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Odontologia restauradora clínica - Parte I

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Clara Miotto 
 
 
 
 
 
Cárie dentária: Doença açúcar-biofilme-dependente que leva a um 
desequilíbrio mineral entre o fluido do biofilme e consequentemente a 
perda de mineral dos dentes. É necessária a presença de açúcar e 
biofilme para ocorrer o desequilíbrio e ocasionar a carie. 
Doença complexa e multifatorial, que envolve os fatores de risco 
genético, ambientais e comportamentais. 
 
Fatores essenciais: Hospedeiro susceptível, microbiota(necessária) e 
dieta cariogênica (determinante) 
 
Fatores modificadores: Saliva, flúor, higiene bucal, tempo, fatores 
ambientais (acesso à água fluoretada) e componentes genéticos. 
 
Microorganismos específicos: 
 
- Cariogênicos 
• Steptococcus mutans: invasor primário (inicia a lesão de cárie); 
• Lactobacilos casei: atinge cavidades já existentes (sulcos e 
fissuras); 
• Actinomyces: cárie radicular de progressão lenta. 
CÁRIE
MICRORGANISMOS 
ESPECÍFICOS
HOSPEDEIRO (dente)
DIETA (açúcar)
TEMPO
DIAGNÓSTICO DE CÁRIE 
 
Clara Miotto 
 
- “Amigos” 
• Steptococcus do grupo oralis, sanguinis e mitis. 
 
Desequilíbrio do processo dinâmico entre períodos de DES e 
REmineralização → Cárie. 
É um processo contínuo na cavidade oral. 
• Desmineralização: perda de minerais do dente quando há a queda 
do pH em presença da placa e liberação de cálcio e fosfato para o 
meio. 
• Remineralização: Na presença de flúor, há uma remineralização 
(diminui o pH crítico de desmineralização do esmalte). Reposição 
dos minerais perdidos quando há a neutralização do pH ácido na 
presença de flúor e voltam para estrutura dentária. 
Quando o processo de DES é maior que a RE (perda maior que o ganho 
de minerais), tem-se o início da lesão de cárie. 
 
A cárie não é mais considerada uma doença transmissível, pois, os 
microrganismos envolvidos são habitantes comuns da boca de todas as 
pessoas, eles vivem em equilíbrio entre eles. Contudo quando há um alto 
consumo de açúcar, há um desesquilibrio na comunidade microbiana 
porque os MO cariogênicos vão produzir muitos ácidos e levar à morte 
do MO “amigos” por não sobreviverem em meio ácido, assim havendo a 
seleção de MO cariogênicos. 
Ou seja, o grande vilão no processo de desenvolvimento de cárie não é o 
mutans, é o açúcar. Portanto, o controle da ingestão de açúcar é 
necessário. 
 
 
 
 
CONSUMO DE 
AÇÚCAR
DESEQUILÍBRIO NA 
COMUNIDADE 
MICROBIANA
SELEÇÃO DE 
MICRORGANISMOS 
CARIOGÊNICOS
FATORES 
NECESSÁRIOS
- Acúmulo de bactérias 
sobre as superfícies 
dentárias.
FATORES 
DETERMINANTES
- O acúmulo de 
bacterias em exposição 
à açúcares da dieta 
varias vezes ao dia e por 
vários dias.
Clara Miotto 
 
 
O acúmulo de bactérias sobre as superfícies dentárias é o fator necessário 
para o desenvolvimento de lesões de cárie nos dentes, mas não é 
suficiente, sendo necessário sua exposição à açucares da dieta várias 
vezes ao dia, por vários dias para que as lesões sejam visíveis. 
Portanto, a Cárie é uma doença biofilme dependente: Depende de uma 
dieta rica em carboidratos, que leva ao crescimento microbiano e 
consequentemente à diminuição do pH, desmineralizando a estrutura 
dentária. 
Lesão: Sinal da doença, significa que a lesão já está ocorrendo ou já 
ocorreu. 
 
Como detectar a cárie? O que suar? Está ativa ou não? 
 
Definição de diagnóstico: Conhecimento ou determinação de uma 
doença pelos seus sintomas e sinais, mediante uso de exames diversos 
(clínicos ‘primordial e se sobrepõe aos demais exames’, radiográficos, 
laboratoriais). 
 
