Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS · Introdução · Pesam 4g; · Localizam – se nos polos superiores dos rins; · Composta de 2 partes distintas: medula adrenal e córtex adrenal; · A medula consiste nos 20% centrais da glândula e está relacionada com o sistema nervoso simpático. Ela secreta os hormônios epinefrina e norepinefrina em resposta ao estímulo do SNS; · O córtex adrenal secreta os corticosteroides, que são sintetizados a partir do colesterol esteroide, cujos principais são: 1. Mineralocorticoides: afetam os eletrólitos (minerais). O principal é a aldosterona; 2. Glicocorticoides: aumentam a concentração sanguínea de glicose. O principal é o cortisol; 3. Andrógenos: efeitos aproximadamente iguais ao hormônio testosterona; · Síntese e secreção dos hormônios adrenocorticais · Reguladas por mecanismos independentes; · Possui três camadas distintas: 1. Zona glomerulosa: · Uma fina camada de células localizadas abaixo da cápsula; · Constitui 15% do córtex adrenal; · Únicas na adrenal capazes de secretar significativamente aldosterona (mineralocorticoide), pois possui a enzima aldosterona sintase; · Sua secreção é controlada pelas concentrações no líquido extracelular de angiotensina II e K, que estimulam a secreção de aldosterona; 2. Zona fasciculada: · Camada do meio e a mais larga; · Constitui 75% do córtex adrenal; · Secreta cortisol (glicocorticoide) e corticosterona, além de uma pequena quantidade de androgênios e estrogênios adrenais; · Secreção controlada pelo eixo hipotalâmico – hipofisário pelo hormônio adrenocorticotrópico (ACTH); 3. Zona reticular: · Camada mais profunda; · Secreta os androgênios adrenais desidroepiandrosterona e androstenediona, assim como uma pequena quantidade de estrogênios e alguns glicocorticoides; · Regulado pelo hormônio adrenocorticotrópico (ACTH), assim como por outros fatores, como o hormônio estimulante do androgênio cortical liberado pela hipófise; · Assim como todos os hormônios humanos, são sintetizados a partir do colesterol, do qual 80% é de baixa densidade e circulante no plasma; · As LDLs que possuem uma alta concentração de colesterol difundem – se do plasma para o líquido intersticial e ligam – se a receptores específicos contidos em estruturas chamadas de depressões revestidas nas membranas das células adrenocorticais; · Essas depressões são então internalizadas por endocitose, formando vesículas que se fundem como lisossomos celulares e liberam o colesterol; · O transporte de colesterol para o interior das células é regulado por mecanismos de feedback. Ex: o ACTH, que estimula a síntese de esteroides adrenais, aumenta o número de receptores de LDL e, consequentemente, a atividade das enzimas que liberam o colesterol a partir de LDL; · Uma vez que o colesterol penetra a célula, é transportado para as mitocôndrias, onde é clivado pela enzima colesterol desmolase, formando a pregnenolona; · Nas três zonas este estagio é estimulado pelos seus diferentes fatores que controlam a secreção dos principais produtos hormonais; · Praticamente todos os estágios importantes para a formação dos hormônios ocorrem nas mitocôndrias e no retículo endoplasmático; · O cortisol possui um oxigênio cetônico no carbono 3 e é hidrolisado nos carbonos 11 e 21; · A aldosterona possui um oxigênio ligado ao carbono 18; · Principais hormônios mineralocorticoides: a. Aldosterona (muito potente, responsável por 90% da atividade mineralocorticoide), b. Desoxicorticosterona (1/30 da potência da aldosterona, secretada em baixa quantidade), c. Corticosterona (fraca atividade mineralocorticoide), d. 9 alfa fluorocortisol (sintético, ligeiramente mais potente que aldosterona), e. Cortisol (fraca atividade mineralocorticoide, alta secreção), f. Cortisona (sintética, fraca atividade mineralocorticoide); · Principais hormônios glicocorticoides: a. Cortisol (muito potente, 95% da atividade glicocorticoide), b. Corticosterona (4% da atividade glicocorticoide, menos potente que o cortisol), c. Prednisona (sintética, 4x mais potente que o cortisol), d. Metilprednisona (sintética, 5x mais potente que o cortisol), e. Dexametasona (sintética, 30x mais potente que o cortisol); · O cortisol se liga a fortemente a proteínas plasmáticas, principalmente a globulina ligadora de cortisol, tendo uma meia vida relativamente longa, de 60 a 90 minutos e menor eliminação; · Somente cerca de 60% da aldosterona circulante se combina às proteínas plasmáticas, tendo uma meia vida curta de 20 minutos; · Essa ligação às proteínas plasmáticas pode servir como um reservatório para diminuir as rápidas flutuações nas concentrações de hormônios livres; · Esses hormônios são metabolizados no fígado, formando ácido glicurônico e em menor quantidade sulfatos, substâncias inativas; · Cerca de 25% desses conjugados são excretados na bile e o restante penetram a circulação, não se ligando às proteínas plasmáticas e sendo altamente solúveis no plasma e portanto, rapidamente excretados pelos rins na urina; · Doenças hepáticas reduzem a taxa de inativação de hormônios adrenocorticais; · Doenças renais reduzem a excreção dos conjugados inativos; · A concentração sanguínea normal de aldosterona no sangue é de 6 nanogramas por 100 ml e a taxa secretória media é de 0,15 mg/dia; · A concentração sanguínea normal de cortisol no sangue é de 12 nanogramas por 100 ml e a taxa secretória média é de 15 a 20 mg/dia; · Funções da aldosterona · Estimula a captação de Na e Cl, impedindo sua eliminação excessiva e consequente redução do volume total de líquidos extracelulares e sangue, além da elevação da concentração de potássio. Sua ausência causa a morte entre 3d a 2s; · Estimula a eliminação do potássio e seu transporte para o interior das células, provocando, em excesso, hipocalemia e fraqueza muscular e sua deficiência leva a hipercalemia, levando a toxicidade cardíaca e ocorrência de arritmias; · Aumenta o volume do líquido extracelular (devido à reabsorção de Na); · Aumenta a pressão arterial; · Se houver um aumento excessivo de Na e água por excesso de aldosterona, há um escape de aldosterona por natriurese pressórica e diurese pressórica, aumentando a excreção de água e Na, normalizando o débito renal; · O excesso de aldosterona leva a alcalose e sua deficiência leva à acidose; · Provoca praticamente os mesmos efeitos sobre as glândulas sudoríparas e salivares que sobre os túbulos renais, reabsorvendo íons de Na e excretando potássio e bicarbonato; · Estimula a absorção intestinal de Na, especialmente no cólon, prevenindo sua perda nas fezes; · Mecanismo celular de ação da aldosterona · Devido à lipossolubilidade nas membranas celulares, a aldosterona difunde – se para o interior das células epiteliais tubulares; · No citoplasma dessas células a aldosterona combina – se a um receptor proteico específico com configuração terciária; · O complexo aldosterona – receptor ou um produto desse complexo difunde – se para o núcleo, onde pode sofrer maiores alterações, induzindo uma ou mais porções do DNA a formar RNAs mensageiros relacionados com o processo de transporte de Na e K; · O RNA mensageiro difunde – se para o citoplasma, onde age com os ribossomos provocando a formação de proteínas (que são mistura de uma enzima ou mais e proteínas de transporte de membrana); · Uma das enzimas especialmente produzidas é a adenosina trifosfatase sódio – potássio, que serve como a parte principal da bomba de troca de sódio e potássio nas membranas basolaterais das células tubulares renais; · Outras proteínas importantes são as proteínas dos canais epiteliais de Na inseridos na membrana luminal das células tubulares, que permitem a rápida difusão de Na do lúmen tubular para o interior da célula, sendo então bombeado para fora da célula pelas bombas de sódio – potássio das membranas basolaterais; · Leva horas para atingir o efeito máximo; · Ações não genômicas da aldosterona · Rápidos, ocorrem em alguns segundos ou minutos; · Mediadas por ligações de esteroides a receptores de membrana celular que estão conjugados a sistemas de segundo mensageiro;· Ex: aumenta a formação de AMPc em células musculares lisas vasculares e em células epiteliais dos túbulos renais em menos de 2 min; · Regulação de secreção de aldosterona · Interligada à regulação das concentrações de eletrólitos no líquido extracelular, volume do líquido extracelular, volume sanguíneo, P arterial; · A regulação da secreção de aldosterona pelas células da zona glomerulosa é quase inteiramente independente da regulação do cortisol e androgênio pelas zonas fasciculada e reticular; · Fatores essenciais na regulação da aldosterona: 1. Elevação da concentração de K* no líquido extracelular, que aumenta a secreção de aldosterona; 2. Maior atividade do sistema renina – angiotensina* (aumentando também angiotensina II) (em resposta a um menor fluxo sanguíneo renal ou à perda de Na), que aumenta a secreção de aldosterona; 3. Elevação da concentração de Na no líquido extracelular reduz ligeiramente a secreção de aldosterona (secundário); 4. O ACTH formado pela hipófise A aumenta a secreção de aldosterona (secundário) (até mesmo uma pequena quantidade é suficiente para permitir secreção de aldosterona pelas adrenais, mas sua ausência total pode reduzir significativamente a secreção); · Funções dos glicocorticoides (cortisol) 1. Sobre o metabolismo dos carboidratos · Estimula a gliconeogênese ao: (aumentando então, as reservas de glicogênio pelas células hepáticas e permitindo também que outros hormônios glicolíticos, como epinefrina e glucagon mobilizem glicose quando necessário) a. Ativar a transcrição hepática de DNA, com formação de RNAs mensageiros e consequente aumento de enzimas necessárias para a conversão de aminoácidos em glicose pelas células hepáticas; b. Mobilizar aminoácidos a partir dos tecidos extra – hepáticos, principalmente dos músculos, disponibilizando – os para entrar no processo de gliconeogênese; · Reduz a utilização celular de glicose por mecanismos pouco conhecidos, mas acredita – se que retarda a velocidade de utilização de glicose em algum ponto entre sua entrada nas células e degradação final, como reduzindo a oxidação do NADH em NAD, que é necessária para a glicólise; · Elevação da concentração sanguínea da glicose, devido aos mecanismos citados anteriormente. Isso aumenta a secreção de insulina, porém, o cortisol reduz a sensibilidade de muitos tecidos à insulina, principalmente m. esquelético e t. adiposo; · Muitas vezes, o aumento da concentração de glicose é tão grande que é chamada de diabetes adrenal; 2. Sobre o metabolismo de proteínas · Redução das proteínas celulares, devido à redução do transporte de aminoácidos para os tecidos extra – hepáticos, com redução da síntese de proteínas, além do aumento de seu catabolismo; · Aumenta as concentrações plasmáticas e hepáticas de proteínas; · Aumento das concentrações plasmáticas de aminoácidos devido ao catabolismo proteico, que libera esses aminoácidos para fora das células; 3. Sobre o metabolismo de lipídios · Devido ao menor transporte de glicose para o interior das células adiposas e consequente menor formação de alfa glicerofosfato, que é necessário para a manutenção de triglicerídeos nessas células, há mobilização de ácidos graxos a partir do tecido adiposo; · Essa mobilização de ácidos graxos leva a uma menor utilização de glicose para a geração de energia, levando à utilização de ácidos graxos no jejum ou outros estresses; · O excesso de cortisol pode levar à deposição de gordura no tórax e na cabeça. A causa é desconhecida, mas foi sugerido que isso seja devido a um estímulo excessivo à ingestão alimentar, de modo que a gordura seja gerada mais rapidamente em alguns tecidos do que mobilizada e oxidada; · Importância do cortisol na resistência ao estresse e à inflamação · Diferentes tipos de estresse provocam um aumento imediato e acentuado na secreção de ACTH pela hipófise A, levando a um aumento na secreção de cortisol, são eles: a. Traumas, b. Infecções, c. Calor ou frio intensos, d. Injeção de norepinefrina e outras drogas simpatomiméticas, e. Cirurgia, f. Injeção de substâncias necrosantes sob a pele, g. Praticamente qualquer doença debilitante; · Prevenção à inflamação a. Estabiliza as membranas dos lisossomos, cessando a liberação da maior parte das enzimas proteolíticas liberadas por células lesadas que provocam