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Teoria da História

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Teoria da História
Celso Ramos Figueiredo Filho
Revisada por Celso Ramos Figueiredo Filho (maio/2012)
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Teoria da História, parte 
integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que 
a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre-
sentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, 
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, 
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para 
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
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APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5
1 O SENTIDO DA HISTÓRIA ................................................................................................................ 7
1.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................10
1.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................10
2 A ORIGEM DA HISTÓRIA E AS PRIMEIRAS TEORIAS ................................................... 11
2.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................13
2.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................14
3 HISTÓRIA E VERDADE ...................................................................................................................... 15
3.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................17
3.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................17
4 JOHANN G. DROYSEN E A ESCOLA ALEMÃ ...................................................................... 19
4.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................20
4.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................21
5 TEORIAS ETAPISTAS........................................................................................................................... 23
5.1 Antiguidade e Idade Média ......................................................................................................................................23
5.2 Comte e a Teoria dos Três Estágios ........................................................................................................................24
5.3 Hegel e a Dialética ........................................................................................................................................................26
5.4 Materialismo Histórico-Dialético ............................................................................................................................27
5.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................29
5.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................29
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 31
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 33
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 35
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INTRODUÇÃO
Certamente, todos têm clareza de que a narrativa histórica não é exclusividade nem privilégio dos 
historiadores profissionais. Aliás, a História só se tornou um campo do conhecimento com cátedra reco-
nhecida e alcançou o estatuto de disciplina digna de ser ministrada nas universidades ao longo do sé-
culo XIX. Assim sendo, a História enquanto ciência, dotada de método e um campo próprio de pesquisa, 
compartilhados por uma comunidade internacional de cientistas, é fato relativamente recente na própria 
história da História. Contudo, a história enquanto narrativa do passado das comunidades acompanha a 
humanidade desde seus estertores. Aliás, situar-se no espaço e no tempo – seja ele mítico ou terreno – 
diríamos que é uma necessidade estrutural não apenas dos grupos sociais, mas também dos próprios 
indivíduos. Para Voltaire (2002, p. 127), “todos os povos escreveram sua história, desde que o puderam 
fazer.” A história de uma sociedade, esteja ela fundamentada em bases empíricas ou não, tem a clara 
função social de definir-lhe uma origem e a ascendência de seus membros. A angústia ante a certeza da 
morte precisa ser aplacada com a sensação de perenidade no tempo que somente a história lhe traz. Por 
isso as narrativas históricas estão presentes em todos os grupos humanos. 
Além desse aspecto, a história também busca cultivar nas gerações presentes, quer dizer, naque-
las que neste momento estão recebendo sua herança, certas tradições. Ela serve, portanto, como uma 
espécie de guia de comportamento, ao estabelecer, no passado, aquilo que é desejável no presente. Por 
isso, a história, inclusive aquela de cunho acadêmico, tem um forte caráter pedagógico, ou seja, ela visa 
moldar comportamentos. Ou, ao menos, estabelecer os mais desejáveis, tendo em vista a perenidade do 
grupamento social.
Nesta apostila estamos considerando apenas as teorias da história que a procuram explicar en-
quanto resultado da ação dos homens. Ainda que reconheçamos a relevância cultural das explicações 
de natureza mítica, não compartilhamos delas, pois partimos do princípio aristotélico da causalidade 
material dos fenômenos.1 Mas, inegavelmente, essas explicações marcaram de forma indelével a teoria 
da história, mesmo aquelas que se pretendem absolutamente materialistas, a exemplo do próprio mate-
rialismo histórico-dialético, como veremos a seguir.
Você verá que nossa apostila está dividida em cinco capítulos. No primeiro, intitulado “O Sentido da 
História”, recuperamos algumas reflexões de teóricos da história sobre a utilidade do conhecimento his-
tórico. Também apresentamos algumas das teorizações sobre um suposto destino, ou direção da história, 
isto é, se as transformações pelas quais passam as sociedades têm um sentido.
No segundo capítulo, “A Origem da História e as Primeiras Teorias”, buscamos as matrizes da His-
tória enquanto conhecimento científico. Por isso, retrocedemos à antiguidade grega, localizando essa 
origem em Tucídides e em Políbio.
1 Para Aristóteles, apenas a matéria causa matéria, ou melhor,a causa eficiente das mudanças nos animais é a necessidade, ao 
passo de que nos seres humanos é a vontade. Dessa maneira, apesar de admitir sua existência, Aristóteles não considera que a 
divindade tenha alguma interferência na “esfera sublunar”, ou seja, na Terra. Quem desejar aprofundar essa discussão consulte 
Aristóteles (1969). Marilena Chauí, no livro Introdução à História da Filosofia, ensaia uma discussão competente e didática 
sobre os princípios e causas aristotélicos.
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No terceiro capítulo, denominado “História e Verdade”, discutimos, à luz da filosofia da ciência, so-
bre as possibilidades da história descrever os fatos como “de fato foram”. Isso nos remete às reflexões de 
autores sobre o estatuto de cientificidade da História. Nessa discussão, privilegiamos Tucídides, Ranke e, 
por fim, Kant, que desconstrói essa presunção.
Já no quarto capítulo, “Johann G. Droysen e a Escola Alemã”, trazemos, a título de exemplo da “Es-
cola Alemã” do século XIX, um autor que se situa numa posição cronologicamente intermediária entre os 
criadores desta escola e os seus derradeiros continuadores. É o caso de J. G. Droysen, cujas contribuições 
para a teoria da história e para a metodologia da pesquisa histórica são bastante atuais.
Finalmente, no quinto e último capítulo, chamado “As Teorias Etapistas”, percorremos aquelas teo-
rias da história que a consideram como uma sucessão predeterminada de fases, que se sucedem de forma 
inelutável. Essas concepções estão presentes na historiografia desde os relatos míticos até o marxismo.
Espero que você tenha um bom proveito deste texto. Certamente ele não se pretende conclusivo 
em nenhum dos tópicos abordados, mas apenas posicionar nosso estudante em algumas das discussões 
mais importantes e atuais na Teoria da História. A título de lembrete, algumas das teorias ou discussões 
que não estão contempladas nesta apostila, o foram nas aulas web. Portanto, dada a complexidade da 
nossa disciplina, não há repetições de temas entre a apostila e as aulas web, à exceção do tema “Ranke”, 
devido à sua relevância para a história de forma geral. Por isso, na internet, você encontrará temas dife-
rentes daqueles tratados nesta apostila.
Bons estudos!
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O SENTIDO DA HISTÓRIA1 
Em praticamente todas as línguas e dialetos 
falados pela humanidade, em todos os tempos, 
há uma palavra cujo significado pode ser traduzi-
do por aquilo que entendemos, contemporanea-
mente, em português, por história. Grosso modo, 
a palavra significa “narrativa de fatos ocorridos”. 
Sua ocorrência generalizada nos mais variados 
idiomas e períodos nos permite concluir que to-
das as culturas humanas tiveram, ou têm, alguma 
preocupação em relação ao seu passado. Ou, en-
tão, busca-se nele algo que explique, justifique 
o seu presente e que lhe dê alguma garantia em 
relação ao futuro. 
É importante ressaltarmos que a palavra 
‘história’, em nosso idioma, tem três significados 
distintos: 
1. narrativa do passado, na qual se enqua-
dra, também, mas não só, aquelas de 
caráter científico;
2. a vivência passada, pessoal ou social;
3. narrativas ficcionais, a exemplo de ro-
mances literários.
Uma narrativa histórica, por esse prisma 
que estamos iniciando nossa apostila, não pode 
ser confundida, de forma reducionista, à sua mo-
dalidade científico-acadêmica, já que a humani-
dade teve, e tem, diferentes formas de narrar seu 
passado. O que todas essas diferentes formas de 
narrativas históricas têm em comum é a preten-
são de dar conta de problemas do presente, o que 
significa, muitas vezes, justificar a ordem vigente. 
A modalidade de história que praticamos 
nas universidades e demais estabelecimentos 
de ensino, por nós, linhas acima, denominada 
de científico-acadêmica, teve sua origem com os 
gregos, na sua antiguidade clássica. Quer dizer, foi 
somente por volta de meados do século V a.C. que 
esse tipo de entendimento, e narrativa da história 
– explicativa e racional –, foi se impondo sobre as 
demais. Aliás, ela é fruto do mesmo movimento 
intelectual que deu origem à Filosofia e a outras 
formas do conhecimento, até hoje muito valori-
zadas pela humanidade, a exemplo também da 
Medicina, da Física, da Química e de outras.
Diferentemente das narrativas de cunho 
mítico-religioso, que situam o motor da história 
em forças sobre-humanas, a vertente grega da 
historiografia o situa nas relações sociais e na 
ação do homem. Certamente, como veremos a 
seguir, a força das explicações religiosas sobre a 
história humana é de tal monta que não desapa-
receu e, até hoje, influencia estudos que se pre-
tendem científicos, ou seja, baseados apenas em 
raciocínios lógico-dedutivos, que partem de pre-
missas empiricamente comprováveis. Em nossa 
disciplina, apesar de refutarmos as premissas nas 
quais se baseiam esses estudos, exatamente por 
sua acientificidade, temos o dever pedagógico 
de mostrá-las. Assim, estabelecemos dois a priori 
de trabalho logo nestas primeiras páginas: recusa 
às teorias da história com bases não empíricas e 
igual recusa das teorias da história que naturali-
zam as relações sociais.
