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27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2F… 1/14 (21/09/2020) Aula 34-UCXI Placenta segunda-feira, 21 de setembro de 2020 07:55 Aspectos morfológicos da placenta / Circulação mãe/feto e feto/mãe Objetivo da aula: Compreender os aspectos morfológicos da placenta, correlacionando- os com a circulação mãe/feto e feto/mãe Objetivos específicos da aula • Reconhecer as estruturas anatômicas e descrever as funções da placenta • Estudar a circulação uteroplacentária • Compreender a relação cordão umbilical e circulação mãe-feto e feto- mãe • Estudar as alterações anatômicas e funcionais da mãe durante a gestação • Estudar o desenvolvimento embrionário e seus eventos • Associar os exames de imagem com presença de disfunções placentária Seção Anatomia 1. Explique a importância do desenvolvimento das vilosidades coriônicas: O oxigênio e os nutrientes nos espaços intervilosos da mãe difundem-se nas vilosidades coriônicas embrionárias, enquanto os resíduos difundem-se na direção oposta. À medida que o tecido embrionário invade a parede do útero, ocorre erosão dos vasos uterinos maternos e o sangue materno preenche espaços, denominados lacunas, no tecido invasor. Ao final da segunda semana de desenvolvimento, começam a se desenvolver as vilosidades coriônicas. Essas projeções digitiformes constituem o cório (sinciciotrofoblasto circundado por citotrofoblasto), que se projeta para o interior da parede endometrial do útero. No final da terceira semana, os capilares sanguíneos dão origem às vilosidades coriônicas. Os vasos sanguíneos nas vilosidades coriônicas se ligam ao coração embrionário por meio das artérias umbilicais e da veia umbilical pelo pedículo de conexão, que acaba por tornar-se o cordão umbilical. Os capilares sanguíneos fetais nas vilosidades coriônicas se projetam para o interior das lacunas, que se unem para formar os espaços intervilosos, nos quais as vilosidades coriônicas (e os vasos sanguíneos fetais no interior delas) são banhadas por sangue materno. Entretanto, não há mistura direta do sangue materno e do sangue fetal. Em vez disso, o oxigênio e os nutrientes no sangue materno se difundem dos espaços intervilosos através das membranas plasmáticas do cório e dos capilares das vilosidades. As escórias metabólicas, como o dióxido de carbono, se difundem em sentido oposto. Os vasos sanguíneos nas vilosidades coriônicas se conectam ao coração embrionário por meio das artérias umbilicais e da veia umbilical. A placentação é o processo de formação da placenta, o local de troca de nutrientes e resíduos entre a mãe e o feto. A placenta também produz hormônios necessários para manter a gravidez. A placenta é singular porque se desenvolve a partir dos tecidos de dois indivíduos, mãe e feto. No início da 12ª semana, a placenta tem duas partes: • A parte fetal, formada pelas vilosidades coriônicas do cório, e • A parte materna, formada pelo sangue materno nos espaços intervilosos e pela decídua basal do endométrio do útero. A placenta plenamente desenvolvida é uma estrutura discoide arredondada. A função da placenta é possibilitar a difusão de oxigênio e nutrientes do sangue materno para o sangue fetal, bem como a difusão de dióxido de carbono e escórias metabólicas do metabolismo sanguíneo fetal para o sangue materno. A placenta também atua como barreira protetora, porque a maioria dos microrganismos não consegue atravessá-la. A placenta armazena nutrientes, como carboidratos, proteínas, cálcio e ferro, que são liberados na circulação fetal quando necessário. 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2F… 2/14 Referências Livro Princípios de Anatomia e Fisiologia Tortora 14ª ed 2. “A ligação efetiva entre a placenta e o embrião (e mais tarde o feto) é o cordão umbilical”. De acordo com a afirmativa e observando a ilustração abaixo, descreva a arquitetura anatômica dessa estrutura e sua relação com a circulação mãe-feto e feto-mãe: A real ligação entre a placenta e o embrião, e mais tarde o feto, se da por meio do cordão umbilical, que se desenvolve a partir do pedúnculo vitelino e geralmente mede aproximadamente 2cm de largura e cerca de 50 a 60 cm de comprimento. O cordão umbilical é constituído por duas artérias umbilicais que transportam o sangue fetal desoxigenado para a placenta, uma veia umbilical que transporta oxigênio e nutrientes adquiridos dos espaços intervilosos da mãe para o feto, e apoiam o tecido conjuntivo 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2F… 3/14 mucoso chamado geleia de Wharton, derivado do alantoide. Uma camada de âmnio circunda todo o cordão umbilical e lhe confere uma aparência brilhante. Em alguns casos, a veia umbilical é usada para transfusão de sangue para um feto, ou para introduzir fármacos para tratamentos clínicos variados. Em aproximadamente 1 em cada 200 recém-nascidos, há presença de apenas uma das duas artérias umbilicais no cordão umbilical. Isso pode ser decorrente de uma falha da artéria em se desenvolver ou da degeneração do vaso no início do desenvolvimento. Referências Livro Princípios de Anatomia e Fisiologia Tortora 14ª ed; 3. Associe a restrição do crescimento fetal com a disfunção placentária: A placenta é um órgão temporário que se forma durante a gestação e que tem a função de mediar as trocas sanguíneas entre o útero e o feto. Sendo constituída basicamente por veias e artérias, a placenta está sujeita a todas as doenças sistêmicas que afetam o sistema circulatório. A insuficiência placentária é uma síndrome que pode ser causada por diversas doenças e que consiste na incapacidade deste órgão em prover oxigenação e nutrição adequadas para o feto. As duas principais complicações decorrentes da insuficiência placentária são o retardo do crescimento fetal (responsável por baixo peso de nascimento) e a policitemia neonatal. A policitemia neonatal66 consiste no excesso de glóbulos vermelhos presentes na circulação fetal. Surge como resposta à baixa oxigenação do sangue fetal e pode causar uma série de complicações para o recém-nascido. A principal destas complicações é a trombose do sangue excessivamente viscoso no sistema nervoso, o que pode provocar a morte de tecido cerebral, deixando sequelas neurológicas irreparáveis. As principais doenças tratáveis durante a gravidez que cursam com insuficiência placentária são a hipertensão arterial e o diabetes. A Restrição de Crescimento Fetal (RCF) é definida como uma incapacidade do feto em alcançar seu potencial máximo de crescimento, afeta 5-10% das gestações e está associada ao maior risco de morte fetal, morte neonatal e morbidade perinatal, além de efeitos secundários, incluindo paralisia cerebral (PC) e doenças no adulto, como diabetes mellitus tipo II, doença cardiovascular e obesidade. Uma série de condições