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Saúde Coletiva - cap 4

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SAÚDE COLETIVA
UNIDADE 4 - MODELOS, ORGANIZAÇÃO E 
PROMOÇÃO EM SAÚDE NO ÂMBITO DO SUS
Autoria: Averlândio Wallysson Soares da Costa – Revisão técnica: Patrícia 
Passos Simões
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Introdução
Nesta última unidade, fortaleceremos uma discussão fundamental para a formação de profissionais na área da
Saúde Coletiva. Você já se perguntou qual deve ser a forma de atuação em saúde? Se existe uma forma correta ou
não de atuar? A partir de agora, veremos sobre os Modelos de Atenção à Saúde, que funcionam como estruturas
idearias para explicar os modos de intervenção em saúde.
Você já deve ter se interrogado sobre o que seria prevenção e promoção em saúde. Sabe se há alguma diferença?
Para esclarecer essas questões, estudaremos sobre essa temática, aprendendo sobre cada um desses aspectos e
compreendendo que ambos são instrumentos para a operacionalização da atenção à saúde.
Para todo esse processo, é preciso organizar equipes e serviços que atendam a tais demandas, então, como os
serviços de saúde se organizam para atender às necessidades de saúde de indivíduos e coletividades? Para isso,
elucidaremos sobre os níveis de atenção à saúde e a organização dos serviços em Redes de Atenção à Saúde
(RAS).
Como já é possível perceber, esta unidade será incrível e você não perde por esperar tudo o que vem por aí.
Então, segure firme e embarque nessa importante viagem.
Bons estudos!
4.1 Modelos de Atenção à Saúde no Brasil
Neste tópico iremos promover uma importante discussão sobre os Modelos de Atenção à Saúde no Brasil, a
partir do arcabouço teórico fundamental para a construção da atuação profissional e manejo das necessidades
de saúde de indivíduos e coletividades em um espaço e tempo delimitado.
4.1.1 Modelos de Atenção: conceitos introdutórios
Em um primeiro momento é fundamental estabelecer o conceito de modelo. Acredito que pensar sobre o que
seria um modelo remete a ideia de um padrão a seguir, algo que serve de base para alcançar uma determinada
condição homogênea. Na saúde essa concepção se aplica, já que os Modelos de Atenção são padrões
organizativos de formas de atuação em saúde.
Desse modo, é importante frisar que, quando lidamos com saúde na perspectiva da determinação social da
saúde, a multiplicidade e complexidade de formas de construir saúde precisam ser consideradas. Portanto,
precisamos, inicialmente, compreender que os modelos não podem engessar ou mesmo limitar a atuação, ao
contrário, devem ser tratados como formas e impulsos para a reflexão e crítica aos processos.
No Brasil, predominam dois modelos, que atuam de forma paralela e contrária: o modelo Médico Hegemônico e o
Sanitarista. O primeiro, como o próprio nome traz, é hegemônico na sociedade, denotando o maior uso e
exequibilidade na sociedade. O segundo, diz respeito a um modelo que, mesmo atuante na sociedade, tende a ser
usado bem menos em relação ao hegemônico, ocupando uma menor relevância social, enfrentando dificuldades
em sua execução, principalmente, pelos modelos econômicos e políticos da sociedade, como o neoliberalismo
/capitalismo (PAIM, 2014).
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O Modelo Médico Hegemônico está centrado em um formato mais pautado nos ideais econômicos e na lógica de
lucro oriunda do capitalismo/neoliberalismo. Tende ao individualismo a concepção da saúde-doença como
mercadoria, que pode ser comercializada para obtenção de lucro. E como tal, dá ênfase ao biologicismo,
medicalização dos problemas, estímulo ao consumismo médico, participação passiva e subordinada dos
consumidores perante a figura do profissional de saúde.
O Modelo Sanitarista teve suas primeiras expressões no início da década de XX, e remete à ideia de campanha,
campanhas de vacinação, controle de epidemias, erradicação de endemias; e ainda aos programas, programas de
controle de tuberculose, saúde da criança, saúde mental, saúde da mulher, entre outros. Tende a uma abordagem
epidemiológica, no sentido de controle e erradicação de situações de saúde, assim como uma vigilância em saúde
que atenda a tais necessidades (PAIM, 2014).
Em termos conceituais e levando em consideração nossos objetivos, serão abordadas 4 estratificações, duas de
cada modelo. Em relação ao Modelo Médico Hegemônico, serão apresentadas noções sobre o Modelo Médico
Assistencial Privatista e o Modelo de Atenção Gerenciada. Quanto ao Modelo Sanitarista, serão detalhados
conceitos sobre Campanhas Sanitárias e Programas e sobre Vigilância Sanitária e Epidemiológica, de acordo com
Paim (2014). Veja a seguir.
Os Modelos de Atenção à Saúde devem englobar técnicas e tecnologias para resolver problemas e atender às
necessidades de saúde individuais e coletivas. Materializando-se como maneiras de intervenção em saúde,
acompanhando as demandas e necessidades da sociedade.
