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1 ¹Acadêmica do Curso de Pós-Graduação em Estética e Bem-Estar da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). ² Professor orientador da Pós-Graduação em Estética e Bem-Estar da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). REVISÃO DA LITERATURA: BIOSSEGURANÇA APLICADA À ESTÉTICA Bruna Leandro da Rosa¹ Everson da Silva Souza² Resumo: O interesse, cada vez maior, por procedimentos estéticos exige dos profissionais da área grande responsabilidade e comprometimento no trabalho, principalmente quando se diz respeito às medidas de biossegurança. Diante disso, objetivou-se identificar as principais medidas de biossegurança abordadas em produções acadêmicas na área da estética. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, na qual as buscas foram realizadas em duas bibliotecas eletrônicas, que abrangem uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e Scielo (A Scientific Electronic Library Online), com as expressões de busca “Biossegurança AND estética” e “Contenção de Riscos Biológicos AND estética, nos idiomas português e inglês. Obteve-se o total de 16 artigos, sendo utilizado como critério de inclusão “artigos que abordem sobre o tema biossegurança na estética”. Por sua vez, foram excluídos da pesquisa, artigos que não abordassem o tema proposto e artigos duplicados. Dos 09 estudos restantes, evidenciaram, como medidas de biossegurança mais abordadas, a limpeza e esterilização dos materiais 88,9% (n=8), o uso de EPI’s 77,6% (n=7) e higienização das mãos 55,6% (n=5). Conclusão: Observou-se a necessidade de uma abordagem mais ampla quando se trata da área da estética, pois dos artigos analisados, a grande maioria trata apenas dos atendimentos em salões de beleza, mais especificamente dos serviços de manicure e pedicure. A biossegurança é um assunto de extrema importância e que necessita de estudos também voltados à outros campos da estética, visto que atualmente, o mercado da estética corporal e facial tem crescido de forma significativa. Palavras-chave: Estética. Biossegurança. Saúde. 2 1 INTRODUÇÃO Em todas as partes do mundo, o acesso à procedimentos estéticos torna- se uma realidade devido a extrema importância da sociedade perante a beleza. Além disso, atualmente, todas as camadas sociais conseguem usufruir dos serviços direcionados para cuidados da aparência física, considerando os padrões de estética corporal do momento (OLIVEIRA et al., 2014). Desse modo, a procura por profissionais capacitados vem crescendo cada vez mais. Porém, deve-se dar ênfase para o conhecimento dos riscos potenciais relacionados à esta atividade, tanto para o cliente quanto para o realizador (CORDEIRO et al., 2013). Para evitar doenças e lesões no ambiente de trabalho, o esteticista deve ter a consciência para ações de prevenção à essas situações. Assim, surge a biossegurança em estética (MORENO, 2015). A segurança biológica é fundamental para práticas e técnicas associadas à profissão, deve estar presente, principalmente, nos autocuidados, no manuseio de materiais biológicos, cuidados com equipamentos e superfícies, no descarte e destino de materiais perfuro cortantes, infectantes, na prevenção e no manejo da exposição biológica e ocupacional (COSTA e GOMES, 2012). Durante as práticas estéticas, existe um contato direto entre o profissional e o cliente, sendo uma situação perfeita para a transmissão de microrganismos (GARBACIO e OLIVEIRA 2012). Por isso, é fundamental que o profissional considere as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na hora de suas atividades, esta que tem como responsabilidade prevenir riscos à saúde da população e o meio ambiente (ROZENFELD, 2000). Além disso, o estabelecimento deve conter um Alvará Sanitário que autorize o funcionamento deste, onde serão exigidas as normas da Biossegurança, tais como: uso de EPI, esterilização, descarte correto de perfuro cortante, entre outros (PIATTI, 2013). Ainda, para realizar procedimentos estéticos, o profissional deve realizar um curso de qualificação no qual aprende técnicas para atuar corretamente no processo. Para isso são utilizados instrumentos que podem transmitir doenças, por isso é fundamental o correto uso de Equipamentos de Proteção Individual, também conhecidos como EPI - dispositivos com a finalidade de prevenir ou minimizar riscos e acidentes na área de trabalho (DINIZ E MATTÉ, 2013; GARBACCIO E OLIVEIRA, 2013). 