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Estudo Dirigido 2 - Direito Medieval - Final

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
Curso: Direito - 1 Período 
Disciplina: História do Direito - Noturno 
Professora: MSc. Melissa Mendes de Novais 
Acadêmicos: Betina De Gasper, Cristiano Zeilmann, Nilvo Airton Rodrigues Júnior e 
Vanessa R. Guimarães. 
Data: 24/04/2018 
 
ESTUDO DIRIGIDO 2 – DIREITO MEDIEVAL 
 
1) A fim de facilitar a abordagem da experiência jurídica medieval, Paolo Grossi 
estabelece alguns instrumentos metodológicos. Trata-se de algumas características 
peculiares ao direito medieval: a incompletude do poder político, a indiferença do 
poder político pelo direito, o pluralismo jurídico e a factualidade / historicidade do 
direito. Explique tais elementos. 
A incompletude do poder político ocorre devido ao desmoronamento da 
estrutura estatal romana cria-se um vazio político, a ausência de um Estado e de um 
poder soberano, que propicia uma nova experiência jurídica. Com a crise do Império 
Romano, no início do século IV tem início a ordem política medieval, que tem como 
característica principal a ausência do “Estado” no cenário político. Isto se dá após a 
época de Diocleciano, quando o Estado romano morre por inanição e desgaste 
interno, crises econômica, política e social, além de regressão demográfica devido 
as pestes e retorno ao paganismo, religiões provenientes dos povos bárbaros que 
invadiram sucessivamente o Império Romano. Neste cenário de incapacidade que 
permite o surgimento de diversas formas de regime, portanto, mas nunca um 
organismo totalitário como o Estado, para regular e controlar o território. 
A civilização medieval não sentiu necessidade de preencher o vazio deixado 
pelo desmoronamento do edifício estatal romano e nem poderia sentir, devido a 
fragmentação de diversos elementos coesivos que antes se faziam ligados através 
do Império. De um lado a sociedade germânica não era propensa a sufocar 
autonomias de grupos e de outro a igreja temia a reorganização de um poder 
centralizador. Fatores que proporcionaram condições ideais para uma imensidão de 
entidades fragmentadas de gestão política, mas nenhum deles chegou a qualidade 
de ser classificado como Estado. 
Contudo, o fim de Estado não é o fim do direito. O Estado é um programa 
global, ou com tendência globalizante, característica que falta ao mundo medieval. 
De maneira que apenas produzir e efetivar leis não atribui a uma estrutura política 
caráter estatal. Ademais, as leis produzidas nos reinos e comunas da Idade Média 
eram desorganizadas desprovidas de projeto que visasse ao longo alcance. 
Na verdade no espaço não preenchido pela queda do Império Romano, 
surgiu a possibilidade de que criasse uma experiência jurídica completamente nova 
no medievo. A ausência de um poder totalizante abre espaço ao pluralismo que à 
sombra de um aparato centralizador completo, isto seria impossível. Essa ausência 
de monopólio do poder propicia a criação de um direito que é voz da sociedade e de 
inúmeros grupos sociais. Um direito autônomo, das realidades autônomas, onde o 
caráter essencial da autonomia é a relatividade. Ao invés de estar totalmente 
desvinculada do restante, a sociedade está imersa em uma trama de relações com 
outras autonomias. O mundo político-jurídico é um mundo de ordenamentos 
jurídicos, por ser um mundo de autonomias. 
A imagem de um “Soberano” que ter o poder de agir, controlar e guiar aos 
outros não se aplica. Exceto com relação ao extraterreno, cuja soberania absoluta, 
ilimitada e incontestável é a de Deus. 
A indiferença do poder político pelo direito é consequência do vazio 
político criado pela crise da estrutura estatal Romana O Estado sempre considerou a 
relevância do direito para a realização de seus objetivos "totalitários". Já o mundo 
político medieval, de modo diferente, estava inclinado a uma indiferença pelo mundo 
jurídico. O detentor do poder não concebe o direito como objeto necessário de seu 
regime, sua atenção se volta apenas ao exército e à manutenção do poder. Os 
aspectos políticos referentes à "constituição", administração pública, ao direito civil, 
comercial e agrário, recebem atenção esporádica. 