Modelo Médico Hegemônico
 é a versão mais conhecida do Modelo Médico Privatista. Aproxima-seModelo Médico Assistencial Privatista
da Medicina Flexneriana, fortalecendo a clínica e os procedimentos e serviços especializados, com uma demanda
espontânea.
teve seu desenvolvimento substancial com o incremento dos planos e segurosModelo da Atenção Gerenciada 
de saúde, tendo uma abordagem extremamente focada no custo-efetividade, custo-benefício. Utiliza técnicas com
intuito de uniformizar condutas, utilizando uma prática baseada em evidências e protocolos assistenciais.
Fortalecendo, assim, a contenção da demanda e a racionalização dos serviços e procedimentos.
Modelo Sanitarista
Campanhas Sanitárias e Programas têm seu arcabouço teórico nos conhecimentos e fundamentos biológicos e
epidemiológicos. Inclina-se para uma gestão verticalizada, em que o centro decisório está em um nível
hierárquico superior e todos os demais reproduzem as ações estabelecidas. Possui um plano de ação para
determinados riscos e agravos e/ou determinados grupos populacionais.
contempla a Vigilância Sanitária, que se centra nos riscos, utilizando dosVigilância Sanitária e Epidemiológica 
saberes da biomedicina e epidemiologia, do saber jurídico; e a Vigilância Epidemiológica centrada no controle
dos danos, utilizando dos fundamentos biológicos, estatísticos e epidemiológicos.
VOCÊ SABIA?
O modelo Médico Flexneriano teve sua origem nos Estados Unidos e caracteriza-se pela
perspectiva exclusivamente biologicista da doença, com negação dos determinantes sociais de
saúde. Tendo no hospital o local para a execução desse modelo e o estímulo à disciplinariedade
e uma abordagem reducionista do conhecimento.
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4.2 Promover e prevenir em saúde
Neste tópico iremos elucidar sobre dois pontos que estão sempre interligados e, muitas vezes, são entendidos
como sinônimos. Porém, iremos perceber que há diferenças, estamos nos referindo à prevenção e a promoção da
saúde. Aqui, iremos discutir sobre cada um desses conceitos, com vistas ao fortalecimento da sua aplicabilidade.
4.2.1 Promoção da saúde
As intensas mudanças na sociedade, no decorrer da história, contribuíram para as transformações nos modos de
compreender e dar sentido à vida. Como a saúde e a doença são produtos dessa transformação, nesse contexto,
passaram e vem passando por mudanças nas formas de atuação.
Assim, as formas de lidar com a saúde e a doença passaram por mudanças, inclusive nas formas de atuação. No
período após a Revolução Industrial, em todo o mundo, percebe-se um acréscimo do ideário da preservação da
saúde e controle de vulnerabilidades, com intuito, a princípio, de diminuir as incapacidades e evitar o
adoecimento da mão de obra operante.
Essas mudanças, mesmo que com objetivos econômicos, em primeiro momento, embaladas pelo fortalecimento
da concepção de saúde de forma complexa e abrangente, culminaram na necessidade de formulação de
estratégias que viessem a controlar riscos e, assim, diminuir o adoecimento e consequências das patologias.
No Brasil, as primeiras expressões de saúde pública utilizaram ferramentas higienistas e sanitárias para controle
de vetores, contaminantes e diminuição de riscos de doenças. Com práticas limitadas e pouco abrangentes, não
resultou emexpressivo êxito a nível coletivo. Posteriormente, ascendem movimentos com intuito de uma
reforma a essa situação, a Reforma Sanitária Brasileira que abarcou ideias de práticas que promovessem a
integralidade de ações e condutas.
Posteriormente, em 1988, a VIII Conferência Nacional da Saúde (CNS) promove o fortalecimento da concepção
de saúde como um direito, um direito democrático inclusive, ascendendo outras demandas como a construção de
um sistema único e descentralizado. Tais conduções culminaram na necessidade de construção conceitual em
legislação do que seria saúde, que abarcou as concepções amplas que traziam os determinantes e condicionantes
de saúde como influências ao processo saúde-doença.
Essa condição de entendimento amplo de saúde como parte de uma determinação social, por influências em
nível internacional da Carta de Otawa, documento produzido na I Conferência Internacional de Promoção da
Saúde, introduziu a concepção teórica e operativa da promoção à saúde em níveis mundiais (BASSINELLO, 2014).
VOCÊ O CONHECE?
Jairnilson Silva Paim é professor Titular de Universidade Federal da Bahia e Professor Honoris
Causa da Universidade Estadual de Feira de Santana. Possui uma vasta literatura na área de
saúde pública e saúde coletiva, sendo um dos autores contemporâneos mais lidos no que diz
respeito à construção do SUS e seus reflexos atuais.
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Figura 1 - Saúde de forma integrada
Fonte: Monster Ztudio, Mediapool, 2020.
#PraCegoVer: na imagem há uma pirâmide construída de blocos, cada bloco apresenta um símbolo relacionado
à saúde, como estetoscópio, comprimido, gosta de sangue, cruz vermelha e cadeira de rodas.
Com a construção do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1990, há um incremento do conceito ampliado de saúde,
com o acréscimo de políticas públicas, participação social, regionalização, coparticipação e intersetorialidade,
que são as bases para a promoção da saúde. Nesse sentido, há uma sinergia entre as ações para melhoramento
da qualidade de vida e para a afirmação do direito à vida e à saúde, dialogando com a promoção da saúde.
