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Feridas A ferida pode ser: superficial – afeta apenas estrutura da superfície; grave – envolve vasos sanguíneos mais calibrosos, músculos, nervos, fáscias, tendões, ligamentos ou ossos. As feridas são rupturas estruturais ou fisiológicas do tegumento, dolorosas devido às extremidades dos nervos sensitivos do órgãos, localizados nas áreas de intensa vascularização (mãos ou couro cabeludo) podendo, assim, apresentar sangramentos intensos. Fatores que predispõe: • Condições gerais do indivíduo: podem ↓ a resistência da pele a traumas, idade, alguns agravos: diabetes mellitus, alterações nutricionais e tabagismo. Devido ao processo natural de envelhecimento das células, surgem várias alterações, bem como: flacidez da musculatura e da pele, osteoporose, etc. • Processos metabólicos: eles diminuem com a idade, tornando a pele menos elástica (↓ de colágeno e vascularização = ↓ velocidade de cicatrização), o idoso pode apresentar desnutrição. A partir dos 40 anos a pele começa a apresentar sinais de involução, e é + evidente aos 65 anos → processo de envelhecimento + acelerado → desencadeia alterações estruturais, funcionais e numéricas dos componentes das 3 camadas da pele. ↪ Epiderme: espessura reduzida, ↓ do número de fibroblastos, a pele adquire forma adelgaçada, enrugada e com perda de elasticidade, a ↓ dos melanócitos faz com que os pelos adquiram cor esbranquiçada. Também se tem alterações no sistema glandular, devido à idade, as glândulas écrinas e apócrinas atrofiam, as sebáceas hipertrofiam, tornando-se hipofuncionantes devido a redução dos níveis de androgênios. A pele fica mais seca, com maior risco de perda de gordura, surgimento de prurido, dermatite asteatósica. As células responsáveis pela reposta inflamatória ↓, o número de linfócitos respondem com menor intensidade aos estímulos bastogênicos e o número de anticorpos naturais ↓, modificando a resposta e predispõe a infecções. Contudo, ↑ os níveis de autoanticorpos, apresentando o surgimento de doenças autoimunes. • Diabete mellitus: predispõe ao aparecimento de feridas, pois favorece as alterações vasculares: disfunção microcirculatória não oclusiva e função microvascular. → Disfunção microcirculatória não oclusiva: envolve os capilares e as arteríolas dos rins, retina e os nervos periféricos, alterada pela disfunção estrutural e funcional e mecanismos regulatórios. Os vasos mais importantes na microcirculação cutânea são os capilares superficiais, os quais sofrem alterações com a evolução da doença, como: espessamento da membrana basal, das células musculares lisas e da função endotelial. O espessamento prejudica a migração de leucócitos e a resposta de hiperemia pós-lesão, ↑ a suscetibilidade à infecção. A função endotelial é anormal em pacientes diabéticos, insulinodependentes ou não, implica na hiperglicemia como possível mediadora das respostas anômalas dependentes do endotélio. A frente de fatores flogogênicos (que produz inflamação), a resposta inflamatória dos pacientes diabéticos é muito pobre, fazendo com que um processo infeccioso se propague facilmente, produzindo necrose pela ação do agente injuriante. Na ausência de insulina, a ação de fatores de permeabilidade é muito limitada. Fase inicial da diabetes – principais alterações hemodinâmicas funcionais: - ↑ do fluxo sanguíneo periférico pelas comunicações arteriovenosas, representando uma resposta fisiologica normal, para dissipar o calor produzido pelo ↑ do metabolismo. - macroangiopatia: caracterizado por lesões ateroscleróticas da coronária e circulação arterial periférica, similar a aterosclerose em pacientes não diabéticos. *DOENÇA MACROVASCULAR OCLUSIVA: 1º artérias tibiais e a peroneira entre o joelho e o pé, 40% dos pacientes diabéticos com gangrena (morte de tecido devido a insuficiência de irrigação sanguínea em uma determinada região ou a uma infecção bacteriana) tem pulso poplíteo palpável, as artérias do pé estão geralmente preservadas. * - ↓ da síntese de colágeno e da angiogênese: os pacientes podem desenvolver neuropatia periférica que reduz a vasodilatação e a sensibilidade protetora. - neuropatia: fator essencial na formação de úlcera no pé do paciente diabético não isquêmico, pois compromete as fibras sensitivas, motoras e autonômicas, acarretando perda de sensibilidade dolorosa, percepção da temp e da propriocepção, atrofia e enfraquecimento dos músculos intrínsecos dos pés, ↓ ou ausência da secreção sudorípara. O pé neuropático tende a ser quente e seco, os coxins adiposo protetores sobre a cabeça dos metatarsos são empurrados para frente, deixando a pele seca e favorecendo a formação de calosidade dura e rígida que contribui para a lesão do pé. Ocorrem modificações estruturais e desgaste dos músculos intrínsecos, identificados pela perda muscular da parte média do pé. - obesidade: o individuo obeso apresenta a camada do tecido subcutâneo exuberante e, por ser pouco vascularizado, recebe um aporte insuficiente de oxigênio e nutrientes, sendo fator predisponente para o surgimento de lesões, como ulcera por pressão ou complicações como deiscências (abertura espontânea dos pontos cirúrgicos ou da cicatriz ao longo de sua linha de incisão cirúrgica). *Avaliação do grau de deficiência proteica: associar proteínas totais e fracionadas e à transferrina sérica. - albumina sérica: possibilita determinar o estado nutricional; valor normal: 3,5 – 5g/dl; pacientes entre 3 a 3,5 requer acompanhamento contínuo. → a dosagem é um exame importante, pois essaa enzima é reduzida drasticamente na desnutrição e nos quadros inflamatório, agudos e crônicos; valores: 220 e 400 g/dl. - hemograma: destaca-se o valor da hemoglobina (Hb), é o principal componente das hemácias e serve para o transporte de oxigênio e dióxido de carbono. É composta de aminoácidos – formam proteína única → globina e heme, a qual contem átomos de ferro e pigmento vermelho (porfirina) que combina facilmente com O2 e confere ao sangue sua cor vermelha. Cada grama de Hb pode transportar 1,34ml de O2, valores: adulto – 12 a 16 na mulher, 14 a 17,4 no homem. O valor maior do que 20 acarreta a obstrução dos capilares, em virtude de hemoconcentração. • Hipovitaminose C: a