Buscar

ANALISE DO FILME "O CORTE"

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA
BIANCA DE OLIVEIRA CASTELLI
MARIA EDUARDA DIAS DE ARRUDA NEVES
ANÁLISE DO FILME “O CORTE”
CUIABÁ – MT
2018
BIANCA DE OLIVEIRA CASTELLI
MARIA EDUARDA DIAS DE ARRUDA NEVES
ANÁLISE DO FILME “O CORTE”
Análise apresentada à disciplina de Psicologia Organizacional e do Trabalho I, do curso de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá, sob a orientação do professor Alessandro Vinicius de Paula.
CUIABÁ – MT
2018
Logo de início o filme deixa-nos claro a situação do personagem principal, Bruno Darvert: desempregado há dois anos e desesperado. Vale ressaltar que as mudanças na empresa que trabalhava deram-se em razão de um contínuo processo de reestruturação produtiva adotado pelo modo capitalista de produção para conter a crise econômica estrutural. 
Bruno junto com outros diversos trabalhadores foram afetados pela reestruturação produtiva, além disso havia uma dificuldade ao retornar ao mercado de trabalho. Com isso, percebe-se uma mudança em sua vida cotidiana, assim como uma mudança de valores. Por não conseguir voltar ao mercado de trabalho, ele passa a se sentir como fracassado. Para conseguir compreender o porquê de o personagem principal sentir-se dessa forma, é preciso entender em que lugar o Trabalho se coloca e qual sua importância em nossa sociedade. 
A importância da categoria trabalho desde os primórdios do pensamento social já destacava o trabalho como elemento central e de grande importância para o entendimento do indivíduo na vida social. Por outro lado, o mundo do trabalho tem sofrido inúmeras transformações como avanço tecnológico, aumento do desemprego, inovações organizacionais, entre outras. E esse conjunto de mudanças para alguns autores sinaliza o fim da “sociedade do trabalho”. No entanto, no capítulo 6 do livro “O debate sobre a centralidade do trabalho” de José Henrique Organista (2006), Antunes defende que o trabalho é central sim e essencial para compreender as ações na sociedade em que vivemos, pois, todos vivem e dependem do trabalho, sendo que, este trabalho, sendo alienado ou não, experenciado em um sentido de tripallium ou de labor, interferem de maneiras diferentes e intrínsecas na vida dos seres humanos. Concernente a interferência direta do trabalho na vida dos indivíduos e tendo-o como fundamental para entendimento dos mesmos, é possível ver claramente como o não trabalhar afeta a vida de Bruno e suas relações ao redor, como a forma que acaba agindo com sua esposa e filhos por exemplo. Esta relação fica evidente na fala de sua esposa ao dizer: “Você não conversa mais, está acabando comigo...se você soubesse... Eu não aguento mais.” Em seguida Davert responde a esposa dizendo “ Eu tenho um plano, eu vou achar um trabalho as coisas vão ser como eram antes...”. A partir dessa fala, podemos perceber o quanto tal personagem atribui importância ao trabalho em sua vida, a ponto de afirmar que ao conseguir um emprego todos os problemas se resolverão, até mesmo aqueles que não se referem ao financeiro.
Jacques (1997) afirma que a importância e exaltação ao trabalho na nossa sociedade faz com que o papel de trabalhador ganhe lugar de destaque entre os papéis sociais do eu. A partir da identificação do indivíduo “sou trabalhador” juntamente à outras particularidades valorizadas pela sociedade e julgado como formante do ser humano, o trabalho se mostra como característica fundamental e de definição de grande significação na “identidade psicológica” (Costa, 1989 apud Jacques, 1997 p.22). Compreendendo a importância do trabalho na formação do indivíduo e os prestígios sociais que ele traz, é que se pode entender que um dos motivos de Davert sentir-se fracassado é em razão de ele não ter mais este prestígio social. 
Se referindo à população idosa, Jacques (1995) afirma que é o trabalho que “oportuniza a experiência de sentir-se vivo, já que a sua ausência é associada à morte, à exclusão e à segregação”. Esta colocação não só se aplica a aposentadoria como também ao desemprego, tanto que esse sentimento de morte e exclusão pode ser visto na vida de Bruno através do questionamento pelo psicólogo, no qual o personagem afirma: “Tirando meu trabalho, tiraram minha vida,... ora, emprego não é tudo, mas o que que eu faço sem ele? Como eu fico?”. 
Estudos citados por Jacques, no capítulo 1 do livro Trabalho, Organizações e Cultura(1997) mostram que a prática de certas atividades e o convívio com certas relações com o meio formam “modos de ser” que conceituam os pares como iguais e se expressam em comportamentos similares. Esse modo de ser, e comportamentos similares podem ser visto através da fala de Bruno: “Meus colegas e eu eram como uma tribo, trabalhando juntos, ajudando uns aos outros, ser demitido acabou com aquela tribo, nos tornamos inimigos, ..., pior, concorrentes!”. Além disso, pode-se dizer que uma das razões do personagem sentir essa revolta é decorrente de que ao ser demitido ele acabou perdendo sua “identidade social”, na qual pertencia a um grupo social (tribo) onde compartilhava uma carga afetiva. Com isso, as pessoas que participavam desse mesmo grupo e dessa identidade, ao serem demitidas acabaram com essa relação e tornaram-se não só inimigos como concorrentes.
 
