Buscar

DIR_MEAREC_19_E_4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
 
 
Meios Adequados de 
Resolução de 
Conflitos 
 
 
 
Unidade Nº 3 - Conciliação, Mediação e 
Arbitragem 
 
 
 
 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
 
Autoria: Guilherme Pavan Machado 
Revisão Técnica: Ana Carolina Quintela 
 
 
 
 
Introdução 
 
Seja bem-vindo(a) à Unidade 3 da nossa disciplina de Meios Adequados de 
Resolução de Conflitos. Nessa oportunidade, abordaremos os três principais 
mecanismos que são utilizados para resolução de conflitos, que são a Conciliação, a 
Mediação e a Arbitragem. 
Para conseguirmos visualizar a dimensão da importância do que vamos tratar 
nessa Unidade, a Conciliação e a Mediação são dois mecanismos cada vez mais 
presentes na atuação rotineira do Poder Judiciário. É comum vermos instalados nos 
fóruns do país os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) e 
o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflito (NUPEMEC). 
Essas iniciativas vão ao encontro com o que falamos na Unidade 1 sobre 
Acesso à Justiça e a sobrecarga que o Poder Judiciário sofre com o ingresso massivo 
de ações. Esses Centros, Núcleos e os Meios Adequados de Resolução de Conflitos 
como um todo auxiliam na celeridade das demandas e no resultado útil para as 
partes. 
A arbitragem, por sua vez, possui lei específica que regulamenta seu uso nos 
casos que versarem sobre direitos patrimoniais disponíveis e quando as partes 
incluírem nos contratos a cláusula compromissória ou firmarem compromisso 
arbitral, como veremos mais à frente. 
A Conciliação é prática difundida à legislação geral e especial, seja na Lei dos 
Juizado Especiais n. 9099/95 e até mesmo no CPC. A Justiça do Trabalho, por sua vez, 
através de dispositivos da CLT, também atribui importância para as conciliações nas 
ações trabalhistas. 
Desse modo, organizaremos nossa Unidade em quatro tópicos, que serão: 1. 
Fundamentos da Conciliação; 2. Fundamentos da Mediação; 3. Procedimento e 
Modelos de Mediação; e 4. Fundamentos de Arbitragem. 
Vamos lá?! Bons estudos! 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
 
1. Fundamentos da Conciliação 
 
Você já deve ter ouvido falar em Conciliação, principalmente nos processos 
judiciais, não? A Conciliação pode ser considerada com um meio rápido para 
resolução do conflito a partir de um acordo entre as partes litigantes. Muitas vezes, 
no processo judicial, temos a figura do acordo como sendo o resultado de uma 
conciliação exitosa. 
 Mas, muito embora esteja tão presente no dia a dia dos profissionais do 
Direito, ainda assim é necessário firmar um conceito de Conciliação para iniciar 
nossos estudos. 
 
Conciliação é uma conversa/negociação que conta com a participação de 
uma pessoa imparcial para favorecer o diálogo e, se necessário, apresentar 
ideias para a solução do conflito. Segundo o Código de Processo Civil, o 
conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver 
vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo 
vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação 
para que as partes conciliem (art. 165, § 2º) (CNJ). 
 
Desse modo, do conceito apresentado, conseguimos extrair algumas 
questões importantes: a presença de uma pessoa imparcial, denominado 
Conciliador; e que trata-se de uma conversa entre as partes para solucionar o 
conflito, consistindo em autocomposição. 
O Conciliador irá conduzir a audiência ou sessão de conciliação, incentivando 
as partes para dialogarem sobre o processo ou conflito, para que, se for da vontade 
delas, realizem um acordo. 
É importante pontuar que o Conciliador não impõe a realização de acordos 
ou obriga a conciliar, pois é necessário que ambas as partes tenham interesse em 
resolver o conflito. 
Vale ressaltar, ainda, que a Conciliação é um mecanismo que pode gerar a 
solução a um processo de maneira mais rápida, tendo em vista possibilidade de 
acordo entre as partes antes da sentença, bem como gera uma economia para os 
procuradores no que toca à questão documental e de peticionamentos futuros, até 
mesmo ingresso de recursos. 
 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
 
Você quer ver? Acesse o vídeo do link e aprofunde seus conhecimentos sobre o 
conceito de Conciliação e seus benefícios. Disponível em: 
<https://youtu.be/1nVZIzRNfRI>. 
 
 
Quando falamos em Conciliação, podemos dividi-la em duas dimensões 
distintas: a Conciliação Judicial e a Extrajudicial. A grande diferença entre ambas está 
no âmbito em que são aplicadas, pois a primeira incide no bojo das demandas 
judiciais, ao passo que a segunda não tem essa obrigatoriedade. 
 
A conciliação judicial é a que acontece no transcurso de um processo e se 
dá para o processo. Facilitando a compreensão, ocorre no processo quando 
as partes, numa atividade judicial conflituosa, alcançam um acordo de 
vontades sobre o objeto do conflito e tal acordo é homologado pelo juiz. 
Ainda na mesma ideia, ocorre para o processo quando as partes 
apresentam esse acordo de vontades para homologação. Nos dois casos 
haverá uma sentença homologatória de conciliação, que será um título 
executivo judicial. 
A conciliação extrajudicial é a que se dá por meio de contrato, a que a lei 
designa por transação, em que os sujeitos de uma obrigação em litígio se 
conciliam mediante concessões mútuas. Esse acordo nascendo, dar-se-á 
por escrito, com assinatura dos envolvidos e ainda com duas testemunhas 
o assinalando. Evidentemente, também será um título extrajudicial 
(GUILHERME, 2016, p. 76). 
 