Mas aqui, se faz necessário estabelecermos, em termos conceituais e práticos, o que seria promoção da saúde, já
que se trata de todo o conjunto de políticas, planos, programas de saúde pública com intuito de favorecer a saúde
das pessoas. Em outros termos, podemos definir com a série de medidas protetivas com intuito de manejar os
condicionantes e determinantes de saúde, favorecendo o autocuidado, cidadania, liberdade, democracia e
comprimento de direitos (BASSINELLO, 2014).
Na condição ampliada de saúde, os modos de vida se referem a arranjos do sujeito e coletivo, de sua interação no
meio social, em todas as diversas áreas de abrangência, não só no âmbito da saúde. Portanto, os modos de viver
superam o modo tradicional de formas individuais de expressão da vontade, para características do grupo, das
coletividades e como o processo tem acontecido na sua própria vida, ao passo que tem suas necessidades
atendidas, novas são configuradas pela própria construção e reconstrução em seu contexto.
A promoção da saúde também mantém relação com Vigilância em Saúde, articulando e reforçando a exigência de
um movimento integrador no estabelecimento de consensos e sinergias, assim como na execução dos planos
governamentais, a fim de que as políticas públicas sejam exequíveis e adequadas à saúde da população (ROCHA,
2012).
A cidadania, na perspectiva da promoção da saúde, é peça fundamental do processo, tendo sua expressão por
VOCÊ QUER VER?
No vídeo há uma importante entrevista com Jairnilson Paim,Abertura do ano letivo ENSP 2014
em que ele faz uma reflexão sobre saúde pública e saúde coletiva de suma importância para a
construção de conhecimento sobre essa área temática. Confira em: https://www.youtube.com
./watch?time_continue=2&v=xuUXD0SJJpE&feature=emb_logo
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A cidadania, na perspectiva da promoção da saúde, é peça fundamental do processo, tendo sua expressão por
meio da criatividade e do espírito inovador que torna os indivíduos como atores principais no processo de
construção da saúde. Participando de todas as etapas, desde a captação e identificação das necessidades, o
planejamento, execução e avaliação das medidas e ações de saúde.
Figura 2 - Vida saudável
Fonte: Rawpixel.com, Mediapool, 2020.
#PraCegoVer: na imagem há duas senhoras em um parque verde, elas estão sorrindo e se exercitando com
bambolê.
Para tanto, exigirá a participação de todas as expressões da comunidade, isto é, usuários, trabalhadores da
saúde, gestores, prestadores, entre outras expressões. Buscando sempre contribuir e pensar coletivamente uma
prática que é também coletiva. Promover saúde é pensar o todo, para todos, com todos e com vistas a sua
integralidade (ROCHA, 2012).
A promoção da saúde é, assim, uma estratégia de produção de saúde, ou seja, é um modo de pensar e de intervir
nas políticas e tecnologias desenvolvidas em um sistema de saúde. Podemos compreender o SUS como uma
possibilidade de enfocar os aspectos que determinam o processo saúde-doença. Em um país com iniquidades
como o nosso, temos determinantes como: violência, desemprego, subemprego, falta de saneamento básico,
habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de acesso à educação, urbanização não planejada, fome,
poluição, que são influenciados pelos modos de intervir nas políticas e programas de saúde.
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Figura 3 - Igualdade x equidade
Fonte: SOU+SUS, 2020.
#PraCegoVer: na imagem há dois desenhos, cada um com três garotos que tentam olhar por cima de um muro.
Na primeira figura está escrito “igualdade” e cada um dos garotos está em cima de uma caixa, assim, o garoto
mais baixo não consegue ver o que acontece no outro lado do muro. Na segunda figura está escrito “equidade” e
os mesmos garotos aparecem, mas com uma distribuição diferente das caixas, o mais baixo fica com duas caixas
e, assim, fica mais elevado e consegue ver, já o mais alto não fica com caixa e mesmo assim consegue ver.
O Ministério da Saúde, por meio da Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março de 2006, propõe a Política Nacional
de Promoção da Saúde (PNPS), com vistas a enfrentar os desafios de produção da saúde em um cenário sócio-
histórico complexo e que precisa ser considerado quanto aos aspectos sanitários e da própria situação de saúde.
A promoção da saúde por meio da PNPS se coloca como um mecanismo de empoderamento e implantação de
uma política que seja transversal, integrada e intersetorial, que possibilite uma relação entre as diversas áreas
dos setores da saúde, mas também de outros. Essa articulação se dá entre os diversos setores, não só públicos,
mas também privados. Na verdade, se estabelecem as seguintes relações: sujeito/coletivo, público/privado,
estado/sociedade, clínica/ política, setor sanitário/outros setores, buscando ultrapassar a constante
fragmentação na abordagem do processo saúde-doença. A política irá, então, fomentar os princípios e diretrizes
do SUS.
4.2.2 Prevenir em saúde
A partir de agora iremos produzir uma discussão sobre uma interface aplicativa da promoção da saúde, que é a
prevenção. A prevenção em saúde se relaciona à aplicabilidade dos modos de controle e redução de riscos e
vulnerabilidades pautados em uma determinada situação. Ao contrário da promoção, que tende a abarcar a
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prevenção. A prevenção em saúde se relaciona à aplicabilidade dos modos de controle e redução de riscos e
vulnerabilidades pautados em uma determinada situação. Ao contrário da promoção, que tende a abarcar a
saúde de forma geral, na prevenção conseguimos nos deter a patologias especificas ou hábitos, por exemplo.
