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Inquérito-Policial-Militar

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1 
 
Sumário 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3 
2 ORIENTAÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE INQUÉRITO POLICIAL 
MILITAR .....................................................................................................................4 
2.1 Inquérito Policial Militar ......................................................................... 4 
2.2 Autuação .............................................................................................. 5 
2.3 Instauração ........................................................................................... 5 
2.4 Providências Preliminares .................................................................... 6 
2.5 Escrivão Do Ipm ................................................................................... 8 
2.6 Sigilo..................................................................................................... 8 
3 POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR .................................................................. 9 
3.1 Atos Do Escrivão ................................................................................ 10 
3.2 Atribuições Do Encarregado – Despachos ......................................... 11 
3.3 Assistência Do Ministério Público Militar ............................................ 12 
3.4 Sequência De Atos ............................................................................. 12 
4 PERÍCIAS E EXAMES .............................................................................. 13 
4.1 Depoimentos ...................................................................................... 17 
4.2 Busca ................................................................................................. 19 
4.3 Prova Testemunhal ............................................................................ 19 
4.4 Execução Das Diligências .................................................................. 21 
4.5 Prisão Do Indiciado ............................................................................ 22 
4.6 Sequestro Dos Bens........................................................................... 24 
4.7 Acareações ........................................................................................ 25 
4.8 Prazos Para Conclusão Do Ipm ......................................................... 26 
4.9 Relatório ............................................................................................. 26 
4.10 Solução .............................................................................................. 28 
4.11 Encaminhamento ao Judiciário .......................................................... 29 
 
2 
 
5 CRIME MILITAR ....................................................................................... 30 
5.1 Crime militar próprio e impróprio ........................................................ 34 
5.2 Indiciado ............................................................................................. 36 
5.3 Ampliação do Rol de Tipos Penais Militares ...................................... 37 
5.4 A questão do Homicídio doloso contra civil. ....................................... 38 
6 JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL ................................................................ 40 
7 JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO .................................................................. 42 
8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da 
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
4 
 
2 ORIENTAÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE INQUÉRITO POLICIAL MILITAR 
 
Fonte: s2.glbimg.com 
2.1 Inquérito Policial Militar 
 O Inquérito Policial Militar é a apuração sumária do fato, que nos termos 
legais, configura crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução 
provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à 
propositura da ação penal (BRASIL, 1969). 
 São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os exames, perícias e 
avaliações realizadas regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e com 
obediência às formalidades previstas neste Código (BRASIL, 1969). 
A finalidade do IPM é fornecer elementos à instauração da ação penal e o seu 
valor probante (CPPM, art. 9º, § único) está na seriedade de sua elaboração com a 
realização de perícias, avaliações, que não mais se repetem em Juízo. Provas que 
são produzidas por peritos idôneos e com obediência às formalidades legais 
(BRASIL, 1969). 
O encarregado do IPM deve restringir-se à apuração completa do fato ou 
fatos definidos na Portaria de sua designação. Surgindo outras infrações, não 
insertas no contexto da Portaria que determinou a abertura do IPM, cabe-lhe extrair 
 
5 
 
cópias dos elementos e encaminhá-los à autoridade delegante, sugerindo a 
instauração de outro inquérito ou solicitando as providências legais cabíveis 
(BRASIL, 1969). 
2.2 Autuação 
Todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num só 
processado e datilografadas, em espaço dois, com as folhas numeradas e 
rubricadas pelo escrivão (BRASIL, 1969). 
Autuar um IPM é elaborar a sua capa. Ela deve conter: 
a) nome do Ministério correspondente, escalão imediatamente superior e 
escalão considerado, incumbido de elaborar o IPM; 
b) nomes do Encarregado e do Escrivão do IPM; 
c) nome do indiciado (se houver mais de um, salientar o primeiro indiciado 
com o complemento (“e outro/a" ou "e outros/as"). 
Recomenda-se que, ao atingir o IPM 200 folhas, seja aberto outro volume, 
lavrando-se o competente termo. No IPM não há termo de encerramento. O termo 
de encerramento só se usa na fase judicial, por ordem da autoridade competente. 
2.3 Instauração 
O IPM é instaurado mediante portaria. A autoridade militar que exerce cargo 
de direção ou comando procederá ao inquérito ou delega a outro militar para, como 
Encarregado, elaborá-lo, na forma da legislação vigente. Neste caso, há a figura da 
autoridade delegante (a que exerce cargo de direção ou comando em cujo âmbito de 
jurisdição ocorreu à infração penal) que, através ofício, designa o encarregado do 
IPM, fazendo-o acompanhar, conforme o caso, de "parte" ou "representação" e 
outros documentos ou elementos da infração penal (BRASIL, 1969). 
O Encarregado é a autoridade delegada, incumbida de proceder à apuração 
do fato delituoso. Quando um militar recebe um ofício ou portaria que lhe designou 
para, como Encarregado, proceder à apuração de um fato delituoso, deve, de 
imediato, baixar a portaria instaurando o IPM. O IPM é instaurado pela portaria do 
Encarregado e não pelo ofício ou portaria da autoridade delegante (BRASIL, 1969). 
 
6 
 
O Cmt ou procede ao inquérito e, nessa hipótese, baixará portaria 
instaurando-o, presidindo-o, ou delega a competência para procedê-lo. Quando 
ocorrer a delegaçãoo Cmt, detentor da polícia judiciária militar, (CPPM, art. 7º) 
expedirá portaria, designando o Encarregado, e este a portaria de instauração do 
IPM. 
No curso do IPM, o Encarregado pode se deparar com dois problemas: 1º) a 
existência de indícios contra oficial de posto superior ao seu, mais antigo: 2º) ficar 
doente, ser transferido para a reserva ou de local (com emergência), etc. Em ambos, 
compete-lhe oficiar à autoridade delegante para que suas funções sejam atribuídas 
a outro oficial. Na primeira hipótese, prevista no artigo 10, § 5º, do CPPM, o prazo 
para a conclusão do inquérito é interrompido, voltando a fluir da designação do novo 
Encarregado (Art. 20, § 3º, do CPPM); na segunda, não se interrompe. Da mesma 
forma, quer no momento da designação, quer no curso do IPM, o Encarregado pode 
se considerar impedido ou suspeito (BRASIL, 1969). 
2.4 Providências Preliminares 
A espera da delegação não obsta que o oficial responsável por comando, 
direção ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja de dia, de serviço ou de 
quarto, tome ou determine que sejam tomadas, imediatamente, as providências 
previstas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento da infração penal que lhe 
incumbe reprimir ou evitar" (BRASIL, 1969). 
Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na 
ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º, do artigo l0, deverá, se possível, adotar 
as providências previstas no CPPM, art. 12, letras a, b, c, d. O IPM pode ser 
consequência de requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a 
represente, ou em virtude de representação devidamente autorizada de quem tenha 
conhecimento da infração penal, cuja repressão caiba à Justiça Militar. 
A autoridade delegante, em caso de dúvida sobre a existência da infração 
penal, procederá a uma sindicância, cujo resultado determinará a necessidade, ou 
não, da instauração do IPM. A sindicância tem duplo objetivo: 1º) evitar a sistemática 
instauração de IPM; 2º) acautelar a autoridade delegante contra a denunciação 
caluniosa (Art. 343 do Cód. P. Militar) e da ocorrência falsa (BRASIL, 1969). 
 
7 
 
É aconselhável que, mesmo não se tratando de crime militar, com inquérito 
policial instaurado na Polícia Civil ou flagrante lavrado, o Cmt (autoridade militar) 
proceda a uma sindicância sobre os fatos, desde que envolva militar. Da mesma 
forma, inúmeros fatos, que não tenham sua característica definida, devem ser 
apurados através sindicâncias. Além de acompanhar atos praticados pela polícia 
civil, a sindicância fornece elementos a OM, possibilitando às autoridades superiores 
uma apreciação da conduta, comportamento e outras atitudes do implicado (quer 
como autor, quer como vítima) na jurisdição militar (BASTOS, 1976). 
A sindicância efetivar-se-á verbalmente ou por escrito, mas a conclusão será 
sempre escrita. O rigorismo processual se ausenta das sindicâncias, embora 
recomendável sempre que possível, a observância das normas previstas para o 
IPM. O Escrivão é dispensável, nada obstando que o sindicante (oficial que procede 
a sindicância) solicite o concurso de um auxiliar (que substitui o Escrivão) para o 
cumprimento da missão (BASTOS, 1976). 
O sindicante concluirá se, do que resultou apurado, houve ou não indícios de 
infração penal militar, a fim de ser instaurado, ou não, o competente IPM, nos termos 
da alínea f, do artigo 10, do Código de Processo Penal Militar. O sindicante (oficial 
designado para proceder à sindicância) desempenhará sua missão da maneira mais 
objetiva possível, fornecendo à autoridade delegante todos os subsídios que se 
fizerem necessários à completa elucidação dos fatos, inclusive numerando e 
rubricando todas as folhas, em ordem cronológica, para in fine emitir parecer, 
submetendo-o à consideração superior, qual seja (BASTOS, 1976): 
1) inexistência de crime ou de transgressão disciplinar; 
2) transgressão disciplinar, declinando, se possível, qual ou quais os 
dispositivos legais infringidos pelo infrator; 
3) recomendar a instauração do IPM, nos termos da alínea f, do artigo 10, em 
face de existência de indícios de infração penal militar; etc... 
Após a juntada dos documentos e do ato que motivou a instauração da 
Sindicância, o Encarregado procederá, sempre que possível, para que haja uma 
sequência e atenda à ordem cronológica dos atos. O Encarregado da Sindicância, 
se quiser aprimorar seu parecer, dividi-lo-á da forma que entender conveniente. Por 
exemplo (BASTOS, 1976): 
I - Introdução: os motivos determinantes da Sindicância. 
 
