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Apostila Coder conhecimentos gerais

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1 
 
 
 
 
 
 
 
CODER-MT 
 
 
 
Assuntos de interesse geral veiculados pela imprensa audiovisual e pela imprensa escrita. 
Aspectos históricos, geográficos, econômicos e políticos em nível de Mundo, Brasil, Estado de 
Mato Grosso e Município de Rondonópolis/MT ........................................................................ 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você 
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
cinco dias úteis para respondê-lo (a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
Apostila gerada especialmente para: Diandra Queiroz da Silva e Silva 026.037.871-28
 
1 
 
 
 
*Candidato(a). O edital não é específico quanto ao conteúdo a ser trabalhado a “nível de mundo”. 
Teremos então apenas informações geográficas e históricas dos eventos mais importantes e de aspectos 
que não tenham sido trabalhados no aspecto nacional. O conteúdo de Atualidades estará ao final, junto 
dos outros tópicos, regionais e nacionais. 
 
História e Geografia Mundial 
 
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
 
A revolução industrial é um dos momentos de maior importância e influência sobre o modo de vida das 
sociedades atuais. Ela marca a passagem e as transformações sociais ocorridas primeiramente na 
Europa e que posteriormente se espalharam pelo restante do mundo. 
 A passagem da sociedade rural para a sociedade urbana, a transformação do trabalho artesanal e 
manufatureiro para o trabalho assalariado e a organização fabril foram algumas dessas transformações. 
A Revolução Industrial normalmente é dividida em três fases: 
A Primeira Fase que vai de 1760 a 1850, predominantemente na Inglaterra, quando surgiram as 
primeiras maquinas a vapor; 
A Segunda Fase que vai de 1830 a 1900 e marca a difusão da revolução por países europeus como 
Bélgica, França, Alemanha e Itália, além dos Estados Unidos e Japão. Durante esse período surgem 
formas alternativas de energia, como a hidrelétrica e motores de combustão interna, movidos a gasolina 
e diesel. 
E por fim, a Terceira Fase que começa em 1900, caracterizada pela inovação nas comunicações e do 
aumento da produção em massa. 
 
O que é Industrialização? 
 
 A industrialização pode ser entendida como a transformação de matérias-primas para serem 
consumidas e utilizadas pelo ser humano. 
A transformação de matérias-primas em produtos por meio de da utilização de maquinas é conhecida 
como maquinofatura, enquanto a transformação manual é conhecida como manufatura. 
 Existe também uma outra categoria de transformação, o artesanato, em que o processo de produção 
é efetuado por uma única pessoa do início ao fim. 
 
* Cuidado ao diferenciar o artesanato, manufatura e maquinofatura. 
O artesanato condiz a técnica do trabalho manual não industrializado, no qual é realizado elo artesão, 
e que escapa à produção em série. A manufatura é um estágio mais avançado, em que numerosos 
trabalhadores se reúnem para a realização de um mesmo objetivo, possuem funções definidas e são 
coordenados por um chefe que gerencia a produção. 
Por sua vez, maquinofatura se caracteriza pelo uso de ferramentas e máquinas que são utilizadas no 
processo de produção. 
 
Como tudo começou? 
Para entender a Revolução Industrial é preciso entender as mudanças ocorridas na Inglaterra a partir 
do século XVIII e o restante da Europa no século XIX. 
Um dos fatores que colaborou com a Revolução Industrial foi a melhoria de condições de higiene e 
alimentação, garantindo uma maior longevidade, que aumentava o consumo de produtos e também 
disponibilizava mão-de-obra para o trabalho na indústria. 
As revoluções inglesas que ocorreram no século XVIII colocaram o poder político da Inglaterra nas 
mãos da burguesia capitalista. Seu interesse no desenvolvimento econômico colaborou para a 
organização do sistema de circulação de mercadorias através da abertura de canais, estradas, portos e 
comercio exterior. Os impostos (cobrança e aplicação) foram organizados no mesmo período. 
Assuntos de interesse geral veiculados pela imprensa audiovisual e pela 
imprensa escrita. Aspectos históricos, geográficos, econômicos e políticos em 
nível de Mundo, Brasil, Estado de Mato Grosso e Município de Rondonópolis/MT 
Apostila gerada especialmente para: Diandra Queiroz da Silva e Silva 026.037.871-28
 
2 
 
A ascensão da burguesia ao poder colaborou para o processo de cercamento de terras baldias e terras 
de uso comum, o que extinguiu os yeomen1, que formavam uma classe de pequenos proprietários e 
trabalhadores rurais que sobreviviam do cultivo de terras arrendadas e da utilização das áreas comuns. 
Com as terras que eram utilizadas pelos yeomen confiscadas pelo governo, muitos trabalhadores 
rurais acabaram migrando para as cidades em busca sobrevivência, tornando-se empregados nas 
manufaturas. 
A religião teve um importante papel para a mentalidade e economia na Inglaterra. O Puritanismo é 
uma concepção da fé cristã que surgiu na Inglaterra, criada por grupos protestantes radicais após as 
reformas que ocorreram no país. Inspirados pelo calvinismo, tinham a crença da acumulação, poupança 
e enriquecimento, que eram vistos como demonstrativos da salvação. 
Além disso, durante muito tempo, os ingleses desenvolveram seu comércio e sua agricultura. O 
comercio foi expandido em escala mundial, criando um grande mercado que pudesse comprar seus 
produtos e absorver sua produção de produtos industrializados, em especial o algodão. 
Ele mostrou-se uma alternativa mais atraente para os comerciantes ingleses, devido à sua abundancia 
de produção nas colônias britânicas no Oriente e nos Estados Unidos, que ainda pertenciam à Inglaterra. 
Como não havia regulamentação sobre o comercio do algodão e a mão-de-obra disponível juntamente 
com a matéria-prima era extremamente atraente, do ponto de vista econômico, os esforços empresariais 
concentraram-se nessa área. 
Toda essa rede de comercio e produção garantiu para a Inglaterra grande acumulo de capital, ou seja, 
os recursos necessários para investir e aumentar a produção industrial. 
Esse capital, junto de outros fatores ajudaram a Inglaterra a destacar-se como pioneira na Revolução 
Industrial com o aluguel de terras produtivas, o lucro obtido na venda de matérias primas e a elevação 
constante de preços, que garantiam uma grande margem de lucro para os comerciantes. 
Com uma grande quantidade de capital disponível era possível fazer empréstimos que possuíam juros 
baixos, o que permitia fazer investimentos a longo prazo, em produtos e maquinas que levavam um longo 
tempo para garantir retorno e compensação financeira. 
A Inglaterra possuía além dos fatores econômicos e sociais necessários para a criação de industrias, 
elementos minerais que eram utilizados na construção das máquinas, como o ferro e o carvão. 
A existência deferro e carvão no país colaboraram para as invenções que ajudaram a mudar a 
indústria. A criação de mecanismos que aumentavam determinada etapa da produção obrigava outros 
setores a buscar alternativas para acompanhar o ritmo de produção, transformando-se em um ciclo de 
desenvolvimento industrial, gerados através da busca pela produção. 
 
Industrialização e o Trabalho 
 
Para suprir a grande produção e atender o mercado consumidor, as fabricas precisavam de mão-de-
obra para operar a produção. Se antes os trabalhadores, principalmente artesãos, trabalhavam em suas 
casas, agora o trabalho era concentrado no ambiente das fabricas. 
Para conseguir lucros as fabricas precisavam produzir em larga escala, o que barateava a produção, 
pois não fazia sentido a utilização de recursos imensos como maquinas a vapor e represamento de rios 
para a utilização de energia hidráulica com o intuito de produzir pouco. 
Outra grande mudança para os trabalhadores era a relação entre o tempo e o trabalho. Para produzir 
com eficiência as fabricas precisavam organizar seus funcionários, seja em turnos ou escalas, para que 
garantam que a produção nunca pare ou caia, o que ajudava a maximizar os lucros e evitar prejuízos, e 
é aí que entra o conceito de tempo. 
Até o período anterior à revolução industrial era comum que pessoas trabalhassem sem horários ou 
dias fixos, normalmente eles o faziam (trabalhavam) até obter o necessário para os gastos da semana ou 
pelo período desejado. 
Com o trabalho concentrado nas fabricas e com a necessidade de se manter a produção, era essencial 
que os trabalhadores cumprissem horários determinados de entrada e saída em seus postos de serviço. 
Foi nesse período que o relógio se popularizou, já que era necessário para garantir a rotina imposta pelas 
fábricas. 
Com a introdução da maquinofatura outro importante aspecto ganha forma: a separação entre 
trabalhador e meio de produção. 
 
 
1 classe de homens que possuem pequenas e médias terras. 
Apostila gerada especialmente para: Diandra Queiroz da Silva e Silva 026.037.871-28
 
3 
 
Se antes da Revolução Industrial um fabricante de tecidos utilizava seus equipamentos, como a roca 
de fiar, agora ele dependia de equipamentos sofisticados para tornar seus produtos competitivos. Os 
preços desses equipamentos normalmente atingiam valores altos, que poucas pessoas poderiam pagar. 
Anteriormente um artesão era capaz de produzir com suas próprias ferramentas, agora com o trabalho 
nas indústrias e com o custo dos equipamentos, o trabalhador dependia dos meios de produção, no 
entanto, não os possuía, assim a pessoa acabava se tornando funcionário de uma empresa, e a partir daí 
utilizava os seus meios de produção. 
Com essa mudança a sociedade divide-se em duas categorias: 
 
- Quem possuía os meios de produção, capital, matéria prima e equipamentos – uma pequena minoria; 
- E as pessoas que vendiam sua força e capacidade de trabalho para o primeiro grupo em troca de um 
salário. 
 
