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Medicina UFRR - Vent- Mec

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0 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
CURSO DE BACHARELADO EM MEDICINA 
 
 
 
 
HAROLDO SOUTO MAIOR DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
ANÁLISE DO CONHECIMENTO SOBRE DESMAME DE VENTILAÇÃO MECÂNICA 
INVASIVA DE MÉDICOS PLANTONISTAS DAS UNIDADES DE TRAUMA E 
TERAPIA INTENSIVA DO HOSPITAL GERAL DE RORAIMA 
 
 
 
 
 
BOA VISTA, RR 
2016 
1 
 
 
 
 
 
 
HAROLDO SOUTO MAIOR DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
ANÁLISE DO CONHECIMENTO SOBRE DESMAME DE VENTILAÇÃO 
MECÂNICA INVASIVA DE MÉDICOS PLANTONISTAS DAS UNIDADES DE 
TRAUMA E TERAPIA INTENSIVA DO HOSPITAL GERAL DE RORAIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Orientador: Prof. Dr Calvino Camargo 
Co-Orientador: Prof. Esp. Hermano G. L. Branquinho 
 
 
 
 
 
Boa Vista – RR 
2016 
Monografia apresentada como pré-
requisito para conclusão do Curso de 
Bacharelado em Medicina no Centro 
de Ciências da Saúde da Universidade 
Federal de Roraima. 
 
2 
 
 
HAROLDO SOUTO MAIOR DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
ANÁLISE DO CONHECIMENTO SOBRE DESMAME DE VENTILAÇÃO MECÂNICA 
INVASIVA DE MÉDICOS PLANTONISTAS DAS UNIDADES DE TRAUMA E TERAPIA 
INTENSIVA DO HOSPITAL GERAL DE RORAIMA 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
PROF DR CALVINO CAMARGO 
Orientador/Diretor do Centro de Ciências da Saúde - UFRR 
 
 
MEMBRO 
 
 
MEMBRO 
 
 
 
Boa Vista – RR 
2016 
Monografia apresentada como 
pré-requisito para conclusão do 
Curso de Bacharelado em 
Medicina no Centro de Ciências 
da Saúde da Universidade Federal 
de Roraima. 
 
3 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente a Deus, que sempre se fez presente em cada um dos meus passos, 
permitindo que eu trilhasse este caminho na profissão que almeja a arte de curar. A ele dedico 
meu ânimo e fé renovados a cada dia. 
 A minha amada mãe, Maria de Lourdes Souto Maior Cavalcante, que nunca mediu 
esforços para proporcionar-me a melhor educação, além do afeto e disciplina necessários. Se 
hoje alcanço estra grande vitória em minha vida, ela é a maior responsável! 
 Ao meu pai, Francisco Haroldo Vieira de Oliveira, que sempre me deu o alicerce para 
que eu seguisse nessa jornada sem maiores transtornos. Meu muito obrigado pai! 
 Ao meu Orientador, Professor Dr Calvino Camargo, pelo tempo, conhecimentos e 
apoio incondicional dedicados a este estudo. 
Ao meu Co-Orientador, Professor Esp. Hermano Glauber Linhares Branquinho, pela 
amizade, referencial teórico disponibilizado e por sanar todas as dúvidas acerca do tema. 
A minha namorada, Karoline Araújo de Lima, pela paciência e atenção nos momentos 
difíceis. E pela dádiva da alegria nos momentos felizes. 
Aos amigos, pela graça da convivência e pelo entendimento nas horas em que não 
pude estar entre eles. 
 Aos colegas de turma que, graças ao seu empenho e dedicação, permitiram-me 
crescimento pessoal e intelectual. 
 Aos mestres, pela luz do saber iluminando caminhos antes obscuros. Por me ensinar a 
medicina além dos livros com seus conhecimentos e humanidade. 
 Por fim, a Universidade Federal de Roraima, que se tornou uma segunda casa ao longo 
desses 6 anos, proporcionando a materialização de um sonho. 
 
 
 
 
 
4 
 
EPÍGRAFE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“ Eu não sou quem eu gostaria de ser, 
Eu não sou quem eu poderia ser, ainda, 
Eu não sou quem eu deveria ser, 
Mas graças a Deus, eu não sou mais quem eu era. ” 
(Martin Luther King) 
5 
 
RESUMO 
 
A ventilação mecânica invasiva é uma estratégia terapêutica essencial nos casos de insuficiência 
respiratória que necessitam deste procedimento. Contudo, devemos a todo momento ter 
vigilância intensiva para, assim que possível, descontinuar o suporte ventilatório. Isso porque 
tanto seu prolongamento desnecessário quanto sua retirada precoce podem acarretar em maiores 
taxas de morbimortalidade para pacientes e custos para instituições de saúde. Portanto, o 
desmame de ventilação mecânica invasiva surge como um assunto imprescindível de domínio 
por médicos que lidam com tais situações. No presente trabalho procuramos analisar o 
conhecimento de médicos plantonistas das Unidades de Trauma e Terapia Intensiva do Hospital 
Geral de Roraima, no ano de 2016, sobre desmame de ventilação mecânica invasiva. Traçamos 
metodologia de quantitativa, exploratória, descritivo-explicativa, com delineamento do tipo 
levantamento. O instrumento de coleta de dados usado para tal foi um questionário estruturado, 
contendo 24 questões, das quais 9 eram fechadas e visavam a tipificação do sujeito da pesquisa, 
14 eram fechadas e tratavam do tema propriamente dito e 1 era aberta e buscava entender quais 
as principais dificuldades, na opinião destes indivíduos, para a realização de desmame de 
ventilação mecânica invasiva de maneira adequada. Encontramos, assim, um perfil de médicos 
plantonistas das Unidades de Trauma e Terapia Intensiva do Hospital Geral de Roraima, bem 
como analisamos através de suas respostas os pontos nos quais obtiveram maior domínio 
(critério de resolução ou controle da causa base, estabilidade neurológica, parâmetros de falha 
do Teste de Respiração espontânea, conduta no sucesso do mesmo e tempo de internação após 
sucesso de desmame) ou menor domínio (estabilidade cardiovascular-pulmonar-metabólica, 
tempo-parâmetros-modalidade do teste de respiração espontânea) acerca do tema e, por fim, 
suas opiniões acerca dos obstáculos na realização do procedimento de maneira adequada. 
 
Palavras-chave: Medicina, Terapia Intensiva, Desmame, Ventilação Mecânica, 
 
 
 
 
 
 
6 
 
ABSTRACT 
 
Invasive mechanical ventilation is an essential therapeutic strategy in cases of respiratory failure 
requiring this procedure. However, we must at all times be intensively vigilant to discontinue 
ventilatory support as soon as possible. This is because both its unnecessary prolongation and 
its early withdrawal can lead to higher morbidity and mortality rates for patients and costs for 
health institutions. Therefore, weaning from invasive mechanical ventilation emerges as an 
essential subject of mastery by physicians who deal with such situations. In the present study, 
we sought to analyze the knowledge of physicians on duty at the Trauma and Intensive Care 
Units of the General Hospital of Roraima, in 2016, on weaning from invasive mechanical 
ventilation. We draw quantitative, exploratory, descriptive-explanatory methodology, with 
survey design. The data collection instrument used for this was a structured questionnaire, 
containing 24 questions, of which 9 were closed and aimed at typifying the research subject, 14 
were closed and dealt with the topic itself and 1 was open and sought to understand which Main 
difficulties, in the opinion of these individuals, to carry out weaning of invasive mechanical 
ventilation in an appropriate way. We found, therefore, a profile of physicians on duty at the 
Units of Trauma and Intensive Care of the General Hospital of Roraima, and analyzed through 
their answers the points in which they obtained greater dominance (criterion of resolution or 
control of the underlying cause, neurological stability, parameters Spontaneous breathing test, 
conduct in the success of the test, and hospitalization time after weaning success) or lower 
domain (cardiovascular-pulmonary-metabolic stability, time-parameters-spontaneous 
breathing test modality) Their views on obstacles in carrying out the procedure in an appropriate 
manner. 
 
 Keywords: Medicine, Intensive Care, Weaning, Mechanical Ventilation 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
LISTA DE ABREVIAÇÕES 
 
DVMI Desmame de Ventilação Mecânica Invasiva 
VMI Ventilação Mecânica Invasiva 
VMNI Ventilação Mecânica Não-Invasiva 
TRE Teste de Respiração Espontânea 
ACRF Falha Respiratória Crônica Agudizada 
IRA Insuficiência Respiratória Aguda 
IRRS Índice de Respiração Rápida e Superficial 
FR FrequênciaRespiratória 
VT Volume Corrente 
PSV Pressão de Suporte Ventilatório 
ECG Escala de Coma de Glasgow 
FiO2 Fração Inspiratória de oxigênio 
SaO2 Saturação arterial de oxigênio 
PaCO2 Pressão arterial de dióxido de carbono 
CO2 Dióxido de carbono 
cmH2O Centímetros de água 
RICU Unidade de Cuidados Intermediários Respiratórios 
WC Centros de Desmame 
UTI Unidade de Terapia Intensiva 
HGR Hospital Geral de Roraima 
IES Instituição de Ensino Superior 
DCC Domina Corretamente o Critério 
DPC Domina Parcialmente o Critério 
NDC Não Domina o Critério 
UFRR Universidade Federal de Roraima 
T/A Tempo de Atuação 
 
 
 
 
 
 
8 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Critérios de Elegibilidade ao Teste de Respiração Espontânea (TRE) de acordo 
com o livro: Tratado de Medicina de Urgência e Emergência: Pronto Socorro e UTI, Vol.1, 
Cap.70, Pág. 793 ................................................................................ Página 21 
Figura 2 - Critérios de Elegibilidade ao Teste de Respiração Espontânea (TRE) de acordo 
com: III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica Jornal Brasileiro de Pneumologia. 
2007;33(Suplemento 2):S 128-S 136 ................................................. Página 22 
Figura 3 – Critérios de intolerância ao Teste de Respiração Espontânea (TRE) segundo III 
Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica Jornal Brasileiro de Pneumologia. 
2007;33(Suplemento 2):S 128-S 136 ................................................. Página 25 
Figura 4 – Fluxograma/Organograma proposto para as Unidades de Trauma e Terapia 
Intensiva do Hospital Geral de Roraima (HGR) ................................ Página 39 
 