3 No entanto, há grande preocupação com a possibilidade de profissionais despreparados, incluindo à falta de conhecimento às recomendações de biossegurança exigidas por agências e órgãos competentes nacionais e internacionais (GARBACCIO, 2013). Em 2012, foi publicada a Lei 12.595 - a primeira que exige normas para a área de estética que está diretamente exposta aos riscos biológicos e químicos - que reconhece o exercício das atividades profissionais de cabeleireiro, barbeiro, esteticista, manicure, pedicure, depilador e maquiador. (BRASIL, 2012) Diante disso, objetivou-se identificar as principais medidas de biossegurança descritas na literatura no âmbito da estética. 2 DELINEAMENTO METODOLÓGICO Trata-se de uma revisão integrativa da literatura na qual de modo sistemático, foram sintetizados resultados de pesquisas. As buscas foram realizadas em duas bibliotecas eletrônicas, que abrangem uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e Scielo (A Scientific Electronic Library Online). Primeiramente realizou-se uma consulta no DECS para identificar o descritor de saúde, no qual Biossegurança, torna-se Contenção de Riscos Biológicos. Os termos utilizados para pesquisa foram “Biossegurança AND estética” e “Contenção de Riscos Biológicos AND estética”, nos idiomas português e inglês. Obteve-se o total de 16 artigos, sendo utilizado como critério de inclusão “artigos que abordem sobre o tema biossegurança na estética”. Por sua vez, foram excluídos da pesquisa, artigos que não abordassem o tema proposto e artigos duplicados. Após os critérios de inclusão e exclusão citados acima, restaram o total de 09 artigos, que seguem organizados pelos anos de publicação, nome dos autores, títulos e objetivos (Tabela 1). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1 - Artigos incluídos na revisão sistemática de acordo com suas características principais. 4 AUTOR ANO TÍTULO OBJETIVO TIPO DE OBRA OLIVEIRA 2009 Estudo da estimativa de prevalência das hepatites B e C e da adesão às normas de biossegurança em Manicures e/ou pedicures do município de São Paulo. Verificar o grau de adesão das manicures e/ou pedicures dos salões de beleza do município de São Paulo às normas de Biossegurança em suas atividades profissionais. Tese CORTELLI 2012 Procedimentos de Biossegurança adotados por profissionais prestadores de serviços de manicure, pedicure, tatuagem, piercing e maquiagem definitiva no município de Jacareí- SP. Pesquisar a formação e capacitação dos profissionais em relação a biossegurança. Verificar as condições sanitárias em que são prestados os serviços. Dissertação GARBACCIO, OLIVEIRA 2012 Biossegurança e risco ocupacional entre os profissionais do segmento de beleza e estética: revisão integrativa. Identificar a produção científica mundial em relação ao conhecimento e a adesão às recomendações de biossegurança entre os profissionais do segmento da estética e beleza e os riscos biológicos a que estão expostos profissionais e clientes. Artigo de Revisão MORAES et. al 2012 Hepatite B: Conhecimento dos riscos e adoção de medidas de biossegurança por manicures/pedicures de Itaúna- MG. Verificar se as manicures e pedicures do município de Itaúna, Minas Gerais (MG) estão cientes do risco de contaminação com o vírus da hepatiteB durante suas atividades e verificar se são adotadas medidas de biossegurança para prevenir uma possível infecção com o HBV. Artigo de Pesquisa DINIZ, MATTÉ 2013 Procedimentos de biossegurança adotados por profissionais de serviços de embelezamento. O objetivo deste estudo foi investigar procedimentos de biossegurança adotados por profissionais de manicure, pedicure, tatuagem, piercing e maquiagem definitiva em Jacareí-SP. Artigo de Pesquisa GARBACCIO, OLIVEIRA 2013 O risco oculto no segmento de estética e beleza: Uma avaliação do conhecimento dos profissionais e das práticas de Biossegurança nos salões de Beleza. Avaliar o conhecimento e a adesão às recomendações de biossegurança por manicures/pedicures que trabalham em salões de beleza. Artigo Original GARBACCIO, OLIVEIRA 2015 Adesão e conhecimento sobre o uso de equipamentos de proteção individual entre manicures e pedicures. Avaliar a adesão e o conhecimento das manicures/pedicures acerca do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Artigo de Pesquisa FELIPE et. al 2017 Biossegurança em serviço de embelezamento: conhecimento e práticas em uma capital do nordeste brasileiro. Avaliar o conhecimento e as práticas de biossegurança adotadas por profissionais do segmento da beleza. Artigo Original GARBACCIO, OLIVEIRA 2018 Biossegurança em salões de beleza: Avaliação da Estrutura e Dispositivos. Avaliar a estrutura física, os dispositivos presentes em salões beleza e a dinâmica da limpeza/desinfecção de superfícies e mobiliários nesses estabelecimentos. Artigo Original Fonte: Elaboração da Autora, 2019. 