As mudanças que ocorreram no século XVIII não agradaram a todos. Muitos artesãos e trabalhadores 
ficaram insatisfeitos com as rotinas de trabalho de impostas. Era comum existirem jornadas de trabalho 
de 14 a 16 horas diárias em condições extremamente desfavoráveis e arriscadas, como o barulho 
incessante de maquinas e o trabalho repetitivo a que se sujeitavam para receber baixos salários. 
A situação era ainda mais complicada no caso de mulheres e crianças, que recebiam uma quantia 
menor, independentemente do nível de trabalho executado em relação aos homens. 
Com a grande leva de camponeses que buscavam oportunidades nos centros industriais, a 
concorrência por empregos aumentava. Com isso os donos de fabricas davam preferência para a mão-
de-obra barata e abundante que vinha do campo. 
A concentração em grandes centros também prejudicava aqueles com pouco poder aquisitivo. Nas 
regiões industrializadas a população crescia em ritmo acelerado, chegando a cidade a possuir mais de 1 
milhão de habitantes antes do século XIX. 
O crescimento da população nem sempre era acompanhado pela oferta de moradia, o que gerava 
alugueis com altos preços e aglomeração de pessoas em pequenos espaços, muitas vezes abrigando 
diversas famílias. 
O próprio país sofreu mudanças em sua paisagem. Nesse período a Inglaterra dividia-se em dois 
contextos: a Inglaterra Negra, que era dominada por industrias, instaladas principalmente onde havia 
disponibilidade de carvão, em geral no norte e oeste do país, e a Inglaterra Verde no sul e sudeste, que 
era responsável pela agricultura e pastoreio. 
 
Movimentos Organizados 
As dificuldades enfrentadas levaram à criação de movimentos organizados de trabalhadores que 
reivindicavam melhores condições de remuneração e segurança no trabalho. 
Entre os movimentos de reinvindicação que ocorreram no século XVIII, o Ludismo possui destaque. 
Os ludistas eram contra a industrialização da produção e mecanização do trabalho e ficaram famosos 
por quebrarem maquinas em indústrias têxteis. Seus membros acreditavam que as maquinas tiravam o 
trabalho das pessoas e que era necessário acabar com elas para garantir empregos para a população. 
Apesar do movimento ludista ter durado pouco tempo (entre 1811 e 1812) ele teve uma grande 
repercussão e serviu de inspiração para movimentos posteriores. Entre os atos mais notáveis de seus 
participantes está a invasão noturna na manufatura de William Cartwright que ficava no condado de York, 
em abril de 1812. 
Como consequência, 64 pessoas foram acusadas de participar da invasão e julgadas um ano depois. 
Dentre as penas sofridas, 13 pessoas foram condenadas à pena de morte, sob o crime de atentado contra 
a manufatura de Cartwright e duas pessoas foram deportadas para as colônias britânicas. 
O termo Ludismo ainda hoje é utilizado para referir-se a pessoas que são contra o desenvolvimento 
tecnológico e industrial. Seu nome deriva do nome de um operário chamado Ned Ludd, que supostamente 
teria quebrado as maquinas de seu patrão. A história serviu de inspiração para que outras pessoas 
aderissem a essa ideia. 
Um segundo movimento importante foi o Cartismo, que ocorreu nas décadas de 1830 e 1840 na 
Inglaterra. Sua origem vem da carta escrita pelo radical William Lovett, que ficou conhecida como Carta 
do Povo, documento que continha as reivindicações do grupo. 
Suas exigências eram: 
- Voto universal; 
- Igualdade entre os distritos eleitorais; 
- Voto secreto por meio de cédula; 
- Eleição anual; 
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4 
 
- Pagamento aos membros do Parlamento; 
- Abolição da qualificação segundo as posses para a participação no Parlamento; 
 
O movimento cartista buscava melhorias nas condições dos operários, que mesmo após quase cem 
anos do início da Revolução Industrial ainda eram péssimas. Possuiu uma grande adesão da população 
e foi considerado o primeiro grande movimento tanto de classe como de caráter nacional que lutava contra 
a condição social na Grã-Bretanha. 
A intenção era de que a Carta do Povo fosse aprovada pelo parlamento inglês, de maneira a garantir 
os direitos reivindicados. O parlamento não só rejeitou a carta como perseguiu os líderes e simpatizantes 
do movimento, com a intenção de acabar com sua influência. 
Apesar dos esforços do parlamento, o movimento exerceu grande influência no operariado, tanto inglês 
como internacional e conseguiu convocar em 1848 uma grande mobilização que estimava reunir 500 mil 
trabalhadores e pressionar o parlamento. A mobilização fracassou, porém, diversas leis trabalhistas foram 
criadas para beneficiar os trabalhadores. 
 
As Trade Unions 
Como maneira de conseguir melhores condições de trabalho, muitos trabalhadores partiram para a 
formação de associações e para lutar por seus direitos. 
Em várias partes da Inglaterra, em especial nas cidades com grande concentração de indústrias como 
Lancashire, Yorkshire e Manchester,diversas sociedades de trabalhadores (conhecidas como Trade 
Unions) começam a aparecer com o objetivo de promover ajuda mútua entre os trabalhadores. 
Por sua vez, os patrões ficaram atentos ao movimento dos trabalhadores e também se organizaram 
para conter as revoltas. As greves, uma das formas de protesto mais prejudiciais para a indústria até hoje, 
foram amplamente utilizadas. 
Com trabalhadores paralisados em manifestações e protestos, as maquinas paravam e, portanto, não 
produziam, o que afetava os lucros. 
De olho em formas de conter tanto greves como associações, os empresários e patrões tiveram que 
recorrer à influência que possuíam no governo da Inglaterra. Em 1799 uma lei foi criada para proibir as 
associações de trabalhadores, que foi derrubada pela forte oposição que eles conseguiram fazer. 
Além de leis, também era utilizada a violência para conter o aumento dessas associações. Apesar da 
grande disputa entre os dois lados, em 1824 as leis que proibiam a formação de associações foram 
revogadas. 
 
Outros Países na Disputa 
Durante muitos anos, a Revolução Industrial ocorreu praticamente apenas na Inglaterra, que fez o 
possível para manter as maquinas e técnicas de produção em seu território. Apesar de toda a legislação 
e proibições, muitos fabricantes tinham interesse em expandir seus negócios. 
Em 1807 William Cockrill criou fabricas para a produção de tecidos na Bélgica, que se desenvolveram 
com bastante eficiência, já que além do interesse também haviam ferro e carvão disponíveis em 
quantidades satisfatórias. 
A França passava por um período turbulento na época, com o fim da Revolução Francesa. Além disso 
havia uma tradição da pequena indústria no país juntamente com a produção de artigos de luxo. Somente 
após 1848 a indústria começa a desenvolver-se timidamente e com uma política protecionista de 
mercado, ou seja, com o impedimento de importações e o incentivo de exportação de produtos franceses. 
E tanto Itália como Alemanha começam a desenvolver suas industrias após 1870, quando os países 
terminam seus processos de unificação. 
Além da Europa, os Estados Unidos foram o único país a desenvolver com êxito a Revolução Industrial, 
com uma grande produção de artigos manufaturados no fim do século XIX. 
 
Segunda Revolução Industrial 
 
No final do século XIX novas tecnologias propiciaram o que ficou conhecido como Segunda 
Revolução Industrial ou Revolução Techno-científica. A produção agora não estava restrita somente 
a tecidos e produtos do gênero. Através do investimento em pesquisa e produção em outras áreas, além 
da descoberta de novas fontes de energia e transporte, o leque industrial ampliou-se. 
No setor energético duas mudanças foram significativas: a utilização de produtos derivados do 
petróleo e a energia elétrica. 
Apostila gerada especialmente para: Diandra Queiroz da Silva e Silva 026.037.871-28
 
5 
 
Edwin Drake perfurou o primeiro poço de petróleo em 1859, no estado da Pensilvânia. A técnica 
utilizada por Drake foi desenvolvida a partir das técnicas de exploração das minas de sal. A descoberta 
de uma maneira viável de extrair o petróleo ajudou a expandir sua utilização em vários setores industriais. 
O dínamo industrial também foi um passo muito importante e marcou a passagem da utilização do 
carvão para a energia elétrica, que se mostrava mais barata e eficiente. O dínamo é um aparelho que 
gera corrente contínua, convertendo energia mecânica em eléctrica, através de indução eletromagnética. 
A descoberta de novas técnicas para a produção de aço, como o processo de Bessemer2 na Inglaterra 
possibilitou a criação de maquinas mais resistentes. A indústria química também se desenvolveu e 
possibilitou a criação de novos ramos de produção como tintas, corantes, fertilizantes e munições. 
Os transportes se desenvolveram em grande escala com a invenção e aprimoramento de maquinas a 
vapor, com destaque para a locomotiva criada na Inglaterra em 1814, e do navio a vapor em 1805 nos 
Estados Unidos. 
A criação de meios de transporte mais rápidos e eficientes possibilitou uma melhor movimentação no 
transporte de cargas e produtos, deixando de depender de condições climáticas e naturais. Um exemplo 
são os trilhos da locomotiva que estavam sempre no mesmo lugar e evitavam que ela atolasse ou tivesse 
que parar durante a viagem. Os navios também não dependiam mais da força dos ventos para navegar. 
Outras invenções que revolucionaram o setor de transportes foram o avião, no início do século XX e 
motor de combustão interna, que popularizou a utilização do automóvel como meio de transporte. 
As comunicações passaram por grandes mudanças durante o período, e permitiram o contato entre 
duas pessoas a uma longa distância através de mensagens em tempo real. Em 1837 Samuel Morse 
inventou o telégrafo nos Estados Unidos e ao longo do século XIX a colocação de cabos submarinos 
permitiram a ligação telegráfica entre os Estados Unidos e a Europa. 
O trabalho também passou por diversas mudanças que buscavam aumentar a eficiência e os lucros 
das empresas através da organização da produção. O fordismo e o taylorismo foram as duas principais 
ideias adotadas. 
 O Fordismo tem como características: produção em série e a introdução de linhas de produção 
mecanizadas. É famosa a frase de seu idealizador Henry Ford quando se referia ao seu famoso 
automóvel, o Ford T: “Quanto ao meu automóvel, as pessoas podem tê-lo em qualquer cor, desde que 
seja preta!”. Acontece que, para a Linha de Produção Fordista, a cor preta é a que secava mais rápido. 
No Taylorismo existe o controle da produtividade dos operários através da análise técnica de seus 
gestos e movimentos diante das maquinas. 
 
