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Gêneros Textuais Noções de Texto Texto é o resultado de um entrelaçamento de fios, de ideias, de pensamentos, que se combinam em uma forma definida, a partir de um repertório (experiência de mundo). Tendo como unidades elementares: coesão e coerência, o texto tem função de expressar, transmitir, intencionalmente, uma mensagem. É a materialização de um discurso (toda comunicação que envolve determinado contexto). Qualquer texto é uma unidade de sentido. Todo e qualquer uso da língua compõe um tipo de ação social e o fenômeno que enfrenta cada situação é o gênero. Tipo de texto: construção teórica de natureza linguística (léxico, sintaxe, tempos verbais, relações lógicas) e abrange um número reduzido de categorias, a saber: narração, descrição, argumentação, opinião, exposição e injunção. Gêneros: variabilidade de usos da língua, em um determinado contexto sociocomunicacional, tempo, renovando-se em cada nova etapa do seu desenvolvimento. Para cada necessidade de ação comunicativa, as pessoas moldam a língua em texto como gênero. TIPOLOGIA TEXTUAL ➢ Narração ➢ Descrição ➢ Argumentação ➢ Opinião ➢ Exposição ➢ Injunção ➢ Diálogo 1. O tipo narrativo: serve de estrutura para narrar, contar uma história, seja real, seja ficcional: romance, conto, crônica, textos em prosa, poema, conversações, mensagens on-line; também estrutura filmes, novelas, séries e games. A estrutura narrativa consiste em: Elementos fundamentais: personagens, tempo e espaço → enredo. Narrador: aquele que conta a história; assume um ponto de vista: 1° pessoa (mais próximo dos fatos narrados) ou 3° pessoa (mais distante dos fatos narrados; observa de longe os acontecimentos; pode ser onisciente). Relato: sucessão de fatos. Situação inicial: começo, introdução do texto; apresenta o cenário da história, época, local; apresenta personagem; Conflito: desestrutura a vida da personagem; Desenvolvimento: a história se desenrola a partir do conflito, seguindo com atitudes da personagem consequentes do conflito; Clímax: momento de maior tensão vivido pela personagem decorrente de suas ações, decisões. Desfecho: o final da história, conclusão. 2. O tipo descritivo: levantamento de propriedades qualificativas dos seres concretos ou abstratos. A descrição tem caráter estático, onde o tempo não tem importância; não há transformação de estados ou ações. Essa descrição pode ser: Descrição topográfica (local geográfico); cronológica (períodos, fases, épocas); pessoal (aspectos físicos até hábitos, virtudes, etc); pictória (hábitos, atitudes morais de uma época) e tantas outras. A estrutura da descrição é de hierarquia e se constitui de: Ancoragem: introdução de um tema Aspectualização: divisão Relação: comparações Reformulação: retoma o tema geral. 3. tipo argumentativo: o texto tem como base a argumentação -intenção do sujeito de convencer e ou persuadir “o outro” sobre a validade de uma tese (ideia, voz que o texto argumentativo dialoga) que compreende uma proposição (ideia proposta) a ser defendida no desenvolvimento do texto. Wachowicz apresenta a sequência argumentativa: tese anterior > fatos > inferências e construções de argumentos > conclusão Estrutura básica: ❖ AFIRMAÇÃO (tese – ideia) ❖ POSICIONAMENTO (QUEM FALA, QUEM ESCREVE – concordância ou discordância) ❖ PROBLEMATIZAÇÃO: perspectiva social, econômica, política, ideológica, religiosa, etc – direciona o discurso. ❖ ARGUMENTOS: provas, raciocínio lógico, justificativas ou explicações que dão sustento a tese. ❖ CONCLUSÃO: resultado que se pretende com a defesa da tese pelos argumentos apresentados. Argumentação demonstrativa Argumentação retórica Convencer; apresenta fatos e verdades. Persuadir; se apoia em valores, crenças, lugares comuns. Tipo de Argumento Definição Argumento de princípio ou provas concretas Baseado em provas concretas, extraídas da realidade. Argumento por generalização ou exemplificação Relato de um pequeno fato (real ou fictício). Argumento por causa Relação de causa e consequência. Argumento por sinal Evidência suficiente para validar a conclusão. Argumento por analogia Comparação entre situações de mesmas características essenciais. Argumento por autoridade Citação de uma fonte confiável. Argumento baseado em