A noção de autonomia é relativa ao regime político que está em transição, 
significa que o direito não é expressão de um ou outro regime, é fruto de uma 
pluralidade e da variedade de forças que compõem a sociedade civil. Significa 
desvencilhar-se das forças específicas particulares. 
O vínculo do poder ao direito é parcial e turvo, não havia uma "voz" 
dominante que ditasse as regras, porém os vínculos relacionados às estruturas 
econômicas e espirituais eram poderosos. O príncipe serve como um juiz, somente 
julgando, mas não fazendo as leis. O Direito vem da sociedade e não do poder. 
Pluralismo jurídico se dá pela crescente impotência do mecanismo estatal 
romano, onde surge um direito "vulgar" no sentido de usar forças alternativas, "não 
oficiais" para preencher, em parte, o vazio deixado pela desagregação política e dar 
respostas às novas idealidades e necessidades, começam a resolver os problemas 
por conta própria. Em um plano sociocultural, significa a pluralidade de valores, e no 
plano jurídico, dá-se por uma pluralidade de tradições e fontes de produção em um 
mesmo ordenamento jurídico. Neste contexto, do direito produzido pelo social, há 
diversas ordens convivendo ao mesmo tempo. 
Em um primeiro momento do medievo, caracteriza-se pela pessoalidade do 
direito, a linhagem e os laços consanguíneos possuíam valor indiscutível, e todas as 
pessoas neste mesmo regime político, particulares do grupo étnico tinham seus 
direitos específicos e diferenciados. 
No segundo momento do medievo, a Idade Média sapiencial, o pluralismo 
político caracteriza-se pela pluralidade de tradições coexistentes com vigência e 
aplicação no mesmo território - Sejam os chamados iura propria, isto é, as normas 
particulares consolidadas pelo costume ou promulgadas em âmbito local por 
monarcas e por cidades livres. Seja o ius commune, isto é, o majestoso sistema 
jurídico universal elaborado sobre a plataforma romana e canônica por um grupo 
muito destemido de juristas, patrimônio científico presente em todas as partes, 
fornecendo esquemas interpretativos, invenções técnicas, soluções para os muitos 
casos não previstos no âmbito local pela miopia dos legisladores. 
A pluralidade de tradições é respeitada pelo poder político, sendo o direito é 
produzido pela sociedade. Este pluralismo não é apenas um conjunto de culturas 
jurídicas, mas se concretiza, num plano tipicamente técnico, em um conjunto de 
fontes de produção. 
A Factualidade / Historicidade do direito se fazem em um contexto em que 
o príncipe contribui minimamente para a produção da produção jurídica medieval, 
devido a indiferença do poder político pelo direito, que neste momento, de certa 
liberdade, encontra suas fontes e bases no tecido social, nascendo dos fatos e se 
edificando a partir deles. Nesse contexto da Idade Média, o direito se destaca por 
sua “factualidade”, não nasce do fato, mas o fato possui uma carga vital que pode se 
tornar a única condição de se demonstrar dotado de efetividade, como fato 
normativo, podendo ser o protagonista de vários ordenamentos. A ordem jurídica 
medieval se origina partir do século V, com o clima naturalista que domina o 
Ocidente; dita que a natureza das coisas físicas e sociais pode conter em si a regra 
jurídica e atribui um papel importante aos fatos. 
O panorama histórico local se dava com o contexto dos problemas no 
Império. Essa descontinuidade faz parte da factualidade do direito, que tentava 
buscar a solidez, além do convencional e do artificialismo. A ordem jurídica medieval 
nasce neste contexto, lidando com os problemas e fatos concretos da época, é um 
novo modo de conceber o direito, nascido de uma nova experiência, dos fatos. O 
direito não é mais a voz do poder, é feito o resgate jurídico, onde o social e arealidade percebida como ela é estão na essência dos fatos, e estas forças são tão 
profundas que se fazem acima do poder. 
