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SEMIÁRIO I - DIREITO TRIBUTÁRIO E O CONCEITO DE TRIBUTO - MÓDULO TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA

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Marcos Vinícius Marinho 
 Tributo e Segurança Jurídica 
Semináro de Casa 
Seminário I – Direito Trubutário e Conceito de Tributo 
 
 
Respostas: 
 
 
1. Para responder a presente questão, trago a definição dos seguintes Doutrinadores e 
Juristas: 
 
Para Kant: 
 
"Direito é o conjunto de condições pelas quais o arbítrio de um pode conciliar-se com 
o arbítrio do outro, segundo uma lei geral de liberdade" 
 
Para Hans Kelsen: 
 
"O direito se constitui primordialmente como um sistema de normas coativas 
permeado por uma lógica interna de validade que legitima, a partir de uma norma 
fundamental, todas as outras normas que lhe integram" 
 
Já para Miguel Reale, o fenômeno direito deve ser analisado por meio de três aspectos 
inseparáveis e distintos entre si: o axiológico(que envolve o valor de justiça), 
o fático (que trata da efetividade social e histórica) e o normativo (que compreende o 
ordenamento, o dever-ser). Desta forma, conceitua Direito como realização ordenada e 
garantida do bem comum, numa estrutura tridimensional bilateral atributiva. 
 
Alinhado com tais pensamentos, Direito é o conjunto de regras que orientam a conduta 
das pessoas, sendo impostas pelo Estado, e necessárias para as relações humanas. 
 
Sendo o Direito Positivo e a Ciência do Direito constituidos por linguagens. Onde a 
primeira é a linguagem objeto e a sobrelinguagem é a ciência do Direito. 
 
O direito positivo é prescritivo, institui um dever-ser. De outro modo, a ciência do 
direito é descritiva. 
 
No Direito Positivo, o suporte físico são os textos de lei lato sensu (artigos, incisos, 
alíneas). O significado são as condutas intersubjetivas que regulam a convivência em 
sociedade. Quem as lê e interpreta, os textos de Lei, identifica seu signaficado e 
consegue construir e concretizar as normas juridicas. 
 
Contraponto, a Ciência do Direito, é o suporte físico da linguagem, os testos 
descritivos (linhas e parágrafos) que compõe o texto da doutrina, onde, extraindo seu 
significado, alcança-se o direito positivo. 
 
 Marcos Vinícius Marinho 
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Sendo estas as diferenças entre os dois institutos. 
 
Vejamos, Tárek Moysés Moussallem: 
 
"O sistema do direito positivo dirige-se à linguagem da realidade social com o fim de 
regulá-la, e o sistema da Ciência do Direito refere-se à linguagem do sistema do 
direito positivo a fim de estuda-lo" 
 
 
2. O vocábulo “tributo” provem do latim, “tributum”, que significa: tributo é tudo aquilo 
que se tributa, ou seja, tributo é oferecer uma espécie de elogio, ou veneração como 
prova de verdadeira admiração por outro, ou certa quantidade de dinheiro que é 
entregue ao Estado para ser usado para pagar dívidas de ordem pública. 
 
O professor Paulo de Barros Carvalho, diz o seguinte: 
 
O vocábulo “tributo” experimenta nada menos que seis significações diversas, quando 
utilizado nos textos do direito positivo, nas lições da doutrina e nas manifestações da 
jurisprudência. São elas: 
 
a) “tributo” como quantia em dinheiro; 
b) “tributo” como prestação correspondente ao dever jurídico do sujeito passivo; 
c) “tributo” como direito subjetivo de que é titular o sujeito ativo; 
d) “tributo” como sinônimo de relação jurídica tributária; 
e) “tributo” como norma jurídica tributária; 
f) “tributo” como norma, fato e relação jurídica. 
 
Logo, tributo é a obrigação que o contribuinte tem de pagar uma quantia em dinheiro 
ao Estado, previamente prevista em lei, de natureza compulsória e que não constitua 
uma sanção por ato ilícito. 
 
