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FÁRMACOS QUE ATUAM NO TRATO GI

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FÁRMACOS QUE ATUAM NO TRATO GASTROINSTESTINAL 
Por que o sistema digestório – também referido como sistema gastrintestinal – é de tanto interesse? A 
razão é que, atualmente, as doenças gastrintestinais correspondem a cerca de 10% do dinheiro gasto em 
cuidados de saúde. Muitas destas condições, como azia, indigestão, gases e constipação, são problemas 
que causam mais desconforto do que riscos à saúde, mas o seu significado não deve ser subestimado. 
 
• ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO 
O sistema digestório inicia com a cavidade oral (boca e faringe). O alimento ingerido entra no trato 
gastrintestinal (trato GI), que consiste em esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. 
A digestão, a quebra química e mecânica do alimento, ocorre principalmente no lúmen do intestino. Ao 
longo do caminho, secreções são adicionadas ao alimento por células secretoras epiteliais e por órgãos 
glandulares acessórios, que incluem as glândulas salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. A 
mistura pastosa de alimento e secreções é conhecida como QUIMO. 
O trato GI é um longo tubo com paredes musculares alinhadas por um epitélio secretor e transportador. 
Os produtos da digestão são absorvidos através do epitélio intestinal e passam para o líquido intersticial. 
De lá eles vão para o sangue ou para a linfa e são distribuídos para todo o corpo. Qualquer resíduo 
remanescente no lúmen ao final do trato GI deixa o corpo através de uma abertura, chamada de ânus. 
 
➢ O SISTEMA DIGESTÓRIO É UM TUBO 
Na CAVIDADE ORAL, os primeiros estágios da digestão iniciam com a 
mastigação e a secreção da saliva por três pares de glândulas salivares: 
glândulas sublinguais, glândulas submandibulares e glândulas 
parótidas. 
O alimento deglutido passa pelo ESÔFAGO, com as paredes constituídas 
de músculo esquelético no terço superior, mas sofrem transição para 
músculo liso nos dois terços inferiores. 
O ESTÔMAGO tem três seções: o fundo superior, o corpo central e o 
antro inferior. O estômago continua a digestão que iniciou na boca, 
misturando o alimento com ácido e enzimas para criar o quimo. A abertura 
entre o estômago e o intestino delgado, ou piloro (porteiro), é protegida 
pela válvula pilórica. Esta faixa espessa de músculo liso relaxa para 
permitir que apenas pequenas quantidades de quimo entrem no intestino 
delgado simultaneamente. 
A maior parte da 
digestão ocorre no 
INTESTINO DELGADO, que possui três seções: o 
duodeno (os primeiros 25 cm), o jejuno e o íleo (os 
últimos dois, juntos, têm cerca de 260 cm de 
comprimento). A digestão é realizada por enzimas 
intestinais, auxiliadas por secreções exócrinas de dois 
órgãos glandulares acessórios: o pâncreas e o fígado. As 
secreções desses dois órgãos entram na porção inicial do 
duodeno por ductos. Um esfíncter tonicamente contraído (o esfíncter hepatopancreático, ou esfincter de 
Oddi) impede que o líquido pancreático e a bile entrem no intestino delgado, exceto durante uma refeição. 
A digestão termina no intestino delgado, e quase todos os nutrientes digeridos e os fluidos secretados são 
absorvidos lá, deixando cerca de 1,5 litro de quimo por dia passar para o INTESTINO GROSSO. No colo – a 
secção proximal do intestino grosso – o quimo aquoso transforma-se em fezes semissólidas à medida que a 
água e os eletrólitos são absorvidos do quimo para o líquido extracelular (LEC). Quando as fezes são 
propelidas para a seção terminal do intestino grosso, conhecida como reto, a distensão da parede retal 
desencadeia o reflexo de defecação. As fezes deixam o trato GI pelo ânus, sendo que o esfincter anal 
externo, constituído de músculo esquelético, está sob controle voluntário. 
Em uma pessoa viva, o sistema digestório da boca até o ânus tem cerca de 450 cm de comprimento. Deste 
comprimento, 395 cm consistem nos intestinos grosso e delgado. 
 
 
 
 
➢ A PAREDE DO TRATO GASTRINTESTINAL POSSUI QUATRO CAMADAS 
A parede intestinal consiste em quatro camadas: (1) uma mucosa interna virada para o lúmen, (2) uma camada 
conhecida como submucosa, (3) camadas de músculo liso, conhecidas coletivamente como muscular externa, 
e (4) uma cobertura de tecido conectivo, denominada serosa. 
 
❖ Mucosa 
A mucosa, o revestimento interno do trato gastrintestinal, tem três camadas: uma única camada de epitélio 
mucoso virado para o lúmen; a lâmina própria, tecido conectivo subepitelial que segura o epitélio no lugar; 
e a muscular da mucosa, uma fina camada de músculo liso. Várias modificações estruturais aumentam a 
área da superfície da mucosa, a fim de aumentar a absorção. 
1. O epitélio mucoso possui a mais variável característica do trato GI, mudando de seção para seção. As 
células da mucosa incluem células epiteliais transportadoras (chamadas de enterócitos no intestino 
delgado), células secretoras endócrinas e exócrinas, e células-tronco. 
Na superfície MUCOSA do epitélio (apical), as células secretam íons, enzimas, muco e moléculas 
parácrinas para o lúmen. Na superfície SEROSA do epitélio (basolateral), as substâncias absorvidas 
do lúmen e as moléculas secretadas por células epiteliais entram no LEC. 
As junções célula a célula que unem as células epiteliais do trato GI variam; elas possuem plasticidade 
e a sua permeabilidade e seletividade podem ser reguladas em algum grau. 
As células-tronco GI são células indiferenciadas que se dividem rapidamente e produzem de forma 
contínua um novo epitélio nas criptas e nas glândulas gástricas. A duração média de uma célula 
epitelial GI é de apenas poucos dias, um bom indicador da vida dura que essas células têm. Como 
ocorre em outros tipos de epitélio, a rápida renovação e a taxa de divisão celular no trato GI torna 
esses órgãos suscetíveis ao desenvolvimento de câncer. 
 
2. A lâmina própria é o tecido conectivo subepitelial que contém fibras nervosas e pequenos vasos 
sanguíneos e linfáticos. Os nutrientes absorvidos passam para o sangue e para a linfa aqui. Esta 
camada também contém células imunes patrulhadoras, como macrófagos e linfócitos, que 
patrulham invasores que tenham entrado através de rupturas do epitélio. 
No intestino, coleções de tecido linfoide adjacente ao epitélio formam pequenos nódulos e grandes 
placas de Peyer, que criam inchaços visíveis na mucosa. Estes agregados linfáticos constituem a maior 
parte do tecido linfático associado ao intestino (GALT). 
 
3. A muscular da mucosa, uma fina camada de músculo liso, separa a lâmina própria da submucosa. A 
contração dos músculos dessa camada altera a área de superfície efetiva para absorção por mover as 
vilosidades em vai e vem. 
 
❖ Submucosa 
A submucosa é a camada média da parede do intestino. Ela é composta de tecido conectivo com grandes 
vasos sanguíneos e linfáticos passando por ela. A submucosa também contém o plexo submucoso, uma 
das duas principais redes nervosas do sistema nervoso entérico. O plexo submucoso (também chamado de 
plexo de Meissner) inerva as células na camada epitelial, bem como o músculo liso da muscular da mucosa. 
 
❖ Muscular externa 
A parede externa do trato gastrintestinal, a muscular externa, consiste primariamente de duas camadas de 
músculo liso: uma camada interna circular e uma camada externa longitudinal. A contração da camada 
circular diminui o diâmetro do lúmen. A contração da camada longitudinal encurta o tubo. O estômago possui 
uma terceira camada incompleta de músculo oblíquo entre a camada muscular circular e a submucosa. 
A segunda rede nervosa do sistema nervoso entérico, o plexo mioentérico, situa-se entre as camadas 
musculares longitudinal e circular. O plexo mioentérico (também chamado de plexo de Auerbach) controla e 
coordena a atividade motora da camada muscular externa. 
 
 
 
❖ Serosa 
O revestimento exterior de todo o trato digestório, a serosa, é uma membrana de tecido conectivo que é 
uma continuação da membrana peritoneal (peritônio) que reveste a cavidade abdominal.O peritônio também 
forma o mesentério, que mantém o intestino no lugar para que ele não fique enroscado quando se move. 
 