Lado Financeiro 
As grandes inovações e novas invenções que surgiam quase diariamente tornavam cada vez mais 
difícil os investimentos feitos por uma única pessoa. Nesse contexto os bancos ganham muito destaque, 
lucrando através de empréstimos e de ações de empresas na bolsa de valores. 
Você sabe como funciona a bolsa de valores? 
 
A bolsa de valores é o mercado organizado onde se negociam ações de sociedades de capital aberto 
(públicas ou privadas) e outros valores mobiliários3. 
Tudo começa quando uma empresa decide lançar ações ao público. Essa iniciativa é conhecida 
como abrir o capital. Com o capital aberto, novos acionistas são atraídos e injetam dinheiro nessa 
empresa. Em caso de lucro, todos ganham. Se houver prejuízo, as perdas também são divididas 
proporcionalmente. 
Para participar das apostas na bolsa, a companhia precisa credenciar-se em uma corretora de 
valores. Essas instituições estão por trás de todas as negociações, fazendo as transações para quem 
quer investir em ações e mantendo a bolsa financeiramente. 
 
Neste período as práticas monopolistas também se intensificaram. As consequências foram o acumulo 
de capital nas mãos de poucos grupos ou pessoas. Assim surge o que ficou conhecido como capitalismo 
financeiro ou monopolista. 
O monopólio é a pratica de dominação do mercado através do controle de um determinado produto. 
Além do monopólio outras práticas surgiram e se fortaleceram: 
 
 
2 primeiro processo industrial de baixo custo para a produção em massa de aço a partir de ferro gusa fundido. 
3 https://www.osmelhoresinvestimentos.com.br/bolsa-de-valores/como-funciona-bolsa-valores/ 
Apostila gerada especialmente para: Diandra Queiroz da Silva e Silva 026.037.871-28
 
6 
 
- Cartel: o cartel é um acordo entre empresas independentes com a finalidade de criar uma ação 
coordenada para o estabelecimento de preços. Atualmente no Brasil a prática de cartel é considerada 
uma atividade criminosa. Como exemplo é possível citar os carteis em redes de postos de combustível4. 
- Dumping: o dumping é a pratica da venda de produtos a um preço artificialmente baixo, para eliminar 
a concorrência e voltar a praticar preços mais altos. 
- Holding: o holding é a pratica de uma empresa controlar as ações de diversasoutras empresas. 
- Sociedades anônimas: são um tipo de sociedade em que o capital é dividido em ações que podem 
ser livremente negociáveis. 
- Truste: é a fusão de empresas que visam obter controle sobre alguma atividade econômica. 
 
Terceira Revolução Industrial 
 
A Terceira Revolução Industrial ocorre após o termino da Segunda Guerra Mundial, em meados de 
1940. Sua principal característica é o uso de tecnologias avanças para a produção industrial e teve como 
líder os Estados Unidos. 
As fontes de energia passam a ter importância ainda maior e é nesse período começam as buscas por 
fontes alternativas como a energia nuclear e a eólica. O desenvolvimento tecnológico nesse período é 
importante não apenas na busca de novas fontes de energia, mas na produção em si. 
Uma grande mudança proporcionada pela tecnologia é a disputa com a mão-de-obra humana. Linhas 
de produção passaram a dispensar trabalhadores e substitui-los por maquinas que conseguem fazer o 
serviço com mais rapidez e precisão, o que abriu ainda mais o leque de industrias, com destaque para a 
Biotecnologia e a Nanotecnologia. 
No cenário mundial surgiram outras potências tecnológicas como a Alemanha, o Japão e a China. A 
globalização é um fenômeno bem característico do período, com a produção de produtos com peças que 
são fabricados em diversas partes do mundo. 
Com o grande investimento e desenvolvimento da tecnologia, ela passa a ser cada vez mais acessível 
para as pessoas, o que revolucionou novamente os meios de comunicação com a produção em massa e 
de baixo custo de telefones celulares, computadores pessoais, notebooks, tablets e smartfones. 
 
Questões 
 
01. (TRT/15ª Região – Analista Judiciário – FCC/2018) Uma diferença importante entre a Terceira 
Revolução Industrial e as duas primeiras ocorridas anteriormente reside na constatação de que o produto 
final, no caso da Terceira Revolução Industrial, 
(A) tem elevado valor agregado, considerando-se os altos custos e investimentos em seu processo de 
produção. 
(B) produz impacto reduzido na sociedade, uma vez que permanecem inalterados os hábitos e padrões 
de consumo. 
(C) gera distribuição de riqueza, uma vez que promove a participação de pequenos produtores no 
processo industrial. 
(D) causa poucos danos ao meio ambiente, uma vez que os materiais envolvidos são recicláveis e 
gasta-se pouca energia em sua fabricação. 
(E) favorece a autonomia do trabalhador, uma vez que independe da lógica de produção industrial e 
em série. 
 
02. (IF/TO – Professor – IF/TO - 2019) A Revolução Industrial inaugurou um ciclo de inovações 
tecnológicas que permeiam as atividades humanas desde o século XVIII. O uso disseminado das 
máquinas, advindas dessas inovações, modificou as relações de trabalho, como satirizado na charge 
seguinte, ampliou a produção e a produtividade, impulsionou a urbanização e assim reestruturou a 
organização do espaço no mundo. 
 
4 http://www.cade.gov.br/servicos/perguntas-frequentes/perguntas-sobre-infracoes-a-ordem-economica 
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7 
 
 
 
Analise as alternativas seguintes sobre a Revolução Industrial, suas fases e os reflexos econômicos e 
sociais no espaço mundial e brasileiro e assinale a correta: 
(A) Como estratégia para promover o crescimento econômico e o desenvolvimento industrial, a Grã-
Bretanha, nos primórdios da Revolução Industrial, adotou uma postura protecionista, executando medidas 
tanto para impedir transferência de tecnologia para os principais concorrentes, como reduzindo ou 
abolindo as tarifas alfandegárias de importação de matérias-primas importantes para sua atividade 
industrial, além de conceder subsídios para a exportação de seus produtos industriais. Essa política de 
fomento de sua atividade industrial durou até meados do século XIX. 
(B) A 2ª Revolução Industrial, iniciada em meados do século XIX, também denominada de Revolução 
Técnico-Cientifico-Informacional, ampliou a industrialização para além do continente europeu, abarcando 
o continente americano como um todo e parte do continente asiático. 
(C) Os fatores locacionais para a instalação de unidades industriais configuram-se como vantagens 
competitivas de um lugar em detrimento de outro. Para as indústrias de alta tecnologia, os fatores 
locacionais mais importantes são, em ordem decrescente: amplo mercado consumidor, incentivos fiscais, 
disponibilidade de matéria-prima e mão de obra altamente qualificada. 
(D) A importância alcançada pelas empresas transnacionais no mercado global possibilitou a 
descentralização industrial e, por meio da fragmentação do processo produtivo, favoreceu o 
desenvolvimento industrial de países não industrializados como o Brasil e a Rússia. Nestes países, desde 
o início de seu desenvolvimento industrial, o consumo foi ampliado por meio da obsolescência 
programada. 
(E) Na 1ª Revolução Industrial a exploração dos trabalhadores foi intensa. Cargas horárias de trabalho 
excessivas, poucos ou nenhum direito trabalhista, baixas remunerações e condições insalubres de 
trabalho foram e são enfrentadas por todos os trabalhadores do setor secundário até a atualidade nas 
economias emergentes. 
 
