Buscar

LEG PENAL ESPECIAL creiof

Prévia do material em texto

1 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
 
LEI DE DROGAS 
 
1. INTRODUÇÃO 
A Lei 11.343, de 23 de agosto de 2006, foi publicada no DOU em 24/08/06, cujo Art. 
74 estabeleceu um vacatio legis de 45 dias, entrando em vigor no dia 8 de outubro de 2006. 
O Art. 75 revogou expressamente a Lei 6.368/76. 
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; 
prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de 
usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não 
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. 
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os 
produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em 
listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. 
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS 
Art. 4o São princípios do Sisnad: 
X - a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção do uso indevido, atenção 
e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção 
não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social; 
Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social do usuário e do dependente 
de drogas e respectivos familiares devem observar os seguintes princípios e diretrizes: 
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, independentemente de quaisquer 
condições, observados os direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e diretrizes 
do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional de Assistência Social; 
 
2. DOS CRIMES DO USUÁRIO 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para 
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
2 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva 
ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto 
capaz de causar dependência física ou psíquica. 
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à 
natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se 
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos 
antecedentes do agente. 
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo 
prazo máximo de 5 (cinco) meses. 
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste 
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. 
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, 
entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou 
privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo 
ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. 
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos 
incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, 
sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, 
gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento 
especializado. 
 
É importante frisar que usar droga é conduta atípica, pois a lei pune a conduta de 
portar droga para consumo pessoal. O que a lei quer evitar é a circulação e disseminação da 
droga, pois quem traz consigo pode vir a oferecê-la a outrem. Portanto o objeto jurídico 
tutelado é a saúde pública. É a aplicação do princípio da alteridade que impede a atuação 
do direito penal no sentido de punir quem está prejudicando sua própria saúde, ou seja, quem 
não está ferindo o interesse do outro (altero). Ex: Art. 171, § 2° CP (lesar o próprio corpo com 
o intuito de haver indenização ou valor de seguro). Dessa forma, a lei não incrimina o uso 
pretérito (STF, HC 189/SP, 12-12-2000). O objeto material do crime é a droga: substância 
entorpecente, psicotrópica, precursora e outras sob controle especial previstas na Portaria 
SVS/MS n°. 344/1998 (Art. 66, Lei 11.343/06). Portanto, a lei de droga é uma norma penal 
em branco. 
Para se determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o critério é o do 
reconhecimento judicial e não o da quantificação legal. “A pequena quantidade de droga 
 
3 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
apreendida não descaracteriza o delito de tráfico de entorpecente, se existentes outros 
elementos capazes de orientar a convicção do julgador” (STJ, HC 17.384/SP, 3-6-2002). 
De acordo com a lei, não há qualquer possibilidade de imposição de pena privativa de 
liberdade para quem infringir o Art. 28, o que gerou uma polêmica na doutrina acerca da 
possível descriminalização do porte de droga para consumo pessoal, uma vez que o Art. 1º 
da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto 3.914/41) define crime a infração penal a que 
a lei comina pena de reclusão ou detenção e contravenção a infração a que a lei comina pena 
de prisão simples. STF: Questão de Ordem – RE 430.105 RJ confirmou a natureza jurídica de 
crime de tal conduta, por entender que outra lei pode estabelecer pena diversa da privativa de 
liberdade. 
Tráfico, posse ou uso de entorpecente ou substância de efeito similar. Código Penal Militar 
 Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ter em 
depósito, transportar, trazer consigo, ainda que para uso próprio, guardar, ministrar ou 
entregar de qualquer forma a consumo substância entorpecente, ou que determine 
dependência física ou psíquica, em lugar sujeito à administração militar, sem autorização ou 
em desacôrdo com determinação legal ou regulamentar: 
 Pena - reclusão, até cinco anos. 
 
3. PROCEDIMENTO PENAL 
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos neste Título rege-se 
pelo disposto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de 
Processo Penal e da Lei de Execução Penal. 
§ 1o O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo se houver 
concurso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na 
forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre 
os Juizados Especiais Criminais. 
§ 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em 
flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, 
na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo 
circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários 
 Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos 
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não 
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. 
 Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo 
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, 
providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm#art60
 
4 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente 
encaminhado ao juizado ou assumir o compromissode a ele comparecer, não se imporá 
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá 
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de 
convivência com a vítima. 
4. DO TRÁFICO 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à 
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, 
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 
(mil e quinhentos) dias-multa. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, 
fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, 
insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de 
drogas; 
(Art. 32, § 4o: As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme 
o disposto no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a legislação em vigor). 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, 
administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, 
para o tráfico ilícito de drogas. 
Compete ao Departamento de Polícia Federal o controle e a fiscalização dos produtos 
químicos definidos na Portaria 1.274/2003 do Ministério da Justiça (Art. 4º, da Lei 
10.357/2001). Ex:ácido lisérgico – LSD. 
 
 
 
5. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO USO INDEVIDO DE DROGA. 
Art. 33, § 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm#art243
 
5 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-
multa. 
 
6. CESSÃO GRATUITA E EVENTUAL DE DROGA 
Art. 33, § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu 
relacionamento, para juntos a consumirem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. 
7. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA 
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser 
reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, 
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades 
criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 15 de fevereiro de 
2012). Vedação declarada inconstitucional pelo STF, em 1º de setembro de 2010 (HC 
97.256/RS). 
8. TRÁFICO DE MAQUINÁRIO 
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a 
qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, 
instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou 
transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 
2.000 (dois mil) dias-multa. 
9. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou 
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 
(mil e duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para 
a prática reiterada do crime definido n.o art. 36 desta Lei. 
10. FINANCIAMENTO OU CUSTEAMENTO DO TRÁFICO DE DROGAS OU 
MAQUINÁRIO 
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, 
caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Congresso/RSF-05-2012.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Congresso/RSF-05-2012.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Congresso/RSF-05-2012.htm
 
6 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 
4.000 (quatro mil) dias-multa. 
Custear é prover as despesas, desde que o valor do sustento seja significativo. O crime 
se consuma com o efetivo financiamento, porém, o crime exige habitualidade, ou seja, exige 
a prática reiterada do sustento, uma vez que o financiamento ocasional é caso de aumento de 
pena (Art. 40, VII). É o crime mais grave da lei de drogas. Na vigência da lei anterior, quem 
sustentava o tráfico era partícipe do crime de tráfico previsto no Art. 12 da Lei 6.368/76. É 
caso de exceção pluralista à teoria monista prevista no Art. 29 do CP. Se duas ou mais 
pessoas se associarem de forma estável e cometerem o financiamento do tráfico haverá 
concurso material (Art. 36, pú + Art. 36). 
 
11. COLABORAÇÃO COMO INFORMANTE 
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação 
destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta 
Lei: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 
(setecentos) dias-multa. 
O crime é comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Se o colaborador for 
funcionário público, terá a pena aumentada (Art. 40, II). É a colaboração como informante de 
forma eventual, pois se tiver vínculo associativo responderá pelo Art. 35. É possível a 
tentativa apenas na forma escrita (carta interceptada). 
 