como anomalias congênitas, infecções ou uso indevido de drogas e substâncias podem causar RCF, mas a principal causa se deve à insuficiência placentária. A RCF secundária à disfunção placentária está associada a uma série de desfechos desfavoráveis em longo prazo. Os desfechos neurológicos adversos, que ocorrem em até 50-60% dos casos, recebem atenção considerável porque podem ter um impacto profundo na qualidade de vida e no potencial do indivíduo. Como o cérebro em desenvolvimento exibe plasticidade, bem como um potencial limitado para a regeneração após lesão, é importante compreender os antecedentes do desenvolvimento neurológico anormal para determinar o potencial de prevenção. A insuficiência placentária grave pode ser diagnosticada com a utilização da dopplervelocimetria das artérias umbilicais, caracterizando-se pela ausência de fluxo na diástole e, por isso, conhecida como diástole zero (DZ) ou, fluxo reverso, também denominadade diástole reversa (DR). Essa condição está invariavelmente associada a resultados perinatais adversos, representados pelas altas taxas de mortalidade perinatal, prematuridade, necessidade de internação em unidades de terapia intensiva neonatal, restrição do crescimento fetal e depressão neonatal. Inicialmente, pelo temor gerado pelo risco de óbito fetal, houve grande número de interrupções das gestações, imediatamente após o diagnóstico de DZ/DR. A inadequação dessa conduta foi demonstrada pela elevação da taxa de óbitos neonatais, apesar de, obviamente, notar- se redução no obituário fetal. Assim, diagnosticada a insuficiência placentária grave (DZ/DR), é imprescindível agregar a monitoração da hemodinâmica fetal (Doppler da circulação arterial e venosa) aos métodos já consagrados de avaliação da vitalidade como a cardiotocografia (CTG) e o perfil biofísico fetal (PBF), com o intuito de se determinar o melhor momento para a interrupção desta gestação. Referências Livro Patologia Básica Robbins 8ª ed Como acompanhar as gestações que apresentam insuficiência placentária grave? Scielo https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 42302002000300016&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt 4. Considerando que a exposição intrauterina à determinados fatores ambientais podem danificar o organismo, comente sobre o álcool etílico, reconhecido como https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302002000300016&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2F… 4/14 o principal tetrógeno fetal: ÁLCOOL ETÍLICO - TERATOGÊNICO: Há uma associação bem documentada entre a ingestão materna de álcool etílico e anomalias congênitas. Como o etanol pode induzir um espectro amplo de defeitos, que variam de retardo mental a anomalias estruturais no cérebro (microcefalia, holoprosencefalia), na face e no coração, utiliza-se o termo distúrbios do espectro alcoólico fetal (DEAF) para referir-se a quaisquer defeitos relacionados com o álcool. A síndrome alcóolica fetal (SAF) representa a extremidade mais grave desse espectro e inclui defeitos estruturais, deficiência intelectual e de crescimento. O transtorno do neurodesenvolvimento relacionado com o álcool (TNDA) diz respeito a casos que envolvem o sistema nervoso central, mas que não preenchem os critérios diagnósticos de SAF. A incidência conjunta de SAF e de TNDA é estimada em 1 a cada 100 nascidos vivos. Além disso, o álcool é a principal causa de déficit intelectual. Não está claro quanto etanol é necessário para causar um problema de desenvolvimento. A dose e o momento da gestação são cruciais, mas provavelmente não há um nível “seguro”. Mesmo uma bebedeira (> 5 drinques por vez) em um estágio crítico do desenvolvimento parece aumentar o risco de defeitos congênitos, incluindo fendas orofaciais. • O álcool exerce no feto inúmeras ações deletérias, praticamente atingindo todos os seus órgãos por ação direta, alterando a função, multiplicação e migração celular, e também por uma ação indireta, que decorre de suas ações sobre a gestante, interferindo no seu apetite levando-a à má nutrição, provocando vasoconstrição placentária, tendo como consequência a dificuldade na passagem de nutrientes e oxigênio para o feto. Esses efeitos resultam em restrição do crescimento fetal e ocorrência de malformações congênitas fetais. • Durante o período embrionário (da nidação até a 8ª semana de idade gestacional), o álcool atua provocando alteração de divisão, proliferação, migração e diferenciação celular que se traduzem pelo aparecimento de malformações grosseiras. Durante o período fetal (da 9ª até a 14ª semana de idade gestacional) sua ação provoca alterações no sistema nervoso central. • Os efeitos do álcool no feto ainda incluem elevada resposta ao estresse e diminuição na resposta imune, incluindo baixa proliferação das células T e da atividade citolítica das células Natural Killer (NK), diminuição da resposta à interleucina 6 e do número de células β no baço, medula óssea e fígado com aumento da incidência de infecções bacterianas nos recém nascidos. REFERÊNCIAS: SADLER, T. W. Langman: Embriologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. https://www.spsp.org.br/downloads/AlcoolSAF2.pdf 5. Descreva sobre as mudanças estruturais e funcionais que ocorrem na mãe durante a gestação: Hormônios da gestação Durante os primeiros 3 a 4 meses de gestação, o corpo lúteo no ovário continua secretando progesterona e estrogênios, que mantem o revestimento do útero durante a gestação e prepara as glândulas mamárias para secretar leite. As quantidades secretadas pelo corpo lúteo, no entanto, são apenas um pouco maiores do que as produzidas após a ovulação em um ciclo menstrual normal. A partir do terceiro mês até o restante da gestação, a própria placenta fornece os níveis elevados necessários de estrogênios e progesterona. O cório da placenta secreta gonadotropina coriônica humana (hCG) no sangue. Por sua vez, a hCG estimula o corpo lúteo a continuar a produção de progesterona e estrogênios, uma atividade necessária para evitar a menstruação e continuar a inserção do embrião e do feto ao revestimento uterino. No oitavo dia após de fertilização, o hCG pode ser detectado no sangue e na urina da mulher grávida. O pico https://www.spsp.org.br/downloads/AlcoolSAF2.pdf 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2F… 5/14 de secreção de hCG ocorre por volta da nona semana de gestação. Durante o quarto e quinto mês de gestação, os níveis de hCG diminuem acentuadamente e, em seguida, zeram até o parto. O cório começa a secretar estrogênios após as primeiras 3 ou 4 semanas de gestação e progesterona por volta da sexta semana. Esses hormônios são secretados em quantidades crescentes até o momento do nascimento. Por volta do quarto mês de gestação, quando a placenta está totalmente estabelecida, a secreção