Tendo em suas espécies, Impostos; Taxas; Contribuição de Melhoria; Empréstimos 
Compulsórios e Contribuições Especiais. 
 
Segundo a Lei 1.437/75, que Regulamenta o IPI, os produtos sujeitos ao selo de 
controle não podem ser liberados pelas repartições fiscais, sair dos estabelecimentos 
industriais ou equiparados a industrial, tão quanto serem expostos à venda, vendidos 
ou mantidos em depósitos fora dos esmos estabelecimentos sem que a sejam antes 
selados. Ou seja, o fornecimento de selo de controle aos usuários dá-se mediante 
ressarcimento de custos e demais encargos. 
 
Vejamos, REsp STJ 1.405.244, tema 761, que fixou a tese de que a inexigibilidade do 
ressarcimento do custos e demais encargos pelo fornecimento de selos de controle de 
IPI, instituído pelo DL 1.434/75, que embora denominado ressarcimento prévio, é 
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tributo da espécie taxa do poder de polícia, de modo que há vício de forma na 
instituição desse tributo por noma infralegal. 
 
Agora, conforme a CRFB/88. Art. 8º é livre a associação profissional ou sindical, 
observando o seguinte: 
 
IV- a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria 
profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo de 
representação sindical respectiva, independente da contribuição prevista em lei; 
 
Conforme Lei 13.467/17, em seu artigo 579, O desconto da contribuição sindical está 
condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma 
determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em 
favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, 
na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. 
 
No que pese o Tributo Instituído Por Meio de Decreto, este é insconstitucional, visto 
que o mesmo não pode ser estabelecido por tal institudo, devendo o Ente Público 
restituir o indébito tributário cobrado. 
 
Agora, o Tributo Inserido na Base de Cálculo de Outro Tributo, vide Art. 13, § 1º, I, 
da Lei Complemetar 87/1996: integra a basa de cálculo do imposto, o montante do 
próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de 
controle. 
 
Em mesmo sentindo, EC 33/2001, que inseriu o ART. 155,§2º, XII, “i”, da 
Constituição, cabe à lei complementar ficar a base de cálculo, de modo que o 
montante do imposto a integre, também, mercadoria ou serviço. 
 
A exemplo, temos a Base de cálculo do ICMS que na importação é a soma do valor da 
mercadoria ou bem constante dos documentos de importação; imposto de importação; 
imposto sobre produtos insdustrializados; imposto sobre operação de câmbio; e 
quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras. 
 
3. Norma Jurídica é uma regra, padrão ou princípio que regula determinado 
comportamento ou procedimento. 
 
A finalidade da norma, seja ela de que tipo for, pois, existem diversas (de linguagem, 
de trânsito, etc), será sempre para determinar um comportamento a ser seguido pelas 
pessoas que a ela estão sujeitas. 
 
Em que pese, norma jurídica completa é composta por duas normas: a norma primária 
e a norma secundária. A norma primária é aquela que vincula a ocorrência de um fato 
social ou natural a uma consequência normativa, que é a relação de obrigação, 
permissão ou proibição entre dois sujeitos de direito. Já a norma secundária é o que 
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caracteriza o direito: a coercitividade. Traz em sua previsão o descumprimento da 
relação prevista em uma norma primária, que implica a atuação do estado-juiz para 
fazer valer aquela relação jurídica. 
 
Na composição da norma jurídica completa não há como admitir norma primária sem 
norma secundária; tampouco norma secundária sem norma primária. Esse modo de ser 
da norma completa é o que diferencia o sistema jurídico de outros sistemas 
reguladores de conduta. Isso porque, acaso admitíssemos a existência de norma 
primária sem uma norma secundária que lhe assegurasse a efetividade estaríamos 
diante de um sistema moral ou religioso, mas não jurídico. Por outro lado, a norma 
secundária depende de uma norma primária, instituindo umarelação jurídica que, 
descumprida, dará ensejo ao seu cumprimento. 
 