Figura 5 – Identificação das relações, custos e atribuições das Unidades de Cuidados 
Intermediários Respiratórios (RICU) e Centros de Desmame (WC) na dinâmica das 
instituições de saúde ........................................................................... Página 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Descritores dos sujeitos da pesquisa quanto perfil dos mesmos: sexo, faixa etária, 
caráter da Instituição de Ensino Superior (IES) durante a graduação e Região Brasileira na 
qual a IES está inserida ................................ Página 30 
Tabela 2 – Descritores dos sujeitos da pesquisa quanto a experiência profissional: Tempo de 
Atuação (T/A) em medicina e Tempo de Atuação (T/A) em Unidades de Trauma e Terapia 
Intensiva ....................................................... Página 31 
Tabela 3 – Descritores dos sujeitos da pesquisa quanto qualificação profissional: Residência 
Médica, Subespecialidade Médica e Capacitação em Ventilação Mecânica Invasiva 
........................................................................ Página 32 
Tabela 4 – Descritores e desempenho quanto aos Critérios de Elegibilidade para o Teste de 
Respiração Espontânea (TRE) ....................... Página 32 
Tabela 5 – Descritores e desempenho quanto ao Teste de Respiração Espontânea (TRE) 
........................................................................ Página 34 
Tabela 6 – Descritores quanto as principais dificuldades encontradas por Médicos 
Plantonistas das Unidades de Trauma e Terapia Intensiva do Hospital Geral de Roraima 
(HGR) para realização de Desmame de Ventilação Mecânica Invasiva (DVMI) de maneira 
adequada ........................................................ Página 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
SUMÁRIO 
 
1 PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................. 11 
2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 11 
 2.1 GERAL .............................................................................................................. 11 
 2.2 ESPECÍFICOS .................................................................................................. 11 
3 HIPÓTESES .............................................................................................................. 11 
4 APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 12 
5 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 13 
 5.1 NECESSIDADE DE PROTOCOLOS.............................................................. 13 
 5.2 INSUCESSO DO DESMAME........................................................................... 15 
 5.3 PADRONIZAÇÃO DE CONDUTAS............................................................... 18 
 5.4 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE PARA TESTE DE RESPIRAÇÃO 
ESPONTÂNEA (TRE) ................................................................................................. 20 
5.5 TESTE DE RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA (TRE), MODALIDADES E 
CONDUTA NA FALHA OU SUCESSO DE TRE................................................ 23 
5.6 EXTUBAÇÃO E MEDIDAS A SEREM REALIZADAS............................... 26 
6 METODOLOGIA CIENTÍFICA ............................................................................. 28 
7 RESULTADOS .......................................................................................................... 30 
 8 PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO ....................................................................... 38 
 8.1 PROPOSIÇÃO DE FLUXOGRAMA/ORGANOGRAMA PARA AS UNIDADES 
DE TRAUMA E TERAPIA INTENSIVA DO HGR ................................................. 38 
 8.2 SUGESTÃO DE CRIAÇÃO DAS UNIDADES CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS 
RESPIRATÓRIOS (RICU) E CENTROS DE DESMAME (WC) ........................... 40 
9 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 42 
10 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 46 
11 ANEXOS .................................................................................................................... 50 
 
 
 
 
 
11 
 
PROBLEMA DA PESQUISA 
Segundo GIL; A 2002 a definição de problema consiste em “questão não solvida e que é objeto 
de discussão, em qualquer domínio do conhecimento”. Relata ainda que todo problema 
considerado científico deve apresentar variáveis que são passíveis de teste. 
Desta maneira, mediante à imersão do autor do presente estudo em cenários de prática sobre o 
tema, presenciando uma pluralidade de condutas, pesquisando literatura que versa sobre o que 
se propõe discutir e conversas com pessoas que acumulam bastante experiência e expertise no 
assunto o problema de pesquisa foi formulado. Assim, o pesquisador indaga: os médicos 
plantonistas das Unidades de Trauma e Terapia Intensiva do Hospital Geral de Roraima estão 
capacitados suficientemente para conduzir o processo de desmame de ventilação mecânica 
invasiva? 
 
OBJETIVOS 
1) GERAL: Identificar as possíveis dificuldades de médicos plantonistas das Unidades de 
Trauma e Terapia Intensiva do Hospital Geral de Roraima sobre o desmame de ventilação 
mecânica invasiva 
 
2) ESPECÍFICOS: 
2.1) Apontar em quais segmentos do processo de desmame de ventilação mecânica invasiva 
estão as maiores dificuldades dos médicos plantonistas das Unidades de Trauma e Terapia 
Intensiva do Hospital Geral de Roraima, bem como analisar o perfil dos mesmos. 
2.2) Proposição de fluxograma/organograma para as Unidades de Trauma e Terapia Intensiva 
sobre o desmame de ventilação mecânica invasiva. 
2.3) Sugerir a criação de Unidades de Cuidados Intermediários Respiratórios (RICU) e Centros 
de Desmame (WC) para a instituição em questão. 
 
HIPÓTESE 
Oferecer fluxograma/organograma para desmame de ventilação mecânica invasiva e 
capacitação sobre ventilação mecânica invasivatende a sanar as principais dificuldades de 
médicos plantonistas das unidades de trauma e terapia intensiva sobre o tema. 
 
 
 
12 
 
APRESENTAÇÃO 
 
A ventilação mecânica invasiva é um pilar fundamental no tratamento de pacientes com 
insuficiência respiratória. No entanto, a duração da ventilação mecânica invasiva deve a todo 
momento ter sua vigilância garantida para não acarretar em aumento da morbimortalidade dos 
pacientes nesta terapia. O aumento desnecessário do tempo de ventilação mecânica invasiva 
pode acarretar em complicações como pneumonia associada a ventilação mecânica, trauma de 
vias aéreas dentre outras. Sua retirada precoce também pode ocasionar falência respiratória e 
episódios de reintubação. Portanto, é de suma importância definir com critérios subjetivos e 
clinico-laboratoriais o momento oportuno para se realizar o desmame de ventilação invasiva. 
Assim, o presente trabalho visa analisar o conhecimento dos médicos plantonistas das Unidades 
de Trauma e Terapia Intensiva do Hospital Geral de Roraima acerca do desmame de ventilação 
mecânica invasiva. O estudo tem caráter quantitativo, características exploratórias e descritivo-
explicativas, delineamento do tipo levantamento e análise de dados baseados em estatística 
descritiva com análise de frequência. A pesquisa foi realizada mediante aplicação de 
questionário estruturado, contendo 24 questões, das quais 9 eram questões fechadas que 
visavam a tipificação dos respondentes, 14 eram questões fechadas como questionário Likert 
que tratavam do tema propriamente dito e 1 questão era aberta com vistas a esclarecer as 
principais dificuldades dos sujeitos da pesquisa quanto ao assunto abordado. Este trabalho foi 
realizado de agosto a setembro de 2016 na instituição supracitada, que contava à época com 46 
plantonistas. Destes, incluímos no estudo 13 plantonistas (28,26% do total). Critérios de 
exclusão foram: 1) ser coordenador da unidade estudada, em virtude da aplicação de pré-teste 
nos mesmos para avaliação do conteúdo do questionário; 2) plantonistas noturnos/ocasionais 
em virtude de não garantirem o seguimento horizontal dos pacientes. Os resultados serão 
apresentados a banca examinadora como pré-requisito para conclusão do Curso de Bacharelado 
em Medicina da Universidade Federal de Roraima em 16/11/2016. 
 
 
 
 
 
13 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
5.1 NECESSIDADE DE PROTOCOLOS 
Segundo PASTORE; L et al. 2006 a ventilação mecânica invasiva (VMI) é um fator 
primordial no tratamento de doentes com insuficiência respiratória e nos quais o centro 
respiratório não é capaz de iniciar o ciclo. Contudo, em virtude de sua natureza não-fisiológica, 
a retirada VMI torna-se uma meta eminente, assim que o doente tenha condições de fazê-la. O 
prolongamento desnecessário da ventilação artificial acarreta em maiores chances de 
pneumonia associada a ventilação mecânica, lesão pulmonar induzida pela ventilação, trauma 
de pequenas vias aéreas, uso excessivo de sedativos e complicações hemodinâmicas. A 
descontinuação precoce, por sua vez, também traz danos aos pacientes, tais como: fadiga 
muscular, falência na manutenção de trocas gasosas, perda da proteção de via aérea e aumento 
do risco de reintubação. Portanto, retirada da VMI de maneira precoce ou tardia acarreta em 
maior morbimortalidade para o doente e maiores gastos com saúde para instituições. 
Sobre os custos, SANDRI; P 2014 destaca que a VMI prolongada pode representar até 
37% dos custos envolvidos com o doente numa UTI. 
Alguns autores, como GOLDWASSER; R et al 2007, relatam que até 40% do tempo de 
VMI é gasto com o desmame. Destaca ainda que retirar o paciente da ventilação artificial pode 
ser mais difícil que mantê-lo. Por isso refere que o DVMI pode ser considerado como uma ‘área 
cinzenta da medicina intensiva’ e que mesmo em mãos especializadas, pode ser uma mistura 
de arte e ciência. 
Para CIPRIANO; G et al 2011 pacientes que necessitam de reintubações nas primeiras 
72 horas após extubação tem índice elevado de mortalidade, podendo chegar à 50% em UTI 
geral e em até 10% em UTI cardiovascular. Desta forma, para reduzir morbimortalidade para o 
doente e custos hospitalares das instituições de saúde, recomenda que os pacientes em VMI 
devem passar por reavaliações periódicas para sua retirada, assim que possível. 
Desta maneira, o desmame de ventilação mecânica invasiva (DVMI) surge como tema 
de domínio importante para terapia de doentes nestas situações. De acordo com 
GOLDWASSER; R et al 2007 o DVMI, por definição, é todo o processo de transição da VMI 
para ventilação espontânea em pacientes que necessitaram de ventilação artificial por período 
superior há 24 horas. Também afirma que o sucesso do DVMI corresponde à manutenção de 
14 
 