8 
 
II - Diligências realizadas e análise das provas apuradas: extrato do que foi 
determinado, em sequência, atendendo aos despachos proferidos, na ordem 
cronológica; resumo das provas apuradas com todas as implicações. 
III - Conclusão: se houve crime, transgressão disciplinar, ou não; recomendar 
a instauração do IPM, na forma da lei, etc. 
2.5 Escrivão Do Ipm 
O Escrivão será designado pela autoridade delegante na própria Portaria de 
instauração do IPM, ou pelo Encarregado, se omissão houver. A designação 
precede dos devidos cuidados face ao posto do indiciado. Se oficial, recairá em 
segundo ou primeiro-tenente, não sendo vedada a escolha de oficial de posto 
superior ao de tenente. A lei não permite a nomeação de posto inferior ao de 
segundo-tenente como Escrivão do IPM quando o indiciado for oficial. Caso o 
indiciado não seja oficial, a escolha recairá em sargento, subtenente ou suboficial 
(BASTOS, 1976). 
Cabendo a designação ao Encarregado do IPM, embora sem precisar constar 
do IPM, comunicar-se-á ao Cmt (autoridade delegante) ou Cmt da OM (onde servir o 
militar designado). A substituição do Escrivão ocorrerá em duas circunstâncias, 
além, é claro, do impedimento e suspeição: 
 1º) quando os indícios recaírem contra oficial e, em consequência, sua 
indiciação. Se o Escrivão é sargento, subtenente ou suboficial será substituído por 
um Oficial; 
2º) em caso de doença, falecimento, transferência para a reserva, de local 
(com urgência) etc. 
2.6 Sigilo 
O Escrivão, fiel colaborador do Encarregado do Inquérito, funciona sob o 
compromisso de manter sigilo e de cumprir as determinações deste Código, no 
exercício da função. (CPPM, art. l1, parágrafo único). É dever de o Escrivão prestar 
toda assistência que se fizer necessária ao processamento, evitando possíveis 
lapsos ou equívocos na feitura ou em outro ato de que participe (BASTOS, 1976). 
 
9 
 
O sigilo no inquérito é indispensável ao êxito das investigações com o objetivo 
de não prejudicar as diligências delas decorrentes, em busca da verdade. Tal sigilo, 
no entanto, não abrange o advogado por força do inciso XIV, do art. 7º, da Lei nº 
8906/94, Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (BASTOS, 1976). 
3 POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR 
 
Fonte: segurancaecienciasforenses.com 
As autoridades enunciadas no artigo 7º do CPPM detêm a polícia judiciária 
militar, cuja competência está definida, amplamente, no artigo 8º do citado diploma 
legal. Podem, pois, apurar qualquer infração penal militar na área sob sua jurisdição, 
ou delegar a competência a outro militar para promover a apuração do fato delituoso 
através IPM (BASTOS, 1976). 
Deve-se estar sempre atento à hierarquia quando da indiciação do militar. O 
Encarregado do IPM, sempre que possível, (art. 15 do CPPM), será oficial de posto 
não inferior ao de capitão ou capitão-tenente. Obedecida à hierarquia, não há 
impedimento a que seja encarregado do Inquérito Policial Militar, oficial de posto 
inferior ao de capitão, se a OM não dispuser, de oficiais de postos referidos no 
citado artigo 15 (BRASIL, 1969). 
 
10 
 
A expressão sempre que possível admite exceções justificáveis, ensejando ao 
Cmt da OM utilizar-se de oficial disponível em sua Unidade. Sempre que possível, 
porém, atender-se-á ao artigo 15 do CPPM. O militar ao tomar conhecimento de um 
fato delituosodeve, imediatamente, comunicá-lo à autoridade militar superior para as 
providências cabíveis e legais pertinentes. Nada obsta que antecedam à instauração 
do inquérito policial militar. Nas providências, observar-se-ão as formalidades 
previstas no CPPM, a fim de servirem de elementos necessários ao IPM e à própria 
ação penal, se for o caso (BRASIL, 1969). 
3.1 Atos Do Escrivão 
Toda vez que o Encarregado do IPM determinar uma providência ou realizar 
uma diligência decorrente da apuração do fato delituoso, ordenará ao Escrivão lhe 
faça CONCLUSÃO dos autos (BRASIL, 1969). 
A CONCLUSÃO precederá a toda e qualquer manifestação do Encarregado 
nos autos. A seguir, obedecer-se-á uma sequência: CONCLUSÃO, DESPACHO 
(ordens emanadas do Encarregado para integral cumprimento, relativas ao fato 
delituoso), RECEBIMENTO, CERTIDÃO e JUNTADA. Esta sequência de atos do 
Escrivão, para facilitar a elaboração do IPM, far-se-á por carimbos, se houver. É o 
mesmo procedimento de a Justiça Militar nos processos. Além desses, nada impede 
o uso de outros. Todos os documentos recebidos pelo Encarregado do IPM e 
referentes ao Inquérito conterão o despacho determinando a juntada, salvo laudos 
periciais ou autos de exames, pois o Encarregado deve homologá-los ou não antes 
de determinar a juntada (BRASIL, 1969). 
Documento algum deve ser juntado aos autos sem a determinação, por 
escrito, do Encarregado do IPM. Indiciado, testemunha, ofendido ou quem quer que 
seja, pode oferecer documento. Ao Encarregado caberá o exame da conveniência, 
necessidade, ou utilidade para ordenar a juntada. Em caso positivo, proferirá 
despacho nesse sentido. As variedades de DESPACHOS, dada à multiplicidade de 
providências e diligências necessárias à elucidação da infração penal, impedem o 
uso de carimbo. Os atos em sequência (CONCLUSÃO, DESPACHO, 
RECEBIMENTO, CERTIDÃO, JUNTADA) praticar-se-ão um em seguida do outro, na 
mesma folha, ou na seguinte, se necessário o uso de folha isolada. Além de 
 
11 
 
economizar espaço, diminui a quantidade de folhas e o volume do inquérito. Todas 
as folhas do IPM serão numeradas e rubricadas pelo Escrivão (BASTOS, 1976). 
3.2 Atribuições Do Encarregado – Despachos 
O despacho é variável, dependendo das providências necessárias à 
elucidação da infração penal, da estrita competência do Encarregado do IPM, 
contendo determinações, recomendações, instruções, ordens, etc. Tudo que constar 
dos autos do Inquérito Policial Militar, precede de despacho do seu Encarregado no 
próprio documento, inserindo nos depoimentos, ou por termo nos autos. 
As atribuições do Encarregado são definidas nos artigos 12 e 13 do CPPM, 
além de outros dispositivos, recomendando-se a leitura dos seguintes: 
Artigo 12 - providências preliminares. 
Artigo 13 - medidas processuais, após instauração do IPM. 
Artigo 14 - assistência de Procurador. 
Artigo 300 - consignação de perguntas e respostas 
Artigo 301 - observância de normas do processo judicial na apuração do fato 
delituoso 
Artigo 321 - requisição de perícia e exame 
Artigo 323 - parágrafo único - procedimento de novo exame 
Artigo 328 - infração que deixa vestígio 
Artigo 329 - oportunidade do exame 
Artigo 331 - exame pericial incompleto 
Artigo 345 - exame de instrumentos do crime 
Artigo 347 - notificação das testemunhas 
Artigo 349 - requisição de militar ou funcionário público 
Artigo 356 - testemunhas suplementares 
Artigo 357 - testemunhas não computadas 
Artigo 391 - juntada da fé de ofício ou antecedentes. 
 
12 
 
3.3 Assistência Do Ministério Público Militar 
A solicitação de assistência de Membro do Ministério Público Militar é uma 
faculdade do Encarregado do IPM (Art. 14 do CPPM) quando se tratar de fato 
delituoso de excepcional importância ou de difícil elucidação. Tal faculdade, no 
entanto, não interfere na atribuição de controle externo da atividade da polícia 
judiciária por parte do Ministério Público (art. 3º da Lei Complementar nº. 75, de 20 
Mai 93). Tal solicitação, far-se-á, diretamente, ao Exmo. Sr. Procurador Geral de a 
Justiça Militar, em Brasília, por ofício, telegrama ou rádio, em caso de urgência. 
A assistência do Ministério Público Militar é sempre recomendável, se não 
necessária. Cabendo-lhe a titularidade da ação penal, estabelecerá, com o 
Encarregado do IPM, as linhas mestras mais importantes da infração penal a ser 
apurada (BRASIL,1969). 
3.4 Sequência De Atos 
Há uma sequência de atos que se processam no IPM. Primeiramente, a 
CONCLUSÃO do Escrivão, submetendo os autos à consideração do Encarregado. 
Este, por sua vez, profere DESPACHO, dando ordens para integral cumprimento e 
relacionadas com a apuração do ilícito penal militar. A seguir, o Escrivão exercita 
outro ato, que é o RECEBIMENTO, ou seja, assinala o dia em que os autos 
retornaram do Encarregado com o DESPACHO (BRASIL,1969). 
Tais atos podem e devem ser praticados, sempre que possível, aproveitando-
se todos os espaços do papel, mas obedecendo, sistematicamente, a ordem 
cronológica, sem necessidade de lançá-los isoladamente, em outra folha. 
A seguir, após o RECEBIMENTO, o Escrivão expedirá, nos autos, uma 
CERTIDÃO com ou sem carimbo. Neste termo processual, é certificado o 
cumprimento das ordens emanadas do Encarregado do Inquérito. Em alguns casos, 
pode o Escrivão detalhar os atos que praticou e justificar os que deixaram de 
cumprir. Imediatamente, para novas determinações do Encarregado, fará 
CONCLUSÃO. Compete ao Escrivão conferir o original com a fotocópia apresentada 
para juntada aos autos. Nunca é demais relembrar a obediência à ordem 
cronológica, ao aproveitamento dos espaços dentro do IPM e à sequência dos atos. 
 