vit C participa de diversos processos metabólicos como cofatores de hidroxilases: síntese de colágeno, dos mucopolissacárides da substancia fundamental, da epinefrina, dor corticosteroides e dos ácidos biliares. Além do fator enzimático, participa dos processos de óxido-redução, ↑ a absorção de ferro e a inativação de radicais livres. A vit C ativa certas enzimas, favorecendo a hemostasia, a impermeabilização das paredes capilares e a participação da síntese da matriz óssea. Valor normal: 0,8 mg/dl; deficientes: menor que 0,2 mg/dl; baixo risco: 0,2 a 0,3. • Fumantes: fumar reduz a tensão de oxigênio no sangue e no tecido subcutâneo e leva a uma hipóxia tecidual que perdura por alguns meses após a interrupção do hábito de fumar, decorrente da vasoconstrição induzida pela nicotina. Feridas mais recorrentes: • Úlceras de membros inferiores: diversos processos de doença, desordens e deficiências metabólicas resultam na formação de úlceras na perna ou no pé. → Úlcera de perna: abaixo do joelho, em qualquer parte da perna, incluindo o pé. Características: perda do tegumento, podendo afetar o subcutâneo e os tecidos subjacentes, cuja causa está, geralmente, relacionada com o sistema vascular arterial ou venoso, associado a dor e a ↓ da qualidade de vida. → Úlcera venosa: fator etiológico mais comum é a insuficiência venosa (90,3%), desencadeada pela hipertensão venosa (trombose venosa profunda, edema, ascite, anomalia congênita, traumas graves na perna), associadas a hipertensão arterial sistêmica(54%), obesidade (20,2%) e diabetes (16,1%). É estatisticamente significativa para a predisposição as úlceras de perna. Afetam o estilo de vida devido a dor crônica ou desconforto, depressão, perda de autoestima, isolamento social, inabilidade para o trabalho e frequentes hospitalizações ou visitas clinicas. A insuficiência venosa das extremidades inferiores é definida como a inversão do fluxo sanguíneo desde o SVNP (sistema venoso profundo) até o superficial, implicando na insuficiência valvular das veias comunicantes. Há também incompetência na bomba do músculo da panturrilha, no qual a pressão venosa, durante a deambulação ou os exercícios, não reduz, propiciando a ocorrência do fluxo retrógrado. Insuficiência venosa crônica: forma isolada ou associada de um dos seguintes sinais: veias varicosas, edema desencadeado ou agravado pelo ortostatismo prolongado (posição ereta do corpo, distúrbio causado por estar prolongadamente de pé), distúrbios tróficos – dermite ocre (dermatite de estase – inflamação cutânea na parte inferior das pernas, causada por acúmulo de líquido devido as varizes, problemas de circulação ou doença cardíaca; caracterizado pelo sangramento ou hemorragia sob a pele), eczema (inflamação ou irritação da pele; vermelhidão, coceira, descamação, rachadura, pele + áspera e pode ocorrer tbm bolhas), angiodermite purpúrica (manchas que afetam a pele, causadas pelo extravasamento de sangue dos capilares), celulite endurativa, crises de linfangites (infecção aguda bacteriana dos canais linfáticos periféricos; pode ocorrer febre, calafrios, ↑ do vol. dos gânglios) hipodermite ou dermatosclerose (esclerodermia: enrijecimento crônico da pele e dos tecidos conjuntivos) e úlcera. ↪ Apresenta bordas irregulares, superficial, tecido de granulação imbricado no tecido necrótico amarelo com aspecto de rede ou membranoso, base vermelha, drena exsudato seroso, de muito volume, principalmente quando a perna lesada apresenta edema acentuado. Odor desagradável quando a ferida está intensamente colonizada ou com infecção, além de associado ao relato de dor. A pele adjacente pode conter sinais de eczema ou dermatite. Tratamento Avaliação: entrevista e exame físico, com ênfase na avaliação da lesão. Considerar a idade, destreza e outras inaptidões, isso influencia no tipo de terapia indicada para a melhora do retorno venoso, além de confirmar a etiologia venosa da úlcera. Ultrassom Doppler manual – para estimativa de índice tornozelo-braquial (ITB). Quando há significativo comprometimento arterial (ITB < 0,8), são contraindicados níveis de compressão elevados. A avaliação visa identificar os fatores que interferem no processo de cicatrização da lesão e respaldar a indicação da terapia compressiva. Não cirúrgico: inclui além do tratamento da estase venosa, o repouso e a terapia compressiva, a terapia tópica com escolha de coberturas locais que mantenham o leito da ferida úmido e limpo e sejam capazes de absorver o exsudato. O controle da infecção é feito com antibioticoterapia e a prevenção da recidiva. O portador de úlcera venosa deverá ter um cuidado consistindo na redução da hipertensão venosa com o uso de terapia compressiva, com meias compressivas ou bandagens elásticas ou inelásticas, contendo 1 ou + camadas. Quando cicatrizada a lesão, deverá dar ênfase na adoção de novos comportamentos, como o uso contínuo de terapia compressiva e alternância dos períodos de repouso, com caminhadas que visam o controle da insuficiência para a prevenção da recorrência. → Úlcera por pressão: considerada indicador de qualidade de serviços de saúde. Características: área localizada de necrose celular que tende a desenvolver-se quando o tecido mole é comprimido entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um período prolongado, resultando em danos nos tecidos subjacentes – tecido subcutâneo, músculo, articulações e ossos. Outra denominações: úlcera de decúbito – limita-se a lesões sobre proeminências ósseas, dado confinamento prolongado do paciente no leito; escara – utilizado para designar a parte necrótica ou crosta da ferida, e não como seu sinônimo. As úlceras são classificadas em estágios 1, 2, 3 e 4, conforme o grau de danos observados nos tecidos. ↪ Estágio I – alteração observável relacionada com pressão na pele íntegra, indicadores comparativos as áreas adjacentes ou opostas do corpo podem incluir mudanças em uma ou mais das seguintes condições: temperatura da pele (aquecimento ou resfriamento), consistência tecidual (sensação de firmeza ou de amolecimento) e/ ou sensibilidade (dor, prurido). A área definida da hiperemia persistente na pele pouco pigmentada, em peles mais escuras a úlcera pode manifestar-se com tonalidades: vermelho, azul ou púrpura. ↪ Estágio II – perda parcial da pele envolvendo a epiderme, a derme ou ambas; lesão superficial como abrasão (desgaste por fricção), flictema (elevação revestida por epitélio com líquido e bolha com mais de 1cm) ou cratera rasa. ↪ Estágio III – perda da espessura total da pele, danos ou necrose do tecido subcutâneo, pode se aprofundar, não chegando até a fáscia muscular. ↪ Estágio IV – perda da pele na sua total espessura, extensa destruição ou necrose dos músculos, ossos ou estruturas de suporte (tendões ou cápsulas de articulações). Sua exposição a uma pressão intensa e prolongada leva a úlcera de pressão, há redução da tolerância dos tecidos à pressão. Fatores: exposição da pele à fricção, cisalhamento, umidade e qualquer fator fisiológico que afete a arquitetura e integridade da estrutura de suporte da pele, ↓ a capacidade dos tecidos moles de absorver e distribuir a carga mecânica e, assim tolerar a pressão, como desnutrição, envelhecimento e a baixa pressão arteriolar. Cicatrização: Fenômeno biológico que tem inicio com uma lesão tecidual de qualquer natureza que contribuem para a restauração da ferida: regeneração celular, proliferação celular e produção de colágeno. Quais são os 3 estágios da resposta tecidual às lesões? 1. Fase inflamatória; 2. Fase regenerativa ; 3. Fase reparativa. Fase inflamatória Processo inflamatório tem início com a morte das células do tecido lesão; duração: 72h. • Características: ↑ permeabilidade capilar, afluxo de leucócitos para o local da ferida e liberação de mediadores químicos • Ferimento: acompanhado de ↑ pressão intravascular em decorrência da formação de trombo com a ruptura capilar, por mecanismos reflexos, ocorrendo vasoconstrição, ↑ da permeabilidade capilar (pequenas vênulas), extravasamento de plasma no local da lesão → carrega eritrócitos que não têm movimentação ativa. • Após o ferimento: leucócitos saem do interior dos vasos (diapedese) em direção ao local da lesão; a concentração de plasma compõe o exsudato inflamatório (rico em fibrinogênio) → que se transforma em fibrina com propriedades hemostáticas e forma uma rede em malhas com deposição de fibroblastos. • Ferida dolorosa com apresentação de edema e eritema. Fase regenerativa • Características: formação de tecido de granulação; 1 a 14 dias. 1º sinal: migração celular a partir das bordas da ferida ↳ Células marginais tornam-se arredondadas, hipertrofiadas e se multiplicam em processo de hiperplasia. 4º dia: estrato granuloso, importante no processo de migração epitelial, alinhamento e estratificação celular 10 dias depois: estrato córneo exuberante ↳ Proliferação endotelial que confere cor avermelhada ao tecido de granulação; intensa atividade mitótica dos fibroblastos, células responsáveis pela secreção das proteínas do tecido conjuntivo 8º dia: ↓ atividade mitótica do fibroblasto, reduzindo a secreção proteica e iniciando a produção dos componentes da substância fundamentale do colágeno. ↳ Substância fundamental – composta por mucopolissacarídios, os glicosaminoglicanas, material gelatinoso que contem água e eletrólitos, associados a produção, orientação e tamanho das fibras colágenas. ↳ Colágeno – proteína fibrosa produzida pelo fibroblasto, responsável pelo preenchimento do espaço da ferida com estrutura densa capaz de unir firmemente os tecidos lesados. Nessa fase o colágeno é o principal componente do tecido conjuntivo reposto, a vitamina C é um importante auxiliar no processo metabólico da cicatrização da ferida. Fase reparativa Início no 3º dia e pode durar até 6 meses. • Características: ↓ da densidade celular e da vascularização da ferida, enquanto ocorre a maturação das fibras colágenas. O tecido cicatricial previamente formado sofre remodelação e o alinhamento das fibras é reorganizado para ↑ a resistência do tecido e ↓ a espessura da cicatriz, reduzindo a deformidade. Etapas da restauração das feridas Início: processo inflamatório (regeneração ou cicatrização) Regeneração: substituição do tecido lesado por células parenquimatosas do mesmo tipo, em geral sem sequela, enquanto a cicatrização é a substituição da perda tecidual por tecido conjuntivo. Processo cicatricial: se tem a marginação leucocitária – fase inflamatória (2º dia): exocitose de leucócitos capilares com objetivo de fagocitar particular estranhas e fragmentos teciduais alojados na zona da lesão, ao mesmo tempo se tem edema e proliferação dos capilares sanguíneos na região afetadas, acentuando o rubor visível (vermelhidão) Inflamação aguda: predomínio de neutrófilos Inflamação crônica: linfócitos mononucleares, plasmócitos e alguns macrófagos Porção mais superficial: intenso ↑ das mitoses, originando células epiteliais para o preenchimento das zonas lesadas, fechando e impermeabilizando a ferida – ocorrem nas primeiras 24h 3º dia: início do depósito de colágeno que favorece a união fibrosa entre as bordas da ferida. ↳ Nas 2 semanas seguintes: multiplicação das células epiteliais e o acúmulo de colágeno – promovem aderência cada vez mais resistente, a cor avermelhada da cicatriz tende a empalidecer com a ↓ do número de capilares regionais Final de 1 mês – cicatriz se encontra recoberta por epitélio íntegro. Durante o processo de cicatrização (6 meses) – ocorre amadurecimento da cicatriz com clareamento e alargamento, obedece a capacidade de regeneração da célula lesada. A capacidade de regeneração depende do tipo de célula lesionada: células lábeis – proliferam durante toda a vida, substituindo aquelas que são destruídas continuamente (mucosa oral); células estáveis – reconstituem o tecido quando estimuladas (células parenquimatosas dos órgãos glandulares e mesenquiamatosa dos fibroblastos), a conservação da lâmina basal é essencial para garantir que as células sejam reconstituídas de maneira funcional; células permanentes – não fazem divisão mitótica após a vida uterina (ex: célulsa nervosas, cardíacas e musculares). Quais são as modalidades de cicatrização de feridas? • Imediata ou por primeira intenção: união das bordas, sem infecção nem perda tecidual significativa • Mediata ou por segunda intenção: a cicatriz processa-se tardiamente, com formação de tecido de granulação e posterior epitelização. Tipos de cicatrização Cicatriz por 1º intenção ou imediata - Tipo de cicatrização cirúrgica União primária: bordas são aproximadas, edema mínio, não há infecção ou corpo estranho. Fechamento: rápido, de início com fibrina e formação de colágeno – 48h, impedindo a instalação de bactérias. Tecido de granulação: não é visível. Mobilização da lesão: pequena. Etapas fundamentais: 1. Ocorrida a lesão: formação de coagulo, estagnação do sangue ou da linfa (estase) e liberação de substancia vasoativas 2. Após 6h: neutrófilos liberam enzimas que quebram os restos celulares e eventuais agentes invasores 3. 