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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 4 2 URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS ....................................................... 5 3 Organização do Atendimento às Urgências e Emergências: Rede de Atenção às Urgências (aspectos éticos, legais e fluxos de atendimento). ......... 6 3.1 Ética e saúde ............................................................................... 7 3.2 A dimensão Ética no atendimento das urgências/ emergências . 8 4 ACOLHIMENTO COM AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 11 4.1 Acolhimento e classificação de risco ......................................... 11 4.2 Sistema Manchester de classificação de risco .......................... 16 4.3 Atuação do Enfermeiro nos Serviços de Urgência e Emergência 19 4.4 Segurança do Paciente na Sala de Emergência. ...................... 25 4.5 O estímulo a prática .................................................................. 27 5 DISTÚRBIOS DE RITMO E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA . 29 5.1 Tipos de insuficiência cardíaca ................................................ 31 5.2 Sintomas de insuficiência cardíaca grave ................................. 32 5.3 Medidas gerais .......................................................................... 33 5.4 Tratamento de insuficiência cardíaca aguda ............................. 34 5.5 Síndromes coronárias agudas ................................................... 35 5.6 Sinais e sintomas ...................................................................... 37 5.7 Cuidado pré-hospitalar .............................................................. 37 6 DIRETRIZ DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR E CUIDADOS CARDIOVASCULARES DE EMERGÊNCIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA .................................................................... 38 6.1 Epidemiologia da Parada Cardiorrespiratória e Apresentação da Diretriz 41 3 6.2 Aspectos epidemiológicos da PCR ........................................... 41 6.3 O sucesso de uma RCP ............................................................ 42 7 SUPORTE BÁSICO DE VIDA NO ADULTO .................................... 44 8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 60 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS Frente à situação atual do atendimento às urgências e emergências no cenário nacional nota-se o crescente direcionamento, por parte dos governos, da população às UBS e sua inserção nos programas de atenção à saúde criados. Ao se analisar o quadro, deparamo-nos com certo despreparo profissional acerca de atendimentos emergenciais à coletividade, sobretudo, no controle das portas de entrada dos hospitais a partir de sistematização assistencial concomitante ao órgão regulador de leitos de urgência. Visa a detecção rápida do diagnóstico e o direcionamento das intervenções adequadas às necessidades de caráter emergencial e urgente, haja visto a compatibilidade com este nível de assistência. Embasada a partir da dicotomia entre o binômio teoria/prática, vê-se a necessidade de releitura do processo de trabalho em enfermagem repensando o modelo de préstimo assistencial e a carência de implementação de um Protocolo que normatize e possibilite a prestação de atendimentos primários às situações mediatas ou imediatas nas UBS adotando um plano de Acolhimento com Classificação de Risco. Vamos estudar questões organizacionais, bem como possíveis implicações éticas, que permeiam a prática da equipe de saúde, numa unidade de urgência/emergência. Inicialmente, focalizamos o atendimento as causas externas e sua relação com a organização do trabalho e a Ética no ambiente hospitalar, abordando, a seguir, a dimensão Ética no atendimento de urgências/emergências. As questões organizacionais e Éticas necessitam ser assumidas, tanto pelos gestores quanto pela equipe de saúde que atua nestas unidades, já que, mesmo na precariedade, os profissionais tentam atender as vítimas de trauma, visando mais beneficência, ainda que danos possam advir de um atendimento prestado em condições inadequadas. (BRASIL, 2009) 6 3 ORGANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS: REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS (ASPECTOS ÉTICOS, LEGAIS E FLUXOS DE ATENDIMENTO). Observa-se, ainda hoje, que a organização do trabalho nas instituições hospitalares está, basicamente, fundamentada nas teorias da administração clássica, científica e burocrática, assim como, também cristalizada, dominada e conformada culturalmente pelas circunstâncias situacionais do surgimento do modelo neoliberal. Os hospitais inseridos no atual contexto deste modelo necessitam de diversas fontes de custeio para manter-se, utilizando-se de convênios privados, cooperativas e, como principal fonte de renda, na maioria das vezes, o Sistema Único de Saúde (SUS). (DESCOVI, 2009) Porém, mesmo os hospitais com grande dependência do SUS desfrutam razoável grau de autonomia para organizarem seu próprio processo de trabalho e modelo assistencial. Dessa forma, é comum a falta de padrões de mensuração da qualidade do atendimento prestado, além de um gerenciamento eficaz do processo de trabalho, que dê conta das relações entre trabalhadores, usuários, instituições e gestores, buscando responder as diretrizes do SUS. Assim, na atualidade, tanto em serviços privados quanto públicos, observa-se um distanciamento entre gestores, instituições, equipe de saúde e clientela, gerando, em vários serviços de saúde, uma apatia burocrática, desinteresse e alienação, tornando-os paradigmáticos da indiferença e da falta de sensibilidade, diante do sofrimento humano. Isso representa a medicalização do usuário sem a garantia da resolução do seu problema, centrada, frequentemente, apenas na consulta médica e em condutas de baixa resolutividade. Portanto, pode-se concluir que muitos serviços de atendimento saúde estão organizados submetendo a qualidade do trabalho produção e direcionada em maior escala, aos interesses econômicos e, em escala muito menor, promoção do homem, seja como cliente, seja como profissional. Fica evidente uma grave situação, referente a utilização do bem público em benefício do privado, uma vez que os hospitais costumam oferecer atenção básica, especializada e de urgência [...], segundo a modalidade de pronto-atendimento, 7 ou seja, atendimento imediatista e de baixa resolutividade. Daí a necessidade da qualificação de gesto dos serviços prestados à população, por meio da incorporação a máquina pública de serviços mais eficientes,resolutivos e acolhedores, assim como a necessidade de reflexões, na busca da eticidade e moralidade dos profissionais na realização do seu trabalho, numa tentativa de romper com a subalternidade e a submisso ao sistema organizacional, para prestar um atendimento respeitando a pessoa humana em sua integralidade. (PORTAL DA SAÚDE BRASIL, 2019) 3.1 Ética e saúde Na área da saúde, principalmente em unidades de emergência, muitas equipes que nelas desenvolvem suas atividades prescindem do necessário comprometimento profissional, frente as diversas situações organizacionais que emergem, com implicações éticas no atendimento, necessitando ser discutidas e refletidas. Nessa concepção, a eticidade aparece como uma condição humana de vir a ser ético e a ética como fator emergente da racionalidade, guiadas pelo pressuposto da autonomia. Desse modo, existem princípios básicos que fundamentam o fazer dos profissionais da área da saúde e funcionam como guias de conduta para a Ética profissional. Só eles: respeito a autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. Uma pessoa é considerada autônoma, quando é dotada de habilidades para o autogoverno, sabe deliberar e fazer escolhas. Assim, no ambiente dos serviços de saúde, deveria haver a consulta aos usuários sobre seus desejos e planos, a partir de informações claras e acessíveis sobre o processo saúde doença por eles vivenciado, respeitando a dignidade do paciente, oferecendo a ele e a seus familiares um acolhimento global, e não apenas limitado a patologia que justificou a assistenciais. Por outro lado, também o profissional da equipe tem direito a autonomia, mesmo que está no seja plenamente exercida no ambiente de trabalho, devido a existência de regras e padrões hierárquicos institucionais que necessitam ser seguidos. O princípio da não maleficência tem a rigorosa incumbência de não permitir prejudicar e no impor riscos. O ato de cuidar compreende agir de maneira apropriada para evitar danos, tal qual é exigido de pessoas prudentes e sensatas. (BRASIL, 2004) 8 Na equipe de saúde, na prática profissional constitui exemplo de maleficência causada pela inobservância dos padrões profissionais de cuidado. O princípio da beneficência busca prevenir e eliminar danos, pesar e fazer um balanço sobre os bens, cujo objetivo central é prover benefícios e promover o bem. Este princípio rege a atividade profissional da maioria das equipes que trabalham em unidades de emergência, pois todos precisam atuar baseados no fato de estarem prestando o bem, mesmo que, diante de condições adversas para o atendimento, prestem-no de forma extremamente corajosa, e até mesmo, de modo improvisado, porém sempre visando o restabelecimento emergencial de seus usuários. O princípio da justiça trata de área distributivas, justas, equitativas, apropriadas e determinadas por normas, que se justificam estruturalmente nos termos da cooperação social, estendendo-se aos direitos e