13 
 
O parágrafo único do artigo 21 (CPPM), dispõe: “De cada documento junto, a 
que precederá despacho do encarregado do inquérito, o Escrivão lavrará o 
respectivo termo, mencionando a data”. Face ao texto legal, o Escrivão lavrará o 
termo de juntada, datilografando ou com carimbo, antecedendo o documento cujo 
ingresso nos autos foi determinado por despacho, datado, aposto nele próprio, do 
Encarregado do IPM. 
A ordem cronológica da apresentação dos documentos observar-se-á 
rigorosamente. Se forem vários documentos despachados no mesmo dia, bastará 
um só termo de juntada. Os termos de inquirição de testemunhas, indiciado, 
acareação, por participarem o Encarregado e o Escrivão dispensam a JUNTADA. O 
Encarregado deve despachar os documentos e ofícios, que pertencem ao IPM, 
ordenando a juntada. Com essa medida, evitar-se-á uma sequência de termos 
(CONCLUSÃO - que precede ao despacho; RECEBIMENTO - posterior ao 
despacho; CERTIDÃO - que cumpriu o despacho). Basta o termo de JUNTADA 
precedendo o documento ou ofício. Os laudos serão homologados, ou não, nos 
moldes do artigo 321 do CPPM. 
4 PERÍCIAS E EXAMES 
 
Fonte: contabeis.com.br 
 
14 
 
 
Toda vez que a infração deixar vestígio é obrigatório o exame de corpo de 
delito, direto ou indireto, que poderá ser feito em qualquer dia ou hora. O 
Encarregado do Inquérito atentará para as respostas dos quesitos, constantes do 
Auto de Exame de Corpo de Delito, para, se for o caso, proceder a Exame 
Complementar, definidor da gravidade das lesões. A natureza da lesão influencia na 
qualidade e quantidade da pena: se leve, detenção, podendo desclassificar de crime 
para infração disciplinar; se grave, reclusão (BRASIL,1969). 
No primeiro exame, os peritos podem concluir da necessidade de novo exame 
na vítima (complementar). O Encarregado solicitá-lo-á de acordo com o artigo 331 
do CPPM. Os artigos do CPPM, abaixo discriminados merecem atenciosa leitura: 
Artigo 301 - Observância no inquérito de disposições e atos realizados na 
fase judicial. 
Artigo 321 - Requisição de perícia e exame e homologação dos regularmente 
realizados. 
Artigo 324 - Ilustração dos laudos com fotogramas, microfotografias, 
desenhos, esquemas, devidamente rubricados.Artigo 328 - A indispensabilidade do exame do corpo de delito. 
Artigo 329 - O exame de corpo de delito realizar-se-á em qualquer dia e hora. 
Far-se-á o exame pericial sempre que possível. É prova de excepcional importância, 
procedida logo após o evento, nos delitos que deixam vestígios. Analisada em 
conjunto com as demais provas, fornecerá às autoridades subsídios valiosos à 
convicção e decisão da causa. 
O Encarregado do Inquérito - integrante da polícia judiciária militar - 
requisitará da polícia civil e repartições civis e militares, informações, medidas, 
pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídio do IPM. Pela folha de 
antecedentes penais do indiciado, verificar-se-á sua situação jurídico penal 
(primário, reincidente), aclarando-se as dúvidas no juízo competente. Na requisição 
da folha de antecedentes, o Encarregado não deve omitir a qualificação completa 
(nome dos pais, data do nascimento, etc.) do indiciado para coibir equívocos com 
homônimos. 
Recomenda-se a leitura dos seguintes artigos do CPPM: 
Artigo 8º - Competência da polícia judiciária militar. 
 
15 
 
Artigo 301 - Observância no inquérito de normas atinentes à fase judiciária. 
Artigo 391 - Juntada da fé de ofício, folha de antecedentes penais e a 
individual datiloscópica do indiciado. 
A juntada aos autos do extrato da fé de ofício, ou assentamentos e alterações 
do indiciado militar é imposição do artigo 391 do Código de Processo Penal Militar. 
São elementos indispensáveis à avaliação da conduta, personalidade e 
comportamento do acusado. Outro elemento valioso é a cópia do Relatório do 
Inquérito Técnico. Há normas próprias que disciplinam a feitura do referido Inquérito. 
O Encarregado do IPM procederá à reprodução simulada dos fatos para 
dirimir dúvidas, desde que não contrarie a moralidade ou a ordem pública, nem 
atente contra a hierarquia e a disciplina militar, conforme preceitua o parágrafo único 
do artigo 13, do Código de Processo Penal Militar. Tem grande utilidade para saber-
se se o crime foi praticado desta ou daquela maneira, corroborar ou destruir versões 
do indiciado e das testemunhas (BRASIL,1969). 
A avaliação é sempre necessária quando há dano, subtração, destruição ou 
apropriação indébita da coisa, nos termos da alínea g, do artigo 13 do CPPM. Entre 
suas finalidades, destacam-se: 
- estimar o prejuízo para ressarcimento da Fazenda Nacional pelo agente 
causador do evento, se for o caso; 
- pelo quantum do prejuízo, o Juiz, na dosagem da pena a ser aplicada, 
poderá transformar de reclusão em detenção, até considerá-la infração disciplinar 
(BRASIL, 1969). 
Os peritos serão, de preferência, Oficiais da ativa, observada a especialidade 
(Art. 48, do CPPM), cujo compromisso integrará o Auto de Avaliação, quando 
firmado pelo Encarregado do IPM, ou lavrar-se-á, em separado, quando feito sem a 
presença dele. Realizada a perícia e lavrado o competente Auto de Avaliação, só 
dependerá de homologação pelo Encarregado se este não firmar o Auto, sendo a 
perícia enviada pelos peritos àquela autoridade, nos termos do artigo 321 do CPPM. 
A avaliação será direta nos termos do artigo 342 do CPPM e indireta quando 
não possível pelo desaparecimento ou subtração da coisa, sem recuperação. Neste 
caso, os peritos se louvarão nos elementos contidos nos autos e através de 
pesquisas ou diligências, nos termos da parágrafo único do Art. 342 do CPPM. 
 
16 
 
Quando a perícia ou o exame for noutra jurisdição, expedir-se-á precatória 
(Art. 346, § único) sendo os quesitos transcritos na carta, obedecendo-se os artigos 
283, 359, 360 e 361 do Código de Processo Penal Militar. 
Os artigos 240, § 1º - furto atenuado, 250 - apropriação indébita atenuada, e 
253 - estelionato e outras fraudes, atenuados, todos do Código Penal Militar, 
merecem leitura. As nomeações de peritos recairão, de preferência, em oficiais da 
ativa, atendida a especialidade, nos termos do Art. 48 do CPPM, observando-se a 
hierarquia. Recomenda-se ao Encarregado do IPM o cuidado de consultar, 
antecipadamente, o Cmt da OM onde servem os Oficiais sobre sua nomeação para 
peritos. 
Caso não haja óbice (quer pelo Cmt da OM, quer pelos escolhidos) expedir-
se-á o ofício com todos os dados necessários à elaboração da perícia. O Auto de 
Avaliação dispensa o Termo de Compromisso de Perito e qualquer outro despacho, 
quando realizado em dia e hora previamente designados e na presença do 
Encarregado do IPM, por ocasião da sua lavratura. Caso, no entanto, a perícia não 
se proceda na presença do Encarregado do IPM (autoridade nomeante), o auto, 
assinado pelos peritos e pelas testemunhas, remetido ao Encarregado, exige o 
Compromisso. O Auto ou Laudo deverá ser preciso, simples e objetivo, não 
comportando divagações, procurando os Peritos responder aos quesitos que lhes 
foram formulados e outros que entenderem de direito, da maneira mais clara 
possível, evitando-se dupla interpretação ou ambiguidade de solução (BASTOS, 
1976). 
A autópsia é indispensável em qualquer evento que resulte morte. Somente 
através dela definir-se-á a causa mortis, cujo conhecimento é necessário para evitar-
se o chamado crime impossível: matar quem já está morto. Pode a ação ou omissão 
do agente indiciado ser desferida num alvo sem vida (enfarte, embolia ou outra 
enfermidade cardíaca ou correlata). O médico que haja tratado do morto, em sua 
última doença, não poderá efetuá-la. Normalmente, há um prazo de seis horas para 
o exame, porém se os peritos realizarem-no antes, declarará nos autos (BRASIL, 
1969). 
O esclarecimento da verdade pode ensejar a exumação (Art. 338 do Código 
de Processo Penal). Quando os exames periciais têm a participação do Encarregado 
do IPM, sendo por ele designados dia e hora para a diligência técnica, que conta 
 
17 
 
com a sua presença, o COMPROMISSO é inserto nos autos. A homologação está 
implícita na presença do Encarregado e do Escrivão e no despacho ordenando a 
juntada dos Autos ao IPM. A nomeação dos peritos sem fixação de data para o 
exame técnico, importa na obrigatoriedade do Termo de Compromisso e 
homologação da perícia realizada pelo Encarregado, caso não necessite de 
esclarecimentos ou de novo exame por outros e experts (BRASIL, 1969). 
O Encarregado examinará o Auto do Exame de Corpo de Delito, 
principalmente nas respostas aos quesitos e, se necessário, determinará a 
realização do Exame Complementar (BRASIL, 1969). 
4.1 Depoimentos 
 
Fonte: www.adventista.edu.br 
Todas as peças do inquérito serão datilografadas em espaço dois, conforme 
determinação do artigo 21 do CPPM. Nos depoimentos, o Encarregado observará, 
dentre outras normas, as seguintes: 
a) horário da audição (Art. 19 do CPPM); 
b) precisar, quando possível, dia, hora e local onde ocorreu o crime (Art. 22 
do CPPM); 
c) consignar as perguntas feitas e, imediatamente, as respostas dadas, com o 
máximo de exatidão aos termos (Art. 300 do CPPM); 
 