inflamação, visto que elas são armazenadas nos lisossomos, b. Reduz a permeabilidade dos capilares, impedindo a perda de plasma para os tecidos, c. Reduz a migração de leucócitos para a área inflamada e a fagocitose das células lesadas, devido ao fato de diminuir a formação de prostaglandinas e leucotrienos, que aumentam a vasodilatação, a permeabilidade capilar e a mobilidade dos leucócitos, d. Suprime os linfócitos T, suprimindo o sistema imune, e. Atenua a febre por reduzir a liberação de IL1 a partir dos leucócitos, que é um dos principais estimuladores do sistema de controle hipotalâmico da T. A diminuição da T reduz o grau de vasodilatação; · Provoca a resolução da inflamação a. Bloqueio imediato da maior parte dos fatores que promovem a inflamação, b. Aumento da taxa de regeneração devido ao aumento da mobilização de aminoácidos e de seu uso para reparar os tecidos lesados, estímulo da gliconeogênese, que disponibiliza maior quantidade de glicose e maior disponibilidade de ácidos graxos para a produção de energia celular; · Outros efeitos do cortisol · Bloqueia a resposta inflamatória a reações alérgicas, prevenindo o choque ou a morte na anafilaxia; · Sua administração em grande doses provoca uma atrofia significativa dos tecidos linfoides do organismo, reduzindo sua produção de célula T e anticorpos, reduzindo a imunidade contra invasores externos, podendo levar a infecções fulminantes e morte; · Mecanismo de ação celular do cortisol · Por ser lipossolúvel se difunde facilmente pela membrana celular; · No interior da célula se liga a seu receptor proteico no citoplasma e interage com sequências regulatórias específicas do DNA (elementos de resposta a glicocorticoides), induzindo ou reprimindo a transcrição gênica; · Aumentam ou diminuem a transcrição de muitos genes, alterando a síntese de RNAm que gera as proteínas que medeiam seus efeitos fisiológicos; · Precisam de horas até que se desenvolvam plenamente; · Em altas concentrações podem exercer efeitos rápidos não genômicos sobre o transporte de íons pela membrana celular, contribuindo para seus efeitos terapêuticos; · Regulação da secreção de cortisol · Praticamente nenhum estímulo apresenta efeitos diretos de controle sobre as células adrenais que secretam cortisol; · Secreção controlada quase inteiramente pelo ACTH secretado pela hipófise A; · O ACTH é controlado pelo fator liberador de corticotropina (CRF), que é secretado no plexo capilar primário do sistema porta hipotálamo na eminência mediana e então transportado para a hipófise A; · O principal efeito do ACTH sobre as células adrenocorticais é a ativação da adenililciclase na membrana, o que induz a formação de AMPc no citoplasma celular, que ativa as enzimas intracelulares, causando a formação dos hormônios adrenocorticais; · O mais importante estágio estimulado por ACTH é a ativação da enzima proteína quinase A, que causa conversão inicial do colesterol a pregnenolona; · Estímulos dolorosos causados pelo estresse físico ou lesões teciduais são inicialmente transmitidos centralmente através do tronco cerebral e para a eminência mediana do hipotálamo, onde o CRF é secretado para o sistema porta hipofisário; · O estresse mental provoca o aumento de atividade no sistema límbico, os quais transmitem sinais para o hipotálamo póstero – medial; · O cortisol apresenta efeitos de feedback negativo sobre o hipotálamo, reduzindo o CRF e sobre a hipófise, reduzindo o ACTH; · Ritmo circadiano: secreções de CRF, ACTH e cortisol altas no início da manhã e mais baixas no final da noite; · Síntese e secreção de ACTH em associação ao hormônio melanócito – estimulante, lipotropina e endorfina · Quando o gene para formar a molécula de RNA que provoca a síntese de ACTH é transcrito,ele provoca a formação do pré – pró – hormônio proopiomelanocortina (POMC) que é precursor do ACTH, mas também do hormônio melanócito estimulante (MSH), beta lipotropina e beta endorfina; · Sob condições normais, nenhum desses hormônios é secretado suficientemente, mas quando a secreção de ACTH está elevada, como pode ocorrer na doença de Addison, a formação desses