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1 Sumário 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3 2 ORIENTAÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE INQUÉRITO POLICIAL MILITAR .....................................................................................................................4 2.1 Inquérito Policial Militar ......................................................................... 4 2.2 Autuação .............................................................................................. 5 2.3 Instauração ........................................................................................... 5 2.4 Providências Preliminares .................................................................... 6 2.5 Escrivão Do Ipm ................................................................................... 8 2.6 Sigilo..................................................................................................... 8 3 POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR .................................................................. 9 3.1 Atos Do Escrivão ................................................................................ 10 3.2 Atribuições Do Encarregado – Despachos ......................................... 11 3.3 Assistência Do Ministério Público Militar ............................................ 12 3.4 Sequência De Atos ............................................................................. 12 4 PERÍCIAS E EXAMES .............................................................................. 13 4.1 Depoimentos ...................................................................................... 17 4.2 Busca ................................................................................................. 19 4.3 Prova Testemunhal ............................................................................ 19 4.4 Execução Das Diligências .................................................................. 21 4.5 Prisão Do Indiciado ............................................................................ 22 4.6 Sequestro Dos Bens........................................................................... 24 4.7 Acareações ........................................................................................ 25 4.8 Prazos Para Conclusão Do Ipm ......................................................... 26 4.9 Relatório ............................................................................................. 26 4.10 Solução .............................................................................................. 28 4.11 Encaminhamento ao Judiciário .......................................................... 29 2 5 CRIME MILITAR ....................................................................................... 30 5.1 Crime militar próprio e impróprio ........................................................ 34 5.2 Indiciado ............................................................................................. 36 5.3 Ampliação do Rol de Tipos Penais Militares ...................................... 37 5.4 A questão do Homicídio doloso contra civil. ....................................... 38 6 JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL ................................................................ 40 7 JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO .................................................................. 42 8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 45 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 ORIENTAÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE INQUÉRITO POLICIAL MILITAR Fonte: s2.glbimg.com 2.1 Inquérito Policial Militar O Inquérito Policial Militar é a apuração sumária do fato, que nos termos legais, configura crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal (BRASIL, 1969). São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os exames, perícias e avaliações realizadas regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades previstas neste Código (BRASIL, 1969). A finalidade do IPM é fornecer elementos à instauração da ação penal e o seu valor probante (CPPM, art. 9º, § único) está na seriedade de sua elaboração com a realização de perícias, avaliações, que não mais se repetem em Juízo. Provas que são produzidas por peritos idôneos e com obediência às formalidades legais (BRASIL, 1969). O encarregado do IPM deve restringir-se à apuração completa do fato ou fatos definidos na Portaria de sua designação. Surgindo outras infrações, não insertas no contexto da Portaria que determinou a abertura do IPM, cabe-lhe extrair 5 cópias dos elementos e encaminhá-los à autoridade delegante, sugerindo a instauração de outro inquérito ou solicitando as providências legais cabíveis (BRASIL, 1969). 2.2 Autuação Todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num só processado e datilografadas, em espaço dois, com as folhas numeradas e rubricadas pelo escrivão (BRASIL, 1969). Autuar um IPM é elaborar a sua capa. Ela deve conter: a) nome do Ministério correspondente, escalão imediatamente superior e escalão considerado, incumbido de elaborar o IPM; b) nomes do Encarregado e do Escrivão do IPM; c) nome do indiciado (se houver mais de um, salientar o primeiro indiciado com o complemento (“e outro/a" ou "e outros/as"). Recomenda-se que, ao atingir o IPM 200 folhas, seja aberto outro volume, lavrando-se o competente termo. No IPM não há termo de encerramento. O termo de encerramento só se usa na fase judicial, por ordem da autoridade competente. 2.3 Instauração O IPM é instaurado mediante portaria. A autoridade militar que exerce cargo de direção ou comando procederá ao inquérito ou delega a outro militar para, como Encarregado, elaborá-lo, na forma da legislação vigente. Neste caso, há a figura da autoridade delegante (a que exerce cargo de direção ou comando em cujo âmbito de jurisdição ocorreu à infração penal) que, através ofício, designa o encarregado do IPM, fazendo-o acompanhar, conforme o caso, de "parte" ou "representação" e outros documentos ou elementos da infração penal (BRASIL, 1969). O Encarregado é a autoridade delegada, incumbida de proceder à apuração do fato delituoso. Quando um militar recebe um ofício ou portaria que lhe designou para, como Encarregado, proceder à apuração de um fato delituoso, deve, de imediato, baixar a portaria instaurando o IPM. O IPM é instaurado pela portaria do Encarregado e não pelo ofício ou portaria da autoridade delegante (BRASIL, 1969). 6 O Cmt ou procede ao inquérito e, nessa hipótese, baixará portaria instaurando-o, presidindo-o, ou delega a competência para procedê-lo. Quando ocorrer a delegaçãoo Cmt, detentor da polícia judiciária militar, (CPPM, art. 7º) expedirá portaria, designando o Encarregado, e este a portaria de instauração do IPM. No curso do IPM, o Encarregado pode se deparar com dois problemas: 1º) a existência de indícios contra oficial de posto superior ao seu, mais antigo: 2º) ficar doente, ser transferido para a reserva ou de local (com emergência), etc. Em ambos, compete-lhe oficiar à autoridade delegante para que suas funções sejam atribuídas a outro oficial. Na primeira hipótese, prevista no artigo 10, § 5º, do CPPM, o prazo para a conclusão do inquérito é interrompido, voltando a fluir da designação do novo Encarregado (Art. 20, § 3º, do CPPM); na segunda, não se interrompe. Da mesma forma, quer no momento da designação, quer no curso do IPM, o Encarregado pode se considerar impedido ou suspeito (BRASIL, 1969). 2.4 Providências Preliminares A espera da delegação não obsta que o oficial responsável por comando, direção ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja de dia, de serviço ou de quarto, tome ou determine que sejam tomadas, imediatamente, as providências previstas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento da infração penal que lhe incumbe reprimir ou evitar" (BRASIL, 1969). Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º, do artigo l0, deverá, se possível, adotar as providências previstas no CPPM, art. 12, letras a, b, c, d. O IPM pode ser consequência de requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em virtude de representação devidamente autorizada de quem tenha conhecimento da infração penal, cuja repressão caiba à Justiça Militar. A autoridade delegante, em caso de dúvida sobre a existência da infração penal, procederá a uma sindicância, cujo resultado determinará a necessidade, ou não, da instauração do IPM. A sindicância tem duplo objetivo: 1º) evitar a sistemática instauração de IPM; 2º) acautelar a autoridade delegante contra a denunciação caluniosa (Art. 343 do Cód. P. Militar) e da ocorrência falsa (BRASIL, 1969). 