12h: produção de exsudato e atuação de macrófagos 4. 48h: fibroblastos produzem colágeno para a formação da cicatriz 5. 3º e 5º dia: neoformação vascular, ↓ de edema e composição de colágeno 6. 6 dias: pico da proliferação de fibroblastos, reposição de tecido conjuntivo 7. 10 dias: ferida apresenta boa resistência 8. 15 dias: realinhamento das fibras, ↑ da resistência e ↓ da espessura da cicatriz 9. 30 dias: resistência tensional é de cerca de 50% da resistência original (jamais recupera a mesma resistência). Cicatriz por 2º intenção ou mediata União secundária: ocorre quando há defeito tissular significativo e a regeneração das células parenquimatosas não é capaz de promover a reconstrução da arquitetura original. Cicatrização: tardia, muitas vezes com infecção associada, formação de tecido de granulação e posterior epitelização Granulação: caracterizada pela angiogênese (brotamento de vasos preexistentes), granulado avermelhado Fibroblastos ativos: responsáveis pela síntese proteoglicanas e colágeno Macrófagos: limpeza da ferida Características: epitelização de cor rosaea, cicatriz composta por fibroblastos fusiformes de aspecto inativo, colágeno denso, fragmentos de tecido elástico, matriz extracelular e poucos vasos 1. Reação inflamatória mais intensa: defeitos tissulares grandes com ↑ quantidade de fibrina, restos necróticos e exsudato 2. Maior quantidade de tecido de granulação 3. Contração da ferida: varia de acordo com o local, tipo e profundidade da ferida. Fatores que interferem na cicatrização das feridas • Perfusão e oxigenação dos tecidos – podem afetar a distribuição dos nutrientes das células, alterações no fluxo prejudicam a capacidade de transporte de antibióticos administrados, o tabagismo reduz a hemoglobina funcional e causa disfunção pulmonar, com redução do aporte de oxigênio para as células, atrapalhando o fechamento da ferida. • Localização da ferida – + vascularização = ↓ mobilidade = cicatrização mais rápida • Existência de corpo estranho – tendem a retardar o processo por serem inertes • Medicamentos e radioterapia – ↓ a resposta imune adequada, interferem na síntese proteica ou na divisão celular, afetando diretamente a produção de colágeno, ↑ a atividade da colagenase = torna a cicatriz mais frágil • Estado nutricional – deficiências nutricionais podem dificultar o processo de cicatrização, deprimem o sistema imunológico e ↓ a qualidade e a síntese do tecido de reparação. • Sangramento – o acúmulo de sangue favorece a aglutinação de células mortas que necessitam de remoção, ocasionando hematomas e isquemias, produz dor e retarda o processo de cicatrização. • Edema e obstrução linfática – ↓ o fluxo sanguíneo e o metabolismo tecidual, facilitando o acúmulo de catabólitos e produz inflamação. • Infecção – ocorre a colonização quando a ferida se mantem livre de tecido necrótico e/ou material estranho e é controlada pela ação de neutrófilos e macrófagos. A infecção é caracterizada pela alta concentração bacteriana, comprometimento do local do tecido e do estado geral do paciente. • Idade – o envelhecimento ↓ a elasticidade e resistência dos tecidos, dificultando a cicatrização • Hiperatividade – dificulta a aproximação das bordas. Avaliação Semiologia dermatológica – investigação subjetiva ou sintomática da história clinica da doença, conduzida pelo exame físico objetivo → inspeção, palpação, compressão, utilização de instrumentos. Lesões elementares: primárias e secundárias. ↳ Primárias: apresentam mudanças na estrutura da pele, não necessariamente originadas de alguma alteração anterior. ↳ Secundárias: ocorrem devido a evolução natural de comprometimentos já existentes. Considerar na avaliação: aspectos normais, possíveis alterações naturais relacionadas com a idade, doenças sistêmicas, fatores ambientaise as influências endógenas do indivíduo. Investigação de dados subjetivos: investigação sistêmica do histórico do paciente e familiares. ↳ Considerar: • Nível cultural • Alterações neurológicas – nível de consciência e distúrbios psiquiátricos • Falta de paciência do examinador ou do paciente • Desgaste físico ou mental do investigador e/ou paciente • Estar em ambiente adequado e tranquilo Investigação de dados objetivos: realizar o exame em local claro, com iluminação natural e artificial; nivelar a posição da pessoa e do examinador, evitar a exposição excessiva de áreas não necessárias; expor toda a área comprometida; obter visão geral e olhar mais de perto (ajuda de lupa ou dermatoscópio). Anamnese Questionamentos pesquisa antecedente familiar Há quadro similar na família? Pais ou avós são parentes consanguíneos? Existe história de eczema, asma ou rinite alérgica? Dermatite atópica na família? Doenças e cirurgias anteriores? Apresentam reações adversas a algum medicamento? Apresenta ou apresentaram algum tipo de infecção ou manifestação? Foi erradicado? Questionamentos ocupação social e profissional Hobbies: investigar as atividades realizadas Viagens: viajou para áreas endêmicas nos ultimos meses? Entrou em contato com plantas? Entrou em contato com animais desconhecidos? Faz uso de álcool, drogas ilícitas ou está tomando algum tipo de medicamento? A alteração exacerba-se no ambiente de trabalho e melhora nas férias? Começou a desenvolver a alteração atual depois da mudança de emprego? Habitação: quais são as condições de moradia e hábitos de higiene? Investigação específica Alterações da pele: • Tempo de duração • Características iniciais • Mudanças apresentadas: ↓ ou ↑ de tamanho? • É recidivante? Apareceu em alguma estação especial do ano? Evolução Prurido • Intensidade – 1 a 