hormônios pode aumentar; · Os tipos de produtos derivados de POMC em um tecido dependem do tipo de enzima de processamento presentes; · As células corticotróficas hipofisárias expressam o pró – hormônio convertase 1 (PC1), mas não o PC2; · No hipotálamo a expressão de PC2 leva à produção de MSH, mas não de ACTH; · O MSH estimula a formação do pigmento negro melanina e o dispersa na epiderme; · O ACTH, por conter uma sequencia de MSH, possui cerca de 1/30 do efeito estimulador de melanócitos do MSH; DOENÇA DE ADDISON / HIPOADRENALISMO · Guyton · Resulta da incapacidade do córtex adrenal de produzir hormônios adrenocorticais, o que na maioria das vezes é causada por atrofia primária do córtex adrenal, causado em 80% das vezes por auto – imunidade contra o córtex; · Pode ser causada por destruição tuberculosa das adrenais ou por invasão do córtex por câncer; · Consequências: a. Deficiência de mineralocorticoides (aldosterona), reduzindo com isso, a reabsorção de Na, reduzindo o volume do líquido extracelular. Surge hiponatremia, hipercalemia e acidose leve. À medida que o líquido extracelular vai sendo depletado, o volume plasmático cai, a concentração de hemácias aumenta, o débito cardíaco diminui e o paciente morre por choque; b. Deficiência de glicocorticoides, tornando impossível a normalização da concentração sanguínea de glicose entre as refeições, pois não sintetizam quantidades significativas de glicose pela gliconeogênese, além de reduzir a mobilização de proteínas e lipídios para a formação de glicose, levando a uma lentidão metabólica; c. Mesmo quando há disponibilidade de excesso de glicose, os músculos se tornam fracos; d. Torna as pessoas altamente suscetíveis aos efeitos deletérios dos diferentes tipos de estresse, de modo que até uma infecção respiratória leve pode levar à morte; e. Pigmentação por deposição não uniforme de melanina, que aumenta devido ao não feedback negativo para o hipotálamo, que libera então muito ACTH e consequentemente de MSH; · Tratamento: administração de mineralocorticoides e glicocorticoides diariamente; · Crise addisoniana: na ocorrência de diferentes tipos de trauma, doenças ou outros estresses, a pessoa pode apresentar a necessidade de uma quantidade elevada de glicocorticoides, devendo receber uma quantidade 10x ou mais maior que o normal para prevenir a morte; · Insuficiência adrenal · Síndrome clínica decorrente da deficiência da produção de cortisol; · Primaria = doença de addison, devido à deficiência de glicocorticoides, mineralocorticoides e andrógenos; · Secundária = deficiência apenas de glicocorticoide, devido à produção reduzida de ACTH, devido principalmente à parada abrupta do uso crônico de glicocorticoides exógenos. Causada também devido a tumores de hipófise e hipotálamo; · Prevalência · Condição rara, com incidência anual de 0,8 casos por mil hab; · Predominância no sexo feminino na proporção de 2,6:1; · A causa mais frequente é a adrenalite autoimune; · Etiologia (adrenalite auto – imune) · Resulta em adrenais atróficas, com perda da maior parte das células do córtex, usualmente com a camada medular mantida intacta; · Em 60 a 75% dos casos são encontrados anticorpos antienzimas esteroidogênicas; · As síndromes poliglandulares auto – imunes mais comumente associadas são: tireoidite de Hashimoto, doença de graves, gastrite crônica atrófica, diabetes mellitus 1, hipoparatireoidismo; · Adrenalite infecciosa (etiologia) · Tuberculose, infecções fúngicas (paracoccidiodomicose, histoplasmose, etc); · A tuberculose acomete as adrenais por disseminação hematogênica. Inicialmente as adrenais estão aumentadas e apresentam extensa caseificação, posteriormente evoluem para fibrose, atrofia e podem apresentar calcificação em 50% dos casos; · As neoplasias de mama e pulmão são as que mais frequentemente metastizam para as adrenais, porém linfomas, melanomas e neoplasias de estômago, cólon e rim também o fazem; · Doenças genéticas (etiologia) · Adrenoleucodistrofia: herança recessiva ligada ao X, causada por mutações no gene ALD no cromossomo Xq28. Acomete sexo masculino, sendo as mulheres portadoras