Mudança de paradigma: Antes a filosofia era baseada em odontologia 
operatória/cirúrgica, que tratava a cavidade e não a doença cárie. A atual 
filosofia é a odontologia preventiva. Tratar a doença como um todo, e não 
apenas suas consequências. 
Caracteristicas clínicas das lesões de cárie: 
 
- Quanto à quantidade de tecido envolvido 
1. Pré-clínica (microscópica): Não visível a olho nu; 
2. Clínica: carie incipiente/ cárie de esmalte; 
3. Cavitaria (cavitadas os cárie oculta): já chegou em dentina; 
4. De grande destruição. 
FERRAMENTAS P/ 
DIAGNÓSTICO
ANAMNESE
EXAME FÍSICO
EXMAES 
COMPLEMENTARES
Clara Miotto 
 
 
Cárie incipiente (Mancha branca) 
Macha branca: 
• Ativa: rugosa e opaca (secar o dente antes para visualizar e 
diferenciar da paralisada) 
• Paralisada: lisa e brilhante 
Outros tipos de mancha branca: 
• Hipoplasia do esmalte: Alterações originadas em consequência de 
injurias na formação do esmalte, podendo ser sistêmicas (flúor, 
tetraciclina, infecções sistêmicas virais ou bacterianas, 
desnutrição, alterações metabólicas) ou locais (traumas 
mecânicos) 
- Defeito na quantidade de esmalte: Hipoplasia 
- Defeito na qualidade de esmalte: Hipomineralização 
• Diagnóstico diferencial: Hipoplasia local (formas variadas e 
definidas (qualquer região dos dentes), esmalte quebradiço. Local 
(um dente só- dente que foi afetado pela injúria) 
• Fluorose: Tipo de hipoplasia do esmalte ocasionada pela ingestão 
crônica e excessiva de flúor durante o período de formação 
dentária, principalmente durante os primeiros 5 anos de vida. Varia 
de grau 1 (leve) ao 5 (grave). É uma hipoplasia sistêmica. 
Caracteristicas: dentes homólogos afetados, estrias as redor de 
cúspides e bordas incisais, cor opaca branco giz ou marrom, 
esmalte poroso. 
 
Fase cavitaria (cavitadas ou cárie oculta) 
Quando houve a evolução da cárie incipiente e começa atingir a dentina. 
Esmalte sem suporte de dentina fratura. Na carie oculta: 
• O esmalte se remineraliza; 
• A inspeção visual é dificultada; 
• Há a progressão da lesão em dentina; e 
• É possível identificar através de exame radiográfico. 
 
- Quanto à localização 
1. Cárie de sulcos, fóssulas e fissuras (classe I); 
2. Carie de superfície lisa (classe II, classe III, IV e V; 
3. Carie de superfície radicular (classe II e V). 
Clara Miotto 
 
 
Cárie de sulcos fóssulas e fissuras: 
Maior prevalência das lesões de cárie nas superfícies oclusais (maior 
retenção de placa), está presente na palatina de dentes antero-
superiores (região de cíngulo), oclusal de molares e pré-molares, 
vestibular dos molares onde há o sulco vestibular. Maior progressão em 
profundidade do que em extensão, pois segue a direção dos prismas 
dentinários. 
 
Cárie de superfície lisa: 
Menor progressão em profundidade do que em extensão (mais ampla 
do que profunda) 
Cárie de superfície radicular: 
Mais comum em idosos devido a exposição pela recessão gengival. 
Superfície radicular é mais rugosa que a superfície de esmalte. 
Apresentam baixo fluxo salivar, diminuição da destreza manual e 
dificuldade de higienização. 
 
Quanto ao desenvolvimento 
1. Primária: se origina no dente pela primeira vez; 
2. Secundária: ocorre nas margens da restauração (ao redor). 
Sinônimos: cárie recorrente ou recidivante. 
 
Quanto à progressão 
1. Cárie ativa: Aguda ou crônica (paciente com alto risco e atividade 
de cárie – doença em evolução) 
2. Estacionária ou inativa (paciente com baixo risco de cárie – doença 
paralisada). 
 
 
ATIVIDADE DE CÁRIE X RISCO DE CÁRIE 
 
• Atividade ou incidência de cárie – Velocidade com que a dentição é 
destruída pela cárie. Pode ser alta sem nenhuma lesão cariosa 
registrada. É necessário um período para lesão cariosa ocorrer, ou 
seja, é difícil visualizar quando está muito no início. 
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• Risco de cárie – Descreve até que ponto uma pessoa, em 
determinada época, corre o risco de desenvolver lesões cariosas. 
Classificado em alto ou baixo risco. (Avaliação baseada na história 
do paciente, no estado atual e nos exames complementares). 
 