03. (SEDUC/AL – Professor – CESPE/2018) Determinadas transformações do sistema capitalista 
mundial resultam da revolução tecnológica das últimas décadas do século XX e do início do século XXI. 
A esse respeito, julgue o item subsequente. 
A revolução tecnológica da Terceira Revolução Industrial aumentou a produtividade sem descentralizar 
o capital das grandes empresas. 
(A) Certo 
(B) Errado 
 
04. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE/2018) A Revolução Industrial teve início no século 
XVIII e transformou econômica e socialmente boa parte do Ocidente ao longo de suas fases. Tendo essa 
informação como referência inicial, julgue (C ou E) o item a seguir, que dizem respeito ao referido período 
e aos seus desdobramentos. 
O emprego e uso da noção e conceito de mercado, essencial ao capitalismo industrial, foi herdado do 
mercantilismo. A partir da necessidade de expansão e garantia de mercados, houve a formação de 
Estados territoriais e de impérios coloniais: o Imperialismo resultou da Revolução Industrial. 
(A) Certo 
(B) Errado 
Apostila gerada especialmente para: Diandra Queiroz da Silva e Silva 026.037.871-28
 
8 
 
05. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE/2018) A Revolução Industrial teve início no século 
XVIII e transformou econômica e socialmente boa parte do Ocidente ao longo de suas fases. Tendo essa 
informação como referência inicial, julgue (C ou E) o item a seguir, que dizem respeito ao referido período 
e aos seus desdobramentos. 
Os cercamentos ingleses aconteceram com o objetivo de incentivar o excesso de mão de obra 
necessária às fábricas na Inglaterra. Esse processo foi pacífico e contou com o apoio dos pequenos e 
médios produtores, pois estes adotaram a lógica comercial vigente e se integraram à cadeia de consumo. 
(A) Certo 
(B) Errado 
 
Gabarito 
 
01.A / 02.A / 03.B / 04.A / 05.B 
 
Comentários 
 
01. Resposta: A 
A Terceira Revolução Industrial ocorre após o termino da Segunda Guerra Mundial, em meados de 
1940. Sua principal característica é o uso de tecnologias avanças para a produção industrial e teve como 
líder os Estados Unidos. A utilização de tecnologias avançadas demandou altos investimentos e por 
consequência produtos com valores superiores até então. 
 
02. Resposta: A 
Protecionismo é uma doutrina, uma teoria que prega um conjunto de medidas a serem tomadas no 
sentido de favorecer as atividades econômicas internas, reduzindo e dificultando ao máximo, a importação 
de produtos e a concorrência estrangeira. Tal teoria é utilizada por praticamente todos os países, em 
maior ou menor grau, estando presente no contexto do desenvolvimento da Revolução Industrial inglesa. 
 
03. Resposta: B 
A tecnologia possibilitou o aumento da produção de forma geral, ao contrário do queocorreu no início, 
quando o capital de grandes fabricas ficou concentrado em seus núcleos. Hoje, é comum que grandes 
empresas tecnológicas se estabeleçam perto de centros com mão de obra qualificada por exemplo. A 
diversidade desses centros também faz com que esse capital permaneça descentralizado. 
 
04. Resposta: A 
O capitalismo comercial foi a base para o desenvolvimento do capitalismo industrial. Os Estados 
territoriais e impérios coloniais foram formados e delimitados para atender aos monopólios derivados do 
mercantilismo que, em decorrência da produção e a busca por mercado consumidor e matéria-prima, 
resultou no imperialismo. 
 
05. Resposta: B 
Cercamentos são o processo de exclusão dos trabalhadores de seu meio de sustento, as terras 
produtivas, na transição do feudalismo para o capitalismo, mediante sua transformação em propriedade. 
Como mostra a alternativa, não foi um processo pacífico nem tampouco contou com o apoio de médios e 
pequenos produtores5. 
 
REVOLUÇÃO FRANCESA E SUAS CONSEQUÊNCIAS 
 
Ao proporem a divisão quadripartite da História (Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade 
Contemporânea), os historiadores do século XIX elegeram a Revolução Francesa como um dos grandes 
marcos divisórios da chamada “História Geral” – baseada na concepção eurocêntrica –. 
Por ter representado uma profunda mudança nos padrões de vida e da sociedade do período, o ano 
de 1789 (início da Revolução) marca a divisão entre a Idade Moderna e a Idade Contemporânea. 
 
 
 
 
 
5 http://www.fau.usp.br/docentes/depprojeto/c_deak/CD/4verb/cercamentos/index.html 
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9 
 
Antecedentes da Revolução 
 
Na França do século XVIII vigorava um sistema de governo conhecido como Absolutismo Monárquico. 
Luís XVI era o rei francês no período da Revolução e sua imagem personificava o Estado, reunindo em 
sua pessoa os direitos de criar leis, julgar e governar (daí a referência ao poder absoluto). 
Dentro da França absolutista havia uma divisão de três grupos distintos, chamados de Estados 
Gerais: 
- o Primeiro Estado era representado pelos representantes do Alto Clero; 
- o Segundo Estado tinha como representantes a nobreza, ou a aristocracia francesa – que 
desempenhava funções militares (nobreza de espada) ou funções jurídicas (nobreza de toga); 
- o Terceiro Estado era representado pela burguesia e pelos camponeses. Sozinho, ele totalizava 
cerca de 97% da população. 
Apesar de representar a maioria esmagadora da população, o terceiro estado possuía direitos limitados 
e estava subordinado aos interesses dos dois primeiros estados. 
 
Sua composição era bastante heterogêneo e dele faziam parte: 
- Alta burguesia: banqueiros e grandes empresários; 
- Média burguesia: profissionais liberais; 
- Pequena burguesia: artesãos e lojistas; 
- Sans-culottes: trabalhadores, aprendizes e marginalizados urbanos e cerca de 20 milhões de 
camponeses, dos quais cerca de 4 milhões ainda viviam em estado de servidão feudal. 
 
Era sobre o Terceiro Estado que pesava o ônus dos impostos e das contribuições para a manutenção 
do Estado e da Corte, e mesmo sem existir uma unidade, os membros do Terceiro Estado de uma maneira 
geral concordavam em reivindicações como o fim dos privilégios de nascimento e instauração da 
igualdade civil. 
Ao longo do século XVIII alguns fatores contribuíram para a agitação política e a insatisfação popular 
verificadas no instante da revolução. A Guerra dos Sete Anos (1756-1763), travada contra a Inglaterra, 
contabilizou milhares de mortos, feridos e elevadíssimos gastos e prejuízos materiais para ambos os 
países, além da própria derrota sofrida pela França. 
A derrota levou o país a financiar e instigar os colonos britânicos da América a buscarem autonomia, 
o que resultou no processo de independência dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a Corte absolutista 
francesa que possuía um alto custo de vida era financiada pelo Estado, que, por sua vez, já gastava 
bastante seu orçamento com a burocracia que o mantinha em funcionamento. A esses dois fatores ainda 
vale acrescentar a crise que afetou a produção agrícola francesa nas décadas de 1770 e 1780, o que 
resultou em péssimas colheitas e alta da inflação. 
O resultado desses fatos gerou uma crise financeira, ao passo em que o Estado terminava por 
arrecadar uma quantidade inferior aos gastos anuais, com uma dívida pública que se acumulava 
sobretudo pela falta de modernização econômica – principalmente a falta de investimento no setor 
industrial. 
O último item que deve ser levado em conta para entender o contexto da Revolução é a ascensão da 
burguesia. Resultado do desenvolvimento do capitalismo comercial, essa classe social apresentava duas 
tendências marcantes: ou procurava ingressar na nobreza por meio da compra de títulos, ou tentava 
afirmar os seus valores, impondo critérios econômicos de hierarquização social em substituição ao critério 
do nascimento e da tradição, típico da sociedade estamental6. 
A segunda tendência marcou a ascensão da burguesia e rompeu os quadros da sociedade do Antigo 
Regime. 
 
Cenário Político 
Em meio ao caos econômico vivido na França, Luís XVI chega ao poder em 1774 enfrentando desde 
o início o problema de insuficiência na arrecadação de impostos. Turgot, primeiro de seus ministros de 
finanças, tenta cobrar impostos de padres e nobres. Frente a negatividade de suas ações foi obrigado a 
renunciar. 
Ele foi substituído por Necker, que incentivou o apoio francês à independência dos Estados Unidos 
como forma de revidar o resultado da Guerra dos Sete Anos. Necker permaneceu até 1781, quando 
contraiu grandes empréstimos para cobrir os gastos com o financiamento da emancipação americana e 
acabou por aumentar a dívida francesa. 
 
6 Sociedade Estamental é uma forma de organização social na qual a sociedade é dividida em grupos sociais separados uns dos outros por privilégios, sendo a 
estratificação social garantida pelo proprio Estado. 
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Calonne, seu sucessor, buscou cobrar impostos sobre as terras da nobreza e acabou substituído por 
Brienne, que teve o mesmo destino. A saída de Brienne gerou uma crise ministerial, resolvida com a volta 
de Necker. 
Somente em 1789, durante o mandato de Necker, as autoridades reais abriram portas para o 
movimento reformista. Em maio daquele ano, os Estados-gerais foram convocados para a formação de 
uma assembleia que deveria mudar o conjunto de leis da França. 
A Assembleia dos Estados Gerais era um órgão político de caráter consultivo e deliberativo (servia 
para que o rei consultasse a opinião dos membros, além de poder tomar decisões, se o rei assim 
permitisse), constituído por representantes dos três estados. 
Na contagem dos representantes de cada estado, o primeiro estado contava com 291 membros, o 
segundo com 270 e o terceiro estado dispunha de 578 membros votantes. Apesar da maioria absoluta, a 
forma de voto da Assembleia dos Estados Gerais impedia a hegemonia dos interesses do terceiro estado. 
Conforme previsto, os votos eram dados por estados, com isso a aliança de interesses entre o clero e a 
nobreza impedia a aprovação de leis mais transformadoras que beneficiassem o terceiro estado. 
Os Estados Gerais reuniram-se em Versalhes, em 5 de maio de 1789. O Terceiro Estado queria 
votações individuais. Os outros dois insistiam em voto por Estado, tendo o apoio do rei. 
O Terceiro Estado, revoltado com essa situação reuniu-se separadamente e jurou não se dispersar 
enquanto o rei não aceitasse uma Constituição que limitasse seus poderes. 
Por sua vez Luís XVI cedeu, mandando o clero e a nobreza juntarem-se ao Terceiro Estado, surgindo 
assim a Assembleia Nacional Constituinte. O rei queria ganhar tempo, pois pretendia juntar tropas para 
dispersar a Assembleia. 
Ao mesmo tempo em que ocorriam essas tensões políticas,socialmente também haviam problemas. 
Os produtos alimentícios começavam a faltar, surgindo revoltas nas cidades e nos campos. Os rumores 
de composição aristocrática da realeza cresciam aumentando o medo do Terceiro Estado. Tudo isso junto 
da reunião de tropas próximas a Paris, e a demissão de Necker, provocaram a insurreição. 
 
