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Informativo STF STJ Direito Civil - Holden Macedo

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Estudo de Informa/vos do STF e STJ
DIREITO CIVIL
Prof. Holden Macedo
Dicas para quem está começando o estudo de Informativos:
Primeiro lugar, o estudo dos Informativos não é nenhum bicho-papão! Pelo contrário, sedimenta a
teoria, ajuda a organizar o raciocínio jurídico e a apurar a argumentação do candidato para as provas
discursivas.
É FUNDAMENTAL para carreiras como as da Defensoria Pública, Advocacia Pública, Magistratura,
Ministério Público e para Delegado.
"Inspira" o examinador nas questões que irá elaborar para a prova. Portanto, estudar informativos é
deparar-se, antecipadamente, com algumas das questões que serão cobradas nas provas objetivas e
discursivas.
DICA#1: Em regra, o que é cobrado é o conhecimento de informativos mais ou menos de até 1 ano antes da
realização da prova.
DICA#2: Quanto mais recente o Informativo, maiores são as chances de cair!
DICA#3: Sempre leia um informativo recente e um mais antigo. Por exemplo, se você está iniciando pelo
Informativo nº 667/STJ (o último disponível), leia também o 666/STJ. Depois, quando for lançado, leia o 668/STJ e o
665/STJ, passe para o 669/STJ e o 664/STJ, e assim por diante.
DICA#4: Nos Informativos do STF, cheque se não houve interrupção do julgamento em razão do pedido de vista de
algum Ministro. Este "detalhe" geralmente vem no início ou ao final do julgado. PULE o julgado se houve pedido de
vista. Os editores do Informativo voltarão ao assunto tão logo esteja concluído.
DICA#5: Em geral, a principal ideia do julgado vem exposta logo na 1ª frase ou antes de expressões como “...com
base nesse entendimento...”. É aqui que você deve usar suas técnicas de estudo, sublinhando ou grifando com a
caneta da mesma cor da matéria ou do tema.
DICA#6: Se você está estudando para a 1ª Fase dos concursos (prova objeava), basta ler o campo "DESTAQUE" dos
Informaavos do STJ. É que este campo refere-se aos julgamentos que já foram concluídos, e consiste no resumo ou
conclusão do julgado, sendo bastante ualizado, portanto, para este apo de prova.
DICA#7: Se você está estudando para a 2ª e/ou 3ª Fase (provas discursivas e orais), é necessário entender também
o raciocínio que levou o tribunal àquela conclusão, pois este aprofundamento é necessário para melhor
fundamentar suas respostas. Logo, leia também as "INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR".
Nesta "live" vamos analisar "apenas" um único julgado, do Informa8vo nº 670 do STJ:
REsp 1.736.803-RJ - Info 670 (ExisQndo interesse social à memória histórica de crime notório, é
possível acolher tese do direito ao esquecimento para proibir qualquer veiculação futura de matérias
jornalísQcas relacionadas ao fato? A veiculação de matéria jornalísQca sobre delito histórico que
expõe a vida coQdiana de terceiros não envolvidos no fato criminoso representa ofensa ao princípio
da intranscendência?)
IMPORTANTÍSSIMO PARA PROVAS E CONCURSOS PÚBLICOS!!
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Existindo interesse social à memória histórica de crime notório, é possível acolher tese do direito ao
esquecimento para proibir qualquer veiculação futura de matérias jornalísticas relacionadas ao fato?
A veiculação de matéria jornalística sobre delito histórico que expõe a vida cotidiana de terceiros
não envolvidos no fato criminoso representa ofensa ao princípio da intranscendência?
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Qual era a situação fáQca julgada pelo STJ? Nas palavras do Relator do caso (cont.):
"...Trata-se de recurso especial interposto por P. N. P., S. R. R. P., F. N. P., T. N. P. e V. N. P., sendo os dois úl:mos representados por
seu genitor S. R. R. P., fundado na alínea "a" do permissivo cons:tucional, contra acórdão proferido pela Décima Quinta Câmara
Cível do Tribunal de Jus:ça do Estado do Rio de Janeiro, assim ementado:
“APELAÇÃO CÍVEL. CONSTITUCIONAL E CIVIL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. MATÉRIA JORNALÍSTICA VEICULADA EM REVISTA SEMANAL PUBLICADA PELA RÉ A RESPEITO DE PESSOAS CONDENADAS
POR CRIMES DE HOMICÍDIO QUE IMPACTARAM A SOCIEDADE BRASILEIRA, DANDO DESTAQUE A PRIMEIRA AUTORA, INCLUSIVE
COM A PUBLICAÇÃO DE FOTOGRAFIAS. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DO PEDIDO, CONDENANDO A RÉ AO PAGAMENTO
DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DOS TERCEIRO, QUARTO E QUINTO
AUTORES. REJEIÇÃO. REPORTAGEM QUE FAZ EXPRESSA ALUSÃO A ELES, SENDO POSSÍVEL IDENTIFICÁ-LOS COMO FILHOS DA
PRIMEIRA AUTORA. HIPÓTESE DE APARENTE CONFLITO ENTRE DIREITOS FUNDAMENTAIS. PONDERAÇÃO DE INTERESSES..."