18 
 
d) observância, no inquérito, de atos que se realizam na fase judicial (Art. 301 
do CPPM); 
e) nomeação de curador quando o indiciado for menor de 21 anos, apenas 
para assistir o indiciado durante o interrogatório e aos atos em que tenha de 
participar. Dispensa compromisso formal e a escolha recairá, sempre, em Oficial. É 
importante na fase do inquérito para maior tranquilidade da prova colhida e 
satisfação do princípio constitucional de amplitude de defesa; 
f) presença de testemunhas para o ato que se realiza: interrogatório do 
indiciado. O posto ou graduação não pode ser inferior ao do militar acusado. Trata-
se de testemunhas do ato e não do fato. Muitos confundem e procuram tumultuar as 
testemunhas, chamadas instrumentais, fazendo-lhes perguntas sobre os fatos, que 
ignoram. Devem ser bem esclarecidas de sua presença naquele ato e do que podem 
depor: 
- que assistiram ao interrogatório; 
- o que ouviram e conduta do Encarregado do IPM; 
- a forma datomada dos depoimentos, sem coação física ou moral e a 
espontaneidade das declarações, com a extrema cautela da exatidão na 
consignação. 
g) o comparecimento de militar, assemelhado ou funcionário público será 
requisitado ao respectivo Chefe, pela autoridade que ordenar a notificação (Art. 349 
do CPPM); 
h) se o infrator for Oficial-General, comunicar-se-á o fato ao Ministro ou Chefe 
do Estado Maior competente, obedecidos os trâmites regulamentares (§ 4º do Art. 
10 do CPPM). 
Recomenda-se a leitura atenciosa dos seguintes artigos do CPPM: 
Artigo. 10, § 1º - Superioridade ou igualdade de postos do infrator. 
Artigo 10, § 4º - Oficial-General como infrator. 
Artigo 10, § 5º - Indícios contra oficial de posto superior ou mais antigo no 
curso do inquérito. 
Artigo l3, c - Atribuição do Encarregado do IPM. 
Artigo 20, § 3º - Dedução em favor dos prazos. 
Artigo 21 - Datilografia em espaço dois. 
Artigo 22 - Indicação de dia, hora e local onde ocorreu o fato delituoso. 
 
19 
 
Artigo 289 - Agregação de oficial processado. 
Artigo 290 - Mudança de residência de acusado civil. 
Artigo 300 - Consignação das perguntas e respostas. 
Artigo 301 - Observância no inquérito de disposições e atos realizados na 
fase judicial. 
Artigo 306, § 1º - Nomeação de curador. 
Artigos 307, 310 - Confissão do indiciado. 
Artigo 349 - Requisição de militar ou funcionário. 
Artigo 392 - Proibição de transferência ou remoção. 
Artigo 393 - Proibição de transferência para a reserva. 
Artigo 394 - Dever do exercício da função ou serviço militar. 
4.2 Busca 
No desenvolvimento da apuração do ilícito penal militar, se necessário, 
proceder-se-á à busca domiciliar ou pessoal, sempre observando- se o art. 5º, inciso 
XI da Constituição da República, que trata da inviolabilidade do domicílio. A busca 
domiciliar ou pessoal é, muitas vezes, dispensável, outras, necessárias à apuração 
da materialidade do crime e da autoria. O mandado deverá constar a providência, 
sua finalidade, procedimento com revista pessoal, destruição de obstáculo, em 
mulher, etc., conforme regulam os artigos 170 a 184 do CPPM. 
Lavrar-se-á Auto circunstanciado da busca, seu resultado, assistido por duas 
testemunhas. O modelo do mandado de busca e apreensão segue os requisitos do 
artigo 178 do Código de Processo Penal Militar. Sua execução, por oficial, obedece 
à hierarquia do posto de quem a vai sofrer, se militar (BRASIL, 1969). 
O executor procederá na forma dos artigos 179 e seguintes do CPPM. 
Recomenda-se a leitura dos artigos 170 a 189 do CPPM. 
4.3 Prova Testemunhal 
A prova testemunhal é a mais falha, mas de suma importância na apuração 
do fato delituoso. É a função da testemunha, em relação ao processo, que lhe dá 
denominação própria. Há testemunhas de acusação, arroladas pelo Ministério 
 
20 
 
Público com a denúncia, que não excedem de seis (numerárias), podendo, em caso 
de três réus, ou mais, ser acrescida de mais três (numerárias). 
Testemunhas de defesa são as arroladas pelo defensor do réu, não se 
admitindo mais de três para cada réu. Testemunha informante e referida não são 
computadas nesse limite. Considera-se informante aquela pessoa que depõe, mas 
impedida de prestar compromisso; referida, a mencionada em algum depoimento. 
Competindo ao Juiz dirigir a ação penal no intuito do esclarecimento da verdade 
pode ouvir testemunhas novas, não referidas: são as testemunhas suplementares. 
Da mesma forma que não é computada a pessoa que, arrolada, nada sabe sobre o 
fato, permite-se a substituição, sem ultrapassar, o limite legal (BASTOS, 1976). 
Havendo mais de três réus, o Promotor poderá arrolar mais três testemunhas. 
Informantes e referidas, não poderão exceder de três. Convém, em ligeira síntese, 
destacar: 
a) audição durante o dia em período que medeie entre as sete e dezoito 
horas, exceto em caso de urgência inadiável; após quatro horas consecutivas de 
inquirição observar-se-á um descanso de meia hora; 
b) intérprete para o caso do indiciado ou testemunha não saber falar 
compreender, ou não se expressar, com exatidão, na língua nacional; 
c) a consignação das perguntas formuladas e respostas dadas com a 
exatidão dos termos empregados pelo indiciado e testemunhas. 
d) as intimações e notificações far-se-ão por meio de carta, telegrama, 
comunicação telefônica ou pessoal, certificando-se nos autos, antecedendo, no 
mínimo, de vinte e quatro horas, do ato a que se referirem. 
e) o comparecimento de militar, assemelhado ou funcionário público, 
dependerá de requisição ao respectivo chefe; 
f) as autoridades dispensadas de comparecer para depor (Art. 350, letras a e 
b do CPPM) ajustarão com o Encarregado o local, dia e hora para a audição. Neste 
sentido, a iniciativa compete ao Encarregado do IPM; 
g) as testemunhas, após o compromisso legal, são inquiridas, cada uma, de 
per si, vedado o conhecimento do depoimento da outra; 
h) só poderão eximir-se de depor as testemunhas referidas no artigo 354 e 
estão proibidas de depor as do artigo 355, ambos do Código de Processo Penal 
Militar; 
 
21 
 
i) se a testemunha estiver servindo, ou residindo noutro local (ou jurisdição), 
expedir-se-á precatória à autoridade militar superior do local, atendidas, sempre, as 
normas de hierarquia. Com a precatória seguirão os documentos mencionados no 
artigo 361 do CPPM e os quesitos formulados. O falso testemunho está disciplinado 
no artigo 346 do Código Penal Militar. Recomenda-se a leitura dos seguintes artigos 
do Código de Processo Penal Militar: 
Letra “d”, do artigo 13 - Medidas do Encarregado do IPM; 
Letra “i”, do artigo 13 - Proteção às testemunhas; 
Artigo 19 - Inquirição durante o dia, prazo, etc..; 
Artigo 288 - Meios de intimações ou notificações de testemunhas; 
Artigo 291 - Antecedência das intimações ou notificações às testemunhas; 
Artigo 298 - Intérprete; 
Artigo 300 - Consignação das perguntas e respostas; 
Artigo 311 - Observância no inquérito de disposições e atos realizados na 
fase judiciária; 
Artigo 347 a 364 - Capítulo referente às testemunhas. 
4.4 Execução Das Diligências 
Realizada a diligência, lavrar-se-á o competente Auto, circunstanciado, cujos 
requisitos estão especificados no artigo 189, seu parágrafo único, alíneas “a”, “b” e 
“c” do Código de Processo Penal Militar. Os executores da diligência devem tomar 
cautelas necessárias e legais ao cumprimento da missão: a) a presença de duas 
testemunhas no acompanhamento de todos os atos; b) conferência da descrição e 
relação das coisas apreendidas com o especificado no referido Auto. 
Pode ocorrer caso em que os executores nada encontrem. Mesmo assim, 
deverá lavrar o Auto onde será narrado "que realizada a diligência, nada foi 
encontrado." Dentre outras finalidades, tal procedimento resguarda a legitimidade do 
ato praticado pela autoridade, não obstante o fracasso da diligência. 
Recomenda-se a leitura dos seguintes artigos do CPPM: 
Letra “h”, do art. 13 - Medidas tomadas pelo Encarregado do IPM; 
Artigos 172 e 189 - Providências que recaem sobre coisas e pessoas, onde 
estão explicitados: finalidade, espécies de busca, busca domiciliar, compreensão do 
 
22 
 
termo “casa”, oportunidade de busca domiciliar, ordem de busca, procedência e 
mandado, conteúdo do mandado, procedimento, presença do morador, ausência do 
morador, casa desabitada, rompimento de obstáculo, reposição, busca pessoal, 
revista pessoal, revista independentemente de mandado, busca em mulher, busca 
no curso do inquérito, requisição à autoridade civil, apreensão de pessoas e coisas, 
correspondência aberta, documento em poder do defensor, território de outra 
jurisdição, apresentação à autoridade local, pessoa sob custódia, requisitos do Auto, 
conteúdo do Auto. 
Artigo 301 - Observância do inquérito às disposições e atos realizados na fase 
judicial. 
4.5 Prisão Do Indiciado 
 
Fonte: www.ucsal.br 
Apesar do artigo 18 do CPPM autorizaro Encarregado do IPM a deter o 
indiciado até trinta (30) dias durante as investigações policiais, o art. 5º, inciso LXI, 
da Constituição da República, impõe que a prisão de qualquer pessoa, salvo em 
caso de flagrante delito ou nos crimes propriamente militares, somente se faça 
mediante ordem judicial fundamentada. Expedido o mandado de prisão, com os 
requisitos do artigo 225 do Código de Processo Penal Militar, seus executores serão, 
sempre, militares de posto superior ao do indiciado preso. 
 