Em 14 de julho de 1789 ocorre a queda da Bastilha. 
 
A Bastilha foi construída em 1370, e era uma fortaleza utilizada pelo regime monárquico como prisão 
de criminosos comuns. Na regência do Cardeal Richelieu, entre 1628 e 1642, o prédio foi transformado 
em prisão de intelectuais e nobres, especialmente os opositores à monarquia, sua política ou mesmo à 
religião católica, oficial no período monárquico. Apesar de ser uma prisão, na data de sua invasão a 
Bastilha contava com apenas sete presos. 
Para além do sentido físico de domínio do prédio, a tomada da Bastilha representou a derrota do Antigo 
Regime para a revolta da população, sendo considerada a data de início da Revolução Francesa. 
O rei já não tinha mais como controlar a fúria popular e tomou algumas precauções para acalmar o 
povo que invadia, matava e tomava os bens da nobreza: o regime feudal sobre os camponeses foi abolido 
e os privilégios tributários do clero e da nobreza acabaram. 
 
Assembleia Nacional (1789-1791) 
 
Após a invasão de Bastilha, a Assembleia Geral Nacional se transformou em Assembleia Constituinte, 
onde os deputados elaboraram uma constituição que determinou o fim dos privilégios feudais e de 
nascimento, a igualdade de todos perante a lei e a garantia de propriedade. Foi feito um juramento, que 
deu origem ao lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. 
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Déclaration des Droits de l'Homme et du 
Citoyen), proclamada em 26 de agosto de 1789 determinou o fim das estruturas restantes do Antigo 
Regime. Ela proclama que todos os cidadãos devem ter garantidos os direitos de “liberdade, propriedade, 
segurança, e resistência à opressão”. Isto argumenta que a necessidade da lei provém do fato que “… o 
exercício dos direitos naturais de cada homem tem só aquelas fronteiras que asseguram a outros 
membros da sociedade o desfrutar destes mesmos direitos”. Portanto, a Declaração vê a lei como “uma 
expressão da vontade geral”, que tem a intenção de promover esta igualdade de direitos e proibir “só 
ações prejudiciais para a sociedade”. Sobre ela, o historiador inglês Eric Hobsbawm escreveu: 
"Este documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas não um 
manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária. Os homens nascem e vivem livres e iguais 
perante as leis”, dizia seu primeiro artigo; mas ela também prevê a existência de distinções sociais, ainda 
Apostila gerada especialmente para: Diandra Queiroz da Silva e Silva 026.037.871-28
 
11 
 
que “somente no terreno da utilidade comum”. A propriedade privada era um direito natural sagrado, 
inalienável e inviolável. ”7 
 
Segue abaixo a reprodução do texto da Declaração: 
Os representantes do povo francês, reunidos em Assembleia Nacional, tendo em vista que a 
ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas dos males 
públicos e da corrupção dos Governos, resolveram declarar solenemente os direitos naturais, inalienáveis 
e sagrados do homem, a fim de que esta declaração, sempre presente em todos os membros do corpo 
social, lhes lembre permanentemente seus direitos e seus deveres; a fim de que os atos do Poder 
Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser a qualquer momento comparados com a finalidade de toda 
a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a fim de que as reivindicações dos cidadãos, 
doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, se dirijam sempre à conservação da 
Constituição e à felicidade geral. 
Em razão disto, a Assembleia Nacional reconhece e declara, na presença e sob a égide do Ser 
Supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão: 
 
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem 
fundamentar-se na utilidade comum. 
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis 
do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão. 
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação, 
nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente. 
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim, o exercício 
dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros 
membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela 
lei. 
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não 
pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene. 
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, 
pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja 
para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a 
todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que 
não seja a das suas virtudes e dos seus talentos. 
Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de 
acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar 
ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve 
obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência. 
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser 
punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada. 
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável 
prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei. 
Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua 
manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei. 
Art. 11º. A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem. 
Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos 
desta liberdade nos termos previstos na lei. 
Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública. Esta força é, 
pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada. 
Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável 
uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades. 
Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da 
necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar 
a repartição, a coleta, a cobrança e a duração. 
Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração. 
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a 
separação dos poderes não tem Constituição. 
 
7 Eric Hobsbawm, A ERA DAS REVOULUÇÕES 
 
Apostila gerada especialmente para: Diandra Queiroz da Silva e Silva 026.037.871-28
 
12 
 
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não 
ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia 
indenização. 
 
Luís XVI, mesmo derrotado, se opunha aos decretos e recusava-se a ratificá-los.Tendo o rei se 
recusado a sancionar estes últimos decretos, o povo de Paris (a comuna), marchou em direção ao Palácio 
de Versalhes trazendo o rei para a cidade e obrigando-o a assiná-los. Se sentindo ameaçada, a nobreza 
francesa fugiu para o Império Austríaco. 
Em 1790, os bens do clero foram confiscados, servindo de lastro para a emissão dos assignats (papel 
moeda), por intermédio da Constituição Civil do Clero. 
A lei visava reorganizar em profundidade a Igreja da França, transformando os párocos em 
"funcionários públicos eclesiásticos”, e serviu de base para a integração da Igreja Católica ao novo 
sistema político em vigor a partir de 1789. 
A Lei sobre a Constituição Civil do Clero se compunha de quatro partes, dedicadas aos cargos 
eclesiásticos, o pagamento dos religiosos e outras questões práticas. As circunscrições das dioceses 
foram adaptadas às novas unidades estatais dos départements, cada um destes correspondendo a um 
bispado. A redistribuição reduziu o número de sedes episcopais de 139 para 83. 
 
A Constituição francesa ficou pronta em setembro de 1791, modificando completamente a organização 
social e administrativa da França. O documento concebeu uma forma de governo baseada no princípio 
da separação dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), proposta por Montesquieu. 
O poder executivo, responsável por gerir o Estado, foi confiado à monarquia, que agora deveria 
obedecer aos princípios determinados na constituição, ou seja, também estava sujeita à força da lei, 
conforme deixavam bem claros os artigos 3 e 4 do capítulo II: 
Artigo 3. Não existe na França autoridade superior à da Lei. O Rei reina por ela e não pode exigir a 
obediência senão em nome da lei. 
Artigo 4. O Rei, no ato de sua elevação ao trono, ou a partir do momento em que tiver atingido a 
maioridade, prestará à Nação, na presença do Corpo legislativo, o juramento de ser fiel à Nação e à Lei, 
de empregar todo poder que lhe foi delegado para, manter a Constituição decretada pela Assembleia 
Nacional constituinte nos anos de 1789, 1791, e de fazer executar as leis. 
 
O poder legislativo passava a ser formado por uma assembleia, que não poderia ser violada ou 
dissolvida (evitando o abuso do poder real). Ela era eleita com o uso do voto censitário, e tinha o poder 
de fiscalizar os ministros, as finanças e a política estrangeira. O voto censitário era a concessão do direito 
do voto apenas àqueles cidadãos que possuíam certos critérios que comprovassem uma situação 
financeira satisfatória. 
Na prática, a política continuava nas mãos da classe abastada, em geral dos grandes proprietários, 
excluindo do processo mais de 20 milhões de franceses que não atendiam os critérios estabelecidos pelo 
voto censitário. 
A exclusão da maior parte da população do processo político logo tornou o novo governo impopular, 
gerando também rupturas internas, que fizeram com que a Assembleia se dividisse em várias tendências: 
 
Feuillants: monarquistas constitucionais, liderados por La Fayette e Barnave 
Jacobinos: defensores da República democrática 
Girondinos: grupo de deputados convencionais, liderados por representantes da região da Gironda, 
partidários da Revolução e da República, mas com posições bem mais moderadas do que os Jacobinos, 
especialmente quanto ao papel das massas populares no movimento revolucionário. 
Cordeliers: clube político muito próximo das posições dos “sans-culottes”, representando a população 
mais pobre. 
 