• FUNÇÕES E PROCESSOS DIGESTÓRIOS 
O sistema usa quatro processos básicos: digestão, absorção, secreção e motilidade. A digestão é a quebra, 
ou degradação, química e mecânica dos alimentos em unidades menores que podem ser levadas através do 
epitélio intestinal para dentro do corpo. A absorção é o movimento de substâncias do lúmen do trato GI 
para o líquido extracelular. A secreção no trato GI possui dois significados: ela pode significar o movimento 
de água e íons do LEC para o lúmen do trato digestório (o oposto da absorção), mas pode também significar 
a liberação de substâncias sintetizadas pelas células epiteliais do GI tanto no lúmen quanto no LEC. A 
motilidade é o movimento de material no trato GI como resultado da contração muscular. 
O sistema digestório enfrenta três desafios significativos: 
1. Evitar a autodigestão. O alimento que comemos está principalmente sob a forma de macromoléculas, 
como proteínas e carboidratos complexos, de modo que o nosso sistema digestório precisa secretar 
enzimas potentes para digerir os alimentos em moléculas que sejam pequenas o suficiente para serem 
absorvidas pelo corpo. Ao mesmo tempo, entretanto, essas enzimas não devem digerir o próprio trato 
GI (autodigestão). Se os mecanismos protetores contra a autodigestão falharem, escoriações, 
conhecidas como úlceras pépticas, desenvolvem-se nas paredes do trato GI. 
2. Balanço de massa. Outro desafio que o sistema digestório enfrenta diariamente é a manutenção do 
balanço de massa por meio da combinação da entrada e saída de líquidos. As pessoas ingerem cerca 
de 2 litros de líquido por dia. Além disso, as glândulas e as células exócrinas secretam 
aproximadamente 7 litros de enzimas, muco, eletrólitos e água no lúmen do trato GI. Este volume de 
líquido secretado é o equivalente a um sexto da água corporal total (42 litros), ou mais de duas vezes 
o volume plasmático de 3 litros. Se o líquido secretado não puder ser absorvido, o corpo desidratará 
rapidamente. 
Normalmente, a absorção é muito eficiente, e apenas cerca de 100 mL de líquido é perdido nas fezes. 
Entretanto, vômito e diarreia (fezes excessivamente aquosas) podem se tornar uma emergência 
quando as secreções GI são perdidas para o ambiente, em vez de serem reabsorvidas. Em casos 
graves, esse líquido perdido pode diminuir o volume do líquido extracelular a ponto de o sistema 
circulatório ser incapaz de manter a pressão sanguínea adequada. 
3. Defesa. O desafio final que o sistema digestório enfrenta é proteger o corpo de invasores estranhos. 
Ao contrário do que se imagina, a maior área de contato entre o meio interno e o mundo exterior 
está no lúmen do sistema digestório. Como consequência, o trato GI, com sua área de superfície total 
do tamanho aproximado de uma quadra de tênis, enfrenta diariamente o conflito entre a necessidade 
de absorver água e nutrientes e a necessidade de evitar que bactérias, vírus e outros patógenos 
entrem no corpo. Para isso, o epitélio transportador do trato GI é auxiliado por um conjunto de 
mecanismos fisiológicos de defesa, incluindo muco, enzimas digestórias, ácido e a maior coleção 
de tecido linfático do corpo, o tecido linfático associado ao intestino (GALT). Estima-se que 80% de 
todos os linfócitos do corpo são encontrados no intestino delgado. 
 
➢ ENZIMAS DIGESTÓRIAS 
As enzimas digestórias são secretadas tanto por glândulas exócrinas (glândulas salivares e o pâncreas) 
quanto por células epiteliais no estômago e no intestino delgado. As enzimas são proteínas, as quais são 
sintetizadas pelo retículo endoplasmático rugoso, empacotadas pelo aparelho de Golgi em vesículas secretoras 
e, então, estocadas nas células até serem necessárias. Conforme a necessidade, elas são liberadas por 
exocitose. 
Algumas enzimas digestórias são secretadas na forma de proenzimas inativas, conhecidas como 
ZIMOGÊNIOS. Os zimogênios devem ser ativados no lúmen GI antes que eles possam realizar a digestão. 
Sintetizar as enzimas em uma forma não funcional permite que elas sejam estocadas nas células que as 
produzem sem causar danos às mesmas. A nomenclatura dos zimogênios frequentemente tem o sufixo –
ogênio adicionado ao nome da enzima, como pepsinogênio. 
 
➢ MUCO 
O muco é uma secreção viscosa composta primariamente de glicoproteínas, chamadas de mucinas. As 
principais funções do muco são formar uma cobertura protetora sobre a mucosa GI e lubrificar o conteúdo 
do intestino. O muco é feito em células exócrinas especializadas, chamadas de células mucosas, no estômago 
e nas glândulas salivares, e células caliciformes no intestino. As células caliciformes constituem entre 10 e 
24% da população celular intestinal. 
Os sinais para a liberação de muco incluem inervação parassimpática, vários neuropeptídios encontrados 
no sistema nervoso entérico e citocinas provenientes dos imunócitos. 
 
• REGULAÇÃO DA FUNÇÃO GASTROINTESTINAL 
Dos quatro processos GI, a motilidade e a secreção são as principais funções reguladas. 
O SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO (SNE) tem a habilidade de realizar um reflexo independentemente do 
controle exercido pelo sistema nervoso central (SNC). O sistema nervoso entérico controla a motilidade, a 
secreção e o crescimento do trato digestório. Anatômica e funcionalmente, o SNE compartilha muitas 
características com o SNC: 
1. Neurônios intrínsecos. Os neurônios intrínsecos dos dois plexos nervosos do trato digestório são 
aqueles que se situam completamente dentro da parede do trato GI, exatamente como os 
interneurônios estão contidos inteiramente no SNC. Os neurônios autonômicos que levam sinais do 
SNC para o sistema digestório são denominados neurônios extrínsecos. 
2. Neurotransmissores e neuromoduladores. Os neurônios do SNE liberam mais de 30 
neurotransmissores e neuromoduladores, a maioria dos quais são idênticos a moléculas encontradas 
no encéfalo. Esses neurotransmissores são algumas vezes chamados de não adrenérgicos, não 
colinérgicos para os distinguir dos neurotransmissores autonômicos tradicionais, noradrenalina e 
acetilcolina. Entre os neurotransmissores e neuromoduladores mais conhecidos estão a serotonina, 
o peptídeo intestinal vasoativo e o óxido nítrico. 
3. Células gliais de sustentação. As células gliais de sustentação dos neurônios dentro do SNE são mais 
similares à astroglia do encéfalo do que às células de Schwann do sistema nervoso periférico. 
4. Barreira de difusão. Os capilares que circundam os gânglios no SNE não são muito permeáveis e criam 
uma barreira de difusão que é similar à barreira hematoencefálica dos vasos sanguíneos encefálicos. 
5. Centros integradores. Como observado anteriormente, reflexos que se originam no trato GI podem 
ser integrados e atuar sem que os sinais neurais deixem o SNE. Assim, a rede de neurônios do SNE é 
o seu próprio centro integrador, assim como o encéfalo e a medula espinal. 
 
Os reflexos que se originam dentro do sistema nervoso entérico (SNE) e são integrados por ele sem sinais 
externos são denominados reflexos curtos. O plexo submucoso contém neurônios sensoriais que recebem 
sinais do lúmen do trato GI. A rede do SNE integra esta informação sensorial e, então, inicia a resposta. O 
plexo submucoso controla a secreção pelas células epiteliais GI. Os neurônios do plexo mioentérico na camada 
muscular externa influenciam a motilidade. 
O SNE também envia informações sensoriais para o SNC e recebe aferências dele através dos neurônios 
autonômicos. Os reflexos digestórios integrados no SNC são chamados de reflexos longos. Os reflexos 
longos que se originam completamente fora do sistema digestório incluem reflexos antecipatórios e reflexos 
emocionais. Esses reflexos são chamados de reflexos cefálicos, uma vez que eles se originam no encéfalo. 
Os reflexos antecipatórios iniciam com estímulos – como visão,cheiro, som ou pensamento no alimento – 
que preparam o sistema digestório para a refeição que o encéfalo está antecipando. Os reflexos emocionais 
e a sua influência no trato GI ilustram outra ligação entre o cérebro e o sistema digestório. As respostas GI às 
emoções variam da constipação do viajante a “borboletas no estômago” para vômitos e diarreia induzidos 
psicologicamente. 
Nos reflexos longos, o músculo liso e as glândulas do trato GI estão sob controle autonômico. Em geraI, 
fala-se que a divisão parassimpática é excitatória e realça as funções GI, levando ao seu apelido de 
“descansar e digerir”. A maioria dos neurônios parassimpáticos para o trato GI são encontrados no nervo 
vago. Os neurônios simpáticos normalmente inibem as funções GI. 
 