7 É aconselhável que, mesmo não se tratando de crime militar, com inquérito policial instaurado na Polícia Civil ou flagrante lavrado, o Cmt (autoridade militar) proceda a uma sindicância sobre os fatos, desde que envolva militar. Da mesma forma, inúmeros fatos, que não tenham sua característica definida, devem ser apurados através sindicâncias. Além de acompanhar atos praticados pela polícia civil, a sindicância fornece elementos a OM, possibilitando às autoridades superiores uma apreciação da conduta, comportamento e outras atitudes do implicado (quer como autor, quer como vítima) na jurisdição militar (BASTOS, 1976). A sindicância efetivar-se-á verbalmente ou por escrito, mas a conclusão será sempre escrita. O rigorismo processual se ausenta das sindicâncias, embora recomendável sempre que possível, a observância das normas previstas para o IPM. O Escrivão é dispensável, nada obstando que o sindicante (oficial que procede a sindicância) solicite o concurso de um auxiliar (que substitui o Escrivão) para o cumprimento da missão (BASTOS, 1976). O sindicante concluirá se, do que resultou apurado, houve ou não indícios de infração penal militar, a fim de ser instaurado, ou não, o competente IPM, nos termos da alínea f, do artigo 10, do Código de Processo Penal Militar. O sindicante (oficial designado para proceder à sindicância) desempenhará sua missão da maneira mais objetiva possível, fornecendo à autoridade delegante todos os subsídios que se fizerem necessários à completa elucidação dos fatos, inclusive numerando e rubricando todas as folhas, em ordem cronológica, para in fine emitir parecer, submetendo-o à consideração superior, qual seja (BASTOS, 1976): 1) inexistência de crime ou de transgressão disciplinar; 2) transgressão disciplinar, declinando, se possível, qual ou quais os dispositivos legais infringidos pelo infrator; 3) recomendar a instauração do IPM, nos termos da alínea f, do artigo 10, em face de existência de indícios de infração penal militar; etc... Após a juntada dos documentos e do ato que motivou a instauração da Sindicância, o Encarregado procederá, sempre que possível, para que haja uma sequência e atenda à ordem cronológica dos atos. O Encarregado da Sindicância, se quiser aprimorar seu parecer, dividi-lo-á da forma que entender conveniente. Por exemplo (BASTOS, 1976): I - Introdução: os motivos determinantes da Sindicância. 8 II - Diligências realizadas e análise das provas apuradas: extrato do que foi determinado, em sequência, atendendo aos despachos proferidos, na ordem cronológica; resumo das provas apuradas com todas as implicações. III - Conclusão: se houve crime, transgressão disciplinar, ou não; recomendar a instauração do IPM, na forma da lei, etc. 2.5 Escrivão Do Ipm O Escrivão será designado pela autoridade delegante na própria Portaria de instauração do IPM, ou pelo Encarregado, se omissão houver. A designação precede dos devidos cuidados face ao posto do indiciado. Se oficial, recairá em segundo ou primeiro-tenente, não sendo vedada a escolha de oficial de posto superior ao de tenente. A lei não permite a nomeação de posto inferior ao de segundo-tenente como Escrivão do IPM quando o indiciado for oficial. Caso o indiciado não seja oficial, a escolha recairá em sargento, subtenente ou suboficial (BASTOS, 1976). Cabendo a designação ao Encarregado do IPM, embora sem precisar constar do IPM, comunicar-se-á ao Cmt (autoridade delegante) ou Cmt da OM (onde servir o militar designado). A substituição do Escrivão ocorrerá em duas circunstâncias, além, é claro, do impedimento e suspeição: 1º) quando os indícios recaírem contra oficial e, em consequência, sua indiciação. Se o Escrivão é sargento, subtenente ou suboficial será substituído por um Oficial; 2º) em caso de doença, falecimento, transferência para a reserva, de local (com urgência) etc. 2.6 Sigilo O Escrivão, fiel colaborador do Encarregado do Inquérito, funciona sob o compromisso de manter sigilo e de cumprir as determinações deste Código, no exercício da função. (CPPM, art. l1, parágrafo único). É dever de o Escrivão prestar toda assistência que se fizer necessária ao processamento, evitando possíveis lapsos ou equívocos na feitura ou em outro ato de que participe (BASTOS, 1976). 9 O sigilo no inquérito é indispensável ao êxito das investigações com o objetivo de não prejudicar as diligências delas decorrentes, em busca da verdade. Tal sigilo, no entanto, não abrange o advogado por força do inciso XIV, do art. 7º, da Lei nº 8906/94, Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (BASTOS, 1976). 3 POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR Fonte: segurancaecienciasforenses.com As autoridades enunciadas no artigo 7º do CPPM detêm a polícia judiciária militar, cuja competência está definida, amplamente, no artigo 8º do citado diploma legal. Podem, pois, apurar qualquer infração penal militar na área sob sua jurisdição, ou delegar a competência a outro militar para promover a apuração do fato delituoso através IPM (BASTOS, 1976). Deve-se estar sempre atento à hierarquia quando da indiciação do militar. O Encarregado do IPM, sempre que possível, (art. 15 do CPPM), será oficial de posto não inferior ao de capitão ou capitão-tenente. Obedecida à hierarquia, não há impedimento a que seja encarregado do Inquérito Policial Militar, oficial de posto inferior ao de capitão, se a OM não dispuser, de oficiais de postos referidos no citado artigo 15 (BRASIL, 1969). 10 A expressão sempre que possível admite exceções justificáveis, ensejando ao Cmt da OM utilizar-se de oficial disponível em sua Unidade. Sempre que possível, porém, atender-se-á ao artigo 15 do CPPM. O militar ao tomar conhecimento de um fato delituosodeve, imediatamente, comunicá-lo à autoridade militar superior para as providências cabíveis e legais pertinentes. Nada obsta que antecedam à instauração do inquérito policial militar. Nas providências, observar-se-ão as formalidades previstas no CPPM, a fim de servirem de elementos necessários ao IPM e à própria ação penal, se for o caso (BRASIL, 1969). 3.1 Atos Do Escrivão Toda vez que o Encarregado do IPM determinar uma providência ou realizar uma diligência decorrente da apuração do fato delituoso, ordenará ao Escrivão lhe faça CONCLUSÃO dos autos (BRASIL, 1969). A CONCLUSÃO precederá a toda e qualquer manifestação do Encarregado nos autos. A seguir, obedecer-se-á uma sequência: CONCLUSÃO, DESPACHO (ordens emanadas do Encarregado para integral cumprimento, relativas ao fato delituoso), RECEBIMENTO, CERTIDÃO e JUNTADA. Esta sequência de atos do Escrivão, para facilitar a elaboração do IPM, far-se-á por carimbos, se houver. É o mesmo procedimento de a Justiça Militar nos processos. Além desses, nada impede o uso de outros. Todos os documentos recebidos pelo Encarregado do IPM e referentes ao Inquérito conterão o despacho determinando a juntada, salvo laudos periciais ou autos de exames, pois o Encarregado deve homologá-los ou não antes de determinar a juntada (BRASIL, 1969). Documento algum deve ser juntado aos autos sem a determinação, por escrito, do Encarregado do IPM. Indiciado, testemunha, ofendido ou quem quer que seja, pode oferecer documento. Ao Encarregado caberá o exame da conveniência, necessidade, ou utilidade para ordenar a juntada. Em caso positivo, proferirá despacho nesse sentido. As variedades de DESPACHOS, dada à multiplicidade de providências e diligências necessárias à elucidação da infração penal, impedem o uso de carimbo. Os atos em sequência (CONCLUSÃO, DESPACHO, RECEBIMENTO, CERTIDÃO, JUNTADA) praticar-se-ão um em seguida do outro, na mesma folha, ou na seguinte, se necessário o uso de folha isolada. Além de 11 economizar espaço, diminui a quantidade de folhas e o volume do inquérito. Todas as folhas do IPM serão numeradas e rubricadas pelo Escrivão (BASTOS, 1976). 3.2 Atribuições Do Encarregado – Despachos O despacho é variável, dependendo das providências necessárias à elucidação da infração penal, da estrita competência do Encarregado do IPM, contendo determinações, recomendações, instruções, ordens, etc. Tudo que constar dos autos do Inquérito Policial Militar, precede de despacho do seu Encarregado no próprio documento, inserindo nos depoimentos, ou por termo nos autos. As atribuições do Encarregado são definidas nos artigos 12 e 13 do CPPM, além de outros dispositivos, recomendando-se a leitura dos seguintes: Artigo 12 - providências preliminares. Artigo 13 - medidas processuais, após instauração do IPM. Artigo 14 - assistência de Procurador. Artigo 300 - consignação de perguntas e respostas Artigo 301 - observância de normas do processo judicial na apuração do fato delituoso Artigo 321 - requisição de perícia e exame Artigo 323 - parágrafo único - procedimento de novo exame Artigo 328 - infração que deixa vestígio Artigo 329 - oportunidade do exame Artigo 331 - exame pericial incompleto Artigo 345 - exame de instrumentos do crime Artigo 347 - notificação das testemunhas Artigo 349 - requisição de militar ou funcionário público Artigo 356 - testemunhas suplementares Artigo 357 - testemunhas não computadas Artigo 391 - juntada da fé de ofício ou antecedentes. 12 3.3 Assistência Do Ministério Público Militar A solicitação de assistência de Membro do Ministério Público Militar é uma faculdade do Encarregado do IPM (Art. 14 do CPPM) quando se tratar de fato delituoso de excepcional importância ou de difícil elucidação. Tal faculdade, no entanto, não interfere na atribuição de controle externo da atividade da polícia judiciária por parte do Ministério Público (art. 3º da Lei Complementar nº. 75, de 20 Mai 93). Tal solicitação, far-se-á, diretamente, ao Exmo. Sr. Procurador Geral de a Justiça Militar, em Brasília, por ofício, telegrama ou rádio, em caso de urgência. A assistência do Ministério Público Militar é sempre recomendável, se não necessária. Cabendo-lhe a titularidade da ação penal, estabelecerá, com o Encarregado do IPM, as linhas mestras mais importantes da infração penal a ser apurada (BRASIL,1969). 