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© No final da primeira semana de gestação, em que ocorrem as clivagens, se inicia o processo de implantação (ou nidação), que se refere ao fenômeno de adesão e penetração no epitélio do endométrio materno pelo blastocisto, concomitantemente a sua diferenciação. Entretanto, em alguns casos esse processo pode falhar, por anormalidades cromossômicas ou por falta de preparação do endométrio. Caso o embrião não consiga aderir e se implantar, ele é descartado, caracterizando um aborto espontâneo, no que se chama em embriologia de gravidez desperdiçada. Além disso, pode ocorrer também uma gravidez ectópica, em que o embrião se implanta fora do útero, e na maioria dos casos se aloja na tuba uterina, podendo levar a inflamação e peritonite. Sendo assim, como se dá a implantação? Posteriormente a migração e chegada no endométrio pelo blastocisto, haverá adesão ao epitélio por intermédio do polo embrionário, essa invasão deve ocorrer no período da janela de implantação. Essa fase, delimitada por hormônios (principalmente progesterona e estrogênio), ocorre em geral no 24° dia do ciclo, e é o estágio em que o útero dá apoio ao crescimento e a adesão do blastocisto, bem como aos eventos subsequentes da implantação. Por ser um período limitado, se a implantação não for bem sucedida o embrião é descartado. Para que o blastocisto possa adentrar o epitélio uterino, as células do trofoblasto se diferenciam, formando o citotrofoblasto e o sinciciotrofloblasto, que possuí esse nome por ser uma massa de células em que não é possível a identificação da membrana plasmática, que promovem a penetração no tecido até que todo blastocisto esteja dentro da parede do endométrio. Contudo, para que os eventos supracitados possam ocorrer é necessário que haja algumas mudanças tanto no endométrio, quanto no blastocisto . Primeiramente, o blastocisto eclode da zona pelúcida, uma vez que os trofoblastos secretam proteases (colagenase, estromelisina e ativador de plasminogênio), que permitem sua clivagem. Em consonância, o endométrio secreta moléculas que estimulam a expressão de receptores de LIF no blastocisto, fazendo com os trofoblastos expressem esses fatores, assim como o inverso também ocorre, propiciando uma melhor adesão. Inclusive foi observado que mulheres que possuem mais LIF possuem um maior sucesso na implantação. Além disso, a parede uterina secreta citocinas e quimiocinas, também visando aporte ao processo de implantação. O trofoblasto secreta também o hormônio HcG, ou gonadotrofina coriônica, que mantém o corpo lúteo viável, mantendo a produção de estrogênio e progesterona, a fim de preservar a receptividade do endométrio. No fim da segunda semana, os níveis desse hormônio são suficientes para o teste de gravidez ser positivo. Caso não ocorra fertilização, o corpo lúteo é degradado, os níveis desses hormônios decaem fortemente e a mulher menstrua. No caso de haver de fato um embrião, as células estromais da região invadida do endométrio © sofrerão um acúmulo de glicogênio e lipídios (reação decidual), que quando são rompidas pela invasão do sinciciotrofloblasto liberam nutrientes para o embrião. Outrossim, acredita-se que essas células sejam importantes para evitar a rejeição do embrião no tecido materno, outras hipóteses incluem o desenvolvimento insuficiente do sistema imune do embrião e a baixa responsabilidade do sistema imune materno durante a gravidez. Após o blastocisto adentrar completamente o endométrio, o local de sua entrada que será fechado por um tampão de coagulação. As células do embrioblasto, localizado na região interna do blastocisto se diferenciam em hipoblasto (encontradas mais abaixo, apresentando formato cuboide) e epiblasto (localizadas mais acima, mostrando formato cilíndrico). Enquanto algumas células do hipoblasto migram formando a membrana exocelômica (ou de Heuser) que reveste o saco vitelínico primitivo, bem como formam o teto da cavidade exocelômica (saco vitelínico primitivo) na região onde era a blastocele, o epiblasto forma o assoalho da cavidade amniótica (estando separado desta pelas células amnioênicas) que estará repleta de âmnio, ou líquido amniótico. É formada, também, uma camada de tecido conjuntivo extra – o mesoderma extraembrionário – entre o saco vitelínico e o citotrofoblasto, acarretando no deslocamento e degeneração do saco vitelínico primário, que será substituído pelo definitivo. Em seguida, haverá o aparecimento de espaços no meio do mesoderma extraembrionário, que se fundirão e formarão a cavidade coriônica por volta do 14° ou 15° dia. Esta por sua vez divide o mesoderma em dois, no mesoderma extra- embrionário somático e no mesoderma esplâncnico extra-embrionário. A junção do citotrofoblasto, sinciciotrofloblasto e o mesoderma extraembrionário somático (mais externo) formam a parede do saco coriônico, ou gestacional. O embrião encontra-se suspenso (dentro da cavidade coriônica) por um pedículo de ligação, mas ao crescer em conjunto com o âmnio, este ocupará todo o espaço essa cavidade, extinguindo-a, e tornando-se maior do que saco vitelínico (que será vestigial). Portanto, ao final da segunda semana de gestação, há o fim da implantação, o surgimento dos dois anexos embrionários: saco vitelínico e âmnio, o início da placentação e o embrião se torna um disco bilaminar. © : é formado pelo hipoblasto, nele ocorre a