ventilação espontânea por tempo superior a 48 horas após extubação. Considera como falha de 
desmame ou insucesso o retorno a VMI em tempo inferior a 48 horas. 
FRUTOS-VIVAR; A. et al 2013 suscita ainda o fato que o DVMI é um procedimento 
comum que consome substancialmente o tempo da rotina de médicos e enfermeiros. Desta 
maneira, segundo o autor, esse procedimento deve ter suas bases ancoradas em sólidas 
evidências clínicas na sua realização. 
SAUGEL; B et al 2012 reflete que, de acordo com os riscos envolvidos para o paciente 
tanto com a descontinuação precoce quanto com o prolongamento desnecessário da VMI, 
estratégias confiáveis para sucesso em desmame de pacientes seriam muito úteis. De acordo 
com o autor, protocolos com parâmetros confiáveis para o DVMI, indicando assim paciente 
elegíveis para o Teste de Respiração Espontânea (TRE) com posterior extubação seria a 
proposta ideal. 
Além de reavaliações periódicas supracitadas, JAKOB; S.M et al 2007 destaca que 
estratégias para reduzir o uso de sedativos e analgésicos podem diminuir o tempo de estadia 
nos hospitais, Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e diminuir os custos das instituições de 
saúde com pacientes que necessitam de ventilação artificial. HOOPER; M.H et al 2009 afirma 
que a interrupção diária de sedativos, até o despertar dos pacientes, reduz significativamente a 
duração da VMI e tempo de internação em UTI. Esses benefícios, porém, não são acrescidos 
de aumentos significativos na taxa de eventos adversos. No entanto, apesar dessas evidências, 
o autor relata que pesquisas indicam que menos de 40% das UTI adotam essa estratégia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
5.2 INSUCESSO DO DESMAME 
LIN; P et al 2015 separou os pacientes elegíveis para o DVMI em três grupos: desmame 
simples (pacientes com sucesso de desmame no primeiro TRE), desmame difícil (pacientes com 
sucesso de desmame em até 3 TRE ou em até 7 dias do primeiro TRE) e desmame prolongado 
(pacientes sem sucesso de desmame após 3 TRE ou depois de 7 dias do primeiro TRE). Após 
análise dos mesmos, concluiu que os pacientes em desmame prolongado tem maiores taxas de 
mortalidade em 60 dias, mortalidade em UTI, tempo de internação hospitalar, tempo de 
ventilação mecânica, custos hospitalares e pneumonia associada a ventilação mecânica. O autor 
relata ainda que os grupos de desmame simples e difícil tiveram taxas semelhantes de 
morbimortalidade, o que sugere que o limite de até 3 TRE ou até 7 dias do primeiro TRE é um 
marco para aumento significativo de morbimortalidade e custos hospitalares. Segundo o autor 
os fatores que melhor predizem desmame prolongado são baixas Escalas de Coma de Glasgow 
(ECG) e hipercapnia. 
HOELZ; C et al 2010 relata que 5 a 30% dos pacientes que não obtêm sucesso no 
desmame numa primeira ou segunda tentativas geralmente correspondem a um grupo particular 
de pacientes com comorbidades cardiopulmonares, neurológicas e debilitantes ou que 
realizaram grandes cirurgias torácicas ou abdominais. 
A mesma taxa de insucessos foi verificada por PASTORE; L et al. 2006 reiterando que 
esses grupos de doentes são responsáveis por grande parte doscustos para sistemas de saúde e 
que representam desafios clínicos, econômicos e éticos. Destaca ainda que essa falência pode 
ser causada por vários fatores concomitantes, e que esforços devem ser feitos para corrigir as 
possíveis causas de dependência da VMI. 
Alguns autores como HOELZ; C et al 2010 afirmam que os principais fatores 
relacionados ao insucesso ou dificuldade do DVMI são, geralmente, desequilíbrios entre a 
demanda e a capacidade ventilatória, particularmente um aumento da primeira em detrimento 
da segunda. Define ainda a demanda ventilatória como o trabalho a ser executado pelo sistema 
musculoesquelético respiratório. Relata que os quatro principais fatores que interferem na 
demanda são: produção de dióxido de carbono (CO2), fração inefetiva da ventilação (espaço 
morto), o controle (drive) ventilatório e a mecânica do sistema respiratório. A seguir temos 
trecho transcrito do autor que explicita os principais fatores que contribuem para aumento da 
demanda ventilatória podendo precipitar a falência do DVMI, conforme segue: 
16 
 
O manuseio da dieta, uso criterioso de sedativos e o controle da dor e temperatura 
são, assim, instrumentos importantes para o sucesso do desmame. (...) Medidas para 
a diminuição do espaço morto (VD|VT), como o tratamento de obstruções 
brônquicas, edemas pulmonares, oclusões vasculares, hipotensões e a redução de 
circuitos externos do ventilador, devem sempre ser consideradas como fatores para 
se diminuir a demanda ventilatória. (...) O aumento do drive respiratório consequente 
à estímulos neurogênicos, psicogênicos ou metabólicos pode ser causa do aumento 
da demanda ventilatória, precipitando a falência ventilatória em paciente com 
reserva respiratória diminuída: lesões do sistema nervoso central, reflexos 
pulmonares exacerbados por edema pulmonar ou, ainda, doenças da caixa torácica 
podem mudar o ponto de equilíbrio do drive respiratório para o CO2, aumentando 
desnecessariamente a ventilação-minuto. (...). Enquanto os fatores já considerados 
aumentam as necessidades da ventilação-minuto, as condições mecânicas do sistema 
respiratório determinarão a quantidade de trabalho requerida por litro de ventilação. 
Cuidados especiais devem ser tomados, portanto, para se otimizar a complacência 
pulmonar por meio da prevenção de alveolar. (Pag. 517) 
Em relação à capacidade ventilatória, HOELZ; C et al 2010 diz que os principais 
determinantes de sua ineficiência são incapacidade do sistema musculoesquelético respiratório 
e do drive ventilatório em gerar pressões inspiratórias suficientes para atender a demanda 
ventilatória. Assim, os principais fatores ligados a diminuição da capacidade ventilatória são 
diminuição da força/endurance ou da eficiência/coordenação muscular, descritos a seguir: 
Entre as causas responsáveis pela diminuição da força/endurance, podemos citar: 
redução da massa muscular (por desnutrição ou atrofia de desuso, causada pela 
utilização prolongada de ventilação controlada), hipocontratilidade muscular devida 
a distúrbios metabólicos (hipofosfatemia, hipocalcemia, hipermagnesemia, 
hipercarbia grave), diminuição do fluxo sanguíneo diafragmático (situações de baixo 
debito ou choque séptico), problemas neuromusculares (utilização prolongada de 
agentes curarizantes ou a recentemente descrita polineuropatia do doente grave), 
fadiga muscular (causada por sobrecarga de trabalho muscular) e exaustão muscular 
(também ocasionada pela sobrecarga muscular excessiva). (...). Um outro fator 
importante a ser considerado, nesta situação, e o problema da eficiência 
neuromuscular, assim como problemas da coordenação muscular. Como se sabe, a 
eficiência da contração muscular para realização de uma determinada tarefa depende 
do comprimento inicial de suas miofibrilas, assim como do ponto de apoio muscular 
em que essa tensão exercida. A hiperinsuflação pulmonar, além de aumentar o 
trabalho mecânico respiratório mediante o aumento das pressões elásticas, pode 
também diminuir a eficiência da contração diafragmática por encurtamento 
excessivo de suas fibras e redução do raio de curvatura da cúpula frênica (diminuindo 
o momento de aplicação da tração diafragmática sobre a superfície pulmonar). É 
evidente que a utilização de técnicas ventilatórias que evitem a hiperinsuflação 
pulmonar deva ser priorizado nessas situações. (...) A ativação simultânea de grupos 
musculares com funções opostas é um fenômeno frequente, durante a respiração 
espontânea, que pode estar exacerbado durante o desmame, especialmente em 
condições de sobrecarga, extrema ansiedade, frequência respiratórias elevadas ou 
fadiga muscular. Evidentemente, essa descoordenação pode ocasionar grandes 
prejuízos ao processo de desmame, devendo ser identificada e corrigida por meio de 
programas de treinamento muscular, ou, ainda, do uso de técnicas ventilatórias que 
reproduzam um padrão mais fisiológico da ventilação. (Pag. 518-519) 
 
17 
 
 Buscando a resolução dos casos de pacientes com desmame difícil e desmame 
prolongado, CARPENÈ; N et al 2010 relata sua experiência de 18 meses em Pisa, na Itália, com 
a criação de unidades de cuidados intermediários respiratórios (RICU) e centros de desmame 
(WC). Segundo a experiência do autor, as UTI não têm o foco, pessoal e organização 
necessários para cuidar de pacientes difíceis de desmamar. O autor propõe a criação de RICU 
para o atendimento de doentes com insuficiência respiratória aguda (IRA) e falha respiratória 
crônica agudizada (ACRF), evitando assim altas taxas de intubação e, com isso, elevados 
índices de pacientes em VMI e internação em UTI. Os WC, por sua vez, seriam unidades onde 
os pacientes com dificuldades para desmame seriam enviados para programas de reabilitação 
pulmonar com equipe multidisciplinar. Na casuística do autor, taxas globais de 79,6% dos 
pacientes difíceis de desmamar em UTI conseguiram libertar-se de ventilação artificial. 
Benefícios secundários foram redução de custos hospitalares, pressão por leitos em UTI e 
diminuição de morbimortalidade dos pacientes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
5.3 PADRONIZAÇÃO DE CONDUTAS 
De acordo com CHEN; L et al. 2016 a gestão no uso da VMI atual é, em grande parte, 
protocolo dirigida para rastreio de pacientes elegíveis ao TRE. No entanto, nem sempre este foi 
o padrão. Por muitos anos, na verdade, existiam poucos dados que norteassem os profissionais 
de saúde sobre ventilação artificial, inclusive na sua interrupção. O julgamento clínico intuitivo 
era a base para tomada de decisões. Após estudo multicêntrico, prospectivo e randômico 
publicado em 1995, foram definidas as bases para elegibilidade ao TRE, sua aplicação e 
orientações quanto a melhor maneira para proceder a extubação desses doentes. 
Segundo PASTORE; L et al. 2006 “estudos recentes têm demonstrado a importância da 
padronização de condutas durante o desmame de ventilação mecânica”. De acordo com o autor, 
os dados disponíveis até o momento não são suficientes para criação de um protocolo. No 
entanto é necessário que cada instituição estabeleça diretrizes concisas e claras com bases nas 
evidencias atuais e em suas individualidades próprias. 
SANDRI; P 2014 afirma que o índice de sucesso do desmame é maior quando existe 
uma diretriz a ser seguido. Esta prática é benéfica ao paciente e pode reduzir significativamente 
sua duração em ventilação artificial. 
Conforme CIPRIANO; G et al 2011 a avaliação em busca de pacientes elegíveis para o 
TRE deve ser realizada diariamente por meio de check-list utilizado por toda a equipe 
multidisciplinar. 
Esta prática é de fundamental importância. Isso porque, segundo SANDRI; P 2014 “a 
equipe de saúde com frequência falha na identificação de pacientes que possam estar aptos à 
extubação e subestimam sua capacidade de respirar espontaneamente”. Segundo o autor, alguns 
estudos demonstram que pacientes extubados demaneira acidental ou autoextubados revelam 
que 23% dos pacientes em VMI controlada e 69% dos doentes em processo de desmame não 
necessitaram de reintubação. 
Além da busca diária por pacientes que se enquadrem nos critérios de elegibilidade para 
o TRE, existe um esforço por uma busca de fatores fisiológicos capazes de predizer com 
acurácia e reprodutibilidade o sucesso do DVMI. No entanto, segundo GOLDWASSER; R et 
al 2007 esta medida ainda não chegou a resultados satisfatórios. Conforme o mesmo autor, outra 
tendência atual são os protocolos computadorizados de desmame, presentes em alguns 
19 
 
