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RELATÓRIO 30 ANOS DE SUS QUE SUS PARA 2030

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RELATÓRIO 30 ANOS DE SUS. QUE SUS PARA 2030?
Referência: 
SAÚDE, Organização Pan-Americana da. Relatório 30 anos de SUS, que SUS para 2030? Brasilia : OPAS; 2018. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/phr2-49663. Acesso em: 17/03/2021
Em sua constituição, a OMS afirma que a saúde é direito fundamental de todo indivíduo, devendo garantir uma cobertura integral e de qualidade. Direito esse garantido independente de classe social, raça ou qualquer determinante. Segundo a OPAS, o alcance universal da saúde depende da acessibilidade dos serviços de saúde; governança efetiva destes serviços; financiamento suficiente e estável; açaõ sobre os determinantes sociais e ambientais de saúde.
Países que adotaram sistemas universais de saúde, hoje se deparam com a sustentabilidade dos mesmos diante das mudanças demográficas, epidemiológicas e econômicas. O relatório aborda as experiencias do Reino Unido e da Itália, relatando inicialmente os desafios a serem vencidos para a manutenção do sistema. Destaca a necessidade de defender o sistema de saúde universal envolvendo a sociedade e os poderes públicos; qualificar cada vez mais a atenção primária, fortalecendo-a; manter a integralidade do serviço e evitar desperdício de recursos.
Em 30 anos, o sistema de saúde brasileiro tem trazido a população enormes benefícios, sendo um deles a redução na taxa de mortalidade infantil. Problemática muito bem abordada e conduzida pela Atenção primária e Estratégia de saúde da família, aliadas a políticas de proteção social. Mas diante desses e vários avanços, ainda há desafios e limitações no SUS ligadas à sua gestão, relação com o setor privado, mecanismos de participação social, e redução de orçamento público.
Diante dos desafios já mencionados e sendo necessário entender os caminhos que levam a um sistema sustentável, foi realizada uma pesquisa envolvendo ministros da saúde, secretários estaduais, membros da academia, dirigentes de hospitais públicos e particulares, dirigentes de planos de saúde, dentre outros. Ao todo 86 convidados responderam a 42 perguntas, dentre elas, 40 delas correspondiam à sustentabilidade do sistema. Os resultados estão apresentados em cinco blocos: Princípios do SUS; Modelo de Atenção; Gestão; Financiamento e Relacionamento com o setor privado. 
	Mais de 70% dos entrevistados acreditam que o SUS necessita passar por uma reforma, mas mantendo a universalidade e garantindo o direito a saúde, mas fazendo modificações nas Leis 8.080 e 8.142 para adequá-los a realidade atual; e cerca de 2,33% dos entrevistados acreditam que deva existir outra forma de viabilizar o SUS, por acreditar que o Estado não possui condições de manter o sistema. 
	Sobre a gestão do sistema, a maioria dos entrevistados acredita que é necessário ser revisto o Pacto Federativo por reconhecerem os desequilíbrios existentes e a urgência de resolvê-los. Reconhecem (56,10%) que o processo de descentralização ocorreu de forma excessiva e levou a uma fragmentação no sistema, a municipalização apresenta problemas e é preciso rever as relações interfederativas. Os entrevistados acreditam que as Redes de Atenção à Saúde contribui para os problemas criados pela descentralização, assegurando acesso aos serviços de saúde.
 Outro aspecto que compromete a gestão do sistema é a escassez de recursos humanos, que segundo os entrevistados é possível ser resolvida com planos de carreira e contratos de trabalho regidos pela CLT para todos os profissionais de saúde. A participação social e a gerência das unidades públicas também deve ser ponto de mudança para melhoria da gestão do sistema. A problemática de recursos humanos é algo que tem se complicado com o passar dos anos. Aqui em Fortaleza, por exemplo, existe uma carência constante de profissionais, vinculação de trabalho por tempo determinado sem seguir regime CLT (seleção) ou como trabalhador autônomo, poucos concursos públicos, que mesmo ocorrendo não suprem a demanda; baixo salário e muitas vezes os profissionais trabalham em condições bastante insalubres. Todas essas contribuem bastante para um serviço de péssima qualidade.
Segundo os participantes, o modelo de saúde adotado necessita de profundas mudanças, iniciando com uma reformulação na Atenção Primaria a Saúde, com foco na Estratégia de Saúde da Família. Segundo a maioria dos entrevistados, os princípios e diretrizes devem ser mantidos, buscando uma reformulação para atender melhor às necessidades da população mais necessitada. Sendo a APS a porta de entrada do sistema, é necessário que seja reorganizada sua Rede Regional de Atenção à Saúde. O financiamento do SUS necessita de incremento em seus recursos e melhora nos gastos e qualificação da gestão. Não basta apenas se ter os recursos financeiros necessários, se não há a capacidade de gerir com eficiência, sabendo onde e como empregar, evitando desperdícios e tendo como gestores profissionais qualificados em constante processo de atualização profissional. 
Para os entrevistados, a relação do SUS com a rede privada pode ser benéfica pela possibilidades do uso mais racional de recursos de assistência, se ambos trabalharem de forma integrada. 
Ao analisar os comentários livres dos entrevistados, observa-se a necessidade urgente do fortalecimento da Atenção primária; formação de futuros profissionais inseridos cada vez mais na atenção primária; a figura do médico precisa deixar de ser o centro da atenção; maior cobertura e resolutividade da rede de saúde; melhores mecanismos de avaliação da gestão; planos de saúde como complementares e não substitutivos; melhor gestão dos recursos financeiros, mesmo sendo insuficientes, dentre outros. 
A saúde está em constante mudança, e sempre estará. Sendo assim é necessário um olhar constante sob as necessidades que se modificam com o passar do tempo para que se possa adequar as políticas públicas existentes, pensar e repensar estratégias para gerir essas mudanças que sempre surgirão. Além desse aspecto, é necessário um investimento em qualificação profissional principalmente entre os gestores dos serviços. 
Deve haver antes de mais nada um perfil necessário nesses profissionais aliado, a um comprometimento real com o sistema de saúde e qualificação adequada; melhores condições de trabalho (físicas, tecnológicas e de remuneração); fornecimento adequado de insumos; maior participação popular; ampliar a atuação de cada categoria profissional dentro da APS. Vários desses pontos de sugestão são questões que vemos há anos serem tratadas com pouca importância. De nada vale um relatório, conferências, reuniões de conselhos, mudanças de legislação ou novos programas se não houver o empenho concreto e mudar as realidades que são urgentes. É necessário esforço real, que o fruto de um relatório como esse possa ser contemplado no dia a dia do sistema de saúde. Ou será mais uma dentre várias pesquisas que chegam a mesma conclusão e não se vê mudança alguma.
 
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