Buscar

UNIFACS 2021 1 Natação (Artigo Estudo comparativo entre concepções metodológicas para o ensino técnico da natação)

Prévia do material em texto

Estudo comparativo entre 
concepções metodológicas 
para o ensino técnico da 
natação 
 
 
*Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP 
**Fundação Municipal de Ensino Superior de Bragança Paulista – 
FESB 
(Brasil) 
Ms. Renato Francisco Rodrigues 
Marques* ** 
Emerson Bassi Galhardo** 
renato.marques@yahoo.com.br 
 
 
 
Resumo 
 Este texto procura oferecer subsídios teóricos para o ensino técnico da natação. A premissa adotada é 
que o processo de ensino/treinamento desta modalidade se estrutura em três fases, sendo a primeira 
denominada adaptação ao meio líquido - que abrange o desenvolvimento da respiração, equilíbrio, propulsão e 
flutuação; a segunda denominada de treinamento fundamental - referente ao processo de ensino dos quatro 
estilos de nado e resistência aeróbia; e a terceira denominada de treinamento competitivo – especialização 
visando melhora de performance competitiva. O foco do trabalho, realizado com análise de referencial teórico, 
se dá na primeira e segunda fases, mais especificamente no ensino técnico de ambas, não abordando questões 
ligadas à performance de aptidão e condicionamento físico no Treinamento Fundamental. São apresentadas as 
concepções de ensino técnico Global, Analítica e Sintética, suas vantagens e desvantagens, além de exemplos 
de atividades e formas de aplicação das mesmas. Como conclusão tem-se que principalmente as duas últimas 
concepções são interessantes para o ensino sistematizado da natação. Porém ambas se completam, sendo 
mais interessantes em determinados momentos específicos doprocesso de aprendizagem desta modalidade. 
 Unitermos: Natação. Metodologia de ensino. Treinamento técnico. 
 
Abstract 
 This text aims to offer theoric subsides for swimming technical education. The premise adopted is that 
the education / training process of this type is structured in three phases, the first being called water 
adaptation - which covers the development of breathing, balance, propulsion and fluctuation, the second called 
basic training - referring to the teaching of the swimming four styles and aerobic endurance, and the third 
called for competitive training - expertise to improve competitive performance. The focus of this paper, 
performed with analysis of the theoretical framework, occurs in the first and second phases, specifically in 
technical education of both, not addressing issues related to the performance of fitness and physical 
conditioning in Basic Training. They presented the concepts of technical education Global, Analytical and 
Synthetic, its advantages and disadvantages, and examples of activities and ways to implement the same. As a 
conclusion has been that mainly the last two concepts are interesting for the systematic swimming teaching. 
But both complete themselves, but more interesting in some specific moments of the learning process of this 
modality. 
 Keywords: Swimming, Teaching methodology, Technical training. 
 
 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 128 - Enero de 2009 
 
1 / 1 
Introdução 
 A natação se apresenta na sociedade contemporânea como uma forma de atividade física 
sistematizada bastante procurada por diferentes pessoas, com objetivos diversos. Trata-se de 
uma área de atuação do profissional de Educação Física, na qual, para seu ensino e 
treinamento, se fazem presentes diferentes métodos e abordagens. 
 Este artigo tem como objetivo, com base em análise de referencial teórico, oferecer 
subsídios teóricos para essa área de atuação, através da apresentação de possibilidades de 
princípios metodológicos de ensino técnico. A intenção não é propor uma nova metodologia de 
ensino, muito menos de estabelecer uma tendência em especial, mas sim, apontar 
possibilidades de intervenção num processo de iniciação à natação até a preparação do 
nadador para a possível (se for a vontade do aluno) futura especialização no treinamento 
competitivo. 