ventiladores. Alguns ensaios demonstraram abreviação do tempo de VMI, mas estudos clínicos 
randomizados e novos ensaios clínicos são necessários para endossar esta prática. 
 CHEN; L. et al 2016 destaca que ao longo do tempo, várias tentativas têm sido feitas 
para automatizar o processo de DVMI com algoritmos de controle. No entanto estas estratégias 
ainda não foram consistentes na redução da duração da VMI quando comparadas aos TRE 
diários. Exceções são feitas aos pacientes com dano agudo crítico como, por exemplo, pós-
operatório. Sob estas circunstâncias, o desmame automatizado pode ser útil para estes pacientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
5.4 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE PARA TESTE DE RESPIRAÇÃO 
ESPONTÂNEA (TRE) 
Conforme HOELZ; C et al 2010 “a maioria dos pacientes submetidos ao suporte 
ventilatório mecânico pode ser fácil e rapidamente retirada do respirador assim que a condição 
crítica responsável pela ventilação artificial for tratada ou estabilizada”. 
 PASTORE; L et al. 2006 reitera que o próximo passo após estabilização ou cura da 
condição que levou o paciente a necessitar de VMI seria a “avaliação clínica e cuidadosa e 
frequente para determinação exata do momento em que o paciente se encontra apto para iniciar 
a retirada do suporte ventilatório, e posteriormente, ser extubado”. Ainda segundo o autor, os 
critérios usados para definir se o paciente está suficientemente recuperado para tolerar a 
suspensão do suporte ventilatório ainda não estão claramente uniformes. Segundo o mesmo, 
são usadas combinações de critérios subjetivos e objetivos para avaliação dos sistemas 
respiratório, cardiovascular, neurológico, equilíbrio ácido-básico, da presença de distúrbios 
eletrolíticos, dentre outros fatores. Ressalta ainda que eventualmente alguns pacientes que não 
preenchem todos os critérios tem sucesso na extubação. 
KAPLAN; L.J. et al 2013 relata que apesar de alguns critérios caírem na rubrica do senso 
comum, outros são de suma importância para o sucesso do DVMI. Propõe uma compilação de 
fatores/condições para que os pacientes possam iniciar seu processo de desmame com 
segurança. Com essas informações reunidas pode-se avaliar o melhor momento para iniciar o 
processo de interrupção do suporte ventilatório. 
Segue abaixo tabelas com critérios propostos por CIPRIANO; G et al 2011 e 
GOLDWASSER; R et al 2007 para nortear a decisão de desmame por meio de fatores clínicos 
e laboratoriais. 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 -Critérios de Elegibilidade ao Teste de Respiração 
Espontânea (TRE) de acordo com o livro: Tratado de 
Medicina de Urgência e Emergência: Pronto Socorro e UTI, 
Vol.1, Cap.70, Pág. 793 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Critérios de Elegibilidade ao Teste de Respiração Espontânea (TRE) de 
acordo com: III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica Jornal Brasileiro de 
Pneumologia. 2007;33(Suplemento 2):S 128-S 136 
23 
 
5.5 TESTE DE RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA (TRE), MODALIDADES E CONDUTA 
NA FALHA OU SUCESSO DO TRE 
Conforme GOLDWASSER; R et al 2007 um TRE com duração entre trinta minutos à 
duas horas é útil para selecionar doentes prontos para extubação. SANDRI; P 2014 relata 
equivalência entre testes com 30 minutos e testes com 2 horas. 
KAPLAN; L.J 2013 refere que um TRE de 30 minutos é capaz de avaliar se o paciente 
pode gerir ou não seu próprio trabalho respiratório e assim libertar-se da VMI. Frisa ainda que 
estes testes não devem ser utilizados como recondicionamento dos músculos respiratórios. 
PASTORE; L et al. 2006 conta que TRE uma vez ao dia são tão efetivos quanto 
realização de vários testes ao longo do dia. Afirma, portanto, que está consolidado a estratégia 
de TRE uma vez ao dia, independentemente do modo escolhido para tal. Quanto aos modos 
para DVMI, o autor destaca que o desmame pode ser feito com Tubo ‘T’ ou com níveis baixos 
de pressão de suporte (5 a 8 cmH2O) com resultados semelhantes. 
 Conforme SANDRI; P 2014 o desmame em Tubo ‘T’ sem redução gradual deve ser 
feito disponibilizando oxigênio suplementar com o cuidado de oferecer uma fração inspirada 
de oxigênio (FiO2) menor que 0,4 e manter uma saturação arterial de oxigênio (SaO2) maior 
que 90%. Se optar pelo desmame com redução gradual em Tubo ‘T’, o autor destaca que 
períodos de prova iniciais de 5 a 10 minutos são progressivamente elevados até que o doente 
suporte o tempo de 30 a 120 minutos que é compatível com um TRE. A modalidade em pressão 
de suporte ventilatório (PSV) sem redução gradual é realizada com o paciente ainda conectado 
ao ventilador e diminui-se a pressão de suporte para 5 a 7 centímetros de água (cmH2O), pressão 
essa suficiente para o doente vencer a resistência do circuito de ventilação, simulando assim 
uma ventilação espontânea. Já na modalidade PSV com redução gradual, as pressões de suporte 
deverão ser diminuídas de 2 a 4 cmH2O por duas a quatro vezes por dia, até atingir os valores 
de 5 a 7 cmH2O, compatíveis com o TRE. Destaca ainda que não existe superioridade entre o 
desmame em Tubo ‘T’ ou em PSV. 
 PASTORE; L et al. 2006 afirma: “Não existem estudos mostrando que estratégias de 
redução gradual do suporte ventilatório sejam superiores ao uso de teste de ventilação 
espontânea diário e manutenção de suporte ventilatório estável entre os testes”. Destaca ainda 
que durante os TRE o paciente deve ser continuamente monitorizado a fim de identificar sinais 
precoces de intolerância ao teste. 
24 
 
 ESKANDAR; N et al 2007 destaca que existe uma dificuldade em integrar índices 
fisiológicos ao DVMI e que esse ponto tem norteado as pesquisas atuais para encontrar índices 
que determinem a prontidão para início do desmame. No entanto, a maioria dos índices 
encontrados tem baixa sensibilidade e especificidade. Esses índices incluem Volume corrente, 
Volume-minuto, Capacidade vital, Ventilação voluntária máxima, frequência respiratória e 
outros. 
 No entanto, CHEN; L et al 2016 relata que o índice de respiração rápida e superficial 
(IRRS) demonstrou ser o indicador mais preciso de falha do DVMI. Esse índice é expresso pela 
proporção entre frequência respiratória (FR) e o volume corrente (VT). Demonstrou-se que 
pacientes com índice menor que 105 ciclos/L/min tem taxas de sucesso com sensibilidade 95% 
e especificidade de 67%. Assim, o autor conclui que IRRS superiores à 105 ciclos/L/min são 
muito úteis na previsão de falha de DVMI. 
 ESKANDAR; N et al 2007 adiciona ainda mais uma vantagem na realização do IRRS 
como preditor do desmame. Segundo ele este índice é fácil de medir, portanto tem boa 
reprodutibilidade, e não depende de esforço e cooperação do paciente. 
Para KAPLAN; L.J et al 2013 O IRRS é comumente medido no início e no final de um 
TRE, proporcionando assim uma análise do trabalho respiratório do paciente ao longo do TRE 
e pode, assim, servir para prever aqueles pacientes com maior tendência de falha no desmame. 
 A seguir, está descrito a partir do texto de GOLDWASSER; R et al 2007 os parâmetros 
de falha do DVMI que devem ser analisados durante todo TRE e ainda, quais as condutas devem 
ser tomadas nos casos de falha e sucesso do desmame: 
A avalição contínua e próxima é fundamental para identificar precocementesinais 
de intolerância e mecanismos de falência respiratória. Caso os pacientes apresentem 
algum sinal de intolerância o teste será suspenso e haverá o retorno às condições 
ventilatórias prévias. Aqueles pacientes que não apresentarem sinais de intolerância 
deverão ser avaliados quanto à extubação e observados (monitorados) pelo período 
de 48 h, na UTI. Se, após 48h, permanecerem com autonomia ventilatória, o processo 
estará concluído, com sucesso. Se neste período necessitarem do retorno à ventilação 
mecânica, serão considerados insucesso. (pag. 130) 
 
25 
 
 
 
 
 
HOOPER; M.H et al 2009 reitera que uma forma de avaliar sucesso ou falha do DVMI 
durante o TRE seria observar os parâmetros de intolerância ao TRE durante o teste. Caso 
paciente venha a ter parâmetro desfavorável mantido por 5 ou mais minutos estaria definido 
como falha do DVMI. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 - Critérios de intolerância ao Teste de Respiração 
Espontânea (TRE) segundo III Consenso Brasileiro de Ventilação 
Mecânica Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2007;33(Suplemento 
2):S 128-S 136 
26 
 