Exemplos de Conciliação Judicial são aqueles que se dão nas audiências de 
Conciliação dos Juizados Especiais, ou até mesmo os que acontecem em inúmeras 
demandas através dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania 
(CEJUSC). O que nos interessa compreender é que o acordo se dá no âmbito do 
processo judicial e para resolver alguma questão que ele contempla. 
As conciliações extrajudiciais não necessitam de um processo anterior, mas 
parte de uma vontade das partes de resolver uma questão contratual, elencando um 
terceiro qualificado para conciliar os interesses. Um exemplo é a conciliação para 
pagamento das parcelas em atraso da compra de um veículo entre vendedor e 
comprador, conciliada por terceiro imparcial elencado pelas partes que, assinada por 
duas testemunhas, ganha força de título executivo extrajudicial. Eventual 
descumprimento da transação pode gerar um processo de Execução. 
https://youtu.be/1nVZIzRNfRI
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
Cada vez mais, o Poder Judiciário está com um movimento em prol da Justiça 
Restaurativa e dos Meios Adequados de Resolução de Conflitos e, nesse sentido, as 
sessões de conciliação que acontecem nos CEJUSC são cada vez mais frequentes. 
Essas sessões passam por um planejamento que tem o objetivo de 
desconstruir a ideia de adversariedade entre as partes, mas propõe um ambiente 
cooperativo, no qual as partes se sintam confortáveis e acolhidas. Nessa perspectiva, 
todo o ambiente e mobiliário deve ser previamente preparado pelo conciliador. 
A postura do Conciliador é importante para o melhor deslinde da sessão, 
devendo ser cordial com as partes, recepcionando-as e, quando do início do ato, 
explicar seu papel, fazendo com que se sintam confortáveis na sua presença. 
O Conciliador deve incentivar o diálogo entre as partes envolvidas, fazendo 
com que apresentem suas versões do conflito, possibilitando a extração dos 
interesses em jogo e abrindo espaço para a tentativa de conciliação. 
Conseguimos perceber, portanto, que a Conciliação hoje extrapola a dinâmica 
de audiência geralmentevista nos Juizados Especiais e até mesmo nos 
procedimentos comuns. Ademais, a figura do CEJUSC também possui um papel 
importante no cenário da conciliação e mediação, visto que esses Centros recebem 
processos dos mais variados assuntos para agendar sessões como momento das 
partes dialogarem e buscarem uma solução amistosa para o conflito. 
Nesse sentido, ao contrário da conciliação prevista no procedimento dos 
Juizados Especiais Cíveis, os processos que são manejados pelo CEJUSC são 
encaminhados para o Centro com o objetivo de que recebam um tratamento 
diferenciado a partir dos Meios Adequados de Resolução de Conflitos. 
A Conciliação assume o papel de Meio Adequado de Resolução de Conflito 
para, além de tentar solucionar o litígio, restaurar aquela relação social desgastada. 
Nesse sentido, os ganhos para as partes não se restringem apenas à seara 
processual, mas irradiam para suas vidas. 
 
Você quer ver? A seguir você poderá acessar um curto vídeo elaborado pelo 
Conselho Nacional de Justiça, que sintetiza a ideia do significado jurídico e prático do 
ato de conciliar. Veja no link: <https://youtu.be/a92eGP1-7M8>. 
 
 
2. Fundamentos da Mediação 
 
https://youtu.be/a92eGP1-7M8
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
A Mediação é considerada, assim como a Conciliação, uma forma de 
autocomposição, onde as partes resolvem o conflito a partir dos seus próprios 
esforços, com a presença de um terceiro imparcial sem o poder da tomada de 
decisão. 
Pode surgir a pergunta: qual a diferença entre a Conciliação, estudada no 
tópico anterior, e a Mediação? O Conselho Nacional de Justiça, através do seu website, 
nos explica melhor. 
 
A Mediação é uma forma de solução de conflitos na qual uma terceira 
pessoa, neutra e imparcial, facilita o diálogo entre as partes, para que elas 
construam, com autonomia e solidariedade, a melhor solução para o 
conflito. Em regra, é utilizada em conflitos multidimensionais ou complexos. 
A Mediação é um procedimento estruturado, não tem um prazo definido e 
pode terminar ou não em acordo, pois as partes têm autonomia para buscar 
soluções que compatibilizem seus interesses e necessidades. 
A Conciliação é um método utilizado em conflitos mais simples, ou restritos, 
no qual o terceiro facilitador pode adotar uma posição mais ativa, porém 
neutra com relação ao conflito e imparcial. É um processo consensual breve, 
que busca uma efetiva harmonização social e a restauração, dentro dos 
limites possíveis, da relação social das partes (CNJ). 
 
Em complemento à definição de Mediação acima exposta, adotada pelo 
Conselho Nacional de Justiça, Guilherme (2016, p. 23), apresenta aspectos mais 
técnicos relacionados ao mecanismo. 
 
A mediação pressupõe um conjunto de técnicas, valores e habilidades que 
devem ser desenvolvidos em cursos de capacitação e de práticas 
supervisionadas, englobando abordagens, modelo ou escolas de mediação. 
Para atuar como mediador, é certo que o terceiro deverá apresentar 
aptidões que facilitem o diálogo ao longo do procedimento, a começar por 
melhor denotar as explicações e compromissos iniciais, sequenciando com 
escutar e narrativas alternadas, por exemplo (GUILHERME, 2016, p. 23). 
 