 
 
➢ OS PEPTÍDEOS GASTRINTESTINAIS INCLUEM HORMÔNIOS, NEUROPEPTÍDEOS E CITOCINAS 
Os peptídeos secretados pelas células do trato GI podem atuar como hormônios ou como sinais parácrinos. 
No sistema digestório, os PEPTÍDEOS GI excitam ou inibem a motilidade e a secreção. Alguns peptídeos 
parácrinos são secretados para o lúmen, onde eles se ligam a receptores na membrana apical para 
desencadear uma resposta. Outros são secretados no líquido extracelular, onde eles difundem curtas 
distâncias para agir em células vizinhas. 
Os peptídeos GI também atuam fora do trato GI, e algumas de suas mais importantes ações envolvem o 
cérebro. Por exemplo, em estudos experimentais, o hormônio GI colecistocinina (CCK) melhora a saciedade, 
dando a sensação de que a fome foi saciada. No entanto, a CCK também é produzida por neurônios e 
funciona como um neurotransmissor no cérebro. 
Outro peptídeo GI, a grelina, é secretado pelo estômago e age no cérebro para aumentar a ingestão 
alimentar. 
 
❖ Hormônios GI 
Os hormônios GI, como todos os hormônios, são secretados no sangue e transportados através do corpo. 
Eles atuam sobre o trato GI, em órgãos acessórios, como o pâncreas, e em alvos mais distantes, como o 
encéfalo. Pesquisadores descobriram que o quimo ácido que entrava no intestino delgado vindo do 
estômago causava a liberação de suco pancreático, mesmo quando todos os nervos que se dirigem para o 
pâncreas eram cortados. Eles nomearam a substância de secretina. 
Em 1905, J. S. Edkins postulou a existência de um hormônio gástrico que estimula a secreção gástrica ácida. 
Anos depois, o hormônio foi denominado gastrina. 
 
❖ Famílias de hormônios GI 
Os hormônios gastrintestinais são geralmente divididos em três famílias. Todos os membros de uma família 
têm sequências de aminoácidos semelhantes e, em alguns casos, há sobreposição nas suas habilidades para 
se ligarem aos receptores. 
1. A família da gastrina inclui os hormônios gastrina e colecistocinina (CCK) mais diversas variantes de 
cada. A sua similaridade estrutural implica que a gastrina e a CCK podem se ligar e ativar o mesmo 
receptor CCKB. 
2. A família da secretina inclui a secretina; o peptídeo intestinal vasoativo (VIP), um neurotransmissor 
não adrenérgico, não colinérgico; e GIP, um hormônio conhecido originalmente como peptídeo 
inibidor gástrico, uma vez que ele inibiu a secreção ácida gástrica em experimentos iniciais. Alguns 
estudos subsequentes, contudo, indicaram que o GIP administrado em doses fisiológicas mais baixas 
não bloqueia a secreção ácida. Assim, os pesquisadores sugeriram um novo nome com as mesmas 
iniciais – peptídeo insulinotrópico dependente de glicose – que mais precisamente descreve a ação 
desse hormônio: ele estimula a liberação da insulina em resposta à glicose no lúmen do intestino. No 
entanto, para a maioria das pessoas, o nome preferido permanece sendo peptídeo inibidor gástrico. 
Outro membro da família da secretina é o hormônio peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1). O 
GIP e o GLP-1 agem juntos como sinais antecipatórios para a liberação de insulina. 
3. A terceira família de peptídeos contém aqueles que não se encaixam nas outras duas famílias. O 
membro principal desse grupo é o hormônio motilina. Aumentos na secreção de motilina são 
associados ao complexo motor migratório. 
 
 
 
 
 
 
• FUNÇÃO INTEGRADA: A FASE CEFÁLICA 
Os processos digestórios no corpo iniciam antes que a comida entre na boca. Simplesmente cheirar, ver, ou 
até mesmo pensar sobre o alimento pode fazer a nossa boca salivar ou nosso estômago roncar. Estes reflexos 
longos que iniciam no cérebro criam uma resposta antecipatória, conhecida como fase cefálica da digestão. 
O estímulo antecipatório e o estímulo do alimento na cavidade oral ativam neurônios no bulbo. O bulbo, por 
sua vez, manda sinais eferentes através de neurônios autonômicos para as glândulas salivares, e através 
do nervo vago para o sistema nervoso entérico. Em resposta a esses sinais, o estômago, o intestino e os 
órgãos glandulares acessórios iniciam a secreção e aumentam a motilidade em antecipação ao alimento 
que virá. 
 
➢ A DIGESTÃO MECÂNICA E QUÍMICA INICIA NA BOCA 
Quando o alimento inicialmente entra na boca, ele é inundado por uma secreção, a qual chamamos de saliva. 
A saliva tem quatro funções importantes: 
1. Amolecer e lubrificar o alimento. A água e o muco na saliva amolecem e lubrificam o alimento para 
torná-lo mais fácil de deglutir. 
2. Digestão do amido. A digestão química inicia com a secreção da amilase salivar. A amilase quebra o 
amido em maltose depois que a enzima é ativada por Cl na saliva. Se você mastigar uma bolacha sem 
sal por algum tempo, perceberá a conversão do amido em maltose, a qual é mais doce. 
3. Gustação. A saliva dissolve o alimento para que possamos sentir seu gosto. 
4. Defesa. A função final da saliva é a defesa. A lisozima é uma enzima salivar antibacteriana, e 
imunoglobulinas salivares incapacitam bactérias e vírus. Além disso, a saliva ajuda a limpar os dentes 
e manter a língua livre de partículas alimentares. 
A saliva é um complexo fluido hiposmótico que contém água, íons, muco e proteínas, como enzimas e 
imunoglobulinas. As secreções dos três pares de glândulas salivares variam em composição. As glândulas 
parótidas produzem uma solução aquosa de enzimas, ao passo que as glândulas sublinguais produzem 
uma saliva rica em muco. As secreções das glândulas submandibulares são mistas, com ambos, muco e 
enzimas. 
A PRODUÇÃO DE SALIVA é um processo de dois passos: 
1. O fluido inicial secretado pelas células acinares se assemelha ao líquido extracelular em sua 
composição iônica: uma solução isotônica de NaCl. 
2. Conforme este fluido passa através do ducto no seu caminho para a cavidade oral, as células 
epiteliais ao longo do ducto reabsorvem NaCl e secretam K e íon bicarbonato até que a razão 
entre os íons no fluido do ducto seja mais parecida com a do líquido entracelular (alta em K e baixa 
em Na). As membranas apicais das células do ducto têm pouca permeabilidade à água, e a remoção 
efetiva de soluto do fluido secretado resulta em saliva hiposmótica em relação ao plasma. 
A salivação está sob controle autonômico e pode ser desencadeada por múltiplos estímulos, incluindo visão, 
cheiro, contato e até mesmo o pensamento no alimento. A inervação parassimpática é o estímulo primário 
para a secreção da saliva, mas também há alguma inervação simpática nas glândulas. 
 