A prevenção é classificada em níveis de acordo com sua sistemática e o que se propõe. Há quatro níveis de
prevenção, descritos a seguir.
• Prevenção Primária
Trata-se de das medidas de remoção de causas e fatores de risco sobre um problema de saúde individual ou
coletivo, mas antes da existência da condição clínica/doença. Assim, trata-se de ações com intuito de amenizar os
riscos e fatoresque levem ao adoecimento, por exemplo, aqui adentram medidas de promoção da saúde e
proteções especificas, como imunização, orientação de atividade física, hábitos alimentares e de vida para
manter uma vida saudável (BRASIL, 2013).
• Prevenção Secundária
Trata-se das medidas com intuito de detectar um problema de saúde em fases iniciais, de preferência em
estágios subclínicos, no indivíduo ou coletividade. A perspectiva aqui é o diagnóstico precoce, a diminuição dos
dados de um possível agravamento e dos efeitos que a doença, propriamente dita, pode causar. Como exemplos
temos os testes e medidas de rastreamento como os exames citopatológicos preventivos de câncer de colo de
útero, testes rápidos de HIV, Sífilis, Hepatite, entre outros (BRASIL, 2013).
• Prevenção Terciária
Consiste na ação implementada para a redução dos danos/prejuízos de uma determinada condição de saúde
/patologia a um indivíduo ou população. Adentra aqui a reabilitação da saúde, a fim de que os danos possam ser
controlados ou que novos danos não venham a acontecer, por exemplo, a prevenção de complicações do
Diabetes Mellitus ou Hipertensão Arterial Sistêmica, ação de reabilitação de um paciente pós Infarto Agudo do
Miocárdio ou Acidente Vascular Encefálico.
• Prevenção Quaternária
Trata-se de um nível recente de prevenção, oriunda das intervenções e técnicas realizadas de forma excessiva
nos indivíduos e coletividades. Dessa forma, consiste na proteção dos indivíduos e/ou coletividades para
intervenções médicas inapropriadas, com intuito de oferecer alternativas eticamente aceitáveis, como cuidados
paliativos para pacientes oncológicos (BRASIL, 2013).
A prevenção tem como objetivo, assim, a redução do risco de se adquirir uma doença específica, reduzindo a
probabilidade de que uma doença ou desordem venha acarretar algum dano ao indivíduo, família ou
coletividades (BRASIL, 2013).
VOCÊ QUER LER?
É muito importante uma leitura complementar sobre uso e apropriação de tecnologias para o
cuidado em saúde, permitindo conhecer as tecnologias leves, leve-duras. Para isso, vale a pena
a leitura do texto , disponível em: A utilização e a apropriação das tecnologias do cuidado
https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/14844/mod_resource/content/2/un01/index.
.html
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4.3 Atenção à saúde e sua organização
Como já percebemos, as necessidades de saúde são múltiplas e adentram os mais diversos contextos para serem
atendidas. Dessa forma, os sistemas de saúde precisam estar organizados de modo que possam abarcar as
diversas nuances de necessidades e serviços a serem prestados.
4.3.1 Níveis de atenção à saúde
Nesse sentido, temos o estabelecimento dos níveis de atenção à saúde, que são arranjos organizacionais, a fim de
tornar os serviços e estabelecimentos de saúde aptos e adequados para o atendimento das reais necessidades
dos indivíduos e coletividades. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define três níveis de atenção à saúde:
primário, secundário e terciário. Esses termos são os mundialmente utilizados. No Brasil, há adaptações para a
atenção básica, média e alta complexidade, respectivamente análogos aos termos da OMS.
Veja quais são os níveis de atenção à saúde (BRASIL, 2018).
• Atenção Primária
Nesse nível se encontram as situações com densidade tecnológica mais baixa, tendo um foco em atividades de
cunho generalista de prevenção e promoção da saúde. O foco é o atendimento de pacientes estabilizados e com
grau de cuidados que não demandem urgência e emergência, ou seja, aqui se encontram os serviços de eletivos
(agendados), programas de doenças crônicas como Hipertensão e Diabetes, pré-natal, atividades de triagem
como testes rápidos e outros. No Brasil, esse nível é representado pela Atenção Básica, materializado no cenário
da Unidade Básica de Saúde, que é porta de entrada para os demais níveis e ao próprio SUS.
• Atenção Secundária
Nessa etapa estão concentrados os serviços de saúde especializados em nível ambulatorial e hospitalar. De forma
geral, tendem a ser regulados pela atenção primária ou ainda podem ser acessados diretamente. Incluem
serviços ambulatoriais especializados com serviços e consultas de especialidades, como cardiologia,
oftalmologia, endocrinologia etc., além de serviços de apoio ao diagnóstico, Policlínicas, Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS), entre outros.