DicionárioDicionário
A palavra ‘história’ vem do grego e significa ‘pes-
quisa’ ou “conhecimento ávido de uma pesquisa”. 
Por analogia, a palavra também passou a significar 
‘narrativa’. Por isso, a palavra ‘história’, no seu senti-
do acadêmico, significa “narrativa de fatos passa-
dos conhecidos através de pesquisas”.
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Por esse segundo a priori estamos con-
siderando aquelas teorias fundamentadas nas 
ciências da natureza, que consideram o homem 
apenas do seu ponto de vista biológico, consi-
derando-o, portanto, o mais importante dos as-
pectos culturais. Essas teorias, ao naturalizarem o 
homem, omitem o fato de que as culturas respon-
dem de forma diferente aos chamados impulsos 
biológicos. Além disso, também se esquecem de 
que, mesmo de indivíduo para indivíduo, numa 
mesma sociedade, as reações também podem 
ser diferentes. Essas teorias naturalistas da histó-
ria também cometem o erro epistemológico de 
utilizarem os mesmos métodos de pesquisa das 
ciências naturais para entender o ser humano.
Por isso tudo, só consideramos teorias da 
história dignas de um estatuto científico, aquelas 
que admitem que a cultura prevaleça sobre a na-
tureza e, também, que não há nenhuma predesti-
nação sobrenatural na vida humana.
Em não havendo predestinação de ordem 
biológico-naturalista, ou de caráter sobrenatural, 
podemos concluir que os homens são livres para 
construírem sua própria história. Ou melhor, há 
limites, sim, para a liberdade humana, mas esses 
limites são determinados pelas próprias circuns-
tâncias sociais. Em se levando todas essas ponde-
rações em consideração, nos colocamos, de ime-
diato, uma questão: é possível atribuir um sentido 
para a história? A palavra ‘sentido’, aqui utilizada, 
deve ser entendida nos seus dois significados: 
sentido enquanto direção, rumo; e como coerên-
cia, razão.
O primeiro significado pode ser posto nou-
tros termos: as ações humanas, mesmo que to-
mem os mais diferentes caminhos, tendem a um 
mesmo sentido? As sociedades humanas rumam 
numa mesma direção, apesar de todas as suas di-
ferenças?
O segundo significado pode ser melhor 
explicitado se nos perguntarmos se todo o sofri-
mento humano, assim como suas vãs e efêmeras 
alegrias, têm uma razão se ser? Ou eles são fruto 
do acaso e do caos que presidem o universo e as 
relações humanas?
Muitas teorias da história, como veremos, 
procuraram dotar a história humana de um sen-
tido, nos seus dois significados. Todas elas estão 
marcadas pela herança religiosa, sobretudo cristã, 
inclusive muitas se pretendiam científicas. Mas, 
atualmente, nas últimas duas ou três décadas, 
são poucos os teóricos que, sinceramente, defen-
dem a existência de um sentido para a história;todas as teorias que buscavam “leis positivas” ou 
a presença de um “espírito universal” na história 
feneceram por “falência múltipla de órgãos”, quer 
dizer, não resistiram às provas do próprio tempo. 
Assim se deu com o Positivismo, por exemplo, e 
com as teorias etapistas-deterministas nos mol-
des do materialismo histórico-dialético.
Há aqueles que vislumbram na história a 
concorrência de forças cósmicas, imperscrutá-
veis, que agem na forma do inevitável “destino”. 
Voltaire (1694-1778) já zombou destes no verbete 
“Cadeia de Acontecimentos” do seu inigualável 
Dicionário Filosófico (2002, p. 47): “Há muito que se 
crêem os acontecimentos encadeados uns aos outros 
por invencível fatalidade – o Destino – que é em Ho-
mero superior ao próprio Júpiter.” 
Ainda, para Voltaire, “todo efeito tem eviden-
temente sua causa [...] Mas nem toda causa transmite 
seu efeito até o fim dos séculos. [...] O presente sai do 
passado. O futuro sairá do presente. Tudo tem pai. Mas 
nem tudo tem filhos.” (p. 49).
Mas, independentemente da natureza das 
suas premissas, essas narrativas revelam ter uma 
função social não muito diferente daquela que as 
historiografias modernas e contemporâneas pos-
suem. Elas fixam no imaginário coletivo aquilo 
que as gerações anteriores consideraram relevan-
te para ser lembrado pelas futuras, seja através 
de documentos escritos ou iconográficos, seja da 
tradição oral. Ao mesmo tempo em que situam 
a sociedade e cada um de seus membros numa 
sequência temporal, ao dar-lhes certa logicida-
de, também dão sentido à existência de ambos. 
Ao fazer isso, as genealogias, as epopeias e a his-
toriografia científica contribuem para aplacar a 
angústia fundamental do ser humano, em todas 
as culturas e épocas: a angústia ante ao impon-
derável da natureza e da vida humana. Falando 
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noutros termos, a história tem por função social 
primordial dar sentido à vida, inserindo homem 
e sociedade numa sequência lógica de aconteci-
mentos que culminam no presente, tornando-os 
compreensíveis.
Atualmente, é muito mais fácil reconhecer 
que a História, mesmo obedecendo a todos os ri-
gores metodológicos exigidos para que ela seja 
considerada uma ciência – e ainda assim não há 
unanimidade nisso –, é fruto do arbítrio do seu 
autor. “Como assim?”, pode se perguntar nosso 
leitor que crê na mais sincera imparcialidade da 
narrativa historiográfica quando esta parte de 
postulados científicos. Ora, convenhamos, todos 
sabemos que a historiografia é resultado dos cri-
térios de seleção adotados pelo autor. Quer dizer, 
é o historiador quem seleciona os fatos e os arti-
cula conforme a tese que deseja provar. É ele tam-
bém que escolhe a documentação que irá emba-
sar sua própria argumentação. E a interpretação 
dos documentos também é feita por ele. 
Em resumo, o historiador é quem “cria” o 
fato narrado, pois esta narrativa sempre será fruto 
das suas decisões enquanto autor. Citemos ape-
nas um exemplo, que nos parece suficientemente 
ilustrativo. Para um historiador interessado nas 
vitórias de Napoleão na Europa no início do XIX, 
os cavalos por ele cavalgados acabam sendo um 
fator de menor importância, talvez até mesmo 
desprezado por esse autor. Já para um historia-
dor interessado em técnicas de cavalaria, ou para 
aquele que estuda a arte da criação de equinos, 
resultado das batalhas pode ser absolutamente 
irrelevante.
Essas considerações levaram ao surgimen-
to de profundas reflexões acerca da importância 
da narrativa para o conhecimento histórico e da 
subordinação daquela aos postulados cientifi-
cistas que presidem o entendimento da História 
enquanto uma ciência. Isso porque o texto histó-
rico depende da intencionalidade do autor e este 
pode recorrer a recursos estilísticos sem, contudo, 
comprometer a cientificidade da sua obra histo-
riográfica.
Há os teóricos que consideram a narrativa 
inadequada às explicações históricas justamente 
porque ela não é capaz de recriar o “real”. Veremos 
a seguir, no capítulo 3, “História e Verdade”, que 
isso é um falso problema, pois, desde Kant (final 
do século XVIII), se reconhece ser impossível ace-
der ao “real”. Portanto, a narrativa é um dos vários 
estilos possíveis de escrita da história. Para muito 
além da mera crônica, como a consideram seus 
detratores, ela pode traduzir as informações co-
lhidas nas fontes documentais em interpretação 
e análise, desde que o objetivo do autor seja fazer 
história, e não ficção.
Saiba maisSaiba mais
A divisão da história da humanidade em Eras, ou 
Idades, serve para facilitar sua abordagem pelos 
estudiosos. Contudo, ela não é a mesma em todas 
as Escolas Historiográficas. Por exemplo, no mundo 
anglo-saxônico, não há a divisão entre as Idades 
Moderna e Contemporânea, que pertence à Escola 
Francesa.
AtençãoAtenção
Desde sempre a Filosofia perseguiu a Verdade. 
Ainda que inalcançável para muitos filósofos, sua 
busca era a razão última de ser do próprio ato de 
filosofar. Foi o filósofo alemão, Immanuel Kant 
(1724-1804), quem, ao sintetizar o empirismo e 
o racionalismo, relativizou de tal forma o conhe-
cimento que, doravante, a verdade foi definitiva-
mente banida da filosofia e da ciência.
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Caro(a) aluno(a), vejamos agora um resumo das principais ideias deste capítulo.
Começamos por uma questão existencial fundamental, que atravessa a história da humanidade: 
qual o sentido da vida? Por ampliação do raciocínio, qual o sentido da história?
As tentativas de responder a essa pergunta essencial levaram a humanidade a buscar os mais varia-
dos tipos de reposta: ciência, religião etc.
Para as mais diferentes sociedades, as respostas mítico-religiosas foram razoavelmente suficientes, 
pois elas, além da dar significado à vida, também inseriam o homem no universo. Mas foi a modernidade, 
com o aquilo que Max Weber chamou de “desencantamento do mundo”, que destituiu essas explicações 
míticas do seu lugar sagrado e colocou em seu lugar as explicações científicas. Contudo, o ascetismo 
científico não satisfez as pessoas, que continuaram a buscar o sentido da vida e da história em outros 
lugares que não nos compêndios científicos. 
Vamos, agora, verificar a sua aprendizagem.