de hCG é muito reduzida, e as secreções do corpo lúteo já não são essenciais. Um nível elevado de progesterona garante que o miométrio uterino esteja relaxado e que o colo do útero esteja firmemente fechado. Após o parto, os estrogênios e a progesterona no sangue diminuem até os níveis normais. A relaxina, um hormônio produzido inicialmente pelo corpo lúteo do ovário e depois pela placenta, aumenta a flexibilidade da sínfise púbica e dos ligamentos das articulações sacroilíacas e sacrococcígea e ajuda a dilatar o colo uterino durante o trabalho de parto. Ambas as ações facilitam o nascimento do recém-nascido. O terceiro hormônio produzido pelo cório da placenta é o lactogênio placentário (LP). A taxa de secreção de LP aumenta em proporção a massa placentária, alcançando níveis máximos após 32 semanas e permanecendo relativamente constante depois disso. Acredita-se que ajude a preparar as glândulas mamária para a lactação, aumente o desenvolvimento materno pela elevação na síntese de proteínas, e regule determinados aspectos do metabolismo, tanto da mãe quando do feto. Por exemplo, o LP diminui a utilização de glicose pela mãe e promove a liberação de ácidos graxos de seu tecido adiposo, aumentando a disponibilidade de glicose para o feto. O hormônio mais recentemente encontrado como sendo produzido pela placenta é o hormônio liberador de corticotropina (HLC), que em não grávidas é secretado apenas pelas células neurossecretoras do hipotálamo. Acredita-se que o HLC faça parte do relógio que determina o momento do nascimento. A secreção de HLC pela placenta começa em aproximadamente 12 semanas e aumenta enormemente no final da gestação. As mulheres que têm altos níveis de HLC no inicio da gestação tem maior probabilidade de dar à luz prematuramente; aquelas que tem baixos níveis são mais propensas a dar à luz após a data estimada de parto. O HLC produzido pela placenta tem um segundo efeito importante:aumenta a secreção de cortisol que é necessário para a maturação dos pulmões do feto e para a produção de surfactante. Alterações durante a gestação Perto do final do terceiro mês de gestação, o útero ocupa a maior parte da cavidade pélvica. À medida que o feto continua crescendo, o útero se estende mais e mais para dentro da cavidade abdominal. Perto do final de uma gestação a termo, o útero preenche quase toda a cavidade abdominal, chegando até acima da margem costal, quase até o processo xifoide do esterno. Ele desloca o intestino, o fígado e o estomago maternos superiormente, eleva o diafragma e amplia a cavidade torácica. A compreensão do estomago pode forçar o seu conteúdo para o esôfago superiormente, resultando em pirose. Na cavidade pélvica, ocorre compressão dos ureteres e da bexiga urinária. Também ocorrem alterações fisiológicas induzidas pela gestação, incluindo o ganho de peso decorrente do feto, líquido amniótico, placenta, útero aumentado e elevação na água corporal total; aumento no armazenamento de proteínas, triglicerídeos e minerais; acentuado aumento das mamas, em preparação a lactação, e lombalgia decorrente da hiperlordose lombar. Ocorrem várias alterações no sistema circulatório materno. O volume sistólico aumenta aproximadamente 30% e o débito cardíaco se eleva em 20 a 30% em decorrência do aumento do fluxo sanguíneo para a placenta materna e aumento do metabolismo. A frequência cardíaca aumenta 10 a 15% e o volume de sangue sofrem um acréscimo de 30 a 50%, principalmente durante a segunda metade da gestação. Estes aumentos são necessários para atender a demanda adicional do feto por nutrientes e oxigênio. Quando uma gestante esta em decúbito dorsal o útero aumentado pode comprimir a aorta, resultando em diminuição do fluxo sanguíneo para o útero. A compressão da veia cava inferior também diminui o retorno venoso, o que leva a edema nos membros inferiores e veias varicosas. A compressão da artéria renal pode levar a hipertensão renal. A função respiratória também é alterada durante a gestação para atender à demanda adicional do feto por oxigênio. O volume corrente pode aumentar em aproximadamente 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2F… 6/14 30 a 40%, o volume de reserva expiratória pode ser reduzido em até 40$, a capacidade residual funcional pode diminuir em até 25%, a ventilação minuto (o volume total de ar inspirado e expirado a cada minuto) pode aumentar em até 40%, a resistência das vias respiratórias na árvore bronquial pode diminui em 30 a 40% e o consumo total de oxigênio do corpo pode aumentar em aproximadamente 10 a 20%. Também ocorre dispneia. O sistema digestório também sofre alterações. As gestantes apresentam aumento do apetite em decorrência das demandas nutricionais adicionais ao feto. A diminuição geral da motilidade do sistema digestório pode causar constipação intestinal, retardo do esvaziamento gástrico e provocar náuseas, vômitos e pirose. A compressão da bexiga pelo útero ampliado pode produzir sinais e sintomas urinários, como polaciúria, urgência para urinar e incontinência urinaria de esforço. Um aumento do fluxo plasmático renal de até 35% e um aumento da taxa de filtração glomerular de até 40$ elevam a capacidade de filtração renal, o que possibilita eliminação mais rápida dos resíduos adicionais produzidos pelo feto. As alterações da pele durante a gestação são mais evidentes em algumas mulheres do que em outras. Algumas mulheres apresentam aumento da pigmentação ao redor dos olhos e na região malar em um padrão semelhante a máscara (cloasma), nas aréolas das mamas e na linha alba do abdome inferior (linha nigra). Podem ocorrer estrias no abdome conforme o útero aumenta de tamanho, e aqueda de cabelo aumenta. As alterações no sistema genital incluem edema e aumento da vascularização do pudendo feminino e aumento na flexibilidade e vascularização da vagina. A massa do útero aumenta de 60 a 80 gramas em não gestantes para 900 a 1200 gramas a termo, por causa da hiperplasia das fibras musculares do miométrio no início da gestação e da hipertrofia das fibras musculares durante o segundo e terceiro trimestres da gestação. Referências Livro Princípios de Anatomia e Fisiologia Tortora 14ª ed; Seção Histofisiologia 1. O espermatozoide necessita passar por determinados processos para tornar- se apto a realizar a fertilização. Dentre as etapas estão a maturação, a capacitação e a hiperatividade. Defina cada um destes processos, justificando sua importância. Maturação → Do ponto de vista funcional, o epidídimo é o local de maturação dos espermatozoides, o processo pelo qual os espermatozoides adquirem motilidade e a capacidade de fertilizar o óvulo. Isso ocorre em cerca de 14 dias. Capacitação → Os espermatozoides recentemente ejaculados são incapazes de fecundar ovócitos. Os espermatozoides precisam passar por um período de condicionamento — a capacitação — com duração de cerca de 7 horas. Durante esse período, uma cobertura glicoproteica e proteínas seminais são removidas da superfície do acrossomo do espermatozoide. Os componentes de membrana dos espermatozoides são amplamente alterados. Os espermatozoides capacitados não exibem mudanças morfológicas, porém são mais ativos. O processo de capacitação dos espermatozoides ocorre normalmente no útero ou nas tubas uterinas através de substâncias secretadas por essas porções do trato genital feminino. Durante a fecundação in vitro — um processo em que vários ovócitos são colocados em um meio ao qual os espermatozoides são adicionados para a fecundação —, a capacitação é induzida incubando-se os espermatozoides por várias horas em um meio definido. O término da capacitação permite que ocorra a reação acrossômica. O acrossoma intacto do espermatozóide liga-se a uma glicoproteína (ZP3) na zona pelúcida. Estudos mostraram que a membrana plasmática dos espermatozoides, os íons cálcio, as prostaglandinas e a progesterona exercem um papel importante na reação acrossômica. A reação acrossômica dos espermatozoides precisa ser completada antes da fusão do espermatozóide com o ovócito. Quando os espermatozoides capacitados entram em contato com a corona radiata que envolve o ovócito secundário, sofrem mudanças moleculares complexas que resultam no desenvolvimento de perfurações no 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2F… 7/14 acrossoma. Ocorrem, então, vários pontos de fusão da membrana plasmática do espermatozoide com a membrana acrossômica externa. O rompimento das membranas nesses pontos produz aberturas. As mudanças induzidas pela reação acrossômica estão associadas à liberação de enzimas do acrossoma que facilitam a fecundação, incluindo a hialuronidase e a acrosina Hiperatividade → A capacitação, que também é dependente da temperatura, é caracterizada por inúmeros eventos celulares que irão permitir ao espermatozoide a aquisição de motilidade hiperativa (necessária para a penetração no oócito), bem como que ocorra a reação acrossômica. Referências Livro Embriologia clínica Moore 10ª ed 2. A fertilização ocorre através de um encadeamento de eventos que vai desde a capacitação do espermatozoide, até a formação do zigoto diploide. Descreva os eventos que ocorrem durante o processo de fertilização, inclusive as reações para evitar a poliespermia. A fecundação é uma sequência complexa de eventos moleculares coordenados que se inicia com o contato entre um espermatozoide e um ovócito e termina com a mistura dos cromossomos maternos e paternos na metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto. O processo de fecundação leva aproximadamente 24 horas. Fases da fecundação Passagem do espermatozoide através da corona radiata → A dispersão das células foliculares da corona radiata que circunda o ovócito e da zona pelúcida parece ser resultado principalmenteda ação da enzima hialuronidase, liberada do acrossoma do espermatozoide, mas a evidência para isto não é inequívoca. As enzimas da mucosa tubária também parecem auxiliar nessa dispersão. Os movimentos da cauda do espermatozoide também são importantes para sua penetração na corona radiata. Penetração da zona pelúcida → A passagem do espermatozoide através da zona pelúcida é uma fase importante para o início da fecundação. A formação de um caminho resulta também da ação de enzimas liberadas pelo acrossoma. As enzimas — esterases, acrosina e neuraminidase — parecem causar a lise da zona pelúcida, formando assim um caminho para que o espermatozoide chegue ao ovócito. A mais importante dessas enzimas é a acrosina, uma enzima proteolítica. Logo que o espermatozoide penetra a zona pelúcida, ocorre uma reação zonal — uma mudança nas propriedades da zona pelúcida que a torna impermeável a outros espermatozoides. A composição dessa cobertura de glicoproteína extracelular muda após a fecundação. Acredita-se que a reação zonal seja o resultado da ação de enzimas lisossômicas liberadas pelos grânulos corticais situados logo abaixo da membrana plasmática do ovócito. O conteúdo desses grânulos, que são liberados dentro do espaço perivitelino, também causa mudanças na membrana plasmática, tornando-a impermeável aos espermatozoides. Fusão das membranas plasmáticas do ovócito e do espermatozoide → As membranas plasmáticas do ovócito e do espermatozoide se fusionam e se rompem na área de fusão. A cabeça e a cauda do espermatozóide entram no citoplasma do ovócito, mas a membrana plasmática do espermatozóide fica para trás. Término da segunda divisão meiótica e formação do pronúcleo feminino → A penetração do ovócito pelo espermatozóide estimula o ovócito a completar a segunda divisão meiótica, formando um ovócito maduro e segundo corpo polar. Os cromossomos maternos em seguida se descondensam, e o núcleo do ovócito maduro torna-se o pronúcleo feminino. Formação do pronúcleo masculino → Dentro do citoplasma do ovócito, o núcleo do espermatozóide aumenta para formar o pronúcleo masculino, e a cauda do espermatozóide degenera, morfologicamente, os pronúcleos masculino e feminino são indistinguíveis. Durante o crescimento dos pronúcleos, eles replicam seu DNA-1 n (haploide), 2 c (duas cromátides). O ovócito contendo dois pronúcleos haploides é chamado de oótide. Referências Livro Embriologia clínica Moore 10ª ed 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2F… 8/14 3. A implantação ocorrerá após os eventos da fertilização que se deram no oviduto. O zigoto sofrerá sucessivas divisões celulares e alterações estruturais, enquanto se movimenta para a região do endométrio uterino. Relate a jornada de evolução da mórula até o blastocisto de 14 dias, bem como os processos que possibilitam a implantação no endométrio uterino. 30 horas após a fecundação já se tem duas células (blastômeros) • Mórula: 72h 16 a 32 células • Blástula: por volta do 4 ou 6 dia Nidação: 4 ao 15 dia Clivagem do zigoto • A clivagem consiste em divisões mitóticas repetidas do zigoto, resultando em um aumento rápido do número de células (blastômeros). Essas células embrionárias tornam-se menores a cada divisão. • A clivagem ocorre conforme o zigoto passa pela tuba uterina em direção ao útero. • Durante a clivagem, o zigoto continua dentro da zona pelúcida. A divisão do zigoto em blastômeros se inicia aproximadamente 30 horas após a fecundação. • As divisões subsequentes seguem-se uma após a outra, formando, progressivamente, blastômeros menores. • Após o estágio de nove células, os blastômeros mudam sua forma e se agrupam firmemente uns com os outros para formar uma bola compacta de células. • Esse fenômeno, a compactação, é provavelmente mediado por glicoproteínas de adesão de superfície celular. • A compactação possibilita uma maior interação célula-célula e é um