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COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR Roseane de Aguiar Lisboa FEAD Belo Horizonte 2010 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA LISBOA, Roseane de Aguiar L769c Comportamento Empreendedor/Roseane Aguiar Lisboa. Belo Horizonte: EAD/Fead, 2009. 86 p. ISBN 978-85-99419-28-1 I. Empreendedorismo. II. Título CDU 658 Publicado por FEAD Copyright©2010 FEAD Diretoria Geral José Roberto Franco Tavares Paes Capa Foto de Bússola Todos os direitos reservados ao Sistema Integrado de Ensino de Minas Gerais – SIEMG Rua Cláudio Manoel, 1.162 – Savassi – Belo Horizonte – MG Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, seja ele eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização do SIEMG. Atenção: pode acontecer de algum desses sites indicados não estar mais disponível devido ao dinamismo que caracteriza essa fonte de informação. A Faculdade FEAD apresenta novo projeto, fundamentado em aspectos metodológicos da auto-aprendizagem, e inaugura os cursos de graduação na modalidade à distância. Estudar na modalidade a distância é adquirir, além de conhe- cimento do conteúdo apresentado, competências hoje exigidas no campo profissional e pessoal: autonomia, interação, determi- nação, gerenciamento da própria formação e atualização conti- nuada. A Instituição que se propõe formar empreendedores apresen- ta atitude inovadora e ensina pelo próprio exemplo. O projeto FEAD de Educação a Distância vem sendo desenvolvido desde 2004 e, agora, torna-se realidade. Buscar atingir a meta da qualidade em todos os projetos edu- cacionais é o que move a comunidade FEAD. Projeto de muitas mãos e mentes, trabalho conjunto de professores, coordenadores, funcionários, empresas parceiras e direção, na busca de produzir o que há de consubstancial em aprendizagem na modalidade a distância. Sinta-se, em definitivo, participante e construtor deste novo tempo. Faça parte do seu mundo. Bem-vindo ao século XXI! Professor José Roberto Franco Tavares Paes Direção-Geral Sumário AULA 1 • Introdução ao comportamento empreendedor e cultura empreendedora FEAD .....................9 AULA 2 • Introdução a globalização ............................................................................... 13 AULA 3 • Escolas do empreendedorismo .......................................................................... 17 AULA 4 • O que é empreendedorismo e comportamento empreendedor ..................................... 21 AULA 5 • O empreendedor no Brasil e no mundo ............................................................... 25 AULA 6 • Produtos e serviços tangíveis e intangíveis e sua relação com o empreendedor .................. 29 AULA 7 • Teóricos do empreendedorismo ........................................................................ 33 AULA 8 • Empreendedorismo e inovação ......................................................................... 39 AULA 9 • Inovação e oportunidade ................................................................................ 43 AULA 10 • Aproveitando oportunidades – nichos de mercado .................................................. 47 AULA 11 • Estabelecimento de metas ............................................................................ 51 AULA 12 • Tipos de empreendedorismo .......................................................................... 55 AULA 13 • Plano de negócios ...................................................................................... 59 AULA 14 • Esferas e qualidade de vida do empreendedor ...................................................... 73 AULA 15 • Experimente ser um empreendedor .................................................................. 77 Introdução ao comportamento empreendedor e Cultura Empreendedora FEAD Objetivos • Desenvolver uma noção geral sobre o que é comportamento empreendedor. • Conhecer a Cultura Empreendedora da FEAD. AULA 1 COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 10 Introdução Olá! Este é o nosso primeiro contato. E, para começar- mos bem, vamos ter uma introdução ao tema Comporta- mento Empreendedor: saber em linhas gerais o que ele sig- nifica e porque é importante estudá-lo. Também vamos conhecer a cultura empreendedora da FEAD, Instituição na qual você está estudando e da qual faz parte. Sabe por que é importante conhecê-la? Para saber por que adotamos o conceito, acreditamos nele e formamos profissionais empreendedores. Afinal, você será um deles! Comportamento Empreendedor Muito se ouve falar sobre pessoas empreendedoras, de sucesso, que venceram na vida por esforço próprio, não é mesmo? E também muitos casos são relatados como exem- plo de bravura e de coragem e como forma de demonstrar que nós podemos conseguir realizar tudo o que queremos quando nos empenhamos nisso. Comportamento empreendedor é isso e um pouco mais. Na verdade, o empreendedorismo não surgiu assim, do nada, na vida cotidiana. Ele advém do cenário empre- sarial, como uma estratégia de sobrevivência das empresas e também como uma forma de se adaptarem às mudanças pelas quais o mundo passa constantemente. Você se lembra de quando o termo “empregabilidade” passou a ser muito usado? Em todos os lugares a que ía- mos: palestras, congressos, eventos profissionais, falava-se em algum profissional se tornar empregável. E, para isso, era descrita uma série de competências a serem adquiridas, tais como falar inglês, entender de informática, ser um profissio- nal generalista. Nas revistas especializadas em determinadas áreas, não se falava em outra coisa. Era uma “overdose”! Na verdade, tornou-se um modismo falar em perfil do profissio- nal empregável. Atualmente, temos que ter cuidado ao falar e ouvir so- bre comportamento empreendedor, para que também não se torne um modismo. A diferença é que este tem funda- mentos teóricos precisos, sistemazidos, desde a primeira década do século XX, (mais precisamente em 1912), com Schumpeter. 1 1 Schumpeter é um economista que iremos estudar quando estivermos tratando os fundamentos teóricos do Empreendedorismo. Assim, começamos a compreender que adotar um com- portamento empreendedor implica uma mudança de hábito e de cultura e a adoção de atitudes que, com o passar do tempo, vão se tornando competências que nos levarão a transformar nossa forma de ser. Assim, é possível realmente conquistar e realizar coisas aparentemente impossíveis. Onde empreender Quando falamos em empreendedor, o que você logo imagina? Muito provavelmente lhe vem à mente um empre- sário ou uma pessoa dona de seu próprio negócio. Acertei? Este é o modelo que a maioria das pessoas tem. Mas preci- samos desmistificá-lo. Empreendedor não é somente o empresário ou o dono de seu próprio negócio. Podemos empreender em diversas esferas de nossas vidas. Empreendedorismo não se vincula somente à atividade empresarial. Está ligada também a ou- tras atividades de nossa vida, como as de âmbito: familiar, religioso, emocional, físico, intelectual, etc. Isso significa que tenho várias situações, além do traba- lho/profissão, em que também devo empreender para ter êxito e equilíbrio em minha vida. Por exemplo, um empreendedor que cuida muito de sua profissão, dedica-se demais ao trabalho, trabalha mais de 9 horas por dia, leva serviço para casa nos finais de se- mana, mesmo que não seja dono da empresa, mas porque é extremamente dedicado e gosta muito do que faz pode parecer bastante atraente para uma empresa. Ele está al- tamente envolvido e empreendendo bastante em sua car- reira profissional. Mas e o lazer, o descanso? Onde ficam? Ele precisa empreender também nessas esferas, porque a conseqüência poderá ser um dano à saúde. Sem lazer, ha- verá um desequilíbrio em sua vida. Ele pode até alcançar um crescimento profissional, mas, a um alto custo, que é sua vida social, familiare sua saúde também. Você percebeu como ser empreendedor não é uma ta- refa tão fácil e que não podemos entrar na “roda viva” de ser empreendedor a todo custo na vida profissional? Na verda- de, temos que ser empreendedores de nós mesmos, pois o maior empreendimento que temos somos nós! E é nele que devemos investir. Reflita um pouco: quanto você está investindo em você mesmo? Não falo de investimento econômico, mas de dedi- cação aos seus projetos de vida, seus ideais. Busque transfor- má-los em realidade: coloque suas metas, trace um planeja- mento e invista nele. Isso é ser empreendedor! AULA 1 • Introdução ao comportamento empreendedor e Cultura Empreendedora FEAD 11 Cultura Empreendedora FEAD A Cultura Empreendedora FEAD busca uma formação diferenciada para você nosso aluno. Esse diferencial pauta- se por uma metodologia que tem como alicerce a aprendi- zagem baseada nos 4 pilares da UNESCO2: • Aprender a aprender: significa aprender a conhecer. Primeiro aprender os métodos que ajudam a distinguir uma coisa da outra, como se isso abrisse um acesso inte- ligente aos saberes de nossa época. Esse pilar nos “ajuda a distinguir o que é real do que é ilusório”.3 Significa ser capaz de fazer pontes entre saberes diferentes e seus sig- nificados para o nosso dia-a-dia. • Aprender a ser: esse pilar “surge como enigma. Sabe- mos existir mas como aprender a ser?”4 Aprender a ser é descobrir o significado da existência, descobrindo nossos condicionamentos e a harmonia entre nossa vida social e individual. Para isso, é importante questionar sempre; é umaa forma de manifestar o espírito científico como um guia em nossas vidas. • Aprender a conviver: é o respeito por normas de rela- cionamentos na sociedade, que devem ser entendidas e internalizadas e não simplesmente toleradas como simples condicionamentos. Essa aprendizagem começa verdadeiramente na infância e nos persegue ao longo da vida. • Aprender a fazer: é a aquisição de um saber técnico, científico, uma profissão, com suas práticas associadas. Esse aprendizado pode incluir uma especialização. Mas não devemos cristalizar nossa formação numa única e mesma profissão, pois vivemos numa sociedade “cujo sismo informático é anunciador de outros sismos vindou- ros”5, é uma constante ebulição. Chamamos “cismos informáticos” às rupturas e emergência de novas tecno- logias e ferramentas de informática, que mudam a todo instante. Também é objetivo da Cultura Empreendedora FEAD que você, nosso aluno, desenvolva habilidades de gestão e 2 DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez; Brasília-DF: MEC - UNESCO, 2001. 