12. PRESCREVER OU MINISTRAR CULPOSAMENTE EM EXCESSO OU 
IRREGULARMENTE 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o 
paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 
(duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria 
profissional a que pertença o agente. 
Só pode ser praticado por médico, dentista e profissional de enfermagem. A lei nova pune 
quem receita droga certa na dose errada, droga errada na dose certa e dose certa na dose 
certa para o paciente errado, corrigindo a lacuna deixada pela lei anterior. É o único crime 
culposo previsto na lei de droga. Na modalidade prescrever, o crime se consuma com a 
entrega da receita, dispensando o efetivo uso da droga. Já na modalidade ministrar o crime se 
 
7 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
consuma com a efetiva aplicação. Se o paciente morrer, o agente responde pelo Art. 38 + 
homicídio culposo em concurso formal. 
13. CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE APÓS CONSUMO DE DROGA 
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano 
potencial a incolumidade de outrem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, 
cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena 
privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-
multa. 
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, 
serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se 
o veículo referido no caput deste artigofor de transporte coletivo de passageiros. 
Art. 306, da Lei 9.503/97 (CTB) Conduzir veículo automotor, na via pública, estando 
com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou 
sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: 
(Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) 
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se 
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste 
Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se 
este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 
1995, no que couber. 
 Parágrafo único. Aplicam-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa, de 
embriaguez ao volante, e de participação em competição não autorizada o disposto nos arts. 
74, 76 e 88 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 (Revogado) 
 § 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 
74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: 
(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008). 
 I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine 
dependência; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008). 
 
 
14. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (MAJORANTES) 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a 
dois terços, se: 
 
8 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias 
do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; 
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de 
missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; 
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de 
estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, 
sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de 
recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de 
tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou 
policiais ou em transportes públicos; 
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, 
ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; 
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito 
Federal; 
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por 
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; 
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. 
Não é mais necessário ser tráfico internacional. Não é mais necessário que o agente 
público exerça função pública relacionada com a repressão ou prevenção à criminalidade. 
Não alcança mais o idoso de 60 anos de idade nem a pessoa maior de 18 e menor de 21 
anos. É imprescindível a ciência do local previsto na alínea III por parte do traficante. Tráfico 
interestadual permanece de competência da Justiça Estadual, embora a Polícia Federal 
também tenha atribuição para investigar, por causa da repercussão interestadual que exige 
repressão uniforme (Lei 10.446/2002). A atribuição da PF é mais ampla do que a competência 
criminal da Justiça Federal. 
15. VEDAÇÕES E BENEFÍCIOS LEGAIS 
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são 
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, 
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. 
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento 
condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao 
reincidente específico. 
Reincidente específico: arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 e não de qualquer crime hediondo 
previsto na Lei 8.072/90. 
Progressão de Regime: 2/5 – primário e 3/5 – reincidente (Lei 11.464/07). 
V. Art. 5º, XLIII CF Tortura, Tráfico e Terrorismo: inafiançáveis. Veda graça e anistia apenas. 
Mas a vedação do indulto prevista na lei é constitucional, segundo o STF. 
 
9 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
Lei 8.072/90 e Lei 11.464/07 confirmam a inafiançabilidade. 
Lei 8.072/90: estabeleceu regime integralmente fechado e Lei 11.464/07 aboliu o regime 
integralmente fechado e aboliu a vedação da liberdade provisória, mas o STF, a princípio, 
entendia que tal vedação estava implícita na inafiançabilidade. Porém, o STF, no HC 
104339/SP, 10-5-2012, mudou esse entendimento e passou a permitir a liberdade provisória 
com base no caso concreto. Quem tem de vedar ou conceder a liberdade provisória não é o 
legislador, mas sim o juiz, diante do caso concreto. 
Art. 44. CP As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de 
liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for 
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, 
se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
Vedação que feria o princípio da isonomia. 
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ARTIGO 44 DA LEI 11.343/2006: 
IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM PENA 
RESTRITIVA DE DIREITOS. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE. 
OFENSA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (INCISO 
XLVI DO ARTIGO 5º DA CF/88). ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1. O processo de 
individualização da pena é um caminhar no rumo da personalização da resposta punitiva do 
Estado, desenvolvendo-se em três momentos individuados e complementares: o legislativo, o 
judicial e o executivo. Logo, a lei comum não tem a força de subtrair do juiz sentenciante o 
poder-dever de impor ao delinqüente a sanção criminal que a ele, juiz, afigurar-se como 
expressão de um concreto balanceamento ou de uma empírica ponderação de circunstâncias 
objetivas com protagonizações subjetivas do fato-tipo. Implicando essa ponderação em 
concreto a opção jurídico-positiva pela prevalência do razoável sobre o racional; ditada pelo 
permanente esforço do julgador para conciliar segurança jurídica e justiça material. 2. No 
momento sentencial da dosimetria da pena, o juiz sentenciante se movimenta com 
ineliminável discricionariedade entre aplicar a pena de privação ou de restrição da liberdade 
do condenado e uma outra que já não tenha por objeto esse bem jurídico maior da liberdade 
física do sentenciado. Pelo que é vedado subtrair da instância julgadora a possibilidade de se 
movimentar com certa discricionariedade nos quadrantes da alternatividade sancionatória. 3. 
As penas restritivas de direitos são, em essência, uma alternativa aos efeitos certamente 
traumáticos, estigmatizantes e onerosos do cárcere. Não é à toa que todas elas são 
comumente chamadas de penas alternativas, pois essa é mesmo a sua natureza: constituir-se 
num substitutivo ao encarceramento e suas seqüelas. E o fato é que a pena privativa de 
liberdade corporal não é a única a cumprir a função retributivo-ressocializadora ou restritivo-
preventiva da sanção penal. As demais penas também são vocacionadas para esse 
geminado papel da retribuição-prevenção-ressocialização, e ninguém melhor do que o juiz 
natural da causa para saber, no caso concreto, qual o tipo alternativo de reprimenda é 
suficiente para castigar e, ao mesmo tempo, recuperar socialmente o apenado, prevenindo 
comportamentos do gênero. 4. No plano dos tratados e convenções internacionais, aprovados 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44
 
10 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
e promulgados pelo Estado brasileiro, é conferido tratamento diferenciado ao tráfico ilícito de 
entorpecentes que se caracterize pelo seu menor potencial ofensivo. Tratamento diferenciado, 
esse, para possibilitar alternativas ao encarceramento. É o caso da Convenção Contra o 
Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de Substâncias Psicotrópicas, incorporada ao direito interno 
pelo Decreto 154, de 26 de junho de 1991. Norma supralegal de hierarquia intermediária, 
portanto, que autoriza cada Estado soberano a adotar norma comum interna que viabilize a 
aplicação da pena substitutiva (a restritiva de direitos) no aludido crime de tráfico ilícito de 
entorpecentes. 5. Ordem parcialmente concedida tão-somente para remover o óbice da parte 
final do artigo 44 da Lei 11.343/2006, assim como da expressão análoga “vedada a conversão 
em penas restritivas de direitos”, constante do parágrafo 4º do artigo 33 do mesmo diploma 
legal. Declaração incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da proibição de 
substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos; determinando-se 
ao Juízo da execução penal que faça a avaliação das condições objetivas e subjetivas da 
convolação em causa, na concreta situação do paciente. 
 