5.6 EXTUBAÇÃO E MEDIDAS A SEREM REALIZADAS 
De acordo com CIPRIANO; G et al 2011 a extubação consiste na retirada da via aérea 
artificial. Falência de extubação seria, portanto, a incapacidade do doente de manter ventilação 
espontânea após retirada da cânula orotraqueal e com isso ter necessidade de reintubação no 
prazo de 24 a 72 horas após extubação. 
Segundo PASTORE; L et al. 2006: “o risco de obstrução de vias áreas pós-extubação 
aumenta com a duração da ventilação mecânica em mulheres, em trauma e em pacientes que 
sofreram intubações repetidas ou traumáticas, mas é de difícil avaliação. ” 
 Desta forma, GOLDWASSER; R et al 2007 não recomenda o uso de corticóide 
sistêmico profilático em todo paciente com possibilidade de extubação. No entanto, relata a 
maneira correta de avaliar a possibilidade de predizer obstrução pós-extubação, conforme segue 
a citação: 
A intubação traqueal pode causar inflamação e edema laríngeo, predispondo à 
obstrução da via aérea (manifesta clinicamente pelo estridor laríngeo), tão logo o 
tubo endotraqueal seja retirado. Essa é uma importante causa de fracasso na 
extubação. O teste de permeabilidade consiste em medir o volume corrente 
expiratório através do tubo traqueal com o balonete insuflado e a seguir desinsuflar 
o balonete e medir novamente o volume corrente expiratório se houver escape aéreo 
em torno do tubo traqueal (definindo a existência de espaço entre o tubo e a via 
aérea), o volume corrente expiratório será menor que o volume corrente inspiratório, 
sugerindo menor chance de edema laríngeo e estridor após extubação. Estudos mais 
antigos verificaram o escape aéreo de forma qualitativa. Mais recentemente, outros 
estudos quantificaram-no. Miller e colaboradores estudaram 100 intubações 
consecutivas e observaram estridor laríngeo em 80% dos pacientes em que a 
diferença entre o volume corrente inspiratório e o volume corrente expiratório (após 
média de três medidas) foi menor ou igual a 110 ml. Já, 98% daqueles em que o 
vazamento foi maior que 110 ml não apresentaram estridor. (Pag. 133) 
 Existe um conjunto de medidas a serem tomadas após um sucesso no teste de respiração 
espontânea em pacientes que se deseja proceder a extubação. Assim, SANDRI; P 2014 elenca 
uma série de fatores, citados a seguir: 
(...). Se a equipe optar por extubação do paciente, algumas condutas devem ser 
seguidas: 1. Verificar a fração inspirada de oxigênio (FiO2) e montar dispositivo 
para oxigenioterapia pós-extubação, objetivando a oferta da mesma FiO2, pré 
extubação. (...) 2. Disponibilizar um conjunto para ventilação mecânica não invasiva, 
incluindo a interface (máscara facial ou facial total) em caso de eventual 
necessidade; 3. Orientar o paciente quanto à sequência de procedimentos que será 
realizada; 4. Realizar a higiene brônquica e aspiração de secreção de vias aéreas 
superiores e suprabalonete; 5. Posicionar o paciente adequadamente sentado no leito, 
com pelo menos 45 graus de elevação da cabeceira e joelhos levemente flexionados; 
6. Desinsuflar o balonete; 7. Retirar fixação da cânula orotraqueal e tracioná-la 
durante a inspiração ativa do paciente; 8. Manter o paciente em jejum de quatro a 
seis horas após a extubação. (pag. 162) 
27 
 
Após proceder a extubação, o SANDRI; P 2014 recomenda observação contínua do 
doente por um período de 48 horas. Se mantiver autonomia ventilatória após esse período, 
podemos concluir que o desmame foi um sucesso. Se durante este período de 48 horas houver 
necessidade de retorno à ventilação mecânica, todo processo será considerado como falho. 
Sobre o uso de ventilação mecânica não-invasiva (VMNI), SANDRI; P 2014 reitera que 
a mesma pode ser usada como medida profilática pós-extubação para pacientes que tem risco 
aumentado de falência da extubação, mas que não apresentaram insuficiência respiratória aguda 
(IRA). Alerta ainda que não se recomenda utilizar VMNI como medida de resgate para 
pacientes que desenvolvem falência respiratória abrupta. Doentes com uso de VMNI nesta 
situação protelam reintubação e tem aumento de morbimortalidade. 
De acordo com o GOLDWASSER; R et al 2007 “deve-se estar atento à possível 
contribuição negativa dos trocadores de calor nos pacientes com falência de desmame”. 
Segundo o autor os umidificadores de calor estão substituindo os aquecedores dos ventiladores, 
isso porque o segundo esta comprovadamente ligado à aumento de volume minuto, frequência 
respiratória, pressão arterial de dióxido de carbono (PaCO2), trabalho da respiração, produto 
pressão x tempo, pressão esofágica e transdiafragmática, acidose respiratória, além de maior 
desconforto respiratório. Dessa forma, a questão deve ser levada em conta especialmente nos 
pacientes com desmame ventilatório difícil. O autor alerta ainda que dietas com teor elevado 
de gordura e reduzido de carboidratos parecem produzir efeitos favoráveis na produção de 
dióxido de carbono (CO2), o que pode facilitar o desmame de pacientes com reserva ventilatória 
limitada, inclusive em reduzir o tempo de desmame. O motivo da utilização deste tipo de dieta 
reside em um menor quociente respiratório de dióxido de carbono e assim melhora a troca 
gasosa e facilita o DVMI. No entanto, os estudos ainda não têm força para uma recomendação 
mais ampla. Por fim, afirma que: “a traqueostomia precoce (até 48 horas do início da ventilação 
mecânica) em pacientes com previsão de permanecer por mais de 14 dias em ventilação 
mecânica reduz mortalidade, pneumonia associada à ventilação mecânica, tempo de internação 
em UTI e tempo de ventilação mecânica”. 
 
 
 
 
 
28 
 
 METODOLOGIA CIENTÍFICA 
 
O presente estudo adotou como procedimento para investigação a metodologia 
quantitativa, exploratória, descritivo-explicativo com delineamento do tipo levantamento. 
Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário estruturado, contendo três 
(03) categorias de análise, assim denominadas: 1) Perfil e características dos respondentes; 2) 
Análise do conhecimento sobre DVMI e 3) dificuldades encontradas pelos sujeitos para 
realização do procedimento adequadamente. Os itens contemplados nas categorias 1 e 2 tem 
respostas pré-definidas, portanto exigem assinalamento de cada respectivo enunciado, 
caracterizando as questões como fechadas. A categoria 3 é composta por questão aberta, 
permitindo o sujeito exprimir suas opiniões. A categoria 2 contempla 14 questões fechadas 
estruturadas, na forma de questionário Likert, abordando conteúdos relacionados ao domínio 
de conhecimento específico necessário para o manejo adequado do DVMI. 
 Cada questão da categoria 2 era composta de seu enunciado e quatro itens para 
julgamento. Cada item deveria ser julgado com uma numeração, as quais eram: 1 (discordo 
totalmente), 2 (discordo parcialmente),3 (não concordo nem discordo), 4 (concordo 
parcialmente) e 5 (concordo totalmente). Desta maneira, classificamos as respostas de cada item 
para as questões referentes a critérios para elegibilidade ao TRE de três formas, são elas: 
Domina Corretamente o Critério (DCC), Domina Parcialmente o Critério (DPC) e Não Domina 
o Critério (NDC). Já as respostas referentes ao TRE foram classificadas apenas como Domina 
Corretamente o Critério (DCC) e Não Domina o Critério (NDC). Esta postura foi tomada pelo 
pesquisador em virtude da ausência de parâmetros rígidos para os critérios de elegibilidade ao 
TRE de acordo com a literatura disponível. Já o TRE propriamente dito (tempos, modalidades, 
sucesso/falha) tem suas bases calcadas em critérios firmes e uníssonos nos textos científicos. 
Desta forma, o pesquisador adotou esta conduta para análise dos dados presentes no estudo. 
Os sujeitos do estudo em questão foram médicos plantonistas das Unidades de Trauma 
e Terapia Intensiva do Hospital Geral de Roraima (HGR) no período de agosto a setembro 2016. 
Durante este período as unidades contavam com 46 médicos plantonistas, após análise das 
escalas com os respectivos coordenadores de cada setor. Foram excluídos do estudo três (3) 
coordenadores, sendo um de cada unidade em virtude da aplicação de pré-teste e conhecimento 
do respectivo instrumento de coleta de dados aplicado no estudo. Outro critério de exclusão 
adotado foi a não obtenção dos dados de plantonistas noturnos/ocasionais que, desta forma, não 
garantiriam a horizontalidade do acompanhamento dos pacientes destas unidades. Portanto, 
foram obtidos treze (13) questionários (28,26% do total) para este estudo. 
29 
 
 Durante aplicação de pré-teste, nenhuma objeção as questões foram apresentadas. Todos 
os itens de resposta foram acatados pelos coordenadores das unidades sem mais sugestões de 
itens para inclusão no estudo. 
Após levantamento de dados pelo questionário estruturado, será usada a estatística 
descritiva com análise de frequência visando identificar o perfil dos médicos plantonistas das 
unidades de trauma e terapia intensiva do HGR, bem como averiguar quais os pontos onde esses 
sujeitos têm maior ou menor dificuldade sobre o tema. 
Os resultados obtidos mediante esse estudo serão apresentados à banca examinadora 
como pré-requisito para conclusão de curso de Bacharelado em Medicina da Universidade 
Federal de Roraima (UFRR) em 16/11/2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
RESULTADOS 
1) PERFIL E CARACTERÍSTICAS DOS RESPONDENTES 
1.1) CARACTERÍSTICAS DOS RESPONDENTES 
Após análise dos dados coletados, evidenciou-se uma tendência de perfil e 
características comuns aos médicos plantonistas das Unidades de Trauma e Terapia 
Intensiva do HGR. A grande maioria dos entrevistados são homens (84,61%), com idade 
entre 25-34 anos (76,69%), graduados em Instituição de Ensino Superior (IES) pública 
(84,61%), na Região Norte (92,3%). 
 
 
 
 
 
 
 
DESCRITORES N % 
 MASCULINO 11 84,61 
SEXO FEMININO 2 15,38 
 18-24 anos 0 0 
 25-34 anos 10 76,69 
IDADE 35-44 anos 1 7,69 
 45-54 anos 2 15,38 
 55 ou mais anos 0 0 
 PÚBLICA 11 84,61 
IES PRIVADA 2 15,38 
 NORTE 12 92,3 
 NORDESTE 0 0 
REGIÃO IES SUDESTE 1 7,69 
 SUL 0 0 
 CENTRO-OESTE 0 0 
Tabela 1 – Descritores dos sujeitos da pesquisa quanto perfil dos mesmos: sexo, 
faixa etária, caráter da Instituição de Ensino Superior (IES) durante a graduação e 
Região Brasileira na qual a IES está inserida 
31 
 
1.2) TEMPO DE EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL 
Após questionamento sobre tempo de atuação em medicina, identificou-se que grande 
parte dos médicos plantonistas das Unidades de Trauma e Terapia Intensiva do HGR tem 
tempo de atuação (T/A) em medicina entre 4-8 anos (53,84%) e T/A em UTI e Unidades de 
Trauma entre 0-3 anos (53,84%). 
 