À algumas normas, as pessoas se sujeitam por opção, como as normas de uma 
religião, por exemplo, que determinadas pessoas aderem e se sujeitam conforme a 
doutrina que lhes são impostas, há outras regras, cujas pessoas estão sujeitas por 
imposição, como as normas jurídicas. 
 
O Direito estabelece normas com força coercitiva que se impõem aos indivíduos pelo 
fato de estarem sujeitos a um determinado ordenamento jurídico, e regulam 
praticamente todas as relações travadas em sociedade, entre particulares, entre estes e 
os entes públicos, entre entes públicos de diversas esferas, e até mesmo a interação 
entre o indivíduo e o meio ambiente. 
 
No direito, portanto, não há como conceber norma sem sanção, implicando dizer que a 
norma jurídica, apresentada em sua completude é formada por uma norma primária, 
ligada à uma norma secundária, que confere efetividade à primeira. 
 
De acordo com Norberto Bobbio: 
 
“(...) a nossa vida se desenvolve sob uma série de normas de conduta, jurídicas ou não. 
O conjunto dessas normas seria o que caracteriza uma “civilização”, para se estudar 
uma civilização do ponto de vista normativo é preciso entender quais normas de 
conduta guiaram a construção daquela sociedade e como os indivíduos se 
relacionaram e se relacionam com essas normas.” 
 
Para Kelsen, a norma jurídica caracteriza-se por prescrever uma conduta que, se 
descumprida, resultará em uma sanção. Assim, na concepção do autor, a sanção é 
inerente à norma jurídica. Entretanto, é possível extrair-se do direito posto normas 
estruturantes ou que apenas definem institutos. 
 
Desta forma, pode ocorrer que seja construído determinado enunciado linguístico, cuja 
norma jurídica prescreva apenas um fato e um mandamento a ele inerente, inexistindo 
sanção e, mesmo assim, não descaracterizar o fato de ter sido extraído uma norma do 
texto positivado. 
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4. Documento normativo, é a norma em si mesma, em sentido estrito. 
 
E, em sentido estrito, a norma é o significado que damos aos enunciados prescritivos, 
enquanto suporte físico do direito positivo, ora estruturada na forma hipotético-
condicional. 
 
Os enunciados, por sua vez, estão no plano do direito material, e consideram a 
estrutura sintático-gramatical. Na verdade, estão ligados ao conjunto de fonemas ou à 
atividade de grafia, que observam as regras gramaticais; dizem respeito aos símbolos 
usados para o texto de lei. As proposições, de outro lado, trazem o aspecto semântico 
que os enunciados, orações, palavras, querem significar; é o juízo hipotético de que as 
prescrições estarão contidas. 
 
Estes, consideram o conteúdo, no plano das significações isoladas do direito, onde a 
ação do homem é elemento essencial de todas as prescrições jurídicas, com o sentido 
de orientar ou dirigir a ação do homem. 
 
Vários enunciados podem expressar a mesma proposição, ou proposições diferentes 
podem corresponder a um mesmo enunciado, sendo que quando os enunciados, 
operando proposições, estiverem prescrevendo condutas estaremos diante de normas 
jurídicas. 
 
Todas estas são normas. Acontece que o enunciado prescritivo, as proposições, e as 
normas jurídicas latu sensu, são normas em sentido amplo; enquanto que as normas 
jurídicas, textos de lei, denominadas documentos normativos, são normas 
jurídicas strictu sensu. 
 
5. a) Não. Pois trata-se de um benefício concedido. Uma vez que, o IPVA não tem o seu 
fato gerador em uma sanção de ato ilícito. 
 
b) O direito de propriedade, deve ser pensado e exercido em consonância com sua 
função social. 
 
Na propriedade rural a função social é cumprida quando são atendidos os requisitos de 
aproveitamento racional adequado; utilização adequada dos recursos naturais 
disponíveis e preservação do meio ambiente; observância das disposições que regulam 
as relações de trabalho e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos 
trabalhadores; na propriedade urbana a função social é cumprida quando atendidas as 
exigências fundamentais de ordenação da cidade e de utilização adequada do solo 
urbano. 
 