3 NICOLESCU, Basarab. Nós, a Partícula e o Universo: a Física Quântica despoleta uma nova visão da ciência, mais holística e espiritual. Tradução: Isabel Debot. Ver. Científica da tradução: Fernando Fernandes. Lisboa: Ésquilo Edições e Multimídia. 2005. 4 Idem. 5 Idem. cultive valores éticos em toda sua vida. Isso também é ser empreendedor. Um pilar importante em nossa cultura empreendedora é a interdisciplinaridade. Você sabe o que é isso? Interdisciplinaridade é a comunicação entre diferen- tes saberes, conhecimentos, disciplinas e ciências. “É a transferência de método de uma disciplina para a outra.” (Nicolescu: 2005. p.195) Essa interdisciplinaridade é fundamental para que pos- samos avançar no sentido de um conhecimento a ser cons- truído com base na abertura para novos conhecimentos e para a comunhão de conhecimentos diversificados. Para que você possa ser um aluno empreendedor e ve- nha a ser um profissional também empreendedor, é impor- tante que esteja disposto e comprometido com uma apren- dizagem continuada e direcionada ao desenvolvimento de competências, e à aquisição de conhecimentos específicos. Também incluímos em nossa Cultura Empreendedora as atividades vivenciais (jogos, dinâmicas, estudos de caso, en- tre outros instrumentos), como uma forma de auxiliar o de- senvolvimento das competências necessárias ao profissional empreendedor. Através dessas atividades, a aprendizagem passa a ser mais significativa, porque possibilita a você, alu- no, a experiência de vivenciar os desafios de um verdadeiro empreendedor. Resumo Nesta aula, você teve o primeiro contato com o que vem a ser comportamento empreendedor. Buscamos, em linhas gerais, dar uma noção do que é ser empreendedor. Você também conheceu a cultura empreendedora FEAD, Instituição da qual você faz parte, onde irá se tornar um profissional empreendedor. Daqui em diante, iremos avançar no conhecimento sobre comportamento empreendedor e o próximo passo é conhecer o contexto em que surge o empreendedorismo e no qual o comportamento empreendedor ganha significado e importância. Exercícios 1. Para você, o que é comportamento empreendedor? 2. Quais são as bases da cultura empreendedora FEAD? COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 12 Referências DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez; Brasília-DF: MEC: UNESCO, 2001. NICOLESCU, Basarab. Nós, a Partícula e o Universo: a Física Quân- tica despoleta uma nova visão da ciência, mais holística e espi- ritual. Tradução: Isabel Debot. Ver. Científica da tradução: Fer- nando Fernandes. Lisboa: Ésquilo Edições e Multimídia, 2005. RIANI, Roseane de Aguiar Lisboa. Abordagem psicossociológica e empreendedorismo: o caso Norberto Odebrecht. Dissertação de Mestrado, UFMG, 2004. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR AULA 2 Introdução à globalização Objetivos • Compreender o conceito de globalização. • Entender o processo de globalização e suas conseqüências. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 14 Introdução Nesta aula estudaremos a globalização, conceito muito difundido na atualidade, do qual dependemos para com- preender a importância do empreendedor na atualidade e a de ser um profissional empreendedor Certamente você já ouviu falar em globalização ou até mesmo já estudou esse tema, mas não tem problema. Nun- ca é demais aprofundar num conhecimento. Precisaremos dele em nossa disciplina para melhor compreender o com- portamento empreendedor. A globalização é o pano de fun- do da nossa disciplina. O que é globalização? É muito difícil chegarmos a um consenso sobre uma definição ou um conceito acerca do termo ”globalização”, uma vez que vários autores, de diferentes linhas, já pesqui- saram ou ainda pesquisam o tema e formulam conceitos diferentes. Na década de 80, o termo “globalização” foi criado nos Estados Unidos e chegou até nós como sendo um processo de formação de uma economia global, com o aumento da interatividade entre diversas partes do mundo, facilidade de deslocamento e de comunicação. Globalização é, assim, o crescimento da interdependên- cia entre todos os povos e países, dando a impressão de que o planeta está ficando menor e que todos se conhecem, pois assistem a programas de TV semelhantes, recebem as mes- mas notícias sobre o mundo inteiro em tempo real, isto é, no mesmo momento em que ocorrem os acontecimentos etc. Sabe o que isto representa? É o resultado das transfor- mações políticas e econômicas que vêm acontecendo nas últimas décadas, com a integração de mercados mundiais, a revolução tecnológica, que veio promover também a in- teração cultural. O termo “globalização” foi rapidamente incorporado pela sociedade, através dos meios de comunicação de massa, logo passou a ser utilizado nos meios intelectuais e acadêmi- cos. Atualmente, globalização é um termo popular, utilizado em vários contextos: econômico, cultural, político, informal. Como lhe falei na introdução, não há uma definição consensual, isto é, um mesmo conceito usado por todos. Por estar sendo utilizado em diversos contextos, pode desig- nar várias coisas ao mesmo tempo: interligação acelerada de mercados nacionais, possibilidade de aumentar as redes de relações pessoais e econômicas via internet. Alguns teóricos afirmam que a globalização teve seu iní- cio a partir da tecnologia da informática, associada à teleco-municação. Outros, entretanto, pensam que seu início se deu com a queda das barreiras internacionais. Como pode perce- ber, não há muito consenso também sobre seu começo. Homogeneização x Fragmentação Como você pôde perceber, globalização é um conjunto complexo de processos, que operam de maneira contradi- tória ou antagônica, pois retira poder de comunidades locais para transferi-los para a arena global, mas também pressiona as realidades locais para uma maior autonomia local. Pense- mos, por exemplo, no campo cultural. Existe uma passagem das identidades culturais relacionadas ao território para ou- tras identidades com aspecto transnacional, que não estão vinculadas à base territorial. Pense ainda na construção da identidade a partir de ídolos musicais ou de cinema, por exemplo, que não se relacionam diretamente com a cultura nacional. Vou explicar melhor o processo de homogeneização da globalização. Como citamos no exemplo acima, com relação à cultura, algumas localidades perdem sua identidade e ado- tam uma identidade transnacional. Não é somente produto cultural que se encontra disponível no mercado globaliza- do: praticamente todas as sociedades são contagiadas por produtos e marcas globais. Onde não há “Coca-Cola”, tênis Nike, Mc Donalds, dentre outros produtos? Em geral, tais produtos são de origem ocidental. É por isso que a globali- zação começou a ser conhecida ou denominada por alguns como “ocidentalização disfarçada”, ou “americanização do mundo”. Além dos produtos, o que mais pode promover essa ho- mogeneização das sociedades? Essa transformação global acontece também com os hábitos, costumes e manifestações cotidianas. Nós, brasileiros, por exemplos, adotamos alguns hábitos ou manifestações cotidianas dos americanos. Pense: de certo tempo para cá, pegamos a mania de comemorar o “Dia das Bruxas”. Isso não fazia parte de nossos hábito culturais, e ainda não comemoramos como os americanos o fazem, mas é a importação de um hábito cultural estrangeiro para a nossa cultura. Homogeneização é o quê, então? É a influência de hábitos culturais, produtos, costu- mes e manifestações sobre diferentes sociedades. AULA 2 • Introdução à globalização 15 Agora que sabemos o que é homogeneização, vamos trabalhar o conceito de fragmentação. A fragmentação se refere à fragmentação cultural e a conflitos interculturais, resultantes das diferenças e da diver- sidade entre povos. . Na fragmentação não se trabalha com a unidade e sim, com a diversidade. É na fragmentação que surgem o fundamentalismo, as desigualdades e as tensões. Por exemplo, as guerras que ocorrem na região do Oriente Médio. São todas caracterizadas pelo fundamentalismo reli- gioso, que envolve as disputas geográficas e políticas. Como exemplo de tribalismo, temos as tribos urbanas que se constituem no nosso cotidiano. Por exemplo, quando vemos grupos de “skinheads”, que se manisfestam contra- riamente a negros, judeus, homossexuais, mulçumanos. Tra- ta-se de uma “tribo” defensora das ideologias neonazistas. Como esta, existem outras tribos que se caracterizam por formas de pensar e de agir diferentes daquelas da popula- ção em geral. Assim, fragmentação é: Diferenças e diversidades que surgem na globalização. também conhecida como tribalismo, pois não há unidade cultural.2 Além dessas duas proposições: homogeneização e frag- mentação, temos que considerar uma terceira, que é impor- tante na compreensão geral da globalização: é a TRANS- CULTURAÇÃO. E o que vem a ser transculturação? Transculturação é uma consequência da globalização que provoca rejeição de costumes, valores, crenças, etc., nas comunidades locais. Também pode provocar nessas co- munidades a incorporação e a reinterpretação de novos hábitos e costumes.1 Essas transformações levam a uma evolução cultural, sem perda da identidade local. Ao contrário,não só a man- tém como a consolida quando confrontadas com outras identidades. Isso significa que as comunidades locais se for- talecem e evoluem culturalmente. 