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Parasitologia

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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
PARASITOLOGIA
Meu nome é Marcos Aurélio Stoppa. Sou gradua-
do em Ciências Biológicas, modalidade Médica – 
Biomedicina, pelo Centro Universitário Barão de 
Mauá de Ribeirão Preto – SP. Tenho especializa-
ção em Análises Clínicas e mestrado em Ciências 
da Saúde, cursados na Universidade de Franca 
– Unifran.
E-mail: marcosvalentini@hotmail.com
Claretiano – Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
Marcos Aurélio Stoppa
Batatais
Claretiano
2016
PARASITOLOGIA
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma 
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o 
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação 
Educacional Claretiana.
CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia 
Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori 
Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia 
Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus 
Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni 
• Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa 
Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami
Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 616.96 S886p 
 
 Stoppa, Marcos Aurélio 
 Parasitologia / Marcos Aurélio Stoppa – Batatais, SP : Claretiano, 2016. 
 215 p. 
 
 ISBN: 978-85-8377-512-6 
 1. Parasitologia. 2. Platelmintos. 3. Nematelmintos. 4. Protozoários parasitas. 
 I. Parasitologia. 
 
 
 
 
 
 
 CDD 616.96 
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Parasitologia 
Versão: dez./2016
Formato: 15x21 cm
Páginas: 215 páginas
SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 12
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 17
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 18
5. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 18
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 21
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 22
2.1. INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA .......................................................... 22
2.2. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS PROTOZOÁRIOS PARASITAS .............. 29
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 71
3.1. INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA .......................................................... 71
3.2. INTERAÇÕES DOS SERES VIVOS E PRINCIPAIS TIPOS DE 
PARASITISMO ........................................................................................... 72
3.3. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS PROTOZOÁRIOS PARASITAS .............. 73
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 74
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 77
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 78
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 81
UNIDADE 2 – OS PLATELMINTOS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 85
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 86
2.1. CLASSE TREMATODA ............................................................................... 87
2.2. CLASSE CESTODA ..................................................................................... 98
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 113
3.1. CLASSE TREMATODA ............................................................................... 113
3.2. CLASSE CESTODA ..................................................................................... 114
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 115
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 118
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 118
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 121
UNIDADE 3 – OS NEMATELMINTOS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 125
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 126
2.1. CLASSE NEMATODA................................................................................. 126
2.2. NEMATELMINTOS PARASITAS DO INTESTINO DELGADO ..................... 126
2.3. NEMATELMINTOS PARASITAS DO INTESTINO GROSSO ....................... 142
2.4. NEMATELMINTOS DE HÁBITAT EXTRAINTESTINAL .............................. 151
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 164
3.1. CLASSE NEMATODA................................................................................. 165
3.2. NEMATELMINTOS PARASITAS DO INTESTINO DELGADO ..................... 166
3.3. NEMATELMINTOS PARASITAS DO INTESTINO GROSSO ....................... 167
3.4. NEMATELMINTOS DE HÁBITAT EXTRAINTESTINAL .............................. 168
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 169
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 172
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 172
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 176
UNIDADE 4 – OS ECTOPARASITOS E OS PRINCIPAIS VETORES DE 
DOENÇAS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 181
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 181
2.1. FILO MOLLUSCA....................................................................................... 182
2.2. FILO ARTHROPODA – ARTRÓPODES PARASITAS ................................... 183
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................ 208
3.1. FILO MOLLUSCA....................................................................................... 208
3.2. FILO ARTHROPODA – ARTRÓPODES PARASITAS ................................... 209
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 210
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 211
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 212
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 215
7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Conteúdo
Introdução à Parasitologia. Relações ecológicas entre os organismos. Noção 
geral sobre a relação parasita-hospedeiro. Estudo dos protozoários e helmin-
tos de interesse médico: biologia, epidemiologia e profilaxia. Principais ciclos 
evolutivos. Descrição dos principais organismos veiculadores de parasitoses: 
Mollusca e Arthropoda. O ambiente e a ocorrência das principais parasitoses. 
Noções sobre saneamento básico. As principais parasitoses brasileiras, região 
de ocorrência.
Bibliografia Básica
CIMERMAN, B.; CIMERMAN, S. Parasitologia humana e seus fundamentos gerais. 2. 
ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2005.
NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11. ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
Bibliografia Complementar
MARKELL, E. K.; JOHN, D. T.; KROTOSKI, W. A. Parasitologia médica. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
DE CARLI, G. A. Parasitologia clínica. São Paulo: Atheneu, 2001.
LEVENTHAL, R.; CHEADLE, R. Parasitologia Médica: texto e atlas. 4. ed. São Paulo: 
Editora Premier, 1997.
8 © PARASITOLOGIA
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá 
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias 
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, 
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento 
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de 
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se-
lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados 
em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é 
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, 
não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu-
ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade 
e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató-
rios, para efeito de avaliação.
9© PARASITOLOGIA
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO
Caro aluno, seja bem-vindo à obra Parasitologia!
Atualmente vivemos em um mundo globalizado, que, cada 
vez mais, exige uma rápida movimentação das pessoas, especial-
mente de viajantes e imigrantes, que muitas vezes se locomo-
vem de áreas endêmicas para doenças parasitárias. Além disso, 
há o surgimento de patógenos emergentes e re-emergentes em 
indivíduos imunocomprometidos, principalmente depois do sur-
gimento da Aids. Nesse contexto, o estudo da Parasitologia rece-
beu uma renovada importância na área de Saúde Pública.
Parasitologia é a ciência que estuda os organismos (para-
sitas) que vivem no interior ou no exterior de outros organis-
mos (hospedeiros), com estes fornecendo abrigo e/ou alimento 
àqueles. Basicamente é uma ciência que estuda a relação dos pa-
rasitas com os seus hospedeiros, as doenças causadas por essa 
inter-relação, os métodos de diagnósticos e controle de doenças 
parasitárias.
Outro importante conceito em Parasitologia é o de ve-
tor: trata-se do veículo que transporta o parasito entre dois 
hospedeiros.
Observe que tanto os seres vivos como os objetos podem 
se comportar como vetor. Um objeto como uma agulha contami-
nada pode transportar vírus, bactérias ou qualquer outro micror-
ganismo de um paciente para um indivíduo sadio, contaminan-
do-o. Nesse caso, o vetor é chamado fômite.
Se o vetor for um ser vivo, pode se comportar de duas 
maneiras diferentes: sendo também hospedeiro do parasito ou 
apenas transportando-o de um lado para outro, sem que haja 
qualquer desenvolvimento do parasito em seu corpo. No primei-
10 © PARASITOLOGIA
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
ro caso, se o vetor é também hospedeiro, ou seja, se o parasito 
nele se desenvolve, o vetor é chamado de biológico.
Se o vetor apenas transportar o agente patogênico, será 
chamado de vetor mecânico.
Por convenção, não chamamos água, ar, poeira ou alimen-
tos de vetor. Referimo-nos a eles, simplesmente, como veículo.
Os tipos de organismos classificados como parasitas cons-
tituem um grande grupo, mas aqueles que infectam os seres hu-
manos são mais limitados em número e são compostos princi-
palmente de protozoários, helmintos e artrópodes.
Durante séculos, acreditou-se que a origem dos parasitas 
e de outros animais pequenos se dava por meio de geração es-
pontânea. Havia a crença popular de que, por uma combinação 
de elementos e opostos apropriados, seria possível a criação de 
parasitas e de outros organismos vivos.
Com os avanços tecnológicos ocorridos no início do século 
20, houve uma ampla utilização da microscopia óptica. Assim, 
tanto a morfologia quanto os ciclos de vida de praticamente to-
dos os parasitas que acometem os seres humanos foram bem 
definidos.
A maioria dos países subdesenvolvidos e muitos dos países 
em desenvolvimento adotaram medidas preventivas para mini-
mizar a prevalência de doenças parasitárias. Apesar desses es-
forços, os parasitas humanos continuam sendo responsáveis por 
uma inestimável perda de vidas, por uma extensa morbidade e 
também por um atraso no desenvolvimento econômico, haja vis-
ta que uma enorme quantidade de recursos é gasta para tratar 
os doentes acometidos por parasitoses.
11© PARASITOLOGIA
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
O relacionamento entre os seres vivos visa dois aspectos 
fundamentais, que são a obtenção de alimentos e/ou proteção. 
Esse inter-relacionamento varia desde a colaboração mútua 
(simbiose) até o canibalismo e o predatismo. Muito provavel-
mente, o parasitismo ocorreu durante a evolução de uma dessas 
três associações, com um organismo qualquer menor se sentin-
do beneficiado, no que diz respeito à proteção ou à obtenção de 
alimento.
Essa associação, com o decorrer de milhares de anos de 
evolução, resultou em um melhor relacionamento com o hospe-
deiro. Essa evolução, depois de muitas adaptações, tornou o in-
vasor (parasita) cada vez mais dependente do outro ser vivo, ou 
seja, o seu hospedeiro. Assim, podemos afirmar que a adaptação 
ao hospedeiro é a marca registrada do parasitismo.
Na maioria das vezes, as doenças parasitárias são adquiri-
das pela ingestão de água ou alimentos contaminados, ou pela 
picada ou ferroada de um artrópode vetor. Assim, a ingestão de 
água não tratada ou contaminada pode ser bastante perigosa.