Pelo fato da função social ser um princípio fundamental advogamos a tese da 
prescindibilidade do plano diretor para a efetivação da função social nas propriedades 
urbanas, devido ao fato deste ser apenas um dos instrumentos legais através dos quais 
é possível efetivar tal princípio de forma eficaz. 
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Logo, a progressividade tanto do IPTU, como do ITR, seja ela fiscal, ou extrafiscal, é 
constitucional desde que o objetivo perquirido seja o de efetivar a função social da 
propriedade. 
 
6. A definição de PAULO DE BARROS CARVALHO, para Direito Tributário é a 
seguinte: 
 
“é o ramo didaticamente autônomo do direito, integrado pelo conjunto das 
proposições jurídico-normativas que correspondam, direta ou indiretamente, à 
instituição, arrecadação e fiscalização de tributos.” 
 
Para Ezio Vanoni, Direito Tributário é o: 
 
"o ramo das ciências jurídicas que estuda o surgimento, as modificações e a extinção 
da relação jurídica do tributo". 
 
Kiyoshi Harada, assim conceitua: 
 
"Direito Tributário é, o direito que disciplina o processo de retirada compulsória, 
pelo Estado, da parcela de riquezas de seus súditos, mediante a observância dos 
princípios reveladores do Estado de Direito. É a disciplina jurídica que estuda as 
relações entre o fisco e o contribuinte". 
 
O que se pode extrair da sentença retro mencionada é que ela tende a demonstrar o 
direito tributário como ramo autônomo do conhecimento jurídico, fato este que não se 
observa na realidade, haja vista que o Direito é uno, e determinados institutos de um 
ramo se mostram imprescindíveis ao estudo de outro ramo. Podemos dizer também, 
que como ciência que é, o direito tributário se cuida de estudar o conjunto de 
proposições jurídico-normativas que regem o sistema tributário, estando a relação 
fisco-contribuinte inserida neste conjunto normativo. 
 
Desta forma, o Direito Tributário é ramo da ciência jurídica que possui como objeto o 
conjunto normativo que regula a tributação, bem como os pronunciamentos 
jurisdicionais individuais ou colegiados que cuidem de sua aplicação aos casos 
concretos, mas que não está, tal ciência, restrita ao ramo do direito público, uma vez 
que poder-se-á envolver outros ramos do direito, incluindo o Direito Penal. 
 
7. a) 1. Taxa de controle, monitoramento e fiscalização de atividade de Pesquisa, Lavra, 
Exploração e Aproveitamento de Recursos Hidricos (tributo); 
2. Exercício do Poder de Polícia do Estado sobre estas atividades (fato gerador); 
3. Contribuinte é Pessoa, física ou jurídica, que utilize recursos hídricos com a 
finalidade de exploração ou aproveitamento econômico (suj. Passivo); 
4. Base de cálculo é a receita bruta obtida coma comercialização de mercadorias ou 
serviços que utilizem recursos hídricos; 
 
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5. Alíquota de 3%; 
6. Apuração e recolhimento mensal, até o último dia útil de mês seguinte; 
7. Multa de 10% sobre o valor do tributa devido em caso de não recolhimento; 
8. Multa de 50% na ausência de apuração e recolhimento, através de auto de infração; 
9. Isenção para o quem utiliza recurso hídrico na captação e consumo destinados á 
atividade agropecuária; 
 
b) A norma que institui tributo é a taxa de controle monitoramento e fiscalização de 
atividades de pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de Recursos Hídricos. 
 
c) A norma estudada pela ciência do direito tributário é a Taxa. 
 
d) Entende-se por ciência do direito, conjunto ordenado e sistemático de princípios e 
regras quetem por tarefa definir e sistematizar o ordenamento jurídico que o Estado 
impões à sociedade e e apontar solução para os problemas ligados à sua interpretação 
e aplicação, portanto, o texto legal, acima transcrito, é ciência do direito. 
 
 
		2021-03-26T14:20:24-0300
	MARCOS VINICIUS MARINHO DA SILVA

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