pré-requisito para a separação das células internas que formam o embrioblasto (massa celular interna) do blastocisto. • A via de sinalização hippo desempenha um papel essencial na separação do embrioblasto do trofoblasto. • Quando existem 12 a 32 blastômeros, o ser humano em desenvolvimento é chamado de mórula. • As células internas da mórula são circundadas pelas células trofoblásticas. Formação do blastocisto Logo após a mórula ter alcançado o útero (cerca de 4 dias após a fecundação), surge no interior da mórula um espaço preenchido por líquido, a cavidade blastocística. O líquido passa da cavidade uterina através da zona pelúcida para formar esse espaço. Conforme o líquido aumenta na cavidade blastocística, ele separa os blastômeros em duas partes: • Uma delgada camada celular externa, o trofoblasto, que formará a parte embrionária da placenta. • Um grupo de blastômeros localizados centralmente, o embrioblasto (massa celular interna), que formará o embrião. Uma proteína imunossupressora, o fator de gestação inicial, é secretada pelas células trofoblásticas e aparece no soro materno cerca de 24 a 48 horas após a fecundação. O fator de gestação inicial é a base do teste de gravidez durante os primeiros 10 dias de desenvolvimento. Durante esse estágio de desenvolvimento, ou blastogênese, o concepto (embrião e suas membranas) é chamado de blastocisto. O embrioblasto agora se projeta para a cavidade blastocística e o trofoblasto forma a parede do blastocisto. Depois que o blastocisto flutuou pelas secreções uterinas por aproximadamente 2 dias, a zona pelúcida gradualmente se degenera e desaparece. A degeneração da zona pelúcida e a incubação do blastocisto foram observados in vitro. A degeneração da zona pelúcida permite o rápido crescimento do blastocisto. Enquanto está flutuando no útero, o blastocisto obtém nutrição das secreções das glândulas uterinas. Aproximadamente 6 dias após a fecundação (dia 20 de um ciclo menstrual de 28 dias), o blastocisto adere ao epitélio endometrial, normalmente adjacente ao polo embrionário. Logo que o blastocisto adere ao epitélio endometrial, o trofoblasto se prolifera rapidamente e se diferencia em duas camadas: • Uma camada interna, o citotrofoblasto. • Uma camada externa, o sinciciotrofoblasto, que consiste em uma massa protoplasmática multinucleada na qual nenhum limite celular pode ser observado. Fatores intrínsecos e da matriz extracelular modulam em sequências cuidadosamente programadas a diferenciação do trofoblasto. O fator de crescimento transformador β 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2F… 9/14 (TGF-β) regula a proliferação e a diferenciação do trofoblasto por interação de ligantes com receptores dos tipos I e II das quinases proteicas serina/treonina. Em torno de 6 dias, os prolongamentos digitiformes do sinciciotrofoblasto se estendem pelo epitélio endometrial e invadem o tecido conjuntivo. No final da primeira semana, o blastocisto está superficialmente implantado na camada compacta do endométrio e obtém a sua nutrição dos tecidos maternos erodidos. O sinciciotrofoblasto, altamente invasivo, se expande rapidamente em uma área conhecida como polo embrionário, adjacente ao embrioblasto. O sinciciotrofoblasto produz enzimas que erodem os tecidos maternos, possibilitando ao blastocisto se “entocar”, ou seja, se implantar, no endométrio. As células endometriais também participam controlando a profundidade da penetração do sinciciotrofoblasto. Por volta de 7 dias, uma camada de células, o hipoblasto (endoderma primário), aparece na superfície do embrioblasto voltada para a cavidade blastocística. Dados embriológicos comparativos sugerem que o hipoblasto surge por delaminação dos blastômeros do embrioblasto. À medida que a implantação do blastocisto ocorre, mudanças morfológicas no embrioblasto produzem um disco embrionário bilaminar formado pelo epiblasto e pelo hipoblasto.O disco embrionário origina as camadas germinativas que formam todos os tecidos e órgãos do embrião. As estruturas extraembrionárias que se formam durante a segunda semana são a cavidade amniótica, o âmnio, a vesícula umbilical conectada ao pedículo e o saco coriônico. Término da implantação do blastocisto A implantação do blastocisto termina durante a segunda semana. Ela ocorre durante um período restrito entre 6 e 10 dias após a ovulação e a fecundação. Conforme o blastocisto se implanta, mais o trofoblasto entra em contato com o endométrio e se diferencia em duas camadas: • Uma camada interna, o citotrofoblasto, que é mitoticamente ativa (isto é, figuras mitóticas são visíveis) e forma novas células que migram para a massa crescente de sinciciotrofoblasto, onde se fundem e perdem as membranas celulares. • O sinciciotrofoblasto, uma massa multinucleada que se expande rapidamente, na qual nenhum limite celular é visível. O sinciciotrofoblasto é erosivo e invade o tecido conjuntivo endometrial enquanto o blastocisto vagarosamente vai se incorporando ao endométrio. As células sinciciotrofoblásticas deslocam as células endometriais no local de implantação. As células endometriais sofrem apoptose (morte celular programada), o que facilita a invasão. Os mecanismos moleculares da implantação envolvem a sincronização entre o blastocisto invasor e um endométrio receptivo. As microvilosidades das células endometriais, as moléculas de adesão celular (integrinas), citocinas, protaglandinas, hormônios (gonadotrofina coriônica humana [hCG] e progesterona), fatores de crescimento, enzimas de matriz extracelular e outras enzimas (metaloproteinases de matriz e proteína quinase A) têm o papel de tornar o endométrio mais receptivo. Além disso, as células endometriais ajudam a controlar a profundidade de penetração do blastocisto. As células do tecido conjuntivo ao redor do local da implantação acumulam glicogênio e lipídios e assumem um aspecto poliédrico (muitos lados). Algumas dessas células, as células deciduais, se degeneram nas proximidades do sinciciotrofoblasto invasor. O sinciciotrofoblasto engolfa essas células que servem como uma rica fonte de nutrientes para o embrião. O sinciciotrofoblasto produz um hormônio glicoproteico, o hCG, que entra na circulação sanguínea materna através de cavidades isoladas (lacunas) no sinciciotrofoblasto; o hCG mantém a atividade hormonal do corpo lúteo no ovário, durante a gestação. O corpo lúteo é uma estrutura glandular endócrina que secreta estrogênio e progesterona para manter a gestação. Radioimunoensaios altamente sensíveis são usados para detectar o hCG e formam a base dos testes de gravidez. Uma quantidade suficiente de hCG é produzida pelo sinciociotrofoblasto no final da segunda semana para resultar em um teste de gravidez positivo, mesmo que a mulher não saiba que possa estar grávida. Referências Livro Embriologia clínica Moore 10ª