➢ A DEGLUTIÇÃO LEVA O BOLO ALIMENTAR DA BOCA PARA O ESTÔMAGO 
O ato de engolir, ou deglutição, é uma ação reflexa que empurra o bolo de alimento ou de líquido para o 
esôfago. A pressão do bolo ativa neurônios sensoriais que levam informações pelo nervo glossofaríngeo 
(nervo craniano IX) para o centro da deglutição no bulbo. 
As eferências do centro da deglutição consistem em neurônios motores somáticos que controlam os 
músculos esqueléticos da faringe e do esôfago superior, bem como neurônios autonômicos que agem nas 
porções inferiores do esôfago. Quando o reflexo de deglutição inicia, o palato mole eleva-se para fechar a 
nasofaringe. A contração muscular move a laringe para cimae para a frente, o que ajuda a fechar a traqueia 
e abrir o esfincter esofágico superior. 
Enquanto o bolo se move para baixo no esôfago, a epiglote dobra-se para baixo, completando o fechamento 
das vias aéreas superiores e prevenindo que alimentos ou líquidos entrem nas vias aéreas. Ao mesmo tempo, 
a respiração é brevemente inibida. Quando o bolo se aproxima do esôfago, o esfincter esofágico superior 
relaxa. Ondas de contrações peristálticas, então, empurram o bolo em direção ao estômago, auxiliadas pela 
gravidade. 
A extremidade inferior do esôfago situa-se logo abaixo do diafragma e é separada do estômago pelo 
esfincter esofágico inferior. 
Se o esfincter esofágico inferior não permanecer contraído, o ácido gástrico e a pepsina podem irritar a parede 
do esôfago, levando à dor e à irritação do refluxo gastresofágico, mais conhecido como azia. Durante a fase 
da inspiração da respiração, quando a pressão intrapleural cai, as paredes do esôfago expandem-se. A 
expansão cria uma pressão subatmosférica no lúmen esofágico, que pode sugar o conteúdo ácido do 
estômago se o esfincter estiver relaxado. A agitação do estômago, quando este está cheio, pode também 
esguichar ácido de volta para o esôfago se o esfincter não estiver completamente contraído. A doença do 
refluxo gastresofágico ou DRGE, é um dos mais comuns problemas digestórios na sociedade norte-
americana. 
 
• FUNÇÃO INTEGRADA: A FASE GÁSTRICA 
Aproximadamente 3,5 litros de comida, bebida e saliva entram no fundo do estômago a cada dia. O estômago 
possui três funções gerais: 
1. Armazenamento. O estômago armazena alimento e regula a sua passagem para o intestino delgado, 
onde ocorre a maior parte da digestão e da absorção. 
2. Digestão. O estômago digere a comida, química e mecanicamente, formando a mistura “cremosa” de 
partículas uniformemente pequenas, chamada de quimo. 
3. Defesa. O estômago protege o corpo por destruir muitas das bactérias e outros patógenos que são 
deglutidos juntamente com a comida ou aprisionados no muco das vias respiratórias. Ao mesmo 
tempo, o estômago precisa proteger a si mesmo de ser agredido por suas próprias secreções. 
Nos reflexos da fase gástrica, a distensão do estômago e a presença de peptídeos ou de aminoácidos no 
lúmen ativam células endócrinas e neurônios entéricos. Hormônios, neurotransmissores e moléculas 
parácrinas, então, influenciam a motilidade e a secreção. 
Quando ingerimos mais do que necessitamos do ponto de vista nutricional, o estômago precisa regular a 
velocidade na qual o quimo entra no intestino delgado. Sem essa regulação, o intestino delgado não seria 
capaz de digerir e absorver a carga de quimo que chega, e quantidades significativas de quimo não absorvido 
passariam para o intestino grosso. O epitélio do intestino grosso não é projetado para absorção de nutrientes 
em larga escala, então a maioria do quimo se tornará fezes, resultando em diarreia. Este “distúrbio do 
esvaziamento” (“síndrome de dumping”) é um dos efeitos colaterais mais desagradáveis da cirurgia que 
remove porções do estômago ou do intestino delgado. 
 
➢ SECREÇÕES GÁSTRICAS PROTEGEM E DIGEREM 
O lúmen do estômago é alinhado com o epitélio produtor de muco, pontuado por aberturas de fovéolas 
(fossas) gástricas. As fossas levam a glândulas gástricas profundas dentro da camada mucosa. Múltiplos 
tipos celulares dentro das glândulas produzem ácido gástrico (HCl), enzimas, hormônios e moléculas 
parácrinas. 
 
 
❖ Secreção de gastrina 
As células G, encontradas profundamente nas glândulas gástricas, secretam o hormônio gastrina no sangue. 
Em reflexos curtos, a liberação de gastrina é estimulada pela presença de aminoácidos e de peptídeos no 
estômago e por distensão do estômago. O café (mesmo o descafeinado) também estimula a liberação de 
gastrina – uma razão para que pessoas com síndromes de secreção ácida excessiva evitem a ingestão de café! 
A liberação de gastrina é também desencadeada por reflexos neurais. 
Os reflexos curtos são mediados por um neurotransmissor do SNE, chamado de peptídeo liberador de 
gastrina (GRP). Nos reflexos cefálicos, os neurônios parassimpáticos do nervo vago estimulam as células 
G para que elas liberem gastrina no sangue. 
A principal ação da gastrina é promover a liberação de ácido. Ela faz isso diretamente por agir nas células 
parietais e indiretamente por estimular a liberação de histamina. 
 
❖ Secreção Ácida 
As células parietais profundas nas glândulas gástricas secretam o ácido gástrico (HCl) no lúmen do 
estômago. A secreção ácida no estômago é, em média, de 1 a 3 litros por dia e pode criar um pH luminal tão 
baixo quanto 1. O pH citoplasmático das células parietais é de cerca de 7,2, ou seja, as células bombeiam H+ 
contra um gradiente (menos para o mais) que pode ser 1,5 milhão de vezes mais concentrado no lúmen. 
O ácido gástrico tem múltiplas funções: 
1. O ácido no lúmen do estômago causa a liberação e a ativação da pepsina, uma enzima que digere 
proteínas. 
2. O ácido desencadeia a liberação de somatostatina pelas células D. 
3. O HCl desnatura proteínas por quebrar as ligações dissulfeto e de hidrogênio que mantêm a 
estrutura terciária da proteína. Cadeias proteicas desenoveladas podem deixar as ligações peptídicas 
entre os aminoácidos mais acessíveis à digestão pela pepsina. 
4. O ácido gástrico ajuda a destruir bactérias e outros microrganismos ingeridos. 
5. O ácido inativa a amilase salivar, cessando a digestão de carboidratos que iniciou na boca. 
 
O processo inicia quando o H+ (proveniente da água) do 
citosol da célula parietal é bombeado para o lúmen do 
estômago em troca por K+, que entra na célula, por uma H+-
K+-ATPase. 
O Cl-, então, segue o gradiente elétrico criado por H+, 
movendo-se através de canais de cloreto abertos. O resultado 
líquido é a secreção de HCl pela célula. 
Os cientistas foram capazes de desenvolver uma nova classe de 
fármacos para tratar a hipersecreção de ácido gástrico. Estes 
fármacos, conhecidos como inibidores da bomba de prótons 
(PPIs), bloqueiam a atividade da H+-K+-ATPase. 
Enquanto o ácido está sendo secretado no lúmen, o 
bicarbonato produzido a partir de CO2 e OH da água é absorvido para o sangue. A ação tamponante do 
HCO3- torna o sangue menos ácido ao deixar o estômago, criando uma maré alcalina que pode ser medida 
enquanto uma refeição está sendo digerida. 
 
❖ Secreção Enzimática 
O estômago produz duas enzimas: pepsina e uma lipase gástrica. A pepsina realiza a digestão inicial de 
proteínas. Ela é particularmente efetiva no colágeno e, assim, tem um importante papel na digestão de carne. 
A pepsina é secretada na forma inativa pepsinogênio pelas células principais das glândulas gástricas. O ácido 
estimula a liberação de pepsinogênio por meio de um reflexo curto mediado no SNE. Uma vez no lúmen do 
estômago, o pepsinogênio é clivado à pepsina ativa pela ação do H+, e a digestão proteica inicia. A lipase 
gástrica é cossecretada com a pepsina. As lipases são enzimas que quebram triacilgliceróis. No entanto, 
menos de um terço da digestão de gordura ocorre no estômago. 
 
❖ Secreções Parácrinas 
As secreções parácrinas da mucosa gástrica incluem histamina, somatostatina e fator intrínseco. A histamina 
é um sinal parácrino secretado pelas células semelhantes às enterocromafins (células ECL) em resposta à 
estimulação por gastrina ou por acetilcolina. A histamina difunde-se para o seu alvo, as células parietais, 
estimulando a secreção ácida por se ligar a receptores H2 nas células parietais. Os antagonistas de 
receptores H2 (p. ex., cimetidina e ranitidina) que bloqueiam a ação da histamina são a segunda classe de 
fármacos usados para tratar a hipersecreção ácida. 
O fator intrínseco é uma proteína secretada pelas células parietais, mesmas células gástricas que secretam 
ácido. No lúmen do estômago e do intestino delgado, o fator intrínseco se complexa com a vitamina B12,um passo que é necessário para a absorção da vitamina no intestino. 
A somatostatina (SS), também conhecida como hormônio inibidor do hormônio do crescimento, é secretada 
por células D no estômago. A somatostatina é o sinal de retroalimentação negativa primário da secreção na 
fase gástrica. Ela reduz a secreção ácida direta e indiretamente por diminuir a secreção de gastrina e 
histamina. A somatostatina também inibe a secreção de pepsinogênio. 
 