responsabilidades dos cidadãos, na sociedade, em termos civis e políticos. No existe um ˙nico princípio capaz de encaminhar todos os conflitos nesta área. Por isso, uma área justa considera os princípios da ética, em casos específicos que, ponderados em contextos particulares, podem ser analisados em sua real consistência. (DESCOVI, 2009) 3.2 A dimensão Ética no atendimento das urgências/ emergências O sistema de saúde, no Brasil, foi implantado com várias lacunas administrativas. Portanto, não se organizou uniformemente, pois não dispondo de estrutura própria e capacitada, buscou a terceirização do que lhe faltava ao propósito inicial de dar cobertura assistencial integral a toda a população. Não devemos esquecer o fato de haver um custo econômico elevado para os cofres públicos, quando uma das fontes de renda dos hospitais privados passou a ser o SUS. Por sua vez, a falta de indignação da população, em relação aos padrões de qualidade para os atendimentos aos usuários do SUS, contribui para que as instituições privadas permaneçam, ainda hoje, oferecendo-lhes uma infraestrutura precisa, desrespeitando o direito constitucional e ferindo os princípios Éticos envolvidos no atendimento à saúde de cada indivíduo. Outro fator de repercussão ética e o desvio de usuários do atendimento público para o atendimento privado, onerando o paciente que poderia estar utilizando aqueles 9 serviços, embora ocupando o espaço público para a prestação do atendimento privado. Além disso, há um custo para com a eticidade dessa relação, que se alia aos interesses econômicos mais do que em investimentos na promoção do ser humano, usuário ou profissional dos serviços de saúde. A partir deste contexto organizacional e frente ao vertiginoso crescimento da violência e de acidentes, buscamos estabelecer uma relação destes fatores com as unidades de emergência, portas de entrada da população acometida por lesões decorrentes dessas situações nos serviços de saúde, uma vez que o que vemos na prática, em relação a estas unidades, é que estão, na maioria das vezes, estruturalmente desorganizadas e despreparadas para atender ao que se propõem e, principalmente, sem profissionais suficientemente capacitados e amparados para atuarem e acolherem a população acometida por trauma decorrente de acidente ou violência, ou seja, o profissional tem de enfrentar dificuldades decorrentes da burocratização do serviço e da cristalização das questões organizacionais, com repercussões éticas, tais como: superlotação de usuários, sobrecarga de trabalho, carência qualitativa e quantitativa de recursos humanos, estrutura física inadequada, precariedade ou ausência de equipamentos e de materiais para o necessário atendimento, dentre outros. O problema da superlotação vem se agravando nos locais de atendimento a urgências/emergências, fenômeno conhecido, tanto pelas instituições de saúde públicas ou privadas, sejam hospitalares ou da rede básica, como pelos profissionais de saúde, usuários e população. As consequências das elevadas taxas de ocupação dos leitos de observação das emergências, devido a necessidade de uma resolutividade e acolhimento, bem como uma elevada procura por consultas médicas, muitas vezes desnecessárias, o que implica custos individuais e desperdício de recursos públicos, já que boa parte da população que procura este serviços não necessita deste tipo de atendimento, mas de atendimentos de baixa complexidade, frequentemente voltados a doenças crônicas não transmissíveis próprias do processo de envelhecimento da população. (PORTAL DA SAÚDE BRASIL, 2015) Nesta realidade, ainda com um modelo médico-centrado, as próprias unidades básicas, ao excederem seus limites de capacidade, ou ao finalizarem suas fichas de atendimento médico, direcionam pacientes aos serviços de emergência, contribuindo para a superlotação destas unidades que, 10 sobrecarregadas, podem negligenciar parâmetros, descaracterizando-se de sua real finalidade, pois todos os espaços vem sendo ocupados, gerando dificuldades para a realização de qualquer tipo de ação, até mesmo o atendimento as necessidades mais básicas do ser humano. Dessa forma, frequentemente usuários questionados diante de todos aqueles que dividem um espaço restrito, pela proximidade dos leitos. As abordagens feitas pela equipe de saúde são presenciadas por todos que ali se encontram e a privacidade é constantemente violada. Estas situações demonstram as limitações do ambiente, que submetem os usuários a constrangimentos físicos e morais, ferindo princípios de justiça, pois todos possuem o direito de ser respeitados na sua autonomia como cidadãos, e de receber atendimento com estrutura física, recursos materiais e equipamentos compatíveis com suas necessidades, prestado por equipe qualificada para este fim. A superlotação dos prontos atendimentos além de provocar umóbvio desgaste, devido à sobrecarga de trabalho, causa ainda, um sentimento de desperdício da vocação maior do serviço que seria salva-vidas, bem como de subutilização do alto preparo técnico dos profissionais. Sendo assim, o excesso de atividades parece levar os profissionais da unidade de emergência a trabalharem, de forma constante, sob pressão e sobrecarga mental. Esta condição pode favorecer a ocorrência de acidentes de trabalho e sofrimento psíquico, além do surgimento de doenças psicossomáticas de diversas naturezas, bem como conduzir ao uso abusivo de medicações controladas; consumo de álcool e outras drogas lícitas ou ilícitas; absenteísmo; rotatividade; conflitos profissionais e processos administrativos de ordem disciplinar. Frente a todas estas questões vivenciadas, a equipe ainda necessita estar preparada e qualificada para minimizar os fatores de agressão representados de diversas formas, em momentos críticos e situações de crises emocionais, com equilíbrio para tomar decisões de toda ordem. (BRASIL, 2009) A equipe que atua na unidade de emergência necessita estar preparada com o mais alto nível de profissionalização para atender aos usuários acometidos por causas externas, principalmente em se tratando de um setor onde a lógica e o pensamento voltam-se ao modelo biomédico. Dessa forma, as educações continuadas e permanentes, assim como os treinamentos para utilização de protocolos de atendimento imediato ao trauma, possibilitam maior 11 autonomia aos profissionais da equipe de saúde, rompendo paradigmas e exigindo transformações conceituais no atendimento a esta população específica. A qualificação dos recursos humanos na prestação de atendimento aos serviços pré-hospitalares, hospitalares e de reabilitação, bem como, a tentativa crescente de conhecer o impacto da violência sobre a saúde, requer novas habilidades, equipamentos e organização do sistema de saúde, com uma estrutura física planejada, equipamentos, materiais e equipes completas, considerando as características do hospital, com o objetivo de atender a finalidade a qual se destina. Esses desafios exigem amplas reflexões, decisões que fazem parte das políticas públicas, dentre elas a Política Nacional de Redução de Acidentes e a Violências. (BRASIL, 2004) 4 ACOLHIMENTO COM AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Conceituando urgências e emergências Segundo a Resolução Conselho Federal de Medicina (nº 2.077/14), serviços Hospitalares de Urgência e Emergência são os encontrados em prontos atendimentos, prontos socorros e emergências hospitalares. As emergências são identificadas de acordo com a condição clínica de agravo a saúde, que implicam em sofrimento ou risco de morte, necessitando de atendimento imediato. No que se refere as urgências, são agravos à saúde, com ou sem risco potencial, do qual o usuário necessita de assistência imediata (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). E ainda de acordo com Oliveira et al. (2011), situações de emergência são caracterizadas por casos nos quais o atendimento deve ser de forma imediata. E no que se refere as urgências são os casos em que o atendimento pode esperar por até duas horas. 4.1 Acolhimento e classificação de risco No campo da saúde pública no Brasil, especialmente nas últimas duas décadas, alguns avanços foram feitos, mas ainda existem muitas dificuldades a 12 serem superadas. Com a expansão dos padrões de universalidade, justiça e integridade, muitos avanços podem ser observados na descentralização e regionalização da gestão em saúde. No entanto, a descentralização e a verticalização dos processos de trabalho dificultam a relação entre os diferentes profissionais, usuários e equipe de trabalho. Portanto, se você não estiver preparado para compreender essas dimensões sociais, a prática de atenção se tornará frágil. As discussões sobre os modelos de atenção e gestão médica, envolvendo a formação de profissionais e métodos de controle social, são essenciais. É por essas razões que o Ministério da Saúde propôs a política nacional de humanização do tratamento e gestão médica no exercício de sua competência. Ao enfatizar a humanização do tratamento médico surgiu o problema básico de nortear a construção da política de saúde. Humanização refere-se à prestação de uma assistência de qualidade, o que a vincula a inúmeros avanços tecnológicos e aceitação, e é qualificada para atender o meio ambiente de assistência, proporcionando melhores condições de trabalho aos profissionais de saúde. Como política transversal de saúde, baseia- se na superação de diferentes núcleos de poder/saber essenciais para a construção da saúde. (BRASIL, 2004). A humanização é uma estratégia desenvolvida para qualificar a atenção e a gestão em saúde