Devido a sua factualidade, o direito torna-se plástico, molda-se ao contexto, o 
costume rege esse fato. É análogo ao regime de sedimentação aluvial em 
movimento, está em constante modificação, é assistemático, incerto e variável de 
uma época a outra. O direito medieval possui uma intensa politicidade, que significa 
historicidade, e especifica apenas a fidelidade da forma para o social e econômico, 
para as idealidades e necessidades que circulam na cidade da sociedade civil. 
A historicidade do direito se dá pela fidelidade da representação jurídica às 
forças presentes na sociedade e mantém-se junto com as necessidades que surgem 
à sociedade a ele vinculada, pois o direito é um fruto e um participante vivo da 
história, devendo originar-se no social e do social, e não sofrer artifícios de uma 
elaboração burocrática, não sendo instrumento coercitivo desta civilização, mas sim 
o seu espelho e intérprete. 
 
2) Quais as circunstâncias sócio-políticas do Ocidente que permitem a formação do 
direito medieval? 
O Império Romano encontrava-se em decadência por diversos fatores. A 
centralização das funções judiciais e legislativas vai acarretar na queda do Império 
Romano, 
A crise econômica, a redução da população devido às diversas pestes, a falta 
de saneamento, a invasão e a desumanidade dos bárbaros (o direito dos bárbaros 
não utilizavam as leis romanas), a pessoalidade do direito que se aplica conforme a 
etnia (onde etnias diferentes não se misturam, assim como seus costumes e 
tradições - específica da alta idade média), também não tinham domínio de técnicas 
agrícolas e a regressão ao paganismo (onde o cristianismo perde a sua hegemonia, 
devido às religiões bárbaras e místicas das florestas e a descentralização da igreja 
católica). 
Devido à essas circunstâncias se deu a crise e não consegue avançar e 
começa ruir internamente, ou seja, um colapso interno na política e sociedade, com 
sua burocracia e desgastes políticos internos e seus exércitos, não mais se 
sustentava. Neste contexto é onde surge o pressuposto do direito medieval. 
 
3) A querela das investiduras marca um momento decisivo na história do direito 
canônico. Discorra sobre como esse evento mudou a estrutura da Igreja do Ocidente 
e influenciou a formação do direito canônico. 
O processo do ius commune é criação dos canonistas. Os canonistas 
formulam critérios de racionalização e formalização do direito, em se tratando de 
cultura. A primeira classe de juristas profissionais eram cânones, sob a burocracia 
eclesiástica. 
O direito canônico é conectado com as disputas pelo poder que se deram a 
partir do século XI entre a Igreja e o Império. A reforma Gregoriana é o evento que 
consagra a passagem do direito canônico. Até o início do século XI a igreja do 
Ocidente havia sido uma comunidade sacramental, espiritual, não jurídica e muito 
mais uma federação de igrejas nacionais do que uma rígida monarquia centralizada 
em Roma. A autoridade papal era mais tradicional e moral que jurídica, e 
politicamente ineficaz. A partir do recomeço da expansão do ocidente começam as 
mudanças que irão refletir no campo do direito. 
Gregório VII institui medidas para que nasça um estado, uma dominação 
burocrática, racional, legal e formal. Com esse esforço, desenvolve-se o direito 
canônico, aliado ao direito romano clássico e ao direito inglês (common Law), tendo 
em comum a organização jurisdicional com propósitos políticos determinados com a 
proposta de se libertar a Igreja Ocidental inteira do poder secular. A partir deste 
momento, o direito canônico se faz efetivo, surgindo os institutos de direito canônico, 
desenvolvimento de um direito racional e formal do processo canônico, que será 
seguido por reis, príncipes e senhores. Através do direito dos cânones, a Europa 
reencontrará a sua tradição jurídica racionalizante e formalizante. 
A guerra das Investiduras foi um conflito entre Gregório VII e Henrique IV. 