ed 4. A placenta é um dos órgãos mais interessantes nos mamíferos. Forma-se somente durante a gestação e é responsável pela nutrição, trocas gasosas, fonte de células-tronco hematopoiéticas, suporte endócrino e imunológico para o feto 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2… 10/14 em desenvolvimento. A respeito da placenta, explique o seu desenvolvimento e funcionamento. Ainda, descrevendo as regiões: No início da segunda semana, o blastocisto está alojado parcialmente no estroma endometrial. O trofoblasto se diferencia em uma camada interna, que prolifera ativamente, o citotrofoblasto; e em uma camada externa, o sinciciotrofoblasto, que invade os tecidos maternos. No nono dia, desenvolvem-se lacunas no sinciciotrofoblasto. Subsequentemente, os sinusoides maternos são erodidos pelo sinciciotrofoblasto, o sangue materno entra na rede lacunar e, por volta da segunda semana, começa uma circulação uteroplacentária primitiva. Enquanto isso, o citotrofoblasto forma colunas celulares que penetram e são cercadas pelo sincício, as vilosidades primárias. No final da segunda semana, o blastocisto está completamente alojado e seu orifício de entrada na mucosa está fechado. Enquanto isso, a massa celular interna ou embrioblasto se diferencia em epiblasto e hipoblasto, formando, juntos, um disco bilaminar. As células epiblásticas originam os amnioblastos que recobrem a cavidade amniótica, superior à camada epiblástica. As células hipoblásticas são contínuas com a membrana exocelômica, e, juntas, elas recobrem a vesícula vitelínica primitiva. No final da segunda semana, o mesoderma extraembrionário preenche internamente o espaço entre o trofoblasto e o âmnio, bem como a membrana exocelômica. Quando se desenvolvem vacúolos nesse tecido, forma-se o celoma extraembrionário ou cavidade coriônica. O mesoderma extraembrionário que recobre o citotrofoblasto e o âmnio é o mesoderma extraembrionário somático; a cobertura que cerca a vesícula vitelínica é o mesoderma extraembrionário esplâncnico. A segunda semana do desenvolvimento é conhecida como a “semana do dois”: • O trofoblasto se diferencia em duas camadas: o citotrofoblasto e o sinciciotrofoblasto • O embrioblasto forma duas camadas: o epiblasto e o hipoblasto • O mesoderma extraembrionário se divide em duas camadas: as camadas somática e esplâncnica • Formam-se duas cavidades: a amniótica e a da vesícula vitelínica A placenta e o cordão umbilical funcionam como um sistema de transporte das substâncias que passam entre a mãe e o feto. Nutrientes e oxigênio passam do sangue materno, através da placenta, para o sangue fetal, enquanto os excretas e dióxido de carbono passam do sangue fetal para o sangue materno, também através da placenta. A placenta e as membranas fetais executam as seguintes funções e atividades: proteção, nutrição, respiração, excreção e produção de hormônios. Pouco depois do nascimento, a placenta e as membranas fetais são expelidas do útero como a placenta A decídua refere-se ao endométrio gravídico, a camada funcional do endométrio de uma mulher grávida que se separa do restante do útero após o parto (nascimento). As três regiões da decídua recebem nomes de acordo com sua relação com o local da implantação. • A decídua basal é a parte da decídua abaixo do concepto, que forma o componente materno da placenta. • A decídua capsular é a parte superficial da decídua que cobre o concepto. • A decídua parietal é toda a parte restante da decídua. Em resposta a níveis crescentes de progesterona no sangue materno, as células do estroma (tecido conjuntivo) da decídua aumentam de tamanho, formando as células deciduais, que se coram pouco. Essas células crescem com o acúmulo de glicogênio e lipídio no citoplasma. As mudanças celulares e vasculares que ocorrem no endométrio quando o blastocisto se implanta constituem a reação decidual. Na região do sinciciotrofoblasto, perto do saco coriônico, muitas células deciduais degeneram e, juntamente com sangue materno e secreções do útero, proporcionam uma rica fonte de nutrição para o embrião. Não se conhece o significado total das células deciduais, mas foi sugerido que elas protegem o tecido materno de uma invasão descontrolada pelo sinciciotrofoblasto e que podem estar envolvidas na produção de hormônios. As regiões da decídua, claramente identificáveis durante a ultrassonografia, são importantes para o diagnóstico precoce da gravidez Desenvolvimento da Placenta As descrições anteriores sobre o desenvolvimento inicial da placenta mostraram a rápida proliferação do trofoblasto e o desenvolvimento do saco coriônico e das vilosidades coriônicas. • No fim da terceira semana, já está estabelecido o arranjo anatômico necessário para as trocas fisiológicas entre a mãe e o seu embrião. 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2… 11/14 • Ao final da quarta semana, uma rede vascular complexa jáse estabeleceu na placenta, facilitando as trocas materno-embrionárias de gases, nutrientes e produtos de excreção. As vilosidades coriônicas cobrem todo o saco coriônico até o início da oitava semana. Com o crescimento desse saco, as vilosidades associadas à decídua capsular são comprimidas, reduzindo seu suprimento sanguíneo. Essas vilosidades degeneram rapidamente, levando à formação de uma área relativamente avascular, o córion liso. Com o desaparecimento das vilosidades do córion liso, aquelas associadas à decídua basal aumentam rapidamente de número, ramificam-se profusamente e crescem. Essa parte arboriforme do saco coriônico constitui o córion viloso. Com o crescimento do feto, o útero, o saco coriônico e a placenta aumentam de tamanho. A placenta continua a crescer em tamanho e espessura até o feto ter cerca de 18 semanas (20 semanas de gestação). A placenta totalmente desenvolvida cobre de 15% a 30% da decídua e pesa aproximadamente um sexto do peso do feto. A placenta tem duas partes: • O componente fetal da placenta é formado pelo córion viloso. As vilosidades coriônicas que dele se originam projetam-se para o espaço interviloso, que contém sangue materno. • O componente materno da placenta é formado pela decídua basal, a parte da decídua relacionada com o componente fetal da placenta. No fim do quarto mês, a decídua basal está quase completamente substituída pelo componente fetal da placenta. A parte fetal da placenta (córion viloso) prende-se à parte materna (decídua basal) pela capa citotrofoblástica — a camada externa de células trofoblásticas da superfície materna da placenta. As vilosidades coriônicas prendem-se firmemente à decídua basal pela capa citotrofoblástica e ancoram o saco coriônico à decídua basal. Artérias e veias endometriais passam livremente por fendas na capa citotrofoblástica e se abrem no espaço interviloso. A forma da placenta é determinada pela forma da área de