no Sistema Único de Saúde, estabelece construções de atitudes ético-estético-políticas com co-responsabilidade e construção de vínculos, entre profissionais e usuários, na produção de saúde (BRASIL, 2009). No entendimento de Brasil 2010, “o acolhimento como ato ou efeito de acolher expressa, em suas várias definições, uma ação de aproximação, um “estar com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão. ” A marca do acolhimento em saúde é a adoção de medidas de assistência técnica, que pressupõem mudanças na relação entre profissionais e usuários e as normas éticas, humanitárias e técnicas de suas redes, uma vez que os usuários são legalizados como participantes ativos e valiosos no processo de atendimento. É uma forma de realizar o processo de trabalho, pode atender às necessidades de todos os usuários que buscam atendimento, ouvir seu sofrimento, ter capacidade de ouvir, acolher e confortar. Desta forma, é prestado um serviço responsável e resoluto para com o utilizador do serviço. Para acolher, 13 não há necessidade de profissionais especializados, ou da área da saúde, ou mesmo de um local específico, apenas compartilhando conhecimentos, ansiedades e possibilidades. Nessa perspectiva, entendemos como uma ação que deve ser realizada em todos os horários e locais dos serviços médicos. Apesar do acolhimento e a classificação de risco serem tecnologias com objetivos diferentes, elas complementam-se, a partir da singularidade dos serviços, podendo até funcionar em ambientes físicos separados, mas nunca em situação desigual no processo de trabalho (BRASIL, 2009). Brasil (2004), define “a classificação de risco é processo dinâmico de identificação de pacientes que necessitam de tratamento imediato, de acordo com o potencial de risco, os agravos à saúde ou o grau de sofrimento. ” A classificação de risco é um instrumento de mudança da lógica do atendimento, onde a prioridade do atendimento é baseada na gravidade clínica ou na dor do usuário, e não é mais realizada pela ordem de chegada ao serviço. É realizado por profissionais de saúde por meio de protocolos predefinidos para avaliar os usuários. A classificação de risco e os níveis de aceitação determinam a agilidade do cuidado com base em análises clínicas e protocolos pré-estabelecidos que definem o cuidado de acordo com o nível de necessidade do usuário. Portanto, de acordo com a análise e classificação de suas necessidades, os serviços serão prestados a todos os usuários que procuram o serviço, de forma a diferenciá-lo do modelo de classificação tradicional por ordem de chegada (BRASIL, 2004). O Acolhimento e classificação de risco em serviços de urgência e emergência. Após a criação de um sistema único de saúde, um dos maiores problemas enfrentados é como garantir que os usuários acessem os serviços e atendam às suas necessidades. Em particular, os usuários acreditam que os serviços de emergência são a principal e melhor porta de entrada da rede de saúde, o que acaba levando à superlotação desses serviços, criando obstáculos no atendimento das necessidades dosusuários e encontrando processos organizacionais difíceis para determinar quais deles mais precisam (DESCOVI, 2009). 14 Estas são as diretrizes específicas para atendimento de urgência: acolher as necessidades do usuário por meio de padrões de avaliação de risco, garantir que outros níveis de ajuda sejam citados quando necessário; prometer encaminhar e reverter esses usuários, aumentar a resolução e facilitar o acesso aos serviços conforme necessário; definir para garantir a eliminação acordo de intervenção desnecessária, buscar sempre respeitar as necessidades de cada sujeito (BRASIL, 2004). Os serviços de urgência e emergência têm como objetivo prestar atendimento aos usuários que buscam atendimento em condições clínicas graves ou variáveis para acolher e orientar situações não emergenciais que podem ser tratadas em outros serviços de menor complexidade. A principal recomendação dos serviços hospitalares de emergência é manter o acesso e acolhimento dos usuários que necessitam de atendimento imediato de forma estruturada para prevenir complicações e efeitos do tratamento medicamentoso decorrentes do tratamento ou operação inadequada, evitando assim, lesões físicas temporárias ou permanentes por invalidez até mesmo a morte (SOUZA, 2011). Nos serviços de saúde, o acolhimento deve ser entendido como um típico critério político/ético/estético da saúde e deve ser utilizado como instrumento técnico de escuta, estabelecendo conexões entre os diferentes atores do processo e garantindo o acesso às oportunidades e na responsabilidade e capacidade de resolução do serviço O acolhimento e classificação de risco caracterizam-se como uma das ações primordiais na reorganização do fluxo das portas de urgência e emergências e na construção da produção de saúde em rede (BRASIL, 2009). Segundo Oliveira et al. (2010, p. 47), “a implementação da Política Nacional de Humanização possui quatro marcas de governo específicas e uma delas pretende a redução de filas por meio de acolhimento com avaliação de risco e agilidade. ” Ao se referir ao fluxo de trabalho da equipe de pronto-atendimento, os profissionais devem acolher de forma que garanta escuta qualificada, analisar lacunas de forma responsável e se responsabilizar pela resolução das necessidades espontâneas e primeiros atendimentos. 15 As análises dos riscos e vulnerabilidades não devem ser competências somente dos profissionais da saúde, deve-se envolver neste processo o usuário e seu contexto social. Estas análises implicam ao profissional atentar-se tanto ao sofrimento físico quanto psíquico dos usuários (BRASIL, 2009). O objetivo da classificação de risco é avaliar o paciente na entrada quando da sua chegada para fornecer um atendimento humano; tornar o pronto-socorro mais curto; reduzir o tempo de espera para atendimento médico; determinar a área de atendimento básico e encaminhar o paciente diretamente para o especialista; informar o tempo de espera; divulgar uma ampla gama de informações sobre a prestação de serviços aos usuários; devolver informações aos familiares. (SOUZA, 2009, apud COSTA, 2012, p. 18). A classificação de risco é um instrumento que, além de ordenar o fluxo de atendimento nos setores de Prontos atendimentos, propõem que os atendimentos sejam realizados conforme parâmetros clínicos e não por ordem de chegada. Possui também outros objetivos significativos, dentre eles assegurar, conforme o grau de risco, o atendimento imediato ao usuário, abordar com usuários e familiares sobre o provável tempo necessário de espera para atendimento, incentivar o trabalho em equipe e, fornece adequadas condições de trabalho pela ambiência e inserção do cuidado, obter o aprazimento dos usuários ainda possibilitando as articulações com os serviços internos e externos de atendimento A classificação de risco é uma ferramenta, além de ordenar o processo de atendimento no pronto-socorro, recomenda-se que o atendimento seja realizado de acordo com parâmetros clínicos e não por ordem de chegada. Também tem outros objetivos importantes, como garantir o atendimento imediato aos usuários de acordo com o nível de risco, contatar os usuários e familiares sobre possíveis tempos de espera pelo atendimento, estimular o trabalho em equipe e proporcionar aos usuários condições de trabalho adequadas. A atmosfera e a inserção da enfermagem podem trazer diversão aos usuários, ao mesmo tempo em que se conectam por meio de serviços de enfermagem internos e externos (BRASIL, 2009). Todos os indivíduos que procuram o serviço deverão ser atendidos por profissional da equipe técnica, e este deverá escutar suas queixas, aflições e medos, buscando identificar o nível de risco e vulnerabilidade, proporcionando 16 resolução as necessidades imediatas e articulando com os demais serviços de forma resolutiva, quando este não está ao alcance do próprio serviço. O acolhimento e classificação de risco rompe com o modelo de saúde centrado apenas no médico, ao envolver os demais profissionais da saúde no processo de produção à saúde, cada um com suas habilidades e particularidades da profissão. Esta mudança no modelo de atendimento passa a exigir mais dos demais profissionais, que antes pareciam ter seus conhecimentos sub- aproveitados, porém agora se tornam membros ativos na resolutividade dos problemas de saúde dos usuários (DESCOVI, 2009). 