 Para tal, é usada como premissa a afirmativa de que o processo de ensino/treinamento da 
natação passa por três etapas, sendo elas: 
mailto:renato.marques@yahoo.com.br
http://www.efdeportes.com/
 A adaptação ao meio líquido, na qual o sujeito procura se relacionar com um 
novo ambiente, adaptando-se a novas situações de equilíbrio, respiração e 
propulsão (CARVALHO, 1989); 
 Treinamento fundamental: fenômeno pedagógico, que compreende o 
aproveitamento de um conjunto de meios que assegurem a aquisição 
e desenvolvimento de todo o complexo humano, na busca de bases 
neuropsicomotoras para o exercício futuro da alta performance desportiva 
(ANDRIES JR; DUNDER, 2002). Consiste na aquisição de capacidade aeróbia 
mínima e aprendizado dos quatro estilos de nado; 
 Treinamento competitivo: busca por excelência na modalidade, de acordo com 
processo de especialização em provas e disputas nas quais o nadador melhor 
se adapta e apresenta melhores performances. 
 Neste trabalho em específico serão abordadas as duas primeiras fases de ensino, com ênfase 
especial aos possíveis métodos ligados aos objetivos das mesmas. 
 Para tal, são apresentadas num primeiro momento, possibilidades metodológicas para o 
ensino da natação e, posteriormente, exemplos de atividades ligadas à fase de adaptação ao 
meio líquido e de ensino do nado crawl, além de uma reflexão comparativa entre as concepções 
tratadas. 
1. Metodologia de ensino 
 Para o ensino da natação, assim como de qualquer outra modalidade esportiva ou forma 
de atividade física sistematizada, é necessário o planejamento e a adequação dos processos 
pedagógicos a certos princípios teóricos, voltados aos objetivos que se deseja alcançar e os 
meios para tal. 
 Metodologia de ensino é um conjunto de métodos e técnicas utilizados a fim de que o 
processo ensino-aprendizagem se realize com êxito. Tem o objetivo de dar direção à 
aprendizagem ao educando e respeitar sua liberdade, para que a assimilação de diretrizes, 
atitudes e valores possam acontecer da melhor forma, respeitando seus aspectos pessoais 
(MARTINS, 1985). 
 O processo de ensino da natação passou por muitas mudanças através do tempo, recebeu 
diversas influências de muitas correntes de ensino, que foram criadas até chegar a 
um status capaz de satisfazer as necessidades pedagógicas. 
 Machado (1978) traz sugestões de concepções de ensino que compõem o tripé da pedagogia 
da natação: Concepção global; Concepção analítica; Concepção Sintética. 
1.1. Concepção Global 
 A concepção global é a corrente pedagógica mais velha de ensino da natação. Nela não está 
contida nenhuma preocupação com métodos ou qualquer forma organizada de aprendizagem. É 
a perspectiva que visa apenas a sobrevivência como maior objetivo do aprendizado. Nesta 
concepção tudo está a cargo do instinto, na qual o objetivo é resolver a sucessão de problemas 
ligados à sobrevivência no meio líquido (MACHADO, 1978). 
 Segundo Catteau e Garroff (1990), trata-se de uma concepção “primitiva” ou pré-científica 
do homem, bem como da natação, ilustrada por suas origens longínquas. Ou seja, uma 
perspectiva ligada à intuição e a pouca ou quase nenhuma atuação do professor, sendo 
baseada na idéia de tentativa e erro. 
 Aplicada à natação, consiste na tentativa de observação e realização, sem contribuições de 
processos fragmentados ou direcionados de ensino. Apóia-se na imitação de movimentos ou na 
criação de formas próprias de propulsão na água. 
1.2. Concepção Analítica 
 Machado (1978) aponta esta concepção como a compreensão das partes para chegar ao 
conhecimento do todo. Apóia-se na busca por uma execução lógica, com base na fragmentação 
do conteúdo, obedecendo a uma série sistematizada de exercícios e tarefas para que ocorra o 
processo de aprendizagem. É uma perspectiva pautada na teoria Behaviorista. 