• Atenção Terciária
Nesse nível estão os serviços de grande aporte tecnológico, especializados e de alto custo, abarcando
intervenções reabilitadoras. Incluem serviços como cirurgias, internação e demais condutas de alta
complexidade. São exemplos procedimentos em oncologia (incluindo quimio e radioterapia), cardiologia,
oftalmologia, transplantes, parto em gestações de alto risco, traumato-ortopedia, neurocirurgia, diálise (ou
terapia renal substitutiva - TRS), cirurgias (como a bariátrica), reprodução assistida, otologia (destinada ao
tratamento de doenças no aparelho auditivo), dentre outras. Incluem-se também a ressonância nuclear
magnética e a medicina nuclear, hemoterapia. Além do fornecimento de próteses ósseas, marca-passos, stendt
cardíaco etc.
É importante frisar que esses níveis seguem uma ordem crescente de complexidade e aparato tecnológico, a fim
de termos a garantia de que cada paciente seja atendido no nível que necessita de atenção à saúde. O
entendimento de quais são as necessidades e ofertas que cada nível pode oferecer é de grande importância, de
modo a organizar e sistematizar os atributos de cada serviço.
4.3.2 A Atenção Básica como a porta de entrada do sistema
A Atenção Básica (AB) representa a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil e se configura como a porta de
entrada ao sistema, devendo ser resolutivo para a maioria das demandas que chegam ao seu campo. Ser a porta
de entrada representa, assim, estar apta a receber e gerenciar todos os serviços ao qual se propõe e se
responsabiliza, conforme regulamenta a Política Nacional de Atenção Básica (PANB).
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E tal responsabilização é o que mais caracteriza esse nível de atenção, pois temos na Atenção Básica um ponto de
encontro para o exercício dos princípios e diretrizes do SUS, tornando-os práticos e exequíveis. Para fortalecer
tal concepção vamos elucidar os atributos da APS, de acordo com Gondim, Grabois e Mendes Júnior, 2011. Veja
quais são.
• Garantia de acesso, fortalecendo o ideário de universalidade;
• Ser a porta de entrada ao sistema e a rede de serviços;
• Longitudinalidade com intuito de fortalecer o vínculo do serviço/equipe ao indivíduo/família
/comunidade;
• Integralidade de ações e serviços;
• Coordenação de serviços, organizando o fluxo e direcionamento do usuário/família ao serviço de 
saúde;
• Enfoque familiar, o foco é justamente a família em suas interações e direcionamentos;
• Orientação da comunidade, fortalecendo o controle social.
Em termos conceituais a AB se caracteriza como um conjunto de ações e atividades de saúde, adentrando a
promoção e proteção da saúde, assim como prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e
manutenção da saúde, a nível individual e coletivo.
A figura a seguir demostra os valores que um serviço de atenção primária/atenção básica necessita conglomerar
a fim de ter êxito.
VOCÊ QUER LER?
Para reforçar a discussão aqui trabalhada, é de suma importância a leitura da Portaria 2.436
, que regulamenta a Política Nacional da Atenção Básica (PNAB)./2017 do Ministério da Saúde
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Figura 4 - Elementos essenciais de um serviço de APS
Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em GONDIM; GRABOIS; MENDES JÚNIOR, 2011.
#PraCegoVer: na imagem há um organograma com várias palavras ao redor, deve-se ler do centro para a
periferia e assim são representados os princípios-atributos da atenção primária à saúde.
As práticas desenvolvidas pela AB acontecem por meio de exercício de práticas gerenciais e sanitárias, de forma
democrática e participativa, que se dão por meio de trabalhos em equipe, dirigidos a populações em territórios
delimitados. Essa equipe assume,então, a responsabilidade sanitária por uma área territorial delimitada,
utilizando tecnologias de complexidade, mas de baixa densidade tecnológica, a fim de resolver os problemas de
saúde de maior frequência e importância em sua área adscrita (GONDIM; GRABOIS; MENDES JÚNIOR, 2011).
- -12
Figura 5 - Atenção Básica
Fonte: BRASIL, 2018.
#PraCegoVer: a imagem é o símbolo da Atenção Básica, há a representação de um homem, uma mulher e uma
criança nas cores azul, vermelho e branco, respectivamente. Atrás deles tem a representação de uma casa e um
prédio.
A AB considera o sujeito em sua singularidade e complexidade, dessa forma, busca uma atenção integral que,
como está inserida no território do usuário/ família/ comunidade, consegue se adaptar e se inserir nos contextos
socioculturais em que está contida. A seguir são apresentados os princípios e diretrizes do SUS e da RAS a serem
operacionalizados na Atenção Básica, de acordo com o Ministério da saúde (2017).
Regionalização e hierarquização: dos pontos de atenção da RAS, tendo a AB como ponto de comunicação.
Considera-se regiões de saúde um recorte espacial estratégico para fins de planejamento, organização e gestão
de redes de ações e serviços de saúde em determinada localidade. A hierarquização é uma forma de organização
de pontos de atenção da RAS entre si, com fluxos e referências estabelecidas.
População adscrita: população que está presente no território da AB, de forma a estimular o desenvolvimento de
relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população, garantindo a continuidade das ações de
saúde e a longitudinalidade do cuidado e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado.
Cuidado centrado na pessoa: aponta para o desenvolvimento de ações de cuidado de forma singularizada, que
auxilie as pessoas a desenvolverem os conhecimentos, aptidões, competências e a confiança necessária para
gerir e tomar decisões sobre sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais efetiva. O cuidado é
construído com as pessoas, de acordo com suas necessidades e potencialidades, na busca de uma vida
independente e plena. A família, a comunidade e outras formas de coletividade são elementos relevantes, muitas
vezes, condicionantes ou determinantes na vida das pessoas e, por consequência, no cuidado.