 
 
1.3) CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL 
Indagou-se os respondentes acerca de suas capacitações profissionais. No que se refere 
a possuir Residência Médica, a maioria absoluta foi agrupada na Categoria “Outros” 
(61,53%) que englobam sujeitos que não tem Residência Médica ou que possuem outros 
títulos que não Residência Médica (Pós-graduação, etc.). No que tange Subespecialidade 
Médica, os maiores índices foram observados nos indivíduos que afirmaram não a ter 
(84,61%). Por fim, ao serem questionados sobre Capacitação em VMI, observou-se taxas 
elevadas entre os sujeitos que se capacitaram mediante realização de Cursos 
Extracurriculares (46,15%). 
 
DESCRITORES N % 
 0-3 anos 3 23,07 
 4-8 anos 7 53,84 
T/A MEDICINA 9-13 anos 2 15,38 
 14-18 anos 0 0 
 Acima de 18 anos 1 7,69 
 0-3 anos 7 53,84 
 4-8 anos 5 38,46 
T/A UTI-TRAUMA 9-13 anos 1 7,69 
 14-18 anos 0 0 
 Acima de 18 anos 0 0 
Tabela 2 – Descritores dos sujeitos da pesquisa quanto a experiência profissional: 
Tempo de Atuação (T/A) em medicina e Tempo de Atuação (T/A) em Unidades de 
Trauma e Terapia Intensiva 
32 
 
 
2) ANÁLISE DO CONHECIMENTO SOBRE DVMI 
2.1) CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE PARA TRE 
Depois de analisar o perfil dos respondentes, buscou-se verificar o conhecimento 
sobre DVMI dos sujeitos da pesquisa. Encontrou-se os resultados abaixo: 
DESCRITORES N % 
 CLÍNICA MÉDICA 4 30,79 
RESIDÊNCIA MÉDICA CLÍNICA CIRÚRGICA 1 7,69 
 OUTROS 8 61,53 
SUBESPEC. MÉDICA SIM 2 15,38 
 NÃO 11 84,61 
 GRADUAÇÃO 1 7,69 
CAPACITAÇÃO VMI RESIDÊNCIA MÉDICA 3 23,07 
 CURSOS EXTRACUR. 6 46,15 
 NÃO 3 23,07 
DESCRITORES DCC DPC NDC 
 N % N % N % 
TEMPO DE 
DVMI 
2 15,38 0 0 11 84,61 
CRITERIO P/ 
INICIAR DVMI 
10 76,92 7 53,84 3 23,07 
ESTAB. 
PULMONAR 
7 53,84 4 30,76 6 46,15 
ESTAB 
CARDIOVASC. 
1 7,69 5 38,46 12 92,30 
ESTAB 
NEUROLOGICA 
11 84,61 6 46,15 2 15,68 
ESTAB. 
METABOLICA 
4 30,76 3 23,07 9 69,23 
Tabela 3 – Descritores dos sujeitos da pesquisa quanto qualificação profissional: 
Residência Médica, Subespecialidade Médica e Capacitação em Ventilação 
Mecânica Invasiva 
Tabela 4 – Descritores e desempenho quanto aos Critérios de Elegibilidade para 
o Teste de Respiração Espontânea (TRE) 
33 
 
No que se refere ao conceito do DVMI, GOLDWASSER; R et al 2007 relata que o 
desmame é, por definição, o processo de transição da VMI para ventilação espontânea em 
pacientes que necessitaram de ventilação artificial por período superior há 24 horas. Este 
critério de temporalidade é de suma importância, isso porque, segundo PASTORE; L et al 2006 
o prolongamento da VMI desnecessariamente acarreta em maiores chances de pneumonia 
associada a ventilação mecânica, lesão pulmonar induzida pela ventilação, trauma de pequenas 
vias aéreas, uso excessivo de sedativos e complicações hemodinâmicas. A descontinuação 
precoce da ventilação artificial, por sua vez, também traz danos aos pacientes, tais como: fadiga 
muscular, falência na manutenção de trocas gasosas, perda da proteção de via aérea e aumento 
do risco de reintubação. 
Sobre o principal critério utilizado para início do processo de DVMI, HOELZ; C et al 
2010 afirma que a maioria dos pacientes submetidos ao suporte ventilatório mecânico pode ser 
retirado com certa facilidade e rapidez do respirador assim que a condição crítica responsável 
pela ventilação artificial for tratada ou estabilizada. 
A partir do item descrito acima, o próximo passo seria garantir a estabilidade dos sistemas 
orgânicos do paciente. Sendo assim, questionou-se os respondentes acerca de critérios para 
estabilidade pulmonar, cardiovascular, neurológica e metabólica. Desta forma, de acordo com 
PASTORE; L et al. 2006 os critérios usados para definir se o paciente está suficientemente 
recuperado para tolerar a suspensão do suporte ventilatório ainda não estão claramente 
uniformes. Segundo o mesmo, são usadas combinações de critérios subjetivos e objetivos para 
avaliação dos sistemas respiratório, cardiovascular, neurológico, equilíbrio ácido-básico, da 
presença dedistúrbios eletrolíticos, dentre outros fatores. Ressalta ainda que eventualmente 
alguns pacientes que não preenchem todos os critérios tem sucesso na extubação. 
Na visão de SANDRI; P 2014 os critérios de elegibilidade para iniciar o desmame devem 
ser avaliados sistematicamente todos os dias, a fim de minimizar o processo e o tempo de VMI. 
KAPLAN; L.J. et al 2013 relata que apesar de alguns critérios caírem na rubrica do senso 
comum, outros são de suma importância para o sucesso do DVMI. Propõe uma compilação de 
fatores/condições para que os pacientes possam iniciar seu processo de desmame com 
segurança. Com essas informações reunidas pode-se avaliar o melhor momento para iniciar o 
processo de desmame. 
34 
 
Para analise destes critérios, utilizamos os sugeridos por CIPRIANO; G et al 2011 
contidos na página 21 do presente trabalho e no livro: Tratado de Medicina de Urgência e 
Emergência: Pronto Socorro e UTI, Vol.1, Cap.70, Pág. 793. 
2.2) TESTE DE RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA (TRE) 
Após verificação do tempo de DVMI, critério para início do desmame e estabilidade dos 
sistemas orgânicos, o passo seguinte consistiu na avalição do domínio do TRE. Assim, 
posteriormente a análise dos dados, encontrou-se os seguintes índices: 
No que se refere a duração do TRE e ancorados nos preceitos de GOLDWASSER; R et 
al 2007 afirma-se que um TRE com duração entre trinta minutos e duas horas é útil para 
selecionar doentes prontos para extubação. PASTORE; L et al. 2006 relata que TRE uma vez 
ao dia é tão efetivo quanto realizar vários testes ao longo do dia. Afirma, portanto, que está 
consolidado a estratégia de TRE uma vez ao dia, independentemente do modo escolhido para 
tal. Por fim, ainda sobre intervalo de duração do TRE, SANDRI; P 2014 relata equivalência 
entre testes com 30 minutos e testes com 2 horas. 
DESCRITORES DCC NDC 
 N % N % 
DURAÇÃO DE TRE 1 7,69 12 92,30 
EQUIVALÊNCIA ENTRE 
TEMPOS DE TRE 
3 23,07 10 76,92 
MODOS DE TRE 5 38,46 8 61,53 
PARÂMETROS DE FALHA 
DO TRE 
9 69,23 4 30,76 
CONDUTA NO 
SUCESSO/FALHA DO TRE 
7 53,84 6 46,15 
MEDIDAS APÓS SUCESSO 
DE TRE 
11 84,61 2 15,38 
USO DA VMNI NO DVMI 2 15,38 11 84,61 
TEMPO DE INTERNAÇÃO 
PÓS DVMI 
9 69,23 4 30,76 
Tabela 5 – Descritores e desempenho quanto ao Teste de Respiração Espontânea (TRE) 
35 
 
Sobre as modalidades adequadas para o TRE. PASTORE; L et al. 2006 refere que o 
desmame pode ser feito com Tubo T ou com níveis baixos de pressão de suporte (5 a 8 cmH2O) 
com resultados semelhantes. 
 Utilizou-se como referência os parâmetros de falha de TRE indicados por 
GOLDWASSER; R et al 2007 contidos na página 25 deste estudo e também no III Consenso 
Brasileiro de Ventilação Mecânica Jornal Brasileiro de Pneumologia. 2007;33(Suplemento 2), 
pág. 128-136. HOOPER; M.H et al 2009 reitera que uma forma de avaliar sucesso ou falha do 
DVMI durante o TRE seria observar os parâmetros de falha do TRE durante aplicação do teste. 
Caso paciente venha a ter parâmetro desfavorável mantido por 5 ou mais minutos estaria 
definido como falha de desmame. 
 No que se refere as condutas a serem tomadas nos casos de sucesso e de falha no TRE, 
GOLDWASSER; R et al 2007 relata que caso os pacientes apresentem algum sinal de 
intolerância durante o TRE, o mesmo deverá ser suspenso e o paciente retornará as condições 
ventilatórias prévias. Caso não apresente intolerância, esses indivíduos deverão ser avaliados 
para extubação e continuarão em observação por período de 48 horas. Se após este período 
permanecerem com autonomia ventilatória, o processo estará concluído com sucesso. Se neste 
intervalo houver necessidade de retorno a VMI o processo será considerado como falho. 
 Quanto as medidas adotadas para proceder extubação, SANDRI; P 2014 elenca uma 
série de fatores, citados a seguir: 
“1. Verificar a fração inspirada de oxigênio (FiO2) e montar dispositivo para 
oxigenioterapia pós-extubação, objetivando a oferta da mesma FiO2, pré-extubação. 
(...) 2. Disponibilizar um conjunto para ventilação mecânica não invasiva, incluindo 
a interface (máscara facial ou facial total) em caso de eventual necessidade; 3. 
Orientar o paciente quanto à sequência de procedimentos que será realizada; 4. 
Realizar a higiene brônquica e aspiração de secreção de vias aéreas superiores e 
suprabalonete; 5. Posicionar o paciente adequadamente sentado no leito, com pelo 
menos 45 graus de elevação da cabeceira e joelhos levemente flexionados; 6. 
Desinsuflar o balonete; 7. Retirar a fixação da cânula orotraqueal e traciona-la 
durante a inspiração ativa do paciente; 8. Manter o paciente em jejum de quatro a 
seis horas após a extubação. (pag. 162)” 
 Sobre o uso de ventilação mecânica não-invasiva (VMNI) no desmame, SANDRI; P 
2014 reitera que a mesma pode ser usada como medida profilática pós-extubação para pacientes 
que tem risco aumentado de falência da extubação, mas que não apresentaram insuficiência 
respiratória aguda (IRA). Alerta ainda que não se recomenda utilizar VMNI como medida de 
resgate para pacientes que desenvolvem falência respiratória aguda. Doentes com uso de VMNI 
nesta situação protelam reintubação e tem aumento de morbidade. 
36 
 
 Por fim, sobre o tempo de observação hospitalar pós-extubação para pacientes com 
sucesso de DVMI, SANDRI; P 2014 recomenda observação continua do doente por um período 
de 48 horas. Se mantiver autonomia ventilatória após esse período, podemos concluir que o 
desmame foi um sucesso. Se durante este período de 48 horas houver necessidade de retorno a 
VMI, todo processo será considerado como falho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
3) QUAIS AS PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR 
PROFISSIONAIS MÉDICOS PARA REALIZAÇÃO DE DESMAME DE 
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA (DVMI) DE MANEIRA ADEQUADA? 
 