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Qual era a situação fáQca julgada pelo STJ? Nas palavras do Relator do caso (cont.):
"...DIREITOS À LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO, COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO. DIREITOS À INVIOLABILIDADE
DA INTIMIDADE, VIDA PRIVADA, HONRA E IMAGEM. DIREITOS DA PERSONALIDADE. ARTS. 5.o, IV, IX, X E XIV E 220, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL E 12, CAPUT, 17, 20, CAPUT E 21, DO CÓDIGO CIVIL. GARANTIA AOS DIREITOS INDIVIDUAIS DE
DIGNIDADE E RESPEITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ART. 227, CAPUT, DA CARTA MAGNA. PRINCÍPIO DA PRIVACIDADE
COMO INSPIRADOR À APLICAÇÃO DE MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DE DIREITO À IMAGEM E À VIDA
PRIVADA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ART. 100, V, DA LEI N.o 8.069/1990. REPORTAGEM QUE SE CONCENTRA NA VIDA
COTIDIANA DA PRIMEIRA AUTORA E SEUS FAMILIARES, COM A DESCRIÇÃO DAS ROTINAS E HÁBITOS DO DIA A DIA, LOCAL ONDE
RESIDEM E LUGARES POR ELES FREQUENTADOS, APARÊNCIA FÍSICA DA PRIMEIRA E SUA REAÇÃO AO SE DEPARAR COM OS
REPÓRTERES DA REVISTA, ALÉM DE RECORDAR O FATO CRIMINOSO EM QUE SE VIU ENVOLVIDA. ALUSÃO AO NOME COMPLETO E
PROFISSÃO DO SEGUNDO AUTOR. INFORMAÇÕES SOBRE A VIDA EDUCACIONAL DOS TERCEIRO, QUARTO E QUINTO AUTORES..."
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Qual era a situação fáQca julgada pelo STJ? Nas palavras do Relator do caso (cont.):
"...RELATOS DE PESSOAS QUE MANTIVERAM CONTATO COM A PRIMEIRA AUTORA E ÊNFASE A DETERMINADOS ACONTECIMENTOS
RELACIONADOS À FAMILIA. UTILIZAÇÃO PELA RÉ DO CRIME PRATICADO PELA PRIMEIRA AUTORA COMO SUBTERFÚGIO PARA SE
IMISCUIR, DE MANEIRA ABUSIVA E SENSACIONALISTA, NA VIDA CONTEMPORÂNEA DOS AUTORES. PUBLICAÇÃO QUE NÃO SE
LIMITOU A TECER CRÍTICAS PRUDENTES OU NARRAR FATOS DE INTERESSE PÚBLICO (ANIMUS CRITICANDI E NARRANDI).
LIBERDADE DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO EXERCIDA DE FORMA EXCESSIVA E TENDENCIOSA. VIOLAÇÃO ESPECÍFICA À
IMAGEM DA PRIMEIRA AUTORA ATRAVÉS DA PUBLICAÇÃO DE FOTOGRAFIAS, DESTITUÍDA DA NECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO. DANOS
MORAIS CONFIGURADOS. VERBAS INDENIZATÓRIAS ARBITRADAS EM CONSONÂNCIA COM A GRADAÇÃO DOS AGRAVOS
CAUSADOS, OS PRECEITOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE E AS QUANTIAS FIXADAS EM CASOS SIMILARES.
INEXISTÊNCIA DE DIREITO AO ESQUECIMENTO NA ESPÉCIE. NÃO ACOLHIMENTO DO PEDIDO PARA QUE A RÉ SE ABSTENHA DE
REALIZAR NOVAS REPORTAGENS QUE REVIVAM O FATO CRIMINOSO. MERO REGISTRO DE UM FATO SOCIAL QUE GOZA DE
RECONHECIMENTO HISTÓRICO E SOCIAL. CENSURA PRÉVIA..."