3.4 Sequência De Atos Há uma sequência de atos que se processam no IPM. Primeiramente, a CONCLUSÃO do Escrivão, submetendo os autos à consideração do Encarregado. Este, por sua vez, profere DESPACHO, dando ordens para integral cumprimento e relacionadas com a apuração do ilícito penal militar. A seguir, o Escrivão exercita outro ato, que é o RECEBIMENTO, ou seja, assinala o dia em que os autos retornaram do Encarregado com o DESPACHO (BRASIL,1969). Tais atos podem e devem ser praticados, sempre que possível, aproveitando- se todos os espaços do papel, mas obedecendo, sistematicamente, a ordem cronológica, sem necessidade de lançá-los isoladamente, em outra folha. A seguir, após o RECEBIMENTO, o Escrivão expedirá, nos autos, uma CERTIDÃO com ou sem carimbo. Neste termo processual, é certificado o cumprimento das ordens emanadas do Encarregado do Inquérito. Em alguns casos, pode o Escrivão detalhar os atos que praticou e justificar os que deixaram de cumprir. Imediatamente, para novas determinações do Encarregado, fará CONCLUSÃO. Compete ao Escrivão conferir o original com a fotocópia apresentada para juntada aos autos. Nunca é demais relembrar a obediência à ordem cronológica, ao aproveitamento dos espaços dentro do IPM e à sequência dos atos. 13 O parágrafo único do artigo 21 (CPPM), dispõe: “De cada documento junto, a que precederá despacho do encarregado do inquérito, o Escrivão lavrará o respectivo termo, mencionando a data”. Face ao texto legal, o Escrivão lavrará o termo de juntada, datilografando ou com carimbo, antecedendo o documento cujo ingresso nos autos foi determinado por despacho, datado, aposto nele próprio, do Encarregado do IPM. A ordem cronológica da apresentação dos documentos observar-se-á rigorosamente. Se forem vários documentos despachados no mesmo dia, bastará um só termo de juntada. Os termos de inquirição de testemunhas, indiciado, acareação, por participarem o Encarregado e o Escrivão dispensam a JUNTADA. O Encarregado deve despachar os documentos e ofícios, que pertencem ao IPM, ordenando a juntada. Com essa medida, evitar-se-á uma sequência de termos (CONCLUSÃO - que precede ao despacho; RECEBIMENTO - posterior ao despacho; CERTIDÃO - que cumpriu o despacho). Basta o termo de JUNTADA precedendo o documento ou ofício. Os laudos serão homologados, ou não, nos moldes do artigo 321 do CPPM. 4 PERÍCIAS E EXAMES Fonte: contabeis.com.br 14 Toda vez que a infração deixar vestígio é obrigatório o exame de corpo de delito, direto ou indireto, que poderá ser feito em qualquer dia ou hora. O Encarregado do Inquérito atentará para as respostas dos quesitos, constantes do Auto de Exame de Corpo de Delito, para, se for o caso, proceder a Exame Complementar, definidor da gravidade das lesões. A natureza da lesão influencia na qualidade e quantidade da pena: se leve, detenção, podendo desclassificar de crime para infração disciplinar; se grave, reclusão (BRASIL,1969). No primeiro exame, os peritos podem concluir da necessidade de novo exame na vítima (complementar). O Encarregado solicitá-lo-á de acordo com o artigo 331 do CPPM. Os artigos do CPPM, abaixo discriminados merecem atenciosa leitura: Artigo 301 - Observância no inquérito de disposições e atos realizados na fase judicial. Artigo 321 - Requisição de perícia e exame e homologação dos regularmente realizados. Artigo 324 - Ilustração dos laudos com fotogramas, microfotografias, desenhos, esquemas, devidamente rubricados.Artigo 328 - A indispensabilidade do exame do corpo de delito. Artigo 329 - O exame de corpo de delito realizar-se-á em qualquer dia e hora. Far-se-á o exame pericial sempre que possível. É prova de excepcional importância, procedida logo após o evento, nos delitos que deixam vestígios. Analisada em conjunto com as demais provas, fornecerá às autoridades subsídios valiosos à convicção e decisão da causa. O Encarregado do Inquérito - integrante da polícia judiciária militar - requisitará da polícia civil e repartições civis e militares, informações, medidas, pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídio do IPM. Pela folha de antecedentes penais do indiciado, verificar-se-á sua situação jurídico penal (primário, reincidente), aclarando-se as dúvidas no juízo competente. Na requisição da folha de antecedentes, o Encarregado não deve omitir a qualificação completa (nome dos pais, data do nascimento, etc.) do indiciado para coibir equívocos com homônimos. Recomenda-se a leitura dos seguintes artigos do CPPM: Artigo 8º - Competência da polícia judiciária militar. 15 Artigo 301 - Observância no inquérito de normas atinentes à fase judiciária. Artigo 391 - Juntada da fé de ofício, folha de antecedentes penais e a individual datiloscópica do indiciado. A juntada aos autos do extrato da fé de ofício, ou assentamentos e alterações do indiciado militar é imposição do artigo 391 do Código de Processo Penal Militar. São elementos indispensáveis à avaliação da conduta, personalidade e comportamento do acusado. Outro elemento valioso é a cópia do Relatório do Inquérito Técnico. Há normas próprias que disciplinam a feitura do referido Inquérito. O Encarregado do IPM procederá à reprodução simulada dos fatos para dirimir dúvidas, desde que não contrarie a moralidade ou a ordem pública, nem atente contra a hierarquia e a disciplina militar, conforme preceitua o parágrafo único do artigo 13, do Código de Processo Penal Militar. Tem grande utilidade para saber- se se o crime foi praticado desta ou daquela maneira, corroborar ou destruir versões do indiciado e das testemunhas (BRASIL,1969). A avaliação é sempre necessária quando há dano, subtração, destruição ou apropriação indébita da coisa, nos termos da alínea g, do artigo 13 do CPPM. Entre suas finalidades, destacam-se: - estimar o prejuízo para ressarcimento da Fazenda Nacional pelo agente causador do evento, se for o caso; - pelo quantum do prejuízo, o Juiz, na dosagem da pena a ser aplicada, poderá transformar de reclusão em detenção, até considerá-la infração disciplinar (BRASIL, 1969). Os peritos serão, de preferência, Oficiais da ativa, observada a especialidade (Art. 48, do CPPM), cujo compromisso integrará o Auto de Avaliação, quando firmado pelo Encarregado do IPM, ou lavrar-se-á, em separado, quando feito sem a presença dele. Realizada a perícia e lavrado o competente Auto de Avaliação, só dependerá de homologação pelo Encarregado se este não firmar o Auto, sendo a perícia enviada pelos peritos àquela autoridade, nos termos do artigo 321 do CPPM. A avaliação será direta nos termos do artigo 342 do CPPM e indireta quando não possível pelo desaparecimento ou subtração da coisa, sem recuperação. Neste caso, os peritos se louvarão nos elementos contidos nos autos e através de pesquisas ou diligências, nos termos da parágrafo único do Art. 342 do CPPM. 16 Quando a perícia ou o exame for noutra jurisdição, expedir-se-á precatória (Art. 346, § único) sendo os quesitos transcritos na carta, obedecendo-se os artigos 283, 359, 360 e 361 do Código de Processo Penal Militar. Os artigos 240, § 1º - furto atenuado, 250 - apropriação indébita atenuada, e 253 - estelionato e outras fraudes, atenuados, todos do Código Penal Militar, merecem leitura. As nomeações de peritos recairão, de preferência, em oficiais da ativa, atendida a especialidade, nos termos do Art. 48 do CPPM, observando-se a hierarquia. Recomenda-se ao Encarregado do IPM o cuidado de consultar, antecipadamente, o Cmt da OM onde servem os Oficiais sobre sua nomeação para peritos. Caso não haja óbice (quer pelo Cmt da OM, quer pelos escolhidos) expedir- se-á o ofício com todos os dados necessários à elaboração da perícia. O Auto de Avaliação dispensa o Termo de Compromisso de Perito e qualquer outro despacho, quando realizado em dia e hora previamente designados e na presença do Encarregado do IPM, por ocasião da sua lavratura. Caso, no entanto, a perícia não se proceda na presença do Encarregado do IPM (autoridade nomeante), o auto, assinado pelos peritos e pelas testemunhas, remetido ao Encarregado, exige o Compromisso. O Auto ou Laudo deverá ser preciso, simples e objetivo, não comportando divagações, procurando os Peritos responder aos quesitos que lhes foram formulados e outros que entenderem de direito, da maneira mais clara possível, evitando-se dupla interpretação ou ambiguidade de solução (BASTOS, 1976). A autópsia é indispensável em qualquer evento que resulte morte. Somente através dela definir-se-á a causa mortis, cujo conhecimento é necessário para evitar- se o chamado crime impossível: matar quem já está morto. Pode a ação ou omissão do agente indiciado ser desferida num alvo sem vida (enfarte, embolia ou outra enfermidade cardíaca ou correlata). O médico que haja tratado do morto, em sua última doença, não poderá efetuá-la. Normalmente, há um prazo de seis horas para o exame, porém se os peritos realizarem-no antes, declarará nos autos (BRASIL, 1969). O esclarecimento da verdade pode ensejar a exumação (Art. 338 do Código de Processo Penal). Quando os exames periciais têm a participação do Encarregado do IPM, sendo por ele designados dia e hora para a diligência técnica, que conta 17 com a sua presença, o COMPROMISSO é inserto nos autos. A homologação está implícita na presença do Encarregado e do Escrivão e no despacho ordenando a juntada dos Autos ao IPM. A nomeação dos peritos sem fixação de data para o exame técnico, importa na obrigatoriedade do Termo de Compromisso e homologação da perícia realizada pelo Encarregado, caso não necessite de esclarecimentos ou de novo exame por outros e experts (BRASIL, 1969). O Encarregado examinará o Auto do Exame de Corpo de Delito, principalmente nas respostas aos quesitos e, se necessário, determinará a realização do Exame Complementar (BRASIL, 1969). 