vilosidades coriônicas que persistem. Usualmente, esta é uma área circular, dando à placenta uma forma discóide. Com a invasão da decídua basal pelas vilosidades coriônicas, durante a formação da placenta, o tecido da decídua sofre erosão, aumentando o espaço interviloso. Esse processo de erosão produz várias áreas cuneiformes na decídua, septos da placenta, que se projetam em direção à placa coriônica — a parte da parede do córion relacionada com a placenta. Os septos da placenta dividem a parte fetal da placenta em áreas convexas irregulares denominadas cotilédone. Cada cotilédone é formado por duas ou mais vilosidades-tronco e seus inúmeros ramos. No fim do quarto mês, a decídua basal está quase totalmente substituída por cotilédones. A expressão do fator de transcrição Gemi (glial cells missing-1, ausência de células gliais-1) pelas células-tronco do trofoblasto regula o processo de ramificação das vilosidades-tronco para a formação da rede vascular da placenta. A decídua capsular, a camada da decídua superposta ao saco coriônico implantado, forma uma cápsula sobre a superfície externa do saco. Com o crescimento do concepto, a decídua capsular faz saliência na cavidade uterina e fica muito adelgaçada. Finalmente, a decídua capsular entra em contato e se funde com a decídua parietal, acabando por obliterar a cavidade uterina. Com 22 a 24 semanas, o reduzido suprimento sanguíneo da decídua capsular causa sua degeneração e desaparecimento. Depois do desaparecimento da decídua capsular, a parte lisa do saco coriônico se funde com a decídua parietal. Essa fusão pode ser desfeita e geralmente ocorre quando escapa sangue do espaço interviloso. A coleção de sangue (hematoma) afasta a membrana coriônica da decídua parietal, restabelecendo assim o espaço potencial da cavidade uterina. O espaço interviloso contendo sangue materno origina-se das lacunas que se formam no sinciciotrofobiasto durante a segunda semana do desenvolvimento. Esse grande espaço cheio de sangue resulta da coalescência e do crescimento da rede de lacunas. Os septos placentários dividem o espaço interviloso da placenta em compartimentos; entretanto, esses compartimentos comunicam-se livremente, pois os septos não chegam até a placa coriônica. O sangue materno chega ao espaço interviloso vindo das artérias espiraladas do endométrio da decídua basal. As artérias espiraladas passam por fendas da capa citotrofoblástica e lançam sangue no espaço interviloso. Esse grande espaço é drenado pelas veias endometriais, que também atravessam a capa citotrofoblástica. As veias endometriais encontram-se por toda a superfície da 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2… 12/14 decídua basal. As numerosas vilosidades coriônicas são banhadas continuamente por sangue materno, que circula pelo espaço interviloso. Esse sangue traz consigo oxigênio e materiais nutritivos necessários ao crescimento e desenvolvimento do feto. O sangue materno também contém produtos de excreção do feto, como dióxido de carbono, sais e produtos do metabolismo protéico. O saco amniótico cresce mais rapidamente do que o saco coriônico. Consequentemente, o âmnio e o córion liso logo se fundem, formando a membrana amniocoriônica. Essa membrana composta se funde com a decídua capsular e se adere à decídua parietal depois do desaparecimento da parte capsular da decídua. E a membrana amniocoriônica que se rompe durante o trabalho de parto (a expulsão do útero do feto e da placenta). A ruptura dessa membrana antes de o feto chegar a termo é a ocorrência mais comum que leva ao parto prematuro. Quando a membrana amniocoriônica se rompe, o líquido amniótico escapa para o exterior através do colo e da vagina. Circulação Placentária As vilosidades coriônicas terminais da placenta criam uma grande área de superfície através da qual pode haver troca de materiais que cruzam uma delgada membrana ("barreira") placentária, interposta entre as circulações fetal e materna. É através das numerosas vilosidades terminais que ocorrem as principais trocas de material entre a mãe e o feto. As circulações do feto e da mãe estão separadas pela membrana placentária, que consiste em tecidos extrafetais. Circulação Placentária Fetal O sangue pouco oxigenado deixa o feto e vai para a placenta, passando pelas artérias umbilicais. No local em que o cordão se une à placenta, essas artérias se dividem formando vários ramos dispostos radialmente, as artérias coriônicas, que se ramificam livremente na placa coriônica antes de entrar na viíosidade coriônica. Os vasos sanguíneos formam um extenso sistema arterio-capilar-venoso dentro das vilosidades coriônicas, o qual mantém o sangue fetal extremamente próximo do sangue materno. Esse sistema fornece uma ampla área para troca de produtos metabólicos e gasosos entre as correntes sanguíneas materna e fetal. Normalmente, não há mistura de sangue fetal com sangue materno; entretanto, quantidades muito pequenas de sangue fetal podem penetrar a circulação materna, passando por pequenos defeitos que, por vezes, ocorrem na membrana placentária. O sangue fetal bem oxigenado nos capilares fetais passa para as veias de paredes delgadas, que acompanham as artérias coriônicas até o local da união do cordão umbilical. Aqui, elas convergem para formar a veia umbilical. Esse grande vaso transporta sangue rico em oxigênio para o feto. Circulação Placentária Materna O sangue materno no espaço interviloso fica, temporariamente, fora do sistema circulatório materno. Ele chega ao espaço interviloso através de 80 a 100 artérias endometriais espiraladas da decídua basal. Esses vasos deságuam no espaço interviloso através de fendas na capa citotrofoblástica. Nas artérias espiraladas, o fluxo sanguíneo é pulsátil e é lançado em jatos por força da pressão do sangue materno. O sangue que penetra tem uma pressão consideravelmente mais alta do que a do espaço interviloso e jorra para a placa coriônica que forma o "teto" do espaço interviloso. Coma dissipação da pressão, o sangue flui lentamente em torno das vilosidades terminais, permitindo a troca de produtos metabólicos e gasosos com o sangue fetal. O sangue retorna através das veias endometriais para a circulação materna. O bem-estar do embrião e do feto depende mais de as vilosidades serem banhadas de modo adequado pelo sangue materno do que de qualquer outro fator. Uma redução da circulação uteroplacentária pode resultar em hipóxia fetal e retardo do crescimento intra-uterino (IUGR). Graves reduções da circulação uteroplacentária podem resultar em morte para o feto. O espaço interviloso da placenta madura contém cerca de 150 mL de sangue, substituído três a quatro vezes por minuto. As contrações intermitentes do útero durante a gravidez reduzem levemente o fluxo sanguíneo uteroplacentário; entretanto, elas não expulsam quantidades significativas de sangue do espaço interviloso. Consequentemente, a transferência de oxigênio para o feto diminui durante as contrações uterinas, mas não cessa. Referências Livro Embriologia clínica Moore 10ª ed 5. Atualmente existem diversos métodos de imagem para acompanhamento do desenvolvimento fetal, entretanto os mais utilizados ainda são a ultrassonografia e a ressonância magnética. 