As doenças causadas por parasitas podem levar o indiví-
duo à morte súbita, como com a doença de Chagas. Os parasitos 
de interesse médico representam um grave problema de saúde 
pública, porque, na maioria das vezes, além de más condições de 
nutrição, são responsáveis por deficiências físicas e intelectuais 
em crianças.
O sintoma mais comum da infecção parasitária intestinal é 
a diarreia, que pode ser aquosa, sanguinolenta e/ou purulenta.
A presença de eosinófilos no sangue periférico é um dos 
marcadores mais importantes de infecção parasitária. Essa eo-
sinofilia pode, também, ser notada em várias secreções corpo-
12 © PARASITOLOGIA
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
rais, como escarros, fezes diarreicas,exsudatos supurativos ou 
líquidos de várias localidades do corpo. Entretanto, a ausência 
de eosinófilos no sangue ou nos líquidos corporais não exclui o 
diagnóstico de doenças parasitárias. Apesar de não ser muito es-
pecífica, a elevação de níveis séricos de imunoglobulinas (Ig), em 
especial da IgE, quando associada à eosinofilia, pode ajudar no 
diagnóstico de doença parasitária.
Embora determinados sinais e sintomas clínicos possam 
sugerir uma doença parasitária em curso, o diagnóstico final só é 
estabelecido pela demonstração do agente causador em amos-
tras adequadamente coletadas.
Os ciclos biológicos dos parasitas causadores de doenças 
em humanos estão incluídos nas suas devidas seções. Não é 
intenção desta obra que os estudantes memorizem cada ciclo. 
As informações descritas nos ciclos são de extrema importância 
porque são úteis na identificação das formas infectantes, invasi-
vas e diagnósticas de cada espécie de parasita.
Esta obra foi minuciosamente elaborada para contribuir 
com a realização e o desenvolvimento de seus estudos e para a 
ampliação de seus conhecimentos na área de Parasitologia.
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e 
precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-
nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados.
A seguir, alguns dos principais termos usados na 
Parasitologia.
13© PARASITOLOGIA
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1) Agente etiológico: é o agente responsável ou causa-
dor da doença. Pode ser vírus, bactéria, fungo, proto-
zoário, helminto.
2) Agente infeccioso: parasito, microparasitos (bactérias, 
fungos, protozoários, vírus etc.), inclusive helmintos, 
capazes de produzir infecção ou doença infecciosa.
3) Anfixenose: doença que circula indiferentemente en-
tre humanos e animais, assim tanto os animais como 
os humanos funcionam como hospedeiros do agente.
4) Antroponose: doença que atinge exclusivamente a es-
pécie humana.
5) Antropozoonose: doença primária de animais, que 
pode ser transmitida aos humanos.
6) Ciclo homoxeno (monoxeno): ciclo em que um só hos-
pedeiro é o bastante para que um ciclo do parasita se 
complete.
7) Ciclo heteroxeno: ciclo em que são necessários mais 
de um hospedeiro para que se complete, existindo, 
pelo menos, uma forma do parasita exclusiva a um tipo 
de hospedeiro.
8) Contaminação: é a presença de um agente infeccioso 
na superfície do corpo, roupas, brinquedos, água, ali-
mentos etc.
9) Ectoparasitas: também chamados de exoparasitas, são 
os tipos de parasitas que se instalam fora do corpo do 
hospedeiro.
10) Endemia: é a prevalência usual de determinada doen-
ça com relação a uma determinada área. Normalmen-
te, considera-se como endêmica a doença cuja inci-
14 © PARASITOLOGIA
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
dência permanece constante por vários anos, dando 
uma ideia de equilíbrio entre a doença e a população.
11) Epidemia/surto epidêmico: é a ocorrência numa área 
ou região de casos que ultrapassam nitidamente a in-
cidência normalmente esperada de uma doença deri-
vada de uma fonte comum de infecção ou propagação.
12) Epidemiologia: é o estudo da distribuição e dos fato-
res determinantes da frequência de uma doença ou 
outro evento. A Epidemiologia trata de dois aspectos 
fundamentais: a distribuição (por idade, sexo, raça, 
geografia etc.) e os fatores determinantes da frequên-
cia (tipo de patógeno, meios de transmissão etc.) de 
uma doença
13) Fase aguda: é o período, após a infecção, em que os 
sintomas clínicos são mais marcantes (febre alta etc.). 
É um período de definição: o indivíduo pode se curar, 
entrar na fase crônica ou morrer.
14) Fase crônica: é a que se segue à fase aguda; caracte-
riza-se pela diminuição da sintomatologia clínica e por 
um equilíbrio relativo entre o hospedeiro e o agente 
infeccioso. O número de parasitos mantém certa cons-
tância, embora esse equilíbrio possa ser rompido em 
favor de ambos os lados.
15) Fômite: são objetos inanimados que podem veicular o 
parasito entre hospedeiros. Por exemplo: roupas, se-
ringas, agulhas etc.
16) Hábitat: é o ecossistema, o local ou órgão onde deter-
minada espécie ou população vive.
17) Hospedeiro: é um organismo que abriga o parasito.
15© PARASITOLOGIA
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
18) Hospedeiro definitivo: é o que possui o parasito em 
fase de maturidade ou em fase de atividade sexual.
19) Hospedeiro intermediário: é aquele que possui o pa-
rasito em fase larvária ou assexuada.
20) Infecção: é a penetração e o desenvolvimento de um 
agente infeccioso dentro do organismo humano ou 
de animais (inclusive vírus, bactérias, protozoários e 
helmintos).
21) Infestação: é o alojamento, o desenvolvimento e a re-
produção de artrópodes na superfície do corpo, nas 
vestes ou nas moradias de humanos ou animais.
22) Parasitemia: reflete a presença parasitária no sangue 
do hospedeiro.
23) Parasitismo: a associação entre seres vivos, em que 
apenas um lado é beneficiado, sendo um dos asso-
ciados prejudicados por essa relação. Assim, o para-
sito é o agressor e o hospedeiro é quem alberga esse 
parasito.
24) Parasito acidental: é aquele que parasita um outro 
hospedeiro que não o seu normal.
25) Parasito errático: é aquele que vive fora do seu hábitat 
normal.
26) Parasito estenoxênico: é o que parasita espécies de 
vertebrados muito próximas, por exemplo, primatas 
(homens, macacos).
27) Parasito eurixeno: é aquele que parasita espécies de 
vertebrados muito diferentes, por exemplo, aves e 
mamíferos.
16 © PARASITOLOGIA
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
28) Parasito facultativo: é o que pode viver parasitando 
ou não um hospedeiro. Quando não está parasitando, 
é chamado de vida livre.
29) Parasito heteroxênico: é o que possui hospedeiro de-
finitivo e intermediário.
30) Parasito monoxênico: é aquele que possui apenas o 
hospedeiro definitivo.
31) Parasito obrigatório: é aquele que não é capaz de vi-
ver fora do hospedeiro.
32) Partenogênese: é quando ocorre o desenvolvimento 
de um ovo sem interferência de um espermatozoide.
33) Patogenia, ou patogênese: é o mecanismo em que um 
agente infeccioso provoca danos no hospedeiro.
34) Patogenicidade: é a habilidade de um agente infeccio-
so em provocar lesões ou danos.
35) Período de incubação: é o período que decorre entre 
o tempo de infecção e o aparecimento dos primeiros 
sintomas clínicos.
36) Portador: é o hospedeiro infectado que alberga o 
agente infeccioso, sem manifestar os sintomas, mas é 
capaz de transmiti-lo a um organismo.
37) Profilaxia: é o conjunto de medidas que tem por obje-
tivo a prevenção, a erradicação ou o controle de doen-
ças ou algo prejudicial aos seres vivos. São baseadas na 
epidemiologia de cada doença.
38) Vetor: é qualquer ser vivo que transmite o parasito en-
tre dois hospedeiros.
39) Vetor biológico: é aquele em que o parasito se multi-
plica ou se desenvolve.
40) Vetor mecânico: é quando o parasito não se multipli-
ca nem se desenvolve no vetor; ele serve somente de 
transporte. 
17© PARASITOLOGIA
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
41) Virulência: é a rapidez com que um agente infeccioso 
provoca lesões no hospedeiro.
42) Zoonose: são doenças e infecções que são 
naturalmente transmitidas entre animais vertebrados 
e os seres humanos. São conhecidas, atualmente, 
cerca de 100 zoonoses.
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE
O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-
tos mais importantes deste estudo. 
 
Protozooses 
PROTOZOOLOGIA 
PARASITOLOGIA  
ECTOPARASITOLOGIA HELMINTOLOGIA 
Tripanossomíase 
Toxoplasmose 
Leishmaniose 
Malária 
Amebíase 
Giardíase 
Tricomonose 
Platelmintos 
Esquistossomose 
Fasciolose 
Teníase/Cisticerco
Himenolepíase 
Filariose/Oncocercos
Tricuríase 
Enterobíase 
Ascaridíase 
Estrongiloidíase 
Ancilostomíase 
Nematelmintos 
Tungíase 
Miíase 
Pediculose 
Escabiose 
Ectoparasitas 
Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Parasitologia.
18 © PARASITOLOGIA
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
4. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
CIMERMAN, B.; CIMERMAN, S. Parasitologia humana e seus fundamentos gerais. 2. 
ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2005.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11. ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2004.