1 Idem. Com a globalização, o que muda no que diz respeito ao Conhecimento A globalização não afeta somente as culturas, a política ou a economia. Ela nos afeta também no que diz respeito à produção de conhecimento. Sabe por quê? Porque o mun- do passa a ser digital, comandado por novas tecnologias. Se passamos a contar com uma tecnologia avançada, nosso acesso a dados e informações aumenta, pelo menos em tese, você concorda? Vamos ser otimistas e pensar que o acesso a dados e informações é popular e facilitado. Através do computador e com acesso à internet, o ensino tradicional tende a mudar ou até mesmo desaparecer. Você é um ótimo exemplo disso; está fazendo um curso superior a distância, que não pensávamos ser possível há algum tempo. No entanto, não podemos confundir “ter informação” com “ter conhecimento”. Há uma diferença grande entre os dois. O que é informação? É tudo aquilo que acrescenta algo novo ao nosso repertório de conhecimento. E o conheci- mento? É feito de informações. Mas, é necessário selecionar as informações de que necessito, processá-las, ou seja, en- tendê-las, para só então transformá-las em conhecimento, que será aplicado no meu cotidiano. Por que isto é importante ao se falar de globalização? Porque, num momento de grande quantidade de informa- ções disponíveis e facilitadas, se não tivermos essa consciên- cia, de nada nos servirão as informações conseguidas. As informações devem servir para solucionar problemas e adquirir conhecimentos e experiências. O que muda no mundo do trabalho A globalização também terá conseqüência no mundo do trabalho, como não poderia deixar de ser. Algumas atividades desaparecem rapidamente e o que começa a ser dito é que, segundo o economista Robert Tei- ch2: “Você vale o quanto você estuda”. Isto significa que a idéia da empregabilidade está associada à aprendizagem permanente, para se manter competitivo e conseguir acom- panhar as tendências do mercado. 2 Economista, professor da Harvard Business Administration e ex- secretário do trabalho do presidente Bill Clinton. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 16 Uma das perversidades da globalização, sabe qual é? É a eliminação de postos de trabalho. Em algumas áreas, vemos o desemprego aumentar, por causa do desenvolvimento tec- nológico. As empresas, tentando se adaptar às novas tecno- logias e dinamizar a produção, com qualidade competitiva, necessitam de empregados especializados, mas nem sempre conseguem. O que isso significa? Se a tecnologia já exige menos pes- soas para desempenhar uma determinada função, poucos empregos são gerados, mas com maior exigência de qualifi- cação do candidato. Começa a haver novas relações de trabalho neste ce- nário global. As exigências se pautam pela capacidade de desempenho das pessoas, de incorporação dos valores da empresa, de enfrentamento de desafios. Exige-se que elas pesquisem, criem convivências solidárias. É a marca da pro- dutividade, da participação e da autogestão. É a partir dessas novas relações de trabalho e dessa necessidade de os indivíduos se manterem ou se tornarem empregáveis no mercado, que começaremos a traçar nosso caminho rumo ao “comportamento empreendedor”. Essa pessoa de desempenho é exatamente o empreen- dedor do qual falávamos na primeira aula e sobre o qual falaremos durante nossa disciplina. Resumo Nesta aula você conheceu o processo de Globalização em suas vertentes social, política, econômica e cultural. Sou- be os efeitos que a Globalização causa na sociedade, tanto positivos quanto negativos e viu alternativas para os aspectos negativos. Percebeu a mudança que a globalização provoca no mundo do trabalho e sua relação com o empreendedo- rismo. Na próxima aula a relação entre a globalização e o em- preendedorismo ficará mais clara e você iniciará o conheci- mento sobre os teóricos do Empreendedorismo. Exercícios 1. Diferencie fragmentação, homogeneização e transcultu-ração. 2. Conceitue globalização e exemplifique de acordo a rea- lidade da região em que vive. Referências BARROSO, João Rodrigues (coordenador). Globalização e Identi- dade Nacional. São Paulo: Atlas, 1999. GIDDENS, Anthony. Mundo em Descontrole: o que a globalização está fazendo de nós. Rio de janeiro: Record, 2000. IANNI, Octávio. A sociedade Global. São Paulo: Civilização Brasi- leira, 1992. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR AULA 3 Objetivos • Conhecer as diferentes teorias sobre em- preendedorismo. • Conhecer os diferentes conceitos de em- preendedor. Escolas do Empreendedorismo COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 18 Introdução Nesta aula, começaremos nosso percurso pelas teorias sobre empreendedorismo. Diversas publicações sobre o as- sunto e alguns dos conceitos de empreendedorismo e de ser empreendedor. Muito se tem falado sobre esses conceitos e muitas são as suas origens. Nosso objetivo aqui é conhecer as diversas escolas que começaram a utilizar esses termos em suas te- orias. Não temos o propósito de formular uma teoria única, exclusiva, e sim de conhecer os diversos autores que utiliza- ram esses conceitos como forma de agregar valor aos seus estudos e áreas específicas. Veremos, ao final, que a defini- ção que faz sentido é aquela que criamos a partir de nossa compreensão da realidade. As primeiras escolas Há registro de que o primeiro uso do termo “empre- endedorismo” data de 1755, quando foi empregado pelo economista Richard Cantillon, que o utilizava para explicar o risco de comprar algum bem por um determinado preço e de vendê-lo em um clima de incerteza. Em 1803, Jean Baptiste Say, outro economista, também utilizava esse termo, mas com outro sentido; o da transfe- rência de recursos econômicos de um setor produtivo baixo para outro mais elevado e de maior rendimento. Para Say, aquele que abria seu próprio negócio era um empreende- dor. Quanto a esta vinculação – abrir sua empresa e ser empreendedor – temos um questionamento feito por dois professores, Cunningham e Lischeron (1991)1: “se é empre- endedor aquele que abre seu próprio negócio, o que dizer daquele que herda uma empresa ou compra um empreen- dimento?” Por outro lado, abrir uma empresa não faz do empresário um empreendedor. Há outros aspectos envolvi- dos que darão ou não a esse ato um caráter de empreende- dorismo, que estudaremos mais à frente. Várias são as ciências que se dedicam à temática do empreendedorismo: a Psicologia, a Sociologia, a Adminis- tração, a Economia, a Política, dentre outras. Cada uma traz uma contribuição importante para a definição deste fenô- meno socioeconômico. 1 CUNNINGHAM, J.Barton; LISCHERON, Joe. Defining entrepreneurship. Journal of Small Business management,1991. Cunningham e Lischeron fizeram uma classificação das escolas de pensamento sobre o empreendedorismo, que auxilia didaticamente o estudo das diferentes perspectivas existentes a esse respeito.Vejamos como essas escolas se classificam. • Escola Bibliográfica: estuda a história de vida dos em- preendedores. Narra sua trajetória de vida através de re- latos, entrevistas e estudos de caso. Nesta Escola, o que se pretende é demonstrar a diferença entre os empreen- dedores e as pessoas consideradas “comuns”. É aqui que se utiliza a “teoria do exemplo” com o forma de sensibi- lização e como estratégia para mudança de atitude e de comportamento de forma geral. • Escola Psicológica: trabalha com os traços comporta- mentais e de personalidade dos empreendedores. Aqui, entende-se que é possível desenvolver características e torná-las habilidades e competências empreendedoras, moldando a personalidade de um indivíduo não empre- endedor, tornando-o um empreendedor. • Escola Clássica: utiliza o conceito de “inovação”, segun- do o qual o empreendedor é aquele que cria algo novo ou transforma sua realidade a partir de seu potencial de criatividade. Um teórico que muito utilizou esse conceito em seus estudos foi o economista Joseph Schumpeter. • Escola da Administração: afirma que o empreendedor é aquela pessoa que organiza e administra um negócio, assume os riscos de ter prejuízo , planeja, supervisiona e dirige o empreendimento. • Escola da Liderança: vê o empreendedor como um líder que mobiliza as pessoas em torno de objetivos e pro- pósitos.É o catalisador das equipes. Esta escola parte do pressuposto de que nenhum empreendedor consegue seus objetivos isoladamente; deve sempre contar com sua equipe. • Escola Corporativa: fala sobre o uso das habilidades empreendedoras nas organizações complexas, ou seja, nas empresas. Foge ao padrão de pensamento segundo o qual o empreendedor é somente o dono do próprio negócio. O foco de estudo desta Escola é a organização e seu desenvolvimento.Sua relevância veio com a neces- sidade de as empresas transformarem seus colabores em empreendedores internos, assim como o clima e a cultu- ra empresariais em ambientes empreendedores. Além dessas Escolas, há outros estudos, advindos da Havard Bussines School, feitos pelos professores Stevenson AULA 3 • Escolas do Empreendedorismo 19 e Jarillo (1990)2, que classificaram os estudos sobre empre- endedorismo em três linhas, considerando o campo de atu- ação dos profissionais que os elaboraram: • Economistas – concentram seus interesses nos resulta- dos das ações empreendedoras e não nas ações dos em- preendedores. • Psicólogos e Sociólogos – enfatizam a parte individual do empreendedor. Analisam-no como indivíduo, levan- do em conta seu passado, suas motivações, seus ambien- tes e valores. • Administradores – procuram conhecer as habilidades gerenciais e administrativas dos empreendedores, sua forma de atingir seus objetivos, sua metodologia, suas técnicas e ferramentas, bem como seu processo de deci- são e de resolução de problema. Até aqui conhecemos um pouco das teorias, escolas e linhas de análise já criadas e desenvolvidas para se com- preender o empreendedor e o empreendedorismo. Agora vamos ver especificamente a relação do empreendedorismo com a Administração de Empresas, para depois voltarmos de forma genérica às abordagens teóricas desse tema. Administração de empresas e o empreendedor Vamos fazer uma relação específica entre a dministra- ção e o empreendedorismo. Até aqui, vimos, de forma ge- nérica, um pouco sobre o que se pensa a respeito do que é ser empreendedor. Vejamos agora o que a Administração de Empresas, como uma ciência específica, pensa sobre essa temática e de que forma trabalhacom ela. Você já deve ter ouvido falar, no início do curso, sobre o “guru” contemporâneo da Administração, Peter Drucker. Aqui falaremos sobre o que ele pensava e como relaciona- va a administração ao empreendedorismo. De início, saiba que foi ele quem consolidou as primeiras definições de em- preendedorismo e as uniu com visões modernas das novas aplicações da administração. 