 
1. CÁRIE ATIVA 
a) Cárie ativa aguda: Caracteriza-se pela evolução rápida, 
coloração amarelo-clara, úmida e de consistência amolecida 
(altamente desmineralizada). O paciente geralmente refere 
a sensibilidade dolorosa. Geralmente há uma mancha branca 
(halo) ativa nas margens da avaliaçãob) Cárie ativa crônica: caracteriza-se pela evolução lenta e 
coloração que varia do marrom-claro ao preto. Apresenta 
consistência firme, borrachoide e de remoção mais difícil em 
relação à cárie aguda. O paciente geralmente não acusa 
sintomatologia dolorosa. As margens são bem definidas e 
não apresenta mancha branca nas margens da cavitação. 
*** Quando se encontra endurecida, não é mais cárie e sim, dentina 
reacionária. 
CÁRIE 
ATIVA 
EVOLUÇÃO COLORAÇÃO 
DA DENTINA 
CONSISTÊNCIA SINTOMA MANCHA 
BRANCA 
AGUDA Rápida Amarelo 
claro 
Amolecida Dor Presença 
CRÔNICA Lenta Amarelo 
escuro 
Consistente Não dói Ausência 
 
2. ESTACIONÁRIA OU INATIVA 
• Caracterizada por apresentar superfície dura e coloração 
pigmentada. 
• Reestabelecimento do equilíbrio do processo de DES e 
REmineralização (doença foi paralisada – sequela/cicatriz). 
Conseguiu paralisar essa lesão através do controle do biofilme e 
da dieta (consumo de açúcar). 
• É importante avaliar a atividade e o risco de cárie do paciente. 
• Solicitar diário de dieta – Descrição detalhada do que se ingeriu 
(inclusive medicamentos), hora e porções, durante 5-7 dias; 
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Análise da saliva (fluxo salivar, capacidade tampão, 
viscosidade). 
 
EXAME CLÍNICO 
• Profilaxia (observar antes de há placa sobre o dente ou sobre a 
lesão – geralmente é porque está ativa); 
• Bom espelho; 
• Iluminação; 
• Secagem (diferenciar se a mancha branca está ativa ou 
paralisada). 
➔ CAMPO SECO, LIMPO E BEM ILUMINADO. 
 
O que procurar? 
• Quantidade de restaurações presentes e as margens dessas 
restaurações; 
• Controle de placa/sangramento (observar se há sangramento): 
Acúmulo de placa devido higiene ineficiente (inflamação gengival); 
• Dentes em infra-oclusão (mais susceptível a desenvolver cárie): 
Dentes parcialmente irrompidos “mudar a posição da escova”); 
• Respirador bucal; 
• Presença de lesões cariosas; 
• Aspecto das lesões. 
Inspeção visual: Observar cor, textura, localização (superfície lisa ou 
oclusal) 
• Dentes úmidos pela saliva; 
• Após leve jato de ar; 
• Após secagem prolongada. 
Observar: 
• Cor da lesão; 
• Textura (mesmo secando, se continuar úmida, suspeito que a 
lesão está ativa); 
• Localização (superfície lisa ou oclusal). 
Exame tátil: 
Não há diferenças estaticamente significativas entre exame visual 
realizado com ou sem o auxílio de sonda. 
Sonda exploradora 
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• Sem exercer muita pressão. Não muito indicada hoje em dia. 
• Desencadeia a formação de cavidades (transfere microrganismos 
cariogenicos de uma superfície infectada para outra não 
infectada). 
• Retenção: Caracteristicas da sonda – sonda de ponta aguda ou 
romba, pressão leve, morfologia da superfície. 
• A visualização direta nem sempre é possível. Lesões 
interproximais: inspeção através de fio dental, separação 
interdental temporária com borracha ortodôntica (48hrs). 
Visualização com aumentos: fotografias, lupas, análise na tela do 
computador. 
Exame radiográfico (complementar) 
• Radiografias interproximais 
• Radiografias periapicais 
- Investigar o envolvimento dentinário 
- Cuidado com a sobreposição de estruturas, esmalte vestibular e lingual 
(dificulta diagnóstico) 
 
Radiografia Bitewing 
Vantagens: 
• Documentação permanente; 
• Permite o acompanhamento de evolução da cárie; 
• Facilidade de técnica. 
Desvantagens: 
• Radiação; 
• Distorção da imagem; 
• Sebreposição de estrutura. 
Tipos: Convencional e digital. Na digital o tempo de exposição é menor, 
pode haver manipulação da imagem e permite a subtração da imagem. 
 