Além das colocações de Davert, a fala do personagem Etienne Barnet, que se encontra desempregado também, em relação ao avanço do capitalismo, pode ser analisada: “Deveríamos tornar os seres humanos o centro de tudo, mas é tarde demais.” Sabe-se que a classe trabalhadora é todos aqueles que vendem sua força de trabalho em troca de salário, é a totalidade do trabalho coletivo assalariado. Para Ricardo Antunes (2005), esta classe engloba também os desempregados, sendo aqueles expulsos do processo produtivo e do mercado de trabalho pela reestruturação do capital e não simplesmente por vontade. É sabido que os fatores de exclusão dentro da classe-que-vive-do-trabalho, são os gestores do capital, seus altos funcionários que detém papel de controle no processo de trabalho, de valorização e reprodução do capital no interior das empresas e que recebem rendimentos elevados. Mesmo Barnet achando que é tarde demais para reagir ao sistema capitalista que, através da reestruturação produtiva, o deixou desempregado, Antunes defende a possiblidade de uma emancipação humana do e pelo trabalho, posto que, se vivemos em uma sociedade produtora de mercadorias somente a classe que vive do trabalho pode se contrapor à lógica do capital e à sociedade produtora de mercadorias. É a classe que vive do trabalho que toma lugar central na resistência e confronto contra o capital. Logo, somente a classe que vive do trabalho que poderia confrontar todo o sistema opressor que foi retratado no filme.
 
“Depois de ficar sem emprego por cinco anos você se transforma,..., num perdedor” – vendedor.
Por fim, fica como reflexão para nós, futuros psicólogos inseridos no contexto organizacional, uma atuação realmente efetiva para além do “pensamento positivo”
REFERÊNCIA 
JACQUES, Maria da Graça Corrêa. Identidade e trabalho: uma articulação indispensável. Em: TAMAYO, Álvaro; BORGES-ANDRADE, Jayro Eduardo; CODO, Wanderley (orgs.). Trabalho, organizações e cultura. São Paulo: Cooperativa de Autores Associados, 1997, p. 21-26.
ORGANISTA, José Henrique Carvalho. Ricardo Antunes: complexidade e centralidade da categoria trabalho. Em: ORGANISTA, José Henrique Carvalho. O debate sobre a centralidade do trabalho. São Paulo: Expressão Popular, 2006. p. 151-167.
VIEGAS, S. Trabalho e vida. Conferência pronunciada para os profissionais do Centro de Reabilitação Profissional do INPS. Belo Horizonte, 1989.

Outros materiais