10, frequência, duração, local, fatores agravantes e de alívio Queimação local Dor • 1 a 10, frequência, duração, local, fatores agravantes e de alívio Ocorrência de vesículas ou bolhas (purulenta, hemorrágica) Fatores agravantes Iniciou alguma medicação nas últimas 2 semanas? Apresentou os mesmos sintomas outras vezes? Foi submetido a algum procedimento ou usou algo que melhorou os sintomas/sinais clínicos? Tratamentos realizados anteriormente • Tópico e/ou sistêmico • Utilizou corticosteroides? Por quanto tempo? • O medicamento foi prescrito pelo médico, balconista da farmácia ou autoprescrição? Observar: alteração da cor, uniformidade, hidratação, higiente, perdas e outras alterações teciduais. ↳ Unhas: cor, consistência, configuração e aderência ↳ Cabelos: quantidade, distribuição, cor, textura e aderência. Inspeção armada – lâmpada de Wood ↳ Auxilia no diagnóstico de distúrbios pigmentares, como: • Vitiligo, acromias e albinismo – nítidos com coloração branco-fluorescente • Hipocromias: cor branco-pálida • Eritrasma: vermelho-coral devido a porfirina na infecção • Melasma: avaliar a localização da melanina; superficial = escuro, profundo = mais claro • Pitiríase versicolor: róseo-dourada, avaliar extensão da afecção. Vitropressão ou diascopia ↳ Auxilia na diferenciação do eritema da púrpura. Pressiona-se uma lâmina sobre a lesão, provocando isquemia (↓ da irrigação sanguínea). A púrpura manterá sua coloração e o eritema permanecerá com pigmentos de melanina e áreas translúcidas de coloração castanha. Prova do Laço ↳ Verificar a fragilidade capilar e/ou alterações plaquetárias. Sinal de Nikolsky ↳ Diagnóstico de patologias bolhosas. Realiza-se digitopressão sobre a pele e desliza o dedo mantendo a pressão. Positivo = a pele se desloca e há formação de bolha, o deslocamento da pele evidencia acantólise (separação da camada espinhosa da epiderme), encontrada no pênfigo (doenças caracterizadas pela formação de bolhas na pele e mucosa, consideradas doenças autoimunes). Sinal de Darier ↳ Surgimento de urtica (irritação cutânea caracterizada por lesões avermelhadas e levemente inchadas, como vergões, coçam muito) quando se realiza compressão linear com ponta obtusa em uma urticária pigmentosa. Há liberação de mediadores inflamatórios dos mastócitos. Palpação ↳ Verifica-se se há lesões sólidas, localização, volume, textura, elasticidade, turgor, espessura e temperatura Compressão ↳ Edema, averigua a existência de sensibilidade superficial e profunda, dermografismo, perfusão periférica, etc. Alterações da cor ↳ Manchas ou máculas sem relevo ou depressão. 2 grupos mais comuns: • Vasculossanguíneas – resulta de congestão, dilatação ou constrição dos vasos sanguíneos da derme, leva ao extravasamento de hemácias e acúmulo de hemossiderina na pele • Pigmentares – depósito de certos pigmentos na derme, resultam de ausência, diminuição ou aumento de melanina na pele. Manchas vasculossanguíneas • Eritema: Cor avermelhada por vasodilatação, desaparece pela digitopressão ou com uma lâmina de vidro (vitropressão). Distinguem-se entre si pela cor, extensão e evolução, que pode ser aguda ou crônica. • Cianose: congestão venosa ou passiva, pode estar associada ou não a hipertermia. A cianose de extremidades ocorre quando há m[a perfusão periférica ou localizada nos casos de insuficiência crônica • Rubor: característica rubra desencadeada pela vasocongestão ativa ou arterial associada ou não a hipotermia. • Enantema: acomete mucosas, encontrada em farmacodermias e reações alérgicas graves • Exantema: eritema generalizado agudo com duração relativamente curta, pode ser: morbiliforme – se apresenta entremeado com áreas de pele sã; rubeoliforme ou escarlatiforme – manchas eritematosas de formas variadas e limites bem definidos. • Eritrodermia: eritema generalizado, crônico e persistente, seguido por descamação cutânea. Pode ser um sinal do desenvolvimento de farmacodermia ou de alguns tumores, como linfoma. • Mancha angiomatosa: coloração avermelhada, plana, desaparece quase completamente por vitropressão. Causada por neoformação névica de capilares na derme e a maior parte delas existe desde o nascimento. • Mancha anêmica: área esbranquiçada originada por agenesia vascular, caracteriza mancha anêmica e exclui hipocromia. • Telangiectasia: lesão filamentar, sinuosa, evidenciada por capilares dilatados na derme. Desencadeada pelo uso contínuo de corticoides tópicos na pele. • Púrpura: mancha vermelha que não desaparece com a vitropressão. Sinal clínico de extravasamento de hemácias na derme. Definido por petéquias (< ou = a 0,5cm) e por esquimose (> ou = a 0,5cm). Nos casos em que a púrpura se dá como lesão satélite de ulceração de membro inferior, pode indicar vasculite. Manchas pigmentares • Leucodermia: mancha branco-marfim • Acromia: falta total de melanina • Hipocromia: cor branco-nácar, decorrente da ↓ do depósito de melanina • Hipercromia: mancha de cor variável; ↑ da melanina ou depósito de outro pigmento na pele. Mancha melanodérmica – provocada pelo ↑ de melanina. Pode se encontrar um aspecto amarelado resultante do ↑ da bilirrubina e de outras substâncias que pigmentam o estrato de revestimento, como a icterícia e a carotinemia – acumulo de pigmento de coloração alaranjada encontrado nos alimentos ricos em caratenoides, como cenoura e mamão. ↳ Dermatite ocre ou hipercromia: acúmulo de hemossiderina perilesional. • Formações sólidas: resultam de processo inflamatório ou neoplásico, afetando isolada ou conjuntamente a epiderme, a derme ou a hipoderme. Vários tipos: ↳ Pápula: lesão sólida circunscrita e elevada, menor q 1cm, desencadeada por processo patológico epidérmico, dérmico ou misto. Pode-se encontrar placas papulosa que se apresentam como lesões individuais ou constituem um aglomerado de pápulas. ↳ Nódulo: lesão sólida circunscrita,elevada ou não, de 1 a 3cm. Consequente de um processo patológico e localiza-se na epiderme, derme e/ou hipoderme. ↳ Nodosidade ou tumor: formação sólida, maior que 3cm. Processo neoplásico maligno ou benigno ↳ Vegetação: pápula com aspecto de couve-flor, branco-avermelhada, sangra facilmente devido ao aumento da camada espinhosa, de cristas epiteliais e papilas dérmicas. Pode ser característica de