5. E-REFERÊNCIAS
FERNANDES, C. Glossário de Parasitologia. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.
br/saneamento/GLOS0.html>. Acesso em: 6 abr. 2016.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PARASITOLOGIA. Glossário. Disponível em: <http://www.
parasitologia.org.br/estudos_glossario_E.php>. Acesso em: 6 abr. 2016.
19
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – 
PROTOZOÁRIOS
Objetivos 
• Definir o que são organismos parasitas e suas relações com os seres huma-
nos e com outros organismos.
• Conhecer os principais protozoários parasitas.
• Identificar o ciclo biológico dos principais protozoários parasitas de interesse 
médico, suas características morfológicas, patogênicas e sintomatológicas.
Conteúdos
• Introdução à Parasitologia e à nomenclatura dos parasitos.
• Interação dos seres vivos, os principais tipos de parasitismo.
• Introdução ao estudo dos protozoários parasitas: gêneros Trypanosoma 
(tripanossomíase) e Leishmania (leishmaniose), Giardia lamblia (giardía-
se), Trichomonas vaginalis (tricomoníase), Entamoeba histolytica (amebía-
se), Plasmodium sp (malária) e Toxoplasma gondii (toxoplasmose).
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo desta obra; busque outras informações em 
sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas, apresentadas ao final 
de cada unidade.
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
2) Procure identificar, por meio de atlas (digitais ou impressos), a morfologia 
dos principais parasitos, seu ciclo biológico e todos os aspectos relaciona-
dos com sua patologia e profilaxia.
3) Nunca deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no 
Conteúdo Digital Integrador, pois eles vão enriquecer muito o seu 
conhecimento.
4) Queremos estimulá-lo a efetuar uma leitura desta unidade e enfatizar a 
importância de você também dedicar-se à consulta dos livros didáticos 
e dos trabalhos citados nas referências bibliográficas e nas e-referências, 
que tratam do tema de uma forma mais enriquecedora e abrangente.
5) Leia os conteúdos com atenção, grifando os termos mais importantes, e 
anote suas dúvidas, para que elas sejam sanadas.
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
1. INTRODUÇÃO
A Parasitologia é a ciência que estuda os parasitas, os seus 
hospedeiros e as relações entre eles. Engloba os filos Protozoa 
(protozoários) do reino protista e, do reino animal, engloba os 
filos Nematoda (nematóides), Annelida (anelídeos), Platyhelmin-
thes (platelmintos) e Arthropoda (artrópodes).
Essa ciência tem como objetivos principais:
1) tratar dos sintomas provocados por parasitas;
2) desenvolver tratamentos contra esses agentes;
3) identificar os processos de desenvolvimento de epide-
mias parasitárias;
4) criar métodos de profilaxia das doenças causadas pe-
los parasitas em seres humanos e animais.
Esta obra de Parasitologia foi elaborada para fornecer ao 
aluno os conhecimentos necessários para a compreensão das 
relações entre os parasitas e seus hospedeiros e para a identifi-
cação das principais doenças parasitárias que afetam os animais 
e a humanidade, principalmente os países subdesenvolvidos e 
em desenvolvimento.
A identificação do parasita e aspectos como morfologia, 
transmissão, ciclo biológico, patogenia, diagnóstico, epidemiolo-
gia, tratamento e profilaxia serão discutidos no decorrer desta 
obra.
Começaremos nossos estudos abordando alguns tópicos 
principais na biologia dos parasitos e dos protozoários, principal-
mente daqueles causadores de doenças em humanos.
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.
2.1. INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA
Em um sentido amplo, consideram-se como parasitas to-
dos os vírus, algumas espécies de bactérias, de fungos, de proto-
zoários, de platelmintos, de nematelmintos, de artrópodes e de 
algas microscópicas.
No estudo da Parasitologia, por convenção, são alocadas 
somente algumas espécies de protozoários, helmintos e artrópo-
des. Os vírus e os fungos são estudados em um capítulo à parte.
Nomenclatura dos parasitos
A partir da classificação das espécies segundo Charles Li-
neu (1707-1778), as espécies de parasitos foram organizadas 
na seguinte ordem: em gêneros → famílias → classes → filos → 
reinos.
Por convenção, foram criados e organizados os critérios 
que seriam usados para classificar os seres vivos, e a taxonomia 
aplicou esses critérios dividindo-os em categorias (táxons).
Como a classificação se baseia na nomenclatura binomial 
de Lineu, é de extrema importância que respeitemos as normas 
criadas por esse importante taxonomista e citemos os nomes 
científicos de forma adequada.
23© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
A nomenclatura de espécie é obrigatoriamente binominal 
(2 epítetos), sendo o primeiro deles a designação de gênero. Sua 
grafia deve obedecer à colocação de ambos em destaque, repre-
sentado por letras em itálico ou sublinhado, sendo as palavras 
correspondentes de origem latina ou latinizadas (portanto sem 
nenhum acento) e sendo a primeira letra referente ao gênero 
grafada em maiúsculo. Quando uma espécie já tiver sido citada 
no texto, as demais vezes em que ela for escrita poderão ser fei-
tas de forma que o termo correspondente ao gênero seja abre-
viado (com apenas a primeira letra seguida de ponto). Exemplo: 
Giardia lamblia ou Giardia lamblia (1ª Citação) e G. lamblia ou G. 
lamblia (2ª citação).
Essa norma é válida para todo o mundo, em todos os 
idiomas.
Interações dos seres vivos e principais tipos de parasitismo
Individualmente, todos os seres vivos nascem, se alimen-
tam, crescem, reproduzem-se, envelhecem e morrem. Contudo, 
sua espécie precisa se adaptar e evoluir para permanecer como 
uma população ou grupo. Os fatores que regulam esses fenô-
menos individuais e populacionais têm por finalidade permitir a 
cada indivíduo a melhor forma de obtenção de alimento e abri-
go. Por isso, muitas espécies passam a conviver num mesmo am-
biente, gerando associações ou interações que podem não inter-
ferir entre si. Essas associações podem ser:
1) Harmônicas ou positivas, quando há benefício mútuo 
ou ausência de prejuízo mútuo.
2) Desarmônicas ou negativas, quando há prejuízo para 
algum dos participantes da interação.
24 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Sendo assim, são consideradas relações harmônicas o co-
mensalismo, o mutualismo e a simbiose. Em contrapartida, são 
consideradas como desarmônicas a competição, o canibalismo, 
o predatismo e o parasitismo.
Atualmente temos a definição de parasitas como sendo or-
ganismos que vivem em associação com outros organismos, dos 
quais retiram os meios para a sua sobrevivência, e que normal-
mente prejudicam o seu hospedeiro.
Essa é a definição para a relação entre parasita e hospe-
deiro, sendo a Parasitologia a ciência que estuda essa delicada 
relação entre eles.
Os principais tipos de parasitismos que ocorrem entre os 
seres vivos são:
1) Acidental: acontece quando o parasita é encontrado 
em um hospedeiro anormal ao esperado.
2) Errático: ocorre quando o parasita se encontra fora de 
seu hábitat normal.
3) Obrigatório: é o tipo clássico de parasitismo, em que o 
parasita é incapaz de sobreviver sem seu hospedeiro. É 
o que acontece com quase todos os parasitas.
4) Proteliano: representa uma forma de parasitismo ex-
clusiva deestágios larvares. Em idade adulta, são de 
vida livre.
5) Facultativo: é o caso de algumas espécies que podem 
ter um ciclo em sua totalidade de vida livre e, opcional-
mente, podem ser encontrados em estado parasitário.
25© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Principais métodos laboratoriais para detecção de parasitos
Há uma grande variedade de materiais que podem ser usa-
dos para a detecção e identificação de parasitas. Os mais usados 
são as amostras de fezes (protozoários e helmintos) e esfregaços 
sanguíneos (tripanossomas e microfilárias). Podem ser usados, 
também, lesões de pele, escarro, secreções vaginais e uretrais, 
sedimento urinário, liquor cefalorraquidiano e biópsias de teci-
dos (MOURA et al., 2002).
Os métodos empregados podem ser:
• diretos: quando há o encontro do próprio parasita ou 
de uma de suas formas evolutivas;
• indiretos: quando são empregados métodos para de-
tecção de anticorpos produzidos pelo hospedeiro con-
tra os parasitos.
As formas parasitárias possuem morfologia e tamanho di-
ferentes, dependendo da sua espécie. Assim, o método utiliza-
do deverá levar em conta esses fatores. Destacam-se, entre os 
métodos:
1) Exame direto a fresco: pesquisa de trofozoítos de pro-
tozoários em fezes frescas e diarreicas, diluídas em so-
lução fisiológica.
2) Método de Hoffmann ou Lutz, ou sedimentação: fun-
damenta-se na sedimentação de ovos pesados e larvas 
de helmintos em água.
3) Métodos de Faust e colaboradores: centrifugação e 
flutuação de ovos leves e cistos em uma solução salina 
de ZnSO4 (densidade 1.182).
26 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
4) Método de Willis: fundamenta-se na flutuação de ovos 
leves em uma solução saturada de cloreto de sódio 
(densidade 1.200).
5) Método de Rugai e Método de Baermann: utilizam o 
termo-hidrotropismo das larvas de nematelmintos 
com a ajuda da gravidade.
6) Método de Ritchie: centrifugação e sedimentação de 
estruturas parasitárias e utilização de formol-éter.
7) Método de Sheater: centrifugação e flutuação de pos-
síveis estruturas parasitárias em uma solução de glico-
se de densidade de 1.235 a 1.500.