5 Os métodos de biossegurança abordados nos artigos analisados nessa revisão, seguem dispostos na Tabela 2, a seguir. Tabela 2 – Medidas de Biossegurança abordados nos artigos inclusos na revisão. MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA % (n=9) Higienização das mãos 55,6 (5) Uso de EPI’s 77,6 (7) Limpeza e Esterilização de Materiais 88,9 (8) Acondicionamento dos Materiais 22,2 (2) Manutenção dos equipamentos 22,2 (2) Situação Vacinal 22,2 (2) Fonte: Elaboração da Autora, 2019. Dos 09 artigos analisados, 55,6% (n=5) abordaram sobre a higienização das mãos. De acordo com Mims (1999), a higienização das mãos é um método básico de segurança, pois são eficientes veículos para o transporte de agentes infectados, e estando devidamente higienizadas podem evitar esta situação. Mesmo que seja um ato simples, são poucos os profissionais que se conscientizam sobre a lavagem correta das mãos, embora seja reconhecido o potencial que estas têm de armazenamento em sua microbiota resistente e transitória. Quanto a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI’s) 77,6% (n=7) questionaram ou mencionaram sobre o uso dos mesmos. Ressalta-se que o uso de EPI’s é imprescindível à todos os profissionais que atuam em contato direto com pacientes ou clientes, seja na área da saúde ou da estética. Nesse sentido com o objetivo de formarem obstáculos contra a chegada de microrganismos, e devem ser utilizados de acordo com o tipo de atividade realizada e o risco de exposição aos patógenos em questão (HELBEL et al., 2014). Por exemplo, a máscara tem extrema importância em procedimentos estéticos como a depilação e limpeza de pele, pois nesses momentos existe maior chance de contaminação pelas mucosas (CARBONELL, 2011). 6 No que diz respeito a limpeza e esterilização de materiais, 88,9% (n=8) dos artigos estudados discutiram sobre esse assunto que é de fundamental importância. Tonumaru (2009) sugere alguns equipamentos de proteção coletiva (EPC’s) são fundamentais, como: esterilizador, estufas, autoclaves, torneiras com acionamento por pedal, kit de primeiros socorros, extintor de incêndio, material para descarte, tais como: lixeiras com pedal, recipiente de lixo plástico, pá plástica, carrinhos para transporte de sacos de lixo, sacos plásticos na cor branca para materiais contaminados, caixas amarelas específicas para materiais perfuro cortantes. Além disso, destaca que todas as clínicas de estética devem conter: detergentes germicidas, mantidas dentro de saboneteiras específicas, as quais devem ser higienizadas semanalmente com álcool 70%, dispensador com álcool 70% para assepsia das mãos e para limpeza. Em relação ao acondicionamento dos materiais, manutenção dos equipamentos e situação vacinal, somente 22,2% (n=2) dos estudos aludiram sobre o assunto. Diante disso, percebe-se a necessidade de abordar a importância de todos os âmbitos que envolvem a biossegurança, logo que essa é resultante de um conjunto de ações preventivas, do uso equipamentos e materiais adequados. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Biossegurança é um dos requisitos principais na atuação profissional da área da estética, já que todas as ações desenvolvidas pelo profissional resultam diretamente na segurança do cliente. O uso desses EPI’s e EPC’s, reduzem as chances de exposição do profissional aos possíveis microrganismos, advindos de clientes e vice-versa que podem causar inúmeras doenças como HIV, Hepatite B e C. Compreende-se necessária a conscientização e capacitação dos profissionais dessa área, para a preservação da própria saúde e de seu cliente. Dos resultados obtidos evidenciaram, como medidas de biossegurança mais abordadas, a limpeza e esterilização dos materiais, o uso de EPI’s e higienização das mãos. Porém, entende-se que diversos fatores além desses contribuem, e são igualmente importantes para garantir a segurança tanto do cliente