tumor exteriorizado ou úlcera de perna que, pelo tempo de evolução, tornou-se maligna. ↳ Urtica: elevação de forma irregular, cor variável do róseo ao vermelho, pruriginosa. Resulta da exsudação aguda da derme, associada a reações de hipersensibilidade e alergias. Quando alcança cm de extensão, denomina-se placa urticada. ↳ Coleções líquidas ↳ Vesícula e bolha: vesícula menor q 1cm e bolha maior q 1. Elevação circunscrita, contendo líquido primitivamente claro (seroso), pode se tornar turvo – purulento – ou hemorrágico. As vesículas de menor diâmetro são encontradas nos casos de herpes, dermatite de contato, desidrose e outras. As bolhas estão nas dermopatologias bolhosas: pênfigo, epidermólise bolhosa, erisipela bolhosa, queimaduras de segundo grau, impetigo bolhoso etc. ↳ Pústula: coleção circunscrita de leucócito, preenchida por secreção purulenta. Encontrada em impetigos, herpes simples e zoster, acne vulgar, foliculite, varicela, pioderma gangrenoso, gonococcemia, desidrose, psoríase e rosácea infectada, entre outras patologias. ↳ Abscesso: coleção de pus na pele ou no tecido subcutâneo. Circunscrito, proeminente ou não, tamanho variável. Pele pode estar ruborizada, com hipertermia, flutuação e dor. É possível que esteja acompanhado por inflamação local ↳ Hematoma: coleção de sangue na pele ou no tecido subcutâneo, circunscrita, proeminente ou não e de tamanho variável. Pode se tornar purulenta, caracterizando infecção local. • Alterações de espessura ↳ Queratose: Espessamentoo da pele, aspecto duro, inelástico, amarelado, superfície eventualmente áspera. Causado pelo espessamento da camada córnea. ↳ Liquenificação: espessamento da pele com formação de quadriculado retiforme e aumento da espessura da epiderme. Líquen simples é desenvolvido por fricção contínua em uma mesma área da pele, prurido crônico que estimula a pessoa coçar a mesma região diversas vezes/dia. ↳ Edema Congestivo: relacionado com a insuficiência cardíaca Nefrítico: retenção de fluído ocasionado pela insuficiência renal ou pelo desequilíbrio osmótico Carencial: déficit de proteínas ou elementos que regulam os mecanismos vasculares Inflamatório: resultante do estímulo da resposta inflamatória local, geralmente localizado. Linfoedema: desencadeado pela insuficiência dos vasos linfáticos Atrofia: adelgaçamento localizado ou difuso na pele, que pode estar acompanhado de pregueamento. Diminuição da espessura da pele se dá pela redução do numero e do volume dos constituintes teciduais. • Perdas teciduais: lesões oriundas da eliminação exagerada ou da destruição dos tecidos cutâneos ↳ Escama: massa laminada, fufurácea, micácea, foliácea que se desprende da superfície cutânea. Decorrente da alteração da queratinização da epiderme. ↳ Erosão ou exulceração: perda superficial da pele que afeta somente a epiderme. ↳ Ulceração: perda da epiderme e derme, eventualmente alcançando a hipoderme e os tecidos adjacentes ↳ Fissura ou ragádia: perda linear da epiderme derme no contorno de orifícios naturais ou em áreas de pregas ou dobras da pele. ↳ Fístula: canal com pertuito na pele que drena o foco profundo de supuração ou necrose ↳ Crosta: concreção de cor amarelo-clara a esverdeada ou vermelho-escura, o qual se forma em área de perda tecidual. Resulta do desencadeamento de serosidade (milicérica), pus (purulenta) ou sangue (hemorrágica), que se misturam com restos epiteliais e ressecam, mantendo-se aderidos a pele. Pode mascarar infecções cutâneas. ↳ Escara: área de pele de cor lívida ou preta, limitada, resultante de necrose de coagulação tecidual. Métodos para Diagnóstico de Feridas Técnicas e Exames Especiais • Radiação Ultravioleta: auxilia no diagnóstico de infecções bacterianas, fungos, leveduras, distúrbios de pigmentação e atrofia da pele, tais como: ↳ Tinia do couro cabeludo: cabelos infectados com Microsporum canis ou Microsporum audouinii – fluorescência verde-azulada; Trichophyton schoenleinii – verde-palha. ↳ Pitiríase versicolor: róseo-dourada ↳ Eritrasma: vermelho-coral por uma porfirina ↳ Infecçoes por Pseudomonas aeruginosa: verde- amarelada, decorrente da piocianina ↳ Discromias: ausência total da melanina, como vitiligo e albinismo, evidencia nitidamente a lesão, adquire cor branco-azulada devido a fluorescência da derme. ↳ Porfirias: • porfiria cutânea tardia – fezes e urina apresentam fluorescência róseo-alaranjada; • porfiria eritropoética – dentes róseo-alaranjada; • protoeritropoética – hemácias. ↳ Fármacos e cosméticos: tetraciclinas – amarelada. Dentes de pessoas que tomaram a medicação na infância ou nos filhos de mães que a ingeriram no último trimestre da gravidez. Observada também em unhas de adultos que estão tomando o antibiótico. • Ultrassonografia Doppler: a análise do fluxo sanguíneo possibilita identificar o comportamento hemodinâmico das lesões arteriais. Auxilia também na realização do índice tornozelo braço (ITB), método simples, custo-efetivo e não invasivo para detecção precoce de doença arterial obstrutiva. Recomendado na prática clínica diária, com objetivo de medir a perviedade da circulação arterial dos membros inferiores. > ITB é calculado dividindo-se o valor da pressão sanguínea sistólica da artéria tibial posterior pela pressão sanguínea sistólica da artéria braquial. A Abaixo de 0,9 – existe componente de insuficiência arterial capaz de levar ao desenvolvimento de úlcera e prejudicar o processo de cicatrização Abaixo de 0,8 – significativo e indica alteração arterial importante, a diminuição da luz arterial pode ser o motivo do desencadeamento da úlcera. Abaixo de 0,5 – sugere lesão profunda, o paciente provavelmente apresenta sinais de obstrução arterial grave com necrose tecidual, dor intensa e risco de amputação grande se não houver revascularização. Pacientes com diabetes, por apresentarem aterosclerose podem apresentar alterações nos índices ITB por enrijecimento da parede arterial, e não necessariamente pela diminuição da luz arterial. • Oximetria transcutânea: auxilia a verificação da perfusão periférica da área acometida pela lesão. A falta de oxigenação periférica implica na falência da cicatrização. • Microscopia: visualização de raspados de pele ou tecido do leito ungueal. São tratados com solução