2 STEVESON, Howard H. e JARILLHO, J. Carlos. A paradigm of entrepreneurship: entrepreneurial management. Strategic Management Journal, 1990. Para Drucker3, a Administração sofreu grandes mudan- ças. Segundo esse autor, hoje ela deve: • ser aplicada a novos empreendimentos, comerciais ou não, ao invés de se restringir a empresas já existentes; • tratar de pequenos empreendimentos e não somente de grandes corporações, como se pensava até então; • e enfocar ONG’s, serviços públicos e outros tipos de or- ganização, e não se restringir a empresas com fins lucra- tivos, como se fazia antes; • cuidar de empresas anteriormente não consideradas em- presas, tais como restaurantes, lojas, postos de gasolina, ainda que sejam pequenas atividades comerciais. Essa abertura na visão da Administração levou a novos enfoques de ensino e ao desenvolvimento do empreende- dorismo. Isto justifica a origem de vários estudos sobre o assunto, alocados pelas Ciências Sociais Aplicadas. Para diferenciar empreendedorismo e administração, os professores Longenecker e Schoen (1975)4 utilizarama de- nominada “essência do empreendedorismo”, que consiste em três elementos-chave para a atividade empreendedora: inovação, risco e autonomia. Tais elementos não são elenca- dos na “nova Administração” de Drucker, que explora, so- bretudo, a maior abrangência da atuação do administrador, sem a inclusão desses três itens. Esses três elementos somente qualificam o empreende- dorismo quando estão juntos. Sozinhos podem ser caracte- rísticas de qualquer executivo e/ou empresário. Agora, vamos entender cada um destes elementos. • Inovação: Joseph Schumpeter é o autor que mais se re- laciona à inovação, por ter associado o empreendedor à ação inovadora ou criativa. Isso significa que o papel do empreendedor não é só o de criar um negócio, mas tam- bém o de desenvolver um método de produção, abrir novos mercados, buscar alternativas de materiais, en- fim, inovar na forma de incrementar sua atividade. Mas não podemos também nos restringir a esta abordagem, desvalorizando os empreendedores que transformam as idéias de outros em realidade. Quer dizer, nem sempre há o ineditismo: mas existe o papel fundamental do em- 3 HASHIMOTO, Marcos.Espírito empreendedor nas organizações: aumentando a competitividade através do intra-empreendedorismo.São Paulo, Saraiva, 2006. 4 SCHOEN, John E.; LONGENECKER, Justin G. The essence of entrepreneurship, Journal of Small Business management, 1975. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 20 preendedor na transformação de idéias em um projeto ou serviço de sucesso. • Risco: todo empreendimento envolve risco e, quanto mais há incerteza, menos podemos prever os resultados. Há três fatores que compõem o risco: as anomalias ou variações às quais os produtos e/ou serviços estão sujei- tos; a probabilidade de ocorrência dessas anomalias e as conseqüências delas. • Autonomia: o empreendedor possui autonomia para to- mar suas decisões, o que não deve ser confundido com independência. Ter autonomia é poder usar recursos para escolher as estratégias de ação e para buscar opor- tunidades relevantes. Já ter independência significa tra- balhar sozinho. E isso, o empreendedor não faz. Ele faz justamente o contrário, que é buscar o apoio e a confian- ça de quem o ajudou a conduzir o empreendimento. Resumo Nesta aula, iniciamos nossa incursão pelos teóricos do empreendedorismo. Estudamos as Escolas do empreende- dorismo, conhecemos algumas linhas de pensamento sobre o tema e vimos a diferença entre algumas áreas da ciência quanto às suas abordagens sobre o tema. Na próxima aula, daremos continuidade a este “pas- seio”, mas de forma mais direta e objetiva: iremos direta- mente a alguns teóricos mais conhecidos, mais falados, quando o assunto é empreendedorismo. Exercícios 1. Cite as primeiras escolas sobre empreendedorismo e ex- plique o posicionamento de cada uma sobre esse assun- to. 2. Cite e explique os estudos dos professores Stevenson e Jarillo sobre o tema. 3. Segundo Peter Drucker, quais foram as mudanças ocorri- das na Administração? Explique. 4. Quais são os elementos que classificam o empreendedo- rismo e o diferenciam da Administração de Empresas? Referências CUNNINGHAM, J.Barton; LISCHERON, Joe. Defining entrepre- neurship.Journal of Small Business management,1991. HASHIMOTO, Marcos. Espírito empreendedor nas organizações: aumentando a competitividade através do intra-empreendedo- rismo.São Paulo: Saraiva, 2006. STEVESON, Howard H. e JARILLHO, J. Carlos. A paradigm of en- trepreneurship: entrepreneurial management. Strategic Manage- ment Journal, 1990. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR AULA 4 O que é empreendedorismo e comportamento empreendedor Objetivos • Compreender o conceito de empreende- dorismo. • Compreender o conceito de comporta- mento empreendedor. • Conhecer as competências básicas do empreendedor. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 22 Introdução Até agora, falamos do contexto em que surgiu o empre- endedorismo e sobre onde ele ocorre. A partir desta aula, seremos mais específicos: trataremos de temáticas menos abrangentes e mais diretamente ligadas ao empreendedo- rismo. Vamos começar discutindo o que é empreendedorismo e, depois, o que é comportamento empreendedor e quais são suas competências básicas. Empreendedorismo O empreendedorismo surge como uma estratégia de sobrevivência de empresas e indivíduos em geral, também como forma de se adaptar ao cenário de mudanças constan- tes, como vimos na aula anterior,lembra-se? O termo empreendedorismo é um neologismo1, deriva- do de entrepreneuship. Esse termo em inglês é um hibridis- mo, já que vem da junção do sufixo inglês -ship à palavra francesa entrepreuner, que significa negócios. Daí surgiu o termo entrepreneuship, traduzida livremente para o portu- guês, como “empreendedorismo”. E o que é empreendedorismo? Empreendedorismo é o estudo relacionado aos empre- endedores e ao seu comportamento. Para alguns especialistas, o empreendedorismo é um ramo da administração: a criação, o desenvolvimento e a gestão de novas organizações. Nessa linha, surgem os adep- tos das incubadoras de empresas ou incubadoras tecnológi- cas.2 Você sabe o que são as incubadoras? Incubadoras de empresas ou incubadoras tecnológicas são organizações que funcionam como um equipamento para o desenvolvimento de novos negócios. Há outros especialistas que vêem o empreendedorismo como disciplina, uma área de estudos das Ciências Geren- ciais. Em geral, essa idéia parte de professores e consultores que atuam em universidades, com foco na formação de no- vos empreendedores e no desenvolvimento de habilidades empreendedoras. Este será o nosso caso: trataremos o empreendedoris- mo como uma disciplina na área das Ciências Gerenciais e nossa proposta é o desenvolvimento das habilidades empre- endedoras, do nosso aluno para que ele seja um profissional de maior sucesso. O empreendedorismo também pode ser entendido como uma política. Política de ação governamental, empre- sarial e comunitária, com o objetivo de desenvolvimento local. Além disso, pode ser também um suporte para micro e pequenas empresas a fim de que se tornem auto-susten- táveis e duradouras. Esse é o foco dado pelo SEBRAE na formação e desenvolvimento de empreendedores para a abertura e formalização de empresas. A seguir, temos um quadro esquemático que apresenta as correntes de pensamento sobre o empreendedorismo. 1 NEOLOGISMO é “uma palavra de criação recente, empréstimo de uma língua estrangeira ou acepção nova dada a uma palavra já existente na língua”. Fonte: Dicionário Larousse ilustrado da língua portuguesa. São Paulo: Larousse do Brasil, 2004. 