23 
 
A prisão efetivar-se-á em qualquer dia e hora, respeitando-se a garantia da 
inviolabilidade do domicílio (Artigo 226 do CPPM). O prazo para conclusão do IPM 
varia do máximo de 20 dias, se o indiciado estiver preso há 40 dias, se solto 
(BRASIL, 1969). O prazo do indiciado preso só começará a fluir da data em que se 
efetivar a prisão. 
Justamente pela ocorrência de dias entre a expedição do mandado e o 
cumprimento da ordem de prisão, em alguns casos, o IPM concluir-se-á em trinta ou 
quarenta dias com o indiciado preso. Não há prorrogação de IPM com indiciado 
preso, a não ser “por dificuldade insuperável, a critério do ministro de Estado 
competente (BRASIL, 1969). 
O Encarregado do IPM encaminhará expediente (no caso, um ofício), 
acompanhado de três vias (o original e duas cópias) do mandado de prisão do 
indiciado. Das três vias, o original será devolvido, por ofício, ao Encarregado do IPM 
com o recibo datado e assinado pelo indiciado; uma via ficará em poder do indiciado 
e a outra, com a autoridade incumbida de manter o preso sob sua guarda. 
Recomenda-se a leitura dos seguintes artigos do CPPM: Parágrafo único do 
artigo 225 - Assinatura do mandado de prisão. 
Artigo 237 - Entrega de preso. Formalidades e recibo. 
Artigo 238 - Transferência e recolhimento à nova prisão. 
Artigo 239 - Separação de prisão. 
Artigo 240 - Local de prisão; 
Artigo 241 - Respeito à integridade e assistência do preso; 
Artigo 242 - Prisão especial e prisão de praças. 
O Encarregado do IPM ao receber ofício capeando o mandado de prisão 
expedido e cumprido, despachará no próprio ofício, ordenando a juntada aos autos. 
O Escrivão procederá ao determinado, lavrando o competente termo de JUNTADA 
que, como sempre, antecederá aos documentos. No ofício, informar-se-á o 
cumprimento do mandado de prisão; o local onde se encontra recolhido o indiciado; 
ou, então, sua apresentação ao Encarregado do IPM para as providências devidas, 
dentre outras: 
a) ouvir o indiciado; encaminhá-lo à autoridade que custodiará o preso (Art. 23 
do CPPM). 
 
24 
 
No mandado de prisão, o indiciado passará recibo, datado, no original, 
ficando uma das vias em seu poder (Art. 225, § único do CPPM). Cumprido o 
mandado de prisão, o Encarregado do IPM comunicará, imediatamente, à 
autoridade judiciária competente (Juiz-Auditor da respectiva jurisdição), declinando 
os motivos que a determinaram (ou juntar cópia do mandado de prisão e o local de 
seu recolhimento). A comunicação é obrigatória nos termos do Art. 5º, inciso LXII da 
Constituição da República. 
4.6 Sequestro Dos Bens 
 
Fonte: www.tudorondonia.com 
Existindo indícios veementes da proveniência ilícita dos bens, o Encarregado 
do IPM solicitará da autoridade judiciária competente o sequestro dos bens 
adquiridos com os proveitos da infração penal, mesmo se já transferidos a terceiros 
por qualquer forma de alienação, abandono ou renúncia. O pedido antecederá o 
término do inquérito, através de despacho nos autos do Encarregado, no qual 
determinará a extração das peças necessárias à comprovação do alegado e o 
encaminhamento à autoridade judiciária competente (BRASIL, 1969). 
As providências que recaem sobre coisas, previstas nos artigos 199 a 219 do 
CPPM (sequestro, hipoteca legal e arresto), têm por finalidade resguardar o 
 
25 
 
patrimônio sob a administração militar de danos causados pela prática da infração 
penal. 
Há flagrante diferença conceptual entre sequestro e arresto. No sequestro, os 
bens são adquiridos com os proventos da infração penal pelo indiciado (ilicitamente); 
no arresto, os bens são licitamente adquiridos pelo indiciado, mas legitimam a 
medida para acautelar a satisfação do dano, por ele causado na prática do crime, ao 
patrimônio sob a administração militar. 
Em qualquer hipótese, - sequestro ou arresto - o pedido pode ser feito à 
autoridade judiciária competente, antes de concluído o IPM. Como exemplos de atos 
praticados pelo indiciado, justificadores do sequestro de bens, entre outros, citamos 
os seguintes: Apropriação, pelo indiciado, de considerável quantia de uma OM e a 
consequente compra, para si, ou terceiros, de imóvel, carro, etc. Os bens adquiridos 
resultaram do produto da infração penal, sujeitando-se ao sequestro. 
No arresto, os bens do indiciado (presumivelmente lícitos, legais) respondem 
pelo dano causado com a prática da infração penal ao patrimônio sob a 
administração militar. Ditas providências são ordenadas, sempre, pela autoridade 
judiciária competente e nunca pelo Encarregado do IPM, que as solicita, fornecendo 
os elementos necessários. 
O sequestro dos bens do indiciado é solicitado pelo Encarregado à autoridade 
judiciária militar competente. O ofício é simples e explícito, instruído dos documentos 
e provas necessárias ao deferimento da medida. São órgãos de a Justiça Militar: I - 
o Superior Tribunal Militar; II – a Auditoria de Correição; III - os Conselhos de 
Justiça; IV - os Juízes-Auditores e os Juízes-Auditores Substitutos. 
Quando houver mais de uma Auditoria na Circunscrição onde ocorreu a 
infração penal, o ofício será remetido àquela cujo Juiz-Auditor for o mais antigo, por 
ser, também, o distribuidor. 
4.7 Acareações 
Sempre que houver divergência, omissão, obscuridade em depoimentos ou 
declarações (de acusados, de testemunhas, entre acusado e testemunha, acusado 
ou testemunha e a pessoa ofendida, ou entre ofendidos), poderá o Encarregado 
 
26 
 
proceder à acareação, tratada de maneira clara e precisa nos artigos 365 e 367 do 
CPPM. 
As comunicações referidas no DESPACHO são às seguintes autoridades: a 
autoridade judiciária competente, autoridade delegante e à autoridade responsável 
pela custódia do preso. 
A acareação será procedida em dia e hora previamente designados pelo 
Encarregado do IPM objetivando aclarar divergências em declarações sobre fatos ou 
circunstâncias relevantes. É precisa, concisa, objetiva e limitada. 
O Encarregado do IPM observará o comportamento dos acareados para 
melhor apreciação, a posteriori, da conduta de cada um. Da argúcia e inteligência do 
Encarregado dependerá o êxito da acareação. 
4.8 Prazos Para Conclusão Do Ipm 
No caso de indiciado solto, o prazo para conclusão do IPM é de quarenta dias 
contados da data de instauração do IPM. Prorrogar-se-á por mais vinte dias, se 
solicitado à autoridade delegante, ou superior a esta, demonstrando a necessidade 
da dilatação do prazo para complementação de diligências indispensáveis à 
elucidação dos fatos. 
4.9 Relatório 
"O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o encarregado 
mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com a 
indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se 
há infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-se neste último 
caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos 
termos legais" (BRASIL, 1969). 
O relatório será elaborado, de preferência, com o IPM já devidamente 
montado, facilitando sobremodo a sua feitura. “No caso de ter sido delegada a 
atribuição para a abertura do inquérito, o seu encarregado, enviá-lo-á à autoridade 
de que recebeu a delegação, para que lhe homologue ou não a solução, aplique 
 
27 
 
penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar, ou determine novas 
diligências, se as julgarnecessárias" (BRASIL, 1969). 
Vê-se que o relatório é um resumo de tudo que foi realizado no IPM, inclusive 
destacando os resultados obtidos (ou a análise das provas apuradas) para concluir: 
- se há infração disciplinar a punir; 
- se há infração disciplinar a punir e indício de crime; 
- se há indício de crime; 
- Inexistência de infração disciplinar a punir e de indício de crime. 
"Discordando da solução dada ao inquérito, à autoridade que o delegou 
poderá avocá-lo e dar solução diferente." (CPPM, art. 22, § 2º). Em qualquer 
circunstância, a autoridade militar não poderá arquivar os autos do IPM, embora 
conclusivo da inexistência de crime ou de infração disciplinar a punir, nos termos do 
artigo 24 do CPPM. Os autos do IPM, seja qual for à conclusão, mesmo se tratar-se 
de crime comum, devem ser remetidos à Auditoria da Justiça Militar da CJM 
correspondente, à qual caberá decidir qual das hipóteses se verificou, tipificando o 
crime ou julgando-se incompetente com a remessa à autoridade judiciária 
competente. 
Convém salientar que os instrumentos do crime e os objetos que interessem a 
sua prova acompanham os autos do IPM, quando remetidos à Justiça militar (Art. 23 
do CPPM). Ressalvada a coisa julgada e a extinção da punibilidade (BRASIL, 1969) 
o arquivamento do IPM não impede a instauração de outro inquérito se surgirem 
fatos novos. Recomenda-se a leitura dos artigos 22 a 25 do CPPM. 
Com o recebimento dos autos do Encarregado, após a inserção do Relatório, 
o Escrivão lavrará o termo de REMESSA do IPM à autoridade delegante 
devidamente autuado. A numeração e rubrica de todas as folhas, as JUNTADAS 
antecedendo os documentos e obedecendo, rigorosamente, a ordem cronológica, 
dentre outras, devem constituir-se objeto de meticuloso exame do Escrivão. 
Concluído e devidamente preparado o IPM, o Encarregado expedirá ofício à 
autoridade delegante encaminhando-o, juntamente com os instrumentos do crime e 
objetos que interessam à sua prova, selecionando-os, de preferência, em volumes 
que deverão ser lacrados e identificados, correspondentes a cada Auto de Busca e 
Apreensão lavrado no inquérito. 
 
