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Biologia geral

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EMBRIOLOGIA 1º PERÍODO
Cynthia Mansur
PLACENTAS E ANEXOS EMBRIONÁRIOS
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Any Vitória Braga Marques
Um dos aspectos mais característicos do desenvolvimento embrionário humano é a
íntima relação entre o embrião e a mãe. O ovo fertilizado traz pouco consigo, exceto
pelo material genético. Para sobreviver e crescer durante a vida intrauterina, o embrião
precisa manter uma relação essencialmente parasitária com o corpo da mãe para a
aquisição de nutrientes e de oxigênio e para a eliminação de resíduos. Ele deve também
evitar ser rejeitado como um corpo estranho pelo sistema imunológico de seu
hospedeiro materno. Estes requisitos exigentes são cumpridos pela placenta e pelas
membranas extra embrionárias que circundam o embrião e servem como uma interface
entre o embrião e a mãe.
Os tecidos que compõem a interface materno-fetal (placenta e córion) são derivados
do trofoblasto, que se separa da massa celular interna e circunda os precursores
celulares do embrião propriamente dito, mesmo quando o zigoto em clivagem percorre
a tuba uterina em seu caminho para a implantação na parede uterina.
Tecidos Extraembrionários
Âmnio - Uma membrana fina revestida com mesoderme, cresce para delimitar o
embrião como um balão. Este é preenchido com um fluido transparente, que é gerado a
partir de diversas fontes, tal como a pele fetal, o próprio âmnio, os rins fetais e
possivelmente os vasos fetais. O volume de líquido amniótico se aproxima de 1 L. O
líquido amniótico é removido por troca através da membrana amniótica e por
deglutição pelo feto.
Saco Vitelino - É uma estrutura ventral, revestida por endoderme revestido
externamente por um mesoderme extraembrionário bem vascularizado. que não
apresenta uma função nutritiva em embriões de mamíferos. Ilhotas sanguíneas na
parede mesodérmica do saco vitelino formam células do sangue e os primeiros vasos. As
células germinativas primordiais são reconhecíveis na parede do saco vitelino, mas elas
se originam do mesoderme extraembrionário na base do alantoide.
Alantoide - O alantoide é um pequeno divertículo revestido por endoderme, que surge
como uma evaginação ventral do intestino. Este não apresenta uma função direta de
respiração ou armazenamento de resíduos em seres humanos. Estas funções são
realizadas pela placenta e pelos vasos umbilicais que surgem em conjunto com o
alantoide.
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Córion e Placenta
Formação das vilosidades coriônicas: se formam como projeções externas do
trofoblasto. As Vilosidades primárias consistem em projeções compostas apenas do
trofoblasto.Quando se forma um núcleo mesenquimal dentro de uma vilosidade, esta
passa a ser uma vilosidade secundária, e quando o mesênquima se torna vascularizado,
a vilosidade se torna uma vilosidade terciária. Com o amadurecimento das vilosidades,
o citotrofoblasto em algumas vilosidades cresce através do sinciciotrofoblasto como
colunas de células citotrofoblásticas e faz contato com o tecido endometrial materno. O
citotrofoblasto continua a crescer ao redor do córion, em todo o espaço preenchido com
sangue, para formar uma capa citotrofoblástica, que é a interface direta entre os tecidos
fetal e materno. As vilosidades que fazem contato direto com os tecidos maternos são as
vilosidades de ancoragem; as vilosidades que não fazem tal contato são as vilosidades
flutuantes. Devido ao fato de as vilosidades coriônicas flutuarem em uma piscina de
sangue materno, a placenta humana é designada como placenta hemocorial.
Estabelecimento da Circulação Uteroplacentária: uma das características essenciais
da interface materno-embrionária em desenvolvimento é o estabelecimento de uma
circulação uteroplacentária que serve como o meio para trazer alimento e oxigênio e
para remover os resíduos do embrião. Isto se dá pela erosão das paredes das artérias
espiraladas do útero e suas modificações, para que, à medida que o embrião cresce,
essas artérias possam proporcionar um aumento no fluxo de sangue com baixa pressão
para banhar a superfície sinciciotrofoblástica da placenta. Células citotrofoblásticas
invasivas especializadas, migrando para fora das vilosidades de ancoragem, invadem as
artérias espiraladas (mas não as veias) e causam grandes modificações em suas paredes
secretando uma matriz extracelular especializada e deslocando muitos dos elementos
celulares normais das artérias espiraladas. Como resultado, as artérias se tornam mais
amplas, mas o sangue que escapa das suas extremidades abertas sai a uma pressão
muito mais baixa que a pressão arterial normal.