16. MARCHA DA MACONHA 
O STF deu interpretação conforme a Constituição ao Art. 287 do Código Penal, para 
afastar qualquer entendimento no sentido de que as marchas constituem apologia ao crime. 
Para o supremo, prevalece nesses casos a liberdade de expressão e de reunião. 
 
17. DA INVESTIGAÇÃO 
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado 
estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. 
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, 
ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária. 
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia 
judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo: 
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a 
levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do 
produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as 
circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou 
II - requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias. 
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de diligências 
complementares: 
 
11 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resultado deverá ser 
encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e 
julgamento; 
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valores de que seja titular o 
agente, ou que figurem em seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo 
competente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e julgamento. 
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, 
são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o 
Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: 
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos 
órgãos especializados pertinentes; 
II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos 
ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com 
a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de 
tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida 
desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou 
de colaboradores. 
É o que se chama de flagrante prorrogado, postergado ou retardado, cuja autorização 
legal mitiga a obrigatoriedade da prisão em flagrante delito por parte da autoridade policial e 
seus agente prevista no Art. 301 do CPP, a fim de alcançar e responsabilizar o maior número 
de integrantes do bando. 
 
 
 
 
 
 
 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
 
1. INTRODUÇÃO 
O Código Penal de 1940 não tratava do assunto, mas o Decreto Lei 3.688/1941(Lei das 
Contravenções Penais) tipificou o porte ilegal: trazer consigo arma fora de casa ou de 
 
12 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
dependência desta, sem licença da autoridade. Pena: prisão simples de 15 dias a 6 meses, 
ou multa. Ou seja, mesmo que a arma não fosse legalizada, não era contravenção penal tê-la 
dentro de casa. 
Foi com o advento da Lei 9.437/97, os ilícitos relacionados às armas de fogo foram 
tratados como crime. A lei instituiu o SINARM, no âmbito do Ministério da Justiça, mais 
especificamente no âmbito da PF, tendo como principais funções: cadastrar as armas de fogo 
produzidas, importadas e vendidas no país; cadastrar a transferência de titularidade e o 
extravio e cadastrar as apreensões de armas, incluindo as vinculadas a procedimento policial 
e judicial. As armas de fogo das FA e Forças Auxiliares ficaram de fora do SINARM, cujo 
registro era próprio de tais forças. Tal lei ainda preveu uma espécie de “anistia”, possibilitando 
que as armas sem registro fossem regularizadas dentro do prazo seis meses, prorrogável por 
igual período, contado a partir de sua promulgação, com dispensa de comprovação de 
origem, pois presumia boa-fé de quem buscava a regularização. O porte passou a ser federal 
ou estadual, neste último caso, com eficácia apenas na unidade da federação de residência 
do titular. Era a lei que tipificava o fato de alguém utilizar arma de brinquedo, simulacro de 
arma capaz de atemorizar outrem, para o fim de cometer crimes (Art. 10, II). 
A Lei 10.826, de22 de dezembro de 2003, teve como maior objetivo banir o comércio de 
arma de fogo no Brasil, salvo exceções, conforme Art. 35: é proibida a comercialização de 
arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades do artigo 6º. 
Mas tal dispositivo nunca entrou em vigor, pois o parágrafo 1º suspendia sua aplicação até 
decisão por referendo, realizado em outubro de 2005, que rechaçou tal proibição. 
 
2. ASPECTOS GERAIS DO ESTATUTO 
A nova lei manteve o SINARM, enquanto que o Decreto 5.123/2004 preveu o Sistema de 
Gerenciamento Militar de Arma (SIGMA), instituído no Ministério da Defesa, no âmbito do 
Comando do Exército (Art. 2º). 
DECRETO 5.123/2004 
Art. 1º, § 1o Serão cadastradas no SINARM: 
I - as armas de fogo institucionais, constantes de registros próprios: 
a) da Polícia Federal; 
b) da Polícia Rodoviária Federal; 
c) das Polícias Civis; 
d) dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, referidos nos arts. 
51, inciso IV, e 52, inciso XIII da Constituição; 
 
13 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
e) dos integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, dos integrantes das 
escoltas de presos e das Guardas Portuárias; 
f) das Guardas Municipais; e 
g) dos órgãos públicos não mencionados nas alíneas anteriores, cujos servidores tenham 
autorização legal para portar arma de fogo em serviço, em razão das atividades que 
desempenhem, nos termos do caput do art. 6o da Lei no 10.826, de 2003. 
II - as armas de fogo apreendidas, que não constem dos cadastros do SINARM ou Sistema 
de Gerenciamento Militar de Armas - SIGMA, inclusive as vinculadas a procedimentos 
policiais e judiciais, mediante comunicação das autoridades competentes à PolíciaFederal; 
III - as armas de fogo de uso restrito dos integrantes dos órgãos, instituições e corporações 
mencionados no inciso II do art. 6o, da Lei 10.826/2003 (PF, PRF, PFF, PC, PM e CBM). 
IV - as armas de fogo de uso restrito, salvo aquelas mencionadas no inciso II, do §1o, do art. 
2o deste Decreto. (FA, ABIN e Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da 
República). 
§ 2o Serão registradas na Polícia Federal e cadastradas no SINARM: 
I - as armas de fogo adquiridas pelo cidadão com atendimento aos requisitos do art. 4o da Lei 
no 10.826, de 2003; 
II - as armas de fogo das empresas de segurança privada e de transporte de valores; e 
III - as armas de fogo de uso permitido dos integrantes dos órgãos, instituições e 
corporações mencionados no inciso II do art. 6o da Lei no 10.826/2003. (PF, PRF, PFF, PC, 
PM e CBM). 
 
Art. 2º, § 1o Serão cadastradas no SIGMA: 
I - as armas de fogo institucionais, de porte e portáteis, constantes de registros próprios: 
a) das Forças Armadas; 
b) das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares; 
c) da Agência Brasileira de Inteligência; e 
d) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; 
II - as armas de fogo dos integrantes das Forças Armadas, da Agência Brasileira de 
Inteligência e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, 
constantes de registros próprios; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art6ii
 
14 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
III - as informações relativas às exportações de armas de fogo, munições e demais produtos 
controlados, devendo o Comando do Exército manter sua atualização; 
IV - as armas de fogo importadas ou adquiridas no país para fins de testes e avaliação 
técnica; e 
V - as armas de fogo obsoletas. Aquela fora de uso e cuja munição não é mais fabricada (Art. 
3º, XXI, Decreto 3.665/2000 – R 105). 
§ 2o Serão registradas no Comando do Exército e cadastradas no SIGMA: 
I - as armas de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores; e 
II - as armas de fogo das representações diplomáticas. 
 