4.1 Depoimentos Fonte: www.adventista.edu.br Todas as peças do inquérito serão datilografadas em espaço dois, conforme determinação do artigo 21 do CPPM. Nos depoimentos, o Encarregado observará, dentre outras normas, as seguintes: a) horário da audição (Art. 19 do CPPM); b) precisar, quando possível, dia, hora e local onde ocorreu o crime (Art. 22 do CPPM); c) consignar as perguntas feitas e, imediatamente, as respostas dadas, com o máximo de exatidão aos termos (Art. 300 do CPPM); 18 d) observância, no inquérito, de atos que se realizam na fase judicial (Art. 301 do CPPM); e) nomeação de curador quando o indiciado for menor de 21 anos, apenas para assistir o indiciado durante o interrogatório e aos atos em que tenha de participar. Dispensa compromisso formal e a escolha recairá, sempre, em Oficial. É importante na fase do inquérito para maior tranquilidade da prova colhida e satisfação do princípio constitucional de amplitude de defesa; f) presença de testemunhas para o ato que se realiza: interrogatório do indiciado. O posto ou graduação não pode ser inferior ao do militar acusado. Trata- se de testemunhas do ato e não do fato. Muitos confundem e procuram tumultuar as testemunhas, chamadas instrumentais, fazendo-lhes perguntas sobre os fatos, que ignoram. Devem ser bem esclarecidas de sua presença naquele ato e do que podem depor: - que assistiram ao interrogatório; - o que ouviram e conduta do Encarregado do IPM; - a forma datomada dos depoimentos, sem coação física ou moral e a espontaneidade das declarações, com a extrema cautela da exatidão na consignação. g) o comparecimento de militar, assemelhado ou funcionário público será requisitado ao respectivo Chefe, pela autoridade que ordenar a notificação (Art. 349 do CPPM); h) se o infrator for Oficial-General, comunicar-se-á o fato ao Ministro ou Chefe do Estado Maior competente, obedecidos os trâmites regulamentares (§ 4º do Art. 10 do CPPM). Recomenda-se a leitura atenciosa dos seguintes artigos do CPPM: Artigo. 10, § 1º - Superioridade ou igualdade de postos do infrator. Artigo 10, § 4º - Oficial-General como infrator. Artigo 10, § 5º - Indícios contra oficial de posto superior ou mais antigo no curso do inquérito. Artigo l3, c - Atribuição do Encarregado do IPM. Artigo 20, § 3º - Dedução em favor dos prazos. Artigo 21 - Datilografia em espaço dois. Artigo 22 - Indicação de dia, hora e local onde ocorreu o fato delituoso. 19 Artigo 289 - Agregação de oficial processado. Artigo 290 - Mudança de residência de acusado civil. Artigo 300 - Consignação das perguntas e respostas. Artigo 301 - Observância no inquérito de disposições e atos realizados na fase judicial. Artigo 306, § 1º - Nomeação de curador. Artigos 307, 310 - Confissão do indiciado. Artigo 349 - Requisição de militar ou funcionário. Artigo 392 - Proibição de transferência ou remoção. Artigo 393 - Proibição de transferência para a reserva. Artigo 394 - Dever do exercício da função ou serviço militar. 4.2 Busca No desenvolvimento da apuração do ilícito penal militar, se necessário, proceder-se-á à busca domiciliar ou pessoal, sempre observando- se o art. 5º, inciso XI da Constituição da República, que trata da inviolabilidade do domicílio. A busca domiciliar ou pessoal é, muitas vezes, dispensável, outras, necessárias à apuração da materialidade do crime e da autoria. O mandado deverá constar a providência, sua finalidade, procedimento com revista pessoal, destruição de obstáculo, em mulher, etc., conforme regulam os artigos 170 a 184 do CPPM. Lavrar-se-á Auto circunstanciado da busca, seu resultado, assistido por duas testemunhas. O modelo do mandado de busca e apreensão segue os requisitos do artigo 178 do Código de Processo Penal Militar. Sua execução, por oficial, obedece à hierarquia do posto de quem a vai sofrer, se militar (BRASIL, 1969). O executor procederá na forma dos artigos 179 e seguintes do CPPM. Recomenda-se a leitura dos artigos 170 a 189 do CPPM. 4.3 Prova Testemunhal A prova testemunhal é a mais falha, mas de suma importância na apuração do fato delituoso. É a função da testemunha, em relação ao processo, que lhe dá denominação própria. Há testemunhas de acusação, arroladas pelo Ministério 20 Público com a denúncia, que não excedem de seis (numerárias), podendo, em caso de três réus, ou mais, ser acrescida de mais três (numerárias). Testemunhas de defesa são as arroladas pelo defensor do réu, não se admitindo mais de três para cada réu. Testemunha informante e referida não são computadas nesse limite. Considera-se informante aquela pessoa que depõe, mas impedida de prestar compromisso; referida, a mencionada em algum depoimento. Competindo ao Juiz dirigir a ação penal no intuito do esclarecimento da verdade pode ouvir testemunhas novas, não referidas: são as testemunhas suplementares. Da mesma forma que não é computada a pessoa que, arrolada, nada sabe sobre o fato, permite-se a substituição, sem ultrapassar, o limite legal (BASTOS, 1976). Havendo mais de três réus, o Promotor poderá arrolar mais três testemunhas. Informantes e referidas, não poderão exceder de três. Convém, em ligeira síntese, destacar: a) audição durante o dia em período que medeie entre as sete e dezoito horas, exceto em caso de urgência inadiável; após quatro horas consecutivas de inquirição observar-se-á um descanso de meia hora; b) intérprete para o caso do indiciado ou testemunha não saber falar compreender, ou não se expressar, com exatidão, na língua nacional; c) a consignação das perguntas formuladas e respostas dadas com a exatidão dos termos empregados pelo indiciado e testemunhas. d) as intimações e notificações far-se-ão por meio de carta, telegrama, comunicação telefônica ou pessoal, certificando-se nos autos, antecedendo, no mínimo, de vinte e quatro horas, do ato a que se referirem. e) o comparecimento de militar, assemelhado ou funcionário público, dependerá de requisição ao respectivo chefe; f) as autoridades dispensadas de comparecer para depor (Art. 350, letras a e b do CPPM) ajustarão com o Encarregado o local, dia e hora para a audição. Neste sentido, a iniciativa compete ao Encarregado do IPM; g) as testemunhas, após o compromisso legal, são inquiridas, cada uma, de per si, vedado o conhecimento do depoimento da outra; h) só poderão eximir-se de depor as testemunhas referidas no artigo 354 e estão proibidas de depor as do artigo 355, ambos do Código de Processo Penal Militar; 21 i) se a testemunha estiver servindo, ou residindo noutro local (ou jurisdição), expedir-se-á precatória à autoridade militar superior do local, atendidas, sempre, as normas de hierarquia. Com a precatória seguirão os documentos mencionados no artigo 361 do CPPM e os quesitos formulados. O falso testemunho está disciplinado no artigo 346 do Código Penal Militar. Recomenda-se a leitura dos seguintes artigos do Código de Processo Penal Militar: Letra “d”, do artigo 13 - Medidas do Encarregado do IPM; Letra “i”, do artigo 13 - Proteção às testemunhas; Artigo 19 - Inquirição durante o dia, prazo, etc..; Artigo 288 - Meios de intimações ou notificações de testemunhas; Artigo 291 - Antecedência das intimações ou notificações às testemunhas; Artigo 298 - Intérprete; Artigo 300 - Consignação das perguntas e respostas; Artigo 311 - Observância no inquérito de disposições e atos realizados na fase judiciária; Artigo 347 a 364 - Capítulo referente às testemunhas. 4.4 Execução Das Diligências Realizada a diligência, lavrar-se-á o competente Auto, circunstanciado, cujos requisitos estão especificados no artigo 189, seu parágrafo único, alíneas “a”, “b” e “c” do Código de Processo Penal Militar. Os executores da diligência devem tomar cautelas necessárias e legais ao cumprimento da missão: a) a presença de duas testemunhas no acompanhamento de todos os atos; b) conferência da descrição e relação das coisas apreendidas com o especificado no referido Auto. Pode ocorrer caso em que os executores nada encontrem. Mesmo assim, deverá lavrar o Auto onde será narrado "que realizada a diligência, nada foi encontrado." Dentre outras finalidades, tal procedimento resguarda a legitimidade do ato praticado pela autoridade, não obstante o fracasso da diligência. Recomenda-se a leitura dos seguintes artigos do CPPM: Letra “h”, do art. 13 - Medidas tomadas pelo Encarregado do IPM; Artigos 172 e 189 - Providências que recaem sobre coisas e pessoas, onde estão explicitados: finalidade, espécies de busca, busca domiciliar, compreensão do 22 termo “casa”, oportunidade de busca domiciliar, ordem de busca, procedência e mandado, conteúdo do mandado, procedimento, presença do morador, ausência do morador, casa desabitada, rompimento de obstáculo, reposição, busca pessoal, revista pessoal, revista independentemente de mandado, busca em mulher, busca no curso do inquérito, requisição à autoridade civil, apreensão de pessoas e coisas, correspondência aberta, documento em poder do defensor, território de outra jurisdição, apresentação à autoridade local, pessoa sob custódia, requisitos do Auto, conteúdo do Auto. Artigo 301 - Observância do inquérito às disposições e atos realizados na fase judicial. 