4.2 Sistema Manchester de classificação de risco Em 1994, surgiu o Grupo de Classificação de Risco de Manchester, com o objetivo de estabelecer um acordo de classificação de risco padronizada entre equipes de profissionais (principalmente médicos e enfermeiros) da área de urgência e emergência. O acordo foi estabelecido como uma ferramenta básica para o planejamento e logística dos serviços de emergência e emergência portugueses. Desde que o projeto começou a ser implementado no Brasil em 2007, tendo sido incentivado pelo grupo português a realizar a classificação de risco. Desde sua primeira edição, o conhecimento científico passou por inúmeras transformações, racionalizando as evidências da confiabilidade e da utilidade do acordo. Protocolo de Manchester tem como único objetivo priorizar os usuários com base na gravidade clínica dada durante a avaliação, a fim de determinar a forma de receber os serviços e seus hábitos de cuidado (DAMASCENO, 2014). O mecanismo de entrada Manchester é a principal reclamação ou representação do usuário, que é aplicado por meio de algoritmos e discriminadores associados ao tempo de espera, que são especificados por cores (JUNIOR; TORRES; RAUSCH, 2014). O profissional responsável pela classificação de risco através do Protocolo de Manchester segue o fluxograma de demonstração, que é encaminhado ao pessoal de identificação geral e específico, que deve determinar quais são os quadros de identificação de maior importância clínica. A partir da análise da informação recolhida, referem-se a quais identificadores 17 gerais ou específicos são utilizados para determinar a prioridade e a sua cor relativa, bem como o tempo de espera. Conforme tabela abaixo: Fonte: passevip.com.br O processo é um método conciso e centralizado no qual a informação é capturada e o método de prioridade de aplicação definido. Os dados de avaliação e tomada de decisão devem ser sistemáticos e baseados em informações relevantes. Esta capacidade deve ser responsável pelos seguintes aspectos dos profissionais são alcançados por meio do conhecimento, prática e comunicação eficaz com os usuários (JONES; MARSDEN; WINDLE, 2010). O enfermeiro frente ao acolhimento e classificação de risco Os serviços de urgência e emergência são considerados uma parte importante do atendimento médico à população brasileira e um portal para os usuários do sistema médico, o que tem gerado um grande aumento da demandapor serviços e produzido serviços médicos de longa duração. A não utilização de 18 padrões clínicos para organizar os serviços aos usuários, além de causar prejuízos, acaba interferindo no fluxo de trabalho da equipe e até mesmo ocasiona congestionamento do serviço. Assim, como forma de reorganizar os atendimentos, surgem as classificações de acolhimento e risco, para que os usuários não sejam mais orientados pelo atendimento por ordem de chegada, mas com base em padrões de gravidade clínica. (SOUZA, 2011). De acordo com a particularidade da profissão, o profissional enfermeiro é o mais indicado para receber concomitantemente a classificação de risco, pois a particularidade da profissão reside em estabelecer uma relação mais próxima com os usuários do setor saúde por meio da percepção, observação, comunicação e integralidade junto ao paciente. Essas considerações constituem o papel central do enfermeiro no processo de acolhimento e classificação de risco, que atua de acordo com a vulnerabilidade do usuário e as reais necessidades (CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE MINAS GERAIS, 2011). Segundo a resolução do Cofen (423/2012), “o enfermeiro deve estar dotado de habilidades e conhecimentos, garantindo que a classificação de risco e priorização da assistência aconteça de forma adequada. ” O primeiro contato, dos usuários, com profissional da saúde é na classificação de risco, com o enfermeiro. Nesse sentido, enquanto houver tempo para a promoção da saúde, além da divulgação das medidas de promoção da saúde, é necessário fornecer algumas informações sobre o percurso dentro do serviço e orientações sobre o tempo de espera pelo tratamento. Durante o período de classificação, o enfermeiro pode precisar realizar alguns primeiros socorros e, quando determinar a necessidade, deve realizar os primeiros socorros a fim de agilizar e promover o atendimento médico, trazendo assim o bem-estar do usuário. Além dessas atribuições, o enfermeiro também encaminha os usuários internamente de acordo com as facilidades do serviço e as práticas locais. (JONES; MARSDEN; WINDLE, 2010). Na perspectiva do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (2011), o enfermeiro é considerado o profissional mais indicado para a classificação de risco por meio do conhecimento clínico, habilidades relacionadas às condições clínicas e orientações utilizadas nos serviços. 19 O principal papel dos enfermeiros na classificação de risco é avaliar as prioridades com precisão e rapidez, tomando decisões e registros precisos. Devido à necessidade de verificar os sinais vitais, algumas avaliações requerem mais tempo para priorizar. Necessário interpretar, distinguir e analisar as informações coletadas pelos usuários, e analisar suas medidas de intervenção, caso não haja base de referência, essas decisões serão instáveis e aleatórias. A capacidade de tomar decisões confiáveis é essencial para o atendimento adequado ao paciente. (JONES; MARSDEN; WINDLE, 2010). Sob este enfoque Cofen (2012) afirma que “o enfermeiro deverá estar dotado dos conhecimentos, competências e habilidades que garantam rigor técnico-científico ao procedimento. ” A classificação de risco é um processo realizado por enfermeiros com nível superior e baseia-se na avaliação da gravidade ou eventual agravamento do quadro pela equipa médica com base em consenso previamente estabelecido. O protocolo predefinido utilizado neste processo sistematiza a classificação. A equipe de enfermagem tem papel central neste mais recente desenvolvimento assistencial da organização, ao implementar a classificação de risco, o profissional pode ampliar sua prática e conhecimento desde uma enfermagem humanizada, integral e eficaz para melhorar o escopo de utilização dos usuários. (VERSA, 2014) 4.3 Atuação do Enfermeiro nos Serviços de Urgência e Emergência O desenvolvimento científico ao longo dos anos tem sido a base para o aprimoramento do conhecimento, principalmente daqueles que destacam os fatores que levam à PCR, permitindo que as pessoas percebam que as alterações da frequência cardíaca são o principal fator na evolução da PCR e otimizam doenças pré-existentes, como a incidência de diabetes, hipertensão e doença arterial coronariana. De acordo com a pesquisa de Santos (2008), muitos motivos estão relacionados à PCR, mas pessoas com doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, história familiar de morte súbita, pneumotórax, broncoespasmo e 20 anestésicos têm maior chance de sofrer parada cardíaca. Considerando que as estimativas de vida das pessoas estão cada vez mais altas e o número de doenças epidêmicas que causam essa patologia está aumentando, juntamente com os hábitos de vida das pessoas, esta doença repentina é um retrógrado desencadeado por acidente, e o tratamento precoce não é procurado. Em relação à investigação da origem da parada cardíaca, constatou-se no estudo que 10 (71,43%) entrevistados responderam que a parada cardíaca geralmente ocorre no pronto-socorro de um hospital, enquanto 4 (28,57%) referiram que foi fora do ambiente hospitalar. A parada cardíaca é um evento que se realiza por meio de anúncio, pois as equipes de enfermagem e médica têm boas condições de predizer e detectar o evento com antecedência, e se a pesquisa mostrar que o evento foi realizado em ambiente hospitalar, é necessário fazer um diagnóstico rápido Deve-se à grande quantidade de equipamentos disponíveis para apoiar sua detecção e à alocação de grandes recursos humanos no pronto-socorro para evitar que os pacientes sofram de patologias que podem levar ao desenvolvimento de paradas. Carvalho (2010) destacou que a PCR pode surgir repentinamente ou ser tratada com sinais e sintomas. Porém, o paciente ou a equipe responsável pelo atendimento nem sempre valoriza esses preditores. FV (fibrilação ventricular) e taquicardia ventricular sem pulso são as causas mais comuns de PCR em adultos e são responsáveis por paradas cardíacas dentro e fora do hospital. Na maioria dos casos, são secundários à doença arterial coronariana aguda, geralmente causada por pacientes e espectadores, que muitas vezes encontram outras razões para os sintomas de dor no peito, sudorese ou dor abdominal superior. De acordo com as observações, a grande maioria dos enfermeiros entrevistados na pesquisa respondeu que, como o comportamento inicial, massagem e ventilação cardíaca, terapia farmacológica, avaliação dos sinais vitais e acesso venoso devem ser realizados ao mesmo tempo são procedimentos da conduta inicial. Tendo em vista que o comportamento realizado pelo enfermeiro é fator decisivo na sobrevida da PCR, pois, com a prestação desses serviços, o paciente pode se desenvolver ativamente no tratamento da patologia, portanto o conhecimento comprovado pelos 21 profissionais da área indica que as pesquisas que responderam corretamente qual é o seu principal comportamento neste período. A ressuscitação cardiopulmonar (RCP) é uma técnica simples realizada pela equipe de emergência no atendimento de pacientes com parada cardíaca. Assim que o coração para de bater, o procedimento combina ventilação de resgate e compressões torácicas externas para oxigenar e circular o sangue. A ventilação leva oxigênio para os pulmões, onde pode ser transportado para o sangue, de modo que as compressões torácicas podem transportar sangue oxigenado por todo o corpo. (CHAPLEAU, 2008). Quanto à ventilação, após o reconhecimento da emergência e o acionamento da equipe, os cuidados devem ser iniciados na seguinte ordem de prioridade: liberação da via aérea, utilizando hiperflexão e extensão do pescoço e elevação da mandíbula. No caso de não haver exercício respiratório, a verificação da ventilação deve ser realizada com um dispositivo de máscara valvular bolsa para ventilação auxiliar para verificar se háobstrução das vias aéreas e realizá-la antes de confirmar a instalação das vias aéreas. O referido autor também afirma que as compressões torácicas exercem pressão no terço médio externo. Essas compressões devem fornecer pressão intratorácica e pressão direta sobre o coração. A compressão eficaz é essencial para promover o fluxo sanguíneo durante a RCP. A terapia farmacológica desempenha um papel importante na busca do resgate da vítima, pois enquanto a reanimação continuar, drogas serão usadas até que apareça um bom pulso e uma oxigenação cerebral efetiva seja mantida. O objetivo dos medicamentos utilizados é corrigir a hipóxia, corrigir acidose metabólica, aumentar a perfusão durante as compressões torácicas, estimular a contração miocárdica, a frequência cardíaca e interromper a atividade ventricular ectópica (GOMES, 2008). Com o aumento gradativo da frequência da PCR em áreas não críticas, todos os profissionais médicos precisam concordar com os procedimentos, pois a sobrevida dos pacientes depende da habilidade do indivíduo e das ações imediatas de reanimação. Portanto, todos os profissionais devem desenvolver uma linguagem de serviço única para que o prognóstico do paciente seja desejável. 