Gregório VII foi eleito papa e possuía espírito renovador, em 1075 iniciou sua 
reforma, organizando o Dictatus Papae, um conjunto de 27 princípios que visavam 
dar liberdade e independência para a Igreja. Estas propostas revolucionaram toda a 
Cristandade latina, além das terras do império. Este documento foi tornado público e 
enviado a Henrique IV. Inicia-se a querela das Investiduras, que transforma a 
Europa, colocando fim ao modelo carolíngio de relação entre a Igreja e o Estado. 
A Reforma Gregoriana, afirmava que o rei/imperador estava dentro da Igreja e 
não acima dela, dentro da igreja havia a autoridade maior, o papa. A reforma era 
contra a concepção de que o império seria uma entidade militar/espiritual e não 
geográfica, pois neste momento o Império era somente um poder e não um território. 
Não havia a figura do Estado e nem uma capital que centralizaria o poder, e o 
princípio da pessoalidade das leis se fazia muitas vezes presente com a força dos 
costumes locais. 
A querela das Investiduras resultou na Concordata de Worms, na qual o papa 
seria incumbido de conceder cargos aos bispos, mas o imperador deveria estar 
presente nestas eleições. A Reforma de Gregório VII é considerada a primeira 
revolução do mundo Ocidental, foi total, universalizante, socioeconômica. O caráter 
da Reforma Gregoriana foi além de seguir um projeto, foi violenta e rápida, mas 
nunca se consolidou senão num espaço de mais e uma geração, e sempre 
trouxeram um direito novo que se firma e substitui o direito velho. 
Da concepção de Igreja de Gregório começou a nascer o Estado burocrático, 
criou-se um poder de legislação e uma ambição de universalidade. Gregório 
afirmava que as leis se faziam supremas sobre os costumes. A baixa idade média foi 
um período muito importante para história do direito, tal como na esfera das 
instituições e cultura jurídica, ou seja, a ius commune (junção do direito canônico e 
romano). 
 
4) Alguns dos principais legados deixados pelo direito canônico são no campo da 
jurisdição e do processo, contribuindo sobremaneira para a sua formalização e 
racionalização. Quais foram as características e institutos herdados do direito 
canônico nesses campos? 
O direito canônico influencia o campo da jurisdição e do processo. A partir 
dele nota-se as divergências entre a Europa continental e a tradição Inglesa. É do 
direito canônico que parte a reorganização completa da vida jurídica europeia. As 
cortes, tribunais e jurisdições leigas, civis, seculares, principescas serão mais cedo 
ou mais tarde influenciadas pelo direito canônico. Algumas características foram que 
trata-se de um processo conduzido por profissionais do direito; reconhece um 
sistema de recursos que permitia a uniformização, a concentração e a centralização 
do poder; adquiriu uma natureza inquisitorial mais do que acusatória (dualística); 
impôs a escrita sobre a oralidade. 
Também houve duas distinções pelos canonista 1º separação das jurisdições; 
2º Formalização do processo (incluindo a racionalização das provas) com base em 
critérios bem objetivos: ex ratione personarum - em razão das pessoas; ex ratione 
materiae - em razão da matéria. As cortes seculares também desejavam intervir e 
com isso houve uma longa disputa entre eles. 
Ex ratione personarum dizia ser da jurisdição canônica e eclesiásticas a 
causa que envolvesse os clérigos. Era chamado privilegium fori absoluto assim 
como os estudantes e professores eram clérigos, pois as escolas e universidades 
eram anexadas nas catedrais, conventos e mosteiros. Outros que aproveitaram do 
privilégio eclesiásticos os miseráveis que compunham de mendigos, pobres, órfãos, 
viúvas que se multiplicavam no medievo. No foro eclesiástico, eram atendidos por 
advogados nomeados pelo bispo. E por fim os peregrinos, mercadores e os judeus 
eram beneficiadoscomo a Paz de Deus. 
