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Bruna Oliveira – 144 SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GESTAÇÃO • Até 10% das gestações. • PAS > 140 mmHg ou PAD > 90 mmHg. • Devem ser confirmadas decorrido de um período de 4h. • Proteinúria ✓ > 300mg de proteinúria em 24h – padrão ouro ✓ 1 + ou mais em proteinúria de fita ✓ Proteinúria / Creatinúria > 0,3 em amostra simples. • 4 tipos: hipertensão arterial sistêmica crônica, pré-eclâmpsia, hipertensão arterial crônica superposta por pré-eclâmpsia e Hipertensão gestacional Pré-eclâmpsia • Hipertensão que ocorre após 20s, acompanhada de proteinúria significativa, com desaparecimento até 12s pós-parto; • Se < 20s, pensar em DTG ou Hidropsia fetal; • Obs: Atualmente também é considerado PE: hipertensão após 20s sem proteinúria significativa, porém com alguns sinais/sintomas: ✓ Plaquetopenia ✓ Iminência de eclampsia ✓ Síndrome HELLP ✓ Edema agudo pulmonar Conduta • Nas gestações não complicadas, interrupção a partir de 37s. • Nas complicadas, com presença de sinais de gravidade, com 34s. • Fatores de risco: ✓ Primigestação; ✓ DM; ✓ Gestação gemelar (placentação aumentada); ✓ Irmã com PE; ✓ Irmã, mãe ou avó com eclampsia; ✓ Extremos de idade; ✓ HAS crônica; ✓ PE sobreposta em gestação prévia; ✓ Hidrópsia fetal; ✓ Gestação molar; ✓ Nova paternidade (tolerância imunológica); ✓ Raça negra. Fisiopatologia • Relação com insuficiência placentária. • Placenta adere no endométrio e as artérias espiraladas vão nutrir o embrião. No 2º trimestre tem a 2ª onda de invasão trofoblástica, há uma penetração do trofoblasto nas artérias espiraladas, destruindo a camada média, o que diminui sua resistência, aumento o fluxo sanguíneo para o bebê. Na PE, esse processo não acontece como deveria. • • Fluxo insuficiente – diâmetro das artérias até 40% menor • Produção de prostaciclina (vasodilatador e antiagregante plaquetário) ↓ e de tromboxano A2 (vasoconstrictor e agregador placentário) ↑ (era pra ser ao contrário) -> ↑ sensibilidade vascular à angiotensina II. • ↑ PA para tentar manter um fluxo mínimo; • Vasoespasmos, danos no endotélio vascular, agregação plaquetária aumentada – lesões em órgãos alvo (plaquetas, rins, fígado e cérebro). • Hipercoagubilidade, vasoespasmo, CIV (fatores de coagulação foram consumidos e a paciente começa a sangrar), microtrombos em vários órgãos, fluxo uteroplacentário inadequado. • Alterações renais: ✓ Endoteliose capilar glomerular (tumefação das células endoteliais); ✓ Proteinúria, ↓ FG, ↑ ácido úrico, creatinina e ureia ✓ Reversível após gestação, mas não desaparecem com melhora clínica, se a gravidez persistir. • Alterações vasculares: ✓ Vasoespasmo; ✓ Aumento resistência -> aumenta PA ✓ Aumento da sensibilidade da angiotensina II • Alterações CV: ✓ Contratilidade geralmente normal; ✓ Hemoconcentração; ✓ EAP – acontece pois tem muito volume natural da gestação, e devido a hipertensção esse líquido sai do vaso, podendo chegar no pulmão. Admnistração vigorosa de líquidos para expandir volumes. • Alterações hepáticas: ✓ SÍNDROME HELLP – necrose hemorrágica periportal: ↑ enzimas hepáticas e dor no QSD do abdômen; Sempre pede TGO e TGP como rotina na PE. ✓ Hematoma subcapsular (raro) – Rotura • Alterações cerebrais: ✓ Edemas, necrose hemorrágica, hemorragia difusa, trombos – convulsções ✓ TC: áreas hipodensas no córtex (hemorragias e infartos). • Alterações sanguíneas: ✓ Trombocitopenia: alteração hematológica mais comum; Deposição de plaquetas nas lesões vai consumindo. ✓ Lesão endotelial: Antitrombina II diminuídos e endotelia- 1 aumentado. ✓ Hemólise microangiopática: hemácias vão se lesando ao passar nos pequenos vasos pelo depósito de fibrina. Isso causa diminuição da Hb e aumento da BRi. Aumenta também o DHL (substância intracitoplasmática). Pode não se romper, mas se deformar formando esquizócitos, sendo uma evidência indireta de hemólise. ✓ Hemoconcentração • Alterações uteroplacentárias: ✓ Circulação UP diminuída; ✓ Enfartes placentários; ✓ Crescimento retardado da placenta; ✓ DPPni; ✓ SFC; ✓ Aumento do óbito perinatal. PE com critérios de gravidade • PAS > 160mmHg ou PAD > 110mmHg. • Oligúria ou anúria (menor que 500ml/dia, ou 25ml/hora), por uma lesão aguda pré-renal e renal. • Níveis séricos de creatinina maiores que 1,2mg/dL. Diminuir essa pressão da PE poderia até ser bom para a mãe, mas não para feto pois esse aumento é uma tentativa de reestabelecer o fluxo placentário. Bruna Oliveira – 144 • Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais) – senão melhora com sintomátics, • Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito • Evidência clínica e/ou laboratorial de coagulopatia • Plaquetopenia (<100.000/mm3) • Aumento de enzimas hepáticas (AST ou TGO, ALT ou TGP, DHL) e de bilirrubinas • Presença de esquizócitos em esfregaço de sangue periférico • Outros sinais: • Acidente vascular cerebral • Sinais de insuficiência cardíaca, ou cianose • • Presença de RCUI, oligoâmnio e proteinúria NÃO são mais critérios de gravidade, não sendo necessária a interrupção. Estudar a RCUI a parte, avaliando se o bebê precisa interromper ou não independente da PE. Predição • Avaliar no início da gestação • A maioria dos fatores de risco são modificáveis, como obesidade e ganho de peso gestacional excessivo. • Mulheres de alto risco: ✓ Pressão arterial de base; ✓ Laboratoriais de base. • Exames laboratoriais e de imagem não são precisos para triagem da população obstétrica, mas é bom avaliar o histórico médico. Profilaxia Anticonvulsivantes • Sulfato de Magnésio: ✓ Dose de carga de 6g de uma solução a 10% por via IV durante 15 a 20 minutos, seguida de 1 ou 2g / hora em infusão contínua. ✓ Um regime alternativo é 5 g de uma solução a 50% por via iM em cada nádega (total de 10 g) seguido de 5 g por via intramuscular a cada quatro horas – mais flutuações e EC. ✓ Nível terapêutico do Mg de 4-7 mEq/L o 7-9 mEq/L : Redução dos Reflexos Profundos o 9-10 mEq/L : Abolição dos Reflexos o 10-13 mEq/L: Depressão Respiratória o 13-15 mEq/L: parada Respiratória o >15 mEq/L: Parada Cardíaca ✓ Monitorização: o Diurese (> 25ml/h) o Reflexos Patelares o Frequência Respiratória o OUTROS: FC / PA Eclâmpsia • Definição: Manifestação de uma ou mais crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas e/ou coma, em gestante, com hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia, na ausência de doenças neurológicas; • Incidência de 0,6 em países desenvolvidos a 4,5 em subdesenvolvidos / 1000 partos • 10% das convulsões podem ocorrer na ausência de proteinúria; • Sinais de Iminência – 80% • 2 teorias – Vasoespasmo e perda da autoregulação vascular cerebral. • Diagnóstico diferencial: Acidente vascular cerebral (Hemorragia intracerebral / Trombose arterial ou venosa) • Doenças hipertensivas (Encefalopatia hipertensiva / Feocromocitoma ) • Lesão expansiva do sistema nervoso central ( Tumor / Abscesso) • Distúrbios metabólicos ( Hipoglicemia / Uremia) • Infecção ( Meningites / Encefalites) • Púrpura trombocitopênica trombótica • Epilepsia Tratamento • DOSE DE ATAQUE (PARA ATINGIR NÍVEIS SÉRICOS): 6g de MGSO4 • DOSE DE MANUTENÇÃO: 2g/HORA 1. ABC ( Airways / Breathing / Circulation) ✓ Garantir permeabilidade das vias aéreas ✓ Oxigenioterapia ✓ Estabelecer acesso venoso 2. Tratamento Anticonvulsivante - dobrar DOSE DE MANUTENÇÃO do MgSO4 3. Avaliação Clínica e Obstétrica 4. Tratamento da Hipertensão 5. Estabilização do Quadro clínico (monitorização e exames laboratoriais) 6. Interrupção da Gravidez ( via obstétrica desde que condições maternas e fetais sejam favoráveis) 7. Terapia Intensiva Sindrome HELLP • Complicação da PE e da eclampsia. • É o quadro clínico caracterizado por: ✓ Hemólise (H = “hemolysis”), ✓ Elevação de enzimas hepáticas (EL = “elevated liverfunctions tests”) e ✓ Plaquetopenia (LP = “low platelets count “) • Critérios Diagnósticos: - Bilirrubina total>1,2mg% - TGP/TGP >70 UI/L - DHL>600 UI/L - Plaquetopenia < 100.000/mm Exames laboratoriais • Protinúria de 24h • Hemograma completo com plaquetas e pesquisa de esquizócitos; • Uréia, Creatinina