 Greco (1998), embora trabalhe voltado ao ensino de Jogos EsportivosColetivos, contribui, ao 
apontar que esta concepção da literatura da Educação Física se baseia em séries de exercícios, 
regidos por princípios metodológicos: do conhecido ao desconhecido; das partes ao todo; do 
fácil para o difícil; do simples para o complexo; divisão do movimento em fases funcionais. 
 Esta perspectiva segue a linha de ensino-aprendizagem onde o todo é fracionado em partes 
coerentes e pedagogicamente úteis no processo de ensino-aprendizagem, instigando assim, o 
aluno a aprender, a entender e a usufruir deste conhecimento de forma espontânea e 
consciente nas situações futuras decorrentes em sua vida. 
 Este método segue princípios metodológicos nos quais a divisão de estímulos e atividades é 
feita de forma que os movimentos são ensinados seguindo uma fase funcional (GRECO, 1998). 
 Esta concepção é muito aplicada no ensino da natação, visto sua presença através da 
fragmentação do movimento e do aprendizado na busca por uma técnica tida como perfeita a 
ser atingida. O objetivo não é criar uma forma tecnicamente adaptada ao nadador, mas sim, 
buscar repetir modelos biomecanicamente mais eficientes e tidos como ponto a ser alcançado. 
1.3. Concepção Sintética 
 Apóia-se na corrente psicológica da Gestalt, que traz uma definição contrária da analítica, 
porque é partindo do todo que se identificam as partes e consegue desenvolve-las da melhor 
forma (GRECO, 1998). 
 Parte do que o aluno já sabe e, através de situações problema, jogos, brincadeiras e 
transformações de execuções técnicas convencionais, busca alcançar uma forma eficaz de 
nado, pautada na capacidade de adaptação do nadador ao estilo a ser ensinado. 
 Essa perspectiva não desconsidera um padrão biomecanicamente estabelecido, porém, não 
busca a simples repetição do mesmo através de séries de exercícios, mas sim uma aproximação 
do que o aluno já sabe à forma tida como mais eficiente, criando uma técnica que se faça 
apropriada e eficaz para o nadador. 
 Dietrich; Dürrwächter e Schaller (1984) descrevem (da mesma forma que Greco, pautado no 
ensino de jogos, mas oferecendo certa contribuição teórica) uma forma aproximada desta, o 
princípio global-funcional. A principal característica deste método é adequar todo o jogo através 
de uma seqüência de jogos recreativos, tornando acessível a todas as faixas etárias e a todas 
as capacidades dos alunos o desenvolvimento do jogo completo. Este autor utiliza a palavra 
jogo, pois se refere aos esportes coletivos. Quanto ao processo de ensino-aprendizagem, o 
aluno deveria passar por diversos jogos como uma formação do todo. Porém, seu conceito do 
princípio global-funcional, ou do método sintético, tem aplicação em qualquer modalidade 
esportiva, como neste caso na natação. 
 A grande diferença desta concepção para a analítica é a contextualização do movimento 
oferecida ao aluno, pois é desta forma que se explora o seu conhecimento. Por utilizar aspectos 
ligados à resolução de problemas ou uma perspectiva lúdica, acaba por se aproximar com a 
idéia de jogo. 
2. Atividades relacionadas a cada concepção de ensino 
 Através da apresentação de atividades ligadas à natação, e adequadas a cada concepção de 
ensino, pode-se notar diferenças que cada método oferece e desenvolve. Sendo assim, os itens 
a seguir buscam demonstrar possíveis formas decorrentes de ensino em cada uma das 
descrições das concepções analisadas. Não há referência à perspectiva Global, visto que é 
pautada na intuição e não na sistematização pedagógica. 
 Na apresentação comparativa entre as perspectivas analítica e sintética, usar-se-á como 
exemplo o processo de adaptação ao meio líquido e suas fases de realização. Num segundo 
momento, toma-se como exemplo o ensino do nado crawl. 
2.1. Atividades da concepção analítica 
 Nesta concepção, segundo Machado (1978), pode-se dividir o aprendizado em fases, as 
quais levam à realização do objetivo por completo da adaptação ao meio líquido: flutuação, 
respiração, propulsão e o mergulho elementar. 