Ex ratione material: neste item deveriam ser julgados por tribunais 
eclesiásticos e suas causas que envolveram os sacramentos (inclusive o 
matrimônio), daí a grande importância da disciplina canônica do direito da família. A 
matéria relativa a testamentos julgavam pelo direito canônico e vem daí parte de 
contratos e dívidas. Finalmente toda a matéria de pecados públicos que podia incluir 
na simonia, usura, adultério, heresia etc... Desta jurisdição foi especialmente regras 
da família, sucessões, contratos, processo penal. Outro item a jurisdição prorrogada: 
muitos particulares por contratos se submetiam livremente aos tribunais ou 
arbitragens, em que se aplicavam regras pelo direito canônico. 
O processo canônico teve um papel disciplinador, os profissionais do ramo 
implantaram a práxis e foi crescentemente autônomo na resolução de controversos 
marcados pelo novo racionalizador e formalizador da filosofia eclesiástica, tal como, 
aprendeu com o processo e a argumentação jurídica. O fato que é o processo 
canônico opôs-se com clareza à experiência anterior na solução de controvérsias. 
No processo civil foi introduzido a escrita que era feita pelo os notários, isto é, 
memoria (termos, autos) do processo. Outro item a organização da fases do 
processo com clareza. O autor apresenta seu libellus ao oficial, que convoca o réu e 
na sua presença lê os termos escritos. Assim por diante consistirá na apresentação 
das exceções, ou seja, a matéria da defesa que hoje se diz “preliminar”. As 
exceções seriam, portanto, dilatórios ou peremptórios, conforme o andamento da 
demanda. E também surge a figura do advogado, ou seja, jurisqueiro. 
Entretanto, verifica-se que na contemporaneidade já é realidade, pois no 
direito secular ocidental há vários conceitos e institutos jurídicos criados pelo direito 
canônico, exemplo disso é a teoria da pessoa jurídica, que não foi, de forma alguma, 
construída pelos romanos, mas pela própria igreja, que inseriu o direito canônico na 
universidade e, em certa altura da idade média, preocupou-se em enfrentar 
problemas relacionados a patrimônio comum, representação e responsabilidade. 
 
5) Como se caracteriza o processo inquisitorial de origem canônica? 
A inquisição medieval origina-se nos decretos do papa Lúcio III, em 1184 e à 
medida que a Igreja conquistava mais adeptos durante a Idade média, houve a 
necessidade de normatizar. Assim criou-se uma instituição com autonomia para 
investigar e julgar a heresia, ou seja, o método inquisitorial associou-se à nova forma 
de exercer o poder. De origem religiosa e administrativa (estatal) tornou-se uma 
técnica de poder e administração. A vida medieval dava-se dentro de corporações 
definidas: O cristão deveria viver como cristão e a heresia um problema espiritual, 
mas político contra as autoridades religiosas e contra o braço secular (o Rei e 
príncipes). O inquérito significou o surgimento de novos personagens - um 
investigador e acusador oficial, representando o Estado, que procede de forma 
ordenada e racional, entretanto no processo inquisitorial que surge o personagem do 
advogado de defesa obrigatória, isto é, o juiz inquisidor era obrigado dar-lhe um 
advogado se o réu negasse as acusações. 
A heresia no contexto medieval, não significava somente um problema 
espiritual, mas, sobretudo um problema político, um desrespeito às autoridades 
religiosas, reis e príncipes. Logo se permite o uso formal de métodos de tortura para 
obter a confissão dos suspeitos. 
A inquisição nasceu num contexto de revoltas: muitas heresias cresceram no 
meio da crise do clero e dos pobres, devido a isso impôs-se o poder central do papa. 
A Inquisição Medieval tornou-se infelizmente famosa por outras duas características, 
a transformação num tribunal de exceção e dirigiu-se a uma espécie mais específica 
de delito. E foi um tribunal de exceção, pois conduzia por legados do papa e saía da 
jurisdição do bispo. Por isso a inquisição serviu de um instrumento de centralização 
monárquica da igreja. 
 
6) Qual a importância da recuperação dos textos do direito romano na Baixa Idade 
Média e qual em que contexto jurídico e cultura eles são resgatados? 