O CRAF é expedido pela PF. Os menores de 25 anos de idade não podem adquirir arma 
de fogo, salvo se integrante das FA e Forças Auxiliares, PF, PRF, PFF, PC, guarda municipal 
da capital e dos municípios com mais de 500 mil habitantes, agente da ABIN e do gabinete da 
segurança institucional da Presidência, policiais do legislativo federal, guarda prisional, auditor 
fiscal da receita federal, auditor fiscal do trabalho, auditor fiscal e analista tributário. 
A lei trouxe a obrigação de que os registros fossem renovados junto à PF no prazo 
máximo de 3 anos (Art. 5º, § 3º). Tais registros eram normalmente expedidos pelas 
autoridades estaduais. Tal prazo foi estendido por diversas medidas provisórias e pela Lei 
11.706/2008 até 31 de dezembro de 2008. Mas esse prazo foi mais uma vez prorrogado até 
31 de dezembro de 2009 pela Lei 11.922, de 13 de abril de 2009. 
Art. 5º, § 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de registro de propriedade 
expedido por órgão estadual ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não 
optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o 
pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de 
documento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, ficando dispensado do 
pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III 
do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de 
prazo) 
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo adquiridas regularmente poderão, a 
qualquer tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do 
regulamento desta Lei. 
 A arma de fogo não registrada também pôde ser entregue à PF num prazo de 180 dias a 
partir de 23 de dezembro de 2003, constituindo uma espécie de “anistia”. Ocorre que a nova 
redação dada pela Lei 11.706/2008 eliminou qualquer prazo, o que pode ser feito a qualquer 
tempo. 
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, 
espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11706.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11922.htm#art20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11922.htm#art20
 
15 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma. 
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008). 
 
3. DO PORTE 
A nova lei tornou o procedimento para a obtenção do porte de arma bem mais difícil. Cabe 
à PF autorizar o porte de arma de fogo de uso permitido, desde que haja prévia autorização 
do SINARM. 
 Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território 
nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do 
Sinarm. 
 § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária e 
territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente: 
 I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco 
ou de ameaça à sua integridade física; 
 II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei; Art. 4º, I - comprovação de 
idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais 
fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a 
inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; 
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008); II – apresentação de documento comprobatório 
de ocupação lícita e de residência certa; III – comprovação de capacidade técnica e de 
aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no 
regulamento desta Lei. 
 III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido 
registro no órgão competente. 
 § 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá 
automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de 
embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas. 
Art.6º, § 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito 
de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação 
ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade 
em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. (Redação dada pela Lei 
nº 11.706, de 2008). (FA, Forças Auxiliares, PF, PRF, PFF, guarda municipal da capital e dos 
municípios com mais de 500 mil habitantes, agente da ABIN, agente da segurança 
institucional da Presidência, policiais do Legislativo Federal). 
 
Art. 34. Decreto 5.123/2004 Os órgãos, instituições e corporações mencionados nos incisos I, 
II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, estabelecerão, em 
normativos internos, os procedimentos relativos às condições para a utilização das armas de 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11706.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11706.htm#art1
 
16 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
fogo de sua propriedade, ainda que fora do serviço. (Redação dada pelo Decreto nº 
6.146, de 2007 
Tal norma concedeuo direito de usar arma de fogo particular fora de serviço para os 
guardas prisionais e para os auditores fiscais da receita federal, auditores fiscais do trabalho, 
auditor fiscal e analista tributário. 
O magistrado pode portar arma de fogo de defesa pessoal (Art. 33, V, LC 35/79) e o 
membro do MP também (Art. 42, Lei 8.625/93). 
Art. 33, § 2o Decreto 5.123/2004 Os integrantes das polícias civis estaduais e das Forças 
Auxiliares, quando no exercício de suas funções institucionais ou em trânsito, poderão portar 
arma de fogo fora da respectiva unidade federativa, desde que expressamente autorizados 
pela instituição a que pertençam, por prazo determinado, conforme estabelecido em normas 
próprias 
Os integrantes das FA, Forças Auxiliares, PF, PRF, PFF, agentes da ABIN e da segurança 
institucional da Presidência, policiais do Legislativo Federal e guardas prisionais que se 
aposentarem ou forem transferidos para a reserva poderão conservar a autorização de porte 
de arma mediante a teste de avaliação psicológica a cada 3 anos. 
Art. 37. Os integrantes das Forças Armadas e os servidores dos órgãos, instituições e 
corporações mencionados nos incisos II, V, VI e VII do caput do art. 6º da Lei nº 10.826, de 
2003, transferidos para a reserva remunerada ou aposentados, para conservarem a 
autorização de porte de arma de fogo de sua propriedade deverão submeter-se, a cada três 
anos, aos testes de avaliação da aptidão psicológica a que faz menção o inciso III do 
caput art. 4º da Lei nº 10.826, de 2003. (Redação dada pelo Decreto nº 6.146, de 2007 
Os integrantes de guarda municipal de município com mais de 50 mil e menos de 500 
mil habitantes somente podem portar arma de fogo quando de serviço. Os integrantes de 
guarda municipal de município com menos de 50 mil habitantes pode portar arma de fogo em 
serviço, desde que tal município integre uma Região Metropolitana. 
 Art. 6º, § 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões 
metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei 
nº 11.706, de 2008) 
 
 
4. DOS CRIMES E DAS PENAS 
 I POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO 
Arma de fogo: arma que arremessa projéteis, empregando a força expansiva dos gases 
gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está 
solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, 
além de direção e estabilidade ao projétil (Art. 3º, XIII, Decreto 3.665/2000 - R 105). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6146.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6146.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6146.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11706.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11706.htm#art1
 
17 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
Armas de fogo de uso permitido: .22; .32; .38; .380; espingarda calibre 12 (Art. 17 – R 105) 
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso 
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua 
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular 
ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: 
 Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
Art. 16,§ 1o Decreto 5.123/2004 Para os efeitos do disposto no caput deste artigo considerar-
se-á titular do estabelecimento ou empresa todo aquele assim definido em contrato social, e 
responsável legal o designado em contrato individual de trabalho, com poderes de 
gerência. 
Até 31 de dezembro de 2009, em razão da Lei 11.922/09, ninguém poderia ser autuado 
pela posse ilegal de arma de fogo, pois poderia regularizar a situação, quer renovando o 
registro antigo, quer requerendo-o na hipótese de não o possuir. 
Porém, o Art. 30 é inaplicável nos casos de arma com numeração raspada ou sinal 
adulterado, pois tal armamento não pode ser registrado, restando ao possuidor entrega-la a 
PF, sob pena de cometer o crime do Art. 16, pú, IV do Estatuto (STF, RHC 86.886. 
15.05.2007). 
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido ainda não 
registrada deverão solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante 
apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, 
acompanhados de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos 
meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada na qual constem as 
características da arma e a sua condição de proprietário, ficando este dispensado do 
pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III 
do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de 
prazo) 
Art. 70-F. Decreto 5.123/2004 Não poderão ser registradas ou terem seu registro renovado as 
armas de fogo adulteradas ou com o número de série suprimido. (Incluído pelo Decreto nº 
6.715, de 2008). 
Portanto, a vigência do Art. 12 estava condicionada ao fim do prazo para a regularização 
do registro, ou seja, 31 de dezembro de 2009. 
O crime resta caracterizado mesmo se a arma de fogo estiver desmuniciada, pois se 
trata de crime de perigo abstrato (STJ, HC 17.561-DF. 28/06/2005) e (STF, HC 96.072-RJ. 
16/03/2010). 
Caso o proprietário da arma registrada precise levá-la para outro local, deverá obter uma 
autorização especial da PF chamada guia de trânsito (Art. 28, Decreto 5.123/2004). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11706.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11922.htm#art20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11922.htm#art20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6715.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6715.htm#art2
 