valores e crenças compartilhadas Decorre de valores crenças invocados para a defesa da tese. Argumento baseado em definições atribuídas a palavras e expressões Categorização e rotulação das palavras. Argumento baseado na analise das consequências Resultado de um raciocínio casual que une ou rejeita algo que o produtor do texto defende ou não aceita. Argumento baseado em afirmação estatística Termos e percentagem estatística. Argumento baseado em rejeição de ponto de vista contrário Recusa de posições contrárias à sua. 4. Tipo expositivo: informar o leitor sobre um dado referente. Quando o produtor considera como válida uma explicação, e não outra, assume um ponto de vista, ou seja, segue a estrutura básica da exposição, mas recorre também à argumentação. 5. Tipo opinativo: é veiculado as esferas da política e do jornalismo. Apresenta o ponto de vista do autor sobre um tema. A opinião é fundamentada e consistente. 6. Tipo injuntivo: tenta levar o leitor a realizar, alcançar um objetivo por meio de apresentação de ações sequenciais que devem ser realizadas sucessivamente. Sequência: exposição do objetivo da ação, apresentação dos comandos, justificativa da ação. 7. O tipo dialogal: os interlocutores coatuam diretamente em uma sequência temática imprevisível. Associado à oralidade, faz uso de elementos extralinguísticos, prosódicos e de entonação, valendo-se de redundância e contextualização. Sequência: 1° sequência fática de abertura: abertura da comunicação; 2° sequência transacional: desenvolvimento do assunto; 3°sequência fática de encerramento: encerramento da comunicação. __________________________________________ GÊNEROS TEXTUAIS: CARACTERIZAÇÃO, FUNCIONAMENTO E CIRCULAÇÃO ➔ Bakhtin: começo do século XX; pensador russo; filósofo da linguagem; parceria com Voloshinov e Medvedev – participaram do Círculo de Bakhtin. Sec. XIX para o XX: ➔ Formalismo russo: análise estritamente literária – não relacionava o texto literário com a sociedade; subjugava a literatura em prosa, considerando-a menor e, assim, valorizava a poesia. ➔ O Círculo de Bakhtin, à época, contestou fortemente esse posicionamento e trabalhou conceitos da linguagem e categorias de análise ao propor o estudo do uso da língua em diferentes contextos sociais. Bakthin propôs a classificação dos gêneros: Gênero primário Gênero secundário Espontaneidade; linguagem cotidiana; simples; abrange o diálogo cotidiano; relação imediata com a realidade do enunciado. Textos culturais mais elaborados; complexidade; relação não concominante entre os interlocutores; Quanto a caracterização dos gêneros textuais e sua diferenciação dos tipos textuais: Tipos Textuais Gêneros Textuais Constructos teóricos definidos por propriedades linguísticas intrísecas; sequências linguísticas ou sequências de enunciados no interior dos gêneros. Sua nomeação abrange um conjunto limitado de nomeação; aspectos: lexicais, sintáticos, relações lógicas e tempo verbal. Narração, descrição, argumentação, injunção e exposição. Realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sociocomunicativas. Cumprem funções em situações comunicativas. Conjunto aberto e ilimitado de nomeação; aspectos: canal, estilo, conteúdo,composição e função. Quanto a história do surgimento dos gêneros, apresentamos quatro momentos: Era pré-histórica: O homem vive uma cultura essencialmente na oralidade e formaliza gêneros orais; Era da invenção escrita: Gêneros típicos da escrita. Era da invenção da imprensa e industrialização: Criação de um conjunto bem mais amplo de gêneros Era contemporânea: Novos gêneros, advindos da cultura eletrônica. Algumas características dos gêneros textuais segundo Bakhtin: 1. Ilimitados 2. Se adaptam funcionalmente à cultura em que surgem, modificando-se; 3. Ao nascer, o novo gênero nunca suprime nem substitui quaisquer gêneros já existentes; 4. Qualquer gênero novo nada mais faz do que complementar os velhos; 5. Um gênero novo influencia o círculo de gêneros velhos 6. Enriquece os gêneros velhos. A esfera comunicativa constitui o domínio discursivo. Cada domínio discursivo equivale a uma prática discursiva, e no interior de cada um, podemos encontrar um conjunto de gêneros peculiares a cada prática, que são comuns a cada uma. Os gêneros textuais variam conforme a