1.1 Resumo do Capítulo
1. Após a leitura deste capítulo, por que podemos dizer, com toda a certeza, que a história é uma 
ciência infinda?
2. Conforme seu entendimento do capítulo apresentado, é possível falarmos, na perspectiva da 
história científica, que a história tem um sentido?
1.2 Atividades Propostas
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11
Por que ocorre a história? Por que as socie-
dades se transformam ao longo do tempo? Há 
como avaliar a influência de determinado aconte-
cimento passado sobre o presente? 
Essas perguntas têm acompanhado a escri-
ta da história desde que esta se apercebeu da sua 
especificidade enquanto área do conhecimento, 
o que ocorreu quase que simultaneamente ao 
seu desprendimento das explicações de caráter 
mítico. Ainda que as genealogias míticas e as epo-
peias lendárias dos reis e heróis, que estão presen-
tes no patrimônio cultural de praticamente todas 
as organizações humanas, sejam uma forma de 
historiografia, suas premissas fundamentais, nas 
quais todo o discurso está construído, são mitoló-
gicas, ou, no mínimo, lendárias. 
Foram os gregos que paulatinamente foram 
abdicando das suas teodiceias e buscando expli-
cações racionais e, cada vez mais, comprováveis 
empiricamente. Tucídides (460?-400 a.C.) é um 
marco neste processo. O autor da célebre Histó-
ria da Guerra do Peloponeso deseja empreender 
uma explicação “com precisão suficiente, à base 
de informações mais nítidas.” (TUCÍDIDES, 1982, 
§ 21). Movido por esse princípio metodológico, o 
autor pretende fazer jus à sua inigualável, em ter-
mos morais, tarefa: a utilidade da história, ou seja, 
“ela foi feita para ser um patrimônio sempre útil[...]” (§ 22). Para atingir esse tão louvável objetivo, 
Tucídides estabeleceu aqueles que muitos sécu-
los depois, no plano da ciência moderna, seriam 
definidos como os cânones de uma historiografia 
acadêmica: relevância social do tema, suas bases 
metodológicas, incluindo a crítica das fortes, a hi-
A ORIGEM DA HISTÓRIA E AS 
PRIMEIRAS TEORIAS2 
pótese central e os objetivos do trabalho, além do 
recorte cronológico. 
 Como você pode ver, a História de Tucídi-
des é muito próxima de qualquer obra historio-
gráfica contemporânea. É claro que essas consi-
derações encontram sérias oposições, até porque 
elas subsumem uma determinada concepção de 
ciência, bastante próxima do positivismo, além de 
pressupor que os gregos clássicos fossem neces-
sariamente antecessores da ciência moderna.2
Saiba maisSaiba mais
A obra, cujo título original é Guerra do Peloponeso, 
compreende o período de 427 a 410 a.C. Quer dizer, 
sua redação foi interrompida seis anos do término 
da guerra, que ocorreu em 404 a.C. Tucídides foi 
um general ateniense, participando, portanto, ati-
vamente dos acontecimentos narrados. A edição 
que consultamos é da Editora da Universidade de 
Brasília, 1989.
2 Esta polêmica está satisfatoriamente bem esboçada no ensaio de Carla Gastaud (2008) Historiografia grega: Tucídides e a 
Guerra do Peloponeso. Indicamos esse material para aqueles que desejarem um primeiro contato didático e rico em referências 
com o texto tucidideano.
DicionárioDicionário
Peloponeso é uma península situada ao sul da 
Grécia, separada do restante do continente pelo 
estreito de Corinto. Abrigava a cidade de Esparta e 
o seu contorno era indispensável para se alcançar 
as colônias ocidentais da Grécia (Jônia e Sicília).
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Tucídides
Fonte: www.greciantiga.org.
É digno de nota que Tucídides jamais tenha 
se utilizado do vocábulo grego ‘historien’, palavra 
esta que foi utilizada por Heródoto como título 
da sua célebre obra. Como Tucídides tinha objeti-
vos bastante diferentes daqueles pretendidos por 
Heródoto, certamente não quis causar inevitáveis 
analogias. 
É também preciso que se saliente que em 
momento algum Tucídides explicitou sua con-
cepção de história. Contudo, ela pode ser inferida 
a partir do próprio rigor com o qual tratou seu ob-
jeto e também a partir dos objetivos educacionais 
de seu texto. Diante dessas evidências é possível 
admitir que, para ele, a história era decorrência da 
AtençãoAtenção
O texto de Heródoto foi composto para ser apre-
sentado em festivais de poesia, por essa razão, 
Tucídides, por mais de uma vez, se esforça em 
distinguir-se dele, como, por exemplo, nesta pas-
sagem do parágrafo 21: “os logógrafos compuse-
ram as suas obras mais com a intenção de agra-
dar aos ouvidos do que de dizer a verdade, uma 
vez que suas histórias não podem ser verificadas, 
e eles em sua maioria enveredaram, com o passar 
do tempo, para a região da fábula, perdendo as-
sim a credibilidade.”
ação dos homens, movidos por seus interesses 
que, inevitavelmente, entravam em conflito. Para 
Gastaud (2008),
Tucídides consolidou outro passo ex-
traordinário de seu tempo, ao desenvol-
ver todo seu trabalho a partir do pressu-
posto de que a história humana era um 
assunto humano suscetível de análise e 
compreensão inteiramente em termos 
de padrões e de comportamentos hu-
manos sem intervenção do sobrenatural. 
(p. 12).
Por essa razão, entendemos que Tucídides 
merece ser destacado como um dos pioneiros, 
senão o primeiro, a produzir um texto historio-
gráfico partindo de premissas não sobrenaturais. 
Situando o autor no seu próprio tempo, é im-
portante lembrarmos que o século V a.C. é o do 
apogeu do pensamento clássico grego, quando a 
Filosofia e outras áreas do conhecimento alcan-
çaram sua total independência em relação aos 
mitos.
A história passou a ser tema de conjecturas 
teóricas e especulações filosóficas quando se pre-
tendeu relacionar os acontecimentos locais com 
aqueles de uma escala geográfica mais ampla. Ou 
seja, quando se percebeu que o destino de uma 
dada região do planeta poderia estar sendo de-
cidido a milhares de quilômetros de distância é 
que surgiu a preocupação em teorizar sobre essa 
concatenação de fatos. Não é a toa que isso tenha 
ocorrido na Grécia helenística, na pessoa do gran-
de historiador Políbio (205-123 a.C.).3
3 Políbio foi o maior historiador grego na fase helenística. Nascido em Megalópolis, feito refém pelos romanos em 167 a.C. e 
conduzido à Itália, teve a oportunidade de conhecer in loco a fonte do maior poder até então erigido pelo homem. Escreveu 
a obra Histórias, em 42 volumes, dos quais nos chegaram apenas 5 intactos e fragmentos dos demais. Foi fiel aos princípios 
metodológicos estabelecidos por Tucídides, defendendo uma historiografia pragmática e a verificação das fontes. Há uma 
tradução brasileira de parte da sua obra. Confira Políbio (1985). Para a construção desses argumentos, nos apoiamos no artigo 
de Breno Battistin Sebastiani, Políbio e o Imperialismo Romano.
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Políbio 
Certamente isso se deve ao fato de que, 
com o advento do imperialismo romano, todo o 
mundo conhecido na época passou a sofrer in-
fluências desse poder “global”, inclusive a culta 
Grécia de Políbio. Mas, para esse autor, bem aos 
moldes de Tucídides, a história é, sobretudo, polí-
tico-militar, e resulta da ação humana, das dispu-
tas pelo poder, onde prevalece o mais absoluto 
acaso, não interferindo nesse processo nenhuma 
força transcendental. De qualquer maneira, foi 
com que se passou a escrever uma “história geral”, 
como vemos,
depois desses tempos [vitórias militares 
romanas] [...] a história tornou-se algo 
material, as ações na Itália e na Líbia se 
interligaram às na Ásia e na Grécia, e a re-
ferência a elas se fez com um único fim. 
Por isso apontamos o início de nossa obra 
a partir desses tempos. Pois na guerra su-
pra-citada [Guerras Púnicas], tendo os ro-
manos vencido os cartagineses e julgado 
que levaram a cabo a parte maior e mais 
importante rumo a um projeto global, 
em seguida pela primeira vez resolveram 
estender as mãos sobre as restantes e 
atravessar com exércitos para a Grécia e 
regiões da Ásia. (POLÍBIO apud SEBASTIA-
NI, 2005, p. 198).
As grandes teorias da história, principal-
mente aquelas que estamos denominando aqui 
de etapistas, quer dizer, aquelas que presumem 
que a história da humanidade não só obedece a 
sucessivas e inevitáveis etapas, mas que estas se 
sucedem com um sentido que vai do pior para o 
melhor, subsumem uma concepção otimista de 
homem que em nada é corroborada pela expe-
riência. Segundo elas, o homem, individual ou 
coletivamente, luta para a construção de situa-
ções socioeconômicas sempre melhores do que 
aquelas na qual vive. A somatória desses esforços 
resultaria numa humanidade continuamente me-
lhorada. 
Caro(a) aluno(a), vamos agora retomar, resumidamente, as principais ideias contidas neste capítulo.