4.5 Prisão Do Indiciado Fonte: www.ucsal.br Apesar do artigo 18 do CPPM autorizaro Encarregado do IPM a deter o indiciado até trinta (30) dias durante as investigações policiais, o art. 5º, inciso LXI, da Constituição da República, impõe que a prisão de qualquer pessoa, salvo em caso de flagrante delito ou nos crimes propriamente militares, somente se faça mediante ordem judicial fundamentada. Expedido o mandado de prisão, com os requisitos do artigo 225 do Código de Processo Penal Militar, seus executores serão, sempre, militares de posto superior ao do indiciado preso. 23 A prisão efetivar-se-á em qualquer dia e hora, respeitando-se a garantia da inviolabilidade do domicílio (Artigo 226 do CPPM). O prazo para conclusão do IPM varia do máximo de 20 dias, se o indiciado estiver preso há 40 dias, se solto (BRASIL, 1969). O prazo do indiciado preso só começará a fluir da data em que se efetivar a prisão. Justamente pela ocorrência de dias entre a expedição do mandado e o cumprimento da ordem de prisão, em alguns casos, o IPM concluir-se-á em trinta ou quarenta dias com o indiciado preso. Não há prorrogação de IPM com indiciado preso, a não ser “por dificuldade insuperável, a critério do ministro de Estado competente (BRASIL, 1969). O Encarregado do IPM encaminhará expediente (no caso, um ofício), acompanhado de três vias (o original e duas cópias) do mandado de prisão do indiciado. Das três vias, o original será devolvido, por ofício, ao Encarregado do IPM com o recibo datado e assinado pelo indiciado; uma via ficará em poder do indiciado e a outra, com a autoridade incumbida de manter o preso sob sua guarda. Recomenda-se a leitura dos seguintes artigos do CPPM: Parágrafo único do artigo 225 - Assinatura do mandado de prisão. Artigo 237 - Entrega de preso. Formalidades e recibo. Artigo 238 - Transferência e recolhimento à nova prisão. Artigo 239 - Separação de prisão. Artigo 240 - Local de prisão; Artigo 241 - Respeito à integridade e assistência do preso; Artigo 242 - Prisão especial e prisão de praças. O Encarregado do IPM ao receber ofício capeando o mandado de prisão expedido e cumprido, despachará no próprio ofício, ordenando a juntada aos autos. O Escrivão procederá ao determinado, lavrando o competente termo de JUNTADA que, como sempre, antecederá aos documentos. No ofício, informar-se-á o cumprimento do mandado de prisão; o local onde se encontra recolhido o indiciado; ou, então, sua apresentação ao Encarregado do IPM para as providências devidas, dentre outras: a) ouvir o indiciado; encaminhá-lo à autoridade que custodiará o preso (Art. 23 do CPPM). 24 No mandado de prisão, o indiciado passará recibo, datado, no original, ficando uma das vias em seu poder (Art. 225, § único do CPPM). Cumprido o mandado de prisão, o Encarregado do IPM comunicará, imediatamente, à autoridade judiciária competente (Juiz-Auditor da respectiva jurisdição), declinando os motivos que a determinaram (ou juntar cópia do mandado de prisão e o local de seu recolhimento). A comunicação é obrigatória nos termos do Art. 5º, inciso LXII da Constituição da República. 4.6 Sequestro Dos Bens Fonte: www.tudorondonia.com Existindo indícios veementes da proveniência ilícita dos bens, o Encarregado do IPM solicitará da autoridade judiciária competente o sequestro dos bens adquiridos com os proveitos da infração penal, mesmo se já transferidos a terceiros por qualquer forma de alienação, abandono ou renúncia. O pedido antecederá o término do inquérito, através de despacho nos autos do Encarregado, no qual determinará a extração das peças necessárias à comprovação do alegado e o encaminhamento à autoridade judiciária competente (BRASIL, 1969). As providências que recaem sobre coisas, previstas nos artigos 199 a 219 do CPPM (sequestro, hipoteca legal e arresto), têm por finalidade resguardar o 25 patrimônio sob a administração militar de danos causados pela prática da infração penal. Há flagrante diferença conceptual entre sequestro e arresto. No sequestro, os bens são adquiridos com os proventos da infração penal pelo indiciado (ilicitamente); no arresto, os bens são licitamente adquiridos pelo indiciado, mas legitimam a medida para acautelar a satisfação do dano, por ele causado na prática do crime, ao patrimônio sob a administração militar. Em qualquer hipótese, - sequestro ou arresto - o pedido pode ser feito à autoridade judiciária competente, antes de concluído o IPM. Como exemplos de atos praticados pelo indiciado, justificadores do sequestro de bens, entre outros, citamos os seguintes: Apropriação, pelo indiciado, de considerável quantia de uma OM e a consequente compra, para si, ou terceiros, de imóvel, carro, etc. Os bens adquiridos resultaram do produto da infração penal, sujeitando-se ao sequestro. No arresto, os bens do indiciado (presumivelmente lícitos, legais) respondem pelo dano causado com a prática da infração penal ao patrimônio sob a administração militar. Ditas providências são ordenadas, sempre, pela autoridade judiciária competente e nunca pelo Encarregado do IPM, que as solicita, fornecendo os elementos necessários. O sequestro dos bens do indiciado é solicitado pelo Encarregado à autoridade judiciária militar competente. O ofício é simples e explícito, instruído dos documentos e provas necessárias ao deferimento da medida. São órgãos de a Justiça Militar: I - o Superior Tribunal Militar; II – a Auditoria de Correição; III - os Conselhos de Justiça; IV - os Juízes-Auditores e os Juízes-Auditores Substitutos. Quando houver mais de uma Auditoria na Circunscrição onde ocorreu a infração penal, o ofício será remetido àquela cujo Juiz-Auditor for o mais antigo, por ser, também, o distribuidor. 4.7 Acareações Sempre que houver divergência, omissão, obscuridade em depoimentos ou declarações (de acusados, de testemunhas, entre acusado e testemunha, acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, ou entre ofendidos), poderá o Encarregado 26 proceder à acareação, tratada de maneira clara e precisa nos artigos 365 e 367 do CPPM. As comunicações referidas no DESPACHO são às seguintes autoridades: a autoridade judiciária competente, autoridade delegante e à autoridade responsável pela custódia do preso. A acareação será procedida em dia e hora previamente designados pelo Encarregado do IPM objetivando aclarar divergências em declarações sobre fatos ou circunstâncias relevantes. É precisa, concisa, objetiva e limitada. O Encarregado do IPM observará o comportamento dos acareados para melhor apreciação, a posteriori, da conduta de cada um. Da argúcia e inteligência do Encarregado dependerá o êxito da acareação. 4.8 Prazos Para Conclusão Do Ipm No caso de indiciado solto, o prazo para conclusão do IPM é de quarenta dias contados da data de instauração do IPM. Prorrogar-se-á por mais vinte dias, se solicitado à autoridade delegante, ou superior a esta, demonstrando a necessidade da dilatação do prazo para complementação de diligências indispensáveis à elucidação dos fatos. 4.9 Relatório "O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com a indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-se neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos termos legais" (BRASIL, 1969). O relatório será elaborado, de preferência, com o IPM já devidamente montado, facilitando sobremodo a sua feitura. “No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu encarregado, enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe homologue ou não a solução, aplique 27 penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgarnecessárias" (BRASIL, 1969). Vê-se que o relatório é um resumo de tudo que foi realizado no IPM, inclusive destacando os resultados obtidos (ou a análise das provas apuradas) para concluir: - se há infração disciplinar a punir; - se há infração disciplinar a punir e indício de crime; - se há indício de crime; - Inexistência de infração disciplinar a punir e de indício de crime. "Discordando da solução dada ao inquérito, à autoridade que o delegou poderá avocá-lo e dar solução diferente." (CPPM, art. 22, § 2º). Em qualquer circunstância, a autoridade militar não poderá arquivar os autos do IPM, embora conclusivo da inexistência de crime ou de infração disciplinar a punir, nos termos do artigo 24 do CPPM. Os autos do IPM, seja qual for à conclusão, mesmo se tratar-se de crime comum, devem ser remetidos à Auditoria da Justiça Militar da CJM correspondente, à qual caberá decidir qual das hipóteses se verificou, tipificando o crime ou julgando-se incompetente com a remessa à autoridade judiciária competente. Convém salientar que os instrumentos do crime e os objetos que interessem a sua prova acompanham os autos do IPM, quando remetidos à Justiça militar (Art. 23 do CPPM). Ressalvada a coisa julgada e a extinção da punibilidade (BRASIL, 1969) o arquivamento do IPM não impede a instauração de outro inquérito se surgirem fatos novos. Recomenda-se a leitura dos artigos 22 a 25 do CPPM. Com o recebimento dos autos do Encarregado, após a inserção do Relatório, o Escrivão lavrará o termo de REMESSA do IPM à autoridade delegante devidamente autuado. A numeração e rubrica de todas as folhas, as JUNTADAS antecedendo os documentos e obedecendo, rigorosamente, a ordem cronológica, dentre outras, devem constituir-se objeto de meticuloso exame do Escrivão. Concluído e devidamente preparado o IPM, o Encarregado expedirá ofício à autoridade delegante encaminhando-o, juntamente com os instrumentos do crime e objetos que interessam à sua prova, selecionando-os, de preferência, em volumes que deverão ser lacrados e identificados, correspondentes a cada Auto de Busca e Apreensão lavrado no inquérito. 