 Tem-se como exemplo, na fase de adaptação ao meio líquido, o processo de entrada na 
água e familiarização com o ato de respiração no meio aquático. Nessa fase, uma perspectiva 
analítica não busca a contextualização do movimento, mas o ato técnico em si. É importante 
salientar que as atividades propostas são fundamentadas na perspectiva de fragmentação dos 
movimentos e o ensino em fases de realizações técnicas. 
 Como possibilidade de ilustração tem-se o exercício “Entra e sai”, no qual o aluno parte da 
posição sentada na borda da piscina e entra e sai da mesma ao comando do professor, o qual 
deve, de forma gradativa, dar os comandos, até que os alunos tenham adquirido confiança na 
realização do exercício. 
 Outra possibilidade é o passeio aquático, na qual o aluno, através do contato com toda a 
área da piscina, pode criar um convívio e assim ter a noção de onde está e até onde pode ir, 
conhecendo todo o espaço que vai utilizar. 
 Quanto à respiração, pode-se apresentar a fragmentação desta ação com as mãos apoiadas 
na borda da piscina, o aluno emerge e submerge a cabeça, na tentativa de expirar dentro da 
água. As imersões completa com a apneia e completa mais prolongada são a base da educação 
respiratória, podendo utilizar os exercícios de flutuação no ensino desta técnica (MACHADO, 
1978). 
 Depois de desenvolvida a fase de imersão em apneia, o aluno passará para o segundo 
objetivo do processo que é realizar a expiração quando submerso na água, iniciando assim, a 
fase da imersão completa mais prolongada, pois permanece imerso até que tenha ar para 
expirar. 
 Quanto à associação do ato de respirar com movimentos mais amplos na água, tem-se o 
conceito de “respiração aquática” que, segundo Machado (1978), é a adaptação feita para a 
respiração na água. Dividida em quatro fases: educação respiratória, respiração frontal, 
respiração lateral e respiração bilateral. 
 Quanto à flutuação, apresenta-se o exercício do “X”, no qual o sujeito se posiciona em 
decúbito dorsal e tenta flutuar na água, num primeiro momento com a ajuda do professor ou 
de aparelhos, e num posterior, sem tais auxílios. 
 Outra forma pode ser trabalhada executando o exercício no qual o aluno inspira 
profundamente, uni as pernas de forma a agrupá-las próximas ao seu corpo e mantém a sua 
face na água até que seu quadril esteja alinhado na superfície. A partir daí resiste até o seu 
limite de fôlego mantendo-se em decúbito ventral. Este exercício não deve representar uma 
disputa ou competição, pois assim estará caracterizando o método sintético que será citado 
mais adiante, o aluno deve entender que ele deve realizar este exercício até o seu limite, 
aumentando progressivamente sua capacidade. 
 A noção de propulsão começa a ser trabalhada com exercícios simples como o escorregador, 
no qual o aluno posicionado perto da parede pega impulso com os pés e pernas para realizar a 
flutuação em decúbito ventral, e de acordo com a sua propulsão é que se determina a distância 
que irá percorrer. 
 Pode-se ter esse processo de propulsão no meio líquido, sob a concepção analítica da 
seguinte forma (MACHADO, 1978): o aluno segurando a borda da piscina, com a cabeça fora da 
água, começa a realizar a batida das pernas de forma alternada, tentando mantê-las estendidas 
e os pés em flexão plantar. Posteriormente, podem ser adicionados mais objetivos, como 
realizar a respiração frontal, a respiração lateral, a respiração bilateral, começar a soltar as 
mãos da borda, iniciar o deslocamento com objetos de apoio, como o apoio do professor, o 
apoio de prancha e de flutuadores até que o aluno possa ganhar confiança e começar a se 
deslocar sozinho. 