28 
 
Facilitar-se-á, dessa maneira, quantos tenham a missão de compulsar e 
examinar tais documentos e objetos. 
4.10 Solução 
Consoante o artigo 22 §§ 1º e 2º do CPPM, compete à autoridade delegante a 
solução do IPM homologando ou discordando da conclusão, avocando, nesta 
hipótese, o IPM e solucionando como entender de direito. Várias são as hipóteses 
de solução: 
- quando constituir crime (comum ou militar); 
- quando constituir, apenas, transgressão disciplinar; 
- quando não constituir crime nem transgressão disciplinar. 
Convém ressaltar que a solução da autoridade delegante não será definitiva, 
pois o IPM tem que ser encaminhado à apreciação da Justiça Militar a quem caberá 
à decisão final. Ocorrem casos em que a autoridade delegante entende não haver 
crime e na Justiça é decidido de modo diverso e vice - versa. Na solução de um IPM 
a autoridade delegante deve recomendar todas as providências solicitadas pelo 
Encarregado que entender de direito: ratificar o pedido de prisão preventiva, caso 
não tenha sido decretada; ratificar o pedido de sequestro de bens, ou arresto, etc. 
Enfim, salientar na solução as providências que julgar necessárias e legais que o 
caso requer. 
Recomenda-se a leitura dos seguintes dispositivos legais: Do Código de 
Processo Penal Militar: 
Artigo 7º - Exercício da polícia judiciária militar. 
Artigo 8º - Competência da polícia judiciária militar. 
Artigo 9º - Finalidade do IPM. 
Artigo 10 - Modo de instauração. 
Artigo 18 - Detenção do indiciado, prorrogação de prazo do IPM, etc. 
Artigo 20 - Prazos para terminação do inquérito, prorrogação, diligências não 
concluídas, dedução em favor dos prazos. 
Artigo 22 - Relatório, conclusão, avocação do IPM. 
Artigo 24 - Proibição de arquivamento de IPM. 
Artigo 25 - Instauração de novo IPM. 
 
29 
 
Do Código Penal Militar: 
Artigo 319 - Prevaricação 
Artigo 322 - Condescendência criminosa 
Artigo 324 - Inobservância de lei, regulamento ou instrução 
Artigo 333 - Violência arbitrária. 
Lei nº 4898, de 09/12/1965 - Regula o direito de representação e o processo 
de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade. 
4.11 Encaminhamento ao Judiciário 
Os autos do IPM serão remetidos à autoridade judiciária competente onde 
ocorreu a infração penal, através da cadeia de comando militar, obedecendo-se às 
diretrizes baixadas (se for o caso) pela autoridade militar da Força Armada 
respectiva, mais graduada na área, dentro das atribuições do seu Comando 
(BRASIL, 1969). 
Quando houver mais de uma Auditoria na Circunscrição competente (local da 
infração), far-se-á a remessa àquela cujo Juiz-Auditor for o mais antigo, por ser, em 
consequência, o distribuidor (BRASIL, 1969). 
Acompanharão os autos do IPM os instrumentos utilizados na prática da 
infração penal e os objetos que interessam à prova, devendo ser conferido na 
presença do portador do expediente pelo servidor da Justiça Militar, que passará 
recibo datado do que receber na 2ª via do ofício, livro, protocolo, ou em documento 
hábil da autoridade remetente. 
 
30 
 
5 CRIME MILITAR 
 
Fonte: canalcienciascriminais.com.br 
Para Assis (2007), crime Militar é “toda violação acentuada ao dever militar e 
aos valores das instituições militares. Distingue-se da transgressão disciplinar por 
que esta é a mesma violação, porém na sua manifestação elementar e simples. A 
relação entre crime militar e transgressão disciplinar é a mesma que existe entre 
crime e contravenção” (Apud, SOUZA, 2017). 
Desde o princípio da civilização o crime militar tinha tratamento diferenciado 
dos crimes praticados pelos civis. Cada nação e país definiam de modo muito 
diversificado, variando de acordo com a época e discricionariedade dos governantes 
e legisladores de cada povo e, posteriormente, de cada Estado. Geralmente, de 
acordo com os seus costumes e precedentes jurídicos, o crime militar seria 
caracterizado e diferenciado dos crimes comuns (SOUZA, 2017). 
Algumas vezes, os crimes militares serão caracterizados em razão da pessoa 
(ratione personae), quando se verificar a qualificação de militar como agente 
delinquente. Observemos a jurisprudência do Supremo Tribunal Militar neste 
sentido: 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR. 
NEGADO PROVIMENTO. MANUTENÇÃO DO DECISUM A QUO QUE 
DECLAROU COMPETENTE ESTA JUSTIÇA CASTRENSE PARA JULGAR 
 
31 
 
O FEITO.UNÂNIME. Recurso ministerial arguindo a incompetência do Juízo 
da 2ª Auditoria da 3ª CJM e pleiteando o declínio da competência dessa 
Justiça Especializada em favor da Justiça Criminal Estadual, com a 
consequente remessa dos autos ao Juiz Distribuidor da Comarca de 
Bagé/RS. Militares que, no interior de uma boate se envolveram em briga, 
causando mútuas lesões corporais. Apesar do fato ter ocorrido fora do 
ambiente da caserna, verifica-se a competência desta Justiça Castrense 
para apreciar e julgar o feito, ex vi do art. 9º, inciso II, alínea "a", do CPM. A 
expressão "militar da ativa" difere da expressão "militar em serviço", tendo 
em vista que a primeira é mais abrangente do que a segunda. 
Independentemente do local onde for praticado o crime, se dentro ou fora 
de lugar sujeito à administração militar, o militar da ativa não perde essa 
qualidade, devendo demonstrar disciplina e respeito pelos valores das 
Forças Armadas. No caso, os envolvidos sabiam que ostentavam o status 
de militar, pois serviam na mesma OM, e já tinham se indisposto em outro 
episódio semelhante. Os fatos tiveram grande repercussão no quartel e 
extrapolaram a vida privada dos envolvidos; foram amplamente divulgados 
na caserna e geraram graves consequências, a ponto de a Organização 
Militar transferir um dos militares para outra Unidade. Inconteste, portanto a 
competênciadesta Justiça Castrense para processar e julgar o presente 
feito. Recurso a que se nega provimento. Unânime. (STM – Acórdão 
0000112-09.2016.7.03.0203 - RS– Rel. Min. Marcus Vinicius Oliveira dos 
Santos – J. Em 23/03/2017) (Apud, SOUZA, 2017). 
Por outras vezes, os crimes militares serão caracterizados em razão da 
matéria (ratione materiae), que esteja diretamente ligada à vida militar e que seja 
matéria propriamente castrense, por mais insignificante que isso pareça. Analisemos 
a jurisprudência do STM neste sentido: 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DORMIR EM SERVIÇO. ART. 203 DO 
CPM. REJEIÇÃO DE DENÚNCIA. PROVIMENTO DO RECURSO 
MINISTERIAL. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR 
PARA O JULGAMENTO DE CIVIL EM FACE DO LICENCIAMENTO DO 
MILITAR. REJEITADA. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DO 
CONSELHO PERMANENTE DE JUSTIÇA PARA JULGAR O 
DENUNCIADO. NÃO 15 CONHECIDA. PRELIMINAR DE 
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 203 DO CPM POR SER DELITO DE 
PERIGO ABSTRATO. REJEITADA. NO MÉRITO, INDÍCIOS DE AUTORIA 
MATERIALIDADE. PROVIMENTO UNÂNIME. Militar que, em tese, durante 
o horário de serviço, abandona o posto de guarda do portão principal do 
Quartel para dormir. Rejeita-se a preliminar de incompetência da Justiça 
Militar para julgamento do presente feito em razão do licenciamento do 
militar. O licenciamento do Denunciado do serviço ativo não constitui 
ausência superveniente de pressuposto de prosseguibilidade da ação penal 
militar, sendo indispensável que o agente ostente essa condição apenas 
quando da ação delituosa, o que é o caso dos autos. (...) O fato de a norma 
penal tipificar um delito de perigo abstrato, por si só, não a acomete de 
inconstitucionalidade. Por vezes, é tão imperiosa a proteção de determinado 
bem jurídico que se faz necessária e eficaz tal definição. Unânime. (...) 
Recurso provido, para, cassando a decisão recorrida, receber a Denúncia 
oferecida e determinar a baixa dos autos à Auditoria de origem para o 
regular prosseguimento do feito. Unânime. (STM – Acórdão 0000190-
42.2016.7.12.0012 –AM – Rel. Min. Marcus Vinicius Oliveira dos Santos – J. 
Em 09/05/2017) (Apud SOUZA, 2017). 
 