Relações Macroscópicas dos Tecidos Coriônicos: os deciduais dentro de alguns dias
após a implantação do embrião, as células estromais do endométrio sofrem uma
transformação marcante chamada de reação decidual. Depois que as células estromais
intumescem como resultado do acúmulo de glicogênio e de lipídios no seu citoplasma,
elas passam a ser conhecidas como células deciduais. A reação decidual se espalha por
todas as células estromais nas camadas superficiais do endométrio. As decíduas
maternas recebem nomes topográficos com base em suas localizações com relação ao
embrião. O tecido decidual que cobre o embrião e sua vesícula coriônica é a decídua
capsular, ao passo que a decídua que se situa entre a vesícula coriônica e a parede do
útero é a decídua basal.. Com o crescimento contínuo do embrião, a decídua basal
torna-se incorporada ao componente materno da placenta definitiva. A decídua
remanescente, que consiste no tecido endometrial decidualizado nas laterais do útero
não ocupadas pelo embrião, é a decídua parietal. Na embriologia humana, o córion é
definido como a camada composta do trofoblasto e do mesoderme extraembrionário
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subjacente. O córion forma uma cobertura completa (vesícula coriônica) que envolve o
embrião, o âmnio, o saco vitelino e pedúnculo do embrião. A região que contém as
vilosidades coriônicas em proliferação e que, por fim, se torna a placenta é o córion
frondoso. O restante do córion, que ao final se torna liso, é o córion liso
Formação e Estrutura da Placenta Madura: a placenta madura consiste na parede do
córion (placa coriônica) e em numerosas vilosidades que se projetam a partir dele. A superfície
fetal da placenta é lisa e brilhante devido à presença da membrana amniótica. A superfície
materna é opaca e lobulada, com cotilédones de inúmeras vilosidades da placenta e seus ramos.
O cordão umbilical (anteriormente o pedúnculo do embrião) se insere no meio da placenta. O
sangue do feto chega até a placenta através das artérias umbilicais. Estas artérias se ramificam
em inúmeros pequenos vasos que terminam em alças capilares nas extremidades das vilosidades
da placenta. Lá, oxigênio, nutrientes e resíduos são trocados entre os sangues fetal e materno,
que banham as vilosidades. O sangue fetal retorna para o corpo do feto maduro através de uma
única veia umbilical. O sangue materno, que sai das artérias espiraladas abertas do endométrio,
banha as vilosidades placentárias.
Fisiologia da Placenta
A transferência de substâncias do sangue fetal para o materno deve ocorrer através do
endotélio dos vasos capilares do feto, da lâmina basal e dos tecidos trofoblásticos antes
de atingir o sangue materno. A transferência de substâncias é feita através de
mecanismos passivos e ativos. Além das substâncias normais, o álcool, certas drogas e
alguns agentes infecciosos, podem passar do sangue materno para a circulação fetal e
interferir com o desenvolvimento normal. Se o feto for Rh positivo e a mãe for Rh
negativo, os anticorpos anti-Rh maternos de uma gravidez anterior podem passar para o
feto e causar eritroblastose fetal. A placenta produz uma grande variedade de
hormônios, muitos dos quais são normalmente sintetizados no hipotálamo e na
glândula pituitária anterior.
Síntese e Secreção de Hormônios Placentários: O primeiro hormônio liberado é o
HCG, que é a base de muitos testes de gravidez. Os outros hormônios placentários são a
coriônica (lactogênio placentário humano), os hormônios esteróides, o hormônio de
crescimento placentário humano,a tireotrofina coriônica e a corticotrofina. Outro
hormônio proteico placentário é a somatomamotropina coriônica, às vezes chamada de
lactogênio placentário humano. Com uma estrutura semelhante à do hormônio do
crescimento humano, ele influencia o crescimento, a lactação e o metabolismo de
carboidratos e lipídios. A placenta produz pequenas quantidades de tireotrofina
coriônica e corticotrofina coriônica. Quando secretados na corrente sanguínea materna,
alguns hormônios placentários estimulam mudanças no metabolismo e na função
cardiovascular da mãe. Um bom exemplo de hormônio placentário que influencia a mãe
é o hormônio de crescimento placentário humano. Este hormônio, que difere em 13
aminoácidos do hormônio crescimento pituitário, é produzido pelo sinciciotrofoblasto.
