Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC GENÉTICA JULIANA OLIVEIRA REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO GÊNICA MOTIVOS PARA REGULAR: Fisiologicamente, é necessário controlar a expressão gênica, pois, expressar significa produzir RNAm e consequentemente, ao final gerar uma proteína, no entanto, para essa produção, tem-se um alto custo energético em forma de recursos celulares que são mobilizados para formá-la. Para uma proteína de tamanho médio (300 aas): 1350 moléculas de ATP 1650 átomos de carbono 540 átomos de nitrogênio p.ex. a E. Coli tem cerca de 4000 genes que codificam aproximadamente 2000 proteínas. É importante levar em consideração o momento em que a célula se encontra, visto que, ela pode ter uma função, no entanto, pode estar em um determinado momento em que seja necessário executar com maior intensidade aquela função, produzindo mais determinadas proteínas a partir da maior expressão de determinados genes, por isso, deve-se considerar a função e o momento celular para definir os mecanismos de controle. QUEM, QUANDO E QUANTO: Já que a síntese de proteínas requer grandes quantidades de energia e recursos, os procariotos e eucariotos desenvolveram mecanismos elaborados para controlar a escolha de quais proteínas são feitas em diferentes momentos e sob diferentes condições ambientais. EM EUCARIOTOS Pode-se regular a expressão gênica em eucariotos desde a transcrição até a proteína já formada, pois, pode-se regular o momento em que a proteína passa a ser montada a partir do RNAm junto com o ribossomo ou p.ex. o momento em que a RNA polimerase vai no DNA e começa a sintetizar o RNAm que vai culminar em uma proteína. Logo, ao falar de expressão gênica, fala-se de duas moléculas: RNA e proteína. Desse modo, tem-se que pegar os pontos onde essas moléculas são produzidas pra executar os mecanismos de controle. ➔ Tipos de regulação: o Regulação espacial: Fazendo com que se tenha diferentes tipos celulares em um mesmo organismo, ou seja, com o mesmo genoma. o Regulação temporal: Essa regulação ocorre de acordo com a necessidade momentânea da célula, genes diferentes expressos em tempos diferentes em resposta a sinais biológicos ou estímulos ambientais. Logo, pode-se ativar ou inativa-los quando se tiver a necessidade ou não de utilizá-los. ➔ Característica: o Em eucariotos a transcrição e tradução são separadas temporalmente e espacialmente, logo, a transcrição ocorre no núcleo e a tradução ocorre no citosol, por isso é importante levar em consideração a separação espacial para entender onde a regulação precisa ser feita. o O acesso aos promotores (regiões que estão antes dos genes e que identificam o local para que o fator de transcrição e a polimerase possa se ancorar p.ex. TATA box, garantindo que não se tem uma entrada adiantada ou atrasada) é restrito pela estrutura da cromatina. o Promotores de eucariotos são intrinsecamente inativos, logo, não ocorre no início da transcrição na ausência de proteínas acessórias. PASSO A PASSO ATÉ A TRANSCRIÇÃO: Quando se prepara para transcrever várias etapas precisam ser seguidas, tais como proteínas que estimulam o processo de transcrição ligando-se a cromatina, quando essa ligação se estabelece a cromatina se mumifica e há uma remodelagem, ao remodelar as cromatinas tem-se uma modificação covalente das histonas (metilação, acetilação) e esse processo provoca o desenovelamento do DNA, com isso, observa-se regiões gênicas, ou seja, regiões que podem ser transcritas e posteriormente traduzidas. Quando os genes passam a ser vistos, é possível perceber os promotores gênicos, onde pode-se montar o complexo de pré-iniciação com todos os fatores de transcrição, após isso, tem-se a iniciação da transcrição. 2 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC GENÉTICA JULIANA OLIVEIRA É importante se atentar para essas etapas até que a transcrição de fato ocorra, porquê sabendo disso pode-se aplicar os mecanismos de controle. É importante lembrar que o DNA fica compactado em um octâmero de histonas. O que são histonas? São proteínas com pH básico, e por isso tem alta afinidade com o DNA que é ácido e atuam enovelando o material genético. Se as histonas são proteínas e enovelam o material genético, pode-se utilizar alguma condição química da sua estrutura para fazer com que esse material genético seja desenovelado, logo, para isso utiliza mecanismos de acetilação (adição do grupo acetil) e metilação (adição do grupo metil). Assim, ao fazer acetilação ou metilação modifica-se as histonas covalentemente ao fazer isso induz- se o desenovelamento do DNA. Logo, não é todo o DNA que se descompacta para a transcrição, apenas algumas partes específicas que possuem o gene de interesse para a ativação ou inativação. Quando se expõe a região a ser transcrita, consequentemente, se expõe a região promotora, os quais são porções do DNA que apresentam regiões consensuais, ou seja, sequências que são as mesmas em todos os promotores de todos os genes, para que isso funcione como um sinal de início de transcrição e os fatores de transcrição se conectem ali e sejam recrutados sempre para aquelas regiões. FATORES DE TRANSCRIÇÃO: o Fundamentais em todos os promotores para que a transcrição seja iniciada. o São importantes no posicionamento correto da RNA polimerase II sobre os promotores. o Atuam na separação das fitas de DNA. o Liberação da RNA polimerase II da região promotora. Obs: