Prévia do material em texto
1 CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO MARCOS ANTÔNIO DE SOUZA JÚNIOR HOSPITAL VETERINÁRIO PÚBLICO Anteprojeto Arquitetônico VITÓRIA 2020 2 MARCOS ANTÔNIO DE SOUZA JÚNIOR HOSPITAL VETERINÁRIO PÚBLICO: ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora do curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Salesiano. Orientador: Professor Marcos Spinassé. VITÓRIA 2020 3 MARCOS ANTÔNIO DE SOUZA JÚNIOR UNIDADE DE SAÚDE ANIMAL: ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO DE UM HOSPITAL VETERINÁRIO PÚBLICO Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora do curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Salesiano, como requisito para obtenção do grau de Arquiteto Urbanista. Aprovação em _____ de __________________ de __________. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________ Marcos Antônio Spinassé Professor Orientador – UNISALES ______________________________________________________ Anna Karine Bellini Professor – UNISALES __________________________________________________ Barbara Terra Queiroz Arquiteto e Urbanista convidado 4 “A grandeza de uma nação e seu progresso moral podem ser julgados pela forma como seus animais são tratados. (Mahatma Gandhi) 5 RESUMO O presente estudo final de graduação, traz a proposta arquitetônica de um hospital veterinário público para Vitória-ES. A ausência de equipamentos públicos para tal funcionailidade, somado a fragilidade dos serviços de medicina veterinária público existentes, surge a iniciativa de contribuir, a partir da arquitetura, para o bem-estar animal. Nos dias atuais, os animais domésticos vem sendo considerados membros da família, portanto tal proposta, além de propor o bem-estar animal, auxilia nos conceitos de saúde única, levando em consideração ainda o alto número de animais em situação de rua, que configura-se como questão de saúde pública. Desta forma, o objetivo é elaborar um anteprojeto de um hospital veterinário para ao atendimento de animais de pequeno porte, como, cães, gatos e animais silvestres, respondendo às necessidades de uma edificação pública, contribuindo de forma preventiva e corretiva para a saúde, atendendo às necessidades, principalmente, dos animais com donos de renda baixa; e colaborando com a convivência entre o homem e o animal. Palavras-Chave: Hospital veterinário; saúde única; arquitetura hospitalar; edificação pública. 6 ABSTRACT This Final Graduation study, brings an architectural proposal of a public veterinary hospital to the city of Vitória-ES. Given the absence of public facilities with such a typology, as well as the fragility of existing popular veterinary medical assistance services, interest arises in contributing, from architecture, to animal welfare. Nowadays, domestic animals have been considered members of the family, so this proposal, in addition to proposing animal welfare, helps in the concepts of unique health, taking into account also the problem of the number of homeless animals, is configured as a public health issue. Thus, the objective is to elaborate a preliminary project of a veterinary hospital for the care of small animals, such as dogs, cats and wild animals, responding to the specificities of a public building, contributing in a preventive and corrective way to health. In the city, meeting the needs, mainly, of the competent animals and with low-income donors; and collaborating with harmonious human-animal coexistence. Key words: Veterinary hospital; unique health; hospital architecture; public building. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Localização do Hospital SOS...................................................................... 29 Figura 2 - Fachada do Hospital SOS.................................................................. 30 Figura 3 - Recepção SOS........................................................................................... 33 Figura 4 - Centro Cirúrgico SOS................................................................................. 33 Figura 5 - Consultório SOS......................................................................................... 34 Figura 6 - Consultório SOS..........................................................................................34 Figura 7 – Baia de internação SOS............................................................................ 35 Figura 8 - Baia de internação SOS.............................................................................. 36 Figura 9 – Funcionograma SOS................................................................................. 36 Figura 10 - Localização da ONG................................................................................. 37 Figura 11 - Abrigo da ONG..........................................................................................38 Figura 12 - Fachada do Hospital Memphis................................................................. 39 Figura 13 - Implantação do Memphis.........................................................................40 Figura 14 - Planta baixa primeiro pavimento do Memphis.........................................40 Figura 15 - Planta baixa segundo pavimento do Memphis........................................41 Figura 16 - Recepção do Memphis........................................................................... 