2 MELO NETO, Francisco de Paulo de. Empreendedorismo Social: a transição para a sociedade sustentável. Rio de Janeiro:Qualitymark, 2002. Correntes Itens Empreendedorismo como fomento tecnológico Empreendedorismo como Gestão Empreendedorismo como estratégia de desenvolvimento local Empreendedorismo como estratégia de desenvolvimen- to das PME’s Objetivo Criar, desenvolver e gerenciar empresas emergentes Difundir a prática da gestão empreendedora Difundir políticas de DLIS (Desenvolvimento Local Inte- grado e Sustentável) com base no fomento ao empreendedo- rismo local Garantir desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas Foco Empresas emergentes Melhoria da gestão Maior desenvolvimento econô- mico e social no âmbito local Auto-sustentabilidade das micro, pequenas e médias empresas Locus Incubadoras Universidades, escolas de negócios, programas MBA Agências e fóruns de DLIS Sistema 5S/SEBRAE FONTE: MELO NETO, Francisco de Paulo de. Empreendedorismo social: a transição para a sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. AULA 4 • O que é empreendedorismo e comportamento empreendedor 23 Um fator importante de se esclarecer é que uma cor- rente de pensamento não exclui a outra; o que vai definir a escolha por uma ou por outra é o contexto. O empreendedorismo pode ser um dos principaisfato- res de desenvolvimento de um país. Daí a necessidade de ser incentivado e desenvolvido. Comportamento empreendedor No tópico anterior, vimos o que significa empreende- dorismo. Agora vamos estudar o que é comportamento empreendedor. O próprio nome já diz: é o comportamen- to do sujeito empreendedor, ou seja, a forma como ele se comporta. E, para sabermos o que é o comportamento do empreendedor, vamos ver, em linhas gerais, como uma pes- soa empreendedora deve agir ou como ela age em determi- nadas situações. Primeiro é importante compreender que o comporta- mento deriva da aquisição de habilidades que vão se tor- nando competências e atitudes no cotidiano da pessoa. As- sim, ela passa a adotar um determinado comportamento. Quando estivermos estudando os teóricos do empre- endedorismo, veremos, com mais profundidade, a teoria comportamental sobre o empreendedor. Por enquanto, va- mos ver como os empreendedores agem. Os empreendedores: • possuem grande capacidade de perceber oportunidades, a partir de uma idéia de negócio. Assim, encaram essa oportunidade como um desafio que eles levam até o fim, através de trabalho árduo, não medindo esforços para conseguir seu objetivo; • estabelecem estratégias e objetivos a serem alcançados. Os empreendedores sempre sabem onde querem che- gar. Assim, mantêm seus objetivos em mente e os per- seguem com afinco, através de estratégias previamente estabelecidas. No caso de alguma delas não funcionar, ele é capaz de usar outras, persistindo na busca de seu resultado; • trabalham com informações e sabem onde buscá-las e como utilizá-las. Os verdadeiros empreendedores nun- ca estabelecem estratégias ou objetivos sem informações precisas acerca daquilo que querem alcançar. Eles bus- cam as informações e sabem exatamente como utilizá-las para o êxito de seu projeto. • Empreendedores arriscam. Mas, cuidado! Empreende- dor não se arrisca no “tudo ou nada”. Ele mede o risco que pode correr, através de um planejamento em que estabelece suas ações e os recursos necessários para via- bilizá-las; • metabolizam os fracassos, ou seja, os empreendedores aprendem com seus erros e um fracasso torna-se tram- polim para a busca do sucesso; • são perfeccionistas, mas sem exageros. Isso significa que buscam melhor qualidade em seu trabalho, sempre. Não se acomodam com o sucesso, agem como se fos- sem eternos insatisfeitos, pois estão sempre em busca da satisfação de seus clientes e de si próprio, por meio da qualidade de seu trabalho; • inovam! Não é possível empreender sem inovar. Os em- preendedores buscam constantemente o novo em seus projetos, através do incremento em seu produto ou servi- ço: é o fazer diferente para satisfazer o cliente. Inovação nem sempre é fazer o inédito. Pode-se fazer algo que já existe, mas com um diferencial. E então, você se vê como um empreendedor? Pode ser que você não tenha todos esses comportamentos, mas certamente apresenta um ou mais deles em seu dia-a-dia. Mesmo porque ser empreendedor não significa ser um “su- per-homem”, com todos esses comportamentos. É ter alguns deles e utilizá-los de acordo com o momento e a necessi- dade. Resumo Nesta aula, você aprendeu o conceito de empreende- dorismo. Conheceu as diferentes correntes de pensamento sobre o assunto. Aprendeu também o que é comportamento empreendedor e teve o primeiro contato com alguns dos comportamentos que os indivíduos empreendedores apre- sentam. Nosso próximo passo será saber como está o empreen- dedorismo no contexto brasileiro, para que possamos saber sobre nossa realidade e analisá-la. Aguardo-o para a próxi- ma aula. Exercícios Responda, elaborando pequenos textos, às seguintes questões: 1. O que significa empreendedorismo? COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 24 2. Cite e explique os quatro focos de estudo sobre empre- endedorismo. 3. O que é comportamento empreendedor? 4. Cite e explique os comportamentos básicos de um indi- víduo empreendedor. Referências Dicionário Larousse ilustrado da língua portuguesa. São Paulo: La- rousse do Brasil, 2004. MELO NETO, Francisco de Paulo de. Empreendedorismo social: a transição para a sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Quality- mark, 2002. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR O empreendedor no Brasil e no mundo AULA 5 Objetivos • Conhecer a pesquisa GEM. • Conhecer o panorama mundial e local sobre o empreendedorismo e o empre- endedor. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 26 Introdução Nesta aula abordaremos o tema empreendedorismo relacionado ao contexto mundial e ao brasileiro. Para isso, nada melhor do que trabalharmos baseados na pesquisa GEM – Global Entrepreneurship Management, realizada mundialmente desde 1999, pela London Business School, pela Babson College e Global Entrepreneurship – GERA. O Brasil participa dessa pesquisa desde o ano de 2000. Essa pesquisa fornece um panorama geral sobre a situ- ação do empreendedorismo no mundo, envolvendo uma amostra de 40 países de todos os continentes, com os mais variados graus de desenvolvimento econômico e social, o que a faz ser a pesquisa de maior escopo na área. A proposta é avaliar o empreendedorismo no mundo a partir de indicadores comparáveis. Nossa aula permitirá que você conheça os resultados da pesquisa de 2005 e tenha uma visão panorâmica do empreendedorismo no Brasil e no mundo. A atividade empreendedora no Brasil e no mundo Os relatórios da pesquisa GEM têm tomado uma gran- de proporção no Brasil e no mundo e seus resultados têm contribuído para uma nova linguagem do empreendedor. Termos até então pouco conhecidos passaram a fazer par- te da linguagem comum. Além disso, os relatórios do GEM trazem as taxas de empreendedorismo, as motivações para empreender no país e as características dos empreendedo- res e de seus negócios. No relatório do ano de 2005, último relatório GEM, é enfatizado o estágio dos negócios empreendedores, que são classificados em: • Empreendedores iniciais: os que possuem empreendi- mentos com até 42 meses de vida (três anos e meio), período considerado fundamental para a sobrevivência de um empreendimento. Tais empreendedores subdvi- dem-se em: • nascentes – aqueles com empreendimentos em fase de implantação, em busca de espaço, escolha de se- tor, estudo de mercado, etc. • empreendedor estabilizado – aqueles com empreen- dimentos com mais de 42 meses. Os empreendedores também se classificam segundo variáveis demográficas como gênero, idade, renda familiar e escolaridade. Há ainda uma outra classificação dos empreendedores: por necessidade e por oportunidade. Empreendedores por necessidade motivam-se pela falta de alternativa satisfatória de ocupação e renda. Empreen- dedores por oportunidade são motivados por um nicho de mercado em potencial. Na próxima aula falaremos mais so- bre o empreendedor e a percepção de oportunidades no mercado. Voltando ao relatório GEM, as questões nele propostas avaliam também o potencial de crescimento do empreendi- mento pelas seguintes variáveis: • conhecimento dos produtos pelo consumidor: produtos ofertados são considerados novos por nenhum, alguns ou todos os clientes; • quantidade de concorrentes: número de concorrentes que o empreendedor espera ter (nenhum, poucos ou muitos concorrentes); • expectativas de criação de empregos: número de em- pregos que o empreendedor espera gerar nos seguintes intervalos: 1 a 5, 6 a 19, 20 ou mais empregos. Os setores estudados pelo GEM dividem-se em: extrati- vista, de transformação, de serviços voltados às empresas, de serviços voltados ao consumidor. O mundo Em âmbito mundial, países com diferentes graus de de- senvolvimento fazem parte de grupos de altas e baixas taxas de empreendedores iniciais. Os países que mostraram essa taxa mais elevada foram a Venezuela (25,0%), a Tailândia (20,7%) e a Nova Zelândia (17,6%). Como países de taxas mais baixas de empreendedores iniciais, surgiram a Hungria (1,9%), o Japão (2,2%)e a Bélgica (3,9%). O Brasil Em 2005, o Brasil continuou entre os que mais criam negócios, registrando uma taxa de empreendedores iniciais de 11,3%. No relatório, nosso país ficou colocado em 7º lugar entre os participantes GEM. Se considerarmos os relatórios desde 2001, percebere- mos uma tendência de redução da taxa de empreendedores iniciais, mesmo que seja pouco significativa. Isso ocorre em função da diminuição na taxa de empreendedores nascen- tes ao longo dos anos, pois os novos permaneceram estabi- lizados. AULA 5 • O empreendedor no Brasil e no mundo 27 Em relação aos empreendedores estabelecidos, o Bra- sil está em 5º lugar. Em sua maioria, estes empreendedores possuem negócios amadurecidos, ou seja, negócios com mais tempo de abertura e uma establidade no mercado (aproximadamente 60% entre 10 e 15 anos, em 2005). Aspectos demográficos Em quase todos os países pesquisados, as mulheres são menos ativas para abrir e liderar negócios, e as diferenças nas proporções de homens e de mulheres à frente de negó- cios variam muito entre os países. O Brasil, situa-se em 6º lugar em empreendimento fe- minino e em 13º quanto a empreendimento masculino. Em empreendimentos estabelecidos, as mulheres apa- recem menos atuantes do que os homens. Dados acumu- lados de 2001 a 2005 revelam haver 2 homens para cada mulher à frente de negócios com mais de 42 meses. Isso pode significar que há uma tendência à igualdade de gêne- ros no que se refere ao empreendedorismo e, também, que eles são fundamentais para o destaque brasileiro no ranking internacional do empreendedorismo. Idade dos Empreendedores As atividades empreendedoras iniciais são encontradas predominantemente na faixa etária entre 25 e 34 anos, mas também há negócios liderados por indivíduos entre 45 e 54 anos. Isso quando pensamos em termos de mundo e não de Brasil. No Brasil, esta dinâmica internacional é reproduzida: a taxa dos empreendedores entre 25 e 34 anos em estágio inicial da empresa é de 16,6%, ao passo que na faixa de 35 a 44 anos a taxa é de 14,7%. Renda familiar No mundo, percebe-se a influência direta da renda fa- miliar sobre o nível de atividade empreendedora. Aumenta a renda, aumenta a taxa, tanto de empreendedores iniciais quanto de empreendedores estabelecidos. Isso nos sugere que uma renda familiar alta pode resultar num empreendi- mento mais bem sucedido. No Brasil, a renda familiar sugere o mesmo que a renda familiar internacional. A sobrevivência dos negócios é um fator de aumento na renda das famílias que optam pela ati- vidade empreendedora. Educação No mundo, pessoas com educação superior se envol- vem mais em atividades empreendedoras de estágio inicial. Já no Brasil, exceto quanto ao empreendedorismo por ne- cessidade, a dinâmica empreendedora nos estratos mais es- colarizados é maior, segundo a pesquisa GEM: Entre os que têm mais de 11 anos de estudo, a taxa de empreendedores estabelecidos é de 12%, ao passo que entre aqueles com até quatro anos de estudo, essa taxa é de 8,3%.1 Resumo Nesta aula tivemos um panorama sobre o empreen- dedorismo no mundo e no Brasil. A pesquisa GEM é um ótimo instrumento para essa visão global, e nossa aula foi totalmente baseada no relatório GEM/2005, disponível no site do SEBRAE e que vale a pena ser consultado. Também vimos um pouco sobre o panorama do empreendedorismo no mundo e no Brasil. Esta aula foi importante para tomarmos conhecimento dos rumos que nosso país tem tomado em relação ao de- senvolvimento do comportamento empreendedor. Aguarde, vem mais por aí! Exercícios 1. O que é a pesquisa GEM? Explique. 