Resolutividade: reforça a importância de a AB ser resolutiva, utilizando e articulando diferentes tecnologias de
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Resolutividade: reforça a importância de a AB ser resolutiva, utilizando e articulando diferentes tecnologias de
cuidado individual e coletivo, capaz de construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente
efetivas. Centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus de autonomia dos indivíduos e grupos
sociais, deve ser capaz de resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população, coordenando o
cuidado do usuário em outros pontos da RAS, quando necessário.
Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a continuidade da relação de cuidado, com construção de vínculo e
responsabilização entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo permanente e consistente,
acompanhando os efeitos das intervenções em saúde e de outros elementos na vida das pessoas, evitando a
perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia, que são decorrentes do desconhecimento das
histórias de vida e da falta de coordenação do cuidado.
Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das
RAS. Atuando como o centro de comunicação entre os diversos pontos de atenção, responsabilizando-se pelo
cuidado dos usuários em qualquer um desses pontos por meio de uma relação horizontal, contínua e integrada,
com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da atenção integral. Articulando também as outras estruturas
das redes de saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais.
Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabilidade, organizando as
necessidades dessa população em relação aos outros pontos de atenção à saúde, contribuindo para que o
planejamento das ações, assim como a programação dos serviços de saúde, parta das necessidades de saúde das
pessoas.
Participação da comunidade: estimular a participação das pessoas, a orientação comunitária das ações de saúde
na Atenção Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar sua autonomia e capacidade na
construção do cuidado. Considerando ainda o enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, por
meio de articulação e integração das ações intersetoriais na organização e orientação dos serviços de saúde, a
partir de lógicas mais centradas nas pessoas e no exercício do controle social.
As responsabilidades da AB na RAS são:
Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de atenção da RAS.
Gerir a referência e contrarreferência em outros pontos de atenção.
Estabelecer relação com os especialistas que cuidam das pessoas do território.
4.3.3 Estratégia Saúde da Família
Nos serviços de AB temos a Estratégia Saúde da Família (ESF), que busca promover a qualidade de vida da
população brasileira e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má
alimentação e o uso de tabaco. Com atenção integral, equânime e contínua, a ESF se fortalece como uma porta de
entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), visa à reorganização da APS no país, de acordo com os preceitos do
SUS, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais como estratégia de expansão,
qualificação e consolidação da APS. Por meio da ESF é possível reorientar o processo de trabalho com maior
potencial para aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção primária, e ampliar a
resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas, além de propiciar uma importante relação custo-
efetividade.
É importante frisar que a ESF está ligada a Unidade Básica de Saúde (UBS) local, que é o espaço em que estão
contidas as equipes. Uma ESF é composta por uma equipe multiprofissional que possui, no mínimo, um médico
generalista ou especialista em saúde da família ou família e comunidade, um enfermeiro generalista ou
especialista em saúde da família, um técnico de Enfermagem e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Acresce-
se ainda as equipes de Saúde Bucal, composta por odontólogo, preferencialmente especialista em saúde da
família e Técnico em Saúde Bucal.
Cada ACS terá no máximo 750 pessoas cadastradas sob sua responsabilidade, isto é, em sua microárea. O
número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo com a base populacional, critérios demográficos,
epidemiológicos e socioeconômicos. Cada equipe de saúde da família deve ter no máximo 4.000 pessoas
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epidemiológicos e socioeconômicos. Cada equipe de saúde da família deve ter no máximo 4.000 pessoas
cadastradas em sua área.
Como forma de dar apoio à ESF e ainda fomentar a integralidade na atenção à saúde, as unidades/equipes
poderão ainda contar com os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), mesmo atualmente não tendo mais
padrão fixo para a sua composição. Já que cada gestor pode organizar essas equipes de acordo com suas
necessidades e possibilidades, tais equipes funcionam como rede de apoio e referência em diversos serviços
como: médico acupunturista, assistente social, profissional de educação física, farmacêutico, fisioterapeuta,
fonoaudiólogo, médico ginecologista e obstetra, médico Homeopata, nutricionista, psicólogo, médico pediatra e
geriatra, terapeuta ocupacional, médico psiquiatra; terapeuta ocupacional; médico geriatra; médico internista
(clínica médica), médico do trabalho, médico veterinário, profissional com formação em arte e educação (arte
educador) e profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós-
graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado diretamente em uma dessas áreas conforme normativa
vigente.
O NASF constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar composta porcategorias de profissionais da
saúde, complementar às equipes que atuam na AB. É formada por diferentes ocupações (profissões e
especialidades) da área da saúde, atuando de maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e
pedagógico) aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB).
4.4 Redes de Atenção à Saúde
Neste tópico iremos abordar a operacionalização dos serviços de saúde de acordo com os níveis de atenção e,
assim, possibilitar a execução dos diversos serviços e possibilidades de atenção à saúde. Isto é, trabalharemos
aqui sobre as Redes de Atenção à Saúde (RAS) que, no contexto SUS, se tornam de fundamental importância e
aplicabilidade.