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2… 13/14 Conforme pudemos ver na imagem acima, cada método possui seus benefícios e limitações. Nesse sentido, descreva benefícios e limitações de cada um desses métodos. Ultrassonografia Na avaliação obstétrica, a US constitui o método ideal para o diagnóstico por imagem, pois não emite radiação, não é invasivo e é relativamente barato Por outro lado, apresenta algumas desvantagens referentes à experiência do operador, ao tipo de equipamento, ao campo limitado de avaliação, à obesidade materna, à redução acentuada do líquido amniótico, à posição fetal e a artefatos relacionados com o método (p. ex.: sombra acústica). A US é o método de rastreamento primário para o diagnóstico das anomalias fetais, podendo, ainda, ser utilizada como método complementar para os estudos das malformações fetais durante o pré-natal. Ressonância Magnética A RM fetal trouxe informações adicionais à US em 60% dos casos (24/40) observados. Nos casos de anomalias do sistema nervoso central, a investigação com a RM fetal forneceu informações adicionais em 16/24 (57%) dos casos. Como benefícios da RM no estudo do sistema nervoso central, obtivemos uma visão mais detalhada da formação de sulcos, do processo de formação das camadas e mielinização, do espaço subaracnóide, da ausência de artefatos ósseos, da obtenção de cortes nos três planos, e uma melhor definição tecidual e anatômica Nos casos de espinha bífida, a RM fetal trouxe informações adicionais na avaliação da fossa posterior, tendo sido avaliado o grau da herniação do cerebelo (deslocamento para baixo, compressão e hipoplasia do cerebelo) No caso de hérnia diafragmática, a RM fetal forneceu informações adicionais na identificação do conteúdo e posição do fígado. No caso de obstrução das vias aéreas superiores, a RM não trouxe informações adicionais sobre as estruturas envolvidas no processo de obstrução e/ou etiologia. Foram estudados três casos de anomalias do trato gastrintestinal. Estudamos um caso de gastrosquise, para o qual a RM fetal não trouxe informações adicionais. Foram estudados quatro casos de anomalias do trato geniturinário. Como benefícios da RM fetal na avaliação das anomalias do trato geniturinário, observamos: identificação do ponto da estenose da junção uretero- pélvica sem a utilização de meios de contraste e boa resolução tecidual mesmo nos casos de oligoidrâmnio e sequências de difusão para avaliação da função renal. Como limitações, assinalamos a impossibilidade do diagnóstico precoce das anomalias do trato geniturinário. Por meio da RM fetal investigamos um caso de alteração esquelética, não tendo sido obtidas informações adicionais na avaliação dos ossos longos. Não foi possível avaliar a movimentação das extremidades e articulações durante a realização do exame de RM. Foram estudados dois casos de tumores fetais. No estudo das massas anteriores cervicais, os benefícios da RM estiveram dirigidos para o objetivo de estabelecer o diagnóstico diferencial. No caso de teratoma cervical, as imagens ponderadas em T2 possuem a capacidade de mostrar alta definição e contraste tecidual, exibindo detalhadamente as margens e a textura da massa. Na avaliação do tumor sacrococcígeo, a RM traz benefícios relacionados com o tamanho, a extensão do tumor e o comprometimento de estruturas adjacentes. Na avaliação dos tumores fetais, a limitação da RM fetal consistiu na incapacidade de demonstrar a atividade vascular Foi estudado um caso de gestação gemelar monocoriônica-diamniótica que tinha diagnóstico ultrassonográfico de síndrome da transfusão feto-fetal. Não obtivemos informações adicionais no estudo com a RM fetal. RM: melhor avaliação do SNC É consenso geral que o estudo das malformações fetais do sistema nervoso central pela RM tornou-se um método com valor diagnóstico confiável e seguro. Já na avaliação do sistema nervoso central, a US apresenta limitações relacionadas com artefatos produzidos pela calota craniana e ossos (produção de sombra acústica posterior), idade gestacional, posição fetal, planos de estudo e obesidade materna. A US pode avaliar o fluxo vascular de estruturas intracranianas e cardíacas durante a gestação, fornecendo informações importantes da hemodinâmica fetal. Até o momento, não observamos benefícios na utilização da RM fetal no estudo do coração fetal. O estudo com RM fetal pode ser útil no sentido de avaliar a intensidade do sinal nos pulmões, pois alguns trabalhos indicaram uma relação entre a intensidade desse sinal com a caracterização da hipoplasia pulmonar 27/09/2021 10:35 OneNote https://onedrive.live.com/redir?resid=8324C4DE991344CF%211677&page=View&wd=target%28LMF.one%7C%2F%2821%5C%2F09%5C%2… 14/14 O estudo das doenças abdominais por RM varia de acordo com a idade gestacional e a capacidade de visualizar e diferenciar os diferentes órgãos do abdome. Estes, por sua vez, são dependentes do tamanho da estrutura, que faz variar o sinal característico da estrutura anatômica, dependente da sequência utilizada. O conhecimento do desenvolvimento normal é fundamental para a interpretação das imagens de RM fetal. A RM fetal pode localizar o ponto correto da obstrução intestinal e também demonstrar atresias múltiplas No estudo de anomalias esqueléticas, as limitações da RM estão relacionadas com a impossibilidade do estudo da movimentação fetal, a dificuldade da obtenção de planos corretos para a avaliação do esqueleto, a impossibilidade de se fazer a reconstrução 3D do esqueleto (como podemos fazer na tomografia computadorizada) e a impossibilidade de mensurar o grau de calcificação. No diagnóstico pré-natal das anomalias fetais, os limites e benefícios de ambos os métodos causaram a impressão de que se deve complementar a US com a RM fetal em casos selecionados. Referências XIMENES, R. L. da S. et al., Avaliação crítica dos benefícios e limitações da ressonância magnética como método complementar no diagnóstico das malformações fetais. Radiol Bras, São Paulo, v. 41, n. 5, p. 313 318, Oct. 2008. REFLEXÃO/SÍNTESE Nessa aula de anatomia/histologia, nos deparamos com um assunto mais minucioso e complexo, sendo ele relacionado ao desenvolvimento do feto e como se inter-relaciona com o organismo materno. Entendemos como se dá a circulação materno fetal assim como também todas as estruturas que começam a se formar a partir da nidação.
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