Ainda sobre a abordagem conceitual, a Lei 13.140/2015, que regulamentou a 
prática da Mediação no país, a define como “atividade técnica exercida por terceiro 
imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e 
estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia” 
(BRASIL, 2015). 
 Desse modo, resumindo os conceitos apresentados, podemos definir 
Mediação como o Meio Adequado de Resolução de Conflitos baseado na 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
autocomposição, onde um terceiro imparcial, sem poder decisório, consentido pelas 
partes, incentiva o diálogo e estimula a identificação dos interesses em conflito para 
conduzir à sua resolução. 
 A Lei 13.140/2015 positiva os principais princípios que irão reger as 
mediações, sendo eles: “imparcialidade do mediador; isonomia entre as partes; 
oralidade; informalidade; autonomia da vontade das partes; busca do consenso; 
confidencialidade; boa-fé” (BRASIL, 2015). 
 Podem classificar a Mediação em Judicial e Extrajudicial, a depender do âmbito 
em que está sendo aplicada. A primeira - Mediação Judicial – pode derivar do 
ajuizamento anterior de um processo judicial ou se dar de maneira pré-processual, 
conforme art. 8º e 10 da Resolução 125/2010. Por sua vez, a Mediação Extrajudicial 
não se vincula a processos judiciais, podendo ser realizada de maneira prévia, até 
mesmo para evitar ajuizamento de ação posterior. 
 Uma particularidade que distingue ambas está na figura do mediador. A lei 
13.140/15 insere alguns requisitos para o mediador judicial que não atribui àquele 
que deseja ser extrajudicial. 
 
Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa 
capaz que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer 
mediação, independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, 
entidade de classe ou associação, ou nele inscrever-se. 
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há 
pelo menos dois anos em curso de ensino superior de instituição 
reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação 
em escola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela 
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM 
ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo 
Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça 
(BRASIL, 2015). 
 
Nesse sentido, há uma preocupação maior com a qualificação técnica do 
mediador judicial que atuará na condução das sessões para incentivar a resolução 
do conflito entre as partes. Isso demonstra a cautela e cuidado do Poder Judiciário 
com uma boa e eficiente gestão de conflitos. 
 
 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
Você quer ver? No link a seguir você poderá acessar um vídeo instrutivo a respeito 
dos pré-requisitos para exercer a atividade de mediação: 
<https://www.youtube.com/watch?v=Me4U4SgU8vE>. 
 
 
3. Procedimento e Modelos de Mediação 
 
Nesse tópico iremos abordar os modelos de Mediação e o procedimento 
adotado pelo Poder Judiciário brasileiro, destacando as principais etapas da sessão 
de mediação para que você, profissional do direito, esteja preparado quando se 
deparar com essas situações. 
 Guilherme (2016, p. 25) destaca quatro escolas de modelos de Mediação, 
sendo as mais frequentes a Mediação Facilitativa, a Avaliativa, a Transformativa e a 
Mediação Circular-Narrativa. Iremos apresentar brevemente esses modelos. 
 A Mediação Facilitativa ou Tradicional é considerada um dos modelos mais 
antigos, e tem como escopo a ideia de que, com tempo, informação e apoio, as partes 
podem chegar à solução do conflito. O mediador, nesse modelo, tem pouca 
interferência, deixando o diálogo para as partes. 
 Na Mediação Avaliativa o mediador tem uma atuação mais ativa, podendo dar 
sugestões às partes envolvidas na sessão. Esse tipo está muito relacionado a 
questões empresariais e que não envolvem conflitos muito sentimentais. Sales 
(2011, p. 24) destaca brilhantemente a diferença entre esses dois modelos de 
Mediação a partir da atuação do mediador. 
 
O mediador que avalia compreende que as partes necessitam de uma 
orientação qualificada, elaborando, sugerindo e dirigindo a solução dos 
problemas. Essa orientação pode ser de cunho legal, com base em práticas 
comerciais, na experiência tecnológica, de forma que o mediador esteja 
preparado para oferecê-la a partir de seu treinamento, experiência e 
objetividade. 
O mediador que se utiliza de técnicas que facilitama comunicação 
presumem a capacidade das partes de encontrar soluções criativas e 
participativas que possibilitem uma satisfação maior e efetiva do que uma 
decisão sugerida pelo mediador. Compreende que ninguém melhor do que 
as pessoas envolvidas no conflito para dizer o que é mais e menos 
importante na questão. Assim, o mediador facilitativo entende que sua 
função é aumentar e melhorar a comunicação entre as pessoas, para que 
elas possam decidir o que é melhor para ambas (SALES, 2011, p. 24). 
 
https://www.youtube.com/watch?v=Me4U4SgU8vE
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
Por conseguinte, a Mediação Transformativa, nas palavras de Guilherme 
(2016, p. 26), “não impõe regras prévias, mas deve ter como interesse a plena 
liberdade das partes na construção do procedimento passo a passo, ensejando o 
fortalecimento dos protagonistas”. 
 Por fim, a Mediação Circular-Narrativa “trata de uma prática em que se 
estimula a desconstruir a narrativa inicial para se construir uma nova linguagem, uma 
nova história, menos litigiosa e mais auspiciosa para as partes” (GUILHERME, 2016, 
p. 26). 
 Após conhecermos os modelos de mediação mais utilizados hoje, é 
imprescindível abordarmos o procedimento da Mediação. Os artigos 14 a 20 da Lei 
13.140/2015 dispõem sobre o procedimento legal que deve ser adotado para 
realização da sessão. 
 