Observou-se, por ordem de frequência, as seguintes queixas dos sujeitos da 
pesquisa ao serem indagados com o enunciado acima em questão única e aberta: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESCRITORES N % 
AUSÊNCIA DE 
CAPACITAÇÃO 
9 69,23 
DEFICIT 
EQUIPAMENTOS 
9 69,23 
FALTA DE 
TREINAMENTO EM 
EQUIPE 
5 38,46 
AUSÊNCIA DE 
PROTOCOLO NA 
INSTITUIÇÃO 
4 30,76 
INEXISTÊNCIA DE 
UNIDADE SEMI-
INTENSIVA 
1 7,69 
Tabela 6 – Descritores quanto as principais dificuldades encontradas por Médicos 
Plantonistas das Unidades de Trauma e Terapia Intensiva do Hospital Geral de 
Roraima (HGR) para realização de Desmame de Ventilação Mecânica Invasiva 
(DVMI) de maneira adequada 
38 
 
PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO 
1) PROPOSIÇÃO DE FLUXOGRAMA/ORGANOGRAMA PARA AS UNIDADES 
DE TRAUMA E TERAPIA INTENSIVA DO HGR. 
 
De acordo com JAKOB; S.M. et al 2007, a implementação de protocolos para 
DVMI e sedação, designação de pessoas para gerenciar e conduzir tais protocolos gerou 
melhores resultados, tais como redução da duração da VMI e tempo de estadia em UTI, 
assim como diminuição nas taxas de mortalidade e economia substancial no que se 
refere aos custos em saúde. No entanto, a implementação de protocolos individualmente 
só pode demonstrar uma vantagem quando outros processos importantes também são 
padronizados e implementados. Desta forma a implementação de protocolos juntamente 
com ações concomitantes, principalmente estruturais e organizacionais, pode impactar 
de forma favorável na evolução clínica de doentes. 
A principal conclusão do autor foi uma redução da mortalidade de 50% dentro 
de 27 meses consecutivos, o que não foi explicado por uma mudança significativa no 
perfil dos pacientes, mas foi acompanhado por um menor tempo de estadia hospitalar 
dos doentes e uma redução na utilização dos recursos. Isto sugere que mudanças nas 
estratégias globais de gestão, incluindo a introdução de protocolos de tratamento, foi 
benéfico, mesmo quando não está relacionado com um ensaio clínico previamente 
realizado na instituição.Desta forma, pretende-se sugerir a implantação de um 
fluxograma/organograma com vistas a incorporação na prática clínica diária de 
Unidades de Trauma e Terapia Intensiva do Hospital Geral de Roraima (HGR) 
contribuindo, assim, para diminuição das taxas de morbimortalidade dos doentes em 
VMI, bem como reduzir os custos substancialmente desta instituição de saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESMAME DE VENTILAÇÃO MECANICA INVASIVA 
Corresponde à transição de ventilação mecânica invasiva para 
ventilação espontânea por tempo superior a 24hs. 
Falha de desmame = 
paciente com retorno a 
VMI antes de 48hs após 
o desmame 
Sucesso de desmame = 
paciente sem retorno a 
VMI antes de 48hs após 
o desmame 
 
CRITERIOS DE ELEGIBILIDADE PARA TRE TESTE DE RESPIRAÇÃO ESPONTANEA (TRE) 
Subjetivo: - reversão ou controle da causa de 
falência respiratória 
- equipe médica confia no sucesso do desmame 
- reflexo de tosse presente 
Objetivo: -Estabilidade pulmonar: Pa02> 60 mmHg 
com FiO2 < 0,4, PEEP 5-10 cmH2O, PaO2/FiO2 = 
150-300 
-Estabilidade cardiovascular: FC <140bpm, PAS 
<180 e >90, ausência de arritmia ou insuficiência 
coronariana grave, independência ou baixas doses 
de vasopressores são toleráveis 
-Estabilidade neurológica: Glasgow >13, reflexo de 
tosse presente, Suspensão de drogas sedativas ou 
bloqueadores neuromusculares 
-Estabilidade metabólica: ausência de distúrbio 
ácido-base ou hidroeletrolítico, Hb 8-10 g/dL, 
ausência de sobrecarga hídrica 
-outros: afebril, sem perspectiva de intervenção 
cirúrgica próxima 
 
Teste realizado com FiO2 <0,4 e intervalo de tempo 
entre 30 minutos à 120 minutos 
TUBO T : tempo de 
30-120 minutos com 
FiO2 <0,4 
PSV : 5-8 cm H2O, 
tempo de 30-120 
minutos com FiO2 
< 0,4 
PARÂMETROS DE FALHA DO TRE 
- FC>140 bpm ou PAS>180 ou <90 
- FR >35 irpm ou SaO2 <90 
- agitação, sudorese, alteração do nível de 
consciência 
 
OBS: Observar parâmetros no casso de falha por 5 
minutos 
- 
Sucesso de Desmame 
- separar material para oxigênio terapia e VNI, 
cabeceira elevada a 30 graus, realizar aspiração de 
vias aéreas suprabalonete, desinsuflar o balonete, 
retirar as fixações da canular e proceder extubação 
na inspiração ativa do paciente 
OBS: paciente deverá permanecer internado em 
UTI por tempo superior ou igual a 48 hs para inferir 
o sucesso do desmame 
Falha de Desmame 
 
- retornar paciente para condições pré-desmame 
com modo ventilatório que ofereça conforto. 
Neste período deverão ser revistas todas as etapas 
do desmame e caso o paciente permaneça 
elegível, novo TRE deverá ser tentado após 24hs 
Figura 4 – Fluxograma/Organograma proposto para as Unidades de Trauma e Terapia Intensiva 
do Hospital Geral de Roraima (HGR) 
40 
 
2) SUGESTÃO DE CRIAÇÃO DAS UNIDADES CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS 
RESPIRATÓRIOS (RICU) E CENTROS DE DESMAME (WC) 
 
 
CARPENE; N. et al (2010) relatam, em seu artigo publicado na Respiratory Medicine 
(2010) 104, pag. 1505-1511, a experiência em 18 meses de um hospital italiano com a criação 
de unidades cuidados intermediários respiratórios (RICU) e centro de desmame (WC) para 
pacientes com desmame difícil. Esta estratégia, segundo o autor, diminui a pressão por leitos 
de UTI e tem menor custo para instituições de saúde. O autor sugere que as UTI têm altos 
custos, não possuem foco, pessoal e organização necessários para cuidar de pacientes com 
desmame difícil. 
Desta maneira, implantou em um Hospital de Pisa, na Itália, uma RICU localizada dentro 
de uma enfermaria pulmonar com 28 leitos, a qual fazia parte de um Departamento de 
Cardiologia e Cirurgia Torácica. A RICU, portanto, tinha incumbência primordial no 
tratamento de doentes com insuficiência respiratória aguda (IRA) ou doentes com falha 
respiratória crônica agudizada (ACRF) admitidos no Hospital para tratamento destas condições. 
O autor relata que a grande maioria destes pacientes pode ser tratado com ventilação mecânica 
não-invasiva (VMNI), com apenas uma minoria necessitando de internação em UTI e VMI. 
Estruturalmente, a RICU deste hospital dispõe de quatro leitos, com relação médico-
enfermeiro-terapeuta respiratório por paciente de 1:4. Seu custo de estadia diária estimada é de 
900 V em comparação com um custo de estadia diária UTI de 1500 V, o que representa uma 
economia de 600V ou 40% em se tratando de custos-dia por paciente. 
Já o WC possui 6 leitos e está localizado dentro de um Hospital de Reabilitação Pulmonar 
com 14 unidades de reabilitação, em Volterra, a 60 quilômetros de Pisa, que é um centro de 
referência em cuidados crônicos para uma grande área geográfica no centro da Itália (Toscana). 
Dentro desta unidade de reabilitação, dispõem-se de equipe multidisciplinar (enfermeiros, 
fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos etc.), que oferecem tratamento de 
reabilitação e servem, muitas vezes, como ponte para programas de home-care, dentre outros. 
Recebem pacientes transferidos de várias UTI com dificuldade de DVMI. Possui relação de 
médico-enfermeiro-terapeuta respiratório por paciente de 1:6. O custo diário estimado de WC 
estadia é de 470 V. Isso representa uma economia de 1030V ou 68,7% custo-dia em relação as 
UTI. 
A Taxa global de sucesso no desmame da RICU e WC foi de 79,6%, com um total de 16,3% 
em hospitalar mortalidade (8 dos 49 pacientes). Dois dos 41 pacientes (4,8%) morreram dentro 
41 
 
de três meses desde a alta. Ou seja, praticamente todos os pacientes que não obtiveram sucesso 
no DVMI vieram a óbito durante a internação ou em três meses após a alta. 
Os resultados preliminares deste relatório sugerem que a criação das RICU e WC 
representam economias substanciais em comparação com UTI, obtendo ainda um aumento na 
taxa de sucesso de desmame difícil. Confirmamos assim, que RICU e WC podem ser 
alternativas rentáveis para UTI na gestão de pacientes com desmame difícil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRONTO 
ATENDIMENTO 
RICU 
TRAUMA UTI 
WC 
- Tratar IRA/ACRF 
- Custo-dia: 900V 
- Economia de 600V ou 40% 
em relação a UTI 
 