18 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
É crime permanente, ou seja, a qualquer momento pode ocorrer a apreensão da arma e 
a prisão em flagrante de seu possuidor. 
 
II OMISSÃO DE CAUTELA 
 Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) 
anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob 
sua posse ou que seja de sua propriedade: 
 Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável 
de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência 
policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de 
arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte 
quatro) horas depois de ocorrido o fato. 
 
É o crime com a pena privativa de liberdade mais leve do estatuto. Trata-se de delito de 
menor potencial ofensivo, cabível a transação penal e suspensão condicional do processo, 
bem como é afiançável. Caso a pessoa que se apodere da arma seja apenas inexperiente, 
porém maior de idade, ocorrerá a contravenção penal prevista no Art. 19, §2º da LCP. O tipo 
não menciona munição ou acessório, mas apenas arma de fogo. Caso ocorra o 
apoderamento de munição por parte de menor de idade haverá a incidência da contravenção 
penal prevista no Art. 19, §2º, “c” da LCP. 
Só ocorrerá o crime previsto no parágrafo único se o sujeito deixar de registrar a 
ocorrência na delegacia de polícia civil e deixar de comunicar o fato à polícia federal, uma vez 
que se adotar qualquer das condutas não haverá crime. 
O delito do caput é culposo, pois, se agir com dolo, o crime será o do Art. 16, pú, V da 
lei. 
 
 
III PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDOArt. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda 
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de 
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
19 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
 Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de 
fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1) 
 Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade 
se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta 
Lei. 
 
Não é crime de menor potencial ofensivo e não pode haver a suspensão condicional do 
processo. O STF julgou inconstitucional os parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 e do artigo 
21 da lei. 
Portar é levar consigo, ainda que não haja contato físico com o objeto, desde que tenha 
possibilidade de ter acesso ao objeto com facilidade: porta – luva de veículo (RT, 653:387). 
Haverá crime único se o agente, num mesmo contexto fático, estiver portando mais de 
uma arma ou mesmo armas e munições. 
 Art. 24. O Porte de Arma de Fogo é pessoal, intransferível e revogável a qualquer 
tempo, sendo válido apenas com relação à arma nele especificada e com a apresentação do 
documento de identificação do portador.(Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008). 
Art. 26. O titular de porte de arma de fogo para defesa pessoal concedido nos termos do art. 
10 da Lei no 10.826, de 2003, não poderá conduzi-la ostensivamente ou com ela adentrar ou 
permanecer em locais públicos, tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, 
agências bancárias ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas em virtude de 
eventos de qualquer natureza. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008). 
 § 1o A inobservância do disposto neste artigo implicará na cassação do Porte de Arma 
de Fogo e na apreensão da arma, pela autoridade competente, que adotará as medidas 
legais pertinentes. 
 § 2o Aplica-se o disposto no §1o deste artigo, quando o titular do Porte de Arma de Fogo 
esteja portando o armamento em estado de embriaguez ou sob o efeito de drogas ou 
medicamentos que provoquem alteração do desempenho intelectual ou motor. 
Se, num mesmo contexto fático, o sujeito furta uma arma de fogo e é surpreendido 
portando-a, o crime de porte será absorvido pelo crime de furto pois o porte era condição 
necessária para a consumação do delito. É a aplicação do princípio da consunção. 
IV DISPARO DE ARMA DE FOGO 
 Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas 
adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como 
finalidade a prática de outro crime: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3.112-1) 
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=3112&processo=3112
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6715.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6715.htm#art1
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=3112&processo=3112
 
20 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
Não é crime de menor potencial ofensivo nem há a possibilidade de suspensão 
condicional do processo. Exige dolo da conduta, sendo o disparo de arma de fogo acidental 
fato atípico. 
Haverá a aplicação do princípio da consunção no caso de disparo de arma de fogo e 
porte ilegal, ficando este absorvido por aquele, pois serviu de meio para a conduta do disparo 
que era o fim, desde que a arma seja de uso permitido porque as penas são as mesmas. 
Porém, se a arma for de uso proibido ou estiver com a numeração raspada (Art. 16 caput e 
Art. 16, pú, IV), por ser a pena mais severa, o crime de disparo será absorvido. O crime contra 
a vida absorve o disparo, pois o fim do agente era matar, portanto, a finalidade era esse outro 
crime. 
 
V POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO 
 Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, 
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar 
arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
 Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
 I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de 
fogo ou artefato; 
 II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma 
de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a 
erro autoridade policial, perito ou juiz; 
 III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; 
 IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, 
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; 
 V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, 
munição ou explosivo a criança ou adolescente; e 
 VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer 
forma, munição ou explosivo. 
 Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade 
provisória. (Vide Adin 3.112-1) 
Art. 3º, XVIII Decreto 5.123/2004 - arma de uso restrito: arma que só pode ser utilizada 
pelas Forças Armadas, por algumas instituições de segurança, e por pessoas físicas e 
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=3112&processo=3112
 
21 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Exército, de acordo com legislação 
específica; 
Armas de fogo de uso restrito: .357 Magnum (Art. 18 – R 105) 
Art. 3º, LI, Decreto 5.123/2004- explosivo: tipo de matéria que, quando iniciada, sofre 
decomposição muito rápida em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e 
desenvolvimento súbito de pressão; 
 
Caso o indivíduo seja flagrado portando um revólver calibre 38 sem autorização, será 
autuado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (Art. 14), porém, caso a perícia 
detecte que a arma fora adaptada para disparar munição calibre 357, tal indivíduo será 
processado pelo Art. 16, pú, II, devendo a denúncia ser aditada pelo representante do MP. 
São exemplos de artefato explosivo: granada, morteiro. Artefato incendiário é qualquer 
mecanismo construído com o objetivo de provocar incêndio. Ex: “coquetel Molotov”. Se o 
agente empregar o artefato e produzir incêndio ou explosão, existindo perigo concreto para a 
vida ou patrimônio alheio, haverá o crime do Art. 250 ou Art. 251 do CP, ambos com pena de 
3 a 6 anos de reclusão também, não se admitindo o concurso de crimes. 
VI COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO 
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, 
montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito 
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, 
acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
 Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
 Parágrafo único. Equipara-se à atividadecomercial ou industrial, para efeito deste artigo, 
qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, 
inclusive o exercido em residência. 
 