Foi na antiguidade grega que os primeiros pensadores se debruçaram sobre a área do conheci-
mento que se chamaria de história. Isso foi devido ao fato deles terem se dado conta da importância 
de certos eventos passados, de execução absolutamente humana, para a história da humanidade. Para 
esses primeiros historiadores, a história teria um aspecto pedagógico: aprender com os erros do passado.
Agora, vamos conferir a sua aprendizagem.
2.1 Resumo do Capítulo
Celso Ramos Figueiredo Filho
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1. Por que podemos afirmar que o surgimento da História na antiguidade grega, enquanto área 
do conhecimento distinta dos demais, resultou do mesmo movimento intelectual que deu 
origem à Filosofia?
2. Como podemos definir uma concepção etapista da história?
2.2 Atividades Propostas
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Uma questão inquieta gerações de histo-
riadores e de teóricosda história: qual o grau de 
confiabilidade das respostas apresentadas pela 
historiografia? Quando formulada de modo mais 
direto, a mesma interrogação pode colocar histo-
riadores menos preparados em situações emba-
raçosas: a história pode conhecer a verdade?
Essas perguntas fazem sentido e podem, 
sim, embaraçar aquele novato no ofício. Elas fa-
zem sentido na medida em que a concepção 
predominante de ciência, que reflete também o 
senso comum a seu respeito, está muito próxima 
daquela cunhada pelo Positivismo. Segundo os 
postulados de Augusto Comte (1798-1857), a ver-
dade sobre o objeto que está sendo investigado 
pode ser conhecida, desde que o investigador for-
mule as questões corretas e se utilize da metodo-
logia adequada. Quer dizer, o investigador deve 
anular-se enquanto sujeito por detrás da objeti-
vidade e da imparcialidade. Isso é necessário para 
se aceder ao conhecimento puro, pois se evitam 
as indesejáveis interferências da subjetividade e 
dos valores culturais do pesquisador. Assim, um 
cientista “neutro”, conduzindo uma pesquisa me-
todologicamente bem orientada e com as hipó-
teses corretas, tem todas as chances de chegar à 
verdade. 
HISTÓRIA E VERDADE3 
Diversos grandes teóricos das ciências so-
ciais já se debruçaram sobre esse “problema”. 
Aliás, desde Tucídides ele é formulado e esse his-
toriador grego foi quem, primeiramente, propôs 
solução:
a tal ponto chega a aversão de certos ho-
mens pela pesquisa meticulosa da verda-
de, e tão grande é a predisposição para 
valer-se apenas do que está ao alcance da 
mão! [...] quanto aos fatos da guerra, con-
siderei meu dever relatá-los, não como 
apurados através de um informante ca-
sual, mas somente após investigar cada 
detalhe com o maior rigor possível [...] 
(TUCÍDIDES, 1982, § 20;22). 
Luciano de Samósata, pensador cínico do 
século II d.C., é ainda mais prolixo. Satirizando a 
“febre” historiográfica que assolava o Império Ro-
mano, cujas obras louvavam os grandes conquis-
tadores, escreveu um opúsculo sintomaticamen-
te intitulado “Como se deve escrever a história”. 
Dele, citamos: 
Assim, é preciso que também a história 
seja escrita com a verdade, visando à es-
perança futura, mais que com bajulação, 
visando ao prazer dos presentes elogios. 
Aí você tem o cânon e o prumo de uma 
história justa. Se alguns aprumarem com 
ele, estará bem e o que está escrito é 
oportuno. (SAMÓSATA apud ALMEIDA, 
2009, p. 3).
Assíduo leitor de Tucídides e fiel aos postu-
lados historiográficos deste, Samósata propunha 
que o historiador devia buscar as mais diversas 
fontes documentais para escrever a verdade com 
a isenção necessária. 
AtençãoAtenção
A palavra ‘Positivismo’ foi usada pela primeira 
vez pelo socialista Claude Saint-Simon, de quem 
Comte fora secretário, em alusão ao conhecimen-
to científico e às descobertas das ciências. Traduz, 
portanto, uma grande confiança na capacidade 
emancipatória da razão e da ciência.
Celso Ramos Figueiredo Filho
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Mas foi o alemão Leopold von Ranke (1795-
886) o grande responsável pela difusão da “his-
tória-verdade” na contemporaneidade, ou seja, 
aquela historiografia de cunho positivista que se 
reconhecia capaz de conhecer a verdade sobre o 
período estudado. Por essa razão, é considerado o 
principal historiador, o grande divulgador da “his-
tória científica”. Por isso, preconizava a imparciali-
dade política e emocional do historiador, que não 
poderia, em hipótese alguma, envolver-se com o 
seu objeto. Aliás, deveria manter em relação a ele 
um distanciamento capaz de lhe permitir obser-
vá-lo com isenção absoluta. 
Leopold von Ranke
Fonte: germanhistorydocs.ghi-dc.orgwww.historians.org.
A metodologia de pesquisa foi um dos pon-
tos fortes da historiografia rankeana. Utilizando-
-se de fontes diversas, como cartas pessoais, diá-
rios, e memórias, além de documentos oficiais, 
acreditava poder “revelar o que realmente acon-
teceu”. Mas, para evitar equívocos, esses docu-
mentos deveriam passar por uma averiguação 
rigorosa a fim de atestar sua legitimidade. Esse 
procedimento metodológico, Ranke denominava 
“crítica das fontes”. Mas, contrariamente a Comte 
e a outros teóricos, como Hegel, ele não acredita-
va que grandes teorias gerais da história pudes-
sem dar conta de momentos históricos particula-
res. Por isso, cada época deveria ser reconhecida 
dentro das suas especificidades, a partir das suas 
fontes. Neste aspecto ele volta ser Positivista, pois 
é defensor de um empirismo radical, quer dizer, 
cada época tem as suas fontes, deve ter as suas 
pesquisas.
Ranke especializou-se em história política 
e diplomática, sempre se apoiando em fontes 
primárias escritas. Seus temas privilegiados fo-
ram relacionados ao Estado prussiano e à Igreja 
nos século XV e XVI, sobre o que escreveu obra 
vastíssima. Por isso, acabou sendo acusado pelos 
seus críticos de ter escrito obras politicamente 
comprometidas com os poderosos de sua própria 
época, além de ter omitido as camadas popula-
res de suas narrativas sobre os fatos políticos. Por 
essa razão, a história política acabou sendo muito 
malvista pelos historiadores até meados do sécu-
lo XX, quando se passou a praticar uma historio-
grafia política “vista de baixo”, para utilizar uma 
expressão cunhada pela Escola dos Annales.
Contudo, sua presunção de que o homem 
poderia aceder à verdade, desde que adotasse o 
método adequado de pesquisa e formulasse as 
perguntas adequadas ao objeto, já estava supe-
rada desde antes de o Positivismo ser criado. Foi 
Immanuel Kant (1724-1804) quem superou o pa-
radigma racionalista-empirista. Para ele, as expe-
Saiba maisSaiba mais
A obra de Ranke é vastíssima, podendo, inclusive, 
ser localizada em sites públicos que permitem o 
download de vários dos seus títulos, a exemplo do 
www.googlebooks.com. Para uma aproximação 
mais parcimoniosa da sua obra, recomendo o volu-
me dedicado a ele, da Coleção “Grandes Cientistas 
Sociais”, da Editora Ática (São Paulo), cuja organiza-
ção ficou a cargo de Sérgio Buarque de Holanda, o 
que me dispensa, por razões mais do que óbvias, de 
maiores comentários. O volume se intitula Ranke e 
teve várias edições.
DicionárioDicionário
Prússia: região Centro-Norte da atual Alemanha, 
compreendendo cerca de 50% do seu território. 
Foi palco de intensas disputas territoriais por toda 
a Idade Média, o que lhe emprestou uma cultura 
marcial reconhecida mundialmente. Desde o iní-
cio do século XVIII tornou-se reino independente 
e, logo, a região mais rica do Império Alemão.
Teoria da História
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17
riências sensíveis nos informam sobre os objetos; 
todavia, essas informações são organizadas por 
formas a priori da nossa sensibilidade, mais espe-
cificamente, a partir das categorias apriorísticas 
de tempo e de espaço. Explicando: tempo e es-
paço não existem fora dos sujeitos cognoscentes, 
não são dados da natureza, mas tão somente ca-
tegorias de apreensão que preexistem nos sujei-
tos. Por isso, para Kant, não é possível conhecer o 
“real”, a “verdade” dos objetos, mas apenas aquilo 
que dele podemos perceber, quer dizer, o “fenô-
meno”, que em grego significa “o que aparece”. 
Vamos, agora, mais uma vez, fazer um apanhado das ideias mais importantes deste capítulo.
Leopold von Ranke, nascido em 1795 numa família luterana, pode ser tranquilamente considerado 
um dos mais importantes historiadores de todos os tempos. Apesar do seu estilo de narrativa e de que 
alguns de seus princípios teórico-metodológicos já terem sido, há tempos, superados, outros aspectos 
da sua metodologia ainda continuam a ser praticados. Ele é tido como o “pai da historiografia cientificis-
ta”, justamente por propor a isenção do historiador em relação ao seu objeto de pesquisa, procurando, 
deste modo, “mostrar a história como ela de fato foi”. Além da isenção, o historiador deveria promover 
uma rigorosa crítica das fontes, a fim de atestar sua legitimidade. Faleceuem 1886, depois de uma longa 
vida como historiador, na qual cultivou inúmeros discípulos em todo o mundo.
Agora, como de praxe, iremos aferir a sua aprendizagem.