A base não é capaz de determinar a afinidade, mas sim a sequência nucleotídica. ATIVAÇÃO DA TRANSCRIÇÃO EM EUCARIOTOS: Tem-se os mecanismos naturais da ativação da transcrição em eucariontes, tem-se regiões específicas em nosso genoma que são as regiões intrônicas, as quais são regiões não codificantes, mas que são altamente regulatórias. Quando se tem regiões regulatórias que aumentam a expressão gênica, diz-se que são regiões intensificadoras, acentuadoras ou enchancers. A região intrônica, apesar de não gerar proteína, pode aumentar ou diminuir a quantidade da proteína a ser formada, devido a sua alta capacidade regulatória. O DNA não executa função nenhuma na intensificação da transcrição, pois, está dentro do núcleo, desse modo, quem executa a função de intensificar a transcrição são as proteínas que se ligam as regiões acentuadoras, promovendo o aumento da transcrição gênica. Logo, intensificadores são locais de DNA, já os ativadores de transcrição que se ligam a essas regiões são proteínas. Obs: Os intensificadores sempre vão estar nos íntrons. 3 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC GENÉTICA JULIANA OLIVEIRA REPRESSÃO DA TRANSCRIÇÃO EM EUCARIOTOS: o Tem-se proteínas que vão interferir na ligação da RNA polímeras II ao promotor. o Mecanismos que vão atuar interferindo com a ligação de ativadores aos seus sítios específicos p.ex. os enchancers de ligação no DNA. o Interferência como complexo de transcrição envolvido no início da transcrição. o Interagem e inibem ativadores de transcrição. Na ligação competitiva ao DNA tem-se uma proteína ativadora que se liga ao enchancers e isso faz com que o DNA se dobre, podendo estimular a transcrição, no entanto, a proteína repressora tem um sítio de ligação que é no mesmo local da proteína ativadora, logo, elas competem por esse sítio, assim, quem se ligar primeiro inviabiliza a ligação do outro. Na superfície de ativação ocluída não há uma briga por sítio, pois, cada um tem o seu, mas a superfície catalítica da proteína ativadora que deveria ser utilizada para catalisar o processo de ativação e produzir alguma resposta referente a esse processo acaba sendo bloqueada pela ligação da proteína repressora com a proteína ativadora, bloqueando a superfície catalítica, inviabilizando a transcrição gênica. Na interação das proteínas repressoras com fatores transcricionais, a proteína repressora se liga em um sítio diferente do sítio da ativadora, promovendo uma aproximação que induzindo a desativação da transcrição gênica. Além do que foi mencionado, pode-se fazer a regulação gênica por meio de sinais químicos, temperatura e outros elementos que podem estimular em células específicas a produção de proteínas e RNAm. Ex. de regulação gênica por temperatura: Foi utilizado um gene heat-shock (HSE), pois, foi percebido que esses genes eram estimulados com a mudança de temperatura, ou seja, o superaquecimento ou super resfriamento modifica a expressão de determinados genes em algumas células. Assim, submeteram algumas células ao choque térmico, o que desnatura as proteínas, no entanto, nesse caso foi feito sem matar a célula, nessa situação houve uma super expressão e super produção de RNAm, com isso, foi percebido que esses genes se relacionam com a produção das chaperonas, as quais são produzidas antes mesmo das proteínas e as auxiliam no processo de enovelamento tornando-as funcionais. Ex. de regulação gênica por hormônios esteroidais: Hormônios como estrogênio, progesterona, testosterona e glicocorticoides, são lipofílicos, ou seja, consegue atravessar a bicamada, visto que seus receptores são intracelulares e eles são translocados para o núcleo, pois, nele tem sítios de ligação específico para os receptores ligados aos hormônios, assim, tem-se cada região específica do DNA com uma sequência específica para a ligação desse hormônio com o seu respectivo receptor, isso induz transcrição que forma RNAm que é translocado para o 4 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC GENÉTICA JULIANA OLIVEIRA citosol para produzir proteína, isso é a regulação gênica positiva. Ex. de regulação gênica por hormônios peptídicos: Hormônios como a insulina, prolactina e somatotrofina, por serem grandes e hidrofílicos, não atravessam a bicamada lipídica e possuem seus receptores ancorados na membrana da célula que eles usam como alvo. Esses hormônios produzem RNAm, estimulam o processo transcricional, sendo, portanto, ativadores da transcrição. Uma outra forma que acaba sendo a comum de reprimir a transcrição é a ligação de repressores de tradução ao RNAm, inviabilizando sua continuidade. REGULAÇÃO MEDIADA POR PEQUENOS RNA’S: Ainda se tem uma forma de regular a transcrição gênica de modo geral através da utilização de RNAs regulatórios. Tem-se miRNAs (micro RNAs) que tem papel regulador de transcrição ou expressão gênica. Esses RNAs eles atuam na fase pós transcricional, ou seja, depois que o RNA já foi produzido no núcleo, ele pode degradar esse RNA no citosol. Então, muitas fezes as ferramentas para o controle da expressão gênica são limitadas a nível citosólico, logo, a transcrição, por acontecer no núcleo não tem como evitar, contudo, tem como evitar que a partir daquele RNAm que foi produzido, uma proteína seja gerada, agravando o quadro do paciente a nível sintomatológico. Com isso, vai ocorrer um pareamento de uma sequência curta de RNA com uma sequência alvo de um RNAm.
Compartilhar