28 Facilitar-se-á, dessa maneira, quantos tenham a missão de compulsar e examinar tais documentos e objetos. 4.10 Solução Consoante o artigo 22 §§ 1º e 2º do CPPM, compete à autoridade delegante a solução do IPM homologando ou discordando da conclusão, avocando, nesta hipótese, o IPM e solucionando como entender de direito. Várias são as hipóteses de solução: - quando constituir crime (comum ou militar); - quando constituir, apenas, transgressão disciplinar; - quando não constituir crime nem transgressão disciplinar. Convém ressaltar que a solução da autoridade delegante não será definitiva, pois o IPM tem que ser encaminhado à apreciação da Justiça Militar a quem caberá à decisão final. Ocorrem casos em que a autoridade delegante entende não haver crime e na Justiça é decidido de modo diverso e vice - versa. Na solução de um IPM a autoridade delegante deve recomendar todas as providências solicitadas pelo Encarregado que entender de direito: ratificar o pedido de prisão preventiva, caso não tenha sido decretada; ratificar o pedido de sequestro de bens, ou arresto, etc. Enfim, salientar na solução as providências que julgar necessárias e legais que o caso requer. Recomenda-se a leitura dos seguintes dispositivos legais: Do Código de Processo Penal Militar: Artigo 7º - Exercício da polícia judiciária militar. Artigo 8º - Competência da polícia judiciária militar. Artigo 9º - Finalidade do IPM. Artigo 10 - Modo de instauração. Artigo 18 - Detenção do indiciado, prorrogação de prazo do IPM, etc. Artigo 20 - Prazos para terminação do inquérito, prorrogação, diligências não concluídas, dedução em favor dos prazos. Artigo 22 - Relatório, conclusão, avocação do IPM. Artigo 24 - Proibição de arquivamento de IPM. Artigo 25 - Instauração de novo IPM. 29 Do Código Penal Militar: Artigo 319 - Prevaricação Artigo 322 - Condescendência criminosa Artigo 324 - Inobservância de lei, regulamento ou instrução Artigo 333 - Violência arbitrária. Lei nº 4898, de 09/12/1965 - Regula o direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade. 4.11 Encaminhamento ao Judiciário Os autos do IPM serão remetidos à autoridade judiciária competente onde ocorreu a infração penal, através da cadeia de comando militar, obedecendo-se às diretrizes baixadas (se for o caso) pela autoridade militar da Força Armada respectiva, mais graduada na área, dentro das atribuições do seu Comando (BRASIL, 1969). Quando houver mais de uma Auditoria na Circunscrição competente (local da infração), far-se-á a remessa àquela cujo Juiz-Auditor for o mais antigo, por ser, em consequência, o distribuidor (BRASIL, 1969). Acompanharão os autos do IPM os instrumentos utilizados na prática da infração penal e os objetos que interessam à prova, devendo ser conferido na presença do portador do expediente pelo servidor da Justiça Militar, que passará recibo datado do que receber na 2ª via do ofício, livro, protocolo, ou em documento hábil da autoridade remetente. 30 5 CRIME MILITAR Fonte: canalcienciascriminais.com.br Para Assis (2007), crime Militar é “toda violação acentuada ao dever militar e aos valores das instituições militares. Distingue-se da transgressão disciplinar por que esta é a mesma violação, porém na sua manifestação elementar e simples. A relação entre crime militar e transgressão disciplinar é a mesma que existe entre crime e contravenção” (Apud, SOUZA, 2017). Desde o princípio da civilização o crime militar tinha tratamento diferenciado dos crimes praticados pelos civis. Cada nação e país definiam de modo muito diversificado, variando de acordo com a época e discricionariedade dos governantes e legisladores de cada povo e, posteriormente, de cada Estado. Geralmente, de acordo com os seus costumes e precedentes jurídicos, o crime militar seria caracterizado e diferenciado dos crimes comuns (SOUZA, 2017). Algumas vezes, os crimes militares serão caracterizados em razão da pessoa (ratione personae), quando se verificar a qualificação de militar como agente delinquente. Observemos a jurisprudência do Supremo Tribunal Militar neste sentido: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR. NEGADO PROVIMENTO. MANUTENÇÃO DO DECISUM A QUO QUE DECLAROU COMPETENTE ESTA JUSTIÇA CASTRENSE PARA JULGAR 31 O FEITO.UNÂNIME. Recurso ministerial arguindo a incompetência do Juízo da 2ª Auditoria da 3ª CJM e pleiteando o declínio da competência dessa Justiça Especializada em favor da Justiça Criminal Estadual, com a consequente remessa dos autos ao Juiz Distribuidor da Comarca de Bagé/RS. Militares que, no interior de uma boate se envolveram em briga, causando mútuas lesões corporais. Apesar do fato ter ocorrido fora do ambiente da caserna, verifica-se a competência desta Justiça Castrense para apreciar e julgar o feito, ex vi do art. 9º, inciso II, alínea "a", do CPM. A expressão "militar da ativa" difere da expressão "militar em serviço", tendo em vista que a primeira é mais abrangente do que a segunda. Independentemente do local onde for praticado o crime, se dentro ou fora de lugar sujeito à administração militar, o militar da ativa não perde essa qualidade, devendo demonstrar disciplina e respeito pelos valores das Forças Armadas. No caso, os envolvidos sabiam que ostentavam o status de militar, pois serviam na mesma OM, e já tinham se indisposto em outro episódio semelhante. Os fatos tiveram grande repercussão no quartel e extrapolaram a vida privada dos envolvidos; foram amplamente divulgados na caserna e geraram graves consequências, a ponto de a Organização Militar transferir um dos militares para outra Unidade. Inconteste, portanto a competênciadesta Justiça Castrense para processar e julgar o presente feito. Recurso a que se nega provimento. Unânime. (STM – Acórdão 0000112-09.2016.7.03.0203 - RS– Rel. Min. Marcus Vinicius Oliveira dos Santos – J. Em 23/03/2017) (Apud, SOUZA, 2017). Por outras vezes, os crimes militares serão caracterizados em razão da matéria (ratione materiae), que esteja diretamente ligada à vida militar e que seja matéria propriamente castrense, por mais insignificante que isso pareça. Analisemos a jurisprudência do STM neste sentido: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DORMIR EM SERVIÇO. ART. 203 DO CPM. REJEIÇÃO DE DENÚNCIA. PROVIMENTO DO RECURSO MINISTERIAL. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR PARA O JULGAMENTO DE CIVIL EM FACE DO LICENCIAMENTO DO MILITAR. REJEITADA. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DO CONSELHO PERMANENTE DE JUSTIÇA PARA JULGAR O DENUNCIADO. NÃO 15 CONHECIDA. PRELIMINAR DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 203 DO CPM POR SER DELITO DE PERIGO ABSTRATO. REJEITADA. NO MÉRITO, INDÍCIOS DE AUTORIA MATERIALIDADE. PROVIMENTO UNÂNIME. Militar que, em tese, durante o horário de serviço, abandona o posto de guarda do portão principal do Quartel para dormir. Rejeita-se a preliminar de incompetência da Justiça Militar para julgamento do presente feito em razão do licenciamento do militar. O licenciamento do Denunciado do serviço ativo não constitui ausência superveniente de pressuposto de prosseguibilidade da ação penal militar, sendo indispensável que o agente ostente essa condição apenas quando da ação delituosa, o que é o caso dos autos. (...) O fato de a norma penal tipificar um delito de perigo abstrato, por si só, não a acomete de inconstitucionalidade. Por vezes, é tão imperiosa a proteção de determinado bem jurídico que se faz necessária e eficaz tal definição. Unânime. (...) Recurso provido, para, cassando a decisão recorrida, receber a Denúncia oferecida e determinar a baixa dos autos à Auditoria de origem para o regular prosseguimento do feito. Unânime. (STM – Acórdão 0000190- 42.2016.7.12.0012 –AM – Rel. Min. Marcus Vinicius Oliveira dos Santos – J. Em 09/05/2017) (Apud SOUZA, 2017). 