8) Esfregaço delgado corado pelo Giemsa e gota es-
pessa corada: utilizam o sangue para pesquisa de 
microfilárias.
9) Método de Strout: visa à concentração de parasitas 
presentes no sangue do hospedeiro e sua identificação.
10) Xenodiagnóstico: fundamenta-se em investigar a pre-
sença de parasitas nas fezes ou no conteúdo intestinal 
dos insetos vetores, criados em laboratórios, e alimen-
tados com o sangue de indivíduos que serão testados.
11) Método de Hall: pesquisa de ovos de Enterobius 
vermicularis após raspagem da região anal com papel 
celofane.
Mecanismo de ação de alguns dos principais fármacos 
antiparasitários
Os animais, especialmente os mamíferos, desenvolveram 
táticas muito eficientes para combater os parasitas invasores, e 
27© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
estes, por sua vez, aprimoraram meios para fugir das defesas do 
hospedeiro.
As infestações parasitárias são causas de grandes preocu-
pações na medicina veterinária, pois afetam também animais do-
mésticos e silvestres (RANG et al., 2007; BRANDÃO NETO, 2009).
Alguns dos principais fármacos antiparasitários utilizados 
atualmente, bem como seus mecanismos de ação, estão descri-
tos a seguir:
1) Antimoniato de n-metil glucamina: apresenta ativida-
de leishmanicida. O mecanismo de ação é pouco co-
nhecido, mas acredita-se que esse medicamento atue 
na inibição de várias enzimas de Leishmania sp.
2) Albendazol: degenera os microtúbulos no citoplasma e 
no tecido tegumentar dos vermes.
3) Benzinidazol: acredita-se que esse fármaco tenha ação 
no DNA, em proteínas e nos lipídeos, provocando a ini-
bição do crescimento dos parasitos.
4) Benzoato de benzila: age no sitema nervoso do parasi-
to, causando-lhe a morte.
5) Biothinol: interfere na fisiologia neuromuscular de hel-
mintos, prejudicando a formação de ovos dos parasi-
tos e causando má formação dos vermes.
6) Deltametrina: possui ação seletiva sobre ectoparasi-
tas, penetrando seus exoesqueletos e causando sua 
morte.
7) Desidroemetina: agem bloqueando a síntese proteica.
8) Dietilcarbamazina: age imobilizando as microfilárias 
e alterando sua estrutura de superfície, tornando-as 
mais suscetíveis à destruição pelo sistema imunológico 
28 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
do hospedeiro. Contra vermes adultos o modo de ação 
ainda é desconhecido.
9) Estibogliconato de sódio: mecanismo ainda desconhe-
cido. A droga se concentra no retículo endotelial e pa-
rece afetar o metabolismo do parasita.
10) Espiramicina: atua em ribossomos dos parasitas, ini-
bindo a síntese de proteínas.
11) Furoato de diloxanida: atua eliminando apenas as for-
mas do parasita presentes na luz intestinal.
12) Ivermectina: provoca a imobilização do verme por 
meio de uma paralisia tônica muscular. 
13) Mebendazol: provoca degeneração nos microtúbulos 
do citoplasma dos parasitos, alterando o aproveita-
mento de glicose.
14) Metronidazol: indicado na amebíase invasiva do fí-
gado e intestino, porém, não é muito efetivo na luz 
intestinal.
15) Nifurtimox: atua gerando radicais livres muito tóxicos 
para T. cruzi.
16) Nitroimidazol: derivado do metronidazol, com proprie-
dades semelhantes a este.
17) Oxamniquine: atua deslocando os parasitos das veias 
mesentéricas para o fígado, onde o parasito é morto 
pelas defesas do hospedeiro.
18) Pamoato de Pirantel: atua bloqueando os impulsos 
neuromusculares do parasito.
19) Paromomicina: atua nas porinas da membrana plas-
mática externa dos parasitas, causando-lhes a morte.
29© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
20) Pirimetamina: inibe enzimas e altera a produção de 
proteínas dos protozoários.
21) Piperazina: bloqueia os movimentos musculares do 
parasita, causando-lhe paralisia. Dessa forma, os movi-
mentos intestinais do hospedeiro conseguem eliminar 
os parasitas.
22) Piretrinas: agem nas membranas das células nervosas 
dos parasitas.
23) Praziquantel: age aumentando a permeabilidade das 
membranas celulares dos parasitos, causando a perda 
de cálcio e a morte dos parasitos.
24) Sulfadoxina: usada em combinação com pirimetamina. 
Inibem a produção de enzimas e a produção do ácido 
fólico pelos parasitas.
25) Tetraetiltiuram: apenas para uso externo, na pele. 
Ação contra piolho, sarna e carrapato.
26) Tiabendazol: inibe a produção de enzimas pelos hel-
mintos. Tem ação vermicida contra larvas e ovos. Pos-
sui moderado efeito antifúngico e sarnicida.
27) Tinidazol: ação antiprotozoária, semelhante ao 
metronidazol.
2.2. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS PROTOZOÁRIOS PARASI�
TAS
Os protozoários são organismos microscópicos cuja classi-
ficação taxonômica é feita com base em suas estruturas de lo-
comoção. Eles são agrupados em um reino denominado reino 
protista. São seres eucariontes, a maioria é heterótrofa, embora 
alguns sejam autótrofos. Podem ser divididos em quatro gru-
30 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
pos distintos: flagelados, ameboides, formadores de esporos e 
ciliados.
Dependendo da sua atividade fisiológica, algumas espécies 
possuem fases bem definidas:
• Trofozoíto: é a forma ativa do protozoário, na qual ele 
se alimenta e se reproduz.
• Cisto: é a sua forma de resistência ou inativa.
Os principais parasitas flagelados cavitários (que parasitam 
órgãos e vísceras ocas do hospedeiro) são Giardia lamblia e 
Trichomonas vaginalis.
Já os flagelados teciduais mais importantes (que parasitam 
tecidos do hospedeiro) são do gênero Leishmania e do gênero 
Trypanosoma.
Gênero Trypanosoma
Para os humanos, os mais importantes parasitas nesse gê-
nero são o T. brucei (T. brucei rhodesiense e T. brucei gambien-
se), transmitidos por moscas do gênero Glossina, que é exclusivo 
da África, sendo responsáveispela tripanossomíase africana ou 
doença do sono; e o Trypanossoma cruzi, transmitido pelo inseto 
triatomíneo conhecido como bicho barbeiro, que determina a 
doença de Chagas ou tripanossomíase americana.
Doença de Chagas –––––––––––––––––––––––––––––––––
A doença de Chagas é uma anfixenose, pois afeta também animais domésti-
cos e selvagens em toda Ásia, África e Américas do Sul e Central (BRUGES 
et al., 2012). O curso clínico da doença é dividido em duas fases: aguda e 
crônica, e pode se manifestar de diversas maneiras. Foi descoberta em 1909 
por Carlos Chagas.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
31© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Morfologia
No hospedeiro invertebrado, são encontradas:
• Formas amastigotas: são arredondadas com flagelo cir-
cundando o corpo, presentes no estômago e intestino 
do triatomíneo.
• Formas epimastigotas: são fusiformes, com cineto-
plasto entre o núcleo e a região de exteriorização do 
flagelo, núcleo central, flagelo intracitoplasmático, de-
terminando uma pequena membrana ondulante que se 
exterioriza na região anterior. Estão presentes em todo 
o intestino e são responsáveis pela multiplicação na luz 
do tubo digestivo do hospedeiro.
• Formas tripomastigotas: formas fusiformes, núcleo 
central, com cinetoplasto volumoso localizado na região 
posterior, flagelo intracitoplasmático, surgindo próximo 
ao cinetoplasto, que, margeando a membrana plasmá-
tica, forma uma longa membrana ondulante, indo se 
exteriorizar na região anterior. Estão presentes no reto, 
sendo esta a forma natural da transmissão vetorial.
Todas as três formas citadas (figuras de 1 a 4) interagem 
com células do hospedeiro vertebrado, mas apenas as epimasti-
gotas não se desenvolvem e nem se multiplicam nelas.
32 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Figura 1 Morfologia do agente causador da Doença de Chagas.
Figura 2 Forma tripomastigota de T. cruzi em esfregaço sanguíneo corado pelo Giemsa.
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Figura 3 Formas amastigotas de T. cruzi em esfregaço sanguíneo corado pela 
Hematoxilina Eosina.
Figura 4 Formas epimastigotas de T. cruzi em cultura.
34 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Transmissão
A transmissão do parasita é estercoral, ou seja, pelas fezes 
do triatoma, pela via transfusional, pela via transplacentária e 
por via do aleitamento materno. Todos esses modos de trans-
missão são feitos pela forma tripomastigota.
Ciclo biológico
Ao picar o hospedeiro definitivo, como o homem, o cão, o 
tatu etc., o inseto defeca próximo ao local da picada, onde sua 
saliva provocará uma reação alérgica, que fará com que a vítima 
coce o local e transporte junto as fezes do vetor. Nessas fezes se 
encontra o tripomastigota metacíclico, que, ao cair na corrente 
sanguínea do hospedeiro, é chamado de tripomastigota.
O tripomastigota permanece por pouco tempo na corrente 
circulatória e logo ataca as células. Ao entrar nas células, este 
perde seu flagelo e se transforma na forma amastigota.