A dificuldade para governar enfraqueceu a Assembleia, o que garantiu a Luís XVI a chance de tentar 
escapar para o Império Austríaco, com o objetivo de organizar uma contrarrevolução. O rei foi 
reconhecido próximo a região de Varennes, onde foi capturado e enviado para Paris. Após a tentativa 
frustrada de fuga, a Assembleia suspendeu seu poder. 
O êxito da Revolução na França deu novo estímulo aos revolucionários de outros países, ao qual não 
surtiu efeito, como nos Países Baixos, Bélgica, Suíça, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Áustria e Itália. Ainda 
assim, simpatizantes com a Revolução na França organizaram demonstrações de apoio. Os déspotas 
esclarecidos, alarmados, abandonaram seus programas de reformas e se aproximaram da aristocracia 
contra as classes baixas. 
Apostila gerada especialmente para: Diandra Queiroz da Silva e Silva 026.037.871-28
 
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Alguns escritores na Europa defenderam a contrarrevolução, ou seja, a retomada do poder na França 
pela força das armas e restauração da Monarquia Absoluta. 
Muitos franceses abandonaram o país. Nobres, clérigos e mesmo burgueses esperavam o auxílio das 
potências europeias que por sua vez se mantiveram indiferentes a princípio, mas, quando as ideias que 
resultaram da Revolução ameaçavam abalar os soberanos absolutos da Europa, modificaram sua atitude. 
Em 20 de abril de 1792, a perseguição dos emigrados pelos franceses provocou a guerra com a 
Áustria, que continuaria com poucas interrupções até 1815. Os insucessos repetiram-se de abril a 
setembro. 
O avanço do exército prussiano rumo a Paris fez crescer o temor da contrarrevolução, arquitetada pelo 
rei e pela aristocracia. Em 10 de agosto as tulherias8 foram ocupadas e o rei aprisionado no templo. No 
início de setembro, a massa parisiense atacou as prisões e massacrou os nobres feitos prisioneiros. O 
Exército passou a convocar voluntários para defender a Revolução. 
Em Valmy, as forças francesas venceram os invasores. No mesmo dia, uma nova Assembleia tomava 
posse: a Convenção. Foi nesse período que a República foi proclamada. A segunda fase da guerra, de 
setembro de 1792 a abril de 1793, é marcada pelas vitórias da França, que avançou em direção à Bélgica, 
região do Reno, Savoia e Nice. 
 
Convenção Nacional 
 
Os membros eleitos para a Convenção Nacional organizaram-se em três grandes partidos: Gironda, 
Montanha e Planície. (Contra as cinco principais representações anteriores). 
- Gironda: Os Girondinos faziam parte um grupo político moderado durante o processo da Revolução 
Francesa. Seus integrantes faziam parte da burguesia francesa. Entre seus líderes destacavam-se Brissot 
e Vergniaud. 
- Montanha (ou Jacobinos): Os jacobinos faziam parte de uma organização política, criada em 1789 
na França durante o processo da Revolução Francesa. No princípio tinham uma posição moderada sobre 
os encaminhamentos revolucionários, porém, com a liderança de Robespierre, passaram a ter posições 
radicais e esquerdistas. Pequenos comerciantes e profissionais liberais eram as principais camadas 
sociais que compunham este grupo. Entre seus líderes destacavam-se Saint Just, Marat, Danton e 
Robespierre. 
- Planície (ou Pântano): apesar de ser formada por membros da burguesia, era considerado um 
partido de centro, fazendo acordos e estabelecendo relações com ambos os partidos. 
 
Convenção Girondina (1792-1793) 
Após seu estabelecimento, a Convenção foi liderada pelos girondinos, sob forte oposição jacobina. 
O rei foi julgado pela Convenção em 21 de janeiro de 1793 e, a despeito do esforço dos Girondinos, 
foi condenado à morte como traidor, sendo guilhotinado. 
A condenação do rei abalou as demais monarquias absolutistas europeias, que temiam sofrer 
processos revolucionários parecidos em seus países. Assim, os impérios da Áustria, da Rússia e da 
Prússia uniram-se militarmente com Inglaterra e Holanda, contestadoras da ocupação francesa sobre a 
Bélgica, e formaram a I Coligação. A união de forças foi capaz de derrotar as tropas francesas, além de 
incentivarem os contrarrevolucionários a influenciarem a revolta camponesa da Vendéia. 
As derrotas sofridas pelas tropas, aliadas aos problemas internos, acentuaram os ânimos dos 
extremistas montanheses. Os Jacobinos, núcleo mais radical da Montanha, eram apoiados pela Comuna 
de Paris, composta por trabalhadores, artífices, pequenos proprietários e trabalhadores rurais. 
O acirramento dos ânimos levou a exigência da criação de um tribunal revolucionário contra os 
suspeitos e chefesgirondinos, além da criação de um exército revolucionário para a defesa do país. As 
reivindicações foram suficientes para reunir as camadas mais baixas e resultaram na queda dos 
girondinos em junho de 1793. 
 
Convenção Montanhesa (1793-1794) 
Os montanheses chegaram ao poder com o apoio dos sans-culottes, porém buscaram conter o 
movimento popular para evitar extremos. Como parte das reformas introduzidas, no campo político 
aboliram a escravidão nas colônias e confiscaram as terras dos nobres, transformando-as em pequenas 
propriedades. Na política, introduziram uma constituição democrática, assegurando uma participação 
mais ativa das camadas mais baixas. 
 
8 Palácio parisiense, cuja construção começou em 1564 sob o impulso de Catarina de Médici, num local ocupado anteriormente por uma fábrica de telhas (tuiles) 
Apostila gerada especialmente para: Diandra Queiroz da Silva e Silva 026.037.871-28
 
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As tensões internas e as vitórias da I Coligação criaram um clima de insegurança, que aumentou ainda 
mais quando o líder montanhês Marat foi assassinado pela monarquista Charlotte Corday, o que revelou 
a possibilidade do restabelecimento da monarquia. Esses fatores colaboraram para a instalação do 
Terror. 
 
O Terror 
Colocado em prática em setembro de 1793, o Terror contou com amplo apoio dos sans-culottes. 
Liderados por Robespierre, os montanheses criaram os Comitês da Salvação Pública e da Segurança 
Geral com o objetivo de governar o país, e o Tribunal Revolucionário, para aplicar a justiça. 
As prisões eram feitas com base na Lei dos Suspeitos, que permitia capturar e julgar todos aqueles 
considerados suspeitos de traição contra a República. Milhares de pessoas foram enviadas para a 
guilhotina, entre elas a rainha Maria Antonieta. 
Com o mesmo argumento de proteção da Revolução, as igrejas também foram fechadas, sendo 
instituído o “culto do Ser Supremo”, que na verdade tratava-se de uma devoção à razão. 
No plano econômico foi instituída a lei do Máximo Geral, ou seja, a fixação de um teto Máximo para 
os produtos de primeira necessidade. 
O calendário também foi substituído, dando lugar ao Calendário Revolucionário9. 
O terror gerou resultados, com a derrota da Vendéia e da Coligação. Superadas as dificuldades, 
Robespierre acreditava que a ditadura era a única forma de manter a Revolução, e não hesitou em enviar 
para a guilhotina todos aqueles que considerou inimigos. 
Paris durante esse período passava por um momento de grande efervescência política, e grupos 
distintos, com visões completamente diferente acabaram levando o mesmo fim, tendo as cabeças 
separadas dos corpos. Os enragés (enraveicidos) propunham a taxação e a suspensão da especulação 
monetária e tinham muito prestígio perante os sans-culottes, porém foram guilhotinados. 
Os indulgentes, liderados por Danton, acreditavam que as medidas eram enérgicas e autoritárias 
demais. Por outro lado, os hebertistas, liderados por Hébert, consideravam que elas ficavam aquém do 
necessário para salvar a Revolução. Para Robespierre tanto um quanto outro, e qualquer outro tipo de 
divergência eram uma ameaça, e ambos foram guilhotinados. 
Nem mesmo o cientista Lavoisier escapou da condenação, pois era visto com maus olhos por possuir 
origem nobre e ser membro da Ferme Générale, agência ligada ao governo e responsável pelo 
recolhimento de impostos, vista como corrupta. 
O Terror não poupou nem mesmo seus dirigentes. As execuções em massa, a ditadura e a intervenção 
na economia acabaram enfraquecendo o poder de Robespierre, que teve sua queda votada pela 
Convenção em 27 de julho de 1794. Juntamente com dezenove partidários, o líder acabou enfrentando o 
destino que muitos de seus tiveram: a própria guilhotina. 
 
A Guilhotina 
Criada pelo médico Joseph Ignace Guillotin, a guilhotina não apareceu como um método de execução usado para 
amedrontar os inimigos da revolução. Criada com a finalidade de proporcionar uma morte rápida e sem dor aos condenados 
à morte, o doutor Gillotin defendeu na Assembleia Nacional que esse seria um método mais humanitário, eficaz e igualitário, 
pois os condenados teriam a mesma pena e o executor não precisaria necessariamente sujar suas mãos com sangue. 
Porém, com a Revolução Francesa todo e qualquer suspeito de se opor ao regime passou a ser decapitado, dessa forma 
a guilhotina ficou marcada como símbolo de crueldade e opressão. 
Mesmo com o fim da Revolução na França, a guilhotina continuou a funcionar como aparelho de execução, com a última 
condenação registrada em 1977, quase duzentos anos após sua utilização em massa. 
 