2. Qual é o objetivo da pesquisa GEM? 3. Por que a pesquisa GEM é importante para o contexto empreendedor brasileiro? 4. Em que lugar se encontra o Brasil na última pesquisa? Faça uma rápida análise. 5. Quais são os aspectos demográficos importantes na pes- quisa GEM? 6. Explique cada aspecto demográfico. 1 GEM COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 28 Referências GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. Empreendedorismo no Brasil - 2000: relatório nacional. Curitiba: IBQP, 2001. GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. Empreendedorismo no Brasil - 2001: relatório nacional. Curitiba: IBQP, 2002. - GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. Empreendedoris- mo no Brasil - 2002: relatório nacional. Curitiba: IBQP, 2003. GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. Empreendedorismo no Brasil - 2003: relatório nacional. Curitiba: IBQP, 2004. GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR: 2005. Executive Re- port. Maria Minniti; William D. Bygrave; Erkko Autio. Babson College, US and London Business School, UK, 2006. Empreendedorismo no Brasil: 2004. BASTOS JR, Paulo Alberto; GRECO, Simara Maria S. S.; HOROCHOVSKI, Rodrigo Rossi; MACHADO, Joana Paula; SCHLEMM, Marcos Mueller. Curitiba: IBQP; SEBRAE, 2005. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR Produtos e serviços tangíveis e intangíveis e sua relação com o empreendedor AULA 6 Objetivos • Conceituar a tangibilidade e intangibili- dade de produtos e serviços. • Relacionar os conceitos de tangibilidade e intangibilidade ao empreendedorismo. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 30 Introdução Nessa aula, iremos conceituar e diferenciar bens e ser- viços. Tal diferenciação nem sempre nos parece é clara e precisa. Pois, é muito difícil exemplificar um bem ou serviço puro, já que muitos serviços possuem elementos de bens tangíveis e muitos serviços incluem algum serviço. TMas, no nosso caminhar deixaremos esses conceitos esclarecidos! Tangibilidade e intangibilidade de serviços, bens e produtos Você sabe qual é a diferença entre ser tangível ou in- tangível? A principal diferença entre esses dois conceitos é ausên- cia ou presença de substância física. Sabe o que isso signifi- ca? Significa que, os serviços não podem ser tocados, prova- dos, apalpados antes de serem adquiridos por um cliente. Ao contrário, os produtos possuem essa característica da presença de substância física, podendo ser provados, toca- dos antes de serem adquiridos. Por exemplo, se um cliente entra com um processo ju- dicial contra outra parte e contrata um advogado, ele conta com a prestação de um serviço sem saber o resultado final antes de ocorrer o julgamento. Por outro lado, se entramos numa concessionária para comprar um automóvel, podemos fazer o chamado “test-drive”. Quer dizer, podemos dirigir o veículo e experimentá-lo antes de concretizar a compra, po- dendo prever seus resultados. Desse modo, podemos conceituar o que são serviços, bens e produtos: • serviços definem-se como ações, esforços ou desem- penhos; • bens são coisas materiais; • produto pode se referir tanto a serviços, quanto a bens. Características, possíveis problemas e soluções dos serviços Vamos agora conhecer as características dos serviços, por serem mais difíceis de visualizar. Os serviços caracterizam-se por: • Intangibilidade: ausência de substância física; • Variedade: são heterogêneos, sem padronização e controle de qualidade. Cada prestador de serviço in- terage diferentemente com seus clientes; • Perecibilidade: não permite o estoque de serviços ou seu armazenamento; • Indivisibilidade: também denominado inseparabili- dade. O serviço não é separado fisicamente de seu prestador. Você já imagina os problemas possíveis de ocorrer em função da intangibilidade dos serviços? Vamos conhecê-los e ao mesmo verificar as possíveis soluções! 1. Intangibilidade: pode ocorrer falta de proteção através de patentes, dificuldade para comunicar ou demonstrar os serviços e seus benefícios, dificuldade na determina- ção do preço dos serviços. Para tais problemas podemos pensar em soluções como: • Utilização de indícios tangíveis, que são as caracte- rísticas físicas que envolvem o serviço. Por exemplo, o escritório de um consultor em recursos humanos, em que o cliente pode chegar e verificar o nível de organização, padronização, modernização do mesmo e passar a valorizar mais os serviços que tal consultor presta.• Utilização de fontes de informação pessoais e impes- soais. As fontes pessoais podem ser amigos, familia- res, líderes de opinião. Já as fontes impessoais podem ser os meios de comunicação como rádio, televisão, jornal impresso, dentre outros. • Criação de uma imagem organizacional sólida: é a percepção que os clientes têm da organização que presta determinado serviço. Por exemplo, a imagem que o público tem ou pode formar sobre a Faculda- de em que estuda ou virá estudar. Essa imagem pode ser positiva ou negativa, em relação ao ambiente, aos professores, funcionários que trabalham nela. 2. Indivisibilidade: o problema é a impossibilidade de pro- dução em massa dos serviços, uma vez que este está di- retamente ligado ao prestador, que produz em quantida- de limitada em função de sua capacidade de produção. Possível solução para esse problema: AULA 6 • Produtos e serviços tangíveis e intangíveis e sua relação com o empreendedor 31 • Seleção e treinamento de pessoal: possibilitará uma boa impressão no primeiro contato do prestador com seu cliente. Também possibilita produção em maior escala, através de outras pessoas, lembrando que es- tas são indivisíveis do serviço. • Gerenciamento do cliente: essa estratégia pode mi- nimizar o impacto da indivisibilidade. Significa um controle sobre os clientes: onde buscá-lo, seu perfil, sua necessidade, etc. • Múltiplas organizações ou fábricas de campo: a pro- dução em massa inclui vários locais para limitar a dis- tância que os clientes têm de percorrer e o provimen- to de vários locais de maneira diferente. 3. Variabilidade: é a dificuldade na padronização e controle da qualidade dos serviços prestados. Soluções: • Customização dos serviços: é a possibilidade demons- trar a vantagem na aquisição de determinado serviço, mostrando ao cliente que suas especificações serão atendidas. • Padronização: é a redução da variabilidade através de um treinamento intensivo dos prestadores de ser- viços. 4. Perecibilidade: os problemas estão ligados às demandas. A demanda pode ser maior que a oferta máxima dis- ponível, resultando em períodos longos de espera e conseqüente insatisfação dos clientes. A demanda também pode ser superior a um nível óti- mo de oferta. Ou seja, quando a demanda excede os níveis ótimos de oferta os serviços prestados estão em níveis inferiores. Demanda menor que o nível ótimo de oferta: é um problema que ocorre quando os recursos da empresa passam a ser subutilizados o que gera um aumento desnecessário dos custos operacionais. O último problema relaciona-se a demanda e oferta em níveis ótimos, o que não chega a ser um problema em si mesmo. Mas, uma situação ideal e praticamen- te impossível de ser alcançada, porque não há como manter a situação de nível ótimo de cliente eterna- mente. Para esses problemas podem ser relacionadas às es- tratégias de demanda e oferta. • Estratégia de demanda: a) a fixação criativa de preços que ajudam a controlar as flutuações de demanda para deslocá-la para pe- ríodos de pico ou pouco movimento. Por exemplo, um hotel turístico em que há uma fixação estratégica de preços. Em baixa temporada as diárias são mais baixas para atrair os turistas. Já na denominada alta temporada, as diárias se elevam em seu preço, para que o hotel tenha rentabilidade e possibilite sua auto- sustentação na baixa temporada. b) sistema de reservas, que significa a solicitação de par- te dos serviços de uma empresa para determinado horário. c) desenvolvimento de serviços complementares, que são serviços gratuitos que visam o conforto e bem- estar do cliente. É o “algo a mais” agregado ao servi- ço para conquistar e fidelizar o cliente. Por exemplo, uma caixa de bombom que se ganha ao se hospedar num hotel no feriado da Páscoa. Esse gesto é símbo- lo de receptividade, cordialidade e hospitalidade por parte do hotel e pode fidelizar o cliente. • Estratégia de oferta: a) compartilhamento de capacidade, que significa uma estratégia para elevar o oferta de um serviço através da parceria entre provedores de serviços. Essa parce- ria permitirá a expansão da oferta ou da prestação de serviços como um todo pelos membros da parceria. b) preparação antecipada para a expansão: é a adoção de orientações a longo prazo para instalações físicas e crescimento. Por exemplo, para ampliar uma loja, o proprietário deve ter uma visão de futuro à longo prazo e agir para que isso ocorra. Essa atitude poderá representar uma economia em relação aos custos de expansão. Resumo Nessa aula, aprendemos a diferença entre tangibilidade e intangibilidade e como tais características estão ligadas aos bens, serviços e produto. Também vimos as características dos serviços que podem gerar problemas aos mesmos. Pro- blemas esses que tem suas respectivas soluções colocadas em práticas por aqueles que têm visão empreendedora. É importante salientar que para sair dos problemas e buscar soluções é necessária uma visão e atitude empreendedora. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 32 Exercícios 1. Diferencie tangibilidade e intangibilidade e exemplifique cada um deles. 2. Exemplifique cada um dos possíveis problemas e solu- ções em relação aos serviços. Utilize exemplos diferentes e que correspondam à sua área de formação. Referências BERNARDI, Luiz Antônio. Manual de empreendedorismo e Gestão: Fundamentos, Estratégias e Dinâmicas. São Paulo: Atlas, 2003. DOLABELA, Fernando. Oficina do Empreendedor. São Paulo: Cul- tura Editores Associados, 2002. FREIRE, Andy. Paixão por empreender: como colocar suas idéias em prática: como transformar sonhos em projetos bem-sucedidos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR AULA 7 Teóricos do Empreendedorismo Objetivos • Conhecer as diferentes teorias sobre em- preendedorismo. • Descrever os diferentes conceitos sobre o empreendedor. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 34 Introdução Nesta aula, daremos continuidade ao nosso percurso pelas teorias sobre empreendedorismo. Iremos perceber que há várias teorias e que algumas se complementam em alguns pontos e divergem em outros. Isto não significa que uma seja melhor que a outra. No decorrer de nossas aulas, você também perceberá que nós não adotamos uma única abordagem teórica so- bre o empreendedorismo. O que nós fazemos é utilizar ele- mentos de algumas abordagens de forma a complementar o nosso objetivo na formação de empreendedores. Como nossa disciplina é Comportamento Empreendedor, é claro que nossa abordagem terá uma tendência mais comporta- mental, não seguindo uma linha de realização de Planos de Negócios com foco em abertura de empresas. Nosso grande objetivo é o ser empreendedor, seja qual for a esfera da vida – pessoal, familiar, profissional, estudantil ou outras. Teóricos do empreendedorismo Para compreender bem o que é o empreendedorismo devemos conhecer mais de perto alguns estudiosos que teo- rizaram sobre o assunto. Vejamos os mais importantes. Joseph Alois Schumpeter Na última aula já falamos um pouco em Schumpeter. Ele foi um economista do século XIX (1883 –1950), considera- do por alguns estudiosos do empreendedorismo como o melhor analista sobre o tema. Schumpeter também foi o responsável pela in- serção do empreendedor na economia capitalista daquela época. Está vendo como o termo “empreen- dedorismo” e a figura do empreendedor já existem há muito tempo? E, no entanto, parece-nos que foram criados agora, na nossa época, não é mesmo? Mas não! Schumpeter falava do entrepreneur como al- guém que faz novas combinações de elementos e introduz novos produtos ou processos. Além disso, o empreendedor seria aquele sujeito que identifica novos mercados de con- sumo, novas fontes de suprimento e cria novos tipos de or- ganização. Schumpeter dava um peso diferente e especial às moti- vações extra-econômicas que recaem sobre os sujeitos bem sucedidos no mundo dos negócios. Estes eram denomina- dos empreendedores.Sua obra-referência para o estudo do empreendedoris- mo é Teoria do Desenvolvimento Econômico, publicada em 1961. Há um trecho nesse livro que se refere às motivações extra-econômicas dos empreendedores: Ao empreendimento de novas combinações chama- mos ”empresa” e aos indivíduos cuja função é realizá-las, ”empreendedores”. (...) chamamos empreendedores não só aqueles homens de negócio ”independentes”, de uma eco- nomia mercantil (....) sejam empregados ”dependentes” de uma companhia, como gerentes membros de uma junta de administração (...) (SCHUMPETER, 1961:102)1. Você pôde perceber que, para Schumpeter, o empreen- dedor possuía motivações extra-econômicas, fundamentais para o desenvolvimento econômico. Nessa citação, também surge o conceito de empresa para Schumpeter: “um empreendimento de novas com- binações”, com funções especiais diferentes das funções rotineiras. Schumpeter analisou que uma empresa desse tipo necessitaria de pessoas com qual comportamento? Um comportamento diferente, com motivações e competências empreendedoras. Assim, para tais empresas, essas pesso- as devem ter uma visão diferenciada do negócio, mesmo quando não são os proprietários. É importante percebermos que, neste cenário “schum- peteriano”, o empreendedor é uma figura indispensável, além de ter uma capacidade, para determinada função, que não é transmitida geneticamente, não é herdada. Deve ser uma virtude especial intrínseca, que venha de dentro da pessoa. Essa seria a força motriz para o desenvolvimento empresarial e econômico. Além do empreendedor como força de desenvolvimen- to, Schumpeter também fala de inovação. Inovação realmente não pode ser desmembrada do em- preendedorismo. Mas é importante ressaltar que, já naquela época, houve um economista capaz de enxergar essa neces- sidade de unir inovação e empreendedorismo. 1 SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do Desenvolvimento Econômico. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961. W ik ip éd ia AULA 7 • Teóricos do Empreendedorismo 35 Para Schumpeter, a inovação é necessária, sendo função do empresário utilizar recursos e fatores produtivos de forma original. Para ele, se os recursos já tiverem sido utilizados, perdem o caráter de inovação, deixando de ser fatores ino- vadores. Depois, no decorrer de nossa disciplina, veremos um conceito um pouco diferente sobre inovação. Mas este é o conceito de Schumpeter. Outro fator importante em sua teoria é a diferenciação que ele faz entre atividades gerenciais e função empreende- dora. Para ele, o empreendedor não forma uma classe social e nem é uma profissão, mesmo que alguns se tornem bem sucedidos. A diferença é que o empreendedor aprecia o risco e busca a inovação. Sua racionalidade é diferente do pensa- mento racional do empresário, que recua diante de empre- endimentos de alto risco e persegue o lucro em suas transa- ções econômicas. A motivação do empreendedor estaria, assim, nos dese- jos de diferenciação social, o que não signifida o mesmo que acumulação de riquezas. Como podemos perceber, a teoria de Schumpeter não valoriza muito os elementos racionais ao tratar o comportamento empreendedor, tampouco valo- riza elementos quantificáveis. Vamos conhecer mais um teórico fundamental para o estudo do empreendedorismo. Aliás, você já o conheceu em Sociologia. Trata-se de Max Weber. Não se deve estudar empreendedorismo sem se falar no nome dele! Max Weber Pensadores mais comportamentalistas também pensa- ram e escreveram sobre os empreendedores. Max Weber (1864 – 1920) foi um deles. Você já o conheceu na disci- plina de Sociologia, mas vale lembrar que Weber foi um sociólogo que ficou conhecido pelos vários temas sobre os quais escreveu: burocracia, racionalidade e ética protestan- te. o espírito do capitalismo, entre outros. E é exatamente neste último tema – o espírito do capi- talismo – que podemos encontrar identificações com a idéia de empreendedor. Em sua clássica obra A Ética Protestan- te e o Espírito do Capitalismo, Weber identificou o sistema de valores protestantes como elemento fundamental para o crescimento econômico da sociedade e dos empresários. Pensando nesses empresários como empreendedores, esse sistema de valores também explicaria seu comportamento. Fique Atento! Em algumas obras, não só de Weber, como de outros autores, encontraremos o termo “empre- sário” como sinônimo de “empreendedor”. Em sua obra, Weber constatou que a principal motivação para quem se estabelecia por conta pró- pria era a crença religiosa ou o trabalho ético protes- tante. E o que propunha essa ética protestante? Estabe- leciam-se normas de con- duta que punham freio à extravagância, ao consumo ostensivo e à indolência, que seria a falta de atividade. O resultado vocês já podem imaginar: a produtividade aumentava, havia uma diminui- ção das despesas e expansão da economia. Todos esses são fatores vitais para o crescimento econômico. Weber questionava as relações entre idéias e atitudes religiosas e atividades econômicas correspondentes. Para ele, empreendedores são pessoas inovadoras, independen- tes, líderes formais nos negócios. Como a ética protestan- te estava conectada à alta produtividade, à poupança e ao consumo dispendioso, Weber articula a relação entre esses valores e o sucesso econômico, que passava pelas atividades empresariais e pelos empreendedores. Weber não se esgota aqui. Procure ler mais sobre ele. Isso pode ajudá-lo bastante. Agora, em nossa aula devemos tratar de mais um teórico. David McClelland Na área da psicologia, o autor que deu início à contri- buição desse conhecimento para o empreendedorismo foi o psicólogo e professor da Harvard University, David Mc- Clelland. Sua obra revela uma tentativa arrojada de um psi- cólogo behaviourista de isolar fatores psicológicos e culturais e demonstrar, por métodos quantitativos, que esses fatores são importantes para o desenvolvimento econômico. Em sua clássica obra The Achieving Society2, David Mc- Clelland se propunha a estabelecer uma relação entre o pro- gresso econômico e a existência de uma cultura da “neces- sidade generalizada de realização”, que ele definiu como “o desejo de fazer algo por fazê-lo, mais que com fins de poder, amor, reconhecimento ou, se desejar; lucro”. 