esfera de circulação e recepção. Há um contexto apropriado para cada gênero, que demanda um estilo (tipo de fala, termos apropriados ao contexto). Bakhtin define gênero com base em três características: Conteúdo temático: O conteúdo temático precisa ser característico ao gênero. Estilo: “modo de dizer” de acordo com o contexto e a função do gênero. Construção composicional: Estrutura do texto, a qual é estabelecida de acordo com o gênero em questão. Hibridismo: surgimento de novos gêneros.Esses gênero que emergiram no ultimo século no contexto das mais diversas midias criam formas comunicativas próprias com um certo hibridismo que desafia as relações entre oralidade e escrita e inviabiliza de forma definitiva a velha visão dicotômica ainda presente em muitos manuais de ensino de língua. _____________________________________________ PRINCÍPIO CONSTITUTIVO DO GÊNERO: DIALOGISMO Brandão: baseia-se na ultrapassagem de dicotomias (Dicotomia é a divisão de um elemento em duas partes, geralmente contrárias, como a noite e o dia, o bem e o mal, o preto e o branco, o céu e o inferno e outros) estruturalistas do tipo estrutura versus história; oposição à enunciação monológica, individual e isolada. O dialogismo consite na interação de pelo menos duas enunciações construídas como unidades reais da língua, fundamentando o gênero à situação sócio- histórica. Uma reflexão como forma de diálogo, como perguntas na qual o próprio autor responde, ele faz a pergunta e ele mesmo respondi. Fiorin: diz respeito ao diálogo; discursos entre o eu e o outro, no processo discursivo. Sobre o discurso alheio: Volóchinov: “o discurso alheio é o discurso dentro do discurso, o enunciado dentro do enunciado, mas ao mesmo tempo é também o discurso sobre o discurso, o enunciado sobre o enunciado” (VOLÓCHINOV, 2017 [1929], p. 249; grifos do autor). Bakthin: variantes de base que constituem a inserção do discurso alheio, destacando os processos mais clássicos: Discurso direto: coexistência de dois sistemas enunciativos, separados de forma nítida. Discurso indireto: um único enunciador, que se encarrega do conjunto da enunciação, já que não há dois sistemas enunciativos. Discurso direto livre: “modo de enunciação original, apoiado na polifonia.” – confronta dois pontos de vista e duas vozes, mas não se constitui de dois enunciados. O gênero só adquire sentido no interior do universo de outros enunciados, enunciações ou discursos, em que se deve traçar seu caminho e remeter-se a um sujeito, a um eu. O dialogismo é procedente de uma interação entre o eu e o outro. A comunicação se desenvolve dentro dessa interação entre A e B, é construída como uma ponte ideológica durante o processo interacional. Pelo princípio do dialogismo, nenhum enunciador fala sozinho. Existe uma outra face no dialogismo entre o eu e o outro: é o autor-contemplador na categoria de ouvinte/leitor. Bakthin atribui à categoria ouvinte o papel interno do gênero, implícito de qualquer enunciado; para a categoria leitor, o teórico atribui o papel externo da obra. Maingueneau classifica esse leitor como: Invocado Explicitado no texto pelo enunciador. Efeito de sentido interno ao texto, devido ao jogo no processo narrativo. instituído Surge a medida que o gênero se situa historicamente, apresentando-se com caracterizações muito variadas e sua posição leitora implica a hierarquia ascendente. Esse leitor precisa mostrar- se cooperativo, construindo o universo. _____________________________________________ SUPORTE PARA GÊNEROS TEXTUAIS É necessário que exista um modo de sustentação, que faça com que os gêneros circulem socialmente e culturalmente. Essa sustentação é fornecida por diferentes tipos de suportes e são eles que auxiliam a circulação dos gêneros textuais. O suporte pode influenciar o gênero, mas nem sempre poderá ser considerado fator determinante para ele. A função do suporte é aderir ao gênero e divulga-lo à sociedade. Características do suporte: Estrutura física O suporte deve ser real, ter materialidade, incontornável e imprescindível. Formato específico Revista, livro, jornal, outdoor e etc. Apresentação do conteúdo (texto) Fixar o texto e torna-lo acessível. _____________________________________________
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