 Quanto ao mergulho elementar, após o aluno ter confiança no salto inicial, pode-se 
incentivá-lo a realizar o salto com pequenas distâncias para pegar impulsão, partindocom um 
passo de distância. Posteriormente, a distância pode ser aumentada gradativamente. Outra 
possibilidade é, partindo da posição ajoelhada, o aluno projeta os seus membros superiores em 
direção à água, até que encoste suas mãos na mesma e assim inicia o processo do mergulho. 
 Trabalhando o processo de ensino da pernada no nado estilo crawl, por exemplo, pode-se 
utilizar séries de exercícios fragmentados, com ou sem auxílio de apoios como de pranchas ou 
flutuadores. O processo se dá na racionalização de exercícios separados em grupos: membros 
inferiores, membros superiores, respiração e, num momento seguinte, a junção de tais 
técnicas. 
 É nesse grupo de atividades que se apresentam os exercícios corretivos ou educativos, que 
visam aprimorar movimentos e ações técnicas com base em movimentos adaptados às 
necessidades do nadador. 
 É importante destacar o caráter fragmentado dos exercícios, nos quais cada etapa a ser 
realizada ocorre em separado da realização final, sendo esta concretizada com a junção das 
diferentes fases aprendidas pelo aluno. 
2.2. Atividades da Concepção Sintética 
 Essa perspectiva segue uma linha de aprendizagem distinta do método analítico, pois 
fundamenta-se na afirmação de que é a partir do todo que se aprende com êxito o objetivo 
final. Como exemplificação do processo de contextualização do processo de ensino não 
fragmentando movimentos técnicos, mas sim, especificando objetivos através de jogos e 
atividades com situações-problema, tem-se o método proposto por Andries Jr, Pereira e Wassal 
no livro “Natação Animal: Aprendendo a nadar com os animais” (2002). Seu conteúdo 
apresenta atividades que fundamentam-se na ludicidade, criatividade e desenvolvimento de 
técnicas de nado de acordo com o que o aluno já sabe, através de histórias que envolvem 
animais e as ações técnicas necessárias para a adaptação ao meio líquido e aprendizagem dos 
quatro nados. 
 Da mesma forma adotada no item anterior, relacionado à exemplificação da concepção 
analítica, tomar-se-á como exemplo o processo de adaptação ao meio líquido. 
 Os primeiros contatos com a água podem ser trabalhados, segundo este método, utilizando-
se da imagem de um rato, o qual é dado o nome de “conratos n'água”. Dessa forma, utiliza-se 
da contextualização lúdica para facilitar o processo de familiarização do aluno com um novo 
ambiente. O processo citado trata-se de uma história contada pelo professor, na qual, em 
determinados momentos, os alunos, envolvidos pela fantasia da história, se vêem realizando 
ações de entrada e equilíbrio na água sem a realização analítica de tarefas, mas sim, brincando 
de acordo com as ordens do condutor da atividade. 
 A respiração, nessa concepção, pode ser trabalhada com a história de um elefante, o que já 
ressalta a presença de um ser grande, um pouco desajeitado e com uma enorme tromba, que 
pode ser fantasiada pelos alunos como o seu próprio nariz. Este personagem é chamado de 
“respirefante”. Por seu peso elevado, a primeira reação ao entrar na água será a imersão, na 
qual o professor antes de iniciar a contextualização deve proporcionar as devidas explicações 
relevantes ao processo respiratório (ANDRIES JR; PEREIRA; WASSALL, 2002). 
 Os alunos se transformam no personagem para realizar as atividades, por isso a necessidade 
de saber respirar corretamente. Nessa história o personagem aprende a expirar assoprando 
uma vela de bolo, desenvolvendo a técnica correta da respiração no meio líquido. Esse processo 
pode ser realizado em imersão, realizando por completo o ato da respiração. 
 Na perspectiva desse método citado, a flutuação pode ser trabalhada com outra 
contextualização. Uma história em que um tatu vê sua caverna alagada e necessita flutuar para 
não morrer afogado. Nesse momento, o professor orienta os alunos para envolverem seus 
joelhos com os braços, em flexão de quadris e joelhos, tentando flutuar com a cabeça em 
imersão. É possível ainda ensinar a “Lei do empuxo”, na qual o corpo dentro do meio líquido 
sofre uma força de baixo para cima facilitando assim a sua flutuação (ANDRIES; PEREIRA; 
WASSAL, 2002). 