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Qual era a situação fáQca julgada pelo STJ? Nas palavras do Relator do caso (cont.):
"...JUROS DE MORA A CONTAR DO EVENTO DANOSO, NA FORMA DA SÚMULA N.o 54, DO STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
ARBITRADOS EM HARMONIA COM OS PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DO ART. 20, § 3.o, DO CPC. PROVIMENTO PARCIAL DO
PRIMEIRO RECURSO. DESPROVIMENTO DO SEGUNDO RECURSO” (fls. 571, e-STJ). [...]
Nas razões do especial, os recorrentes apontam ofensa aos seguintes disposi:vos: a) ar:gos 11, 12, 20 e 21 do Código Civil, 41,
VIII, e 202 da Lei no 7.210/1984 e 17, 70 e 71 da Lei no 8.069/1990, por não ter sido contemplado o direito ao esquecimento, e
[...]
Sustentam, em síntese, o direito ao restabelecimento do convívio social em condições de igualdade, sem constantes ameaças e 
lesões à in:midade dos recorrentes por fato pretérito, cuja resolução penal findou anos atrás. Quanto a esse ponto, pleiteiam a 
reforma do aresto recorrido de forma a condenar a ré a “não mais publicar matérias a respeito do ato criminoso em que se 
envolveu a Primeira Recorrente (obrigação de não fazer) ” (fl. 676, e-STJ)..."REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Observações iniciais importantes:
O direito ao esquecimento é mais um dos direitos da personalidade que não encontra (ainda)
positivação expressa, seja no Código Civil (arts. 11-21), seja em leis esparsas (exceção do art. 18 da Lei
Geral de Proteção de Dados - LGPD, Lei nº 13.709/2019: "...O titular dos dados pessoais tem direito a obter do
controlador, em relação aos dados do titular por ele tratados, a qualquer momento e mediante requisição: [...]
IV- anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desnecessários, excessivos ou tratados em
desconformidade com o disposto nesta Lei; [...] VI- eliminação dos dados pessoais tratados com o
consentimento do titular, exceto nas hipóteses previstas no art. 16 desta Lei...").
O que é um direito da personalidade? É o reconhecimento, pelo Direito, de que a personalidade
humana tem um conteúdo ou dimensão existencial, para além da mera aptidão para integrar
relações jurídicas e, portanto, pode ser objeto de relações jurídicas!
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Observações iniciais importantes:
Conceito de direito da personalidade: “...São os direitos sem os quais não se poderia falar em personalidade,
sem os quais os outros direitos perderiam o interesse para o indivíduo...” (GUILHERME COUTO DE CASTRO);
"...são aqueles inerentes à pessoa e à sua dignidade..." (FLÁVIO TARTUCE) ou "...aqueles que têm por objeto os
atributos Psicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais..." (PABLO STOLZE e RODOLFO
PAMPLONA FILHO).
De que vale o direito à propriedade privada de um bem imóvel se não tenho sequer como registrá-la em
Cartório, pois não tenho um nome civil dis$nto e dis$n$vo dos demais indivíduos?
Exemplos: nome (art. 16 do CC/2002), pseudônimo (art. 19 do CC/2002), voz e imagem (art. 20 do CC/2002),
privacidade (art. 21 do CC/2002), inamidade, vida privada, honra e imagem (art. 5º, inc. X, da CRFB/1988),
vida, intelectualidade, dentre tantos outros em rol não taxaBvo e mutável...
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Observações iniciais importantes:
Então, o direito ao esquecimento não está escrito em qualquer norma jurídica...
No campo doutrinário, foi reconhecido pelo Enunciado nº 531 da VI JDC: "...a tutela da dignidade da
pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento...".
E também pelo Enunciado nº 576 da VII JDC: "...o direito ao esquecimento pode ser assegurado por tutela
jurisdicional inibitória...".
Vem sendo muito debaGdo na doutrina e jurisprudência, tanto nacional quanto estrangeira,
principalmente agora com as novas tecnologias da informação, que tendem à perenizar inúmeros
detalhes das pessoas em áudios, vídeos, fotos etc. (direito à "desindexação").
A grande discussão hoje diz respeito à amplitude de sua incidência, com o fim de não afastar direitos
outros, inclusive de índole consGtucional, como os relaGvos à informação e à liberdade de imprensa.