3.1 Resumo do Capítulo
1. Aponte as razões pelas quais Leopold von Ranke pode ser considerado um dos mais impor-
tantes historiadores de todos os tempos. 
2. O que significa dizer que Ranke foi o “pai da historiografia científica”?
3.2 Atividades Propostas
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19
Um dos mais ilustres e originais represen-
tantes da chamada Escola Alemã de historio-
grafia foi Johann Gustav Droysen (06/07/1808 
– 19/06/1884). Teve grande influência no pensa-
mento de Wilhelm Dilthey e na moderna Teoria da 
História alemã. Sua obra só muito recentemente 
está sendo descoberta por historiadores brasilei-
ros, eclipsada que foi a historiografia alemã pela 
força da influência francesa em nossa universida-
de.
Leitor assíduo de Kant, tomou emprestado 
deste o rigor epistemológico que permitiu im-
plementar na História uma metodologia cientí-
fica própria. Graças à fenomenologia kantiana, 
refutou os princípios positivistas que vigoravam 
na historiografia desde Leopold von Ranke e sua 
busca pelo “fato puro”. Para ele, a história diz mui-
to mais respeito ao presente, ao historiador que 
interroga, do que ao passado. Este, segundo ele, 
passou, e o que restam dele são vestígios, lem-
branças ou monumentos, que serão interpelados 
pelos homens do presente, que os herdaram, pe-
los motivos do presente. Sua obra seminal foi o 
Grundriß der Historik (1858), ou seja, Manual de 
Teoria da História (2009), sobre a qual teceremos 
algumas considerações.
JOHANN G. DROYSEN
E A ESCOLA ALEMÃ4 
Ele abre sua obra afirmando enfaticamente 
que a História é uma ciência. Assim, ele discorda-
va de muitos pensadores românticos e de positi-
vistas radicais que viam nela muito mais um guia 
de moral e civismo do que uma área do conheci-
mento científico dotada de rigor e objetividade. 
Contudo, Droysen reconheceu que lhe faltava 
fundamentação epistemológica e metodológica 
suficientes para enfrentar a imensa tarefa que lhe 
cabia. O Grundriß teve esse “modesto” objetivo.
Gustav Droysen 
Fonte: www.filosofico.net.
Saiba maisSaiba mais
W. Dilthey (1833-1911), historiador alemão que, a 
partir dos seus conhecimentos de psicologia, pro-
pôs o entendimento da história a partir da “compre-
ensão interior” da dinâmica de cada sociedade.
DicionárioDicionário
Historicismo: concepção de história que enfati-
za a particularidade, a unicidade de cada evento 
histórico e a capacidade da história de influenciar 
a todas as esferas da vida humana. Nesse sentido, 
o historicismo é avesso a toda e qualquer filosofia 
teórica da história. Foi bastante influente na Ale-
manha no final do século XIX.
Celso Ramos Figueiredo Filho
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Droysen acaba por “humanizar” a historio-
grafia ao se confrontar com os cânones positi-
vistas até então em vigor. Para ele o sentido his-
tórico está presente na natureza humana, que é 
quem dá rumo aos estudos históricos. Sua teoria 
complementa esse princípio, explicitando-lhe os 
objetivos, os métodos e seus fundamentos (teo-
ria). Isso significa que, para Droysen, a ciência não 
paira acima dos homens. Pelo contrário, ela sinte-
tiza as aspirações naturais humanas. A ciência, ao 
menos a História, é composta por uma teoria, um 
método e um objetivo. Seu Grundriß consistiu na 
exposição desses três elementos.
A influência kantiana é logo perceptível. 
Droysen concebe que a percepção dos fenôme-
nos pelo sujeito cognoscente se dá dentro das 
categorias apriorísticas de espaço e tempo. Estas, 
por sua vez, não são objetivas, não devem ser en-
tendidas como grandezas físicas, como faz a ciên-
cia positivista. Afinal, é o homem que as organiza 
a seu modo, a fim de compreender os fenôme-
nos. O mundo dos fenômenos pode ser reduzido 
a dois conceitos, aliás, decorrentes das categorias 
de espaço e de tempo, a saber, natureza e história.
O movimento incessante dos fenômenos 
faz com que concebamos as coisas num constan-
te devir – e aqui ele está revelando suas influên-
cias de Hegel. O devir, por sua vez, é apreendido 
de duas maneiras: repetições periódicas; e repeti-
ções, crescimento por acumulação e intensifica-
ção simultâneas. Esse segundo tipo é o que en-
tendemos por história. A ciência histórica resulta 
da apreensão desse movimento e está se dá de 
duas formas: empiricamente ou pela pesquisa 
documental.
Quanto à apreensão empírica, ela é resulta-
do da própria vivência do historiador e das lem-
branças que os indivíduos conservam do passa-
do. Já a pesquisa documental é o trabalho com 
todos os vestígios que o passado legou para a 
posteridade. Para Droysen, tudo o que é humano 
é passível de ser apreendido historicamente, por-
tanto, não há documentos privilegiados em detri-
mento de outros.
AtençãoAtenção
Apesar do rigor teórico das escolas historiográ-
ficas alemãs, predominam no Brasil aquelas de 
origem francesa, a exemplo da Escola dos Anna-
les. Isso se deve à influência exercida pela França 
na construção do modelo universitário brasileiro, 
tomando por base a criação da USP, em 1934, “im-
portada” da França.
Agora, como sempre, façamos nossa breve releitura dos pontos mais importantes deste capítulo. 
Gustav Droysen considerava o passado, o presente e futuro absolutamente indistintos. Por isso, 
indicava que se deveria estudar da história aquilo que fosse relevante para a compreensão do presente. 
Para isso, o historiador poderia fazer uso de todos os vestígios do passado a fim de compreendê-lo.
Finalmente, algumas questões para verificarmos a qualidade da sua aprendizagem.
4.1 Resumo do Capítulo
Teoria da História
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4.2 Atividades Propostas
1. Em que Gustav Droysen se diferencia de muitos historiadores que lhe eram contemporâneos 
e de positivistas radicais?
2. Marc Bloch, no seu Apologia da História, afirmou que todos os vestígios humanos são passíveis 
de serem fontes documentais, ou seja, “tudo é história”. Haveria no historiador francês uma 
influência do alemão Gustav Droysen?
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23
TEORIAS ETAPISTAS5 
O entendimento da história como sucessão 
de etapas predeterminadas está presente no ima-
ginário da humanidade desde os primeiros rela-
tos míticos. Muitas teorias continuam a conceber 
a história por esse ponto de vista. Veremos, a se-
guir, algumas das mais marcantes teorias etapis-
tas da história.
Em Hesíodo (1992), o poeta – aedo – é 
quem tem o dom de invocar a musa da memó-
ria, Mnemosyne, vencendo a distância temporal. 
Foi no seu poema O Trabalho e os Dias (1996) que 
estabeleceu as cinco raças dos homens. São elas: 
“ouro”, “prata”, “bronze”, raça dos “heróis”, e raça de 
“ferro” (versos 106 a 201). Elas se sucedem ao lon-
go do tempo, um tempo mítico, numa sucessão 
que assinala a decadência do homem.
Aurélio Agostinho, mais conhecido como 
Santo Agostinho (354-430 d.C.), foi um dos gran-
des responsáveis pela difusão da concepção 
etapista-cristã de história. Nascido numa família 
patrícia da província romana da Numídia, teve 
educação esmerada e uma juventude despreo-
cupada. Da mãe, cristã fervorosa, herdou os pen-
dores religiosos. Mas, demorou a converter-se, 
tendo oscilado entre a filosofia de Maniqueu, o 
Maniqueísmo, e o Neoplatonismo, antes de abra-
çar apaixonadamente a fé cristã, em 387, da qual 
nunca mais se desprenderia, a ponto de ordenar-
-se padre e, posteriormente, se consagrar bispo 
de Hipona. Escreveu obra imensa, na qual faz uma 
interessante fusão entre a cultura clássica pagã, 
notadamente a filosofia platônica e o ceticismo, 
com sua leitura muito particular da Bíblia. 
5.1 Antiguidade e Idade Média
Santo Agostinho de Hipona
Fonte: www.agostinianos.org.br.
Interessa-nos, é claro, da sua vastíssima 
obra, sua concepção de história. É evidente que 
esta foi decisivamente marcada pela concepçãocristã de tempo e de história, como é possível se 
depreender da sua obra-prima, onde o tema da 
história é mais pormenorizadamente abordado, 
a Cidade de Deus, cuja composição lhe consumiu 
quatorze anos, de 413 a 427 d.C.
Através dessa obra-prima do pensamento 
cristão, Agostinho introduziu elementos metafí-
sicos absolutamente desconhecidos pela cultura 
greco-romana: as noções de Providência e Juízo 
Final. Ao fazer isso, dotou a História de uma con-
Celso Ramos Figueiredo Filho
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24
cepção religiosa que lhe ficará arraigada durante 
séculos e séculos. Interpretando a história terrena 
a partir das Escrituras, Agostinho via nela a suces-
são de cinco fases, todas estabelecidas pela provi-
dência. São elas:
1. a criação; 
2. a fase adâmica, que vai do pecado ori-
ginal até Moisés; 
3. a fase da lei mosaica, que é também a 
da espera pelo messias;
4. a fase da graça, isto é, a primeira vinda 
e a consequente construção da Igreja;
5. o Juízo Final e, por conseguinte, o fim 
da história.