de hidróxido de potássio e analisados sob a ótica de microscopia óptica. A técnica auxilia na visualizaçãoo de hifas de fungos e ácaro de escabiose, o qual pode ser extraído com uma agulha e visualizado pelo microscópio. Portadores de úlceras crônicas de membros inferiores podem apresentar alta incidência de infcções fúngicas. Nas micoses profundas, a cultura em Sabouraud é indispensável na esporotricose e dispensável na paracoccidiomicose. Nas micetomas deve ser sempre feita. • Teste de pH: o processo de cicatrização de feridas é otimizado em pH ácido. Ulceras crônicas apresentam pH > 8,5. O controle do pH do exsudato da ferida ajuda a observar a evolução e a eficácia da terapêutica indicada. • Exame Histopatológico: feita em qualquer dúvida diagnóstica ou nos casos em que a lesão é crônica de difícil cicatrização. A biopsia da lesão cutânea é feita após cuidadosa escolha da lesão, procurando-se aquela com mais característica clínica. Se a lesão apresentar manifestações clínicas divergentes, deve-se considerar a possibilidade de colhermaterial de mais de uma área. • Teste de avaliação da sensação protetora ou punctura: indispensável no diagnóstico de perda de sensibilidade, como na hanseníase e diabetes. Deverá ser feita com monofilamento. • Diascopia: feita com uma lâmina de vidro para microscopia ou com a própria lupa, que é pressionada firmemente sobre a lesão. Provoca-se uma isquemia que possibilita distinguir o eritema da lesão purpúrica. • Ultrassonografia: realização de diagnóstico de lesões cutâneas e musculoesqueléticas, indicada para determinação de área e comprometimento tecidual de lesões cavitárias, fístulas, determinação de coleções (líquidas), visualização de abscessos e ação de coberturas especiais no tratamento de feridas. • Tomografia computadorizada: útil para o diagnóstico de lesões traumáticas, deiscências cirúrgicas, infecções com comprometimento ósseo, como osteomielite e acompanhamento da formação do tecido cicatricial após exérese de tumores de pele. • Ultimação provocada: feita em lineamento com uma ponta obtusa ou com a ponta digital, para que possibilite avaliar o dermografismo. O sinal de Darier caracteriza-se por uma urticação provocada quando se comprime as lesões da urticária pigmentosa. • Curetagem metódica (Brocq): raspagem da lesão escamosa com cureta ou bisturi para estudo das características da escama. Útil na distinção das lesões escamosas da psoríases, em que ocorrem escamas micáceas, brancas (sinal de vela) e um ponteado hemorrágico pela retirada total das escamas, conhecido como sinal de Auspitz; • Descolagem pressionada: realizada por pressão tangencial na proximidade de lesões bolhosas para pesquisar a acantólise (pera da aderência das células malpighianas). A pressão tangencial produz deslizamento de parte da epiderme, o que constitui o sinal de Nikolsky, encontrado no pênfigo bolhoso e na epidermólise bolhosa. • Prova do laço ou da fragilidade capilar (Rumpel- Leede): é colocado em torno do braço ou da perna e mantido por 5 min com pressão média entre a sistólica e diastólica. Traça-se um círculo de 5cm na região anterior do antebraço. Útil para a diagnose de púrpura de origem vascular, pelo aparecimento de petéquias. Menos q 5 = normal, acima = positiva, indicando alteração vascular. • Cultura e antibiograma: cultivo de agentes infecciosos em meio próprio possibilita a nutrição, crescimento e multiplicação. Dependendo do número de bactérias, a lesão pode estar infectada ou colonizada. Antibiograma: teste que verifica a sensibilidade das bactérias aos antibióticos, auxiliando na escolha de antibioticoterapia eficaz. Só pode ser realizado quando a cultura tiver resultado positivo e será executado de acordo com recomendações internacionais. Os exames de cultura e antibiograma devem ser associados à sintomatologia clínica e a outros exames laboratoriais, como leucograma, a fim de evitar a utilização de antibioticoterapia indiscriminada. • Exames laboratoriais: Hemograma completo Contagem de plaquetas Leucograma Proteína total e fracionada e albumina Ureia e creatinina Glicemia Proteína C reativa Instrumentos para avaliação As feridas são classificadas de acordo com a profundidade da perda tissular, ou seja, conforme os tecidos lesados ou destruídos. Utiliza-se para avaliação de feridas: Sussman Wound Healing Tool (SWHT), Bates-Jensen Would Assessment Tool (BWAT) ou Pressure Score Status Tool (PSST), Shea Scale, Sessing Scale e Wound Healing Scale. Avaliação de úlceras por pressão e de perna: Pressure Ulcer Scale for Healing – PUSH Lesões por fricção: Classificação STAR PUSH – fácil aplicação, aplicado em pacientes com queimadura. Considera 3 parâmetros: área da ferida, relacionada com o maior comprimento e a maior largura; quantidade de exsudato (ausente, pequena, moderada, grande – 0 a 3). Os subescores ou subescalas, ao serem somados, compõe um escore total, a variação possível é de 0 a 17. ↳ Escores maiores – piores condições da ulcera ↳ Menores – melhora no processo de cicatrização da ferida. Utiliza tabela para registro dos escores de cada parâmetro e o escore total de acordo com a data; gráfico para visualizar a evolução dos escores totais e folha de instruções para o avaliador. Sistema Red/Yellow/Black (RYB) – Classificação de feridas que cicatrizam por segunda intenção. São classificadas quanto a coloração, frequentemente reflete o balanço entre tecidos novos e tecidos necrosados. Classifica em: • Vermelhas: locais doadores de enxertos, feridas pós- desbridamento, feridas crônicas em cicatrização, predomina o tecido de granulação e novo epitélio. O objetivo é favorecer o ambiente úmido, proteger os tecidos neoformados e evitar infecção. • Amarelas: apresentam exsudato fibroso e seus tecidos são desvitalizados, podem estar colonizadas, favorecendo a instalação de infecção. O objetivo é identificar adequadamente a ocorrência ou não de infecção e, nesse último caso, promover o desbridamento dos tecidos desvitalizados e estancar a infecção, preferencialmente por meio da terapia sistêmica. • Pretas: necrose tecidual, desnaturação e aumento de fibras colágenas e consequente formação de escara espessa, cuja coloração pode variar entre castanha, marrom e preta. O