 A propulsão é contextualizada através da história do “Propulgão”, uma pulga que realiza 
impulsos nas bordas da piscina (ANDRIES; PEREIRA;WASSAL, 2002). 
 Para exemplificar este método no ensino de um nado específico, pode-se utilizar uma 
brincadeira na qual os alunos imitam o “crawlchorrinho”, personagem criado para a facilitação 
do nado “cachorrinho”, que pode servir como parte de um processo de construção do nado 
crawl. 
Considerações finais 
 Apresentadas tais concepções de ensino técnico da natação, pode-se dividi-las em dois 
grupos. O primeiro formado pela perspectiva Global, a qual não sistematiza um método de 
ensino e possibilita a aprendizagem através da intuição e da experimentação, baseada na regra 
de tentativa e erro. Já o segundo grupo, formado pelas concepções Analítica e Sintética, já 
direciona o processo pedagógico desta modalidade num sentido de racionalizar os passos a 
serem tomados, porém de acordo com princípios diferentes. 
 Ambas as perspectivas abordadas nesse segundo grupo se mostram positivas num processo 
de ensino técnico da natação, se usadas nos momentos mais adequados. Seria um risco 
determinar num artigo teórico, com seus limites de aplicação, quais seriam esses momentos, 
porém, é possível especular que uma tendência mais ligada à idéia analítica se faz útil para 
alunos já adaptados ao meio líquido, com idade mais madura e com desejo de aprender a 
nadar de forma mais eficiente, visto que permite a racionalização e fragmentação da técnica do 
nado e aproximação da mesma de um modelo biomecanicamente tido como ideal. Já a 
perspectiva Sintética se mostra mais adequada no processo de ambientação do aluno no meio 
líquido e na iniciação do mesmo a conceitos de adaptação e aprendizado dos estilos de nado, 
visto que contextualiza a prática, atraindo a atenção para a resolução de problemas e 
adaptação ao meio líquido, questões que facilitarão sua aprendizagem e aumentarão sua 
capacidade de aprendizagem técnica na água. 
 De toda forma, nada impede a utilização conjunta dessas concepções. Inclusive, é possível 
afirmar que essa escolha se faz de grande valia, visto que aumenta a variedade de tarefas e 
problemas a serem resolvidos pelos alunos, aumentando sua capacidade de desenvolvimento 
técnico e compreensão de conceitos importantes para a realização do ato de nadar. 
Referências bibliográficas 
 ANDRIES JR, O.; PEREIRA, M. D.; WASSAL, R. de C. Natação animal: 
Aprendendo a nadar com os animais. São Paulo: Manole, 2002. 
 ANDRIES JR, O.; DUNDER, L H. Treinamento Fundamental. São Paulo: Manole, 
2002 
 CARVALHO, C. de. Introdução à didática da natação: adaptação ao meio 
aquático. Lisboa: Compendium, 1989. 
 CATTEAU, R.; GARROFF, G. O ensino da natação. 3 ed. São Paulo: Manole, 
1990. 
 DIETRICH, K.; DÜRRWÄCHTER, G.; SCHALLER, H-J. Os grandes jogos: 
metodologia e prática. Rio de Janeior: Ao Livro Técnico, 1984. 
 GRECO, P. J. Iniciação esportiva universal: Metodologia da iniciação na escola e 
no clube. Belo Horizonte: UFMG, 1998. 
 MACHADO, D. C. Metodologia da natação. São Paulo: E.P.U., 1978. 
 MARTINS, J. do P. Didática geral: fundamentos, planejamento, metodologia e 
avaliação. São Paulo: Atlas, 1985. 
Outros artigos em Portugués 
http://www.efdeportes.com/indicbr.htm

Mais conteúdos dessa disciplina