É crime próprio, pois somente poderá ser cometido por aquele que exerça atividade 
comercial ou industrial, ainda que informalmente. A pena cominada é a mais grave do 
estatuto. 
 Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma 
de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito. 
VII TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO 
 Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer 
título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: 
 
22 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
 Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
Nesse caso não há a necessidade de a atividade ser exercida de forma industrial ou 
comercial, podendo ser praticada por qualquer pessoa, tratando-se de crime comum. 
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade 
provisória. (Vide Adin 3.112-1) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI 8.069/90) 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
É um microssistema legislativo porque é considerado sistema de garantia de direitos. É 
dividido em sistema primário, secundário e terciário de garantia. Alguns doutrinadores 
entendem existir o sistema quaternário – de responsabilização administrativa, civil e penal dos 
indivíduos que infringem as normas do estatuto. Antes vigia o Código de Menores de 1979 – 
Doutrina da situação irregular. A CF/1988, no Art. 227, trouxe o princípio da proteção integral. 
O princípio estabelece que o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=3112&processo=3112
 
23 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária são assegurados com absoluta prioridade (Art. 4º ECA). Desde 1979 foram 
iniciados os trabalhos para uma convenção sobre o assunto, o que se concretizou em 1989 
com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança e do Adolescente. Art. 1º. 
ECA Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. O artigo 4º ainda 
disciplina os responsáveis por assegurar tais direitos: Estado, família, sociedade em geral e 
comunidade. 
 Primário: garantias principais em relação à criança e ao adolescente. Vida, 
educação, convivência familiar e comunitária (manutenção na família originária, 
adoção, colocação em família substituta). 
 
ECA, Art. 4º, Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: 
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
b) precedência do atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; 
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; 
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a 
proteção à infância e à juventude 
 
ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MATRÍCULA E FREQUÊNCIA DE 
MENORES DE ZERO A SEIS ANOS EM CRECHE DA REDE PÚBLICA 
MUNICIPAL. DEVER DO ESTADO. 1. Hipótese em que o Ministério Público do 
Estado de São Paulo ajuizou Ação Civil Pública com o fito de assegurar a 
matrícula de duas crianças em creche municipal. O pedido foi julgado procedente 
pelo Juízo de 1º grau, porém a sentença foi reformada pelo Tribunal de origem. 2. 
Os arts. 54, IV, 208, III, e 213 da Lei 8.069/1990 impõem que o Estado propicie às 
crianças de até 6 (seis) anos de idade o acesso ao atendimento público 
educacional em creche e pré- escola. 3. É legítima a determinação da obrigação 
de fazer pelo Judiciário para tutelar o direito subjetivo do menor a tal assistência 
educacional, não havendo falar em discricionariedade da Administração Pública, 
que tem o dever legal de assegurá-lo. Precedentes do STJ e do STF. 4. Recurso 
Especial provido. (STJ. 2ª T. R.Esp. nº 511645/SP. Rel. Min. Herman Benjamin. J. 
em 18/08/2009). 
 Secundário: Art. 101 ECA medidas de proteção. Caso o sistema primário não seja 
observado, deve ser buscada a solução nas medidas de proteção. Começa aqui a 
aplicação às avessas do estatuto, pelo menos em regra, mas nesse caso quando 
a criança e o adolescente têm seus direitos violados. 
 
 
24 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
 Terciário: aplicação única e exclusiva ao adolescente. Aplicação das medidas 
sócio educativas do Art. 112 do ECA. Criança pratica ato infracional (Art. 105 
ECA), mas não será inserida no sistema terciário. 
2. CONCEITO 
Art. 2º. Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de 
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. 
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este 
Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. 
O critério adotado foi o cronológico objetivo (técnico): criança: indivíduo até 12 anos 
incompletos. Adolescente: indivíduo de 12 a 18 anos incompletos. No período feudal, relata 
Maria Auxiliadora Minahim (apud SARAIVA, 2003, p. 14), em países como a Itália e a 
Inglaterra, era utilizado o método da ‘prova da maçã de Lubeca’, que consistia em oferecer 
uma maçã e uma moeda à criança, sendo que se escolhida a moeda, considerava-se 
comprovada a malícia e o discernimento, podendo ser então responsabilizada pelos seus 
atos. 
O ECA deixou de adotar a expressão menor de idade, por entender o legislador que 
tinha conotação pejorativa, porém, o termo é utilizado no código civil sem nenhum prejuízo. 
É importante também saber que eventual emancipação de jovens entre 16 (dezesseis) 
e 18 (dezoito) anos de idade, nos moldes do permitido pelo art. 5º, par. único, do CC, não 
desvirtua sua condição de adolescentes, para fins de incidência das normas de proteção 
contidas no ECA e em outros Diploma Legais correlatos. 
Neste sentido versa enunciado aprovado por ocasião da Jornada de Direito Civil do 
Centro de Estudos Judiciários-CEJ, do Conselho da Justiça Federal-CJF: “Art.5º. A redução 
do limite etário para definição da capacidade civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 
16, inc. I, da Lei nº 8.213/91, que regula específica situação de dependência econômica para 
fins previdenciários e outras situações similares de proteção, previstas em legislação 
especial”. 
3. CONSELHO TUTELAR 
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado 
pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos 
nesta Lei. 
O Art. 262 do ECA estabelece que enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as 
atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade judiciária. O Conselho Tutelar 
criado possui um caráter institucional, ou seja, uma vez criado e instalado, passa a ser, em 
caráter definitivo, uma das instituições integrantes do Sistema de Garantias dos Direitos da 
Criança e do Adolescente, não mais devendo haver solução de continuidade em sua atuação, 
mas apenas a renovação periódica de seus membros. Caso o Poder Público Municipal, ao 
qual incumbe a manutenção do Conselho Tutelar, permita, por qualquer causa ou motivo, a 
interrupção das atividades do Conselho Tutelar, as atribuições a este inerentes retornarão à 
autoridade judiciária. O Poder Judiciário pode determinar a implantação de Conselho Tutelar. 
 
25 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LIMINAR. IMPLANTAÇÃO DE CONSELHO TUTELAR. REQUISITOS 
DEMONSTRADOS. Nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente, em cada município 
haverá, no mínimo, umConselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela 
comunidade local, devendo ser compelido, através de Ação Civil Pública, aquele ente 
municipal que, a despeito de publicar lei a respeito, não efetiva a implementação para efetivo 
funcionamento do Conselho. (TJMG. 8ª C. Cív. A.I. n° 1.0133.05.027038-7/001. Rel. Teresa 
Cristina da Cunha Peixoto. J. em 28/09/2006). 
 