Art. 14. No início da primeira reunião de mediação, e sempre que julgar 
necessário, o mediador deverá alertar as partes acerca das regras de 
confidencialidade aplicáveis ao procedimento. 
Art. 18. Iniciada a mediação, as reuniões posteriores com a presença das 
partes somente poderão ser marcadas com a sua anuência. 
Art. 19. No desempenho de sua função, o mediador poderá reunir-se com 
as partes, em conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes 
as informações que entender necessárias para facilitar o entendimento 
entre aquelas. 
Art. 20. O procedimento de mediação será encerrado com a lavratura do 
seu termo final, quando for celebrado acordo ou quando não se justificarem 
novos esforços para a obtenção de consenso, seja por declaração do 
mediador nesse sentido ou por manifestação de qualquer das partes. 
Parágrafo único. O termo final de mediação, na hipótese de celebração de 
acordo, constitui título executivo extrajudicial e, quando homologado 
judicialmente, título executivo judicial (BRASIL, 2015). 
 
Para além do procedimentalismo legal que deve ser observado, Guilherme 
(2016, p. 34-38) traz algumas etapas da Mediação que devem ser realizadas. 
 Quando do início da sessão de mediação, o mediador deve explicar para as 
partes como funcionará o procedimento, qual seu papel naquele momento e iniciar 
as tratativas com os envolvidos. 
 Cada parte terá seu momento para fazer seu relato sobre o ocorrido, 
podendo, se for de preferência das partes, que seja feito separadamente, de modo 
que o maior conforto e confiança ao procedimento seja entregue. 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
 Posteriormente, se for de consenso das partes, pode ser realizada sessão 
conjunta, na qual serão identificados os interesses de ambos os envolvidos, podendo 
o Mediador fazer uso de algumas técnicas para o bom andamento do procedimento. 
 O Mediador, ainda, buscará identificar as propostas ou sentimentos que não 
foram expressamente expostos pelo mediandos, assim como, ainda que 
inconscientemente, “a própria pessoa pode [...] estar propondo soluções” 
(GUILHERME, 2016, p. 37). 
 Após o diálogo, utilização das técnicas, é momento de instigar as partes para 
informarem se será possível solucionar o conflito a partir do diálogo construído. 
 É importante apontar que para um mesmo conflito podem ser realizadas 
várias sessões de mediação, pois, além de resolver o conflito, a Mediação tem o 
objetivo de reconstruir e fortalecer aquele laço social combativo. 
 
 
Você quer ler? Leia o Manual de Mediação e Conciliação da Corregedoria da Justiça 
Federal. Disponível no link: <https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-
federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/outras-publicacoes/manual-
de-mediacao-e-conciliacao-na-jf-versao-online.pdf>. 
 
 
4. Fundamentos de Arbitragem 
 
O surgimento de um conflito ocorre quando opiniões divergem, pressupondo 
que os interesses dos homens são opostos e que, em consequência disso, cada um 
defende o que acredita, os conflitos tornam-se inerentes à vida humana. No sentido 
literal da palavra, conflito significa a profunda falta de entendimento entre duas ou 
mais partes e é por meio dessa discórdia entre partes que os conflitos alimentam a 
sociedade desde as primeiras civilizações (HOBBES, 1979). 
Em razão disso, durante séculos, o homem buscou formas de aplicação do 
direito para dirimir desentendimentos, sempre almejando o bem comum da 
sociedade. O pensamento jurídico tem no comportamento humano seu aspecto 
principal que objetiva através da interpretação e das normas regulamentadoras dar 
solução ao litígio, em razão disso os métodos desenvolvidos foram públicos, privados 
ou até divinos e sempre estiveram de acordo com o período vivido (FERRAZ JR, 1980). 
https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/outras-publicacoes/manual-de-mediacao-e-conciliacao-na-jf-versao-online.pdf
https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/outras-publicacoes/manual-de-mediacao-e-conciliacao-na-jf-versao-online.pdf
https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/outras-publicacoes/manual-de-mediacao-e-conciliacao-na-jf-versao-online.pdf
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
Ao analisar a evolução da humanidade, nota-se que alguns meios de 
resolução de conflitos foram utilizados com o intuito de administrar e resolver as 
divergências de cada época da sociedade. A primeira forma de solução de conflitos 
de interesses foi através da autotutela, a qual uma parte se impõe sobre a outra, 
fazendo uso da força física, moral ou econômica. De outra parte, encontra-se a 
autocomposição que consiste na ideia de um ajuste de vontade entre os 
interessados, pelo qual um dos indivíduos abre mão do seu interesse por inteiro ou 
em parte. Por último, a heterocomposição, técnica em que as partes elegem um 
terceiro para julgar a lide, com as mesmas prerrogativas de um poder judiciário. As 
duas formas principais de heterocomposição são: a Arbitragem e a própria Jurisdição 
(DELGADO, 2002, p. 664 – 666). 
Independentemente do período que as formas de solução de conflitos 
nasceram, todas elas se sofisticaram e ganharam novas dimensões. Nos dias atuais, 
com todos voltados à busca de um caminho ágil para a solução da lide, cresce a 
intolerância das pessoas em relação ao Poder Judiciário. Pode-se dizer que o 
Judiciário não está conseguindo acompanhar a evolução social e peca na agilidade e 
na incapacidade de atender todas as demandas. 
Diante deste problema, inúmeros países têm adotado sistemas paralelos a 
justiça estatal. Esses sistemas são formas estabelecidas pela lei, que podem 
substituir a atuação do juiz do Estado pela de um particular, seja pessoa física, seja 
pessoa jurídica. Com tal característica, vista como um meio de solução de 
controvérsias, a arbitragem desempenha um papel análogo ao sistema judiciário 
estatal, dado que o objeto do litígio está sempre incluso no universo jurídico. É 
possível afirmar que há uma zona comum de atuação entre esses dois sistemas. 
Iniciando um conflito de interesse que envolva direito patrimonial disponível entre 
duas ou mais partes, apresenta-se a arbitragem como um dos meios mais 
compatíveis para pôr termo a esta discórdia. 
Diferentementedo que se imagina a arbitragem não é um conceito originário 
dos tempos modernos. Consolidou-se através do tempo, uma vez que há notícias de 
solução amigável no Egito, Assíria, Babilônia, Kheta e entre os hebreus que resolviam 
suas contendas de direito privado com a formação de um Tribunal Arbitral (JESUS, 
2003, p. 09). É possível considerar que desde o nascimento das primeiras civilizações 
o juízo arbitral era empregado, mesmo que os documentos relativos a esse período 
sejam escassos e a sua invocação tenha um valor muito relativo na análise da sua 
evolução histórica (BUZAID, 1958, p. 06). 
Outro exemplo de uso antigo da arbitragem existiu na Grécia Antiga, em que 
questões de limites entre as Cidades-estado (polis) eram enfrentadas pela 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
arbitragem, estendendo-a também para outras situações públicas, como o Tratado 
de Paz entre Atenas e Esparta, no ano de 445 a.C (JESUS, 2003, p. 09). 
Contudo, é com o direito romano que a arbitragem passa a receber uma 
roupagem jurídica relevante, apresentando-se na sua forma obrigatória, 
antecedendo, inclusive a jurisdição estatal. 
Na Roma Antiga o juízo arbitral conviveu pacificamente com a jurisdição 
togada. Entretanto, por permitir ao árbitro decidir sem se submeter a qualquer lei, 
escapando às fórmulas estabelecidas pelo pretor e possibilitando o julgamento por 
equidade e pelos costumes, acabou por ser mais utilizada nas questões privadas 
(VALÉRIO, 2004, p. 35). 
Cícero, no Discurso em defesa de Roscio, conforme citado por Cretella, traça 
um paralelo entre a jurisdição arbitral e a estatal, afirmando que: 
 