22 O atendimento aos requisitos de qualificação dos profissionais, os métodos levados às vítimas de PCR e o rápido acesso ao socorro são decisivos até na qualidade do atendimento. O departamento de emergência deve fornecer profissionais bem treinados, bem treinados e atualizados. Pode-se observar que 6 (42,85%) dos respondentes consultados em uma pesquisa, relataram ter recebido treinamento para usar o PCR pelo menos uma vez ao ano, enquanto 8 (57,15%) afirmaram não ter recebido treinamento. A sobrevivência do paciente está intimamente relacionada com as competências dos profissionais que prestam cuidados, sendo que estes devem receber uma formação destinada à aquisição de conhecimentos teóricos, competências práticas e atitudes profissionais, devendo estas formações trabalhar em conjunto na prática dos participantes para as promover desempenho. Os dados acima mostram que falta aos profissionais de emergência investimentos em treinamento e certificação, o que pode ser o diferencial para salvar a vida dos pacientes. Portanto, Viana e Whitaker (2011) apontam que toda a equipe, seja ela médica ou de enfermagem, precisa ser treinada e simulada com frequência. Sendo assim, no momento real em que ocorrer o PCR, todos saberão como fazer sua parte. Bellan, Araújo e Araújo (2010) apontam que, na formação do enfermeiro, o conteúdo teórico-prático relacionado às operações de PCR e RCP é superficial, limitado e, muitas vezes, não atende às necessidades dos alunos. Essas dificuldades se refletirão na prática desses profissionais, pois a experiência, por si só, não pode fornecer subsídios e embasamento teórico suficientes para suprir essa deficiência. A padronização do comportamento de RCP facilita a adoção de uma linguagem única entre os profissionais de saúde, aumentando assim a eficiência das técnicas e operações realizadas. De acordo com os dados da Figura 2, pode- se observar que 14 (100%) dos enfermeiros participantes do estudo referiram conhecer o procedimento, ou já utilizaram tecnologia de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) em algum momento. O profissional enfermeiro deve compreender o programa de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), pois esta categoria profissional pode iniciar procedimentos preliminares antes da PCR, sendo necessário atualizar o programa de acordo com as mudanças. 23 Segundo o estudo de Barbosa (2006), o conhecimento e a atualização sobre as recomendações das novas diretrizes de RCP são essenciais para reduzir a mortalidade relacionada à PCR em pacientes de qualquer faixa etária. Para realizar este procedimento, deve-se colocar a mão no meio da área externa, uma mão sobre a outra, e a depressão a ser feita no tórax deve ser de aproximadamente 4 ou 5 cm. O retorno total do tórax proporciona o retorno venoso do coração, que é essencial para a compressão eficaz do tórax, e o tempo necessário para a compressão para fazer o retorno total do tórax (CHEREGATTI; AMORIM, 2010). Conhecimento e atualizações sobre as recomendações das novas diretrizes de RCP são fundamentais, porque o enfermeiro geralmente é o primeiro membro da equipe a se deparar com uma situação de PCR, então ele precisa ter conhecimento sobre atendimento de emergência e tomar decisões, avaliar prioridades e determinar o que fazer imediatamente ação (ARAÚJO, 2001). O número total de compressões aplicadas durante a ressuscitação é um importante determinante da sobrevivência da PCR. O número de compressões aplicadas é afetado pela frequência de compressão e pontuação de compressão (parte do tempo total de RCP dedicado à realização da compressão); um aumento na frequência de compressão e pontuação aumenta o número total de compressões aplicadas, enquanto uma diminuição na frequência e pontuação reduz o número total de compressões aplicadas. Os escores de compressão melhoram a redução no número e na duração das interrupções de compressão e são reduzidos devido a interrupções frequentes ou prolongadas das compressões torácicas. Durante a ressuscitação cardiopulmonar, o objetivo é realizar compressões eficazes em uma frequência adequada (pelo menos 100 batimentos / min) e profundidade para minimizar o número de interrupções e a duração das compressões torácicas. Outros componentes da RCP de alta qualidade incluem a obtenção da retração torácica completa após cada compressão e evitar ventilação excessiva (AHA, 2010). Os dados coletados por meio da pesquisa mostraram que segundo os entrevistados 6 (42,85%) afirmaram que as vítimas foram a equipe médica, o tratamento farmacológico, a equipe de enfermagem e os técnicos e equipamentos, ou seja, todos os equipamentos citados. 4 (28,5%) responderam 24 apenas a equipe médica, 3 (21,4%) equipes de equipamentos médios e 1 (7,15%) equipamentos. É importante que cada organização de serviço de saúde tenha os recursos (humanos ou materiais) para tomar medidas contra quaisquer fatores agravantes. É através do trabalho conjunto entre os profissionais que o prognóstico da vítima muda, uma vez que eles apresentem despreparo ou incapacidade de realizar suas funções, estes devem ser incentivados a procurar treinamentos e capacitações, assim como programas de ensino e educação continuada. Quanto à falha nos materiais, é necessária solução de imediato, pois a ausência desses equipamentos fere o direito do paciente em ser atendido com o mínimo possível de qualidade e dignidade. O enfermeiro de emergência deve estar apto a auxiliar e identificar problemas de saúde em situação de risco e fazer sucessivas reavaliações posteriores conforme as mudanças apresentadas no quadro do paciente, visando sempre rapidez e sincronismo com a equipe para uma melhor assistência prestada. Reconhecida a Parada Cardiorrespiratória, a decisão de iniciar o processo de reanimação deve ser tomada pelo enfermeiro, sem ordens especificas: oxigenoterapia, preparo antecipado das drogas a serem eventualmente administradas e início das atividades de ressuscitação (GOMES, 2008). Para realização correta da RCP, devem existir materiais e equipamentos mínimos, tais como: monitor, eletrocardiógrafo, desfibrilador, tubos endotraqueais, cânulas para traqueostomia, laringoscópio, aspirador, ambú, máscara de oxigênio, e material cirúrgico. É necessário ter disponíveis medicações como adrenalina, atropina, bicarbonato de sódio, dopamina, dobutamina, amrinona e xilocaína (PIRES; STARLING, 2006). Ao analisar o Gráfico 4, nota-se que 4 (28,57%) dos enfermeiros entrevistados afirmam ter um protocolo de suporte básico e avançado de vida definido no hospital em estudo, enquanto que a maioria, 10 (71,43%)dos participantes responderam não haver protocolo definido no hospital. A importância da assistência prestada depende não só da qualidade do serviço como também dos protocolos de atendimento, é necessário seguir uma sequência pré-estabelecida para que as abordagens as vítimas sejam otimizadas. A falta desses protocolos pode levar a erros, assim como discordância de sequência do atendimento proporcionado, intervenções 25 precoces ou atrasadas, perda de tempo, falhas ou diminuição na qualidade dos resultados esperados. Corroborando com o suposto, Filho et al (2006) diz que medidas adotadas em situações de Parada Cardiorrespiratória (PCR) devem ser comprovadamente eficazes, e iniciadas no menor intervalo de tempo possível. Assim, ao estarmos diante de uma PCR, o tempo é o principal determinante de sucesso, visto que cada minuto perdido reduz a chance de sobrevida do paciente em 10%. Para esse intento, é fundamental estabelecer condutas e normas de procedimentos. O emergencista deve estar apto a rapidamente reconhecer, diagnosticar e executar manobras, instituindo o tratamento adequado. Em situações de risco iminente de morte, a tomada de decisão tem de ser rápida, e geralmente depende de um protocolo já estudado e definido. O Suporte Básico de Vida (SBV) consiste na oxigenação e na perfusão dos órgãos vitais, através de manobras simples e mantidas continuamente, já o Suporte Avançado de Vida (SAV) consiste nos seguintes passos: intubação oro traqueal, avaliação e fixação da cânula, acesso venoso e monitorização, administração de fármacos e avaliação do ritmo cardíaco. Cada um desses procedimentos é executado e atribuído a uma classe profissional, daí a necessidade de sequenciar e protocolar o atendimento. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014) 4.4 Segurança do Paciente na Sala de Emergência. Nos últimos anos, organizações nacionais e internacionais têm se empenhado em estimular práticas de segurança para minimizar o risco de lesões durante todos os níveis de atendimento médico e atendimento ao paciente antes do atendimento. O Ministério da Saúde define evento adverso (EA) como aquele que causa prejuízo pela assistência e nada tem a ver com a evolução natural da doença do paciente. Portanto, são considerados problemas de saúde não intencionais e atuais, causam danos mensuráveis e/ou prolongam o cuidado e a permanência hospitalar dos pacientes afetados, podendo levar à morte, ou seja, aumentam de forma direta possibilidade de mau prognóstico de recuperação Embora os EAs possam ocorrer em qualquer ambiente de atendimento e forma de prestação de cuidados de saúde, os dados da literatura estimam que 26 10% dos pacientes hospitalizados têm EAs evitáveis. Estudos têm demonstrado que o aumento da incidência de eventos adversos está relacionado à falta de capacitação profissional e à falta de educação continuada para o pessoal de emergência. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014) A falta de envolvimento dos profissionais no estabelecimento de protocolos e capacitação contínua leva à desmotivação para o atendimento, de forma a comprometer a qualidade na assistência e na gestão do setor. Entre os procedimentos passíveis de risco de eventos adversos graves durante sua execução na assistência pré-hospitalar, cita-se a intubação oro traqueal. Este método foi identificado como uma causa evitável de morte em pacientes com trauma e parada cardíaca. Vale ressaltar que, se o procedimento não for realizado de forma correta, há risco de eventos adversos graves, e os profissionais responsáveis pelo procedimento devem receber treinamento técnico e contínuo para a realização do procedimento, a fim de poderem tomar uma decisão e iniciar o atendimento. A busca pela oferta de segurança em todos os momentos assistenciais surgiu da vulnerabilidade do paciente enquanto sujeito de ações de saúde. Em análise da literatura dos países que compõe a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente identificou-se prevalência entre 3 e 16% de incidência de eventos adversos resultantes de cuidados médicos não seguros nas suas hospitalizações, dentre eles reduzir o risco de lesões decorrentes de quedas e o risco de infecções associados aos cuidados de saúde. A proteção ao paciente oferecida por meio de uma assistência segura é responsabilidade de cada profissional e do estímulo e clima estabelecidos pelas Instituições de saúde. Isto porque, embora o fator humano esteja presente nos eventos adversos, as condições de trabalho, aspectos estruturais e atividades desenvolvidas podem estar relacionadas ao desencadeamento de erros. Em razão do reconhecimento da interferência da estrutura e processos na dinâmica assistencial, a necessidade de maior investigação acerca das questões de segurança e as ameaças ao paciente em atendimento pré-hospitalar. Isso porque, além das ameaças comuns à segurança do paciente em serviços de emergência de rotina, fatores ambientais específicos encontrados na APS também levam ao aumento dos riscos. Conhecendo o ambiente hostil e especial dos profissionais do APH, percebemos a importância da participação de 27 todos os profissionais e gestores para o estabelecimento de protocolos de atendimento seguro. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014) Atividades e ações educacionais são necessárias para estabelecer uma rede de docentes específicos na área para prevenir o aumento de lesões. Essa estratégia deve ser adaptada à realidade assistencial do APH para melhorar a segurança do atendimento ao paciente em acidentes e emergências. É importante ressaltar que muitos são os fatores causadores de eventos adversos na enfermagem, que prejudicam a qualidade da assistência direta ao paciente e podem levar a sequelas em curto prazo e permanentes, o que reflete em custos sociais, além dos custos assistenciais. Desta forma a capacitação dos profissionais, através de treinamentos em serviço e educação permanente em saúde, se mostra como uma estratégia para a promoção da segurança do paciente no APH. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014) 4.5 O estímulo a prática É de suma importância os estímulos à participação dos profissionais de saúde em programas de aperfeiçoamento oferecidos pelas instituições de saúde têm se mostrado como uma estratégia efetiva na adoção de medidas que minimizem o distanciamento entre os avanços científicos e a prática assistencial, de forma que se reflita em qualidade no atendimento, incluindo na tomada de decisão rápida no APH. Por definição, a Prática Baseada em Evidências (PBE) envolve o uso consciente, explicito e judicioso da melhor evidência atual para a tomada de decisão sobre o cuidar individual do paciente. Inclui o processo de combinar capacidades terapêuticas com descobertas clínicas de pesquisas sistemáticas e princípios epidemiológicos existentes. Para estimular a implantação da prática baseada em evidências no serviço, surge uma nova teoria, método, nova medida em ciência e tecnologia, estratégia de educação permanente em saúde e método de atualização diária de práticas para a construção de relações na equipe. A educação permanente em saúde (EPS) se caracteriza pelo aprendizado e aprimoramento de tecnologias que auxiliam na segurança do paciente. Pesquisas confirmaram essa abordagem. Os profissionais enfatizaram que isso é básico e essencial para o treinamento antes de iniciar a atividade. A 28 certificação de qualificação APH móvel é realizada através da experiência e questionamentos que surgem no dia a dia para que possa ser repensada, e tem como objetivo prestar serviços rápidos, eficazes e seguros. Por meio do programa de EPS, a instituição/serviço transmite aos profissionais a importância que seu trabalho tem, para que este seja realizado com sucesso. Um dos fatores mais influentes na aprendizagem e nas mudanças é a prática constante e o conhecimento atualizado. Desta forma,ressaltamos que intervenções críticas e complexas devem ser fornecidas por profissionais capacitados e de acordo com o seu nível de formação profissional. Além disso, o treinamento em serviço como uma estratégia para a superação dos obstáculos para realização de uma assistência eficiente. A necessidade de treinamento em serviço se justifica porque, assistência pré-hospitalar é realizada através protocolos e diretrizes clínicas. Vale lembrar que os esforços voltados para o cumprimento das diretrizes clínicas visam à melhoria da qualidade do atendimento pré-hospitalar. Portanto, a simulação é utilizada como estratégia de treinamento para capacitar a equipe na tomada de decisões e cuidados em ambiente extra-hospitalar. A utilização de treinamentos contínuos se mostra como um aliado na implementação de novas práticas e ações de saúde. A partir das atividades dos mesmos, é possível extrair uma aproximação entre o sucesso no atendimento e a segurança do paciente. Assim abrem mais espaços para a participação e possibilidades de reflexão na busca de alternativas, tendo em vista a melhoria da prática. Vale ressaltar que todas as formas voltadas à educação e aprimoramento contínuo dos profissionais de saúde são essenciais na busca da oferta de uma assistência de qualidade. Para isto, torna-se indispensável o processo de capacitação dos profissionais de saúde e da enfermagem, visto que a categoria está inserida em todos os contextos de atenção. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014) 29 5 DISTÚRBIOS DE RITMO E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA A insuficiência cardíaca é uma doença na qual o coração não consegue atender às necessidades do corpo, resultando em redução do fluxo sanguíneo, refluxo (congestão) de sangue nas veias e pulmões e / ou outras alterações que podem enfraquecer ainda mais ou tornar o coração rígido. A insuficiência cardíaca pode ocorrer em qualquer idade, mesmo em crianças pequenas (especialmente aquelas com defeitos cardíacos congênitos). No entanto, isso é mais comum entre os idosos porque são mais propensos a sofrer de insuficiência cardíaca (por exemplo, doença arterial coronariana que danifica o músculo cardíaco) ou doença das válvulas cardíacas. Mudanças no coração relacionadas à idade também tendem a reduzir a função cardíaca. Nos Estados Unidos, aproximadamente 6,5 milhões de pessoas sofrem de insuficiência cardíaca e aproximadamente 960.000 novos casos aparecem a cada ano. Globalmente, cerca de 26 milhões de pessoas são afetadas. Como as pessoas vivem mais e alguns fatores de risco para doenças cardíacas (como obesidade, diabetes, tabagismo e hipertensão) estão afetando mais pessoas em determinados países, a doença pode se tornar mais frequente. A insuficiência cardíaca significa que o coração não consegue manter o esforço (carga de trabalho) necessário para bombear corretamente o sangue para todas as partes do corpo. No entanto, esta definição é muito simples. A insuficiência cardíaca é extremamente complexa, e não existe uma definição simples que possa abranger suas várias causas, aspectos, formas e consequências. (COFEN, 2012) Pontos importantes: A insuficiência cardíaca se desenvolve quando a ação de contração ou a ação de relaxamento do coração é inadequada, normalmente devido à fraqueza ou rigidez do músculo cardíaco (ou ambos). Muitos problemas que afetam o coração podem causar insuficiência cardíaca. 