Os amastigotas vão sofrer divisão binária, causando lise ce-
lular. O produto dessa reprodução cairá novamente no sangue, 
na forma de tripomastigotas, que podem atacar outras células 
ou serem absorvidos por um novo inseto, por meio da picada.
No barbeiro, os tripomastigotas serão transformados em 
epimastigotas no intestino e sofrerão novamente divisão binária, 
transformando-se em tripomastigotas metacíclicos infectantes, 
que serão liberados pelas fezes formadas do Triatoma, reinician-
do o ciclo (NEVES, 2004).
É possível observar todo esse ciclo na Figura 5:
35© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Figura 5 Esquema do ciclo biológico do agente causador da doença de Chagas.
Patogenia
A patogenia do gênero Trypanosoma é subdividida em 
duas fases clínicas:
• Aguda (maior número de parasitas): é a fase inicial, de 
curta duração (2 a 3 meses) e mais grave. Nela já exis-
te uma porta de entrada aparente: ela pode ser ocular, 
com um edema bipalpebral, que, às vezes, se expande 
até a face (sinal de Romaña); ou cutânea, com uma for-
mação ligeiramente saliente, eritematosa, dura e inco-
lor (Chagoma de inoculação). Em função da estimulação 
do sistema monocítico fagocitário, poderemos encon-
trar hepatoesplenomegalia, que se associa à febre de 
intensidade variável, cefaleia e mal-estar.
36 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
• Crônica (menor número de parasitas): quando há uma 
redução importante do parasitismo, decorrente de 
imunidade protetora parcial, as manifestações clínicas, 
quando encontradas, cessam e o paciente pode evoluir 
para cura clínica, mas não parasitológica. Do ponto de 
vista clínico, podemos encontrar:
a) Forma indeterminada: caracteriza-se pela assintoma-
tologia e pela normalidade fisiológica nos exames fun-
cionais tradicionais. Nessa classificação estão a maioria 
dos casos de infecção pelo T. cruzi em seres humanos.
b) Forma sintomática: nesta fase, o número de parasitas 
é muito baixo. Ainda assim, encontramos lesões infla-
matórias progressivas, mesmo na ausência local de 
formas parasitárias. Essa fase é determinada pela des-
truição de plexo, principalmente parassimpático, com 
destaque para o tubo digestivo e coração (REY, 2009).
Diagnóstico
O diagnóstico parasitológico se dá pelos seguintes exames:
1) Visualização de formas tripomastigotas no sangue (pa-
cientes agudos → aumento da parasitemia), através 
do exame direto a fresco e do esfregaço corado pelo 
Giemsa.
2) Método de Strout.
3) Xenodiagnóstico.
4) Métodos imunológicos – hemaglutinação indireta, 
imunofluorescência, Elisa.
37© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Epidemiologia
Segundo dados recentes da organização Mundial da Saúde 
(OMS), a prevalência da doença de Chagas está em torno de 16 
a 18 milhões de habitantes, em 18 países, causando 21.000 mor-
tes anuais e uma incidência anual de 300.000 novos casos. No 
Brasil, cerca de 6 milhões de habitantes são infectados, princi-
palmente, nos estados nordestinos, além de Minas Gerais, Mato 
Grosso, Goiás e Rio Grande do Sul.
Apesar de existirem infecções silvestres em todo Brasil, 
essa endemia em humanos se concentra nas regiões citadas 
em função da presença de triatomíneos nas casas da população 
(NEVES, 2004). Embora todas as espécies de vetores submeti-
dos a testes em laboratórios poderem se infectar com o T. cruzi, 
apenas algumas espécies em condições naturais têm importân-
cia epidemiológica. Essas espécies pertencem, quase sempre, 
aos mosquitos dos gêneros Triatoma, Pastrongylus, Rhodnius, 
Psammolestes, Cavernicola, Eratyrus e Parabelminus. Dentre 
eles, os 3 primeiros são os mais importantes.
Epidemiologicamente, as espécies vetoras podem ser clas-
sificadas em 3 categorias:
1) Espécies estritamente silvestres: são encontradas uni-
camente em hábitos silvestres e associadas a alguns 
vertebrados.
2) Espécies semidomiciliárias ou peridomiciliárias: vivem 
em hábitats silvestres, mas invadem as casas e seus 
anexos. Exemplos: Rhodnius neglectus, Triatoma 
brasiliensis, T. pseudomaculata, e T. sórdida, P. megys-
tus e T. maculata.
3) Espécies predominantemente domiciliárias: adaptam-
-se a certos tipos de moradias na zona rural e urbana e, 
38 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
por isso, são o grupo de insetos de maior importância 
para a transmissão do T. cruzi ao ser humano. Exem-
plos: R. prolixus, T. infestans (REY, 2009).
Profilaxia
É preciso promover a educação de todas as populações, 
em especial as que são afetadas pela doença; melhorias nas con-
dições de moradia; a desinsetização das residências; a elimina-
ção de reservatórios domésticos; o tratamento dos infectados 
com casos agudos; e o controle rígido dos doadores de sangue.
Tratamento
Nifurtimox e benzinidazol (GOLDMAN;AUSIELLO, 2005).
Leishmaniose tegumentar
As leishmanioses são infecções causadas por protozoá-
rios pertencentes ao gênero Leishmania. As espécies que fazem 
parte desse grupo são parasitas heteroxênicos. Os hospedeiros 
vertebrados são, principalmente, mamíferos. Os hospedeiros in-
vertebrados são constituídos por insetos dos gêneros Phleboto-
mus no Velho Mundo (África, Europa e Ásia) e Lutzomyia e 
Psychodopigus nas Américas (Rey, 2009).
No hospedeiro vertebrado, somente são parasitadas as 
células pertencentes ao sistema fagocitário mononuclear (ma-
crófagos, células de Langerhans, células dendríticas, histiócitos, 
células de Kupffer e outras). Apesar de existirem várias espécies 
de Leishmanias no Brasil, as três mais importantes são:
39© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
1) A L. braziliensis: causa lesões cutâneas mucosas; causa 
a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA).
2) A L. amazonensis: causa lesões cutâneas e, ocasional-
mente, a forma cutâneo-difusa, associada a roedores 
silvestres e marsupiais; causa a Leishmaniose Tegu-
mentar Americana (LTA).
3) A L. chagasi (antigamente conhecida como L. donovani): 
causa a forma visceral e mais grave da doença, a Leish-
maniose Visceral (LV), ou calazar.
Morfologia
De acordo com a fase do ciclo de vida, o parasito pode 
apresentar duas formas estruturais:
• Promastigota: possui de 14 a 20 µm de comprimento 
por 1,5 a 4 µm de largura, formato fusiforme, núcleo 
localizado entre o centro e terço final, cinetoplasto em 
forma de bastão entre o núcleo e região anterior, com 
flagelo exteriorizado nessa região.
• Amastigota: de 2 a 6 µm de comprimento, por 1 a 3 µm 
de largura, formato ovoide ou esférico, núcleo único e 
central, cinetoplasto justanuclear, em forma de bastão, 
flagelo apresentado em pequena porção extracelular, 
que só é vista em microscopia eletrônica.
Transmissão
A transmissão ocorre por meio da inoculação de formas 
promastigotas, por regurgitação feita pelo mosquito fêmea fle-
botomínio, no ato da hematofagia.
40 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Ciclo biológico
O hospedeiro vertebrado é normalmente infectado por in-
trodução de formas promastigotas contidas nas glândulas saliva-
res e eliminadas na saliva de fêmeas de flebotomíneos (gênero 
Plebotomus ou gênero Lutzomyia).
As formas promastigotas são introduzidas em tecido local, 
não em nível vascular. Dessa forma, são fagocitadas por macró-
fagos teciduais e, no interior de seu vacúolo digestivo, se trans-
formam em amastigota, passando a se multiplicar por sucessivos 
processos de divisão binária, gerando um número indefinido de 
parasitas. Após esse período, o macrófago se rompe, liberan-
do as formas do parasita, que são fagocitadas por macrófagos. 
Normalmente algumas dessas formas parasitárias caem em va-
sos, sendo fagocitadas por macrófagos profundos. Os parasitas 
responsáveis pelas leishmanioses tegumentares não se adap-
tam a macrófagos profundos (viscerais) e restringem seu ciclo 
de multiplicação ao território superficial. Por sua vez, as formas 
que determinam a leishmaniose visceral se adaptam mais aos 
macrófagos profundos e têm dificuldade de multiplicação nos 
macrófagos superficiais.
Para uma representação de todo esse processo, veja a Fi-
gura 6:
41© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Figura 6 Esquema do ciclo biológico do agente causador da leishmaniose.
A infecção do hospedeiro invertebrado (flebotomíneos) 
ocorre por ingestão de formas amastigotas livres ou no interior 
de macrófagos, situados no sangue (leishmaniose visceral) ou 
em tecido adjacente (leishmaniose tegumentar). No sistema di-
gestório do inseto, as formas amastigotas se transformam em 
promastigotas e se multiplicam por divisão binária longitudinal. 
Algumas das formas migram para as glândulas salivares, o que 
possibilitará a infecção dos hospedeiros vertebrados (CIMER-
MAN; CIMERMAN, 2005).
Patogenia
O Sistema Imunológico (SI) do hospedeiro vertebrado induz 
respostas complexas à ação dos parasitas do gênero Leishmania. 
No início da infecção, as células destruídas pela probóscide do 
42 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
inseto e a saliva inoculada atraem para a área células fagocitárias 
mononucleares, como os macrófagos.