DIAGNÓSTICO X DETECÇÃO 
O detector de cárie ideal deveria capturar o processo contínuo de cárie 
desde os estágios iniciais até o sinal clínico (mancha branca ou 
cavitação). 
Fatores de risco 
• Perfil socio-econômico-cultural; 
• Dieta (frequencia e tipo); 
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• Hábitos parafuncionais; 
• Estilo de vida; 
• Higiene oral; 
• Fluxo salivar; 
• Exposição ao flúor. 
Presença de lesões 
• Mancha branca 
- Placa bacteriana (se tiver é ativa); 
- Sangramento gengival; 
- Opacidade da mancha (opaca é ativa); 
- Distância da gengiva; 
- Sítios localizados ou generalizados? 
• Microcavidades 
- Retenção de placa (se tem é ativa) 
- Profundidade; 
- Mancha branca ao redor? 
- Pigmentação azul acizentada? 
• Sulcos pigmentados 
- Retenção de placa; 
- Profundidade; 
- Bordas: mancha branca? (se tem, não é sulco pigmentado); 
- Pigmentação escura; 
- Aspecto azul acizentado abaixo? 
• Cavitação 
- Retenção de placa; 
- Profundidade; 
- Bordas: mancha branca? 
- Consistência do tecido (pode utilizar sonda – se tiver mais cortiça 
ou endurecido, pode estar paralisada). 
 
 
 
 
Objetivo do tratamento restaurador: (em relação à oclusão) 
• Reconstruir anatomia oclusal perdida 
• Obter restaurações em harmonia com o sistema estomatognático 
FUNDAMENTOS DE OCLUSÃO EM DENTÍSTICA 
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Oclusão: Relacionamento estático e dinâmico das superfícies oclusais 
dos dentes em harmonia com as demais estruturas do sistema 
estomatognático. “Relação dos dentes ocluídos em posição estática e 
dinâmica”. 
 
Posições 
• Relação cêntrica (RC); 
• Máxima intercuspidação habitual (MIH); 
• Relação de oclusão cêntrica (ORC); 
• Dimensão vertical de repouso (DVR); 
• Dimensão vertical de oclusão (DVO); 
• Espaço funcional livre (EFL). 
 
MIH (MAXÍMA INTERCUSPIDAÇÃO HABITUAL) 
• Posição mais fechada entre a mandíbula e a maxila estando os 
dentes em seu maior engrenamento. 
• Depende de contatos oclusais. 
• É uma posição guiada pelos dentes. Estabilidade oclusal mantida 
pelos dentes. 
 
RC (RELAÇÃO CÊNTRICA) 
• Independe de contatos oclusais. Posição guiada pelos côndilos. 
Não é determinada por dentes, mas pela cavidade articular (ATM). 
Os côndilos ficam mais superior e anterior na cavidade articular. 
• Praticamente imutável. 
• É quando não tem estabilidade oclusal. 
 
ORC (OCLUSÃO DE RELAÇÃO CÊNTRICA) 
• RC = MIH 
MOVIMENTOS
LATERALIDADE
TRABALHO
DESOCLUSÃO 
PELO CANINO
DESOCLUSÃO 
EM GRUPO
BALANCEIO
PROTRUSÃO
GUIA 
ANTERIOR
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• É quando a relação cêntrica (RC) coincide com a máxima 
intercuspidação habitual (MIH). 
• Não existe contato prematura quando é manipulado em RC e MIH. 
 
DIMENSÃO VERTICAL (DVR e DVO) 
• Distância entre pontos localizados na parte superior e inferior da 
face do paciente. 
• Distância do mento à base no nariz. 
• DVR: Dimensão vertical de repouso → mantida pelo tônus 
muscular e ligamentos. Paciente relaxado, sem fechar os dentes. 
• DVO: Dimensão vertical de oclusão → mantida pelos dentes em 
oclusão. 
 