 
- Custo-dia: 1500 V 
- tratar desmame 
difícil/prolongado 
-custo-dia: 470V 
- Economia de 1030V ou 
68,7% em relação a UTI 
Figura 5 – Identificação das relações, custos e atribuições das Unidades de Cuidados 
Intermediários Respiratórios (RICU) e Centros de Desmame (WC) na dinâmica das 
instituições de saúde 
42 
 
CONCLUSÃO 
 
 Com base no exposto, conclui-se que a ventilação mecânica invasiva (VMI) é um fator 
primordial no tratamento de pacientes com insuficiência respiratória. No entanto, a retirada do 
suporte ventilatório é uma meta eminente, assim que o doente tenha condições de fazê-la. 
Precocidade na descontinuação da VMI, bem como prolongamento desnecessário da mesma 
acarretam aumento substancial de morbimortalidade para pacientes e elevam os custos para 
instituições de saúde. 
 Desta maneira, o desmame de ventilação mecânica invasiva (DVMI) surge como tema 
de domínio imprescindível para o tratamento pleno de todo paciente com insuficiência 
respiratória e necessidade de ventilação mecânica invasiva. Suas bases atuais apontam que os 
esforços para buscar critérios de elegibilidade para teste de respiração espontânea (TRE), bem 
como sua aplicação, modalidades e condutas posteriores são relativamente recentes, datando de 
1995. Anterior a esta data, tinha-se apenas o julgamento clínico intuitivo como base para 
tomada de decisões. Essa talvez seja a razão pela qual muitas instituições de saúde ainda não 
adotam estratégias firmes para o DVMI. Alguns trabalhos relatam que até 40% das instituições 
de saúde ainda não tem na estratégia protocolizada sua principal arma para o tratamento desses 
doentes. 
Assim, este campo do saber na medicina vem sendo alvo de diversos estudos parasistematizar a melhor abordagem nos casos de DVMI. O ponto chave abordado na construção 
deste trabalho é a necessidade de diretrizes claras e concisas elaboradas por cada instituição de 
saúde de acordo com suas peculiaridades, visando identificar diariamente doentes com 
capacidade de iniciar o processo de desmame e, com isso, diminuir seu tempo de estadia em 
Unidades de Trauma e UTI, bem como tempo de dependência do ventilador mecânico. 
Apesar de pequenas divergências/abordagens de autores sobre alguns critérios, 
sobretudo no que se refere aos critérios de elegibilidade para o desmame, buscou-se utilizar 
durante o desenvolvimento deste estudo o que parecia mais uníssono de acordo com a literatura 
disponível. No que versa sobre TRE, encontrou-se uniformidade maciça quanto seu tempo de 
duração, modalidades, critérios de sucesso e falha e condutas em ambos os casos. 
Conforme a proposta do trabalho, procurou-se analisar o conhecimento de médicos 
plantonistas das Unidades de Trauma e Terapia Intensiva do Hospital Geral de Roraima (HGR) 
no ano de 2016 sobre o DVMI. Para tanto, foi aplicado questionário estruturado com intuito de 
verificar o perfil dos médicos dessas unidades, analisar o conhecimento sobre o tema 
43 
 
propriamente dito e, por fim, obter quais os pontos que, em sua opinião, dificultam a realização 
do DVMI adequadamente. Encontrou-se os seguintes resultados: 
1- À época do estudo, evidenciou-se o seguinte perfil de médicos plantonistas nas 
Unidades de Trauma e Terapia Intensiva do HGR: maioria absoluta de homens 
(84,61%), com faixa etária entre 25-34 anos (76,92%), tempo de atuação em 
medicina entre 4-8 anos (53,84%), e tempo de atuação em unidades de trauma e 
terapia intensiva entre 0-3 anos (53,84%). No que se refere ao caráter da Instituição 
de Ensino Superior (IES) durante a graduação, 84,61% concluíram seu ensino 
superior em IES pública, com concentração maciça na região Norte (92,30%). 
Grande parte não possuía Residência Médica (61,53%) ou Subespecialidade Médica 
(84,61%). Quanto a capacitação em VMI, a maioria (46,15%) adquiriu em cursos 
extracurriculares, enquanto que 7,69% o fizeram durante a graduação e partes iguais 
(23,07%) obtiveram durante a Residência Médica ou não obtiveram nenhuma 
capacitação acerca do tema. 
2- Sobre o DVMI propriamente dito, observou-se taxa global de “Domina 
Corretamente Critério (DCC)” em 45,05% das questões, enquanto que “Não 
Domina Critério (NDC)” foi verificado em 54,95%. Após análise dos dados, 
identificou-se que os sujeitos da pesquisa possuem clareza quanto ao principal 
critério utilizado para iniciar o desmame (DCC 76,92%) e estabilidade neurológica 
(DCC 84,61%). As outras estabilidades de sistemas orgânicos, como cardiovascular 
e metabólica, tiveram pior desempenho, com DCC respetivamente de 07,69% e 
30,76%. Desta forma, pode-se inferir que o maior conhecimento sobre estabilidade 
cardiovascular e metabólica poderia auxiliar na escolha do momento mais adequado 
para iniciar o desmame de ventilação invasiva, mesmo que alguns trabalhos apontem 
que muitos pacientes são desmamados com sucesso mesmo sem preencher todos os 
critérios para iniciar o desmame. Sendo assim, nessas condições, o DVMI deve ser 
discutido com seus pares e somente iniciado quando a equipe médica realmente 
confiar na possibilidade de sucesso deste procedimento. Já no que se refere ao TRE, 
encontrou-se piores desempenhos no tocante a escolha do tempo adequado (DCC 
07,69%) e modalidade de escolha para TRE (DCC 38,46%). Melhores performances 
foram adquiridas quando questionados sobre parâmetros de sucesso e falha no TRE 
(DCC 69,23%) e medidas complementares para extubação (DCC 84,61%). 
Julgamos que a falta de domínio para assegurar um TRE calcado em princípios 
rígidos pode ser o fator mais danoso para o aumento de taxas de falha no DVMI e, 
44 
 
com isso, elevar a morbimortalidade dos pacientes, trabalho da equipe de cuidados 
e gastos das instituições de saúde. Desta forma, pretendemos, com nossas propostas 
de intervenção, garantir melhoria na prestação de serviço aos pacientes e aos 
serviços de saúde. 
3- Questionou-se ainda, por fim, quais as principais dificuldades encontradas pelos 
respondentes para realização do DVMI de maneira adequada. Encontrou-se, 
curiosamente, todas as propostas de intervenção nas barreiras descritas pelos sujeitos 
da pesquisa. Foram relatadas ausência de capacitação e equipamentos como as 
principais dificuldades (69,23%), seguidas por ausência de treinamento em equipe 
(38,46%), falta de protocolos na instituição (30,76%) e taxa de (07,69%) para 
inexistência de unidade semi-intensiva. 
Como propostas de intervenção para melhoria do cenário atual, sugeriu-se duas (2) medidas 
que, aos olhos do pesquisador, influenciariam positivamente tanto para pacientes quanto para 
instituições de saúde. São elas: 
1- Criação de fluxograma/organograma sobre DVMI para as Unidades de Trauma 
Terapia Intensiva do HGR: baseado nos preceitos e trabalhos usados para construção 
deste estudo, pretende-se sugerir a criação de fluxograma/organograma com vistas 
a sistematização do processo de DVMI e busca diária de paciente elegíveis para tal. 
Acredita-se que esta intervenção é a base para melhorar a prestação de serviços aos 
pacientes e serviços de saúde. O fluxograma/organograma sugerido está contido na 
página 39 deste trabalho. 
2- Sugestão de criação de unidades de cuidado intermediários respiratórios (RICU) e 
centros de desmame (WC): a criação de RICU e WC em instituições de saúde pode 
mudar a realidade atual dos custos para as mesmas e melhorar as taxas de sucesso 
no desmame de pacientes, sobretudo os pacientes em desmame prolongado 
(pacientes com mais de 3 TRE falhos ou mais de 7 dias do primeiro TRE). Sobre a 
RICU, sua proposta é de interface entre serviço de pronto atendimento e Unidades 
de Trauma e Terapia Intensiva. Propõe-se a cuidar de doentes com insuficiência 
respiratória aguda ou falha respiratória crônica agudizada (ACRF), diminuindo 
assim a taxa de intubação nesses casos, lançando mão de outras estratégias, como, 
por exemplo, ventilação mecânica não-invasiva (VMNI). Trabalhos relatam 
economia para serviços de saúde da ordem de 40% do custo/dia por paciente com 
essa estratégia, se comparados com os custos das UTI´s Geral. Já WC, por sua vez, 
tem intuito de tratar pacientes em desmame prolongado. Nestas unidades, tem-se 
45 
 
início de programas de reabilitação pulmonar com equipe multidisciplinar, bem 
como outros serviços, a citar a ponte para home-care, dentre outros. Economias da 
ordem de 68,70% do custo/dia por paciente, se comparados com UTI, foram 
verificados. Taxa global de sucesso no desmame com as duas estratégias (RICU e 
WC) foram de 79,60%, indicando um ótimo caminho a ser trilhado nesse sentido. 
 
Pretendeu-se com este trabalho dar uma singela contribuição com as melhores intenções 
possíveis visando aumentar as taxas de sucesso com o desmame de ventilação mecânica 
invasiva e diminuir os custos das instituições de saúde com os pacientes nestas condições. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
1. HOELZ; C et al 2010. Desmame da Ventilação Mecânica (IN) KNOBEL, E. 
Condutas no paciente grave. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2006 
2. CIPRIANO; G et al 2011. Desmame da Ventilação Mecânica (IN)GUIMARÃES, H; 
LOPES, R; LOPES, A. Tratado de medicina de Urgência e Emergência Pronto-
Socorro e UTI. 1ed. São Paulo: Atheneu, 2011 
3. GOLDWASSER; R et al 2007 (IN) Desmame e interrupção da ventilação 
mecânica. 3 Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica: Jornal Brasileiro de 
Pneumologia, 2007 
4. SANDRI; P et al 2014 Manual Prático de Ventilação Mecânica em Pronto-socorro 
e UTI. 1.ed. São Paulo: Atheneu, 2014 
5. PASTORE; L et al. 2006 (IN) SCHETTINO; G et al 2006. Paciente crítico: 
diagnóstico e tratamento:

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