assintomáticas; · Fisiopatologia relacionada ao acúmulo de ácidos graxos de cadeia longa devido a um defeito na sua oxidação, levando ao seu acumulo na substância branca cerebral e no córtex adrenal; · Hipoplasia adrenal congênita: desenvolvimento insuficiente ou atrofia das adrenais devido à expressão deficiente de genes envolvidos na diferenciação adrenal e / ou gonadal; · Deficiência familiar de glicocorticoides: doença rara, de herança autossômica recessiva. Descrita com a ocorrência de mutações no gene do receptor de ACTH; · Quadro clínico · Muitas vezes a instalação é crônica, com sintomas inespecíficos, o que resulta em retardo no diagnóstico; · Sintomas geralmente quando há destruição de mais de 90% da glândula; · Os sintomas mais comuns são relacionados à deficiência de glicocorticoides: fadiga, fraqueza, anorexia, perda de peso, tontura, náusea e vômito; · Dentre as manifestações mais específicas, encontra – se a hiperpigmentação em áreas expostas ao sol, nos pontos de pressão, nas dobras cutâneas e mucosa oral; · A deficiência de mineralocorticoides resulta em hipovolemia, desidratação, hipotensão postural, avidez por sal; · Em mulheres, a deficiência de andrógenos ocasiona diminuição de pelos axilares e pubianos e perda de libido; · A crise de addison se caracteriza por agravo dos sintomas inespecíficos, podendo haver quadro de abdome agudo, hipotensão, hipercalemia e colapso circulatório; · Investigação (alterações bioquímicas) · Hiponatremia (90% dos casos); · Hipercalemia (65% dos casos); · Azotemia pré - renal; · Hipoglicemia de jejum; · Deve ser considerada diante de uma dessas alterações sem causa óbvia; · Ps: na insuficiência adrenal secundária não ocorre hipercalemia em razão da manutenção do sistema renina – angiotensina – aldosterona; · Investigação (testes) · Dosagens basais: concentrações séricas muito baixas de cortisol. Um valor abaixo ou igual a 3 mcg/dL entre 8 e 9h confirma o diagnóstico e um valor acima de 18 exclui. Se o cortisol estiver entre esses valores, recomenda – se o teste da cortrosina; · Teste da cortrosina / teste de estímulo com ACTH sintético: cortisol sérico é colhido antes e após administração de 250 mcg IV ou IM de ACTH exógeno nos tempos 30 min ou 60 min.Valores de pico de cortisol maiores ou iguais a 18 mcg / dL indicam função adrenal normal, enquanto menores é indicativo de insuficiência, mas sem especificar se é primária ou secundária; · Teste de tolerância à insulina: padrão de referência para o diagnóstico de secundária de inicio recente. Baseia – se no fato de que a hipoglicemia é estimuladora do eixo hipotálamo – hipófise – adrenal, adm insulina e dosando o cortisol nos tempos basal 60, 90 min. Considera – se como resposta normal do cortisol um pico maior ou igual a 18 mcg / dL; · Dosagem de anticorpos anticórtex adrenal; · Dosagem de ácidos graxos de cadeia muito longa; · Tomografia computadorizada de adrenais; · Radiografia simples de tórax; · Tratamento · Devem ser colhidos eletrólitos sódio e potássio, cortisol e o ACTH plasmático antes da adm parenteral de glicocorticoides; · Hidrocortisona na dose de 100 mg EV deve ser adm em bolus, seguida de 50 a 100 mg a cada 6h (crise adrenal aguda); · Pacientes com hipotensão devem receber soro fisiológico para expansão rápida; · Muitas vezes é necessário a adm de soro glicosado devido à hipoglicemia; · A dose de glicocorticoide pode ser diminuída após 24h a 48h, seguida de glicocorticoide e mineralocorticoide via oral quando o paciente estiver em condições de se alimentar; · A dose usualde reposição de glicocorticoide oral é de 15 a 25 mg / dia dividida em 2 tomadas, sendo 2/3 pela manhã e 1/3 no início da tarde; · Como no Brasil a hidrocortisona não é disponível comercialmente, usa – se a prednisona na dose de 5 a 7,5 mg / dia; · A dose de mineralocorticoide (fludrocortisona) é de 0,05 a 0,15 mg / dia; · Na presença de infecções sistêmicas graves o paciente deve aumentar a dose diária de glicocorticoide de 2 a 3x em relação à dose habitual; REFERÊNCIAS · Fisiologia médica guyton cap 77 11ª ed; · Clinica médica USP volume 5 capitulo 26
Compartilhar