Os textos de Justiniano se fazem em um universo de homens letrados, na 
grande maioria homens de tradição. Esses textos vindo do passado valiam muito 
para os medievais (era uma cultura de reverência em relação à tradição). Haviam 
aprendido a organizar e copiar os textos dos gregos e latinos (patrística) tendo entre 
eles diferenças e mesmo assim, reconhecendo a todos a autoridade, selecionando 
os que podiam ser contados entre os legítimos representantes da tradição cristã. Os 
textos de tradição e de autoridade: Bíblia, patrística, deliberações e cânones 
conciliadores. O Corpus Iuris Civilis, a recompilação Justinianeia, é agregada, à sua 
maneira, os textos de autoridade e de tradição. Não há nesse tempo de Europa 
Medieval, um Estado centralizador suficientemente forte para pretender qualquer 
monopólio militar ou jurídico, o ambiente normativo é plural: providos diversos 
costumes de região para região, de local para local, numa sociedade estamental e 
de ordens, também regras diversas para diferentes estamentos. 
Os textos de direito romano foram reunidos no século VI, em Constantinopla, 
no Império Romano do Oriente a pedido do imperador Justiniano, que acreditava 
que a jurisprudência de seu tempo era decadente, portanto, com a finalidade de 
salvar os clássicos, pois para ele, o que estava no passado era bom e sua missão 
seria restaurar o passado. o direito clássico. Foi feita a compilação de constituições 
antecessoras (Codex) e nova (Novellae), textos dos jurisconsultos (Digesto ou 
Pandectas) e o manual de ensino jurídico (Instituta). 
 
7) Explique o que era o ius commune, quais as suas características e em que ele se 
diferencia da common law. 
O processo do Ius Commune, que dominará a Europa até o século XVIII, é 
fundamentalmente criação dos canonistas. Tem caráter transacional no ensino 
jurídico; caracteriza-se por ser o direito comum a todos, que é o direito romano 
interpretado pelos doutores. Mesmo quando se formam os estados nacionais, o ius 
commune continua a ter um papel de harmonização que desaparecerá finalmente só 
no século XVIII. Desde então, exceto na Inglaterra, os juristas serão letrados. 
Desenvolve - se sobre uma comunidade de cultura, diferentemente do direito inglês 
(common law) que está ligado ao progresso do poder real à existência de tribunais 
reais fortemente centralizados. O jus commune é um monumento edificado por uma 
ciência europeia, que visa, ao fornecer aos juristas modernos, um vocabulário e 
métodos, orientá-los na procura de soluções de Justiça. É por isto algo diferente da 
common law, que representa um direito uniforme e aplicado pelos tribunais reais na 
Inglaterra. Por outro lado, notar-se-á, relativamente à sua natureza e à sua 
autoridade puramente persuasiva, a flexibilidade deste ius commune europeu. A 
rigidez da common law, sistema de direito positivo ligado à considerações de 
processo, tornou necessária a elaboração de regras, na Inglaterra, ditas regras de 
equity, destinadas a completar e corrigir a common law. 
 
8) Explique o que era a escola dos glosadores e dos comentadores. 
As duas escolas se formaram ao longo dos séculos XII e XV, despreocupadas 
com o direito justinianeu, na medida em que sabiam se tratar de direito racional. 
Tinham como texto tradicional o corpus de direito romano enquanto ratio scripta. As 
escolas influenciaram seriamente, inúmeras áreas do direito, processo civil e penal, 
o segundo materializado em algumas inovações do direito canônico. No direito 
comercial, ajudaram nas justificativas às práticas e invenções dos mercadores. 
Influíram também, em matérias de direito internacional, em direito de família, uso da 
terra, pessoas jurídicas (“teoria dascorporações e suas autonomias”). 
Sendo a primeira grande escola, os glosadores, tiveram um trabalho mais 
tímido, limitado, em relação ao texto. Mesmo sendo conhecedores de todo o 
conteúdo dos textos, suas glosas eram comentários que seguiam a ordem do texto. 