Uma coisa é o julgamento, outra é a arbitragem. Comparece-se ao 
julgamento para ganhar ou perder todo o processo. Tomam-se árbitros com 
a intenção de não perder tudo e de não obter tudo (CRETELLA, 1998, p. 130). 
 
No mesmo sentido, Demóstenes, citado por Roberto Rosas, no discurso 
contra Médius, ressalta: 
 
Se as partes têm divergências concernentes e suas obrigações privadas e 
desejam escolher árbitro, é lícito que designem quem entenderem, mas, 
quando escolherem o árbitro de comum acordo, é de rigor que se atenham 
rigidamente ao que ele decidiu, não apelando da sentença e a outro tribunal, 
pois a decisão deve ser definitiva, suprema (ROSAS, 1997, p.78). 
 
O clássico procedimento arbitral perdeu força na medida em que o Estado 
romano tornava-se popular, instaurando a ditadura e depois assumindo, por longos 
anos, poder absoluto, em nova relação de forças na concentração do poder. Nesse 
novo Estado romano, passa a atividade de composição da lide a ser completamente 
estatal. 
Em tempos mais recentes, após a independência das cidades do Norte da 
Itália, a arbitragem evidenciou-se nas relações de comércio. Visto que era mais 
rápida, diante da possibilidade dos usos e costumes locais; mais confiável, dado o 
julgamento ser realizado por terceiro de confiança das partes e, por último, face à 
sua informalidade. 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
Através do estudo sobre a evolução da arbitragem é notório que o 
procedimento arbitral existiu e produziu efeitos mesmo antes do surgimento do 
legislador e do juiz estatal. 
Apesar disso, demandou tempo para a arbitragem ter a expressão e a 
importância que adquiriu no século XIX até nossos dias, mostrando para a sociedade 
que só há dois meios de solução de controvérsias: o acordo e a sentença. O primeiro 
pode resultar, ou não, de procedimento diplomático ou político: negociação, 
comissões de inquérito, bons ofícios, mediação e conciliação. Ao passo que o 
segundo põe fim à divergência entre as partes, os procedimentos serão judicial ou 
arbitral (JESUS, 2003, p. 11). 
Na era contemporânea a arbitragem é um instituto utilizado, com êxito, por 
diversos países. Instituições como a Câmara de Composição de Nova Iorque e a 
American Arbitration Association surgiram com o objetivo de propagar a prática da 
arbitragem na resolução de conflitos. 
No ordenamento jurídico brasileiro a arbitragem está presente desde a época 
em que o País estava submetido à colonização portuguesa. Nos primórdios, 
entretanto, seguia um misto entre as regras da metrópole e os costumes indígenas, 
havendo pouca regulamentação escrita (ARBITRAGEM, 2016). Por sua vez, foi a 
Constituição do Império de 22 de março de 1824, em seu art. 160, que regulamentou 
a arbitragem no Brasil independente, ao esclarecer que as partes poderiam nomear 
juízes-árbitros para solucionar litígios cíveis e suas decisões seriam executadas sem 
recurso, se as partes assim convencionassem. 
Em seguida, surgiu a possibilidade da utilização da arbitragem para a solução 
de controvérsias sobre causas de seguro, com previsão, respectivamente, na 
Resolução de 26 de julho de 1831 e na Lei n°. 108 de 11 de outubro de 1837. 
Posteriormente, com a promulgação do Código Comercial Brasileiro através da Lei 
n°. 556 de 1850, a arbitragem foi enfatizada como meio de resolução de conflitos 
para questões ligadas ao Direito Comercial. 
No ano de 1850, com a primeira codificação processual brasileira, por meio 
do Regulamento n°. 737, a arbitragem começou a ser legislada, tornando-se 
obrigatória para questões resultantes de contratos de locação mercantil e entre 
sócios durante a existência da sociedade, sua liquidação ou partilha. No entanto, em 
julho de 1867, o Decreto que regulamentava a Lei n°. 1.350 de 1866 extinguiu o 
caráter obrigatório da arbitragem, ficando facultativa sua utilização em todas as áreas 
de atuação, conforme previa a Constituição Imperial de 1824. O referido Decreto de 
n°. 3.900 é considerado o principal responsável pela interpretação doutrinária e 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
jurisprudencial brasileira de que a cláusula compromissória é um mero pacto de 
compromisso (BONUMÁ, 1946, p. 230). 
 