Quando fagocitadas, as formas promastigotas se transfor-
mam em amastigotas e sofrem divisões binárias sucessivas, e 
mais macrófagos são atraídos para o local, fixam-se e são infecta-
dos. A lesão inicial é manifestada por um infiltrado inflamatório 
composto principalmente de linfócitos e macrófagos na derme, 
os quais são saturados de parasitos.
Várias formas podem ser vistas na LTA, variando de uma 
lesão autorresolutiva a lesões desfigurantes. Essa variação está 
intimamente ligada ao estado imunológico do paciente e às es-
pécies de Leishmania envolvidas (REY, 2009).
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser de dois tipos:
1) Parasitológico: pesquisas de formas amastigotas no 
sangue do infectado, nas lesões ou na medula óssea 
por meio do esfregaço corado pelo Giemsa.
2) Imunológico: pesquisa de anticorpos (IgM, IgG) por 
meio dos métodos de Elisa e Rifi ou Reação Intradér-
mica (em casos de leishmaniose tegumentar).
Epidemiologia
As leishmanioses são doenças cosmopolitas. Mais de 90% 
dos casos de leishmaniose visceral (LV) se encontram no Brasil, 
em Bangladesh, na Índia e no Sudão. No caso da leishmaniose 
tegumentar (LT), mais de 90% dos casos ocorrem no Brasil, Afe-
ganistão, Irã, Arábia Saudita e Síria.
43© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
O mecanismo passivo cutâneo, que ocorre com a picada 
do inseto, é a forma de contágio mais frequente. A LV pode, rara-
mente, ser transmitida por via transplacentária em humanos. Do 
ponto de vista epidemiológico, a transmissão por via transfusio-
nal não é significativa.
Profilaxia
São necessários:
• O tratamento dos doentes.
• O combate ao mosquito.
• A eliminação dos animais infectados que atuam como 
reservatórios.
• A utilização de equipamentos de proteção individual 
quando houver penetração em áreas com histórico da 
doença.
• A construção de casas em locais distantes de áreas 
florestais.
• A utilização de telas mosquiteiras nas janelas das casas 
próximas a matas ou florestas.
• A vacinação de cães contra a leishmaniose.
Tratamento
Estibogliconato de sódio, antimoniato de N-metil glucami-
na (GOLDMAN; AUSIELLO, 2005).
Giardíase
A giardíase é uma infecção intestinal provocada pela 
Giardia, um protozoário flagelado que habita o intestino delga-
44 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
do de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. No mundo todo, essa 
doença é a maior causadora de diarreia por água e alimentos 
contaminados (NEVES, 2004).
Morfologia
No tocante à morfologia, é preciso mencionar a seguinte 
distinção:
•	 Trofozoita: de 10 a 20 µm de comprimento por 5 a 
15 µm de largura. Tem aspecto piriforme, uma si-
metria bilateral e na face ventral existe um disco 
ventral ou adesivo, em cujo interior encontramos 
quatro pares de flagelos originários de blefaroplas-
to específico e que se exteriorizam após percor-
rerem o citoplasma, dois axonemas, corpos para-
basais (corpúsculos de Golgi) e dois núcleos com 
cariossoma central.
•	 Cistos: são ovoides, medem cerca de 12 µm de com-
primento por 8 µm de largura. Com exceção das mi-
tocôndrias, todas as estruturas dos trofozoítas são 
encontradas no cisto, mas de forma desorganizada.
Transmissão
A transmissão se dá pela ingestão via oral de cistos, prin-
cipalmente por água, alimentos ou fômites contaminados com 
material fecal.
Ciclo biológico
O curso biológico segue as seguintes etapas:
45© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
1) O hospedeiro se contamina pela ingestão de alimen-
tos, água ou qualquer fômite contaminado.
2) O desencistamento se inicia noestômago (meio ácido) 
e termina no duodeno e jejuno.
3) Ocorre a colonização do intestino delgado pelos 
trofozoítos.
4) O parasita se encista, principalmente, na região do 
ceco.
5) Eliminação das fezes com o parasito para o meio 
externo.
6) Quando coloniza o intestino, o parasita se adere à mu-
cosa intestinal por meio do disco suctorial ou ventral 
e produz uma irritação. Assim, a área de absorção da 
mucosa intestinal torna-se reduzida, podendo resultar 
num quadro de má-absorção.
A infecção por Giardia torna-se mais grave em pacientes 
com acidez gástrica reduzida ou em pessoas imunodeprimidas. 
Ocorre com maior frequência entre crianças menores de cinco 
anos e diminui muito após a adolescência.
Para uma visualização melhor do ciclo, observe a Figura 7:
46 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Figura 7 Esquema do ciclo biológico do agente causador da giardíase.
Diagnóstico
Para o diagnóstico, realiza-se uma pesquisa de trofozoítos 
em fezes diarreicas, por meio do exame direto a fresco. Nas fezes 
moldadas, encontramos um grande número de cistos; por isso, 
47© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
os métodos mais sensíveis são o de Faust e cols. e o de Ritchie. 
Para aumentarmos as chances de diagnóstico, é preconizado o 
exame em três amostras diferentes de fezes.
Epidemiologia
A giardíase é uma parasitose cosmopolita, encontrada 
principalmente entre crianças de oito meses a 10-12 anos. A alta 
prevalência observada em crianças pode ser devida à falta de há-
bitos higiênicos inerentes a essa idade. No indivíduo adulto, uma 
infecção desse parasito pode conferir um grau de resistência às 
infecções subsequentes.
É encontrada, mais frequentemente, em regiões tropicais e 
subtropicais e entre pessoas de baixo nível econômico. No Brasil, 
sua prevalência é de 4% a 30%. A Giardia sp tem sido reconheci-
da como um dos agentes etiológicos da “diarreia dos viajantes”, 
que acomete as pessoas que viajam para zonas endêmicas.
Um dos meios de transmissão recentemente relatado é a 
atividade sexual praticada sem proteção, provavelmente resulta-
do da transmissão fecal-oral (MARKELL; JOHN; KROTOSKI, 2003).
Profilaxia
São recomendados:
• Medidas básicas de higiene pessoal.
• Destino correto dos dejetos humanos.
• Proteção dos alimentos e tratamento da água.
48 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Tratamento
Nitroimidazol, metronidazol e o tinidazol (GOLDMAN; AU-
SIELLO, 2005).
Tricomoníase
A tricomonose ou tricomoníase é uma doença da via ge-
niturinária provocada pelo parasita flagelado denominado 
Trichomonas vaginalis. É uma doença sexualmente transmissível 
(DST) muito frequente no mundo.
Morfologia
O trofozoíto (forma adulta ou ativa do protozoário) é a úni-
ca forma evolutiva existente, que tem de 10 a 30 µm de compri-
mento por 5 a 12 µm de largura. Seu aspecto típico é piriforme 
ou ameboide, com quatro flagelos livres, axóstilo, flagelo recor-
rente que forma membrana ondulante.
Transmissão
A tricomoníase é a DST não viral mais comum em todo 
o mundo. A transmissão sexual é o modo mais evidente de in-
fecção. Mesmo infectadas, algumas pessoas não apresentam 
nenhum sintoma clínico da doença e continuam a se relacionar 
sexualmente. Isso prejudica muito a sua prevenção.
Há outras formas de transmissão menos frequentes, como 
o parto ou por fômites como: roupas de cama e de banho e as-
sentos de vasos sanitários (REY, 2009).
49© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Ciclo biológico
O homem é o único hospedeiro natural conhecido.
O parasita é monoxênico e se reproduz nas mucosas das 
vias urinárias e genitais na forma de trofozoítos, com ciclo bio-
lógico direto. A infecção ocorre por meio da relação sexual sem 
proteção, na qual os trofozoítos podem ser transmitidos entre 
os parceiros sexuais. Nas cavidades genitais e urinárias, os trofo-
zoítos se multiplicam por divisão binária longitudinal mantendo 
a infecção.
Observe a Figura 8 para ter uma visão geral do ciclo:
50 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Figura 8 Esquema representativo do ciclo biológico do agente causador da 
tricomoníase.
Patogenia
Apesar de atingir todo o sistema geniturinário de homens 
e mulheres, alguns indivíduos do sexo masculino são assintomá-
ticos a essa infecção.
Na mulher, a doença varia da forma assintomática ao es-
tado agudo. A infecção provoca uma vaginite que se caracteriza 
51© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
por um corrimento vaginal fluido, abundante, de cor amarelo-es-
verdeada e odor fétido, mais comumente no período pós-mens-
trual. Isso acarreta dor e dificuldade para as relações sexuais e 
para urinar.
No homem, é comumente assintomática. Quando é sinto-
mática, apresenta uma uretrite com fluxo leitoso ou purulento 
e uma leve sensação de coceira na uretra, causando ardência 
miccional.
Diagnóstico
Para diagnóstico, são utilizados:
• Pesquisa de trofozoítos por meio dos métodos de Con-
centração e exame direto a fresco.
• Exame citológico por meio da coloração de Shorr ou 
Papanicolau.
• Pesquisa de trofozoítos no corrimento genital ou uretral.