quanto do profissional, como por exemplo, estrutura física adequada, manutenção 7 de equipamentos e descarte correto dos materiais perfuro cortantes ou contaminados com sangue. Observou-se também a necessidade de uma abordagem mais ampla quando se trata da área da estética, pois dos artigos analisados, a grande maioria trata apenas dos atendimentos em salões de beleza, mais especificamente dos serviços de manicure e pedicure. Não foram encontrados, nesse método de busca, artigos que mencionam a biossegurança em centros de estética que realizam procedimentos de estética corporal ou facial. Por fim, conclui-se que a biossegurança é um assunto de extrema importância e que necessita de estudos também voltados à outros campos da estética, visto que atualmente, o mercado da estética corporal e facial tem crescido de forma significativa. LITERATURE REVISION: BIOSAFETY APPLIED TO AESTHETICS Abstract: The growing interest in aesthetic procedures demands that professionals in the area have great responsibility and commitment to work, especially when it comes to biosecurity measures. Given this, the objective was to identify the main biosafety measures addressed in academic productions in the area of aesthetics. Methodology: This is an integrative literature review, in which searches were performed in two electronic libraries, covering a selected collection of Brazilian scientific journals, VHL (Virtual Health Library) and Scielo (A Scientific Electronic Library Online). Results: Of the 09 studies, the most addressed biosafety measures were: cleaning and sterilization of materials 88.9% (n = 8), the use of PPE 77.6% (n = 7) and hand hygiene 55, 6% (n = 5). Conclusion: It was observed the need for a broader approach when it comes to the area of aesthetics, because of the articles analyzed, the vast majority deals only with care in beauty salons, more specifically the services of manicure and pedicure. Biosafety is an extremely important subject and needs studies also focused on other fields of aesthetics, since today the market of body and facial aesthetics has grown significantly. Keywords: Aesthetics. Biosafety. Health. 8 REFERÊNCIAS CARBONELL, P. Equipamentos de Proteção Individual. Comissão de Riscos Químicos. Alfenas. v. 3. n. 5. 2011.CORDEIRO, C., et al. Noções de biossegurança e ergonomia no trabalho: uma proposta de educação em saúde para manicures e pedicures de Diamantina, Minas Gerais. Extramuros, Petrolina-PE. 2013; v. 1, n. 2, p. 53- 60. COSTA, E. G.; GOMES, L. A. P. Biossegurança na Estética. Rev. de Inic. Cient. da Universidade Vale do Rio Verde. 2012; v. 1, n. 1. DINIZ, A. F; MATTÉ, G. R, Procedimentos de biossegurança adotados por profissionais de serviços de embelezamento. São Paulo, 2013. GARBACCIO, J.L; OLIVEIRA, A.C. O risco oculto no segmento de estética e beleza: uma avaliação do conhecimento dos profissionais e das práticas de biossegurança nos salões de beleza. Florianópolis, 2013. ________. Biossegurança e risco ocupacional entre os profissionais do segmento de beleza e estética: revisão integrativa. Revista Eletrônica Enfermagem, 2012. GARBACCIO, J. L. Conhecimento e adesão às medidas de biossegurança entre manicures e pedicures. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. 2013. HELBEL, C., et al.Precaução Padrão e Normas de Biossegurança. Universidade Estadual de Maringá. Hospital Regional Universitário de Maringá. Serviço de Controle de Infecção Hospitalar. 2014. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (BR). Portaria n.1748, de 30 de setembro de 2011.Segurança e Saúde no Trabalho em Serviço de Saúde. Diário oficial da União 2011. MIMS, PLAYFAIR, ROITT, WAKELIN e WILLIAN. Microbiologia Médica. 2ª Ed. São Paulo, 1999. MORENO, M. Biossegurança em estética. Portal da UFSJ. v. 3. n. 5. 2015. OLIVEIRA, T. C. de, et al. Biossegurança: ações em centros de estética e embelezamento.Rev. Universo.v. 4. n. 9. 2014. PIATTI, I. L. Biossegurança, Estética e Imagem Pessoal: Formalização do Estabelecimento, Exigências Da Vigilância Sanitária em Biossegurança. 1° Edição, Curitiba-PR, 2013. ROZENFELD, S. Fundamentos da vigilância sanitária. 1° edição 2.000, Editora Fiocruz, p. 15. 9 TONUMARU, G, JULIENE MARIA; PINELLI, Camila. COMISSÃO DE BIOSSEGURANÇA. Manual de Biossegurança, Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP, São Paulo, 2009.
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