30 A maioria das pessoas não apresenta sintomas inicialmente e a falta de ar e a fadiga se agravam gradualmente ao longo de dias e meses. Pode haver acúmulo de líquido nos pulmões, no abdômen ou nas pernas. Normalmente, os médicos suspeitam de insuficiência cardíaca com base nos sintomas, porém, normalmente são feitos exames, como ecocardiograma (ultrassom do coração), para avaliar a função cardíaca. O tratamento tem como objetivo tratar o distúrbio que causa a insuficiência cardíaca, implementar alterações no estilo de vida e tratar a insuficiência cardíaca com medicamentos, cirurgia ou outras intervenções. O lado direito do coração bombeia o sangue das veias para os pulmões. Já o lado esquerdo bombeia o sangue que sai dos pulmões pelas artérias para o restante do corpo. Quando o músculo cardíaco se contrai (durante a contração), o sangue sai do coração e quando o músculo cardíaco relaxo (durante a diástole), o sangue entra no coração. Quando a contração ou relaxamento do coração é insuficiente, geralmente resulta em insuficiência cardíaca devido à fraqueza ou rigidez do miocárdio (ou ambos). Como resultado, o sangue pode não sair do coração em quantidade suficiente. O sangue também pode se acumular nos tecidos, causando congestão. Portanto, a insuficiência cardíaca também é chamada de insuficiência cardíaca congestiva. O acúmulo de sangue que entra no lado esquerdo do coração provoca congestão pulmonar e dificuldade respiratória. O acúmulo de sangue proveniente do lado direito do coração provoca congestão e acúmulo de líquidos em outras partes do corpo, como nas pernas e no fígado. Em geral, ambos os lados do coração são em certo grau afetados pela insuficiência cardíaca. Todavia, um dos lados pode ser mais afetado do que o outro. Nesses casos, a insuficiência cardíaca pode ser descrita como insuficiência cardíaca direita ou insuficiência cardíaca esquerda. (COFEN, 2012) 31 Na insuficiência cardíaca, o coração não consegue bombear sangue suficiente para atender à demanda do corpo humano por oxigênio e nutrientes exigidos pelo sangue. Portanto, os músculos dos braços e das pernas podem se cansar mais rapidamente e os rins podem não funcionar corretamente. Os rins filtram o líquido e os resíduos presentes no sangue e os derramam na urina. No entanto, quando o coração não consegue extrair sangue normalmente, os rins funcionam de maneira anormal e não conseguem remover o excesso de líquido do sangue. Como resultado, a quantidade de fluido no sangue aumenta, o que aumenta a carga de trabalho do coração enfraquecido e cria um círculo vicioso. Como resultado, a insuficiência cardíaca piora. 5.1 Tipos de insuficiência cardíaca Existem dois tipos principais de insuficiência cardíaca: Na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER - às vezes chamada de insuficiência cardíaca sistólica): O coração se contrai com menos força e bombeia para fora uma porcentagem menor do sangue do que retorna a ele. Como resultado, mais sangue permanece no coração. O sangue, então, acumula-se nos pulmões, veias ou ambos. Na insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP - às vezes chamada de insuficiência cardíaca diastólica): O coração endurece e geralmente não relaxa após a contração, o que prejudica sua capacidade de congestionamento. O coração se contrai normalmente, então ele pode bombear uma quantidade normal de sangue dos ventrículos. Às vezes, um coração rígido compensa sua deficiência bombeando mais sangue do que o normal. No entanto, eventualmente, como na insuficiência cardíaca sistólica, o sangue que retorna ao coração se acumula nos pulmões ou veias. (COFEN, 2012) Você sabia que... A insuficiência cardíaca é, às vezes, chamada de insuficiência cardíaca congestiva porque pode haver aumento de sangue nos tecidos gerando congestão nesses tecidos. 32 A fração de ejeção é a porcentagem de sangue bombeada para fora pelo coração a cada batimento e é uma medida de quão bem o coração está bombeando. Um ventrículo esquerdo normal ejeta cerca de 55 a 60% do sangue de seu interior. 5.2 Sintomas de insuficiência cardíaca grave Quando a insuficiência cardíaca progride, pode ocorrer respiração Cheyne-Stokes (respiração periódica). Nesse padrão respiratório anormal, a pessoa respira rápida, profundamente, depois lentamente e, em seguida, para de respirar poralguns segundos. A pessoa então começa a respirar mais rápido e profundamente, repetindo esse padrão irregularmente uma ou duas vezes a cada minuto durante um período de tempo. A respiração de Cheyne-Stokes se desenvolve porque o fluxo sanguíneo para o cérebro é reduzido, portanto, a área do cérebro que controla a respiração não recebe oxigênio suficiente. A respiração de Cheyne-Stokes é considerada uma forma de apneia central do sono. A apneia obstrutiva do sono é uma doença respiratória diferente e mais comum, que pode ocorrer em pacientes com insuficiência cardíaca, pois a obesidade é um importante fator de risco para a apneia obstrutiva do sono e é muito comum em pacientes com insuficiência cardíaca. Além disso, as pessoas com insuficiência cardíaca podem acumular muita água ao redor da garganta, especialmente quando estão deitadas. Quando a via aérea superior está relaxada, esse fluido bloqueia parcialmente (bloqueia) a via aérea durante o sono. A obstrução das vias aéreas pode interromper o sono e causar sonolência durante o dia. (COFEN, 2012) Edema pulmonar agudo é o acúmulo súbito de grandes quantidades de líquido nos pulmões. Pode causar dificuldades respiratórias extremas, falta de ar, pele azulada e sensação de inquietação, ansiedade e asfixia. Algumas pessoas sofrem de espasmos graves das vias respiratórias (espasmo brônquico) e respiração ofegante. O edema agudo de pulmão é uma emergência com risco de vida que pode ocorrer quando pacientes com insuficiência cardíaca têm pressão arterial muito alta, têm um ataque cardíaco ou às vezes simplesmente 33 param de tomar seus medicamentos para insuficiência cardíaca ou ingestão de alimentos salgados. Quando o coração está gravemente ferido, coágulos sanguíneos se formam nas câmaras do coração. Um coágulo de sangue pode se formar porque o fluxo sanguíneo na cavidade do coração diminui. Os coágulos sanguíneos podem se desprender (tornar-se êmbolos) e espalhar-se pela corrente sanguínea, bloqueando parcial ou completamente as artérias em qualquer parte do corpo. Quando um coágulo obstrui uma artéria do cérebro, pode ocorrer um acidente vascular cerebral. Depressão e redução da função mental são comuns em pessoas com insuficiência cardíaca grave, particularmente em idosos, e esse quadro clínico exige avaliação e tratamento cuidadosos. (COFEN, 2012) 5.3 Medidas gerais Embora a insuficiência cardíaca seja uma doença crônica para a maioria das pessoas, muitas coisas podem ser feitas para tornar a atividade física mais confortável, melhorar a qualidade de vida e minimizar o risco de deterioração súbita (insuficiência cardíaca aguda) e prolongamento da vida. As pessoas afetadas e suas famílias devem aprender sobre a doença o máximo possível e prestar mais atenção em casa. Em particular, eles devem saber como reconhecer os primeiros sintomas de alerta que exacerbam a insuficiência cardíaca e devem compreender as medidas que precisam tomar (por exemplo, reduzir a ingestão de sal, tomar mais diuréticos ou entrar em contato com um médico). Como a insuficiência cardíaca pode piorar repentinamente, é necessário comunicar-se com profissionais de saúde e fazer exames físicos regularmente. Por exemplo, os enfermeiros podem ligar regularmente para pessoas com insuficiência cardíaca para perguntar sobre mudanças no peso e nos sintomas. Dessa forma, eles podem avaliar se a consulta médica é necessária. As pessoas também podem ir a uma clínica de insuficiência cardíaca. Essas clínicas têm especialistas em insuficiência cardíaca que trabalham com enfermeiras e outros profissionais de saúde (como farmacêuticos, nutricionistas e assistentes sociais) e são treinados para fornecer cuidados médicos pessoais 34 aos pacientes e seus cuidadores. Essas clínicas também podem ajudar a reduzir os sintomas e a hospitalização e aumentar a expectativa de vida das pessoas, garantir que recebam o tratamento mais eficaz e ensiná-las a participar plenamente de seus cuidados. Este cuidado complementa o cuidado que o clínico geral irá fornecer, mas não pode substituí-los. Pessoas com insuficiência cardíaca devem sempre consultar seu médico antes de usarem qualquer medicamento, mesmo os de venda livre. Alguns medicamentos (incluindo muitos dos utilizados no tratamento de artrite) podem provocar retenção de sal e líquido. Outros medicamentos podem fazer com que o coração funcione mais lentamente. Esquecer-se de tomar os medicamentos necessários é um motivo comum para o agravamento dos sintomas e as pessoas devem ser informadas de estratégias para se lembrarem de tomar seus medicamentos. Como a gripe pode causar um súbito agravamento da insuficiência cardíaca de uma pessoa, os médicos recomendam uma vacinação contra a gripe anualmente para pessoas com insuficiência cardíaca. (DAMASCENO, 2014) Tratamento da causa Se a causa da insuficiência cardíaca for estreitamento ou vazamento das válvulas cardíacas, ou conexões anormais entre as câmaras cardíacas, a cirurgia geralmente pode corrigir o problema. As artérias coronárias bloqueadas podem exigir medicação, cirurgia ou angioplastia com stents coronários. Os medicamentos anti-hipertensivos podem reduzir e controlar a hipertensão. Os antibióticos podem eliminar certas infecções. 