 A "autonomia" a que se refere o dispositivo é sinônimo de independência funcional, que por 
sua vez se constitui numa prerrogativa do Órgão, enquanto colegiado, imprescindível ao 
exercício de suas atribuições. O Conselho Tutelar não necessita submeter suas decisões ao 
crivo de outros Órgãos e instâncias administrativas, lhe tendo sido inclusive conferidos 
instrumentos para execução direta das mesmas (Art. 136, inciso III, do ECA), somente 
podendo ser revista pelo Poder Judiciário quanto a sua legalidade e mediante provocação de 
quem tenha legítimo interesse ou do Ministério Público (Art. 137, do ECA), em razão do 
princípio da inafastabilidade da jurisdição (Art. 5º, XXXV CF). 
 
O Conselho Tutelar é órgão municipal que possui completa autonomia em relação ao Poder 
Judiciário, e embora, dentre outras atribuições, tome decisões e aplique medidas de proteção 
a crianças, adolescentes, pais e responsáveis (exercendo em muitos aspectos o papel que na 
sistemática do revogado “Código de Menores” cabia ao “Juiz de Menores”), estas possuem 
um caráter meramente administrativo. Uma das ideias básicas que inspirou a criação do 
Conselho Tutelar foi a “desjudicialização” do atendimento à criança e ao adolescente, na 
perspectiva de assegurar maior celeridade e menos burocracia na aplicação de medidas e 
encaminhamento para os programas e serviços públicos correspondentes. O membro do 
Conselho Tutelar não integra o Poder Judiciário nem se confunde com a figura do antigo 
“comissário de menores”. 
O objetivo fundamental da intervenção do Conselho Tutelar não é com a pura e simples 
aplicação de medidas (e/ou com o mero “encaminhamento” para os programas de 
atendimento e serviços – entidades governamentais e não governamentais (Art. 90, §1º ECA), 
que serão fiscalizadas pelo Poder Judiciário, pelo MP e pelos próprios Conselhos Tutelares 
(Art. 95 ECA), mas com a efetiva solução dos problemas que afligem a população infanto-
juvenil, proporcionando-lhes, de maneira concreta, a proteção integral que lhes é prometida já 
pelo art. 1º, do ECA. Assim sendo, a intervenção do Conselho Tutelar deve ter um caráter 
resolutivo, de modo que as causas que se enquadram na sua esfera de atribuições sejam por 
ele próprio solucionadas (sem prejuízo da atuação, em regime de colaboração, de outros 
órgãos, programas e serviços integrantes da “rede de proteção” à criança e ao adolescente 
que todos os municípios têm o dever de implementar), não podendo o órgão servir de mero 
“degrau” para que o caso chegue ao Poder Judiciário. 
Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco 
membros, escolhido pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma 
recondução. 
 
26 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
É obrigatória, portanto, a implantação de ao menos um Conselho Tutelar em cada município 
brasileiro, podendo a lei municipal prever a criação de tantos outros quantos que entender 
necessários ao adequado atendimento da população infanto-juvenil. A Lei Federal não 
estabelece critérios para o número de Conselhos Tutelares que os municípios de maior porte 
devem possuir, porém segundo anexo à Resolução nº 75/2001, do CONANDA, recomenda-se 
no mínimo 01 (um) Conselho Tutelar para cada grupo de 200.000 (duzentos mil) habitantes 
no município. 
Artigo com redação determinada pela Lei nº 8.242/1991, de 12/10/1991. A redação original do 
dispositivo falava em “eleição” e “reeleição”, tendo sido tal terminologia considerada 
inconstitucional face às particularidades do processo de escolha dos membros do Conselho 
Tutelar, que é regulado por lei municipal. A escolha dos membros do Conselho Tutelar, no 
entanto, deve observar um processo democrático, no qual se garanta a participação, na 
condição de eleitores, de todos os cidadãos do município, representando os mais diversos 
segmentos da sociedade. A aludida “recondução” não pode ocorrer de forma “automática”, 
sendo necessário que o conselheiro tutelar que aspira permanecer na função se submeta 
novamente a todas as etapas do processo de escolha definidas na legislação municipal 
específica, passando mais uma vez pelo "crivo das urnas" em absoluta igualdade de 
condições com os demais candidatos. 
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os 
seguintes requisitos: 
I - reconhecida idoneidade moral; 
II - idade superior a vinte e um anos; 
III - residir no município 
 
Estes são os requisitos mínimos. É admissível que, por intermédio de lei municipal específica 
(e não mera deliberação ou resolução do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do 
Adolescente), sejam estabelecidos outros, desde que razoáveis e compatíveis com a 
atividade desenvolvida pelo Conselho Tutelar. Requisitos por demais restritivos devem ser 
evitados, sendo certo que alguns por vezes exigidos, como a habilitação para conduzir 
veículo, chegam a ser inconstitucionais, por impedir, de forma injustificável, por exemplo, que 
deficientes visuais tenham acesso à função de conselheiro tutelar. Neste sentido: 
RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CANDIDATURA A MEMBRO DO 
CONSELHO TUTELAR. LEI MUNICIPAL EXIGÊNCIA DE ESCOLARIDADE MÍNIMA. 
INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 133 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE. I. A Lei nº 620/98, do Município de Duas Barras, Estado do Rio de Janeiro, 
ao exigir que os candidatos a Conselheiro do Conselho Tutelar possuíssem, pelo menos, o 
primeiro grau completo, apenas regulamentou a aplicação da Lei nº 8.069/90, adequando a 
norma às suas peculiaridades, agindo, portanto, dentro da sua competência legislativa 
suplementar (art. 30, inc. II, da CF). II. O art. 133 do ECA não é taxativo, vez que apenas 
estabeleceu requisitos mínimos para os candidatos a integrante do Conselho Tutelar, que é 
serviço público relevante, podendo, inclusive, ser remunerado. III. Recurso especial 
 