32 
 
 Para que se observe a multiplicidade de fatores que determinam a 
possibilidade de caracterização do crime militar, citemos ainda o critério em 
razão de período ou tempo (ratione temporis), normalmente adotado em 
períodos de guerra, manobras e exercícios militares e, ainda que indesejável, 
em períodos de intervenção estatal e restrição de direitos. Um exemplo possível 
para esta possibilidade era a decorrente da atuação de “assemelhados”, 
daqueles que eram responsáveis pela condução e manejo de veículos e 
embarcações pertencentes a comboios de ação militar. Tal possibilidade não é 
possível nos dias contemporâneos, considerando as atuais normas do 
ordenamento jurídico brasileiro regentes da atividade e vida castrenses. 
 O Estatuto dos Militares prevê, em seu art. 3º, § 2º, que o pessoal 
componente de instituições consideradas como reserva das Forças armadas só 
será considerado militar quando convocado ou mobilizado para o serviço, 
portanto, serão integrantes regulares e efetivos membros da Marinha, Exército 
ou Aeronáutica. 
Art. 4º São considerados reserva das Forças Armadas: (...) II - no seu 
conjunto: (...) § 1° A Marinha Mercante, a Aviação Civil e as empresas 
declaradas diretamente devotada às finalidades precípuas das Forças 
Armadas, denominada atividade efeitos de mobilização e de emprego, 
reserva das Forças Armadas. § 2º O pessoal componente da Marinha 
Mercante, da Aviação Civil e das empresas declaradas diretamente 
relacionadas com a segurança nacional, bem como os demais cidadãos em 
condições de convocação ou mobilização para a ativa, só serão 
considerados militares quando convocados ou mobilizados para o serviço 
nas Forças Armadas. 
Consideremos ainda o critério em razão do lugar (ratione loci), que em virtude 
do local da prática delitiva, em áreas sujeitas à administração militar, transforma os 
crimes comuns em crimes militares (COIMBRA, 2012). Para exemplificar a aplicação 
deste critério em nosso país, trago jurisprudência exemplificativa do STM: 
 Apelação. Competência da Justiça Militar da União. Militar licenciado. 
Posse de substância entorpecente no interior de Unidade Militar. Crime 
impropriamente militar. Inviabilidade de aplicação da Lei nº 11.343/06. 
Antinomia de segundo grau. Prevalência do Princípio da Especialidade. 
Dolo eventual caracterizado. O art. 290 do CPM é crime de natureza 
impropriamente militar. Assim, pode ser cometido por militares ou por civis, 
uma vez que a competência constitucional da Justiça Militar da União é 
ratione materiae. Ademais, a justiça castrense é especializada e prevalente 
sua legislação em relação à comum, porquanto possui bens jurídicos 
próprios. Preliminar de declinação de competência em face da justiça 
comum denegada. Alegação de ausência de dolo por esquecimento de 
posse de substância entorpecente não configurada. Conduta a título de dolo 
 
33 
 
eventual caracterizada pelos seguintes fatores: I) a devida instrução; II) a 
ciência das revistas realizadas no âmbito da OM; e III) o uso de substâncias 
ilícitas fora do quartel acabou por assumir a ocorrência do resultado. (STM – 
Acórdão 0000133-74.2015.7.05.0005 – PR – Rel. Min. Péricles Aurélio Lima 
de Queiroz – J. Em 09/03/2017) (SOUZA, 2017). 
Ocorre que, diante dos inúmeros critérios possíveis, se faz necessário trazer a 
utilização de um novo delimitador, de um novo parâmetro de caracterização que 
traga maior segurança jurídica. É temeroso submeter o jurisdicionado tão somente à 
discricionariedade administrativa e judicial para que seja definido se sua conduta 
delitiva enquadrar-se-á como um crime comum ou como um crime de natureza 
militar. Com um pensamento semelhante quanto à caracterização, Coimbra Neves e 
Streifinger5citam um precioso ensinamento: 
 Essa diversidade, no entanto, não impede que em determinado país a 
lei enumere critérios seguros para a definição do crime militar e, tampouco, 
que a doutrina daquela época já fizesse a cisão entre os crimes 
propriamente ou essencialmente militares e os crimes impropriamente ou 
acidentalmente militares (Apud SOUZA, 2017). 
 
Diante de tantos parâmetros possíveis, que podem se sobrepor, a norma 
penal é capaz de delimitar o crime e diminuir os conflitos decorrentes da 
multiplicidade de caracterização do delito. No estado brasileiro, optou-se que a lei 
estabelecesse critérios mais seguros e tipificasse as condutas consideradas como 
crimes. Quis o legislador de 1969, o do Código Penal Militar, adotar como critério 
para configuração do crime militar a ratione legis. No Brasil, o crime militar é aquele 
assim definido pelo Código Penal Militar, que englobou em seu texto as quatro 
razões classificatórias comentadas, em razão da pessoa, da matéria, do período ou 
tempo e do local do crime (SOUZA, 2017). 
A adoção da ratione legis não é algo exclusivo do legislador brasileiro, pois 
também é adotado em alguns países europeus como Alemanha, Espanha e Itália. 
Analise-se o ensinamento que é trazido por Coimbra Neves e Streifinger: 
O critério ratione legis é adotado, deve-se notar, não só no Brasil, mas 
também em países como Alemanha, Itália e Espanha. O art. 20 do Código 
Penal Militar espanhol, a Ley Orgánica n. 13, de 9 de dezembro de 1983, 
por exemplo, dispõe que são delitos militares aquelas ações e omissões, 
dolosas ou culposas, apenadas pelo respectivo Código, exaltando, assim, o 
critério ratione legis (Apud SOUZA, 2017). 
 
34 
 
Assim como o Estado Brasileiro se inspirou nas experiências jurídicas desses 
países em outras áreas, como o direito constitucional e penal. A exemplo deste 
último, principalmente, o direito penal militar também se abastece dos ensinamentos 
jurídicos do Velho Mundo. Seguramente, este é o melhor modo para a classificação 
do crime militar, pois traz a almejada segurançaquanto à tipicidade, consagrando 
este instituto que adequa os fatos concretos ao modelo legal previsto na norma 
penal (SOUZA, 2017). 
5.1 Crime militar próprio e impróprio 
Quanto à classificação, os crimes militares se apresentam como próprios e 
impróprios. De acordo com a redação do art. 9º do Código penal Militar: 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso 
na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, 
salvo disposição especial; 
II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual 
definição na lei penal comum, quando praticados: 
 a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na 
mesma situação ou assemelhado; 
 b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à 
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou 
assemelhado, ou civil; 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de 
natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à 
administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da 
reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
 e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o 
patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar: 
 f) (revogada). 
 III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, 
contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os 
compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: 
 a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem 
administrativa militar; 
 b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de 
atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da 
Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; 
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, 
observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou 
manobras; d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra 
militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de 
vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou 
judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência 
a determinação legal superior. Parágrafo único. Os crimes de que trata este 
artigo quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil serão da 
competência da justiça comum, salvo quando praticados no contexto de 
ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de 
 
35 
 
dezembro de 1986 – Código Brasileiro de Aeronáutica ( Apud SOUZA, 
2017). 
Apesar da caracterização do crime militar ocorrer considerando-se a ratione 
legis, é necessário lembrarmos que não há um dispositivo no Código Penal Militar 
que consiga definir o crime militar próprio, ou crime propriamente militar, e muito 
menos que consiga diferenciá-lo do crime militar impróprio, ou crime impropriamente 
militar. Tal diferenciação ainda dependerá de um suporte da doutrina e 
jurisprudência (SOUZA, 2017). 
Os crimes militares próprios são aqueles que possuem uma única previsão, 
constando apenas no Código Penal Militar, sem guardar qualquer correspondência 
ou relação com as demais normas legais, principalmente com o Código Penal 
comum. Os crimes militares próprios são cometidos apenas por militares, não 
podendo ser da autoria de cidadãos comuns, nunca cometido por civis. Como 
exemplo, observe-se o crime de deserção, que somente encontra-se previsto no art. 
187 do Código Penal Militar, que pode ser cometido apenas por militar e, para tanto, 
é considerado como crime militar próprio (SOUZA, 2017). 
Os crimes militares impróprios são aqueles que possuem duas previsões, 
constando simultaneamente no Código Penal Militar e no Código Penal comum. 
Poderá ainda constar em outras normas penais, devendo guardar igual definição do 
tipo descrito. Poderá, ainda, o crime estar descrito apenas no Código Penal Militar, 
porém, deverá o sujeito ativo do ilícito penal ser um civil. Como exemplo, cito o crime 
de homicídio, que encontra previsão no art. 205 do Código Penal Militar e também 
no art. 121 do Código Penal, considerando que militares e civis podem cometê-lo e, 
logo, configura-se como crime militar impróprio (SOUZA, 2017). 
É muito relevante o estudo desta temática no que concerne ao crime militar. 
Especialmente, porque surge situação que nos é imposta, muito mais, pelo Direito 
Processual Penal Militar e Direito Constitucional do que pelo Direito Penal 
substantivo propriamente. Sempre haverá, em decorrência da caracterização e 
classificação do crime militar, a possibilidade de restrição apuratória da 
Administração Militar e da competência da Justiça Militar (SOUZA, 2017). 
Dentro do campo processual e constitucional, deve-se lembrar a afirmação de 
alguns estudiosos quanto à recepção em parte do art. 18 do Código de Processo 
 