5.4 Tratamento de insuficiência cardíaca aguda A insuficiência cardíaca que surge ou se agrava rapidamente requer tratamento hospitalar urgente. Se ocorrer edema agudo de pulmão (um rápido acúmulo de líquido nos pulmões), forneça oxigênio por meio de uma máscara. Diuréticos intravenosos e outras drogas administradas por via intravenosa ou sublingual (como a nitroglicerina) podem criar melhorias rápidas e expressivas. O uso de morfina 35 pode aliviar o transtorno de ansiedade que geralmente acompanha o edema pulmonar agudo. Além de relaxar os vasos sanguíneos, também reduz a frequência respiratória e cardíaca, reduzindo assim a carga de trabalho do coração. Se essas medidas não melhorarem a respiração adequadamente, uma máscara especial pode ser usada para fornecer oxigênio sob pressão controlada ou um tubo pode ser inserido nas vias aéreas de uma pessoa para instalar um ventilador mecânico para auxiliar a respiração. Para pessoas com sintomas graves e má resposta ao tratamento, usa medicamentos semelhantes à epinefrina e norepinefrina (como dopamina ou dobutamina) ou outras drogas que causam contração cardíaca mais intensa (como lama Nong). Em alguns casos, demora um pouco para aumentar a função de bombeamento do coração. Essas drogas são ineficazes no tratamento de longo prazo. (CHAPLEAU,2008) 5.5 Síndromes coronárias agudas A síndrome coronariana aguda é causada pelo bloqueio agudo das artérias coronárias. Os resultados dependem do grau e da localização da obstrução, variando de angina instável a infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (IMSSST), infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IMCSST) e morte súbita cardíaca. Os sintomas de todas essas síndromes são semelhantes (exceto para morte súbita), incluindo desconforto no peito com ou sem dificuldades respiratórias, náuseas e sudorese. O diagnóstico é determinado pela presença ou ausência de ECG e marcadores séricos. O tratamento inclui medicamentos antiplaquetários, anticoagulantes, nitratos, betabloqueadores e, para IMCSST, reperfusão de emergência com medicamentos fibrinolíticos, intervenção percutânea ou revascularização miocárdica ocasional. Síndromes coronarianas agudas incluem: Angina instável Infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (IMSESST) Infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IMCEST) 36 Todas essas síndromes envolvem isquemia coronariana aguda e são diferenciadas com base nos sintomas, resultados de ECG e níveis de marcadores cardíacos. Conforme o prognóstico e os métodos de tratamentomudam, é útil distinguir essas síndromes. Angina instável (insuficiência coronariana aguda, angina pré-infarto ou síndrome intermediária) é definida como um ou mais dos seguintes itens em pacientes cujos biomarcadores cardíacos não atendem os critérios para IM: Angina em repouso que é prolongada (em geral > 20 min) Angina de início recente pelo menos de gravidade classe 3, segundo a classificação da Canadian Cardiovascular Society (CCS) ( Sistema de classificação cardiovascular canadense da angina de peito) Angina progressiva, i. e., angina previamente diagnosticada que se tornou nitidamente mais frequente, mais grave, com duração mais prolongada ou com limiar mais baixo (p. ex., aumento ≥ 1 na classe da CCS ou pelo menos para a classe 3 da CCS) Alterações no ECG, como infra ou supradesnível do segmento ST ou inversão da onda T, podem ocorrer durante angina instável, mas são transitórias. Dos marcadores cardíacos, CK não está elevada, mas a troponina cardíaca, particularmente quando medida usando testes de troponina de alta sensibilidade (hs-cTn), podem estar ligeiramente aumentados. A angina instável é clinicamente instável e, muitas vezes, constitui um prelúdio do IM ou de arritmias ou, com menos frequência, de morte súbita. IM sem elevação do segmento ST (IMSSST, IM subendocárdico) é a necrose miocárdica (evidenciada por marcadores cardíacos no sangue; troponina I ou troponina T e CK estarão altas) sem elevação grave do segmento ST. Pode haver outras alterações no ECG, como infradesnível do segmento ST, inversão da onda T ou ambas. IMCSST (transmural) é a necrose miocárdica com alterações do ECG constituídas por supradesnível do segmento ST, as quais não se revertem rapidamente com nitroglicerina, ou o desenvolvimento recente de BRE. Os marcadores cardíacos, troponina I ou troponina T e CK são elevados. Os dois tipos de IM podem ou não produzir ondas Q no ECG (IM com onda Q, IM sem onda Q). (CHAPLEAU,2008) https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/angina-inst%C3%A1vel https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/angina-de-peito#v934128_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/angina-de-peito#v934128_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/infarto-agudo-do-mioc%C3%A1rdio-iam#v27852670_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/infarto-agudo-do-mioc%C3%A1rdio-iam#v27852672_pt 37 5.6 Sinais e sintomas Os sintomas da SCA dependem, até certo ponto, do grau e da localização da obstrução e variam muito. A estimulação dolorosa dos órgãos torácicos, incluindo o coração, pode causar desconforto e é descrita como pressão, cortes, vontade de contrair, indigestão, queimação, dor, formigamento e, às vezes, formigamento. Muitos pacientes negam a dor e insistem que ela é simplesmente "desconfortável". Exceto quando o infarto é grande, é difícil identificar o grau de isquemia por sintomas individuais. Os sintomas da SCA são semelhantes aos da angina e são discutidos em mais pormenores nas seções sobre angina instável e infarto agudo do miocárdio. Após evento agudo, podem ocorrer muitas complicações. Elas normalmente envolvem Disfunção elétrica (p. ex., defeitos de condução, arritmias) Disfunção miocárdica (p. ex., insuficiência cardíaca, ruptura da parede livre ou septo interventricular, aneurisma ventricular, pseudoaneurisma, formação de trombo mural, choque cardiogênico) Disfunção valvar (tipicamente, insuficiência mitral) Em qualquer forma de SCA, a disfunção elétrica é óbvia, mas geralmente, a maior parte do miocárdio deve ser isquêmico para causar disfunção miocárdica grave. Outras complicações da SCA incluem recorrência de isquemia e pericardite. A pericardite que ocorre 2 a 10 semanas após o IM é chamada de síndrome pós-IM ou síndrome de Dressler. (CHAPLEAU,2008) 5.7 Cuidado pré-hospitalar Oxigênio Ácido acetilsalicílico Nitratos ou morfina Encaminhamento para um centro médico apropriado Deve-se estabelecer uma via IV confiável, administrar oxigênio (tipicamente 2 L por cânula nasal) e instalar monitoramento contínuo de ECG de derivação única. Intervenções pré-hospitalares pela equipe médica de urgência—incluindo ECG, ácido acetilsalicílico mastigável [325 mg], tratamento 38 da dor com nitratos ou opioides (Medicamentos para doença coronariana*), trombólise precoce quando indicado e possível, bem como encaminhamento para um hospital apropriado onde ICP primária está disponível—podem reduzir risco de mortalidade e complicações. Os dados do diagnóstico precoce e a resposta ao tratamento podem ajudar a determinar a necessidade e a escolha do tempo adequado de revascularização quando a intervenção coronariana percutânea não é possível. 6 DIRETRIZ DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR E CUIDADOS CARDIOVASCULARES DE EMERGÊNCIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA Embora a história da ressuscitação remonte aos tempos bíblicos e tenha durado séculos, acredita-se que seu "nascimento" moderno tenha ocorrido em 1960, quando Koewenhoven, Jude e Knickerbocker publicaram artigos memoráveis sobre o uso de compressões torácicas: Eles enfatizaram que "você só precisa das duas mãos." Na verdade, eles escreveram sobre 14 sobreviventes usando essa técnica em 20 tentativas. Embora ações semelhantes tenham sido descritas muitas vezes em períodos anteriores, elas terão nova importância naquele momento, pois a Safar já realizou um teste de ventilação boca a boca e a desfibrilação externa já se tornou uma realidade. Tudo o que faltou foi juntar essa três elementos-chave, o que aconteceu em um simpósio organizado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Estado de Maryland em setembro de 1960. No simpósio, foi determinado que “esses elementos não são mais considerados Elements ". Isole, mas como parte de uma abordagem de recuperação total. " No entanto, na época, a reanimação era considerada um procedimento médico estrito. Mesmo enfermeiras e dentistas estão proibidos de realizar este exercício. Portanto, apesar da grande preocupação da comunidade internacional, seu impacto é limitado. Gradualmente, as opiniões mudaram e, por volta de 1974, quando a American Heart Association publicou suas primeiras diretrizes para profissionais de saúde e não profissionais, as enormes vantagens da participação pública tornaram-se mais aparentes. (SCIELO, 2013) 39 A publicação das novas diretrizes de RCP nas principais revistas médicas começa com dois princípios. O primeiro princípio é que o método ideal pode ser definido para todos os casos de parada cardíaca inesperada. Em segundo lugar, a disseminação desse procedimento pode e deve ser realizada em toda a sociedade. Embora essas opiniões parecessem razoáveis, ainda não eram universalmente aceitas na época. Levará mais alguns anos antes que as diretrizes de recuperação se tornem um padrão internacional. A este respeito, mais uma vez liderado pela American Heart Association. Na Conferência de Dallas de 1992, mais de 25% dos participantes vieram de fora dos Estados Unidos. Nessa reunião, foi decidido constituir um comitê internacional de especialistas dos cinco continentes para orientar a prática da ressuscitação, posteriormente conhecido como International Resuscitation Commission (ILCOR). Ao longo dos anos, devido às capacidades reconhecidas de seus membros, a importância e a influência deste órgão consultivo continuaram a se desenvolver. Em relação à sua aplicabilidade em diferentes situações, diferentes requisitos para crianças e posteriormente para bebês e recém-nascidos foram rapidamente aceitos. Mais tarde, diferenças étnicas também apareceram, em parte devido
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