Sob condições normais, a mucosa gástrica protege a si mesma da autodigestão por ácido e enzimas com 
uma barreira muco-bicarbonato. As células mucosas na superfície luminal e no colo das glândulas gástricas 
secretam ambas as substâncias. O muco forma uma barreira física, e o bicarbonato cria uma barreira 
tamponante química subjacente ao muco. 
 
 
• FUNÇÃO INTEGRADA: A FASE INTESTINAL 
Uma vez que o quimo passa ao intestino delgado, a fase intestinal da digestão inicia. O quimo que entra no 
intestino delgado sofreu relativamente pouca digestão química, então sua entrada no duodeno deve ser 
controlada para evitar sobrecarga ao intestino delgado. Os movimentos para a frente do quimo ao longo do 
intestino devem ser suficientemente lentos para permitir que a digestão e a absorção sejam completadas. A 
inervação parassimpática e os hormônios GI gastrina e CCK promovem a motilidade intestinal; a inervação 
simpática inibe-a. 
Aproximadamente 5,5 litros de alimentos, líquidos e secreções entram no intestino delgado a cada dia, e cerca 
de 3,5 litros de secreções hepática, pancreática e intestinal são adicionados, perfazendo uma entrada total de 
9 litros no lúmen. Tudo, menos cerca de 1,5 litro deste volume, é absorvido no intestino delgado, a maioria 
no duodeno e no jejuno. 
 
O sangue venoso proveniente do trato digestório não vai diretamente de volta ao coração. Em vez disso, ele 
passa para o sistema porta-hepático. Essa região especializada da circulação tem dois conjuntos de leitos 
capilares: um que capta nutrientes absorvidos no intestino, e outro que leva os nutrientes diretamente para 
o fígado. O envio de materiais absorvidos diretamente para o fígado ressalta a importância desse órgão como 
um filtro biológico. Os hepatócitos contêm uma variedade de enzimas, como as isoenzimas citocromo p450, 
que metabolizam fármacos e xenobióticos e os retiram da circulação sanguínea antes de eles alcançarem a 
circulação sistêmica. 
 
➢ AS SECREÇÕES INTESTINAIS PROMOVEM A DIGESTÃO 
A cada dia, o fígado, o pâncreas e o intestino produzem mais de 3 litros de secreções, cujos conteúdos são 
necessários para completar a digestão dos nutrientes ingeridos. As secreções adicionadas incluem enzimas 
digestórias, bile, bicarbonato, muco e solução isotônica de NaCl. 
1. As enzimas digestórias são produzidas pelo epitélio intestinal e pelo pâncreas exócrino. As 
enzimas da borda em escova intestinal são ancoradas à membrana luminal das células e não são 
varridas para fora do intestino conforme o quimo é empurrado para a frente. As vias de controle para 
a liberação de enzimas variam, mas incluem vários sinais neurais, hormonais e parácrinos. Em geral, a 
estimulação dos neurônios parassimpáticos do nervo vago aumenta a secreção de enzimas. 
2. A bile produzida no fígado e secretada pela vesícula biliar é uma solução não enzimática que facilita 
a digestão de gorduras. 
3. A secreção de bicarbonato para dentro do intestino delgado neutraliza o quimo extremamente 
ácido que vem do estômago. A maior parte do bicarbonato vem do pâncreas e é liberado em resposta 
a estímulos neurais e à secretina. 
4. O muco das células caliciformes intestinais protege o epitélio e lubrifica o conteúdo intestinal. 
5. Uma solução isotônica de NaCl mistura-se com o muco para ajudar a lubrificar o conteúdo do 
intestino. 
 
❖ Secreção isotônica de NaCl 
As células das criptas do intestino delgado e do colo secretam uma 
solução isotônica de NaCl em um processo similar ao passo inicial da 
salivação. O cloreto do LEC entra nas células via transportadores 
NKCC e, em seguida, sai para o lúmen através de um canal de Cl-, 
conhecido como canal regulador de condutância transmembrana de 
fibrose cística, ou canal CFTR. O movimento do Cl negativamente 
carregado para o lúmen atrai o Na+ por meio do gradiente elétrico 
através de junções comunicantes celulares. A água segue o Na+ ao 
longo do gradiente osmótico criado pela redistribuição do NaCl. O 
resultado é a secreção de solução salina isotônica. 
 
➢ O PÂNCREAS SECRETA ENZIMAS DIGESTÓRIAS E BICARBONATO 
O pâncreas é um órgão que contém ambos os tipos de epitélio secretor: endócrino e exócrino. A SECREÇÃO 
ENDÓCRINA é proveniente de agrupamentos de células, chamadas de ilhotas, e inclui os hormônios insulina 
e glucagon. As SECREÇÕES EXÓCRINAS incluem enzimas digestórias e uma solução aquosa de 
bicarbonato de sódio, NaHCO3. A porção exócrina do pâncreas consiste em lóbulos, chamados de ácinos, 
similares àqueles das glândulas salivares. Os ductos dos ácinos esvaziam no duodeno. As células acinares 
secretam enzimas digestórias, e as células do ducto secretam solução de NaHCO3. 
 
❖ Secreção de Enzimas 
A maior parte das enzimas pancreáticas são secretadas como zimogênios, que devem ser ativados no 
momento de chegada no intestino. Este processo de ativação é uma cascata que inicia quando a 
enteropeptidase da borda em escova (previamente chamada de enterocinase) converte o tripsinogênio 
inativo em tripsina. A tripsina, então, converte os outros zimogênios pancreáticos em suas formas ativas. Os 
sinais para a liberação das enzimas pancreáticas incluem distensão do intestino delgado, presença de 
alimento no intestino, sinais neurais e hormônio CCK. As enzimas pancreáticas entram no intestino em 
um fluido aquoso que também contém bicarbonato. 
 
❖ Secreção de bicarbonato 
A secreção de bicarbonato para o duodeno neutraliza o 
ácido proveniente do estômago. Uma pequena quantidade 
de bicarbonato é secretada por células duodenais, mas a 
maior parte vem do pâncreas. A produção de bicarbonato 
requer altos níveis da enzima anidrase carbônica, níveis 
similares àqueles encontrados nas células tubulares renais e 
nos eritrócitos. O bicarbonato produzido a partir de CO2 e 
água é secretado por um trocador apical Cl--HCO3-. 
Os íons hidrogênio produzidos juntamente com o 
bicarbonato deixam a célula por trocadores Na+-H+ na 
membrana basolateral. O H+ então reabsorvido na circulação 
intestinal ajuda a equilibrar o HCO3- colocado na circulação 
quando as células parietais secretaram H+ no estômago. 
O cloreto trocado por bicarbonato entra na célula pelo 
cotransportador NKCC na membrana basolateral e sai por 
um canal CFTR na apical. O Cl luminal, então, reentra na 
célula em troca de HCO3- entrando no lúmen. Defeitos na 
estrutura ou na função do canal CFTR causam a doença 
fibrose cística, e a perturbação da secreção pancreática é uma 
característica dessa doença. 
Em ambos, pâncreas e criptas intestinais, a secreção de sódio e água é um processo passivo, dirigido por 
gradientes eletroquímicos e osmóticos. O movimento de íons negativos do LEC para o lúmen cria um 
gradiente elétrico negativo no lúmen que atrai Na+. O sódio move-se a favor do gradiente eletroquímico 
através de junções comunicantes entre as células. A transferência de Na+ e de HCO3- do LEC para o lúmen 
cria um gradiente osmótico, e a água segue por osmose. O resultado final é a secreção de uma solução 
aquosa de bicarbonato de sódio. 
 