Afora a sua visível fidelidade à tradição ju-
daico-cristã que, devido à sua capacidade inte-
lectual, marcou de forma indelével a história do 
pensamento ocidental, Agostinho foi o respon-
sável por estabelecer um ponto final na história. 
A história da humanidade regida por uma lei, no 
caso, a divina, que lhe empreende uma sucessão 
de fases. Esta sucessão sendo interrompida por 
um magnífico acontecimento que marca o fim da 
história. 
A partir dele, mesmo teóricos mais avessos 
a qualquer contaminação religiosa, vislumbram 
a possibilidade de um fim da história. Em suma, 
muitas teorias da história acabaram herdando 
esse entendimento da história como obedecen-
do a leis gerais de funcionamento – leis estas que 
operam à revelia da vontade humana – e à pers-
pectiva do fim da história.
A perspectiva finalista-cristã da história so-
fre um relativo abalo quando da descoberta do 
Novo Mundo. O contato dos europeus com cul-
turas até então absolutamente desconhecidas, 
pôs em cheque, ao menos temporariamente, o 
eurocentrismo. Do ponto de vista da teoria da 
história, já não era mais possível pensar numa 
história comum a toda a humanidade sem que se 
partisse, claramente, de um ponto de vista teoló-
gico cristão. 
DicionárioDicionário
Eurocentrismo: a visão de mundo que toma os va-
lores da civilização europeia, notadamente da sua 
porção ocidental, como o centro do universo.
Muitos séculos depois, e por razões que se 
pretendiam ser bastante diversas daquelas que 
impulsionaram Aurélio Agostinho no seu hercú-
leo esforço intelectual, Augusto Comte (1798-
1857), criador do Positivismo, também irá ser um 
dos principais impulsionadores da concepção 
etapista de história. É importante salientar que, 
malgrado seus princípios filosóficos estarem su-
perados, o Positivismo foi responsável por impor-
tantes contribuições ao pensamento. Graças a 
ele, as Ciências Sociais se tornaram um campo de 
estudo e pesquisa, com método próprio. Especifi-
camente na historiografia, a valorização da docu-
mentação na construção da narrativa também é 
uma contribuição positivista.
5.2 Comte e a Teoria dos Três Estágios
Augusto Comte
Fonte: www.sitiodascitacoes.com.
Teoria da História
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É de Comte a “Lei dos Três Estágios”, fases 
sucessivas, necessárias e invariáveis de evolução 
das sociedades humanas; quer dizer, para que 
uma dada sociedade alcance o último estágio, é 
inevitável passar pelos dois precedentes. Esses es-
tágios equivalem aos níveis de amadurecimento 
intelectual da humanidade. Correspondem, ana-
logamente, às fases de desenvolvimento cogniti-
vo do ser humano. 
No primeiro estágio, o “Teológico”, a huma-
nidade atribuía ao sobrenatural à causalidade 
dos fenômenos. Há neste estágio uma evolução 
interna: do animismo para o politeísmo e deste 
ao monoteísmo. Histórica e sociologicamente fa-
lando, para Comte, todos os Estados teocráticos 
da antiguidade, assim como as tribos indígenas 
e as populações hinduístas da Índia contempo-
rânea, por exemplo, estariam nesse nível inferior 
de desenvolvimento. Ele equivale, pois, à infância 
da humanidade que, temendo os trovões, raios e 
tempestades e incapaz de atribuir causas mate-
riais às doenças, à morte e a outros fenômenos, 
escondia-se atrás de fábulas e mitos.
Desenvolvendo sua capacidade intelectual, 
a humanidade, ou partes dela, conseguiu evoluir 
para um estágio superior, o “Metafísico”. Nesse es-
tágio, as explicações sobre os fenômenos deixam 
de se basear em deuses e demais forças sobrena-
turais. Agora, ensaiando sua autonomia e liber-
tando sua razão, o homem busca por princípios 
racionais gerais que estariam na base de todos os 
fenômenos. Esse estágio pode ser exemplificado 
pela fase pré-socrática da Filosofia (séculos VII a 
V a.C.), quando os primeiros filósofos se esforça-
ram por localizar esse suposto princípio motor, ao 
qual foi identificado o “ar” por alguns, o “fogo”, por 
outros e, os números, por terceiros e assim por 
diante. 
Esse estágio corresponde, portanto, na ana-
logia com as fases de desenvolvimento cognitivo 
do indivíduo, com a adolescência, quando os me-
dos infantis estão sendo superados e se vislum-
bram alguns ensaios tateantes de autonomia de 
pensamento. 
Por fim, o terceiro estágio, é o Positivo, tam-
bém chamado de Científico. É quando o espírito 
humano amadurece a ponto de reconhecer-se 
capaz de, sem o concurso de outros meios a não 
ser sua própria experiência, solucionar gradati-
vamente os mistérios da vida e da natureza. Ele, 
o homem, passa a buscar as Leis que regem o 
universo e o comportamento humano. O cami-
nho para esse conhecimento é o método empí-
rico. Noutros termos, o Positivismo presume a 
capacidade da inteligência humana de conhecer 
a verdade dos objetos, desde que devidamente 
orientada. O objeto contém uma verdade sobre si 
mesmo, cabe ao homem desvelá-la.
Esse estágio de evolução social corres-
ponde àquele atingido, na época de Comte, por 
alguns países da Europa Ocidental e pelos Esta-
dos Unidos, notadamente por aqueles de cultu-
ra anglo-saxônica. Por isso, a esses países cabia o 
comando da humanidade. À frente do comando 
dos países de forma geral deveriam estar os indi-
víduos dotados do espírito positivo, a saber, os 
cientistas e os empreendedores.
Como se pode depreender, o Positivismo 
é uma teoria com um indiscutível cunho ideoló-
gico. No plano global, postula a hegemonia dos 
países centrais do capitalismo e, no plano interno, 
o controle por parte da burguesia e os cientistas 
a seu serviço. 
AtençãoAtenção
É no Discurso sobre o espírito positivo (1848/1983) 
que Comte expõe sua teoria dos Três Estágios.
Saiba maisSaiba mais
Àqueles que desejarem conhecer pormenores da 
filosofia pré-socrática, sugiro o volume a ela dedica-
do pela Coleção “Os Pensadores”, da Editora Abril, de 
São Paulo. Nessa cuidadosa edição, os fragmentos 
que chegaram até os nossos dias dos textos desses 
interessantes precursores do pensamento filosófico 
e científico do Ocidente são precedidos de comen-
tários de Aristóteles, Hegel e Nietzsche. É, pois, im-
perdível.
Celso Ramos Figueiredo Filho
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Mas, do ponto de vista da teoria da história, 
o Positivismo foi responsável pelo estabelecimen-
to de uma historiografia pautada na busca pela 
objetividade e na anulação da individualidade do 
pesquisador. O alemão Leopold von Ranke (1795-
1886), literalmente, fez escola, como vimos em tó-
pico anterior. Contudo, diferentemente de Com-
te, Ranke não via a história como uma teleologia, 
quer dizer, nenhuma fase histórica era inferior à 
posterior – a Alta Idade Média não era inferior ao 
Renascimento, mas tão somente diferente. Por 
essa razão, Ranke também discordava das teses 
hegelianas de que, por força da dialética, a his-
tória se encaminharia inevitavelmente para um 
fim, o “absoluto hegeliano”. É justamente por esse 
distanciamentoradical do etapismo comteano, 
herdado de outro historiador alemão, Friedrich 
Savigny, que Ranke foi, por mais paradoxal que 
possa parecer, um dos precursores do Historicis-
mo4.
4 Vide nossa aula web sobre o tema.
O alemão George W. F. Hegel é o autor de 
uma célebre teoria etapista da história, a dialé-
tica, que influenciou fortemente o pensamento 
dos criadores do socialismo científico, Karl Marx 
e Friedrich Engels.
George W. F. Hegel
Fonte: www.filosofiaocupada.blogspot.com.
Para Hegel, a razão é histórica, quer dizer, é 
uma construção cultural e, portanto, mutável. Por 
isso, refutando Kant, não há “apriorismos” categó-
ricos na razão. Contudo, concordando com este, 
Hegel, admite que o sujeito interfere ativamente 
na construção da realidade. Em sendo a realidade 
aquilo que ao sujeito se apresenta, ele vai chamá-
5.3 Hegel e a Dialética
-la de “consciência”. Explicando: só é real aquilo 
que é compreendido pela consciência, pela razão, 
o que equivale a dizer que tem existência somen-
te o que se mostra à razão. Daí a máxima hegelia-
na: “o real é racional, o racional é real”.
Ao mesmo tempo, reconhecendo que a 
realidade (agora “consciência”) e o sujeito estão 
em permanente mudança, transformando-se 
continuamente, então a tarefa mais importan-
te do filósofo é compreender o movimento, isto 
é, a história. Se a realidade só tem existência na 
consciência, como dissemos acima, então a histó-
ria, quer dizer, as mudanças do real são frutos das 
mudanças na consciência.
Por isso, ele refuta todas as explicações so-
bre o sujeito que lhe precederam, pois todas elas 
não levaram em conta esse permanente vir a ser, 
tanto do sujeito quanto da realidade. Todos os 
sistemas filosóficos anteriores constroem sua ló-
gica a partir da identidade, do igual, da ausência 
de movimento. Partem, portanto, de uma pre-
missa equivocada. Para solucionar esse impasse, 
ele se propõe a erigir um novo sistema filosófico 
que desse conta do movimento, uma filosofia do 
devir. A lógica que explica esse contínuo vir a ser, 
criada por ele, chamou de “dialética”.