42 Figura 17 - Localização do lote..................................................................................44 Figura 18 - Grupo de atividades permitidas por zona................................................45 Figura 19 - Atividades de cada grupo.........................................................................46 Figura 20 – Estudo Solar............................................................................................47 Figura 21 - Funcionograma térreo..............................................................................49 Figura 22 – Funcionograma segundo pavimento...................................................... 50 Figura 23 – Novo Funcionograma térreo....................................................................51 Figura 24 – Novo Funcionograma 2º pavimento........................................................52 Figura 25 – Índices de contole urbanístico.................................................................53 Figura 26 – Planta Baixa primeiro pavimento.............................................................54 Figura 27 - Planta Baixa segundo pavimento.............................................................54 Figura 28 – Fachada principal....................................................................................55 Figura 29 – Cortes......................................................................................................55 Figura 30 – Estudo de massa.....................................................................................56 Figura 31 – Estudo de massa.....................................................................................57 Figura 32 - Estudo de massa.....................................................................................57 Figura 33 - Estudo de massa.....................................................................................57 Figura 34 - Estudo de massa.....................................................................................58Figura 35 -Tijolo cerâmico..........................................................................................58 Figura 36 – Piso vinílico.............................................................................................59 Figura 37 – Piso intertravado......................................................................................59 Figura 38 – Piso concregrama....................................................................................60 Figura 39 - Brises horizontais.....................................................................................60 8 LISTA DE QUADROS Tabela 1 - Relação ambientes x usuários x móveis do Hospital SOS..........................29 Tabela 2 - Dados demográficos Vitória-ES.......................................................... 42 Tabela 3 - Programa de necessidades x ambientes x usuários.................................. 47 Quadro 4 – Quadro de áreas.......................................................................................56 9 LISTA DE ABREVIAÇÕES Seguem abaixo a lista com as principais abreviações citadas neste documento. AGEVISA – Agência Estadual de Vigilância em Saúde ANCLIVEPA - Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo ANVISA – Agência Nacional de Saúde APABB – Associação dos protetores dos animais de Barra do Bugres OMS – Organização Mundial de Saúde CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária CNEN – Conselho Nacional de Energia Nuclear CRMV – Conselho Regional de Medicina Veterinária RDC – Resolução da Diretoria Colegiada IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PDM – Plano Diretor Municipal ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ONG – Organização Não Governamental 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................11 1.1 OBJETIVOS.........................................................................................................13 1.1.1OBJETIVOS GERAIS.........................................................................................13 1.1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO..................................................................................13 1.1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................13 2 METODOLOGIA DE PESQUISA............................................................................16 3 REFERENCIAL TEÓRICO .....................................................................................17 3.1 CONCEITO DE HOSPITAL VETERINÁRIO.........................................................17 3.2 CARACTERIZAÇÃO DE HOSPITAL VETERINÁRIO...........................................17 3.3 DIFERENCIANDO O PÚBLICO DO PRIVADO.....................................................18 3.4 PROPOSTAS CONVERGENTES E RELATO DE UM ESPECIALISTA................19 3.4.1 PROJETO DE LEI, DEPUTADO TONY MEDEIROS, PARA MANAUS.............19 3.4.2 PROJETO DE LEI, VEREADOR ZANDER FÁBIO, PARA GOIÂNIA..................20 3.4.3 PROJETO ARQUITETONICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO CONSTITUCION NA ESPANHA – ARQUITETOS DOBLEESE SPACE & BRANDING.........................20 3.4.4 RELATO DO ARQUITETO