➢ O FÍGADO SECRETA A BILE 
A bile é uma solução não enzimática secretada pelos hepatócitos, ou células do fígado. Os componentes-
chave da bile são (1) sais biliares, que facilitam a digestão enzimática de gorduras, (2) pigmentos biliares, 
como a bilirrubina, que são os produtos residuais da degradação da hemoglobina, e (3) colesterol, que é 
excretado nas fezes. 
Fármacos e outros xenobióticos são depurados do sangue pelo processamentohepático e são também 
excretados na bile. Os sais biliares, que agem como detergentes para tornar as gorduras solúveis durante a 
digestão, são produzidos a partir dos ácidos biliares esteroides combinados com aminoácidos e ionizados. 
A bile secretada pelos hepatócitos flui pelos ductos hepáticos até a vesícula biliar, que armazena e 
concentra a solução biliar. Durante uma refeição que inclua gorduras, a contração da vesícula biliar envia bile 
para o duodeno através do ducto colédoco. 
Os sais biliares, como os fosfolipídios das membranas celulares, são anfipáticos, isto é, eles têm tanto uma 
região hidrofóbica quanto uma região hidrofílica. As regiões hidrofóbicas dos sais biliares associam-se à 
superfície das gotas lipídicas, ao passo que a cadeia lateral polar interage com a água, criando uma emulsão 
estável de pequenas gotas de gordura solúveis em água. 
A vesícula biliar é um órgão que não é essencial para a digestão normal, e se o ducto se torna bloqueado por 
depósitos duros, conhecidos como pedras da vesícula, a vesícula biliar pode ser removida sem criar problemas 
de longo prazo. 
 
➢ O INTESTINO GROSSO CONCENTRA OS RESÍDUOS 
No final do íleo, resta apenas cerca de 1,5 litro de quimo não absorvido. O colo absorve a maior parte desse 
volume, de modo que, em geral, apenas cerca de 0,1 litro de água é perdido diariamente nas fezes. 
O intestino grosso possui sete regiões. O ceco é uma bolsa com o apêndice, uma pequena projeção sem 
saída similar a um dedo, em sua terminação ventral. O material move-se do ceco para cima através do colo 
ascendente, horizontalmente ao longo do corpo pelo colo transverso e, então, para baixo pelo colo 
descendente e pelo colo sigmoide. O reto é a seção terminal curta do intestino grosso (cerca de 12 cm). Ele 
é separado do ambiente externo pelo ânus, uma abertura controlada por dois esfíncteres, um esfíncter interno 
de músculo liso e um esfíncter externo de músculo estriado esquelético. 
 
• A DIARREIA PODE CAUSAR DESIDRATAÇÃO 
A diarreia é um estado patológico no qual a secreção intestinal de líquido não é equilibrada pela absorção, 
resultando em fezes aquosas. Ela ocorre se os mecanismos intestinais normais de absorção de água forem 
alterados ou se houver solutos osmoticamente ativos não absorvidos que “seguram” a água no lúmen. 
Substâncias que causam diarreia osmótica incluem a lactose não digerida e o sorbitol, um poliálcool de 
plantas. Outro soluto não absorvível que pode causar diarreia osmótica, cólica intestinal e gases é a olestra, 
a “falsa gordura” sintetizada a partir de óleo vegetal e açúcar. 
Diarreias secretoras ocorrem quando toxinas bacterianas, como a toxina da cólera do Vibrio cholerae e a 
enterotoxina da Escherichia coli, aumentam a secreção colônica de Cl- e de fluidos. Quando a secreção 
excessiva de líquido é associada ao aumento da motilidade, ocorre diarreia. A diarreia secretora em resposta 
a uma infecção intestinal pode ser vista como adaptativa, uma vez que ajuda a arrastar patógenos para fora 
do lúmen. No entanto, ela também tem o potencial de causar desidratação se a perda de líquidos for 
excessiva. 
 
• O VÔMITO É UM REFLEXO PROTETOR 
O vômito, ou êmese, a expulsão forçada de conteúdo gástrico e duodenal pela boca, é um reflexo protetor 
que remove materiais tóxicos do trato GI antes que eles possam ser absorvidos. Contudo, o vômito excessivo 
ou prolongado com perda de ácido gástrico pode causar alcalose metabólica. 
O reflexo do vômito é coordenado por um centro do vômito no bulbo. O reflexo inicia com a estimulação 
de receptores sensoriais e é muitas vezes (mas não sempre) acompanhado por náusea. A estimulação da 
parede posterior da faringe também pode induzir o vômito. 
Os sinais eferentes do centro do vômito iniciam uma onda peristáltica retrógrada que inicia no intestino 
delgado e se move para cima. Essa onda é ajudada pela contração abdominal que aumenta a pressão intra-
abdominal. O estômago relaxa de modo que a pressão aumentada force o conteúdo gástrico e intestinal de 
volta para o esôfago e para fora da boca. 
 
• FÁRMACOS USADOS PARA TRATAR ÚLCERAS PÉPTICAS E REFLUXO GASTRESOFÁGICO 
As duas principais causas de úlcera péptica são infecção com o 
gram-negativo Helicobacter pylori e o uso de anti-
inflamatórios não esteroides (AINEs). O aumento da secreção de 
ácido clorídrico (HCl) e a defesa inadequada da mucosa contra 
o HCl (muco e bicarbonato) também têm seu papel nesse 
processo. 
O tratamento inclui: 
1) erradicação da H. pylori (amoxicilina - metronidazol pode ser usado em pacientes alérgicos à 
penicilina - mais claritromicina); 
2) diminuição da secreção de HCl com uso de IBPs ou antagonistas de receptor H2; e/ou 
3) administração de fármacos que protejam a mucosa gástrica da lesão, como misoprostol e sucralfato. 
 
➢ ANTIÁCIDOS 
Usados por muito tempo, até o aparecimento dos antagonistas H2 e IBP. Tratam-se de bases fracas que 
reagem com o ácido, formando sal e água. 
1. Bicarbonato de sódio: Libera CO2 e NaCl; pode causar alcalose (altas doses ou disfunção renal). 
Hipertensos requerem cautela. 
2. Hidróxido de Magnésio e Alumínio: Não forma gás. Ação laxante X constipação. 
 
➢ ANTAGONISTAS DE RECEPTOR H2 E REGULAÇÃO DA SECREÇÃO GÁSTRICA 
A secreção gástrica é estimulada por acetilcolina (ACh), histamina e gastrina. As ligações com seus 
receptores resultam na ativação de proteinocinases, que, por sua vez, estimulam a bomba de prótons H+ 
/K+ -adenosina trifosfatase (ATPase) a secretar íons hidrogênio em troca de K+ para o lúmen do estômago. 
Os quatro fármacos – cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina – inibem de modo potente (mais de 90%) 
a secreção gástrica ácida noturna, a estimulada por alimento e a basal. 
 
❖ Ações 
Os antagonistas de receptor H2 da histamina atuam seletivamente nos receptores H2 do estômago, mas 
não têm efeito nos receptores H1. Eles são antagonistas competitivos da histamina e totalmente reversíveis. 
 
❖ Usos Terapêuticos 
Úlceras pépticas: Os quatro fármacos são igualmente eficazes para a cicatrização das úlceras gástricas e 
duodenais. Contudo, a recorrência é comum se houver presença de H. pylori, e o paciente for tratado somente 
com esses fármacos. Os pacientes com úlceras induzidas por AINEs devem ser tratados com IBPs, pois esses 
fármacos curam e previnem úlceras futuras de modo mais efetivo do que os antagonistas H2. 
 
Úlceras de estresse agudo: Os anti-histamínicos H2 são usados normalmente por infusão intravenosa (IV) 
para prevenir e lidar com úlceras de estresse agudo associadas com pacientes de alto risco nas unidades 
de tratamento intensivo. Entretanto, como pode ocorrer tolerância com esses fármacos, o uso dos IBPs 
também vem avançando nessa indicação. 
 
DRGE: Doses baixas de antagonistas H2, atualmente disponíveis em medicamentos de venda livre, parecem 
eficazes na prevenção e no tratamento da queimação (DRGE) somente em cerca de 50% dos pacientes. Os 
antagonistas H2 atuam somente no controle da secreção ácida. Por isso, eles não aliviam os sintomas por, 
pelo menos, 45 minutos. Os antiácidos neutralizam de forma mais rápida e eficaz o ácido gástrico, mas sua 
ação é temporária. Por essa razão, os IBPs são preferidos atualmente no tratamento da DRGE, especialmente 
em pacientes com azia grave. 
 