32 Para que se observe a multiplicidade de fatores que determinam a possibilidade de caracterização do crime militar, citemos ainda o critério em razão de período ou tempo (ratione temporis), normalmente adotado em períodos de guerra, manobras e exercícios militares e, ainda que indesejável, em períodos de intervenção estatal e restrição de direitos. Um exemplo possível para esta possibilidade era a decorrente da atuação de “assemelhados”, daqueles que eram responsáveis pela condução e manejo de veículos e embarcações pertencentes a comboios de ação militar. Tal possibilidade não é possível nos dias contemporâneos, considerando as atuais normas do ordenamento jurídico brasileiro regentes da atividade e vida castrenses. O Estatuto dos Militares prevê, em seu art. 3º, § 2º, que o pessoal componente de instituições consideradas como reserva das Forças armadas só será considerado militar quando convocado ou mobilizado para o serviço, portanto, serão integrantes regulares e efetivos membros da Marinha, Exército ou Aeronáutica. Art. 4º São considerados reserva das Forças Armadas: (...) II - no seu conjunto: (...) § 1° A Marinha Mercante, a Aviação Civil e as empresas declaradas diretamente devotada às finalidades precípuas das Forças Armadas, denominada atividade efeitos de mobilização e de emprego, reserva das Forças Armadas. § 2º O pessoal componente da Marinha Mercante, da Aviação Civil e das empresas declaradas diretamente relacionadas com a segurança nacional, bem como os demais cidadãos em condições de convocação ou mobilização para a ativa, só serão considerados militares quando convocados ou mobilizados para o serviço nas Forças Armadas. Consideremos ainda o critério em razão do lugar (ratione loci), que em virtude do local da prática delitiva, em áreas sujeitas à administração militar, transforma os crimes comuns em crimes militares (COIMBRA, 2012). Para exemplificar a aplicação deste critério em nosso país, trago jurisprudência exemplificativa do STM: Apelação. Competência da Justiça Militar da União. Militar licenciado. Posse de substância entorpecente no interior de Unidade Militar. Crime impropriamente militar. Inviabilidade de aplicação da Lei nº 11.343/06. Antinomia de segundo grau. Prevalência do Princípio da Especialidade. Dolo eventual caracterizado. O art. 290 do CPM é crime de natureza impropriamente militar. Assim, pode ser cometido por militares ou por civis, uma vez que a competência constitucional da Justiça Militar da União é ratione materiae. Ademais, a justiça castrense é especializada e prevalente sua legislação em relação à comum, porquanto possui bens jurídicos próprios. Preliminar de declinação de competência em face da justiça comum denegada. Alegação de ausência de dolo por esquecimento de posse de substância entorpecente não configurada. Conduta a título de dolo 33 eventual caracterizada pelos seguintes fatores: I) a devida instrução; II) a ciência das revistas realizadas no âmbito da OM; e III) o uso de substâncias ilícitas fora do quartel acabou por assumir a ocorrência do resultado. (STM – Acórdão 0000133-74.2015.7.05.0005 – PR – Rel. Min. Péricles Aurélio Lima de Queiroz – J. Em 09/03/2017) (SOUZA, 2017). Ocorre que, diante dos inúmeros critérios possíveis, se faz necessário trazer a utilização de um novo delimitador, de um novo parâmetro de caracterização que traga maior segurança jurídica. É temeroso submeter o jurisdicionado tão somente à discricionariedade administrativa e judicial para que seja definido se sua conduta delitiva enquadrar-se-á como um crime comum ou como um crime de natureza militar. Com um pensamento semelhante quanto à caracterização, Coimbra Neves e Streifinger5citam um precioso ensinamento: Essa diversidade, no entanto, não impede que em determinado país a lei enumere critérios seguros para a definição do crime militar e, tampouco, que a doutrina daquela época já fizesse a cisão entre os crimes propriamente ou essencialmente militares e os crimes impropriamente ou acidentalmente militares (Apud SOUZA, 2017). Diante de tantos parâmetros possíveis, que podem se sobrepor, a norma penal é capaz de delimitar o crime e diminuir os conflitos decorrentes da multiplicidade de caracterização do delito. No estado brasileiro, optou-se que a lei estabelecesse critérios mais seguros e tipificasse as condutas consideradas como crimes. Quis o legislador de 1969, o do Código Penal Militar, adotar como critério para configuração do crime militar a ratione legis. No Brasil, o crime militar é aquele assim definido pelo Código Penal Militar, que englobou em seu texto as quatro razões classificatórias comentadas, em razão da pessoa, da matéria, do período ou tempo e do local do crime (SOUZA, 2017). A adoção da ratione legis não é algo exclusivo do legislador brasileiro, pois também é adotado em alguns países europeus como Alemanha, Espanha e Itália. Analise-se o ensinamento que é trazido por Coimbra Neves e Streifinger: O critério ratione legis é adotado, deve-se notar, não só no Brasil, mas também em países como Alemanha, Itália e Espanha. O art. 20 do Código Penal Militar espanhol, a Ley Orgánica n. 13, de 9 de dezembro de 1983, por exemplo, dispõe que são delitos militares aquelas ações e omissões, dolosas ou culposas, apenadas pelo respectivo Código, exaltando, assim, o critério ratione legis (Apud SOUZA, 2017). 34 Assim como o Estado Brasileiro se inspirou nas experiências jurídicas desses países em outras áreas, como o direito constitucional e penal. A exemplo deste último, principalmente, o direito penal militar também se abastece dos ensinamentos jurídicos do Velho Mundo. Seguramente, este é o melhor modo para a classificação do crime militar, pois traz a almejada segurançaquanto à tipicidade, consagrando este instituto que adequa os fatos concretos ao modelo legal previsto na norma penal (SOUZA, 2017). 5.1 Crime militar próprio e impróprio Quanto à classificação, os crimes militares se apresentam como próprios e impróprios. De acordo com a redação do art. 9º do Código penal Militar: Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar: f) (revogada). III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior. Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de 35 dezembro de 1986 – Código Brasileiro de Aeronáutica ( Apud SOUZA, 2017). Apesar da caracterização do crime militar ocorrer considerando-se a ratione legis, é necessário lembrarmos que não há um dispositivo no Código Penal Militar que consiga definir o crime militar próprio, ou crime propriamente militar, e muito menos que consiga diferenciá-lo do crime militar impróprio, ou crime impropriamente militar. Tal diferenciação ainda dependerá de um suporte da doutrina e jurisprudência (SOUZA, 2017). Os crimes militares próprios são aqueles que possuem uma única previsão, constando apenas no Código Penal Militar, sem guardar qualquer correspondência ou relação com as demais normas legais, principalmente com o Código Penal comum. Os crimes militares próprios são cometidos apenas por militares, não podendo ser da autoria de cidadãos comuns, nunca cometido por civis. Como exemplo, observe-se o crime de deserção, que somente encontra-se previsto no art. 187 do Código Penal Militar, que pode ser cometido apenas por militar e, para tanto, é considerado como crime militar próprio (SOUZA, 2017). Os crimes militares impróprios são aqueles que possuem duas previsões, constando simultaneamente no Código Penal Militar e no Código Penal comum. Poderá ainda constar em outras normas penais, devendo guardar igual definição do tipo descrito. Poderá, ainda, o crime estar descrito apenas no Código Penal Militar, porém, deverá o sujeito ativo do ilícito penal ser um civil. Como exemplo, cito o crime de homicídio, que encontra previsão no art. 205 do Código Penal Militar e também no art. 121 do Código Penal, considerando que militares e civis podem cometê-lo e, logo, configura-se como crime militar impróprio (SOUZA, 2017). É muito relevante o estudo desta temática no que concerne ao crime militar. Especialmente, porque surge situação que nos é imposta, muito mais, pelo Direito Processual Penal Militar e Direito Constitucional do que pelo Direito Penal substantivo propriamente. Sempre haverá, em decorrência da caracterização e classificação do crime militar, a possibilidade de restrição apuratória da Administração Militar e da competência da Justiça Militar (SOUZA, 2017). Dentro do campo processual e constitucional, deve-se lembrar a afirmação de alguns estudiosos quanto à recepção em parte do art. 18 do Código de Processo 36 Penal Militar pela Constituição Federal, mais incisivamente pelo seu art. 5º, LXI. Assim dispõe o art. 18: Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica (SOUZA, 2017). Note-se que pelo dispositivo transcrito é possível a detenção do indiciado sem a existência de flagrante delito ou de ordem judicial fundamentada em crimes militares. O tema abordado é polêmico e não será exaurido neste momento, pois será nosso objeto de análise mais adiante. Entretanto, desde já fica registrado para o leitor a importância de caracterização do crime militar, haja vista a possibilidade de medidas diversas daquelas comumente empregadas no inquérito policial comum (SOUZA, 2017). 