Não obstante essa ampla disciplina legal, o juízo arbitral nunca chegou a ser 
uma realidade entre nós, e muito se tem especulado sobre a causa dessa 
autêntica rejeição do instituto que tão franca acolhida encontrou em outras 
partes do mundo civilizado. A explicação mais plausível que se deu a essa 
situação específica do meio jurídico brasileiro foi a de que o Dec. 3.900, de 
26.06.1867, teria inviabilizado a implantação do importante instituto, ao 
dispor, em seu art. 9°, que a cláusula de compromisso, sem a nomeação dos 
árbitros, ou relativa a questões eventuais, não valia senão como promessa 
e ficava dependente para a perfeição e execução de novo e especial acordo 
das partes (THEODORO JÚNIOR, 1998, p. 360). 
 
O Código Civil de 1916 abordou o compromisso arbitral sem fazer qualquer 
menção à cláusula compromissória, talvez por ser a mesma despida de valor jurídico 
no nosso sistema. De outra parte, no campo constitucional a discussão acerca da 
validade do procedimento arbitral ganhou novo fôlego com a Constituição de 1946, 
que pela primeira vez dispôs em seu texto a respeito do princípio da inafastabilidade 
do Poder Judiciário. Em contraponto, a Constituição Republicana de 1891 não 
regulamentava a arbitragem entre as pessoas privadas, contudo incentivou seu uso 
na pacificação de conflitos com outros Estados soberanos. 
No ano de 1996 houve a promulgação da Lei Brasileira de Arbitragem, porém 
importante destacar que, mesmo antes da criação da referida lei, encontrava-se a 
utilização do procedimento arbitral com muita veemência em contratos comerciais 
internacionais. O Brasil não mediu esforços para apoiar a arbitragem, com destaque 
ao âmbito das transações comerciais, tendo alcançado bons resultados, para os 
quais a atividade da Inter-American Commercial Arbitration Comission (IACAC) 
concorreu de forma decisiva. No ano de 1967, foi fundado o Centro Brasileiro de 
Arbitragem,com sede no Rio de Janeiro, que trabalha como instituição de arbitragem 
permanente e, ao mesmo tempo, como seção regional do IACAC (SAMTLEBEN, 1999). 
No mesmo sentido, em 1973, foi fundada a Câmara de Comércio Brasil-
Canadá/CCBC (2016), sendo uma organização independente, sem fins lucrativos e 
mantida pelo setor privado. A CCBC reúne empresas brasileiras e canadenses 
operando nos principais segmentos econômicos, tendo como fim o estímulo, apoio 
e expansão das relações de comércio e investimentos entre empresas privadas do 
Brasil e do Canadá. Foca-se na construção de uma ampla rede de relacionamentos, 
na disseminação de informações relativas ao ambiente comercial de ambos os países 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
e na identificação de oportunidades, tendências e fornecedores de qualidade que 
possam contribuir para o desenvolvimento dos negócios de seus associados. 
Em seguida, no ano de 1979, dentro da estrutura da Câmara de Comércio 
Brasil-Canadá em São Paulo, foi constituída uma instituição de arbitragem 
permanente, especialmente para tratar de assuntos comerciais e internacionais 
(SAMTLEBEN, 1999). O campo de ação dessa estrutura não fica limitado apenas ao 
intercâmbio comercial Brasil-Canadá, estando aberto a outras nações. O Centro de 
Arbitragem e Mediação da CCB, o CAM-CCBC, atende empresas de vários países com 
independência técnica e confidencialidade, ocupando uma posição de destaque no 
cenário mundial de administração de métodos adequados de resolução de conflitos. 
Nota-se que a arbitragem está presente no ordenamento jurídico brasileiro 
desde as primeiras relações de comércio, tendo sido citada na legislação brasileira a 
partir da constituição do Império de 1824. Ganhou força nas relações comerciais 
privadas internacionais. Também, sempre foi muito utilizada pelos entes públicos, 
como exemplo para a solução de controvérsias entre Estados, no tocante a matérias 
tais como determinação de titularidade sobre território como de responsabilidade 
internacional do Estado, para fins de indenização. 
O advento da Lei n°. 9.307 de 23 de Setembro de 1996 (também conhecida 
como Lei de Arbitragem) foi um grande passo para o Brasil viabilizar o uso do 
procedimento arbitral na solução de controvérsias entre particulares. Em muitos 
países do mundo a arbitragem já conquistou seu espaço e é reconhecida como um 
método satisfatório de resolução de controvérsias. No Brasil, embora utilizada em 
âmbito de relações de comércio internacionais e regulamentada, ainda precisa 
crescer e adquirir a confiança da comunidade jurídica e da sociedade como um todo. 
Dessa forma, com o reconhecimento do procedimento arbitral e a segurança 
de que ele está equiparado ao Poder Judiciário, como método de resolução de 
conflitos, garantido pela Lei n°. 9.307 de 1996, a insatisfação com a produtividade do 
poder público faz da arbitragem uma aposta esperançosa para a solução dos 
desentendimento, que envolvam direitos patrimoniais disponíveis, de forma mais ágil 
e produtiva. 
A Arbitragem é conceituada como um meio de heterocomposição paraestatal 