❖ Farmacocinética 
Após administração oral, os antagonistas H2 se distribuem amplamente pelo organismo (incluindo o leite 
materno e por meio da placenta) e são excretados principalmente na urina. Cimetidina, ranitidina e 
famotidina também estão disponíveis em formulações IV. Biodisponibilidade de 50% e meia vida curta. A 
meia-vida de todos esses fármacos pode aumentar em pacientes com disfunção renal, e é preciso ajustar a 
dosagem. 
 
 
❖ Efeitos Adversos 
Em geral, os antagonistas H2 são bem tolerados. A CIMETIDINA tem efeitos endócrinos porque atua como 
um antiandrogênico não esteroidal. Os efeitos incluem ginecomastiae galactorreia (liberação ou ejeção 
contínua de leite). Os demais não produzem os efeitos antiandrogênicos nem estimulantes de prolactina da 
cimetidina. 
Outros efeitos no sistema nervoso central (SNC), como confusão e alterações mentais, ocorrem 
primariamente em pacientes idosos ou após administração IV. 
A cimetidina inibe várias isoenzimas CYP450 e pode interferir na biotransformação de vários outros fármacos, 
como varfarina, fenitoína e clopidogrel. Todos os antagonistas H2 podem reduzir a eficácia de fármacos 
que exigem um ambiente ácido para absorção, como o cetoconazol. 
Contra indicado em gestantes e lactentes. 
 
 
 
➢ IBPS: INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS H+ /K+ -ADENOSINA TRIFOSFATASE 
Os IBPs se ligam à enzima H+ /K+ -ATPase (bomba de prótons) e suprimem a secreção de íons hidrogênio 
para o lúmen gástrico. A bomba de prótons ligada à membrana é a etapa final da secreção de ácido gástrico. 
Os IBPs disponíveis incluem dexlansoprazol, esomeprazol, lansoprazol, omeprazol, pantoprazol e rabeprazol. 
Omeprazol, esomeprazol e lansoprazol estão disponíveis em formulações de venda livre para tratamento de 
curto prazo da DRGE. 
 
❖ Ações 
Esses fármacos são pró-fármacos com um revestimento entérico ácido-resistente para protegê-los da 
degradação prematura pelo ácido gástrico. Devem ser administrados em jejum, já que sua biodisponibilidade 
reduz cerca de 50% com alimentos. 
O revestimento é removido no meio alcalino do duodeno, e o pró-fármaco, uma base fraca lipofílica, é 
absorvido e transportado à célula parietal. Ali, ele é convertido no fármaco ativo e forma uma ligação estável 
covalente (irreversível) com a enzima H+ /K+ -ATPase. São necessárias cerca de 18 horas para ressintetizar a 
enzima, e a secreção ácida é interrompida durante esse período. Em dosagem padrão, os IBPs inibem a 
secreção gástrica basal e a estimulada em mais de 90%. 
Existem produtos disponíveis de uso oral, de venda livre e sujeitos à prescrição, contendo omeprazol 
associado com bicarbonato de sódio para absorção mais rápida. 
 
❖ Efeitos adversos 
Os IBPs geralmente são bem tolerados. Omeprazol e esomeprazol podem diminuir a eficácia do clopidogrel 
porque inibem a CYP2C19 e impedem a sua conversão no metabólito ativo. Embora o efeito nos resultados 
clínicos seja questionável, o uso concomitante desses IBPs com clopidogrel não é recomendado devido aos 
possíveis riscos de eventos cardiovasculares. Omeprazol pode inibir o metabolismo da vafarina, diazepan e 
fenitoína; esomeprazol pode diminuir o metabolismo do diazepan e lansoprazol pode aumentar a depuração 
da teofilina. 
Os IBPs podem aumentar o risco de fraturas, particularmente se a duração do uso for de 1 ano ou mais. A 
supressão prolongada do ácido gástrico com os IBPs (e os antagonistas H2) pode resultar em carência de 
vitamina B12, porque o ácido é necessário para a sua absorção em complexo com o fator intrínseco. O pH 
gástrico elevado também pode prejudicar a absorção de carbonato de cálcio. O citrato de cálcio é uma 
opção eficaz para suplementar cálcio em pacientes sob tratamento de supressão de ácido, pois sua absorção 
não é afetada pelo pH gástrico. Pode ocorrer diarreia e colite por Clostridium difficile em pacientes que 
recebem IBP. Os pacientes devem ser aconselhados a interromper o tratamento com IBP e contatar seu 
médico se tiverem diarreia por vários dias. Efeitos adversos adicionais podem incluir hipomagnesemia e 
maior incidência de pneumonia. 
 
 
 
➢ PROSTAGLANDINAS 
A prostaglandina E2, produzida pela mucosa gástrica, inibe a secreção de ácido e estimula a secreção de 
muco e bicarbonato (efeito citoprotetor). A deficiência de prostaglandinas pode estar envolvida na 
patogênese das úlceras pépticas. 
Misoprostol, um análogo da prostaglandina E1, está aprovada para a prevenção de úlceras gástricas causadas 
por AINEs. O uso profilático do misoprostol deve ser considerado em pacientes que estão recebendo AINEs 
e se encontram sob risco moderado ou alto de úlceras induzidas por esses fármacos, como pacientes idosos 
ou com úlceras prévias. O misoprostol é contraindicado na gravidez, pois pode estimular as contrações do 
útero e causar aborto. Diarreia e náuseas dose-dependentes são os efeitos adversos mais comuns e limitam 
o seu uso. Assim, os IBPs são os fármacos preferidos para a prevenção de úlceras causadas por AINEs. 
 
➢ FÁRMACOS PROTETORES DA MUCOSA 
Esses fármacos, também conhecidos como citoprotetores, apresentam várias ações que aumentam os 
mecanismos de proteção da mucosa, prevenindo lesões, reduzindo inflamação e cicatrizando úlceras 
existentes. 
1. Sucralfato: Esse complexo de hidróxido de alumínio e sacarose sulfatada se liga a grupos 
carregados positivamente em proteínas da mucosa normal e necrótica. Formando géis complexos 
com as células epiteliais, o sucralfato cria uma barreira física que protege a úlcera da pepsina e do 
ácido, permitindo a cicatrização da úlcera. 97% são excretados pelas fezes sem sequer serem 
absorvidos. Embora o sucralfato seja eficaz no tratamento das úlceras duodenais e na prevenção das 
úlceras por estresse, seu uso é limitado devido à necessidade de dosificações diárias múltiplas e 
interações medicamentosas. Como requer um pH ácido para sua ativação, o sucralfato não deve ser 
administrado com IBPs, antagonistas H2 ou antiácidos. O sucralfato é muito bem tolerado, mas pode 
interferir na absorção de outros fármacos, fixando-os. Esse fármaco não previne as úlceras induzidas 
pelos AINEs e nem cicatriza úlceras gástricas. 
 
2. Subsalicilato de bismuto: Este fármaco é usado como componente de tratamento quádruplo para 
cicatrizar úlceras pépticas. Além da sua ação antimicrobiana, ele inibe a atividade da pepsina, aumenta 
a secreção de muco e interage com glicoproteínas na mucosa necrótica, revestindo e protegendo a 
úlcera. 
 
• LAXANTES 
Os laxantes são comumente usados contra a constipação, para acelerar o movimento do alimento por meio 
do TGI. Esses fármacos podem ser classificados com base no seu mecanismo de ação. 
Usados cronicamente, eles podem causar desequilíbrios eletrolíticos. Vários desses fármacos têm risco de 
dependência para o usuário. 
 
➢ IRRITANTES E ESTIMULANTES 
Senna: Este é um laxante estimulante amplamente usado. Seu componente ativo é um grupo de senosídeos, 
um complexo natural de glicosídeos antraquinônicos. Usado por via oral, causa evacuação de 8 a 10 horas. 
Ele também causa secreção de água e eletrólitos para o interior do intestino. Em produtos associados 
contendo o amolecedor de fezes docusato, esse fármaco é útil no tratamento das constipações causadas por 
opioides. 
 
Bisascodil: Disponibilizado como supositório e comprimidos revestidos entéricos, o bisacodil é um potente 
estimulante do colo do intestino. Ele atua diretamente nas fibras nervosas na mucosa do colo do intestino. 
 
Óleo de rícino: Este produto é hidrolisado no intestino delgado em ácido ricinoleico, que tende a irritar muito 
o estômago e, logo, aumenta o peristaltismo. Ele deve ser evitado em gestantes, pois pode estimular 
contrações do útero. 
 