objetivo é remover o tecido necrosado com máxima brevidade, por meio do desbridamento. MEASURE – sistema de avaliação que compreende os principais parâmetros a serem observados • M – Measure (medida) – Mensuração da ferida a cada curativo ou 1 vez/semana, possibilita a constatação da evolução da lesão quanto ao seu tamanho. Largura, comprimento e profundidade são essenciais. • E – Exudate (exsudato) – Características do exsudato variam no decorrer do processo cicatricial. Avaliado quanto a qualidade, quantidade e odor. Caracterizado como: seroso, serossanguinolento, sanguinolento, seropurulento e purulento. • A - Appearance (aparência) – Classificadas como: com necrose, com infecção, com esfacelo, com tecido de granulação e com tecido de epitelização. Aparencia, leito, tipo e quantidade de tecido indicam o estágio de cicatrização e a existência de qualquer complicação. • S – Suffering (dor) – Tipo e intensidade • U – Undermining (descolamento) – Túneis ou fístula. Realizada com auxilio de um contenete estéril para medir a extensão do descolamento. • R – Re-evaluation (reavaliação) – Monitoramento de todos os parâmetros e avanços a cada curativo ou a cada 1 ou 2 semanas. • E – Edge (borda ou margem) – Indica as condições da cicatrização, além de infecção, alergias e excesso de exsudato (pele macerada). ↳ Lesão por Fricção: separação da epiderme da derme (ferida de espessura parcial) ou separando totalmente a epiderme e a derme das estruturas subjacentes (ferida de espessura total). ↳ Pele ou retalho de pele pálido, opaco ou escurecido: pode indicar isquemia ou presença de hematoma, o que pode afetar a viabilidade da pele ou retalho ↳ Isquemia: perfusão tissular inadequada evidenciada pela palidez, opacidade ou escurecimento. ↳ Hematoma: coleção de sangue ou coágulos sob um retalho ou pele realinhada ↳ Realinhar: recolocar a pele sem tensão excessiva ↳ Lesão por ficção linear: fissura ou rompimento da pele em linha reta ↳ Retalho de pele: segmento de pele separado das demais estruturas. Feridas Cirúrgicas A ferida cirúrgica é uma lesão programada e causada intencionalmente por um instrumento de corte, na maioria das vezes, sem perda de tecido. É uma quebra na continuidade de uma pele íntegra e que poderá atingir, além das camadas da pele, tecidos, fáscia, músculos, cavidades e órgãos. Cicatrização A cicatrização de uma ferida cirúrgica que ocorre no tempo esperado reflete no sucesso do procedimento, quando não ocorre, pode significar que a intervenção não foi bem-sucedida.Há alterações funcionais em decorrência da idade e da espessura da pele, de acordo com as regiões do corpo. Outros fatores que tendem a prolongar a fase inflamatória e interferir no processo cicatricial: obesidade, doenças associadas, complexidade do procedimento, tempo cirúrgico prolongado, quebra de técnica cirúrgica, procedimento de urgência. • Sutura: o fio de sutura tende a provocar uma reação tecidual, e quanto maior o seu diâmetro, maior será essa reação, o que acontece durante a passagem da agulha e do fio. Eventos significativos podem levar a um retardo no processo de cicatrização com predisposição a infecção, como a infecção do sítio cirúrgico, rompimento de uma síntese óssea feita com fio ou fita metálica poderá evoluir para uma nova intervenção cirúrgica. ↳ Deiscência parcial ou completa – se dá por consequência de uma sutura muito apertada e ↓ da vascularização local ou pela má qualidade do material utilizado na confecção do fio de sutura. Curativos e Coberturas Cobertura da lesão – favorece um microambiente adequado para a restauração dos tecidos, isolamento térmico, proteção da ferida contra o trauma e a penetração bacteriana exógena, proteção da pele perilesão, promoção do conforto por controle do odor, redução da dor e contenção do exsudato. Critérios para a cobertura ideal: I. Remover excesso de exsudato e componentes tóxicos II. Manter umidade elevada na interface ferida/curativo III. Permitir trocas gasosas IV. Promover isolamento térmico V. Proporcionar proteção contra a infecção secundária VI. Ser isento de partículas e de substâncias tóxicas VII. Tornar possível a remoção não traumática VIII. Proporcionar conforto ao paciente. A aderência de uma cobertura deve ser de acordo com a necessidade do paciente ↳ Coberturas não adesivas: necessárias quando a pele ao redor da ferida é frágil ou quando há dor durante a troca da cobertura. ↳ Coberturas autoaderentes: áreas de difícil fixação, expostas a efluente ou a umidade e com risco de forças mecânicas, como a fricção e o cisalhamento, e em regiões como a sacral. ↳ Filmes transparente e hidrocoloides: adesividade prolongada, porém a frequência de trocas e o método de retirada devem ser observados com atenção, para evitar lesões e pele periferida por atrito e maceração ↳ Coberturas com baixa espessura, flexíveis e elásticas: hidrocoloides, espumas e filmes: adaptam- se a áreas difíceis, indicados para os pacientes com distúrbios na coagulação e dor grave. A capacidade de absorção do exsudato da ferida influencia a frequência das trocas, provocando um impacto significativo no custo total dos cuidados. O meio úmido leva a uma ótima reparação tecidual, algumas coberturas apresentam componentes que atraem células específicas, as quais são primordiais para a cicatrização da ferida, como os macrófagos e os fibroblastos, podendo acelerar esse processo. ↳ Coberturas semioclusivas: o meio úmido promovido favorece e estimula a fagocitose pelos agentes e mecanismos endógenos, combatendo com mais eficácia os microrganismos, além de constituir uma barreira física contra os agentes externos. ↳ Coberturas com íon de prata: em caso de infecção, atuam contra bactérias e fungos, pela ação bactericida. ↳ Coberturas desodorizantes: quando o odor é um problema, contêm carvão ativado, um agente efetivo em reduzir o odor por meio da adsorção. A ferida dele ser reavaliada de maneira sistemática, uma vez que suas características podem mudar rapidamente a medida que essa reparação tecidual evolui. Classificação Classificadas quanto ao tipo de contato com o leito da ferida: ↳ Primárias: diretamente sobre a lesão; ↳ Secundárias: sobre a cobertura primária.
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