e Ácido úrico; • TGO, TGP, BT e frações; • DHL Uso de Drogas • Hipertensão grave durante o trabalho de parto - > HIDRALAZINA ou nifedipina oral para prevenir AVC. • Medicamentos anti-hipertensivos não previnem a eclampsia. • Pressão arterial alvo - Uma vez iniciado o tratamento, tentamos reduzir a pressão arterial média em não mais de 25% em duas horas para atingir as pressões sanguíneas alvo de 130 a 150 mmHg sistólica e 80 a 100 mmHg diastólica (Poucas evidências científicas). Bruna Oliveira – 144 • A rapidez com que a pressão arterial deve ser trazida a níveis seguros é controversa - Isquemia ou infarto cerebral ou miocárdico podem ser induzidos por terapia anti-hipertensiva agressiva. • Terapia de manutenção: ✓ Drogas de escolha: Nifedipina de ação intermediária ou de liberação prolongada. A hidralazina oral pode ser adicionada, se necessário, para atingir e manter a pressão arterial alvo. ✓ Metildopa – mais utilizada, mas muitos pacientes não atingirão as metas de pressão arterial ou se incomodam com seu efeito sedativo em altas doses Profilaxia • Aspirina em baixa dose (81 mg/d ou 100 mg/d) para mulheres em alto risco de pré-eclâmpsia: ✓ História de pré-eclâmpsia; ✓ Doença renal; ✓ Doença autoimune; ✓ Diabetes tipo 1 ou tipo 2; ✓ Hipertensão crônica. • Para mulheres com mais de um fator de risco moderado para pré-eclâmpsia: ✓ Primeira gravidez; ✓ Gravidez com 35 anos ou mais; ✓ IMC superior a 30; ✓ História familiar de pré-eclâmpsia; ✓ Características sociodemográficas (raça negra, baixa status socioeconômico); ✓ Fatores da história pessoal (parto anterior com feto com baixo peso ao nascer ou pequeno para idade gestacional, desfecho adverso anterior da gravidez, mais de10 anos de intervalo interpartal). • Deve ser iniciado entre 12 e 28 semanas gestação (idealmente antes de 16 semanas) e continuação diariamente até o parto; • Heparina não apresentou vantagens. • Cálcio: ✓ Em populações com baixa ingestão de cálcio, a OMS recomenda 1.500 a 2.000 mg de suplementação de cálcio elementar por dia. ✓ Para mulheres saudáveis, dose diária recomendada de cálcio elementar aconselhada: 1000 mg / dia em mulheres grávidas e lactantes de 19 a 50 anos de idade (1300 mg para meninas de 14 a 18 anos). ✓ Não prescrever DOSES MAIORES QUE ESSAS para mulheres com alto risco de desenvolver pré-eclâmpsia • Perda de peso: ✓ A perda de peso pré-concepção pode reduzir o risco de desenvolver pré- eclâmpsia. ✓ A perda de peso em mulheres com sobrepeso e obesas é recomendada para uma variedade de benefícios reprodutivos, gravidez e saúde. Hipertensão Arterial Sistêmica Crônica • HA presente antes da gestação ou diagnosticada antes das 20s ou que se mantem após 12s depois do parto. • Lembrar os órgãos alvo: coração, rins, olhos... (fazer avaliações) • Avaliação fetal rigorosa, porém, não tanto quando em PE. • Avaliar crescimento fetal em torno de 28-32s e a seguir mensalmente. • USG dopler se RCUI ou se a pré-eclâmpsia não puder ser descartada. Conduta • Nas gestações não complicadas, interrupção a partir de 38s (se não usa nenhuma droga); • Nas gestações não complicadas, em uso de hipotensor, interromper com 37s. • Nas complicadas, com presença de sinais de gravidade, com 34s. Hipertensão Gestacional • Independe da PE. • Presença, após de 20s de gestação, de hipertensão sem proteinúria, em gestante sem história de HÁ. • Diagnóstico retrógrado – avaliar após 12s se foi uma hipertensão transitória ou HASC. • Acompanhamento pré-natal rigoroso – risco de PE • Conduta igual a PE Hipertensão crônica superposta por PE • Gestante hipertensa crônica sem proteinúria antes de 20s, que manifesta proteinúria na segunda metade da gestação OU • Gestante hipertensa crônica com proteinúria na primeira metade da gestação e após 20s, verifica-se um aumento repentino da proteinúria ou da pressão arterial previamente controlada, presença de trombocitopenia ou aumento das enzimas hepáticas. • Mesma conduta da PE. Referência: Aula de Edilberto 2020.1
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