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Ed Opioides 1- Explique as ações da morfina nas vias nociceptivas ascendentes e descentes. A morfina age na via ascendente principalmente através da ativação dos receptores μ opióides presentes nos neurônios primários da dor no gânglio sensitivo da medula espinal, inibindo o “portão da dor”, que ao serem inibidos, fecham os canais de Ca++ voltagem dependentes dos neurônios pré sinápticos impedindo a liberação de neurotransmissores (endorfinas etc) e abrem os canais de K+ dos neurônios pós sinápticos, causando hiperpolarização dos neurônios, inibindo-s (não ocorre entrada de neurotransmissores). Assim, não será possível a nocicepção periférica de chegar ao Córtex sensorial pois os neurônios sensoriais primários ficam inibidos. (Via ascendente: Neurônio sensorial primário > Medula espinal > Tálamo > Córtex Sensorial). Na via descendente, a ativação dos receptores μ leva a uma ativação de neurônios da via Supra-espinal (descendente): Substância cinzenta periaquedutal, Núcleo magno da Rafe e Locus Coeruleus. A ativação dos neurônios dessa via leva a inibição do “portão da dor" eferente. 2- Explique as diferenças farmacocinéticas da morfina e codeína. Morfina: Pode ser absorvida pelas mucosas, porém sofre efeito de primeira passagem hepático intenso, então não tem aplicação oral tão eficiente quanto a parenteral, em geral, IV. Causa uma liberação intensa de histamina no organismo, levando a um efeito colateral de intenso prurido e vermelhidão, porém tem o efeito positivo de reduzir a pré-carga cardíaca. É muito Hidrossolúvel, sendo assim, pouco permeável na barreira hematoencefálica, não causando efeitos eufóricos tão intensos quanto outros opióides (é lentamente absorvida pelo SNC por ser Hidrossolúvel). É metabolizada no fígado e na mucosa intestinal, sofre Glicuronidação e N-desmetilação gerando os metabólitos: morfina-3-glicuronídeo, morfina-6-glicuronídeo e normorfina. Os dois primeiros metabólitos, respectivamente, são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica, causando os efeitos opióides no SNC. A M6G é mais semelhante à morfina, porém mais potente, enquanto a M3G tem menor afinidade aos receptores opióides, e pode estar associada a toxicidade e tolerância em doses elevadas de morfina. A eliminação é feita por via renal, principalmente na forma de M3G. Codeína: Eficaz em via oral pois tem efeito de primeira passagem hepática pequena, é rapidamente absorvida no trato intestinal e sua concentração plasmática máxima ocorre cerca de 1h após administração. Possui meia-vida de 3,5h em média. A administração IM apresenta absorção mais rápida e o pico de concentração plasmática ocorre em cerca de 30 minutos. Possui biodisponibilidade de cerca de 50%. É considerada uma “morfina disfarçada” porém com efeitos mais benéficos, ao contrário da heroína, pois tem efeito agonista no receptor µ mais fraco, sendo cerca de 10% da codeína sendo convertida em morfina no organismo, sendo esta concentração a que causa o efeito analgésico propriamente dito. Em geral, é associada a outros analgésicos como Paracetamol para efeito sinérgico. É metabolizada no fígado principalmente, sofrendo O-desmetilação (torna-se morfina, que irá também ser metabolizada por glicuronidação e N-desmetilação, originando os mesmos metabólitos da morfina - M3G, M6G e normorfina), N-desmetilação, se tornando o metabólito inativo norcodeína, e Glicuronidação (metabolismo de fase II), originando codeína-6-glicuronídeo (C6G). Por ser metabolizada por enzimas do citocromo P450, pode ser menos eficaz em certos grupos étnicos e pode interagir com fármacos metabolizados pelo P450. Sofre excreção renal, sendo que cerca de 10% da codeína em adultos é eliminada inalterada, cerca de 50% conjugada a ácido glicurônico, 15% como norcondeína e 10% como morfina. 3- Explique os fenômenos de tolerância, dependência, abstinência e hiperalgesia aos analgésicos opioides. A Dependência se inicia a partir da tolerância, que é a redução no efeito da substância com o uso de uma mesma dose, a eficácia acaba reduzindo com o tempo e para manter o mesmo efeito é necessário o aumento gradual da dose,e com esse aumento se leva a dependência física (o organismo “necessita” da substância para manter uma Homeostasia), que com a interrupção do uso da substância em um estado de dependência física se tem a síndrome de abstinência. E a dependência psicológica, chamada de Drogadição, que ao se associar com a dependência física e a tolerância, se forma um triângulo de Dependência, tornando a substância a “prioridade” da vida do indivíduo. A hiperalgesia causada por opioides é caracterizada pelo aumento da sensibilidade à dor em indivíduos que utilizam este tipo de fármaco, levando a um efeito paradoxal. Em geral, ocorre quando há uso de doses mais elevadas e frequentes do fármaco (uso crônico ou dependência), e também doses altas IV agudas. Pode haver ligação genética à hiperalgesia, assim como outros fatores como utilização de antipsicóticos, traumas envolvendo dor elevada, etc.
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