27 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
provido. (STJ. 1ª T. R.Esp. n° 402155/RJ. Rel. Min. Francisco Falcão. Publ. DJ de 15/12/2003, 
p. 189. In RSTJ 179/112). 
A prática de condutas ilícitas e/ou incompatíveis com a função, ainda que no período anterior 
ao mandato (como quando da campanha eleitoral) tem sido invocada para impedir a posse ou 
determinar a destituição do membro do Conselho Tutelar da função. 
Neste sentido: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Eleição de Conselheiro Tutelar. Irregularidades 
durante a campanha política, incluindo promessa de vantagens ilícitas e transporte de 
eleitores, acarretando prisão em flagrante. Prefaciais de incompetência de juízo e carência de 
ação, ambas afastadas pela Doutora Juíza 'a quo'. Sentença de procedência, confirmada em 
sede de apelação. Recurso desprovido. (TJRS. 2ª C. Cív. Ap. Cív. nº 70004350963. Rel. Des. 
Túlio de Oliveira Martins. J. em 23/04/2003); e AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
CONSELHEIRO TUTELAR. Se há indícios de que o conselheiro tutelar praticou atos que 
demonstram não ter idoneidade moral para o desempenho do cargo, o eu afastamento, 
através de liminar concedida em ação civil pública, é decisão que deve ser mantida, até para 
salvaguardar o bom conceito do órgão perante a opinião pública. Agravo de instrumento 
improvido. (TJRS. 2ª C. Esp. Cív. A.I. nº 70004647715. Rel. Des. Ana Beatriz Iser. J. em 
11/11/2002). 
Em que pese a alteração da idade para a plena capacidade civil promovida pelo Código Civil 
de 2002, não é possível considerar também modificado o presente dispositivo, de modo a 
permitir que pessoas com idade inferior aos 21 (vintee um) anos sejam candidatas ao 
Conselho Tutelar. O Estatuto da Criança e do Adolescente é uma lei especial, que tem regras 
e princípios próprios, de Direito Público, não tendo sido neste aspecto modificado pela nova 
Lei Civil, que procura regular os interesses particulares. O Estatuto estabelece como requisito 
para a candidatura a membro do Conselho Tutelar a idade de 21 (vinte e um) anos, nada 
falando da plena capacidade civil. 
Art. 134. Lei Municipal disporá sobre local, dia e horário de funcionamento do Conselho 
Tutelar, inclusive quanto a eventual remuneração de seus membros. 
Parágrafo único. Constará da Lei Orçamentária Municipal previsão dos recursos necessários 
ao funcionamento do Conselho Tutelar. 
Embora o dispositivo em questão estabeleça que a remuneração dos membros do Conselho 
Tutelar não é obrigatória, a extrema relevância de suas atribuições, somada às dificuldades 
encontradas no desempenho da função, e a necessidade de dedicação exclusiva em tempo 
integral, com atuação de forma itinerante e preventiva (única forma de proporcionar o 
necessário atendimento prioritário, célere e eficaz à população infanto-juvenil local), 
verdadeiramente exigem mais do que uma justa contraprestação financeira. Importante 
também mencionar que todos os membros do Conselho Tutelar devem ser remunerados, não 
sendo admissível (face ao princípio constitucional da isonomia, insculpido pelo art. 5º, caput e 
inciso I, da CF) a remuneração, por exemplo, apenas do “presidente/coordenador” do órgão 
ou parte de seus integrantes, gerando um tratamento desigual àqueles que exercem (ou ao 
menos deveriam exercer) as mesmas funções (os cinco conselheiros tutelares). Ainda sobre a 
matéria, vide Decreto nº 4.032/2001, de 26/11/2001, que alterou em parte do Decreto nº 
3.048/1999, de 06/05/1999, relativo ao Regulamento de Benefícios da Previdência Social - 
RBPS e, entre outras disposições, definiu o Conselheiro Tutelar, quando remunerado, como 
segurado obrigatório do Regime Geral da Previdência Social. Vale também dizer que a 
 
28 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
cumulação da função de conselheiro tutelar com outro cargo ou função pública, é possível, 
desde que observado o disposto no art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal, ou seja, 
somente poderá haver cumulação com as funções relacionadas no citado dispositivo 
constitucional, desde que haja compatibilidade de horários. O ideal, no entanto, é que o 
membro do Conselho Tutelar exerça a função em regime de dedicação exclusiva, porém, para 
que seja possível exigir tal requisito, é fundamental que a Lei Municipal estabeleça uma 
remuneração adequada, condizente com a relevância da atividade desempenhada. Sobre a 
matéria: 
SERVIDOR PÚBLICO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHEIRO TUTELAR. 
ACÚMULO DE CARGOS. COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS. POSSIBILIDADE. 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. É lícito o 
estabelecimento de requisito para o ingresso na função pública, no cargo de Conselheiro 
Tutelar, bem como o seu regime de trabalho, por meio da legislação municipal, sem que isso 
viole competência da União. A respeito do tema o Centro de Estudos deste Tribunal já se 
pronunciou por meio da Conclusão de nº 30. O requisito legal em questão (dedicação 
exclusiva) foi retirado do texto original da Lei - Santiago nº 31/94 através da Lei - Santiago nº 
04/00, que passou a permitir a acumulação do cargo de Conselheiro Tutelar com quaisquer 
outros cargos ou funções públicas, desde que houvesse compatibilidade de horário, caso da 
impetrante. Concessão da segurança que se impõe. Precedentes colacionados. (TJRS. 3ª C. 
Cív. Reex. Necess. em MS nº 70021220843. Rel. Des. Nelson Antônio Monteiro Pacheco. J. 
em 14/08/2008). 
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante, 
estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão especial, em caso de crime 
comum, até o julgamento definitivo. 
 
 
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: 
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando 
as medidas previstas no art. 101, I a VII; 
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I 
a VII; 
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: 
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, 
trabalho e segurança; 
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas 
deliberações. 
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou 
penal contra os direitos da criança ou adolescente; 
 
29 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; 
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 
101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional; 
VII - expedir notificações; 
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando 
necessário; 
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos 
e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; 
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no 
art. 220, § 3º, inciso II da Constituição Federal; 
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder 
familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto 
à família natural. 
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender 
necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério 
Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências 
tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. 
Caso, em situações extremas (a regra absoluta será o atendimento da criança/adolescente no 
seio de sua família), constate a necessidade do afastamento da criança/adolescente do 
convívio familiar, o Conselho Tutelar deverá encaminhar o caso à apreciação da autoridade 
judiciária (Art. 136, inciso V, do ECA), ou Ministério Público (Arts. 136, incisos IV, XI e par. 
único, do ECA), para fins de propositura da competente ação de suspensão ou destituição do 
poder familiar, destituição de tutela ou guarda (verificando-se sempre da possibilidade de a 
autoridade judiciária determinar, como providência cautelar, o afastamento apenas do 
agressor da moradia comum, conforme disposto no Art. 130, do ECA. Isto ocorre porque tais 
medidas, diante de sua gravidade e implicações, somente poderão ser aplicadas dentro de 
um procedimento judicial contencioso, em que se garanta aos pais ou responsável os direitos 
fundamentais ao contraditório e à ampla defesa. O afastamento da criança ou adolescente do 
convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária (Art. 101, §2º, do ECA). 
A aplicação de medidas aos pais ou responsável - tendo sempre como princípio o 
fortalecimento dos vínculos familiares e a proteção à família - deve ser concomitante à 
aplicação de medidas de proteção à criança e ao adolescente, valendo repetir que, caso em 
situações extremas seja necessário o afastamento, ainda que temporário, da criança ou 
adolescente do convívio familiar, caberá ao Conselho Tutelar o acionamento do Ministério 
Público ou autoridade judiciária (Art. 136, inciso XI e pú, do ECA), a quem compete, com 
exclusividade, a aplicação de medidas que importem em destituição de guarda ou tutela, 
suspensão ou destituição do poder familiar (Art. 129, incisos VIII, IX e X, do ECA). 
 
 
30 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
INSTRUTOR: CAPITÃO PM CONRADO REIS 
CAPCONRADOREIS@HOTMAIL.COM 
O descumprimento das

Continue navegando