Epidemiologia
Como DST mais comum em todo o mundo, a tricomoníase 
acomete cerca de 170 milhões de pessoas por ano. A incidência 
da infecção depende de vários fatores. Sua distribuição é cos-
mopolita e a chance de infecção está diretamente relacionada 
ao número de parceiros sexuais e à falta de conhecimento e au-
sência da utilização de práticas de prevenção. O T. vaginalis não 
apresenta forma cística e por isso não apresenta muita resistên-
cia no meio externo ao hospedeiro. Assim, sua forma de infecção 
é praticamente a forma passiva genital.
52 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Gestantes infectadas pela T. vaginalis podem transmitir 
a infecção na passagem pelo canal de parto. Outras formas de 
transmissão são relatadas, mas sem muita importância epide-
miológica (NEVES, 2004).
Profilaxia
Destacam-se os seguintes elementos:
• A base principal são os aspectos relacionados à educa-
ção sanitária da população.
• Como se trata de uma DST, o tratamento de infectados 
deve ser feito no casal.
• É importante também focar o tratamento nas popula-
ções-alvo, como os profissionais do sexo.
Tratamento
Metronidazol (GOLDMAN; AUSIELLO, 2005).
Amebíase
Os amebídeos são, evolutivamente, um dos mais antigos 
grupos de organismos existentes. Conseguiram se adaptar gra-
dualmente a um grande número de hospedeiros e podemos en-
contrar as seguintes espécies parasitando humanos: Entamoeba 
gingivalis (cavidade oral); a Iodamoeba bütschlli, Endolimax nana, 
Entamoeba coli, Entamoeba hartmanni e Entamoeba histolytica 
(no intestino grosso). Outras amebas de vida livre, em determi-
nadas situações, podem determinar doença humana, caracteri-
zada principalmente por meningoencefalite granulomatosa.
53© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Dessas espécies, a única de interesse médico para huma-
nos é a Entamoeba histolytica (REY, 2009).
Morfologia
No tocante à morfologia, é preciso mencionar a seguinte 
distinção:
• Trofozoíta: varia de 10 a 60 µm, com média de 20 a 40 
µm. Quando coradas com hematoxilina férrica (HF), 
são visualizados o núcleo com cariossoma puntiforme 
e central e a cromatina nuclear fina e distribuída de 
forma uniforme na membrana nuclear. Quando inva-
de o tecido, apresenta vacúolos digestivos que contêm 
hemácias.
• Cisto: é a forma de resistência do parasita. São esféri-
cos, possuem de 8 a 20 µm de diâmetro e membrana de 
duplo contorno. Após coloração pelo Lugol ou HF, apre-
sentam de 1 a 4 núcleos, corpos cromatoides em forma 
de bastão e, em alguns casos, vacúolos de glicogênio.
Transmissão
O homem é a principal fonte de disseminação desses pa-
rasitas, mas alguns animais, como ratos, cães e macacos,podem 
ser parasitados por amebas semelhantes à E. histolytica. Em 
áreas onde há um predomínio de populações com nível socioe-
conômico baixo e com condições de higiene precárias, os insetos 
atuam como vetores mecânicos e contribuem para a transmis-
são dos cistos de E. histolytica.
Os mecanismos de transmissão da amebíase são:
54 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
• Transmissão direta: se dá por ingestão de cistos via 
fecal-oral.
• Transmissão indireta: acontece pela ingestão de água 
ou alimentos contaminados com material fecal. Os in-
setos também podem transportar os cistos maduros e 
eliminá-los em suas fezes.
Ciclo biológico
O ciclo de vida é monoxênico e relativamente simples:
1) Fezes humanas com cistos contaminam água e 
alimentos.
2) Ingestão via oral dos cistos.
3) Passagem pelo estômago.
4) Ocorre o desencistamento no intestino delgado.
5) Os trofozoítos colonizam o intestino grosso, podendo 
viver como:
a) comensal: aderidos à mucosa intestinal, se alimentan-
do de bactérias e detritos;
b) parasita: agressivo e invasivo para a mucosa intestinal 
ou determinando a amebíase extra-intestinal, que, por 
migração, invade outros tecidos e órgãos (fígado, pul-
mões, cérebro etc.);
6) Os trofozoítos se destacam da mucosa e se encistam.
7) Eliminação dos cistos junto com as fezes.
Observe uma representação do ciclo na Figura 9:
55© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Figura 9 Esquema do ciclo biológico do agente causador da amebíase.
Patogenia
Aproximadamente 90% dos indivíduos infectados por E. 
histolytica são assintomáticos, haja vista que a ameba perma-
nece como comensal no intestino grosso do hospedeiro. Nesses 
casos, não há invasão nem lesão tecidual, mas o parasito é ca-
paz de formar cistos que podem ser eliminados nas fezes. Ape-
56 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
nas 10% dos infectados desenvolverão a doença, pois o parasito 
pode invadir e colonizar a mucosa intestinal e, em seguida, ou-
tros órgãos.
Esse parasita apresenta uma elevada capacidade citolítica. 
Quando invadem os tecidos do intestino, os trofozoítos saem da 
forma diminuta e se transformam na forma magna, causando sé-
rias lesões originadas pela lise celular, pela necrose dos tecidos e 
pela degradação da matriz extracelular. A ameba pode migrar e 
afetar pulmões, fígado, diafragma, cérebro etc.
Diagnóstico
Para um diagnóstico laboratorial, são usados os seguintes 
procedimentos:
• Pesquisa de trofozoítos em fezes frescas ou diarreicas e 
pesquisa da forma magna em lesões da mucosa intesti-
nal após coleta por tubagem, ambos pelo exame direto 
a fresco.
• Pesquisa de formas císticas em fezes formadas, através 
do Método de Faust e cols.
Epidemiologia
Estima-se que existam, no mundo todo, cerca de 480 mi-
lhões de pessoas infectadas com a E. histolytica, dentre as quais 
10% apresentam formas invasoras, isto é, alterações intestinais 
ou extraintestinais.
A infecção pela E. histolytica é cosmopolita, sendo mais co-
mum em regiões de clima tropical e subtropical, principalmente 
onde não há boas condições sanitárias da população. O ecos-
sistema parasitário dessa ameba é composto pelo hospedeiro 
57© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
humano, que elimina os cistos nas fezes. Apesar de poder existir 
transmissão mecânica por insetos, sua importância epidemioló-
gica é baixa (REY, 2009).
Profilaxia
É preciso:
1) Dar uma destinação adequada aos dejetos humanos.
2) Ter boas práticas de higiene pessoal.
3) Ferver água para consumo e tratar indivíduos doentes.
4) Usar preservativos nas relações sexuais, pois a ame-
bíase é considerada também uma DST.
Tratamento
Furoato de diloxanida, paromomicina, metronidazol, desi-
droemetina (GOLDMAN; AUSIELLO, 2005; NEVES, 2004).
Malária
A malária é também conhecida como impaludismo, febre 
palustre, febre intermitente ou, de acordo com suas formas clí-
nicas, febre terçã benigna, febre terçã maligna e febre quartã. Os 
agentes causadores dessa patologia possuem como característi-
ca principal a presença de um complexo de penetração celular, 
conhecido como complexo apical, que é formado pelo anel polar, 
pelos micronemas e as roptrias. São organismos que se especia-
lizam e multiplicam-se no interior das células do hospedeiro e 
raramente em sua superfície.
Existem dezenas de espécies de plasmódios causadores 
da doença – todos são parasitas obrigatórios de vários animais. 
58 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
As espécies parasitas do homem são o Plasmodium vivax, P. 
falciparum, P. malariae e P. ovale. Raramente encontramos plas-
módios parasitas de símios infectando o homem.
A malária é uma parasitose de grande importância epide-
miológica, por ser responsável por um alto índice de incidência 
e mortalidade, principalmente nas áreas tropicais e subtropicais 
do planeta. A África, a Ásia, a Oceania e as Américas são os con-
tinentes mais afetados, sendo que cerca de 80% dos casos estão 
no continente africano. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira 
de Infectologia, as principais áreas endêmicas estão na Amazô-
nia Legal, que é responsável por mais de 99% dos casos do país.
Morfologia
As características morfológicas dos plasmódios são va-
riadas e dependem do estágio de desenvolvimento em que se 
encontram.
As formas evolutivas extracelulares que são capazes de 
invadir as células do hospedeiro são os esporozoítos, os mero-
zoítos e o oocineto. Todas elas apresentam um complexo apical 
formado por roptrias e micronemas, ambos envolvidos no pro-
cesso de penetração nas células do hospedeiro. Quando estão 
internalizados, os plasmódios adquirem as formas intracelulares, 
que são os trofozoítos, os esquizontes e os gametócitos.
Transmissão
No homem, a transmissão natural da malária se dá quan-
do as fêmeas (hematófagas) de mosquitos anofelinos 
(gênero Anopheles) infectadas com esporozoítos em suas glân-
59© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
dulas salivares inoculam essas formas infectantes durante o re-
pasto sanguíneo.
As fontes de infecção humana para os mosquitos são pes-
soas doentes ou mesmo indivíduos assintomáticos, que abrigam 
formas sexuadas do parasito. Alguns primatas não humanos po-
dem funcionar como reservatórios de P. malariae. A infecção na-
tural do homem com espécies de plasmódios vindas de macacos 
é pouco relatada.
Apesar de incomum, a infecção malárica pode ser trans-
mitida acidentalmente, por meio de transfusão sanguínea, com-
partilhamento de seringas contaminadas e em acidentes em 
laboratórios. A infecção congênita tem sido também raramente 
descrita.