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Observações iniciais importantes:
O que é efetivamente o direito ao esquecimento? "É [...] um direito (a) exercido necessariamente por
uma pessoa humana; (b) em face de agentes públicos ou privados que tenham a aptidão fática de
promover representações daquela pessoa sobre a esfera pública (opinião social); incluindo veículos de
imprensa, emissoras de TV, fornecedores de serviços de busca na internet etc.; (c) em oposição a uma
recordação opressiva dos fatos, assim entendida a recordação que se caracteriza, a um só tempo, por ser
desatual e recair sobre aspecto sensível da personalidade, comprometendo a plena realização da
identidade daquela pessoa humana, ao apresentá-la sob falsas luzes à sociedade..." (ANDERSON
SCHREIBER).
Também é chamado de "direito de ser deixado em paz" ou o "direito de estar só", no Brasil, e "the right
to be let alone" ou "derecho al olvido", no direito comparado.
● REsp 1.736.803-RJ - Info 670
○ Observações iniciais importantes:
○ Qual o fundamento da sua existência e a norma posiDva da qual pode ser extraído?
■ direito à vida privada (privacidade), inGmidade e honra (art. 5º, inc. X, da CRFB/1988) e art. 21 do
Código Civil.
■ dignidade da pessoa humana (art. 1º, inc. III, da CRFB/1988).
○ CríDcas ao direito ao esquecimento: o voto do Min. Luis Felipe Salomão, do STJ, no julgamento do
REsp 1.335.153-RJ, apesar de ser favorável à sua existência, colacionou diversos argumentos
contrários à tese:
■ consGtuiria um atentado à liberdade de expressão e de imprensa.
■ o direito de fazer desaparecer as informações que retratam uma pessoa significa perda da própria
história, o que vale dizer que o direito ao esquecimento afronta o direito à memória de toda a
sociedade.
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Observações iniciais importantes:
o direito ao esquecimento teria o condão de fazer desaparecer registros sobre crimes e criminosos
perversos, que entraram para a história social, policial e judiciária, informações de inegável interesse
público.
é absurdo imaginar que uma informação que é lícita se torne ilícita pelo simples fato de que já passou
muito tempo desde a sua ocorrência.
quando alguém se insere em um fato de interesse coleGvo, miGga-se a proteção à inGmidade e
privacidade em benegcio do interesse público.
O STJ acolhe a tese do direito ao esquecimento? Jurisprudência em Teses (Edição nº 137):
Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito anGgos, admite-se o afastamento de
sua análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento.
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Observações iniciais importantes:
O STJ acolhe a tese do direito ao esquecimento? Jurisprudência em Teses (Edição nº 137):
A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento, ou
seja, o direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente no tocante a fatos desabonadores
à honra. (Vide Enunciado n. 531 da IV Jornada de Direito Civil do CJF)
Casos famosos:
Chacina da Candelária (REsp 1.334.097)
Determinado homem foi denunciado por ter, supostamente, paracipado da conhecida “chacina da
Candelária” (ocorrida em 1993 no Rio de Janeiro). Ao final do processo, ele foi absolvido. A 4ª Turma
do STJ reconheceu que esse indivíduo possuía o direito ao esquecimento e que o programa poderia
muito bem ser exibido sem que fossem mostrados o nome e a fotografia desse indivíduo que foi
absolvido.
● REsp 1.736.803-RJ - Info 670
○ Observações iniciais importantes:
● Se assim fosse feito, não haveria ofensa à liberdade de expressão nem à honra do homem em
questão. Como o programa já havia sido exibido, a 4ª Turma do STJ condenou a rede Globo ao
pagamento de indenização por danos morais em virtude da violação ao direito ao esquecimento.
○ Casos famosos (cont.):
■ Caso Aída Curi (REsp 1.335.153)
● Aída Curi foi abusada sexualmente e morta em 1958 no Rio de Janeiro. A história desse crime,
famoso no noaciário policial brasileiro, foi apresentada pela Rede Globo no "Linha Direta", tendo
sido feita a divulgação do seu nome e de suas fotos reais. Segundo seus familiares, a divulgação
traria a lembrança do crime e todo sofrimento que o envolve. Na ementa deste acórdão, constou o
seguinte:
● REsp 1.736.803-RJ - Info 670
○ Observações iniciais importantes:
"...o direito ao esquecimento que ora se reconhece para todos, ofensor e ofendidos, não alcança o caso
dos autos, em que se reviveu, décadas depois do crime, acontecimento que entrou para o domínio público,
de modo que se tornaria impraticável a atividade da imprensa para o desiderato de retratar o caso Aida
Curi, sem Aida Curi..."
(STJ, REsp 1335153/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 28/05/2013,
DJe 10/09/2013)
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
E o que decidiu o STJ neste julgado do Info 670?