5.2 Indiciado Indiciado é a denominação dada ao suspeito da prática de um delito devidamente subsumido e sobre quem recaiam os trabalhos de investigação. Para ser indiciado, necessariamente deve existir uma suspeita minimamente razoável contra alguém, para que se possa indiciá-lo. No decorrer do trabalho investigativo, poderão surgir outros indiciados no decorrer do inquérito, como ocorre nas situações em que se constata a existência de coautores. Assim, vale a lição de Alexandre Morais da Rosa (2013) sobre o indiciamento: O indiciamento é ato formal pelo qual o sujeito passa a ocupar o lugar de indicado, isto é, a declaração pelo Estado de que há indicativos convergentes sobre sua responsabilidade penal, com os ônus daí decorrentes. A presunção de inocência veda o indiciamento arbitrário. Não pode ser considerado como mero ato automático. Pressupõe a apuração da materialidade da infração e informação suficiente de autoria (Apud SOUZA, 2017). O indiciamento é a imputação a alguém, através de um inquérito policial (em nosso caso, o militar) da prática do ilícito penal, quando existem fatos ou indícios que convergem na direção de uma ou mais pessoas. Só devem ser indiciadas, 37 portanto, as pessoas que tenham contra si indícios de autoria do crime que está sendo apurado (SOUZA, 2017). O indiciamento não pode ser um ato arbitrário e muito menos discricionário. Uma vez presentes os requisitos probatórios, o indiciamento deve ser realizado, pois não é algo facultativo à autoridade de Polícia Judiciária Militar. A questão é baseada na legalidade do ato. O suspeito, que é aquele que se produziu prova a respeito da autoria da infração, terá de ser indiciado. Será considerado mero suspeito aquele indivíduo sobre quem paire frágeis indícios, insuficientes para determinaçãode autoria, não podendo ser alvo de indiciamento (SOUZA, 2017). O indiciamento não deve ser considerado como uma necessidade inicial do Inquérito Policial Militar. Não é a partir de um indiciamento prematuro que devem partir as investigações. O trabalho resultante de todo a investigação, através da tomada de depoimentos, coleta de provas e realização de diligência, é este trabalho resultante que deverá levar a um correto indiciamento. O indiciamento não configurará constrangimento ilegal, desde que a existência de indícios convergentes ao indiciado tenha sido observada. A medida de indiciamento, por si só, não enseja em atentado contra o princípio da presunção de inocência, apesar dos efeitos que possam advir de um possível etiquetamento social (SOUZA, 2017). 5.3 Ampliação do Rol de Tipos Penais Militares Ao alterar a redação do art. 9º do CPM, a Lei 13.491/17 alargou a definição de crime militar para albergar figuras típicas inexistentes no CPM, mas existentes na legislação penal comum, quando praticados pelos militares federais e por civis quando se trata da competência da Justiça Militar da União (JMU) e pelos militares estaduais, no âmbito da competência da Justiça Militar Estadual (JME), numa das hipóteses do inciso II do art. 9º do CPM. De todas as hipóteses previstas no inciso II do art. 9º do COM, a maior incidência é aquela praticada pelo militar em serviços ou em razão da função, porquanto são as situações em que o militar pratica um fato típico penalmente no exercício de sua atribuição constitucional e legal, cuja apuração dos fatos deve ser realizada pela Polícia Judiciária Militar que tem atribuição constitucional para tanto 38 (art. 144, § 4º, in fine) e o processo e julgamento será realizado perante a JMU (art. 124, CF), ou perante a JME (ROTH, 2018). Agora, com a novel Lei, além dos crimes previstos no COM, também os delitos previstos na legislação penal comum como por exemplo, abuso de autoridade, tortura, disparo de arma de fogo e outros crimes previstos no Estatuto do Desarmamento, homicídio culposo ou lesões corporais culposas na direção de veículo automotor e outros crimes previstos no Código de Transito Brasileiro, crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, na Lei de Licitações etc., quando praticado pelo militar numa das hipóteses do inciso II do art. 9º do CPM, são, desde a publicação da Lei 13.491 de 16.10.17, considerados crimes militares (ROTH, 2018). 5.4 A questão do Homicídio doloso contra civil. Ressalvado da competência da JME desde a Lei 9.299/96 e com o advento da Emenda Constitucional 45/04 que alterou a redação do artigo 125, § 4º, da CF, assegurada ficou a competência do júri popular quando se tratar de crime doloso contra vítima civil (ROTH, 2018). Todavia, esta ressalva constitucional ficou limitada na esfera da JME, não alcançando a JMU, não só porque a Lei 9.299/96 foi declarada, inconstitucional pelo STM, por meio de controle difuso de constitucionalidade (AC 1997. 01.006449/RJ – Rel. Min. Aldo da Silva Fagundes – J. 17.03.98, mas também porque a redação da EC 45/2004 não contemplou a JMU na ressalva da competência do Júri (ROTH, 2018). Assim, em boa hora foi promulgada a Lei 13.491/17 inserido o § 2º no artigo 9º do CPM estabelecendo expressamente a competência da JMU para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida de civil quando praticados por militares das Foças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) no exercício de suas atribuições constitucionais e legais. Assim, se o crime de homicídio doloso for praticado por um militar contra civil durante o cumprimento de missão determinada pelo Presidente da República ou do Ministro da Defesa, ou de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante, ou em atividade militar em operação de paz, ou no curso de uma operação de garantia da lei e da 39 ordem (GLO – Lei Complementar nº 97/99) ou decorrente de ação militar, como aquela prevista na Lei nº 9.614/98 (Lei do Abate), ou na defesa ou apoio a Justiça Eleitoral, a competência para o processo e julgamento será, por expressa previsão da novel lei, da JMU, e não da Justiça Federa (ROTH, 2018). A lei recém promulgada também inseriu no artigo 9º do CPM uma regra peremptória no § 1° prescrevendo que: “Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, será da competência do Tribunal do Júri”. Note-se, portanto, que ao tratar dos crimes dolosos conta vida de civil o legislador ressalvou a competência do júri quando tais delitos forem praticados por militar estadual, ou por militar federal fora do contexto das missões das Forças Armadas, situação essa que já era objeto da Lei 9.299/96 e posteriormente foi constitucionalmente tratada na EC 45/04 (ROTH, 2018). Enfim, comentado os principais aspectos da Lei 13.491/17 que alterou o artigo 9º do CPM, ampliando o rol dos delitos militares e a competência da Justiça Militar, da Justiça Militar, em apertada síntese e sem esgotar o tema, passemos a enfrentar o desafio proposto (ROTH, 2018). Inegável que o legislador com a Lei 13.491/17 buscou na correspondente alteração legislativa dois propósitos: de um lado, ampliar a competência da Justiça Militar aumentando, em consequência, o rol de crimes de natureza militar incluindo a categoria do que aqui denominamos crimes de natureza militar incluindo a categoria do que aqui denominamos crimes militares por extensão, ou seja, os crimes existentes na legislação comum que, episodicamente, constituem-se crimes militares quando preencherem um dos requisitos do inciso II do artigo 9º do CPM; de outro lado, tornar a JMU competente para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida de civil praticados por integrantes das Forças Armadas quando no contexto das atribuições definidas § 2º do art. 9º CPM, afastando assim a competência do Júri nesses casos específicos (ROTH, 2018). 40 6 JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL Fonte: transformamp.com Até 1934, nenhuma das Constituições brasileiras fazia referência à Justiça Militar dos Estados. Apenas a Constituição de 1934, embora não dispusesse expressamente sobre a Justiça Militar, conferiu à União competência privativa para legislar sobre organização, instrução, justiça e garantias das forças policiais dos Estados, bem como condições gerais de utilização destas em caso de mobilização ou de guerra (TJMG). Em vista de tal disposição constitucional, a Lei Federal nº 192, de 17 de janeiro de 1936, autorizou a organização da Justiça Militar nos Estados. Em Minas Gerais, a Justiça Militar foi criada pela Lei nº 226, de 9 de novembro de 1937 (Organiza a Justiça Militar do Estado). Naquela época, compunha-se, apenas, de um Auditor e de Conselhos de Justiça, especiais ou permanentes. Na falta de um órgão próprio de segundo grau, a jurisdição era exercida pela Câmara Criminal da Corte de Apelação, hoje, Tribunal de Justiça. A Constituição da República de 1946 posicionou a Justiça Militar estadual como órgão do Poder Judiciário dos Estados, orientação essa seguida pelas Constituições posteriores, e previu a criação de órgãos de Segunda Instância, ou seja, os Tribunais Militares (TJMG). 41 Em 1946, através do Decreto-lei nº 1.630, de 15 de janeiro de 1946 (Lei de Organização Judiciária do Estado e Regimento de Custas), foi ela reestruturada, com a criação do então chamado Tribunal Superior de Justiça Militar, sediado na Capital, como órgão de segundo grau de jurisdição, composto de três juízes, sendo um civil e dois militares, nomeados pelo Governador do Estado. Continuou a existir uma só Auditoria com três espécies de Conselhos de Justiça: o Especial, o Permanente e o de Corpo (TJMG). Em 22 de junho de 1954, a Lei nº 1.098 (Organização Judiciária) aumentou o número de juízes
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