A dialética hegeliana consiste na percepção 
de que tudo o que existe está em permanente 
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movimento, mudança. Quer dizer, a natureza úl-
tima das coisas, seres vivos e inanimados, é a mu-
dança; é como se tudo estivesse em permanente 
conflito. A contradição, o conflito, ganhou com 
Hegel estatuto filosófico; passou a ser admitido 
como o motor da história. 
A dialética de Hegel é composta por três 
momentos:
1. a tese, que é a afirmação;
2. a antítese, negação da afirmação;
3. a síntese, negação da negação.
Essas etapas são inescapáveis e as sucessi-
vas sínteses dialéticas tendem para o “absoluto”, 
que é a expressão de uma vontade coletiva subli-
me, que equivalerá ao fim da história. Essa é, em 
resumo, a essência do Idealismo Alemão.
O materialismo histórico-dialético, formula-
do por Karl Marx e Friedrich Engels, se constitui 
numa das mais duradouras teorias etapistas da 
história. Além disso, ela vislumbra, sem precisar 
data, é claro, o fim da história. Isso se dá em função 
da sua herança hegeliana, ou melhor, da dialética 
hegeliana, conforme vimos nas linhas acima. 
Para Marx e Engels, a história é resultado 
dos conflitos sociais, quer dizer, fruto da própria 
ação humana na sua luta por melhores condições 
de vida, contra a opressão ou pelo poder. É por 
essa razão que eles abrem o texto do Manifesto 
do Partido Comunista (1848), que é a obra seminal 
do materialismo histórico-dialético com a frase 
epigráfica: “A história de todas as sociedades que 
existiram até nossos dias tem sido a história da 
luta de classes.” 
Quer dizer, as sucessivas transformações 
pelas quais a humanidade passou, e passará, re-
sultam dos embates provocados por classes so-
ciais antagônicas. Por esse ponto de vista, a rea-
lidade social deixa de ser aquele cenário de paz 
e harmonia, como pretendem os positivistas, e se 
torna o placo de lutas, muitas vezes surda, outras 
vezes aberta, entre as classes contendoras. Para 
Marx e Engels, ainda no Manifesto de 1848,
5.4 Materialismo Histórico-Dialético
homem livre e escravo, patrício e plebeu, 
barão e servo, mestre de corporação e 
companheiro, numa palavra, opressores 
e oprimidos, em constante oposição, têm 
vivido numa guerra ininterrupta, ora fran-
ca, ora disfarçada; uma guerra que termi-
nou sempre, ou por uma transformação 
revolucionária, da sociedade inteira, ou 
pela destruição das duas classes em luta.
As grandes transformações da humanida-
de, aquelas em que ocorrem mudanças profun-
das nos padrões civilizatórios, são de caráter revo-
lucionário. Ainda que demore gerações para que 
o processo de transformação se conclua, a causa 
motora é sempre as condições materiais de vida. 
Por isso a teoria se chama “materialismo histórico-
-dialético”. “Materialista” porque são as condições 
econômicas de vida que impulsionam os homens 
e que estão na base de todas as demais atividades 
humanas. “Histórico” porque esse embate pode 
produzir transformações profundas nas relações 
sociais e econômicas, quer dizer, história. E “dia-
lético” porque o “motor” da história é o conflito 
social.
As matrizes teóricas do pensamento de 
Marx e Engels são variadas e vão desde os socia-
listas utópicos, como Saint-Simon (1760-1825) e 
Robert Owen (1771-1858), até a Economia Políti-
Celso Ramos Figueiredo Filho
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ca Clássica, de Adam Smith e David Ricardo. Do 
pensamento alemão contemporâneo até eles, 
Marx e Engels retiram do filósofo Ludwig Feuer-
bach (1804-1872) os conceitos de materialismo 
e alienação; e do filósofo Friedrich Hegel (1770-
1831), como vimos, o conceito de história como 
dialética. 
Marx e Engels
Fonte: www.marxengels.blogspot.com.
Interpretando todos esses autores e teorias 
à luz da conturbada realidade social do capita-
lismo, Marx e Engels concluem que a realidade 
material está na base de todas as relações sociais. 
Como “realidade material” Marx e Engels estão 
compreendendo as relações do homem com o 
mundo natural, no seu esforço cotidiano de re-
produzir a própria existência – que os autores 
chamam de “forças produtivas”. Compreendem 
também as relações dos homens entre si, a sa-
ber, as chamadas “relações de produção”, estabe-
lecidas entre proprietários e não proprietários, e 
entre não proprietários e os meios e objetos de 
trabalho – denominados de “meios de produção”. 
A esse conjunto de relações, com a natureza e de 
produção, Marx e Engels chamam de “infraestru-
tura” ou “estrutura econômica”.
A “superestrutura” é o conjunto de relações 
“imateriais”, quer dizer, daquelas que estão no 
plano das ideias e, por isso, é chamada também 
de “ideologia”. Nela estão incluídas as esferas da 
política e do direito, a religião, as artes, a filosofia, 
as ciências, enfim, todas as atividades espirituais 
do homem. Estas, segundo Marx e Engels, são 
reflexos das condições materiais de vida e nelas 
predominam a visão de mundo das camadas do-
minantes da sociedade.
As grandes transformações históricas da 
humanidade resultam, então, das lutas sociais. As 
classes contendoras em grande período histórico 
– que eles chamam de “modos de produção” – en-
tram em conflito dialético. Assim se sucederam 
os modos de produção até o advento do capita-
lismo, que pôs em luta a burguesia, classe hege-
mônica, detentora da propriedade dos meios de 
produção, e o proletariado. 
Fiéis à dialética hegeliana, Marx e Engels 
vislumbraram no proletariado industrial, que foi 
uma criação da própria burguesia, a sua negação. 
Isto é, se o capitalismo é a “tese”, numa análise 
dialética, a negação há de advir dele próprio, ou 
seja, do proletariado. Este – criado pela burguesia 
industrial, pois esta despojou os antigos artesãos 
dos meios de produção, isto é, das suas ferramen-
tas – irá se voltar contra o seu criador. A burgue-
sia, ao oprimir os trabalhadores, alienando-ose 
apropriando-se da “mais-valia”, fará com que es-
ses lutem para se emancipar. Eis o surgimento da 
antítese, que, para Marx e Engels, será o comunis-
mo, uma sociedade igualitária, onde não haverá 
mais exploração do homem pelo homem.
Mas, lembre-se dos três tempos da dialéti-
ca: a antítese não é a síntese. Está é uma fusão dos 
dois tempos anteriores, da tese a da antítese. Por-
tanto, voltando ao pensamento de Marx e Engels, 
o comunismo deverá ser precedido por uma fase 
– a síntese – intermediária. Esta fase, chamada So-
cialismo, será caracterizada por elementos tanto 
da tese quanto da antítese, isto é, já não será mais 
o capitalismo, mas ainda não será o comunismo. 
A forma política dessa fase transitória é a “ditadu-
ra do proletariado”.
As teorias etapistas da história acabam, to-
das elas, cada uma à sua maneira, refletindo certo 
nomadismo como inerente à própria condição 
humana. Cada fase é uma mera etapa, uma pas-
sagem, portanto nada é definitivo, tampouco o 
presente. Nisso podemos ver a forte presença da 
concepção cristã agostiniana de história, tão be-
Teoria da História
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lamente sintetizada por Remo Bodei (2001) que 
optamos por citá-lo:
na base das nossas mais enraizadas idéias 
sobre a filosofia da história está, justa-
mente, a noção agostiniana de peregri-
natio, de viagem. Forçando de maneira 
anacrônica os termos, poder-se-ia dizer 
que somos todos cidadãos e emigrantes 
da história, habitantes e exilados do tem-
po. Ou, mais propriamente, que a história 
é o nomadismo da humanidade do tempo 
para o eterno [...] (p. 19, grifos nossos). 
A história tem, portanto, um sentido, reto-
mando uma argumentação apenas sugerida pá-
ginas atrás. Ela é, por assim dizer, na visão dessas 
teorias, uma ciência teleológica: há uma predesti-
nação para a humanidade, seja ela a salvação por 
Deus ou pela luta de classes. Contudo, contem-
poraneamente, essas teorias estão em desuso, 
seja pela desconfiança generalizada em relação à 
sua cientificidade, seja pela perda da crença num 
destino comum à humanidade, fenômeno que se 
repete, tal como o ocorrido quando da chegada 
dos europeus na América.
Como de hábito, vamos retomar as principais ideias deste capítulo.
Vimos algumas das teorias etapistas da história, dentre elas a concepção agostiniana. Esta se ca-
racteriza marcadamente pela concepção cristã de tempo e de história, como é possível depreender da 
sua obra-prima, onde o tema da história é mais pormenorizadamente abordado, a Cidade de Deus, cuja 
composição consumiu quatorze anos, de 413 a 427 d.C.
Trabalhamos também o pensamento de Augusto Comte (1798-1857), criador do Positivismo, é a 
primeira tentativa de sistematização da construção do conhecimento na esfera das ciências sociais. Foi 
Comte, então, o precursor da adoção de métodos verdadeiramente científicos nestes campos do saber, 
derivados que foram do cientificismo típico do século XIX. Por isso, cabe a ele o honroso título de funda-
dor da Sociologia. Dos seus esforços em compreender a sociedade, derivou uma teoria da história. Por 
isso, ele tem lugar garantido, mesmo que seja para refutá-lo, num curso de Teoria da História.