"...2. A controvérsia a ser dirimida no recurso especial reside em (i) analisar os limites do direito ao
esquecimento de pessoa condenada por crime notório, cuja pena se encontra exWnta, e (ii) aferir o eventual
cabimento de majoração dos danos morais fixadosem virtude da divulgação não autorizada de imagem e
de informações pessoais da autora do crime e de seus familiares em matéria jornalísWca publicada mais de
vinte anos após ocorrido o ato criminoso. 3. Enquanto projeção da liberdade de manifestação de
pensamento, a liberdade de imprensa não se restringe aos direitos de informar e de buscar informação,
mas abarca outros que lhes são correlatos, tais como os direitos à críWca e à opinião. Por não possuir
caráter absoluto, encontra limitação no interesse público e nos direitos da personalidade, notadamente, à
imagem e à honra das pessoas sobre as quais se noWcia. 4. O interesse público deve preponderar quando
as informações divulgadas a respeito de fato criminoso notório forem marcadas pela historicidade,
permanecendo atual e relevante à memória coleWva, situação não configurada na hipótese dos autos em
que houve exposição da vida ínWma de pessoa condenada por delito, cuja pena se encontra exWnta, e sua
família..."
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
E o que decidiu o STJ? (cont.)
"...5. A publicação de reportagem com conteúdo exclusivamente voltado à divulgação de fatos privados da
vida contemporânea de pessoa previamente condenada por crime e de seus familiares revela abuso do
direito de informar, previsto pelo arWgo 220, § 1º da ConsWtuição Federal, e viola o direito à privacidade,
consolidado pelo arWgo 21 do Código Civil, por representar indevida interferência sobre a vida parWcular dos
personagens retratados, dando ensejo ao pagamento de indenização. 6. No caso concreto, o Tribunal de
origem fixou o entendimento de que a reportagem se limitou a descrever hábitos roWneiros da autora do
crime, de seu esposo e de seus filhos, uWlizando o delito como subterfúgio para expor o coWdiano da família,
inclusive crianças e adolescentes, premissas fáWcas cujo reexame é vedado nos termos da Súmula nº 7/STJ.
7. A exploração midiáWca de dados pessoais de egresso do sistema criminal configura violação do princípio
consWtucional da proibição de penas perpétuas, do direito à reabilitação e do direito de retorno ao convívio
social, garanWdos pela legislação infraconsWtucional nos arWgos 41, VIII e 202 da Lei nº 7.210/1984 e 93 do
Código Penal..."
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
E o que decidiu o STJ? (cont.)
"...8. Diante de evidente interesse social no cultivo à memória histórica e coletiva de delito notório, incabível
o acolhimento da tese do direito ao esquecimento para o fim de proibir qualquer veiculação futura de
matérias jornalísticas relacionadas ao fato criminoso, sob pena de configuração de censura prévia, vedada
pelo ordenamento jurídico pátrio. 9. A extensão dos efeitos da condenação a terceiros não relacionados
com o delito configura transgressão ao princípio da intranscendência ou da pessoalidade da pena,
consagrado pelo artigo 5º, XLV, da Constituição Federal, sendo especialmente gravosa quando afetar
crianças ou adolescentes, os quais se encontram protegidos pela Lei nº 8.069/1990 (ECA), que assegura o
direito à proteção integral e o pleno desenvolvimento de forma sadia. 10. Na hipótese, a revisão da
conclusão do aresto impugnado acerca do valor da indenização arbitrada a título de danos morais encontra
óbice no disposto na Súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça..."
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
CONCLUSÃO:
Existem vários julgados do STJ nos quais já se afirmou que o sistema jurídico brasileiro protege o
direito ao esquecimento.
Contudo, dependerá da análise do caso concreto e da ponderação dos interesses envolvidos.
REsp 1.736.803-RJ - Info 670
Como o tema vem sendo cobrado em concursos?
CEBRASPE - DPE/PE - Defensor - 2015
A exagerada e indefinida exploração midiáaca de crimes e tragédias privadas deve ser impedida, a fim de se
respeitar o direito ao esquecimento das víamas de crimes e, assim, preservar a dignidade da pessoa humana.
(certo)
CEBRASPE - PGE/PE - Procurador do Estado - 2018
Conforme a CF e a jurisprudência das cortes superiores, o habeas data pode ser impetrado para se pleitear o direito
ao esquecimento, mediante apagamento de registros em bancos de dados. (errado)
CEBRASPE - TJDFT - Juiz de Direito - 2014
A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento.
(certo)
Então valeu 
pessoal!
DÚVIDAS?
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