2 MCCLELLAND, David. The Achieving Society. Nova York: The Free Press, 1961. W ik ip éd ia COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 36 E, para “traduzir” esse padrão de excelência interna- lizado – “necessidade de realização”-, ele usou, de forma original, o termo “achieving”, cujo significado é “conquistar algo com esforço próprio; realizar algo difícil; façanha; fei- to”. Aprofundando a questão dos resultados obtidos em suas pesquisas, o dado significativo é que McClelland criou bases e orientações para sessões de treinamento a fim de moti- var o êxito e a realização de executivos, cuja finalidade era melhorar tal característica “psicológica” e torná-la aplicável em situações empresariais. Por exemplo, um empreendedor que valorize mais a realização pessoal e profissional, do que propriamente o lucro que possa obter com seu empreendi- mento Nesse sentido, ele foi o pioneiro na capacitação para Comportamentos Empreendedores. E, diferentemente dos economistas, para os comportamentalistas – notadamente os psicólogos, um empreendedor não precisa estar necessa- riamente ligado à atividade empresarial. Ele pode também estar relacionado ao mundo social de maneira geral. McClelland constatou, através de suas inúmeras pes- quisas com sua equipe de colaboradores em várias partes do mundo, a influência dos valores ligados à religião nas atitudes de indivíduos empreendedores e percebeu nestes um certo padrão de excelência internalizado. Seu trabalho constitui referência básica no estudo e estímulo ao desen- volvimento das características que conformam o perfil e o comportamento daquele que consideramos o agente de transformação social. Seu trabalho não se prende também à simples elaboraçãode um Plano de Negócios. Vai além: significa a possibilidade de empreender em diversas esferas da vida (pessoal ou profissional), através de recursos e opor- tunidades oferecidas e percebidas no ambiente. Para este teórico, havia uma relação direta entre o cres- cimento econômico e a existência, na cultura, de uma “ne- cessidade generalizada de êxito”, definida por ele como o “desejo de fazer algo por fazê-lo, mais do que com fins de poder, amor, reconhecimento ou se desejar, lucro”. Este autor servirá de base para o desenvolvimento do trabalho e análise do empreendedorismo como modelo de gestão utilizado em determinadas empresas, porque iden- tificou os potenciais empresários de sucesso, criando assim uma teoria que postula que muitas pessoas nascem com talento, mas só adquirem competência com a experiência. Ou seja, é possível desenvolver nas pessoas o talento empre- endedor, pois, segundo ele, “os empresários não nascem, se fazem”. McClelland identificou um elemento psicológico mar- cante que ele denominou “motivação para realização” ou “impulso para melhorar”. A partir de então, iniciou-se o desenvolvimento de um treinamento para aperfeiçoar essa característica nos participantes, a fim de torná-la aplicável no meio empresarial. De acordo com McClelland, para se criar uma cultura favorável ao crescimento da capacidade empresarial, é ne- cessária uma capacitação que motive os executivos para o êxito. Foi desenvolvido um método para estimular uma con- duta empresarial, partindo da premissa de que os adultos podem adquirir uma forte necessidade de êxito, e, para tal, foi necessário entender o que constitui um motivo. Tais motivos encontram-se agrupados numa hierarquia de solidez ou importância para cada indivíduo: quanto mais um indivíduo pensa num motivo, mais forte ele é. A partir de tais hipóteses, a forma de mudar a motivação de uma pessoa seria efetuar uma transição na hierarquia de moti- vos existentes. Por exemplo, se o empreendedor se motiva inicialmente pela parte financeira, ele pode modificar sua motivação com o avanço de seu empreendimento. Aí sua motivação passa a ser pelo prazer em realizar algo. A MacBer, empresa de consultoria de McClelland, inter- veio em três países: Índia (Ásia), Malawi (África) e Equador (América do Sul). Os resultados apresentaram aproxima- damente 250 características associadas ao êxito, das quais 10 foram apontadas como sendo de maior incidência. Tais características, denominadas como Características do Com- portamento Empreendedor (CCE’s), foram divididas em três grupos principais, com comportamentos que apontam para sua existência real. Esses grupos fundamentam-se nos se- guintes níveis de motivação: • Necessidade de Realização – é a necessidade de su- cesso competitivo medido em relação a um padrão de excelência pessoal. Cada pessoa possui o seu critério de sucesso. • Necessidade de Afiliação – é a busca por relacionamen- tos afetivos. • Necessidade de Poder – refere-se à necessidade de po- der e influência sobre outras pessoas. Partindo desses níveis de motivação, foi possível distri- buir as características nos seguintes grupos: Grupo de realização • Busca de oportunidades e iniciativa. • Capacidade de correr riscos calculados. • Exigência de qualidade e eficiência. AULA 7 • Teóricos do Empreendedorismo 37 • Persistência. • Comprometimento. Grupo de planejamento • Busca de informações. • Estabelecimento de metas. • Planejamento e monitoramento sistemático. Grupo de poder • Persuasão e rede de contatos. • Independência e autoconfiança. A pessoa que se enquadra nesses grupos apresenta as seguintes peculiaridades: - suas metas e objetivos são desafiantes; - sua visão é de longo prazo e específica. Ela sabe onde quer chegar; - estabelece objetivos de curto prazo, que podem ser mensurados. Vamos ver agora as considerações de um outro teórico do empreendedorismo. Louis Jacques Fillion Para Louis Jacques Fillion, professor canadense e um dos mais conceituados pensadores sobre o tema na atualidade, diferentemente do “dirigente-operador”, que se encontra, na maior parte do tempo, ocupado com tarefas rotineiras, preocupado com questões mais concretas, acreditando ser o planejamento e as análises das tendências de mercado pura teoria, o “dirigente-empreendedor” apresenta um modelo de gestão pautado no planejamento, na análise do contexto, visando detectar oportunidades de negócios para realizá-las. Para Fillion, “um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Resumo Esta aula tratou de autores importantes para o estudo do comportamento empreendedor: Schumpeter. Weber, McClelland e Fillion. Percebemos que os autores aqui estudados seguem di- ferentes linhas de pensamento dentro do empreendedoris- mo, até mesmo pela formação intelectual de cada um. Mas, como dissemos anteriormente, o importante não é buscar uma linha correta ou mais apropriada, e sim, conhecer os estudos existentes para nos prepararmos como indivíduos empreendedores, com atitudes diferenciadas e aptos a lidar num ambiente de constantes mudanças. Exercício 1. Explique de forma sucinta a teoria de cada um dos auto- res estudados sobre empreendedorismo. • Em quais grupos McClelland separou as característi- cas empreendedoras? Relacione as características a cada grupo. • Em sua opinião, qual é a linha de pensamento que mais se aproxima da nossa realidade? Por quê? Referências SCHUMPETER, Joseph. Teoria do Desenvolvimento Econômico. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961. RIANI, Roseane de Aguiar Lisboa. Abordagem Psicossociológica e Empreendedorismo: o caso da Construtora Norberto Odebrecht. Dissertação de Mestrado: UFMG, 2004. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR AULA 8 Empreendedorismo e inovação Objetivos • Conceituar inovação. • Relacionar empreendedorismo e inovação. • Especificar a importância da inovação para o empreendedor. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR 40 Introdução Nesta aula iremos estudar a importância da inovação para os empreendimentos e para os empreendedores em sua arrancada no mundo dos negócios. Aprenderemos o que é inovar e qual é a importância disso para a sobrevivência do empreendedor. Também ve- remos as vantagens competitivas que são necessárias e que podem ser adquiridas como diferencial no mundo empre- sarial. Inovação Vivemos num mundo extremamente competitivo e, para crescer e se manter no mercado, as empresas precisam se multiplicar e se transformar. Mas como fazer isso? A partir da inovação! E, para inovar, é necessário identificar opor- tunidades no mercado que se transformem em vantagens competitivas. Assim, a inovação está diretamente relacionada à bus- ca e identificação de oportunidades que se transformam em vantagens competitivas. Há uma transformação histórica do termo inovação. Faremos um percurso, ao longo do tempo, acompanhando a evolução do sentido desse termo para que possamos en- tendê-lo. No período do desenvolvimento industrial, na década de 1970, as empresas eram consideradas competitivas por- que tinham seu foco no custo de produção. Reduzir custos de produção naquela época produzia um grande efeito na redução do preço final ao cliente e aumentava a vantagem competitiva sobre os concorrentes. Na década de 1980, porém, as empresas concluíram que o aumento da oferta e a disseminação das técnicas de produção que reduziam custos anteriormente não as torna- vam tão competitivas, pois os ganhos de custos não resul- tavam em melhorias significativas no preço final ao consu- midor. Quando o cliente possui várias opções com poucas variações de custos, ele passa a buscar um diferencial. Esse diferencial, em geral, reside na qualidade do produto ou serviço, por isso não adiantava reduzir custos de produção, se não havia um diferencial a ser oferecido ao cliente no produto ou serviço. Essa descoberta deu início ao período em mais se in- vestiu nos Programas de Qualidade, o que se tornou prá- tica
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