➢ LAXANTES AUMENTADORES DE VOLUME 
Os laxantes aumentadores de volume incluem coloides hidrofílicos (de partes não digeríveis de frutas e 
vegetais). Eles formam géis no intestino grosso, causando a retenção de água e a distensão intestinal, 
aumentando, assim, a atividade peristáltica. Ações similares são produzidas por metilcelulose, sementes de 
linho (Psyllium) e fibras. Eles devem ser usados com cautela em pacientes que se encontram imobilizados, 
devido ao potencial de causar obstrução intestinal. 
 
➢ LAXANTES SALINOS E OSMÓTICOS 
Os catárticos salinos, como citrato de magnésio, hidróxido de magnésio e fosfato de sódio, são sais não 
absorvíveis (ânions e cátions) que retêm água no intestino por osmose. Isso distende o intestino, aumentando 
a atividade intestinal e produzindo defecação em poucas horas.Soluções eletrolíticas contendo polietilenoglicol (PEG) são usadas como lavagens colônicas para preparar o 
intestino para procedimentos endoscópicos ou radiológicos. Pó de PEG para solução está disponível como 
laxante em medicamentos receitados e também de venda livre. Esse fármaco causa menos cólicas e gases do 
que outros laxantes. 
A lactulose é um dissacarídeo semissintético que também atua como laxante osmótico. Ela não consegue ser 
hidrolisada pelas enzimas gastrintestinais. As dosagens orais alcançam o colo do intestino e são degradadas 
pelas bactérias colônicas em ácidos lático, fórmico e acético. Isso aumenta a pressão osmótica, causando 
acúmulo de líquidos que distende o colo do intestino, amolece as fezes e causa defecação. A lactulose é 
usada também para o tratamento da encefalopatia hepática, por reduzir os níveis de amônia. 
 
➢ AMOLECEDORES DE FEZES (LAXANTES EMOLIENTES OU SURFACTANTES) 
Os fármacos ativos em superfície que se tornam emulsificados com as fezes produzem fezes amolecidas e 
facilitam sua progressão. Estão incluídos aí o docusato de sódio e o docusato de cálcio. Eles podem demorar 
dias para fazerem efeito e geralmente são usados na profilaxia, em vez de no tratamento agudo. Os 
amolecedores de fezes não devem ser ingeridos simultaneamente com óleo mineral, devido ao risco de 
absorção do óleo mineral. 
 
➢ LAXANTES LUBRIFICANTES 
O óleo mineral e os supositórios de glicerina são considerados lubrificantes e agem facilitando a passagem de 
fezes endurecidas. O óleo mineral deve ser ingerido por via oral em posição ereta (de pé) para evitar a 
aspiração e uma potencial pneumonia lipídica ou lipoide. 
 
➢ ATIVADORES DE CANAIS DE CLORO 
A lubiprostona, atualmente o único fármaco desta classe, atua ativando os canais de cloreto para aumentar 
a secreção de líquidos no lúmen intestinal. Isso facilita a progressão das fezes e causa pouca alteração no 
equilíbrio eletrolítico. A lubiprostona é usada no tratamento da constipação crônica, particularmente porque 
não foram demonstradas intolerância ou dependência associadas a este fármaco. Interações entre fármacos 
também parecem mínimas, pois a biotransformação ocorre rapidamente no estômago e no jejuno. 
 
• FÁRMACOS QUE ESTIMULAM A MOTILIDADE GI 
➢ FÁRMACOS COLINOMIMÉTICOS 
Estimulam os receptores muscarínicos do TGI (M3) aumentando o trânsito intestinal. Betanecol e Inibidores 
da acetilcolinesterase (Neostigmina). Muitos efeitos colinérgicos: Salivação excessiva, Náuseas e vômitos, 
Diarreia e Bradicardia. Estão em desuso! 
 
➢ ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES D2 
Metoclopramida e Domperidona. A Dopamina inibe o estímulo colinérgico, portanto, os antagonistas 
dopaminérgicos aumentam o estímulo colinérgico. Aumentam a amplitude peristáltica do esôfago, aceleram 
o esvaziamento gástrico e nenhum efeito sobre intestino delgado ou cólon. 
Esses dois fármacos bloqueiam os receptores D2 na zona de gatilho quimiorreceptora do bulbo: Efeito 
antináusea e antiemética. 
Efeitos colaterais: Efeitos extrapiramidais, discinesia tardia, evitar uso prolongado em idosos, galactorréia, 
ginecomastia, impotência e distúrbios menstruais. Domperidona não atravessa a BHE! 
 
➢ MACROLÍDEOS 
Eritromicina e azitromicina estimulam diretamente os receptores de motilina no músculo liso GI. Usados em 
gastroparesia, rápido desenvolvimento de tolerância, usados em pacientes com hemorragia gastrointestinal 
alta aguda e usado para esvaziamento gástrico de sangue antes da endoscopia. 
 
• FÁRMACOS ANTIDIARRÉICOS 
Fármacos antidiarreicos podem ser utilizados com segurança em pacientes com diarreia aguda leve a 
moderada (não deve ser administrado em diarreia sanguinolenta, febre alta ou toxicidade sistêmica!), 
diarreia crônica (Síndrome do intestino irritável e Doença Inflamatória Intestinal). 
 
➢ AGONISTAS OPIOIDES 
Causam constipação, inibem os nervos colinérgicos pré-sinápticos nos plexos submucosos e mioentéricos, 
efeitos no SNC limitam seu uso como antidiarreico. 
Loperamida: Não atravessa a BHE e sem potencial analgésico, 2mg 1 a 4 vezes ao dia. 
 
➢ OCTREOTIDA 
Análogo da somatostatina. Diminui a secreção líquida intestinal, diminui a motilidade intestinal, inibe a 
liberação de gastrina, serotonina, entre outros. 
• FÁRMACOS ANTIEMÉTICOS 
Foram identificados os seguintes receptores: 
a) Muscarínicos (M1) 
b) Histamínicos (H1) 
c) Neurocinina (NK1) 
d) Serotonina (5-HT3) 
Diferentes neurotransmissores e receptores envolvidos possibilitou o desenvolvimento de grupos distintos 
de fármacos antieméticos. 
 
➢ ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES 5-HT3 DA SEROTONINA 
Potentes antieméticos: bloqueiam os receptores 5-HT3 centrais no centro do vômito e na zona de gatilho 
quimiorreceptora, restringe aos vômitos atribuídos à estimulação vagal, pós operatório, quimioterapia (dose 
única 15min antes da quimioterapia e pode associar a um corticosteróide). 
Não é eficaz na cinetose (enjoo de movimento). 
Ondansetrona (VONAU) é um representante da classe, administrados 1x ao dia por via oral ou injetável. Não 
necessita de ajuste de dose em pacientes idosos ou portadores de doenças renais; ajuste de dose necessário 
para portadores de insuficiência hepática. Não atuam nos receptores dopamínicos ou muscarínicos. 
Efeitos colaterais • Bem tolerados e seguros • Cefaleia, tontura e constipação podem estar presentes. 
 
➢ CORTICOSTERÓIDES 
Podem produzir atividade antiemética por mecanismo ainda desconhecido. Dexametasona e 
Metilprednisolona. Possuem efeitos sinérgicos com os antagonistas 5- HT3. Dose de dexametasona igual a 2 
a 8mg IV. 
 
➢ FENOTIAZINAS (PROMETAZINA) 
Fármacos antipsicóticos com ação antieméticas • Inibição dos receptores muscarínicos e dopamínicos – 
Possuem atividade sedativas: • Bloqueio H1 
 
➢ BENZAMINAS (METOCLOPRAMIDA) 
Bloqueio do receptor D2 – Dose de 10 a 20mg a cada 6h (oral ou injetável) – Sintomas extrapiramidais, 
inquietação e distonia são muito comuns. 
 
➢ ANTI-HISTAMINICOS 
Bloqueio H1 é responsável pelo efeito antiemético. Usado na prevenção da cinetose. 
Efeitos colaterais • Sedação • Boca seca • Retenção urinária • Difenidramina compartilha efeitos 
anticolinérgicos – Meclizina: Prevenção da cinetose e Tratamento de vertigem causada por disfunção do 
labirinto. 
 
➢ ANTICOLINÉRGICO 
Hioscina (escopolamina). Antagonista muscarínico. Uns dos melhores agentes para prevenção da cinetose. 
Intensos efeitos anticolinérgicos 
 
➢ BENZODIAZEPÍNICOS 
Lorazepan e diazepan podem ser usados.

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