Inicialmente, é importante compreender que as RAS são arranjos de ações e serviços de saúde, de diversos níveis
tecnológicos e de atenção, que se conectam em um processo organizativo de forma técnica, logística e de gestão,
garantindo o cumprimento da integralidade do cuidado.
Tais arranjos se organizam de forma sistematizada, a fim de responder as necessidades específicas de saúde por
meio de um ciclo de atenção que abarque todas as situações do usuário que está imerso na rede. Não importa a
necessidade de saúde que se tenha e se essa será sanada pela Atenção Primária, Secundária ou Terciária, todos
os níveis de atenção estarão organizados e conectados de forma a promover o cuidado integral (BRASIL, 2018).
Salienta-se que a coordenação das RAS fica sob a responsabilidade da AB. Como porta de entrada ao sistema e o
nível de atenção que garante o atendimento ao máximo de demandas dos usuários, a AB é o serviço que terá
relação direta com todos os outros serviços da rede, de modo a permitir o acesso e a resolutividade do sistema
perante o que se propõe.
As RAS estão organizadas e situadas dentro de uma região de saúde. Essa região está contida em uma área
VOCÊ QUER VER?
A Estratégia Saúde da Família é uma das ações mais exitosas do SUS, no sentido de desenvolver
uma atenção integral às famílias e coletividade. De forma breve e dinâmica, o vídeo Estratégia
 traz uma boa demonstração dessa prática. Assista em: Saúde da Família https://www.youtube.
com/watch?v=lT3VmVbdxsU
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As RAS estão organizadas e situadas dentro de uma região de saúde. Essa região está contida em uma área
delimitada geograficamente e organizada por meio de Comissões Intergestores, que atuam na organização e
funcionamento das atividades e serviços de saúde parte da rede, a nível municipal, estadual e federal, a depender
da rede a que se propõem. A figura a seguir demostra um exemplo de RAS, em que a Unidade Básica de Saúde
atua como coordenadora.
Figura 6 - Rede de Atenção à Saúde
Fonte: BRASIL, 2020.
#PraCegoVer: na imagem há várias figuras de serviços de saúde, no centro está a UBS que, por meio de setas de
sentido duplo, faz conexão com a UPA, hospital, ambulatório de especialidades, telessaúde, academia da saúde,
CRAS e outros.
A seguir são apresentadas as principais características das RAS, a partir das quais percebemos a importância do
fortalecimento da integralidade, regionalização e equidade das ações e serviços (BRASIL, 2014).
Composição de relações horizontais entre os serviços da rede, tendo a Atenção Básica no centro da comunicação.
As necessidades de saúde da população no centro da atenção.
Fortalecimento de uma atenção contínua e integral.
Cuidado multiprofissional.
Compartilhamento de metas e compromisso com os resultados sanitários e econômicos.
Para a construção de uma RAS é importante atentar-se para alguns pontos como a definição clara da população e
território; diagnóstico situacional em que se identifique as maiores necessidades da população adscrita;
definição dos objetivos a alcançar; articulação do público com o privado; estabelecimento de um sistema
logístico e de suporte; investimento nas pessoas/equipes; definição de sistema de regulação e governança da
rede; e financiamento sustentável (BRASIL, 2014).
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Como uma forma de implementar e pactuar entre os três níveis governamentais, em 2010, por meio da portaria
ministerial 4.279, foram regulamentados grupos temáticos que possibilitaram a configuração das Redes
Temáticas: Rede Cegonha, Rede de Atenção às Urgências e Emergências, Rede de Atenção Psicossocial, Rede de
Cuidado à Pessoa com Deficiência, Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas.
• Rede Cegonha: trata-se de uma estratégia que visa implementar uma rede de serviços para assegurar às 
mulheres o direito de uma atenção humanizada no planejamento reprodutivo, gravidez, parto e 
puerpério. Garantindo ainda, às crianças, o direito ao nascimento seguro e um crescimento e 
desenvolvimento saudável (BRASIL, 2014). Tais praticas se darão por meio de uma ampliação do acesso e 
da melhoria da qualidade do pré-natal, vinculação da gestante na unidade, implantação de boas práticas 
no parto, puerpério, crescimento e desenvolvimento da criança.
• Rede de Atenção às Urgências e Emergências: pensada de forma integrada, busca colocar à disposição 
Maria Tereza tem 48 anos, 2 filhos gêmeos e é casada com José Felipe, de 51 anos. Essa família
faz parte da área adscrita da UBS Esperança, que é responsável pelas famílias do bairro. A
unidade é composta por um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem, um dentista e
um técnico em saúde bucal e seis agentes comunitários de saúde (ACS), sendo que cada um fica
responsável por uma microárea, já que a área da unidade é dividida em seis microáreas.
A UBS presta diversos serviços com foco na saúde da família, é por isso que os filhos de Maria
Tereza fazem acompanhamento de consultas de crescimento e desenvolvimento com o
enfermeiro e o médico, tomam vacinas e já foram referenciados para um acompanhamento
com nutricionista na policlínica da região.
José Felipe faz acompanhamento nas consultas de Hiperdia, já que é hipertenso e toma
regularmente anti-hipertensivos, faz acompanhamento com o médico da unidade e
anualmente é referenciado para o cardiologista da clínica especializada do município.