Ciclo biológico
A infecção inicia-se quando os parasitos (esporozoítos) são 
inoculados na pele do hospedeiro pela picada do vetor (Ano-
pheles, Figura 10). Eles invadem os hepatócitos. Nessas células, 
multiplicam-se e dão origem a milhares de novos parasitos (me-
rozoítos), que rompem os hepatócitos e, assim que entram na 
circulação sanguínea, invadem as hemácias, dando início à se-
gunda fase do ciclo, chamada de esquizogonia sanguínea. É nes-
sa fase que aparecem os sintomas da malária.
60 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Figura 10 Mosquito do gênero Anopheles, causador da malária.
O desenvolvimento do parasito nas células do fígado re-
quer, aproximadamente, uma semana para o P. falciparum e P. 
vivax e cerca de duas semanas para o P. malariae. Nas infecções 
por P. vivax e P. ovale, alguns parasitos se desenvolvem rapida-
mente, enquanto outros ficam em estado de latência no hepató-
cito. São, por isso, denominados hipnozoítos (do grego hipnos, 
sono), e são responsáveis pelas recaídas da doença, após um pe-
ríodo aproximado de seis meses.
Na fase sanguínea do ciclo, os merozoítos formados rom-
pem a hemácia e invadem outras, dando início a ciclos repetitivos 
de multiplicação eritrocitária.Os ciclos eritrocitários repetem-se 
a cada 48 horas nas infecções por P. vivax e P. falciparum e a cada 
72 horas nas infecções por P. malariae.
Após algumas gerações de merozoítos nas hemácias, al-
guns se diferenciam em formas sexuadas: os macrogametas (fe-
minino) e microgametas (masculino). Esses gametas no interior 
das hemácias (gametócitos) não se dividem e, quando ingeridos 
pelos insetos vetores, após fusão dos gametas, farão surgir um 
ovo (zigoto) móvel conhecido como oocineto, que penetrará no 
intestino do inseto, dando origem a um oocisto intratecidual. 
61© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Esses oocistos, ao se romperem, libertam os esporozoítos que 
se disseminam pela hemolinfa, sendo encontrados em várias 
partes do inseto. Os que se localizarem nas glândulas salivares 
poderão determinar a infecção para o hospedeiro intermediário 
(homem).
Para uma representação do ciclo, observe a Figura 11:
Figura 11 Esquema do ciclo biológico do agente causador da malária.
Patogenia
A patogenia da malária é multifatorial, isto é, depende da 
combinação de vários fatores, embora as três espécies de plas-
módios que ocorrem no Brasil possuam mecanismos patogêni-
cos comuns. O P. falciparum apresenta as formas graves da doen-
ça, pois pode invadir eritrócitos em qualquer estágio e produzir 
62 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
parasitemia de grande magnitude e, por possuir maior número 
de cepas, é resistente aos medicamentos. Por sua vez, o P. vivax 
e o P. ovale invadem apenas eritrócitos jovens e o P. malarie inva-
de somente eritrócitos velhos, o que torna a parasitemia dessas 
espécies mais limitada.
Raramente outras espécies causam letalidade, mas ocasio-
nam acessos maláricos e anemia significativa nos humanos.
As esquizogonias sanguíneas (divisão celular dos protozoá-
rios dentro das hemácias) provocam a destruição das hemácias 
parasitadas e libertam para o sangue restos dessas hemácias, pa-
rasitas, os metabólitos do parasita (potenciais Ag) e o pigmento 
malárico liberado pelo parasita após a digestão da hemoglobina 
(hemozoína). Essa hemozoína é produzida pela ação do parasi-
ta quando degrada a hemoglobina; ela, depois que cai na circu-
lação sanguínea, é recolhida por células fagocitárias, principal-
mente macrófagos (SFM), sendo então transformada em outro 
pigmento, a hemossiderina, para posterior reutilização do ferro. 
O pigmento malárico – hemozoína – se depositará em vários ór-
gãos, como o baço, o fígado, o cérebro, a medula óssea etc., os 
quais ficarão com uma coloração enegrecida.
As alterações mais frequentes na malária são o acesso ma-
lárico, a anemia e alterações vasculares.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado pelos seguintes procedimentos:
• Clínico: é feito com a anamnese do paciente (avaliação 
oral feita pelo médico); para a identificação da espécie, 
há necessidade de exames de laboratório.
63© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
• Laboratorial: existe a necessidade de identificar a es-
pécie do parasito porque a terapêutica é específica e, 
quanto mais rápida, melhor. Para isso, podem ser usa-
dos os seguintes métodos:
a) parasitológicos (gota espessa corada pelo Giemsa – 
padrão ouro);
b) esfregaço delgado corado pelo Giemsa;
c) imunológicos (Rifi e Elisa), que conseguem separar as 
espécies.
Epidemiologia
A fonte da infecção humana é o próprio homem, em-
bora outros primatas possam abrigar plasmódios humanos e 
vice-versa.
Assim, os gametóforos (pessoas que possuem gametócitos 
no seu sangue circulante) são de importância epidemiológica, 
porque são fontes de infecção para os mosquitos.
Para que exista malária em uma região, são necessários 
três elos fundamentais: o gametóforo, o mosquito transmissor e 
o homem ou outro animal susceptível.
Profilaxia
É preciso:
• Adotar medidas de proteção coletivas, como tratar os 
indivíduos doentes, eliminando a fonte de infecção ou 
reservatório.
• Proteger os indivíduos sadios; combater o mosquito 
transmissor.
64 © PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Tratamento
Cloroquina, sulfato de quinina, mefloquina, primaquina, 
doxiciclina e artesunato de sódio (REY, 2009), (GOLDMAN; AU-
SIELLO, 2005)
Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma antropozoonose cosmopolita, cau-
sada pelo protozoário Toxoplasma gondii, um parasita intrace-
lular obrigatório que pertence à classe dos esporozoários. Ele 
infecta o gato e outros felinos (hospedeiro definitivo) e inúmeros 
outros vertebrados homeotérmicos (hospedeiros intermediá-
rios). A origem de seu nome genérico é decorrente de sua forma 
crescente (ou em arco) da fase mais comumente observada (to-
xon = arco, plasma = forma) (NEVES, 2004).
Morfologia
Apresenta morfologia múltipla, dependendo do hábitat e 
do estágio evolutivo. Suas formas infectantes durante o ciclo bio-
lógico são taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos:
• Trofozoíto ou taquizoíto (taqui = multiplicação rápida): 
possuem as duas formas no hospedeiro intermediário, 
sendo encontradas em líquidos orgânicos.
• Cistozoítos ou bradizoítos (bradi = multiplicação lenta): 
encontradas em tecidos de hospedeiros intermediários, 
como em carnes malpassadas.
• Oocisto: constitui-se na forma de resistência ao meio 
exterior, sendo produzido no interior do tecido ente-
roepitelial de felinos (hospedeiros definitivos) que não 
apresentam imunidade protetora significativa. Após 
65© PARASITOLOGIA
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
destruição da barreira tecidual, alcança a luz intestinal, 
sendo, em seguida, eliminado com as suas fezes.
Transmissão
A transmissão da toxoplasmose pode ocorrer a partir de 
várias formas do parasita:
1) Por ingestão de oocistos contidos, principalmente, em 
água e alimentos contaminados ou pela ingestão des-
ses mesmos oocistos presentes em jardins, caixas de 
areia, em latas de lixo ou disseminados mecanicamen-
te por insetos, como moscas e baratas.
2) Por cistos encontrados em carne crua ou mal cozida.
3) Por pseudocistos e/ou taquizoítos presentes em carne 
mal cozida.
4) Por meio de taquizoítos livres encontrados em leite.
5) Por passagem de taquizoítas, quando um grande nú-
mero de fetos é infectado durante a gravidez, se a ges-
tante estiver na fase aguda da doença.
As quatro primeiras formas de transmissão são chamadas 
de passivas orais. A última é chamada de congênita ou transpla-
centária. Os dois primeiros mecanismos de infecção listados são 
os mais frequentes.
Ciclo biológico
O ciclo biológico é composto pelas seguintes etapas:
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
1) Os oocistos não esporulados são eliminados pelas fe-
zes dos felinos. No meio ambiente, sofrem esporula-
ção (de 1 a 5 dias) e se tornam infectantes.
2) Os hospedeiros intermediários podem sofrer contami-
nação por meio de solo, água ou plantas.
3) Os felinos são infectados após o consumo de hospe-
deiros intermediários contaminados ou pela ingestão 
de oocistos presentes no meio ambiente.
4) Após a ingestão, os oocistos se transformam em taqui-
zoítos no intestino e se espalham por todo o organis-
mo. Nessa fase, o sistema imunológico do felino tem a 
capacidade de combater o parasita, os taquizoítos se 
alojam nos seu tecido nervoso e muscular e se trans-
formam em bradizoítos.
5) Novamente os oocistos eliminados pelos felinos vão 
contaminar outros animais. O ciclo biológico do toxo-
plasma precisa passar pelo felino, mas é importante 
salientar que há mais chances de se contrair a doença 
tomando água contaminada e comendo carne verme-
lha crua, saladas ou usando utensílios contaminados. 
Portanto, os gatos no lar não apresentam perigo, basta 
tomar cuidado com a higiene e a alimentação.
A representação do ciclo aparece na Figura 12:
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA – PROTOZOÁRIOS
Figura 12 Esquema do ciclo biológico do agente causador da

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