ESPAÇO FUNCIONAL 
LIVRE 
EFL = DVR - 
DVO 
3mm = 5cm - 
DVO 
Confortável → faz a DVR e diminui 3mm (EFL) e então teremos o DVO do 
paciente. 
 
• Para verificar invasão desse espaço, realiza-se testes fonéticos 
com sons sibilantes; 
• Palavras com S, F 
• Se houver contato dentário, indica invasão do EFL 
 
MOVIMENTOS 
 
Lateralidade 
• Desoclusão pelo canino: é quando joga a mandíbula para o lado e 
desoclui canino contra canino. Realiza desoclusão dos posteriores 
tanto do lado de trabalho como o de balanceio “Fisiologicamente 
mais correta”. 
• Desoclusão em grupo (função em grupo): Conjunto de dentes de 
molar até canino tocam-se simultaneamente desocluindo o lado 
de balanceio. A medida que o movimento aumenta, vai 
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desocluindo também o lado de trabalho. É um deslize com menor 
proteção dos dentes posteriores porque fica mais tempo em 
contato no movimento. 
Protrusão 
• É quando joga o queixo para frente, a mandíbula vai para região 
anterior desocluindo os dentes posteriores. 
• Guia anterior: à medida que vai deslizando os inferiores na região 
paliativa dos superiores, vai desocluir os dentes posteriores, até 
chegar na posição topo a topo. 
 
POSICIONAMENTODOS DENTES 
 
• Os dentes ficam posicionados no espaço neutro (EFL): Os dentes 
ficam em posição de repouso, de estabilidade com a língua, lábios 
e bochechas. 
• Estabilizados por forças musculares, contato proximal e contato 
oclusal. 
• Qualquer desequilíbrio pode levar a movimentação dentária. 
• Contato com o antagonista e com dentes adjacentes (mantém os 
dentes em posição). 
• Plano oclusal: Plano traçado entre bordas incisais dos anteriores e 
pontas de cúspide. 
PLANO OCLUSAL: Plano traçado entre as pontas incisais dos dentes 
anteriores, passando pelas pontas de cúspides dos posteriores. É curvo. 
O plano oclusaç pode ser observado através de visão axial (de lado) e 
podemos visualizar um plano oclusal que passa de anterior para 
posterior – Curva de Spee. E quando é observado em visão frontal, de 
um lado ao outro, é visualizado um plano oclusal curvo – Curva de Wilson 
– Faz essa curva porque os dentes superiores são ligeiramente 
vestibularizados e os inferiores ligeiramente linguarizados. 
 
SUPERFÍCIE OCLUSAL: A superfície oclusal dos dentes é composta por 
cúspides, reentrâncias e sulcos. 
• Mesa oclusal: quando demarca ponta de cúspide dos dentes e 
traça uma linha por vestibular e lingual, o que está no meio disso é 
a mesa oclusal. Todos os contatos de uma restauração devem 
estar direcionados na região oclusal. Vertentes internas e externas. 
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RELACIONAMENTO DENTÁRIO ENTRE ARCADAS: A arcada superior é 
ligeiramente maior em relação a inferior. Dentes superiores ligeiramente 
vestibularizados e inferiores ligeiramente linguarizados, para abraçar a 
arcada a inferior. O contrário disso, o paciente possui mordida cruzada. 
 
RELAÇÃO VESTIBULO-LINGUAL 
Correta → superiores vestibularizados em relação aos inferiores 
Incorreta → mordida cruzada (inferiores mais vestibularizados que os 
superiores) 
 
 
Dentes superiores: Cúspide de contenção cêntrica → lingual dos 
superiores 
Dentes inferiores: Cúspide de contenção cêntrica → vestibular dos 
inferiores 
 
• Cúspides cêntricas: Responsáveis pela sustentação da dimensão 
vertical de oclusão. Contato importante durante a mastigação, 
pois contactam vertentes internas e externas. São amplas e 
arredondadas. (VIPS- vestibular do interior, palatina do superior) 
• Cúspides Não-Cêntricas: servem para direcionar o bolo alimentar 
durante o movimento. Pequeno significado funcional, pois 
contactam em pequena porção das vertentes internas. Ajuda a 
manter a estabilidade à mandíbula. São pontiagudas (só auxiliam 
no movimento mastigatório). Minimiza o impacto no tecido e 
ajuda a manter o bolo alimentar na mesa oclusal. 
 