de conflitos, ou seja, um meio de composição do litígio em que este é solucionado 
por um terceiro, estranho ao conflito. É uma técnica através da intervenção de uma 
ou mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo 
com base nessa convenção, sem intervenção do Estado, sendo a decisão destinada 
a assumir eficácia de sentença judicial (CARMONA, 1993, p. 19). 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
De outro modo, pode-se afirmar que a arbitragem é um método de resolução 
de conflitos alternativo à via judiciária, caracterizado por dois aspectos fundamentais: 
são as partes da controvérsia que escolhem livremente quem vai decidi-la, os 
árbitros, e são também as partes que conferem a eles o poder e a autoridade para 
proferir tal decisão. A liberdade conferida às partes demonstra uma predisposição 
dos interessados a se conformarem com a decisão proferida pelo árbitro. Sendo, por 
isso, razoável admitir que a decisão proferida pelo árbitro efetivamente componha o 
conflito, fazendo com que este desapareça do mundo dos fatos, e não apenas 
tornando tal conflito juridicamente irrelevante (CÂMARA, 2005, p. 11). 
O art. 1° da Lei (n°. 9.307 de 1996) de Arbitragem destaca esse procedimento 
como um método de solução privada de conflitos que envolvem matérias de 
natureza patrimonial disponível. Um direito disponível é aquele que está sob o 
domínio de seu titular. Tais direitos referem-se ao patrimônio em que seu possuidor 
pode usar e dispor, gozar e transacionar livremente, de acordo com a vontade 
(BOSCO LEE; VALENÇA FILHO, 2001). 
Diferentemente de outros métodos, ainda em conformidade com o art. 1° de 
Lei n°. 9.307 de 1996, no Procedimento Arbitral há, de fato, uma decisão proferida 
por um terceiro neutro, que terá natureza declaratória, constitutiva, condenatória ou 
até mesmo mandamental. Contudo, tanto as pessoas jurídicas como as pessoas 
naturais capazes podem se valer da arbitragem como meio de solução de litígios. 
Fundamental perceber que a decisão arbitral equipara-se, por determinação legal, a 
uma decisão judicial e constitui título executivo, de acordo com a previsão do art. 31 
da Lei 9.307 de 1996. 
Segundo Rodrigo Cunha Lima Freire, processo “é a via pela qual o Estado 
realiza a jurisdição, em face do exercício da ação” (FREIRE, 2001, p. 34). Assim, cabe 
notar que uma das vantagens da arbitragem é a liberdade conferida às partes para 
determinar as regras procedimentais, diferentemente, das normas impostas e a 
ordem pública do Código de Processo Civil, aplicável ao procedimento judicial. 
Questão que deve ser considerada é a da possibilidade de entes 
despersonalizados, como os condomínios em edifício, o espólio e as sociedades de 
fato ou irregulares poderem se valer da arbitragem. O Estado também pode utilizar 
a arbitragem quando o conflito de interesses diga respeito a atos negociais por ele 
praticados. Nestes atos o Estado assume uma posição de igualdade com o outro 
sujeito da relação jurídica que se forma, sendo certo que os referidos atos são 
regidos pelas normas de direito privado, o que torna possível levar a um árbitro a 
solução do conflito. 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
Aos conflitos de natureza empresarial, a arbitragem é de extrema importância 
e significativamente utilizada. A obtenção dos conhecimentos necessários à prática 
comercial e também sobre a arbitragem nas relações de comércio é um motivo que 
leva muitos à especialização em direito comercial. Ao contrário do que se imagina, 
visto que a arbitragem está presente nos grandes centros empresariais do Brasil e é 
utilizada por grandes empresas ou megaempresários, ela também é capaz de 
abranger qualquer pessoa que esteja diante de um conflito em que o objeto seja 
direito disponível. 
 
Síntese 
 
Nessa Unidade visitamos quatro principais tópicos que constituem os pilares 
dos Meios Adequados de Resolução de Conflitos, sendo eles: a Conciliação, a 
Mediação, os Modelos e Procedimentos de Mediação e a Arbitragem. 
 
Sinteticamente, podemos tirar algumas conclusões: 
 
❏ A Conciliação constitui em famigerada prática utilizada pelo Poder Judiciário 
nos processos judiciais, sendo imprescindível para o deslinde de inúmeros 
feitos. Trata-se de uma autocomposição entre as partes, que dela resulta um 
acordo para resolver o conflito; 
❏ A Mediação, por sua, é o mecanismo no qual uma terceira pessoa imparcial 
incentiva o diálogo entre as partes em litígio, com o objetivo de reconstruir e 
fortalecer aquela relação social e, se for da vontade das partes, solucionar o 
conflito; 
❏ Vimos que existem diversos modelos de Mediação, e que há umprocedimento que deve ser observado pelo Mediador para o bom andamento 
da sessão; e 
❏ Encontramos na Arbitragem um meio de resolução de conflitos direcionado 
para questões patrimoniais disponíveis, no qual um terceiro eleito pelas 
partes buscará resolver o conflito em observância às suas prerrogativas e 
interesses em jogo. 
 