primeira hematopoiese, em outras espécies possui suma importância a longo prazo. Contudo, nos humanos é reduzido e desparece após um certo tempo, porém, caso persista é chamado de divertículo de Meckel. : é formada pelo epiblasto, por meio do surgimento de uma cavidade com posterior pragueamento e cavitação. Com o desenvolvimento, ocorre seu crescimento, fazendo com que envolva todo o espaço do embrião. Dentre suas funções podemos citar a proteção contra choques mecânicos, bem como espaço para movimentação do feto. A composição do líquido amniótico varia. Comumente é feita de urina, sangue materno, vasos sanguíneos do cordão umbilical e a placa coriônica, geralmente apresentando o volume de 1L. OBS: mais de 1L de liquido amniótico é considerado polidrâmnio, estando associado a múltiplas gravidezes, atresia esofágica e anencefalia. Menos que 1l, por volta de 500ml, podemos classificar como oligohidrâmnio, associando-se com agenesia renal. OBS2: o alantoide surge, inicialmente, como uma projeção do endoderma do intestino posterior, revestida externamente por mesoderma extra- embrionário. Em humanos, é apenas vestigial. Em outros mamíferos, aves e répteis é um órgão respiratório e depósito de restos metabólicos. A placenta é um órgão materno fetal, que apresenta uma parte fetal (saco coriônico) e uma materna (endométrio). Suas funções principais incluem a troca de nutrientes e gases, passagem de hormônios para regulação do metabolismo materno, desenvolvimento do embrião e o funcionamento do endométrio. A partir de projeções do citotrofoblasto podemos observar o surgimento das vilosidades primárias, precursoras das vilosidades coriônicas, após isso, o mesoderma preenche as vilosidades primárias, formando as secundárias e após o contato com os vasos, são chamadas de terciárias. Quando as vilosidades estão maduras, há a formação da concha citotrofoblástica que delimita a separação entre vilosidades e endométrio. Eventualmente, surgem espaços no sincício formando lacunas que vão romper os vasos maternos, gerando uma rede de lacunas, em que o sangue se deposita, propiciando o início da circulação uteroplacentária. Os citotrofoblastos remodelam as artérias espiraladas (localizadas na decídua basal) jogando o conteúdo o sanguíneo no espaço interviloso, onde circulará o sangue materno. As trocas gasosas e de nutrientes vão ocorrer efetivamente, não na base das vilosidades (tronco), mas em suas ramificações (terminais) que se estendematé o final do sinciciotrofloblasto que circunda todo embrião. O sangue fetal adentra o espaço interviloso, entrando em contato com os alvéolos coriônicos, havendo a troca de nutrientes e CO2, bem como os resíduos nocivos fetais voltam pelas vilosidades para mãe, logo, a circulação fetal classifica-se como fechada e a materna como aberta. O cordão umbilical possui uma veia e duas artérias, que são por onde chegam e por voltam as substâncias a serem trocadas. Nesse caso, a artéria é pobre em O2 e rica em CO2, enquanto a veia apresenta um padrão oposto. © Inicialmente as vilosidades são formadas em todo o saco coriônico, gerando a placa coriônica. A partir do quarto mês, o córion viloso divide-se em 10 a 38 áreas de grupos de vilosidades, chamados cotilédones. Os sulcos entre eles são produzidos pela decídua basal gerando os septos placentários. O feto se projeta na direção da cavidade uterina, e ao ‘’encostar’’ em uma de suas paredes, a região da placa coriônica que não está relacionada com o cordão umbilical, sofrerá uma forte redução do aporte sanguíneo ao ponto de se degenerar e perder suas vilosidades, sendo chamado agora de córion liso. A extremidade oposta, que ainda possui as vilosidades é chamada de córion frondoso. Os cotilédones agrupam-se em lobos, que na hora do parto tem que sair junto com a placenta. Caso não saiam, o sangue pode continuar jorrando no espaço interviloso, mesmo sem o feto, podendo causar hemorragia e risco de vida para a mãe. Os vasos fetais são separados do sangue materno pela membrana placentária que envolve o espaço interviloso, dessa maneira, as trocas ocorrem por difusão. A membrana placentária, antigamente era referida como barreira placentária, mas hoje sabe-se que ela pode ser atravessada por algumas moléculas – de suma importância para o feto – como: anticorpos, água, carboidratos, lipídios, vitaminas, etc. Infelizmente, algumas drogas ilícitas e teratógenos podem perpassá-la, atuando de forma nociva ao causar má-formação do feto. Além disso, microrganismos como o Zika vírus, Toxoplasma gondii, HIV, Citomegaolvirus, Varicella zoster, e Treponema pallidum, também são capazes de atravessá-la, adoecendo ou liquidando o feto. A placenta também é responsável pela produção de hormônios como: lactógeno placentário, corticotropina, prolactina, relaxina, etc. Podemos mencionar ainda, alguns problemas que ocorrem com a placenta durante a gestação, como: Placenta prévia: a placenta é desenvolvida próximo ao colo do útero, prejudicando a saída do bebê durante o parto; Descolamento placentário: a placenta se desloca podendo formar um coágulo de sangue, causar baixa oxigenação fetal ou risco de vida materno; Placenta acreta: ocorre quando as vilosidades penetram exacerbadamente na parede uterina, além da região do sinciciotrofloblasto, podendo gerar dificuldades de desagregação placentária na hora do parto ©
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