36 
 
Penal Militar pela Constituição Federal, mais incisivamente pelo seu art. 5º, LXI. 
Assim dispõe o art. 18: 
Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar 
detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a 
detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser 
prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval 
ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do 
inquérito e por via hierárquica (SOUZA, 2017). 
Note-se que pelo dispositivo transcrito é possível a detenção do indiciado sem 
a existência de flagrante delito ou de ordem judicial fundamentada em crimes 
militares. O tema abordado é polêmico e não será exaurido neste momento, pois 
será nosso objeto de análise mais adiante. Entretanto, desde já fica registrado para 
o leitor a importância de caracterização do crime militar, haja vista a possibilidade de 
medidas diversas daquelas comumente empregadas no inquérito policial comum 
(SOUZA, 2017). 
5.2 Indiciado 
Indiciado é a denominação dada ao suspeito da prática de um delito 
devidamente subsumido e sobre quem recaiam os trabalhos de investigação. Para 
ser indiciado, necessariamente deve existir uma suspeita minimamente razoável 
contra alguém, para que se possa indiciá-lo. No decorrer do trabalho investigativo, 
poderão surgir outros indiciados no decorrer do inquérito, como ocorre nas situações 
em que se constata a existência de coautores. Assim, vale a lição de Alexandre 
Morais da Rosa (2013) sobre o indiciamento: 
O indiciamento é ato formal pelo qual o sujeito passa a ocupar o lugar de 
indicado, isto é, a declaração pelo Estado de que há indicativos 
convergentes sobre sua responsabilidade penal, com os ônus daí 
decorrentes. A presunção de inocência veda o indiciamento arbitrário. Não 
pode ser considerado como mero ato automático. Pressupõe a apuração da 
materialidade da infração e informação suficiente de autoria (Apud SOUZA, 
2017). 
O indiciamento é a imputação a alguém, através de um inquérito policial (em 
nosso caso, o militar) da prática do ilícito penal, quando existem fatos ou indícios 
que convergem na direção de uma ou mais pessoas. Só devem ser indiciadas, 
 
37 
 
portanto, as pessoas que tenham contra si indícios de autoria do crime que está 
sendo apurado (SOUZA, 2017). 
O indiciamento não pode ser um ato arbitrário e muito menos discricionário. 
Uma vez presentes os requisitos probatórios, o indiciamento deve ser realizado, pois 
não é algo facultativo à autoridade de Polícia Judiciária Militar. A questão é baseada 
na legalidade do ato. O suspeito, que é aquele que se produziu prova a respeito da 
autoria da infração, terá de ser indiciado. Será considerado mero suspeito aquele 
indivíduo sobre quem paire frágeis indícios, insuficientes para determinaçãode 
autoria, não podendo ser alvo de indiciamento (SOUZA, 2017). 
O indiciamento não deve ser considerado como uma necessidade inicial do 
Inquérito Policial Militar. Não é a partir de um indiciamento prematuro que devem 
partir as investigações. O trabalho resultante de todo a investigação, através da 
tomada de depoimentos, coleta de provas e realização de diligência, é este trabalho 
resultante que deverá levar a um correto indiciamento. O indiciamento não 
configurará constrangimento ilegal, desde que a existência de indícios convergentes 
ao indiciado tenha sido observada. A medida de indiciamento, por si só, não enseja 
em atentado contra o princípio da presunção de inocência, apesar dos efeitos que 
possam advir de um possível etiquetamento social (SOUZA, 2017). 
5.3 Ampliação do Rol de Tipos Penais Militares 
Ao alterar a redação do art. 9º do CPM, a Lei 13.491/17 alargou a definição de 
crime militar para albergar figuras típicas inexistentes no CPM, mas existentes na 
legislação penal comum, quando praticados pelos militares federais e por civis 
quando se trata da competência da Justiça Militar da União (JMU) e pelos militares 
estaduais, no âmbito da competência da Justiça Militar Estadual (JME), numa das 
hipóteses do inciso II do art. 9º do CPM. 
De todas as hipóteses previstas no inciso II do art. 9º do COM, a maior 
incidência é aquela praticada pelo militar em serviços ou em razão da função, 
porquanto são as situações em que o militar pratica um fato típico penalmente no 
exercício de sua atribuição constitucional e legal, cuja apuração dos fatos deve ser 
realizada pela Polícia Judiciária Militar que tem atribuição constitucional para tanto 
 
38 
 
(art. 144, § 4º, in fine) e o processo e julgamento será realizado perante a JMU (art. 
124, CF), ou perante a JME (ROTH, 2018). 
Agora, com a novel Lei, além dos crimes previstos no COM, também os 
delitos previstos na legislação penal comum como por exemplo, abuso de 
autoridade, tortura, disparo de arma de fogo e outros crimes previstos no Estatuto do 
Desarmamento, homicídio culposo ou lesões corporais culposas na direção de 
veículo automotor e outros crimes previstos no Código de Transito Brasileiro, crimes 
previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, na Lei de Licitações etc., quando 
praticado pelo militar numa das hipóteses do inciso II do art. 9º do CPM, são, desde 
a publicação da Lei 13.491 de 16.10.17, considerados crimes militares (ROTH, 
2018). 
5.4 A questão do Homicídio doloso contra civil. 
Ressalvado da competência da JME desde a Lei 9.299/96 e com o advento 
da Emenda Constitucional 45/04 que alterou a redação do artigo 125, § 4º, da CF, 
assegurada ficou a competência do júri popular quando se tratar de crime doloso 
contra vítima civil (ROTH, 2018). 
Todavia, esta ressalva constitucional ficou limitada na esfera da JME, não 
alcançando a JMU, não só porque a Lei 9.299/96 foi declarada, inconstitucional pelo 
STM, por meio de controle difuso de constitucionalidade (AC 1997. 01.006449/RJ – 
Rel. Min. Aldo da Silva Fagundes – J. 17.03.98, mas também porque a redação da 
EC 45/2004 não contemplou a JMU na ressalva da competência do Júri (ROTH, 
2018). 
Assim, em boa hora foi promulgada a Lei 13.491/17 inserido o § 2º no artigo 
9º do CPM estabelecendo expressamente a competência da JMU para processar e 
julgar os crimes dolosos contra a vida de civil quando praticados por militares das 
Foças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) no exercício de suas atribuições 
constitucionais e legais. Assim, se o crime de homicídio doloso for praticado por um 
militar contra civil durante o cumprimento de missão determinada pelo Presidente da 
República ou do Ministro da Defesa, ou de ação que envolva a segurança de 
instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante, ou em atividade 
militar em operação de paz, ou no curso de uma operação de garantia da lei e da 
 
39 
 
ordem (GLO – Lei Complementar nº 97/99) ou decorrente de ação militar, como 
aquela prevista na Lei nº 9.614/98 (Lei do Abate), ou na defesa ou apoio a Justiça 
Eleitoral, a competência para o processo e julgamento será, por expressa previsão 
da novel lei, da JMU, e não da Justiça Federa (ROTH, 2018). 
A lei recém promulgada também inseriu no artigo 9º do CPM uma regra 
peremptória no § 1° prescrevendo que: “Os crimes de que trata este artigo, quando 
dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, será da competência do 
Tribunal do Júri”. Note-se, portanto, que ao tratar dos crimes dolosos conta vida de 
civil o legislador ressalvou a competência do júri quando tais delitos forem praticados 
por militar estadual, ou por militar federal fora do contexto das missões das Forças 
Armadas, situação essa que já era objeto da Lei 9.299/96 e posteriormente foi 
constitucionalmente tratada na EC 45/04 (ROTH, 2018). 
Enfim, comentado os principais aspectos da Lei 13.491/17 que alterou o artigo 
9º do CPM, ampliando o rol dos delitos militares e a competência da Justiça Militar, 
da Justiça Militar, em apertada síntese e sem esgotar o tema, passemos a enfrentar 
o desafio proposto (ROTH, 2018). 
Inegável que o legislador com a Lei 13.491/17 buscou na correspondente 
alteração legislativa dois propósitos: de um lado, ampliar a competência da Justiça 
Militar aumentando, em consequência, o rol de crimes de natureza militar incluindo a 
categoria do que aqui denominamos crimes de natureza militar incluindo a categoria 
do que aqui denominamos crimes militares por extensão, ou seja, os crimes 
existentes na legislação comum que, episodicamente, constituem-se crimes militares 
quando preencherem um dos requisitos do inciso II do artigo 9º do CPM; de outro 
lado, tornar a JMU competente para processar e julgar os crimes dolosos contra a 
vida de civil praticados por integrantes das Forças Armadas quando no contexto das 
atribuições definidas § 2º do art. 9º CPM, afastando assim a competência do Júri 
nesses casos específicos (ROTH, 2018). 
 
40 
 
6 JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL 
 
Fonte: transformamp.com 
Até 1934, nenhuma das Constituições brasileiras fazia referência à Justiça 
Militar dos Estados. Apenas a Constituição de 1934, embora não dispusesse 
expressamente sobre a Justiça Militar, conferiu à União competência privativa para 
legislar sobre organização, instrução, justiça e garantias das forças policiais dos 
Estados, bem como condições gerais de utilização destas em caso de mobilização 
ou de guerra (TJMG). 
Em vista de tal disposição constitucional, a Lei Federal nº 192, de 17 de 
janeiro de 1936, autorizou a organização da Justiça Militar nos Estados. 
Em Minas Gerais, a Justiça Militar foi criada pela Lei nº 226, de 9 de 
novembro de 1937 (Organiza a Justiça Militar do Estado). Naquela época, 
compunha-se, apenas, de um Auditor e de Conselhos de Justiça, especiais ou 
permanentes. Na falta de um órgão próprio de segundo grau, a jurisdição era 
exercida pela Câmara Criminal da Corte de Apelação, hoje, Tribunal de Justiça. 
A Constituição da República de 1946 posicionou a Justiça Militar estadual 
como órgão do Poder Judiciário dos Estados, orientação essa seguida pelas 
Constituições posteriores, e previu a criação de órgãos de Segunda Instância, ou 
seja, os Tribunais Militares (TJMG). 
 
41 
 
Em 1946, através do Decreto-lei nº 1.630, de 15 de janeiro de 1946 (Lei de 
Organização Judiciária do Estado e Regimento de Custas), foi ela reestruturada, 
com a criação do então chamado Tribunal Superior de Justiça Militar, sediado na 
Capital, como órgão de segundo grau de jurisdição, composto de três juízes, sendo 
um civil e dois militares, nomeados pelo Governador do Estado. Continuou a existir 
uma só Auditoria com três espécies de Conselhos de Justiça: o Especial, o 
Permanente e o de Corpo (TJMG). 
Em 22 de junho de 1954, a Lei nº 1.098 (Organização Judiciária) aumentou o 
número de juízes

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