Convenção Termidoriana 
Após a queda de Robespierre, um novo governo assumiu o poder liderado pela Planície. O novo 
governo buscou afastar-se da pequena burguesia e dos sans-culottes, e pouco a pouco retirou os poderes 
do Comitê de Salvação Pública, além de revogar as leis dos Suspeitos e do Máximo. A Igreja e o novo 
governo estabeleceram um acordo de separação. 
O fim da Lei do Máximo provocou um aumento nos preços dos produtos, inflacionando os assignats. 
O aumento nos preços gerou novas tensões populares, e a alta burguesia, com medo de perder seus 
privilégios e seu poder, eliminou o governo de convenção e criou a Constituição do ano III que instituía 
o Diretório, em 1795. A nova constituição buscou reafirmar o direito à propriedade e a liberdade 
 
9 Os revolucionários propuseram a utilização de um novo calendário, que deveria diferenciar-se do calendário gregoriano, símbolo do cristianismo e do Antigo 
Regime Monárquico que havia sido extinto. Ele foi adotado a partir de 1793, mas seu início marcaria a data de 22 de setembro de 1792, dia em que foi instaurada a 
República. 
O objetivo era iniciar a marcação de uma nova era de ruptura com as tradições cristãs e mais próxima ao racionalismo burguês. O ano I, iniciado em 1792, era 
o ano da adoção da Constituição que havia instituído o sufrágio universal, a democratização (https://bit.ly/2mGeTN0). 
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econômica, pelo uso do restabelecimento do voto censitário, o que excluiu novamente as camadas 
populares do processo político. 
Diretório (1795-1799) 
O novo governo baseava-se na teoria da separação dos poderes. O poder legislativo dividia-se entre 
o Conselho dos Quinhentos (em que os membros deveriam ter mais de 30 anos) e o conselho dos Anciãos 
(que deveriam ter mais de 40 anos). O poder executivo era composto por um Diretório (junta de diretores) 
que era eleito pelos conselhos. 
A nova constituição não conseguiu estabilizar o país, e também não conseguiu afastar os opositores 
(nobres emigrados e sans-culottes). Os nobres tentaram um golpe de retomada do poder, porém foram 
impedidos pelo general Napoleão Bonaparte. Entre as camadas populares, o crítico da propriedade 
privada, Graco Babeuf articulou uma conjuração, a Revolta dos Iguais, que buscava derrubar o 
Diretório, porém não obteve sucesso. 
A corrupção no governo e a má administração enfraqueceram o regime. Juntamente com os problemas 
internos, foi formada a II Coligação, através da união militar entre o Império Turco, a Rússia, a Inglaterra 
e a Áustria, com o objetivo de retomar o poder na França. 
Frente aos problemas enfrentados, alguns membros do Diretório defendiam a ideia de que a única 
forma de manter o poder era o estabelecimento de uma nova monarquia. Preocupando-se em perder o 
poder, parte da alta burguesia apoiou um golpe de Estado, contando com a popularidade de Napoleão 
que havia conquistado vitórias importantes no Egito e no norte da Itália. 
Apoiado por Roger Ducos e pelo abade Sièys, ambos lideres burgueses, em 9 de novembro de 1799 
Napoleão derrubou o Diretório e estabeleceu um consulado provisório, composto pelo general e pelos 
dois líderes que ajudaram a arquitetar o golpe. 
A chegada de Napoleão ao poder ficou conhecida como golpe de 18 Brumário, data que correspondia 
aos meses de outubroe novembro no calendário revolucionário. Os apoiadores do golpe acreditavam 
que através de um poder executivo autoritário poderiam conter os contrarrevolucionários. Contudo, ao 
assumir o poder, Napoleão buscou satisfazer suas próprias ambições, e impôs uma ditadura na França. 
 
Período Napoleônico 
 
Ao chegar ao poder em 1799, a França apresentava um aspecto desolador: a indústria e o comércio 
estavam arruinados, os caminhos e os portos destruídos e o serviço público desorganizado. Todos os 
dias mais e mais pessoas deixavam o país, fugindo da desordem e da ameaça de ver os seus bens 
confiscados. Os clérigos que se tinham negado a jurar fidelidade à nova Constituição eram perseguidos 
e a guerra civil ameaçava estourar em numerosas províncias. 
Napoleão buscou conciliar os diferentes grupos em conflitos, na tentativa de restabelecer a paz e a 
segurança. 
Em 1799 uma nova constituição foi submetida a um plebiscito, e com a aprovação por mais de 3 
milhões de votos, Napoleão agora possuía poderes ilimitados, sob o disfarce do consulado. O voto voltou 
a ser universal, e os candidatos eram escolhidos através de uma lista dos mais votados. O Poder 
legislativo perdeu grande parte de sua importância, tornando-se basicamente um poder formal. 
Ele era composto de quatro assembleias: o Conselho de Estado, que preparava as leis; o Tribunal, 
que as discutia; o Corpo Legislativo, que as votava e o Senado, que velava pela sua execução. 
O Poder Executivo, confiado a três cônsules nomeados pelo Senado por dez anos, era o mais forte de 
todos. Quem detinha efetivamente o poder era o primeiro-cônsul, que propunha, mandava publicar as 
leis e nomeava os ministros, os oficiais, os funcionários e os juízes. 
As guerras continuaram até 1802, quando Napoleão assinou a Paz de Amiens, pondo fim ao conflito 
europeu iniciado em 1792. A administração do Estado foi reorganizada e centralizada. 
Importantes medidas financeiras, como a criação de um corpo de funcionários para arrecadar os 
impostos e a fundação do Banco da França (que recebe o direito de emitir papel moeda), foram tornadas, 
melhorando sensivelmente a situação econômica do pais. 
Na educação, o ensino secundário foi organizado com o objetivo de instruir funcionários para o Estado. 
Uma das maiores contribuições do de Napoleão foi a criação do Código Civil, inspirado no Direito 
Romano, nas Ordenações Reais e no Direito Revolucionário, completado em 1804, continua, na essência, 
em vigor até hoje na França. 
As relações com a Igreja Católica foram retomadas, através de Concordata10 com o papa. O sumo-
pontífice aceitou o confisco dos bens eclesiásticos e o Estado ficou proibido de interferir no culto. Os 
 
10 Acordo diplomático que o Vaticano celebra com outro Estado 
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bispos, indicados pelo governo e investidos de funções religiosas pelo papa, prestariam juramento de 
fidelidade ao governo e as bulas só entrariam em vigor depois de aprovadas por Napoleão. 
Os êxitos obtidos tanto internamente como externamente permitiram a Napoleão conquistar o direito 
de nomear seu sucessor garantido pelo senado, em 1802. Na prática, estabelecia-se uma Monarquia 
hereditária. 
Com o reinício dos conflitos externos em 1803, o Consul aproveitou-se da situação de perigo nacional 
para que fosse proclamado imperador da França. Já em 1804 uma nova Constituição legalizava a 
instituição do Império e convocava um plebiscito para confirmá-la. Oficializada a proclamação através da 
vontade popular, Napoleão foi sagrado imperador pelo papa, e tratou de formar uma nova corte, com 
muitos membros da antiga nobreza francesa. 
Além do Código Civil, que já vinha sendo elaborado, foram criados o Código Comercial e o Código 
Penal. A economia sofreu um grande impulso, tanto pelo aumento da produção no campo – o que levou 
os camponeses a apoiarem o imperador – quanto no incentivo pela industrialização do país. Os projetos 
de reformas de pontes e estradas foram concluídos e novos portos e canais concluídos. 
Ao mesmo tempo em que era verificada prosperidade em algumas áreas, em outras as coisas não 
pareciam caminhar tão bem. Com o aumento da popularidade, Napoleão tornava-se cada vez mais 
despótico, até mesmo para os padrões da monarquia francesa. As assembleias foram suprimidas, o poder 
judiciário passou cada vez mais para as mãos do imperador e as liberdades individuais foram revogadas. 
A imprensa também passou a ser censurada, e o ensino foi modelado para garantir a obediência ao 
imperador, tanto que se estendeu à educação superior: a Universidade Imperial monopolizou o ensino e 
as disciplinas consideradas perigosas para o regime (História e Filosofia) tiveram seus programas 
alterados. 
No plano religioso, o catecismo orientava que os deveres existiam para com Deus e também com o 
Imperador. As desavenças com poder papal, que não aceitou as imposições feitas pelo imperador, 
resultaram no confinamento do pontífice em Savoia e na tomada de seus Estados. Os bispos que 
buscaram apoiar a Igreja foram também perseguidos. 
O resultado foi uma nova onda de crises e descontentamento. A burguesia opunha-se à perda de 
liberdade e às perseguições policiais, as guerras arruinavam a economia e os portos, o restabelecimento 
de antigos impostos irritava os contribuintes e os jovens procuravam fugir ao serviço militar obrigatório. 
 
Conflitos externos 
Apesar de Napoleão ter assinado com a Inglaterra a Paz de Amiens11, em 1805, as ameaças francesas 
promoveram a formação da primeira coligação antifrancesa, reunindo a Inglaterra, Rússia e Áustria. 
Napoleão venceu em Ulm e Austerlitz, mas a esquadra franco-espanhola foi derrotada em Trafalgar 
pelo almirante inglês lorde Nelson. Após a vitória contra a nova coligação, em 1806, Napoleão dissolveu 
o Sacro Império Romano-Germânico, fundando a Confederação do Reno12. 
Em 21 de novembro de 1806, foi decretado que os países que estavam sob o domínio do império 
francês estavam proibidos de fazer comércio ou autorizar o acesso aos portos para navios ingleses. A 
medida, que ficou conhecida como Bloqueio Continental, visava enfraquecer o concorrente, afim de poder 
dominá-lo. 
Para que o bloqueio fosse efetivo, Napoleão necessitava que todas as nações sob sua influência 
aderissem totalmente ao acordo, o que foi feito pela Rússia e Pela Áustria, mas não por Portugal. 
Portugal era um pequeno reino na Península Ibérica que dependia imensamente de suas colônias para 
o sustento econômico. O principal parceiro econômico de Portugal era a Inglaterra, e desde 1703 os dois 
países estavam sob um acordo conhecido como Tratado de Methuen, que recebeu o nome em função do 
embaixador inglês que conduziu as negociações. 
O Tratado estabelecia o comércio de panos ingleses e vinhos portugueses, o que a longo prazo provou-
se desvantajoso para Portugal, pois o volume de panos que chegava era maior que o volume de vinhos 
que saía. Com o investimento na produção de vinho, Portugal perdeu muitas das áreas de produção de 
alimentos, o que o obrigou a importar parte dos gêneros alimentícios. Além dos alimentos, Portugal deixou 
de investir em sua indústria, e importava uma grande quantidade de produtos manufaturados da 
Inglaterra. 
Por conta de todos os fatores citados, o Bloqueio Continental era desvantajoso para o pequeno país, 
que optou por não aderir à estratégia de Napoleão. Sentindo-se prejudicado pela decisão portuguesa, e 
vendo que seus esforços para impedir o comércio não estavam rendendo o esperado, em agosto de 1807 
 