Hoje, na tramitação dos processos judiciais, encontramos frequentemente a 
Mediação e Conciliação como forma de resolver o conflito de maneira mais benéfica 
para as partes. A Mediação, na verdade, tem sido adotada pelo Judiciário como o 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
carro-chefe dos Meios Adequados de Resolução de Conflitos, sendo que para sua 
efetividade, foram criados os CEJUSC’s, que são centros aos quais são encaminhados 
processos para serem realizadas sessões de mediações. 
Ainda, a figura da Mediação Extrajudicial, que ocorre fora do âmbito do Poder 
Judiciário, também é uma maneira de resolver os conflitos e impasses gerados a 
partir das relações sociais. Nesse sentido, ela pode estar prevista em um instrumento 
contratual ou ser de vontade das partes, que poderão convencionar mediador(es) 
para organizarem e conduzir a sessão. 
 É importante que você esteja atento sobre esses mecanismos, principais 
características e respectivo procedimento para um ótimo desempenho no seu dia a 
dia profissional! 
 
Até a próxima! 
 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
Bibliografia 
 
ARBITRAGEM, Câmara Latino Americana de Mediação e Arbitragem. A História da 
Arbitragem no Brasil. Disponível em: <http://www.clamarb.com/#!a-histria-da-
arbitragem-no-brasil/c7v8>. 
ARBITRAGEM. Comitê Brasileiro de. Objetivos do CBAr. Objetivos. Disponível em: 
<http://cbar.org.br/site/objetivos-do-cbar>. 
BONUMÁ, João. Direito Processual Civil. 1. Volume, São Paulo: Saraiva, 1946. 
BOSCO LEE, João e VALENÇA FILHO, Clávio de Melo. A arbitragem no Brasil. 1ª ed., 
Programa CACB-BID de fortalecimento da arbitragem e da mediação comercial no 
Brasil. Brasília: 2001; 
BRASIL. Lei n. 13.140, de 26 de junho de 2015. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm. 
BUZAID, Alfredo. Do Juízo arbitral: Revista dos Tribunais. São Paulo n. 271. 1958. 
CÂMARA, Alexandre Freitas. Arbitragem. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005. 
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. 2. ed. São Paulo: 
Atlas, 2016. 
CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem: resolução CNJ 125/2010: mediação 
e conciliação. 2ª Ed – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012. 
CARMONA, Carlos Alberto. A arbitragem no processo civil brasileiro. São Paulo: 
Malheiros, 1993. 
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Conciliação e mediação. Disponível em: 
<https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-e-mediacao/>. 
CRETELLA JR, José. Manual de direito administrativo: curso moderno de 
graduação. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 
DELGADO, Mauricio Godinho. Arbitragem, mediação e comissão de conciliação 
prévia no direito do trabalho brasileiro. Revista LTr, v. 66, n. 6, jun. 2002, São 
Paulo. 
FIUZA, Cezar. Teoria geral da arbitragem. Belo Horizonte: Del Rey, 1995. 
FERRAZ JR., Tercio Sampaio. A ciência do direito. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1980. 
FREIRE, Lima Cunha Rodrigo. Condições da Ação, 2. Ed. São Paulo, RT, 2001. 
FURTADO, Paulo. Juízo arbitral. Salvador: Nova Alvorada, 2ª ed., 1995. 
GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Manual dos MESC’s: meios 
extrajudiciais de solução de conflitos. São Paulo: Manole, 2016. 
Meios Adequados de Resolução de Conflitos - Unidade 3 - Conciliação, Mediação e Arbitragem 
 
HOBBES, Thomas. Os elementos da lei natural e política: tratado da natureza 
humana, tratado do corpo político. Trad. Fernando Dias Andrade. São Paulo: Ícone, 
2002. 
JESUS, Edgar A. de. Arbitragem: questionamentos e perspectivas. São Paulo: Editora 
Juarez de Oliveira, 2003. 
LIMA, Leandro Rigueira Rennó. Arbitragem: uma análise pré-arbitral. Belo 
Horizonte: Mandamentos, 2003. 
ROSAS, Roberto. Arbitragem: importância do seu aperfeiçoamento. O papel do 
advogado. Revista dos Tribunais, São Paulo 746, 1997. 
SALES, Lilia Maia de Morais. Mediação facilitativa e “mediação” avaliativa - 
estabelecendo diferença e discutindo riscos. Revista Alcance - Eletrônica, Vol. 16 - n. 
1 - p. 20-32 / jan-abr 2011. 
SAMTLEBEN, Jurgen. Histórico da Arbitragem no Brasil. Arbitragem: Lei Brasileira e 
Praxe Internacional, São Paulo, v. 2, n. 2, p.31-88,1999. 
SANDOVAL, Ana Flávia Magno. A cláusula arbitral e as normas do novo CPC. 
Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI234968,21048-
A+clausula+arbitral+e+as+normas+do+novo+CPC>. 
SATTA, Salvatore. Direito processual civil, trad. Bras. De Luiz Autuori, Rio de Janeiro: 
Borsoi, 1973. 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Celeridade e efetividade da prestação jurisdicional. 
Insuficiência das leis processuais. Revista síntese de direito civil e processual civil, 
Porto Alegre, v. 6, n. 3, pp. 19-37, jul./ago. 2005. 
VALÉRIO, Marco Aurélio Gumieri. Arbitragem no Direito Brasileiro, lei n. 9.307/96. São 
Paulo: Editora Leud, 2004.

Outros materiais