são protozoários? 10-Cite 10 doenças por micro-organismos. GABARITO EXERCÍCIOS 1 1- C 2- A 3- D 4- C 5- A 6- Unicelular, multicelular e acelular 7- Vírus, bactérias, protozoários, fungos, algas 8- Endógenas e exógenas. 9- Direta e indireta. 10- Sangue, secreção, soluções, entre outros. GABARITO EXERCÍCIOS 2 1- C 2- A 3- B 4- D 5- D 6- Desenvolvimento do aluno 7- Desenvolvimento do aluno 8- São seres eucariontes, unicelular e heterótrofos do reino protista. 9- São seres unicelulares, procariontes do reino monera. 10- São seres, acelulares (não possuem celulares) do reino viridae. 40 REFERÊNCIAS CARVALHO, Irineide Teixeira de. Microbiologia básica. Recife: EDUFRPE, 2010. MINAS GERAIS. Curso Técnico em Análises Clínicas – Etapa 2. Belo Horizonte: Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais, 2020. MACHADO, Paulo Roberto Lima. et al. Mecanismos de resposta imune às infecções. In: Anuário Brasileiro de Dermatologia. Rio de Janeiro: SBD, v. 79, n. 6, p. 647-662, dez. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365- 05962004000600002&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 16 fev. 2019. PIRES, Priscila Ramos Simões. Concentração de Amônia Ruminal sobre o consumo de ovinos. João Pessoa: UFPB, 2018.
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