Finalmente, trabalhamos também a visão hegeliano-marxista de história. Segundo esta, a história 
se processa através dos conflitos dialéticos. Estes tendem a conduzir a humanidade para estágios cada 
vez mais evoluídos de organização social que, para Marx, seria o comunismo.
Encerrando nosso percurso neste capítulo, vamos responder a algumas questões para verificarmos 
a aprendizagem.
5.5 Resumo do Capítulo
5.6 Atividades Propostas
1. Descreva a tríade dialética hegeliano-marxista.
2. Por que, na concepção de história de Marx e Engels, o proletariado tem um papel fundamen-
tal?
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Percebe-se, atualmente, por parte das pessoas de forma geral, uma perda do sentido histórico. 
Questionamentos sobre o porvir ou sobre o passado, tanto relativos às suas vidas particulares quanto 
à história da sociedade, estão se tornando cada vez mais raros. Aliás, para muitas delas, questões desse 
gênero sequer são colocadas. Simplesmente vive-se. 
Ante ao imediatismo típico da vida contemporânea, onde tudo é fugaz, rápido, efêmero, na velo-
cidade instantânea de um videoclipe ou de um e-mail, abstrair temporalidades torna-se cada vez mais 
difícil. O passado tem o alcance das lembranças do último reality show, da penúltima novela, ou, o mais 
distante que se consegue alcançar, do antepenúltimo casamento do galã global. É velho, ultrapassado, 
desinteressante tudo aquilo que escapa a essa estreita dimensão temporal, o que leva muitos jovens a 
indagarem aos seus professores sobre a finalidade do ensino da história.
Quanto a nós, que nos propusemos a nos profissionalizar em História, temos, por dever de ofício, 
que refletir sobre essas questões. Daí a importância da Teoria da História. Contudo, somos obrigados a 
admitir que nossas dificuldades, no trabalho com Teoria, são potencializadas. Isto porque se trata de um 
campo de pesquisa relativamente marginalizado em nossos dias, exatamente como reflexo do imedia-
tismo de que falávamos acima.
Mas, se o historiador ou o professor de história não se colocou questões como “por que escrever/
ensinar história?”, ou então, “o que é a história?”, creio que ele não terá sucesso na sua empreitada.
Estou convencido de que uma ciência, e o profissional que a ela se dedica, só pode ser considerada 
de fato como tal, na medida em que ela consegue justificar-se a si mesma. O historiador ou professor de 
história que não tenha essa compreensão dos pressupostos teórico-filosóficos do seu ofício está arrisca-
do a ser um diletante, um mero colecionador de informações sobre fatos ocorridos no passado distante. 
Será, pois, incapaz de dar uma explicação sobre os fatos que ele está arrolando. Em suma, se o profissio-
nal da História não for capaz de refletir sobre suas ações quando “faz” história, seja na pesquisa, seja na 
sala de aula, estará contribuindo muito pouco para a ciência que abraçou e para os seus alunos.
Esta apostila, assim como as aulas web e as aulas satélite foram elaboradas com este objetivo, com 
o compromisso de motivar nossos estudantes, a maioria prestes a entrar em sala de aula, a refletir sobre 
suas ações enquanto historiador. Tentamos alcançar esse objetivo apresentando e discutindo algumas 
das teorias da história que consideramos as que mais influenciam a historiografia contemporânea. Espe-
ro termos alcançado nosso objetivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS6
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CAPÍTULO 1
1. Uma vez que a história é um retorno do presente ao passado, que o cria a cada movimento 
de retorno, então são os historiadores que o lapidam continuamente. Isto é, o presente está, a 
cada volta ao passado, reelaborando-o a partir das exigências presentes. Como a cultura está 
em permanente transformação, também o passado será revisitado com outros olhares, o que 
leva a uma renovação constante de “sentido” da história. Ao se transformarem os valores pre-
sentes, o sentido da vida, certamente o historiador olhará para o passado com este novo olhar.
Os nexos causais do presente serão, sintomaticamente, revisados, buscando-se novos nexos 
que justifiquem as escolhas presentes.
O que buscar no passado? Como representá-lo? Por que este aspecto tem relevância, em de-
trimento de outro? Veja, essas perguntas têm suas respostas no presente, e não no passado. 
Por isso, categoricamente para Weber, este é uma criação do presente.
2. Nas sociedades industriais modernas, a valorização da razão e a exacerbação do indivíduo le-
varam, consequentemente, ao desprestígio das tradições, esvaziando assim a história de sig-
nificado. As causalidades sobrenaturais estão em desuso, as tradições, idem. Em lugar destas, 
a fria materialidade da causalidade científica, “empiricamente comprovada”. Resultado: perda 
da sensação de transcendência do homem.CAPÍTULO 2
1. O século V a.C. (século de Tucídides e da Guerra do Peloponeso) é o do apogeu do pensamen-
to clássico grego, quando a Filosofia e outras áreas do conhecimento alcançaram sua total 
independência em relação aos mitos. Nesse mesmo movimento, história passou a ser tema de 
conjecturas teóricas e especulações filosóficas quando se pretendeu relacionar os aconteci-
mentos locais com aqueles de uma escala geográfica mais ampla. Ou seja, quando se perce-
beu que o destino de uma dada região do planeta poderia estar sendo decidido a milhares de 
quilômetros de distância, é que surgiu a preocupação em teorizar sobre essa concatenação 
de fatos.
2. As concepções etapistas da história presumem que a história da humanidade não só obedece 
a sucessivas e inevitáveis etapas, mas que essas se sucedem com um sentido que vai do pior 
para o melhor. Portanto, o homem teria um limitado poder de influência sobre o seu próprio 
destino, que já estaria predeterminado por leis infalíveis da história.
RESPOSTAS COMENTADAS DAS 
ATIVIDADES PROPOSTAS
Celso Ramos Figueiredo Filho
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CAPÍTULO 3
1. Ele é tido como o “pai da historiografia cientificista” justamente por propor a isenção do his-
toriador em relação ao seu objeto de pesquisa, procurando, deste modo, “mostrar a história 
como ela de fato foi”. Além da isenção, o historiador deveria promover uma rigorosa crítica das 
fontes, a fim de atestar sua legitimidade. Faleceu em 1886, depois de uma longa vida como 
historiador, na qual cultivou inúmeros discípulos em todo o mundo.
2. Devido à sua insistência no ideal de um historiador imparcial e objetivo. Segundo ele, o his-
toriador deveria extrair das fontes “a vida como de fato foi”. Para atestar a legitimidade delas, 
recorreu aos métodos já empregados por ele na verificação da originalidade dos textos clássi-
cos com os quais trabalhava em nos seus estudos de Línguas Clássicas.
CAPÍTULO 4
1. Muitos pensadores viam na história muito mais um guia de moral e civismo do que uma área 
do conhecimento científico dotada de rigor e objetividade. 
2. Cremos que sim, pois, para Droysen, tudo o que é humano é passível de ser apreendido his-
toricamente, portanto não há documentos privilegiados em detrimento de outros, em suma, 
“tudo é história”, diria Bloch.
CAPÍTULO 5
1. A dialética de Hegel, e de Marx, é composta por três momentos:
1º) a tese, que é a afirmação;
2º) a antítese, negação da afirmação;
3º) a síntese, negação da negação.
2. Fiéis à dialética hegeliana, Marx e Engels vislumbraram no proletariado industrial, que foi uma 
criação da própria burguesia, a sua negação. Isto é, se o capitalismo é a “tese”, numa análise 
dialética, a negação há de advir dele próprio, ou seja, do proletariado. Este – criado pela bur-
guesia industrial, pois despojou os antigos artesãos dos meios de produção, isto é, das suas 
ferramentas – irá se voltar contra o seu criador.
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ALMEIDA, C. R. R. de. A história como ontologia do mundo: Luciano de Samósata entre a derrisão e a 
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BODEI, R. A história tem um sentido? Bauru: EDUSC, 2001.
CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia. São Paulo: Cia. das Letras, 1994.
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VOLTAIRE. Dicionário filosófico. Rio de Janeiro: EDIOURO, 2002.
REFERÊNCIAS
	Teoria da História_online_maio_2012
	INTRODUÇÃO
	1 
	O SENTIDO DA HISTÓRIA
	1.1 Resumo do Capítulo
	1.2 Atividades Propostas
	2 
	A ORIGEM DA HISTÓRIA E AS PRIMEIRAS TEORIAS
	2.1 Resumo do Capítulo
	2.2 Atividades Propostas
	3 
	HISTÓRIA E VERDADE
	3.1 Resumo do Capítulo
	3.2 Atividades Propostas
	4 
	JOHANN G. DROYSEN
	E A ESCOLA ALEMÃ
	4.1 Resumo do Capítulo
	4.2 Atividades Propostas
	5 
	TEORIAS ETAPISTAS
	5.2 Comte e a Teoria dos Três Estágios
	5.3 Hegel e a Dialética
	5.4 Materialismo Histórico-Dialético
	5.5 Resumo do Capítulo
	5.6 Atividades Propostas
	6
	CONSIDERAÇÕES FINAIS
	RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS
	REFERÊNCIAS

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