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RELAÇÃO OCLUSAL ENTRE DENTES SUPERIORES 
 
Classificação de Angle: 
• Classe I: 1º molar inferior localizado ligeiramente mesial em relação 
ao 1º molar superior. “Padrão normal”. 
• Classe II: 1º inferior localizado distal em relação ao posicionamento 
do 1º molar superior em classe I. “Dentuça – retrognata” 
• Classe III: 1º molar inferior localizado mesial em relação ao 
posicionamento de 1º molar superior em classe I. “Prognata” 
 
 
RELAÇÃO OCLUSAL ENTRE OS DENTES ANTERIORES 
 
• Inferiores ocluem na fossa palatina dos superiores; 
• Ocluem a mais ou menos 4mm das bordas incisais dos superiores; 
• Com contato leve ou podem não apresentar contatos; 
• Dentes ligeiramente vestibularizados; 
• Ajudam a guiar os movimentos mandibulares. 
 
 
Antes de se realizar qualquer procedimento restaurador é importante 
avaliar quais dentes são utilizados nos movimentos a fim de se mantê-
los. 
 
INTERFERÊNCIA OCLUSAL 
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São contatos que produzem: 
• Desvios durante o fechamento para a posição de MIH ou ORC 
• Impedem o suave deslize mandibular nos movimentos laterais e 
protrusivos 
Também chamado de contato prematuro 
Pode ser: 
• Interferência fisiológica: não promove alterações nas estruturas do 
sistema estomatognático. Ex.: quando muda de MIH para RC que 
dá o contato prematuro. 
• Interferência patológica: Quando altera estruturas do sistema 
estomatognático. Geralmente quando tem contato prematuro, o 
ligamento periodontal fica espesso. 
Situações: 
• Contato que desvia a mandíbula de RC para MIH; 
• Contato prematuro sem desvio; 
• Contato prematuro em lateralidade; 
• Contato prematuro em protrusão. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS DE UM CONTATO 
PATOGÊNICO 
• Sindrome da dor e disfunção miofascial (dor na ATM, na 
musculatura); 
• Bruxismo; 
• Mobilidade dentária; 
• Migração patológica dental; 
• Diastemas em expansão; 
• Facetas de desgaste; 
• Fratura de raízes, coroas e restaurações; 
• Reabsorção radicular; 
• Pulpite; 
• Necrose pulpar. 
 
OCLUSÃO IDEAL 
• ORC (Qunado RC = MIH); 
• Maior número de contatos posteriores de forma homogênea e 
simultânea; 
• Contato leve nos dentes anteriores; 
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• Forças dirigidas ao longo do eixo do dente; 
• Guia canina; 
• Guia anterior; 
• Adequada DVO. 
 
APLICAÇÃO CLÍNICA DOS PRINCÍPIOS OCLUSAIS EM DENTÍSTICA 
 
Antes da restauração: 
• Observar e tentar imitar anatomia oclusal; 
• Verificar contatos prematuros (RC e guias). Fazer memorização de 
contatos oclusais; 
• Sendo o contato patogênico → ajuste oclusal; 
• Sendo o contato fisiológico → sem ajuste oclusal; 
• Demarcar contatos em RC e MIH e procurar fugir deles durante o 
preparo. 
Obs.: O carbono tem dois lados, um pra MIH e o outro para movimentos 
de lateralidade. Os pontos devem coincidir. 
 
Após a restauração: 
• Verificar se os contatos em RC e MIH continuam os mesmos; 
• Consultar os movimentos (trabalho e balanceios); 
• Evitar estabelecer contato na interface dente/restauração; 
• Sei se tem interferência oclusal? O que riscou da MIH pro ponto da 
lateralidade é a interferência. 
• 1º ajustar em MIH 
• 2º ajustar nos movimentos de trabalho e balanceio 
• Fazer isso para verificar se houve interferência nos movimentos de 
lateralidade 
 
Ajuste em lateralidade 
• Só deve ser realizado após ajuste em RC e MIH; 
• Utilizar um lado da fita para demarcação de contatos cêntricos (RC 
e MIH); 
• Inverter o lado da fita e realizar movimentos laterais; 
• Onde houver coincidência das fitas, não desgastar (onde marcou 
só com vermelho, tem que desgastar) 
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• O contato fora da coincidência equivale a contrato prematuro e 
deve ser desgastado; 
• Usar tiras de poliéster no lado contralateral.

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