11 Tratado de paz firmado em 25 de março de 1802 na cidade francesa de Amiens. Ele pôs fim às hostilidades existentes entre França e Reino Unido durante as 
chamadas Guerras Revolucionárias Francesas. 
12 A Confederação do Reno ou Liga Renana foi constituída por Napoleão Bonaparte em 12 de Julho de 1806, no contexto da Terceira Coligação contra a França 
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Napoleão envia um ultimato a D. João VI: ou Portugal rompia suas relações com a Inglaterra, ou seria 
invadido. 
Como Portugal manteve-se firme em sua decisão, a França assinou em conjunto com a Espanha o 
Tratado de Fontainebleau, que dividia o território português entre os dois países e extinguia a dinastia 
dos Bragança, à qual pertencia D. João VI. 
Buscando manter suas relações comerciais, a Inglaterra, que possuía um poderoso poder naval, 
pressionou Portugal através de seu embaixador em Lisboa, lorde Strangford, a fugir para o Brasil. 
Em novembro de 1807, o Príncipe Regente reuniu a família real e toda sua corte, totalizando cerca de 
15 mil pessoas, e partiu para o Brasil aportando em 22 de janeiro de 1808 na Bahia. 
Aproveitando-se da luta de Napoleão na Espanha, a Áustria formou em 1809 uma coligação, sendo 
porém, derrotada em Wagram13, perdendo vastos territórios e transformando-se em potência secundária. 
Nesse momento, o Império Napoleônico encontrava-se em seu apogeu, com mais de 70 milhões de 
habitantes, dos quais somente 27 milhões eram franceses. O exército francês parecia imbatível. Em 1812, 
porém, a Rússia rompeu o bloqueio ao comércio inglês, sendo invadida por forças francesas. Apesar da 
vitória na Batalha de Moscou, Napoleão foi obrigado a fazer uma retirada desastrosa, na qual morreram 
milhares de homens. 
Entusiasmados por este fracasso de Napoleão, Inglaterra, Áustria, Prússia, Rússia e Suécia formaram 
uma coligação, derrotando os franceses na Batalha de Leipzig, em 1813. Napoleão foi então aprisionado 
na ilha de Elba, de onde fugiu um ano depois, retornando à França e retomando o poder. Inicia-se o 
governo dos Cem Dias. Durante esse governo, enfrentou a última coligação contra a França, sendo 
derrotado pelos ingleses em Waterloo, na Bélgica, e novamente aprisionado e exilado na ilha de Santa 
Helena, onde morreu em 1821. 
 
A Europa em Guerra e em Equilíbrio (1789 -1830): Napoleão, Congresso de Viena e 
Restauração.14 
Com o fim da Era Napoleônica, as potências que se envolveram nas guerras empreendidas pelo 
imperador francês articularam-se na capital da Áustria, Viena, para traçar os rumos que a Europa tomaria 
a partir daquele momento. A essa articulação deu-se o nome de Congresso de Viena. 
Além da Áustria, que sediou o congresso, as outras potências participantes foram a França, a Prússia, 
a Rússia e a Grã-Bretanha. 
O objetivo principal do Congresso de Viena era retomar o modelo político que ordenava a Europa antes 
das guerras napoleônicas, o que significava retomar as estruturas do Antigo Regime, com repressão às 
ideias liberais e às manifestações revolucionárias das quais a França foi o principal alvo. 
Os líderes participantes do Congresso de Viena ainda propuseram a defesa de dois princípios gerais: 
o princípio da legitimidade (determinava que as dinastias que detinham o poder no período anterior ao 
processo revolucionário francês deveriam reassumir seus tronos e territórios) e o equilíbrio do poder 
(pregava que as potências que ganharam a guerra contra a França teriam o direito sobre territórios fora 
do continente europeu e poderiam permanecer com aqueles que já lhes pertenciam por merecimento pela 
participação na luta contra Napoleão Bonaparte). 
 
Os Reis de Volta ao Trono 
O princípio da legitimidade garantiu o retorno de algumas das antigas dinastias europeias, como os 
Bourbon em Nápoles, Espanha e França, a dinastia Orange na Holanda, os Bragança em Portugal e os 
Saboia no Piemonte, além do restabelecimento do papa nos Estados Pontifícios. 
Pelas intervenções de Talleyrand, a França – que saíra derrotada com a queda de Napoleão – garantiu 
sua integridade territorial, restaurando suas fronteiras de antes de 1792. A Inglaterra foi o que mais se 
beneficiou a longo prazo, pois conseguiu garantir a hegemonia militar e comercial nos oceanos, além de 
grande influência política e econômica no continente. A Prússia praticamente dobrou sua extensão 
territorial, incorporando partes da Saxônia, da Pomerânia e da Polônia, assim como a Rússia, que garantiu 
a anexação da Finlândia, da Bessarábia e de parte da Polônia. 
Esse retorno à antiga ordem que caracterizou as propostas das potências vencedoras também 
implicava uma redefinição do mapa geopolítico da Europa, que havia sido profundamente afetado pelo 
império napoleônico. Para tanto, o czar russo, Alexandre I, propôs a criação de uma aliança. 
 
13 Deutsch-Wagram é um município da Áustria localizado no distrito de Gänserndorf, no estado de Baixa Áustria 
14 FERNANDES, Cláudio. Congresso de Viena. https://bit.ly/2MtiZA8 
SANTOS, Marco Cabral dos. Congresso de Viena: Conservadores restauram o Antigo Regime. https://bit.ly/2nlIOah. 
 
Apostila gerada especialmente para: Diandra Queiroz da Silva e Silva 026.037.871-28
 
18 
 
Formada por Rússia, Prússia e Áustria, a Santa Aliança, como ficou conhecida, objetivava garantir a 
hegemonia desses três países, bem como combater focos de revoluções impulsionados pelas ideias 
liberais. 
O primeiro artigo da Santa Aliança pode ser lido abaixo: 
Art. 1º De acordo com as palavras das Santas Escrituras que ordenam a todos os homens olharem-se 
como irmãos, os três monarcas contratantes permanecerão unidos pelos laços de uma fraternidade 
verdadeira e indissolúvel e, considerando-se como compatriotas, se prestarão, em qualquer ocasião ou 
lugar, assistência, ajuda e socorro; julgando-se, em relação aos seus súditos e exércitos, como pais de 
família, eles os dirigirão no mesmo espírito de fraternidade de que se acham animados para proteger a 
religião, a paz e a justiça. (“Tratado da Santa Aliança”. Trad. Luiz Arnault. Dep. Hist. Contemporânea. UFMG.) 
O pacto militar começou a ruir a partir do momento em que a Inglaterra se recusou a apoiá-lo. Ela era 
contrária aos propósitos do envio de tropas para a América Latina, com o propósito de reprimir os diversos 
levantes emancipacionistas que ameaçavam o colonialismo. Além disso havia grande interesse na 
expansão comercial e em garantir novos mercados aos seus produtos industrializados, os ingleses 
desaprovavam a presença militar nas colônias americanas, postando-se contra a política intervencionista 
da Santa Aliança. 
 
Questões 
 
01. (MPE/GO – Auxiliar Administrativo – MPE/GO – 2019) A Revolução Francesa é um marco 
histórico no que diz respeito à cidadania. Foi na França que o conceito de cidadão passou a ter uma 
dimensão de reconhecimento de direitos. Pergunta-se: em que ano ocorreu a Revolução Francesa? 
(A) 1787 
(B) 1789 
(C) 1791 
(D) 1772 
(E) 1790 
 
02. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE/2018) A cultura política revolucionária não pode ser 
deduzida das estruturas sociais, dos conflitos sociais ou da identidade social dos revolucionários. As 
práticas políticas não foram simplesmente a expressão de interesses sociais e econômicos subjacentes. 
Por meio de sua linguagem, suas imagens e atividades políticas diárias, os revolucionários trabalharam 
para reconstruir a sociedade e as relações sociais. Procuraram conscientemente romper com o passado 
francês e estabelecer a base para uma nova comunidade nacional. 
Lynn Hunt. Política, cultura e classe na Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 33 (com adaptações) 
 
Tendo o fragmento de texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E) o seguinte item, acerca 
das revoluções dos séculos XVIII e XIX. 
Iniciada em 1789, a Revolução Francesa rompeu com o despotismo e pôs fim ao Antigo Regime, mas 
não instaurou uma sociedade democrática e igualitária 
(A) Certo 
(B) Errado 
 
03. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE/2018) A cultura política revolucionária não pode ser 
deduzida das estruturas sociais, dos conflitos sociais ou da identidade social dos revolucionários. As 
práticas políticas não foram simplesmente a expressão de interesses sociais e econômicos subjacentes. 
Por meio de sua linguagem, suas imagens e atividades

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