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pdf APS - tutela coletiva do meio ambiente 2021 2

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ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA 
 
 Disciplina: Tutelas Coletivas de Consumo e Meio Ambiente 
Aluna: Suellen Menezes 
RA: 8349310 
Turma: 3110A02 
 Elaboração de relatório de pesquisa doutrinária e jurisprudencial, sobre 
tutela coletiva dos danos ambientais, a partir da análise do filme Erin 
Brockovich, de Steven Soderbergh, 2000 (O filme, baseado em caso real, 
conta a história de Erin Brockovich, interpretada por Julia Roberts – Oscar de 
melhor atriz - , mãe solteira e desempregada que acaba por ser contratada 
pelo seu advogado. Ela acaba por trabalhar num caso de uma companhia 
eléctrica californiana acusada de poluir o sistema de fornecimento de água 
da cidade, provocando doença e morte. No filme, Erin procurou documentos 
da administração pública arquivados sobre os estudos ambientais, trabalha 
com ações em defesa das vítimas e, ao final, viabiliza a reabertura da ação 
pública contra a empresa). Aula de Referência: Aulas 1, 2, 3, 11 e 12. 
O filme “Erin Brockovich – decorre de uma história real na qual uma mulher que se 
divorciou por duas vezes e com três filhos para criar, passava por muitas dificuldades 
financeiras e passava também por preconceitos sócias. O filme se inicia com um acidente 
automobilístico em que Erin sofreu, um carro ultrapassou o farol e bateu no carro dela, 
Erin contrata um advogado Ed e vai ao Tribunal, pelo jeito extravagante de Erin 
acabam perdendo a causa, mesmo com provas em seu favor. Com diversas 
despesas hospitalares, carro para consertar e seus filhos para sustentar, Erin já 
estava desesperada e bate na porta do pequeno escritório de advocacia em que 
cujo advogado Ed era o dono e pede um emprego. Começou a trabalhar no 
escritório como ajudante na carga dos processos e então se envolveu por um processo 
que estava lá parado e pediu autorização ao chefe para investigar. 
Erin, sem conhecimento algum sobre direito, começa a investigar a P GE – Gás e 
Eletricidade do Pacifico, e do seu jeito extravagante começou a procurar todas as 
famílias que moravam no terreno que estava contaminado. A empresa havia 
contaminado com o “cromo 6” lençol freático da região e os poços de agua de 
abastecimento de várias famílias o que causou diversas doenças nas famílias como 
enxaqueca, hemorragia nasal, respiratórias, falência do fígado, coração, sistema 
reprodutor e até diversos tipos de câncer. Erin conseguiu um aparato de provas muito 
grande, mobilizou as famílias para entrarem com uma ação coletiva na justiça, no 
fim aceitaram enviar o caso para a arbitragem judicial que lhes permitiu receber de 
imediato no valor de 333 milhões de dólares, o maior valor já recebido em uma ação na 
história dos EUA, a serem distribuídos entre as famílias, esta ação rendeu 1 milhão de 
dólares para Eirin assim se tornando a a assistente jurídica mais bem sucedida dos EUA. 
No Brasil ocorrem vários acidentes ambientais parecidos, um exemplo é o caso da 
contaminação em função do descarte indevido de um aparelho de radioterapia que se 
ocorreu em Goiânia, já se passaram mais de 30 anos e ainda sim existem pessoas 
com sequelas deste crime ambiental. Acontece que algumas horas após o contato 
com a substância, vítimas apareceram com os sintomas da contaminação como 
vômitos, náuseas, diarreia e tonturas, com um grande número de infectados e ninguém 
imaginava ou sabia o que estava ocorrendo, os enfermos foram tratados como 
portadores de uma doença contagiosa. Ocorre que dias se passaram até que se 
descobriu a possibilidade de se tratar de sintomas de uma Síndrome Aguda de Radiação 
e somente no dia 29 de setembro de 1987, após a esposa do dono do ferro-velho levar 
parte da máquina de radioterapia na sede da Vigilância Sanitária, que se foi 
possível identificar os sintomas como sendo de contaminação radioativa. Os médicos ao 
receberem o equipamento solicitou de imediato a presença de um físico nuclear 
para avaliar o acidente, e assim o físico Valter Mendes, constatou que havia índices de 
radiação na Rua 57, do Setor Aeroporto, e em suas imediações. 
Por consequência em 1996, a Justiça julgou e condenou por homicídio culposo três 
sócios e funcionários do antigo Instituto Goiano de Radioterapia a três anos e dois meses 
de prisão, pena que foi substituída por prestação de serviços. 
Atualmente, as vítimas alegam omissão do governo para se ter a assistência médica e 
medicamentos e assim para amenizar e tentar resolver a situação e vencer o preconceito 
ainda existente, foi fundado a associação de Vítimas Contaminadas por Césio-137. 
Tutelas coletivas do meio ambiente 
A tutela ambiental penal é regulamentada especificamente na lei 9.605/98, lei que trata de 
sanções penais e administrativas aos que cometem atos lesivos ao meio ambiente. 
A tutela penal é de grande importância na proteção do meio ambiente por se tratar da 
defesa de um direito que pertence a todos. O direito fundamental ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado configura-se como transidividual, este é ligado a uma 