Maria Tereza fez o pré-natal na própria unidade com o médico e o enfermeiro e foi
referenciada para a maternidade no momento do parto. Quando recebeu alta teve a visita da
equipe para a sua avaliação e dos bebês. Além de receber regularmente a visita da ACS Juliana,
que acompanha todas as questões de saúde da família e sempre orienta sobre dúvidas que
surgem.
E foi em uma dessas visitas que Maria Tereza foi lembrada da necessidade de fazer o exame
preventivo de câncer de colo de útero (PCCU), que estava atrasado, pois o último tinha sido
realizado há mais de 3 anos. Foi agendado o PCCU e no dia e horário Maria Tereza foi
recepcionada pelo enfermeiro da unidade que realizou o procedimento e prestou as
informações necessárias.
Após 15 dias do exame, ela foi contactada pelo enfermeiro solicitando sua presença na
unidade, lá foi informada que o seu exame constatou uma lesão que precisaria ser averiguada
com maior precisão e com maior aporte tecnológico e especialização. Sendo assim, foi
referenciada para o centro de especialidades do município, onde teve a assistência de uma
ginecologista que a submeteu a uma Colposcopia e, após uma biopsia, constatou-se uma
malignidade.
Maria Tereza ficou extremamente preocupada com a situação, já que foi informada que teria
seu tratamento realizado do hospital de oncologia. Porém, foi tranquilizada, pois seria
contrarreferenciada para a sua UBS, que também ficaria ciente do seu quadro clínico.
A equipe da UBS recebeu as informações da situação de Maria Tereza e logo foi planejado uma
visita domiciliar conjunta com o médico, enfermeiro e ACS para prestar apoio e dar
orientações para a família. Essa visita aconteceu e Maria Tereza ficou mais aliviada, pois se
sentiu apoiada por sua equipe de saúde, com a qual possui vínculo, mesmo que quem presta o
serviço não são esses mesmos profissionais, mas outros níveis de complexidade da RAS.
CASO
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• Rede de Atenção às Urgências e Emergências: pensada de forma integrada,busca colocar à disposição 
da população uma rede integrada de urgência. Faz parte da rede o Serviço Atendimento Móvel às 
Urgências (SAMU 192) e as Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h), que devem trabalhar de forma 
integrada a fim de atender as demandas de urgência e emergência (BRASIL, 2014).
• Rede de Atenção Psicossocial: rede de serviços com vistas a atender as necessidades de saúde mental. 
Com perspectivas mais atuais de um cuidado mais centrado na pessoa e com vistas a sua ressocialização. 
Possui serviços específicos, quais sejam: CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPS i, CAPS ad e CAPS ad III. 
Juntamente com a AB e demais serviços de média e alta complexidade buscam atender de forma integral 
todas as necessidades de saúde dos indivíduos com transtornos mentais (BRASIL, 2014).
• Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência: constituída de serviços que buscam propiciar atenção 
integral à saúde da pessoa com deficiência. Evolve serviços de atenção básica, que acolhem e inserem o 
usuário na rede, até serviços mais especializados com foco no tratamento e reabilitação. Inclui serviços 
que fornecem concessão de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção, quando necessários 
(BRASIL, 2014).
• Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas: formada por uma série de serviços e 
ações com foco nas doenças crônicas, incluindo todos os níveos de atenção, por meio de ações de 
prevenção, promoção, tratamento, diagnóstico, reabilitação e redução de danos. Busca-se uma atenção 
integral, que amplie a visão tradicional limitada de doença, para a uma abordagem centrada na pessoa, 
que visualize e atenda todas as suas necessidades. No foco estão as seguintes patologias: Hipertensão 
Arterial, Hepatites, Diabetes, Meningites, AIDS, Câncer de mama, Câncer de pênis, Alcoolismo, Tabagismo, 
Hanseníase, Leishmaniose, entre outros.
Desta forma, pode-se compreender o delineamento das Redes de Atenção à Saúde e sua configuração, com
intuito de desenvolver a integralidade nas ações e serviços de saúde, garantindo a equidade e universalidade no
acesso.
Conclusão
Assim, diferentes lógicas de organização dos serviços de saúde podem ser observadas no SUS, orientadas por
critérios diversos: tipos de serviços envolvidos (ambulatoriais, hospitalares, domiciliares, urgência e
emergência), níveis de complexidade da atenção à saúde (atenção básica, média e alta complexidade) e modelos
de prestação do cuidado à saúde (Estratégia Saúde da Família). Porém, existem desafios entre essas distintas
lógicas de organização dos serviços no que se refere às propostas de planejamento e financiamento da saúde,
que devem ser bem conduzidas e de forma não fragmentada pelas esferas de governo.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conjecturar sobre os Modelos de Atenção à Saúde: compreensão sobre as estratégias de intervenção 
para se alcançar a atenção à saúde;
• compreender os preceitos da prevenção e promoção à saúde: possibilidade de fortalecer as 
particularidades e complementariedades que cada um desses processos tem e a sua contribuição no 
contexto de saúde e doença;
• compreender os três níveis de atenção à saúde: primário, secundário e terciário, visualizando a 
organização e responsabilidade que cada um desses níveis;
• aproximar a organização da Atenção Básica e as Redes de Atenção à Saúde: visualização da Atenção 
básica como ordenadora da rede e a porta de entrada ao SUS.
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Bibliografia
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