“Não queriam usá-lo na vida prática, queriam comprová-lo como instrumento de 
razão da verdade da autoridade”. O iniciador desta tradição, Irnério, consolidou o 
Corpus Iuris Civilis de Justiniano, além de editor de uma cópia, foi também autor de 
um formulário notarial e de um ensaio sobre as ações. Os integrantes desta escola, 
dada o baixo nível de conhecimento da população medieval, se apropriaram de um 
papel proeminente dentro da sociedade, já que eram capazes de ler, escrever, 
redigir documentos em jargão jurídico. Considerados novos clérigos, estamento 
insurgente, respeitado e até temido, nas comunas e cidades, por serem conselheiros 
de senhores e mercadores, usufruindo de seus treinamentos na nova arte do “direito 
douto”. Obra desta mesma escola, temos por Acúrsio, une todas as glosas 
anteriores e une-as na chamada “Magna Glosa”. Produzindo assim, uma autoridade 
a mais, tornando possível conhecer o direito não somente em sua literalidade, mas 
também, por meio de Acúrsio. Os glosadores determinam um estilo relativamente 
simples de estudo, inicial, com grande reverência ao texto romano. Só os juristas do 
século XIV, com um saber mais consolidado, tinham mais liberdade, enorme avanço 
legislativo sobre o costume, possuíam diversas cópias dos textos romanos, até 
mesmo pela reforma gregoriana da Igreja. 
A segunda escola, dos comentadores, é composta por aqueles que se 
tornaram conselheiros dos príncipes, das comunas e dos particulares, emitindo 
pareceres e auxiliando na harmonização dos direitos locais, espalhados pela 
cristandade. Por meio do Ius Commune, se esforça em conciliar os direitos locais, 
acaba por viabilizar a convivência das tradições feudais com as novas tendências da 
vida europeia, monetarização da vida, comércio, e proporciona certa flexibilização 
nas transferências de terras e sucessões. Os comentadores, antecedidos por 
sucessores dos glosadores, são do século XIII e XIV, são possuidores de tarefas 
mais práticas e mais livres, na medida em que tratam dos temas sem seguir à risca 
os textos, e respondem à indagações e consultas, tem grandes nomes, como: Cino 
de Pistóia (1270-1336), Bártolo de Sassoferrato (1314-1357), entre outros. Bártolo, 
compositor de tratados e comentários, escreveu sobre diversas áreas do direito, 
privado e público, redigiu um tratado sobre o governo das cidades (Tractatus de 
Regimine Civitatum, entre 1355-1357). A geração intermediária entre os 
comentadores e glosadores, já discutia livremente as glosas, segundo Solmi. A 
influência da escola de Bolonha se dá como cultural, seus alunos influirão na cultura 
jurídica das sociedades, criando sua própria maneira de estudar o direito (mos 
italicus). Se conflitam com os humanistas no pé de que não buscam o texto romano 
puro, mas sim seu valor contemporâneo, usando do que se possuía advindo da 
Antiguidade, para seus próprios interesses de pesquisa. Existentes também na 
França (mos gallicus), onde combateram a Igreja, à serviço do Rei. Na Alemanha, 
criaram uma classe de juristas comuns independentes de fronteiras geográficas. Na 
Itália foram conselheiros dos Podestá e Signorie, arbitrando disputas territoriais. Se 
constituíram diplomatas e administradores, fornecendo aos príncipes a “teoria da 
soberania”, cobertura ideológica e política. Puderam redigir documentos e criaram 
um aparelho administrativo. 
 
9) Como se formou o direito romano-germânico (civil law)? 
A tradição jurídica romano-germânica tem suas origens nos séculos XII e XIII, 
coincidindo com período do Renascimento na Europa Ocidental. Anteriormente, as 
leis bárbaras se faziam em vigor, regulando as relações sociais, pois o direito erudito 
que existia anteriormente às invasões do império pelos bárbaros, fora substituído por 
um direito vulgar, aplicado de modo espontâneo pela população. Neste momento, 
século XIII, as cidades e o comércio se reorganizavam, também se intensificou a 
separação entre o direito e a religião, deixando-se a parte a ligação entre religião e 
moral confundidas com ordem civil e direito. 