pluralidade de titulares identificáveis ou não, diferentes do direito de natureza individuai 
onde apenas um individuo ou alguém permitido por este se faz como titular e competente 
para pleitear em juízo seu direito. 
As ações coletivas, portanto configuram-se como a ferramenta jurídica correta na busca 
dos direitos transindividuais, em outras palavras, direitos que pertencem a mais de um 
titular, os direitos coletivos divide-se em direitos difusos, direitos coletivos em sentido 
estrito e os direitos individuais homogêneos. 
O direito difuso possui definição legal prevista no Código de Defesa de Consumidor, e 
refere-se a direitos ligados por uma situação de fato, possuindo um numero indeterminado 
de titulares, não sendo possível identificar o numero de pessoas que serão alcançadas 
pelo direito tutelado, o meio ambiente é um exemplo de direito difuso, não sendo possível 
atribuir sua titularidade a um só individuo ou a um grupo determinado de pessoas. 
 Ação popular 
 Com fundamento no Art. 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação 
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado 
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e 
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência. 
A ação popular é uma garantia constitucional dada ao cidadão, fundamentada em uma 
norma constitucional originária, e portanto não passível de controle de 
constitucionalidade, a Ação Popular é dada como uma ferramenta constitucional de 
defesa ao Meio Ambiente. A lei de nº 4717/65 trata de forma especializada a ação popular, 
esta é de forma prévia um mecanismo que visa defender os direitos difusos, no direito 
ambiental, vê-se que proteção ao meio ambiente é um dos pressupostos de validade para 
a ação popular, podendo ser impetrada de forma preventiva ou repressiva. 
Ação Civil Pública 
A ação civil pública é o instrumento processual integrante do microssistema das tutelas 
coletivas, previsto na Constituição Federal e possuindo base legal em lei especifica, lei nº 
7.347/85, que tem como instrumento jurídico a defesa de direitos metaindividuais ou 
transindividuais, contendo em seu preambulo: “Disciplina a ação civil publica de 
responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos 
de valor artístico, estético, histórico e turístico.” 
A ação civil publica possui um rol de legitimados para sua propositura mais escasso e 
selecionadoque o da ação popular, de acordo com o art.5º da lei 7.347/85 legitimados 
para propor a ação civil publica o Ministério Público, a Defensoria Pública, fundações, 
sociedades de economia mista, autarquias, empresas publicas, associações interessadas 
desde que constituídas há pelo menos um ano, a União, os estados, municípios. 
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTICA 
O entendimento do STJ é no sentido de que a “AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO 
CAUSADO AO MEIO AMBIENTE. LEGITIMIDADE PASSIVA DO ENTE ESTATAL. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. RESPONSÁVEL DIRETO E INDIRETO. 
SOLIDARIEDADE. LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO. ARTIGO 267, IV, DO CPC. 
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. […] 5. Assim, 
independentemente da existência de culpa, o poluidor, ainda que indireto (Estado-
recorrente) (artigo 3.º da Lei 6.938/198 1), é obrigado a indenizar e reparar o dano 
causado ao meio ambiente (responsabilidade objetiva). 6. Fixada a legitimidade 
passiva do ente recorrente, eis que preenchidos os requisitos para a configuração 
da responsabilidade civil (ação ou omissão, nexo de causalidade e dano), ressalta-
se, também, que tal responsabilidade (objetiva) é solidária, o que legitima a 
inclusão das três esferas de poder no polo passivo na demanda, conforme 
realizado pelo Ministério Público (litisconsórcio facultativo).” STJ REsp 604.725/PR, 
Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 21.06.2005, DJ 
22.08. 2005, p. 202). 
Vem ganhando destaque a teoria norte-americana do bolso profundo (Deep Pocket 
Doctrine), para que o direito fundamental não fique sem amparo protetivo, ante a 
alegação de impossibilidade indenizatória, a teoria do bolso profundo pondera a 
multiplicidade de agentes poluidores, de modo que a responsabilidade irá recair sobre 
aquele que possuir melhores condições financeiras de arcar com os despesas ambientais, 
podendo acionar os demais regressivamente, haja vista também a restrição 
jurisprudencial que se tem dado para os casos de denunciação à lide, em virtude da 
celeridade processual. 
Além dos mecanismos analisados na responsabilidade que foram incorporados na 
jurisprudência para dar efetividade à reparação do dano ambiental, essa teoria busca, 
com fundamento na responsabilização solidária, atribuir àquele que tem mais condições 
econômicas os custos dos estragos gerados, fortalecendo assim as tendências específica 
no Direito Ambiental em buscar responsabilizar quem tem mais condições de arcar com 
os prejuízos ambientais, com base na doutrina americana do “bolso profundo”, uma vez 
que prevalece que todos os poluidores são responsáveis solidariamente pelos danos 
ambientais, conforme já se pronunciou o Superior Tribunal de Justiça.

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