O hormônio de crescimento placentário não é detectável no soro fetal, embora ele
pareça influenciar o crescimento placentário de modo parácrino. Este hormônio fetal
exerce um profundo efeito sobre a mãe.
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Imunologia da placenta: A primeira possibilidade é que os tecidos fetais,
especialmente aqueles da placenta,que constituem a interface direta entre o feto e a
mãe, não apresentem antígenos estranhos para o sistema imunológico da mãe. Uma
segunda grande possibilidade é que o sistema imunológico da mãe seja paralisado de
alguma forma durante a gravidez, para que ele não reaja com os antígenos fetais aos
quais ele é exposto. Uma quarta possibilidade é que as moléculas formadas na superfície
da placenta fetal sejam capazes de inativar as células T ou outras células imunológicas
localmente que poderiam rejeitar o embrião ou que poderiam paralisar a resposta
imunológica celular local.
A placenta após nascimento: Cerca de 30 minutos após o nascimento, a placenta, as
membranas embrionárias e o remanescente do cordão umbilical, juntamente com a
maior parte da decídua materna, são expelidos do útero como secundinas. A superfície
fetal da placenta é lisa, brilhante e acinzentada por causa do âmnio que recobre o lado
fetal da placa coriônica. A superfície materna apresenta cor vermelho-escuro e pode ser
pontuada com coágulos de sangue. Além disso, ela deve ser examinada com cuidado,
visto que, se um cotilédone estiver ausente e ficar retido na parede uterina, ele poderia
causar uma grave hemorragia pós-parto. O reconhecimento de certos tipos de doenças
da placenta pode fornecer pistas valiosas para os fatores intrauterinos que podem afetar
o bem-estar do recém-nascido
Placenta e Membranas em Gestações Múltiplas
Várias configurações diferentes da placenta e das membranas extraembrionárias são
possíveis nas gestações múltiplas. Os gêmeos dizigóticos ou gêmeos monozigóticos
resultantes da separação completa de blastômeros no início da clivagem podem ter
placentas e membranas completamente distintas, se os dois embriões se implantarem
em locais distantes na parede uterina. Contrariamente, se os locais de implantação
forem mais próximos, as placentas e os córions (que foram inicialmente separados na
implantação) podem fundir-se, embora os sistemas vasculares dos dois embriões
permaneçam separados.Quando gêmeos monozigóticos se formam pela divisão da
massa celular interna do blastocisto, é normal ter uma placenta comum e um córion
comum, mas dentro do córion cada um dos embriões gêmeos se desenvolve dentro de
âmnions separados.
Neste caso, podem existir sistemas vasculares separados ou fundidos no interior da
placenta comum. Quando os sistemas vasculares são fundidos, um gêmeo pode receber
uma maior proporção do fluxo sanguíneo placentário do que o outro (síndrome de
transfusão feto-fetal). Esta situação pode resultar em uma atrofia de leve a grave no
crescimento do embrião que recebe a menor quantidade de sangue a partir da placenta.
O embrião cujo suprimento sanguíneo é prejudicado é frequentemente muito
deformado e vulgarmente chamado de monstro acárdico
Em gêmeos siameses e, raramente, em gêmeos monozigóticos com uma separação
mínima da massa celular interna, os embriões se desenvolvem dentro de um único
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âmnio e um único córion e têm uma placenta comum com um suprimento de sangue
comum. Estas e as condições descritas anteriormente podem ser determinadas através
do exame das membranas das secundinas. Previamente, acreditava-se que seria possível
determinar se os gêmeos eram monozigóticos ou dizigóticos pelo simples exame das
membranas. Embora na maioria dos casos pudesse ser feita uma inferência correta, este
método é sujeito a falhas. Outros métodos, que vão desde a simples observação do
gênero, cor dos olhos, dos padrões de impressão digital para determinação do tipo
sanguíneo ou mesmo impressão digital genética, devem ser usados para uma
determinação definitiva. Na era atual de transplante de órgãos e células, pode ser vital
saber se os gêmeos são monozigóticos, no caso de haver o desenvolvimento de uma
condição que possa ser tratada com um transplante.

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