Juristas e Filósofos determinam que as relações sociais tenham como base o 
direito, um direito novo fundado sobre a justiça, que a razão permite conhecer; 
repudiam o apelo ao sobrenatural que reinava nos séculos passados. A sociedade 
civil deve ser fundada sobre o direito e este direto, agora reconhecido como 
autônomo, deve assegurar a ordem e do progresso na sociedade. 
O sistema romano-germânico firma-se no continente europeu, em uma época 
em que o continente não constitui uma unidade política, pois o Império Romano 
ruíra. Este sistema foi fundado sobre uma comunidade de cultura, surgiu e continuou 
a existir, independentemente de qualquer intenção política. 
A partir do pensamento renascentista, as universidades ganharam destaque 
no estudo do direito, inicialmente na Itália com a Universidade de Bolonha. São 
Tomás de Aquino eliminou a última barreira para que os estudos do direito romano 
pudessem ser realizados, rejeitando a ideia de que deveria se construir a sociedade 
civil sobre um modelo apostólico, dominado pela caridade. 
O sentimento do direito foi reestabelecido na Europa devido ao movimento 
renascentista, pois neste período, surge a necessidade de assegurar a ordem e 
visar ao progresso, há uma ordenação dos conceitos, vocabulários, categorias e 
regras da escola de direito romano. Este renascimento dos estudos do direito 
romano é o ponto crucial para que nasça o direito-romano germânico. 
 
10) Como se formou o direito da common law? 
O sistema common law é um sistema de direito elaborado na Inglaterra, 
principalmente pela ação dos Tribunais Reais de Justiça. Teve sua formação entre 
os anos de 1066 e 1485, tendo o seu início com a conquista Normanda em 1066, 
por Guilherme, o Conquistador. Esta conquista constitui em um grande 
acontecimento para a história do Direito Inglês, pois acaba levando para a Inglaterra 
um “poder forte, centralizado, rico de uma experiência administrativa posta à prova 
no ducado da Normandia”. A partir desta conquista, finda-se o sistema tribal na 
Inglaterra e tem-se início o sistema feudal. 
O feudalismo instalado na Inglaterra era de caráter militar e organizado que 
permitirá, por oposição ao continente europeu, o desenvolvimento da common law. 
Surge, assim, o sistema da comune ley ou common law, para fazer oposição aos 
costumes locais frutos do feudalismo. 
Este direito, em 1066 ainda não exista. A assembleia dos homens livres 
aplica o costume local, limita-se de acordo com este costume e decide qual das 
partes deverá provar a verdade de suas declarações, submetendo-se a uma prova 
não racional. Aos poucos, estas são substituídas por jurisdições senhoriais de um 
novo tipo, que deliberarão igualmente com base na aplicação do direito costumeiro 
local. 
As jurisdições eclesiásticas que foram instituídas depois da conquista aplicam 
o direito canônico comum a toda a cristandade. A elaboração da comune ley, direito 
inglês é comum a toda a Inglaterra e será obra exclusiva dos Tribunais Reais de 
Justiça, vulgarmente designados pelo nome do lugar onde vão estabelecer-se a 
partir do século XIII, Tribunais de Westminster. 
A common law compreende o direito inglês, que está na sua origem, e os 
direitos de países de língua inglesa. Além destes, sua influência é considerável na 
maior parte dos países, senão em todos, que politicamente estiveram ou estão 
associados à Inglaterra. 
Estes países conservaram certos domínios, tradições, instituições e conceitos 
próprios. A influência inglesa marcou profundamente a maneira de pensar dos seus 
juristas, porque por um lado, a organizaçãoadministrativa e judiciária e por outro 
lado, a matéria do processo e as provas foram estabelecidas e reguladas segundo o 
modelo inglês.

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