MARCELO GUEDES, ESPECIALISTA EM PROJETOS PARA PETS, ESCLARECE AS PRINCIPAIS PARTICULARIDADES QUE A ARQUITETURA PARA ANIMAIS DEVE ADOTAR..................................................20 3.5 LEIS, NORMAS E DIRETRIZES..........................................................................22 3.5.1 RESOLUÇÃO Nº 1015 DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA............................................................................................................22 3.5.2 RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA (RDC Nº 50) ...............................24 3.5.3 CONSELHO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN)..............................24 3.5.4 DECRETO Nº 40.400 DE 24 DE OUTUBRO DE 1995 – SÃO PAULO...............25 3.5.5 AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE (ANVISA)....................................................26 3.5.6 NORMAS AUXILIARES DA ABNT.....................................................................27 3.5.7 PLANO DIRETOR MUNICIPAL..........................................................................27 4 METODOLOGIA DE PROJETO.............................................................................26 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA....................................................28 5.1 PESQUISAS DIRETAS........................................................................................28 5.1.1 SOS VETERINÁRIA..........................................................................................29 5.1.2 ONG PATINHAS CARENTES...........................................................................37 5.2 PESQUISA INDIRETA.........................................................................................39 5.2.1 MEMPHIS VETERINARY SPECIALISTS..........................................................39 5.3 PROPOSTA..........................................................................................................43 11 5.3.1 CONDICIONANTES..........................................................................................43 5.3.2 LOCAL...............................................................................................................43 5.3.3 TERRENO.........................................................................................................44 5.3.4 QUALIFICAÇÃO DO LOTE PARA IMPLANTAÇÃO DO HOSPITAL..................45 5.3.5 PESQUISA IN LOCO - LOTE.............................................................................48 5.3.6 PARTIDO ARQUITETÔNICO............................................................................49 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................53 6.1 PROPOSTA FINAL..............................................................................................54 6.1.2 DESENHOS TÉCNICOS...................................................................................55 6.1.3 ESTUDO DE MASSA.........................................................................................56 6.1.4 MATERIAIS A SEREM UTILIZADOS.................................................................58 6.2 CONCLUSÃO.......................................................................................................61 REFERÊCIAS............................................................................................................62 APENDICE.................................................................................................................66 12 1 INTRODUÇÃO A arquitetura é um campo multidisciplinar, possuindo em sua base matemática, ciências, artes, tecnologia, ciências sociais, política, história, filosofia, entre outros. Nos últimos anos os animais domésticos vem tendo cada vez mais espaço na família brasileira, portanto manter os mesmos saudáveis se torna ético e importante, pois interfere diretamente no equilíbrio do meio ambiente, no bem estar e também na saúde dos seres humanos. Propostas parecidas vem sendo discutidas em outros estados, onde deputados e outros políticos vem inserido cada vez mais em seus objetivos de trabalho a inserção da saúde animal no sistema público. Deste modo o profissional Arquiteto tendo total autoridade para através de seus serviços, auxiliar a população na solução de problemas sociais e políticos, como por exemplo, os relacionados a saúde. A ideia da implantação de um hospital veterinário público surge com objetivo de através da Arquitetura resolver ouamenizar os problemas contemporâneos da “saúde única”, criando um equilíbrio na saúde dos animais, saúde humana e meio ambiente. No primeiro capítulo desta monografia, cita-se os objetivos gerais deste estudo, transpondo claramente as pretensões do mesmo e trazendo justificativas plausíveis para a importância do tema, no segundo externa-se quais as metodologias de pesquisa utilizadas para composição deste estudo, no terceiro apresenta-se diferentes abordagens sobre o mesmo tema, incluindo leis, normas e diretrizes, o quarto capítulo demonstra quais as metodologias utilizadas para concepção do projeto, no quinto apresentam-se os resultados obtidos com as pesquisas e no sexto capítulo é mostrado a proposta final para o hospital, bem como, as considerações finais do estudo. https://pt.wikipedia.org/wiki/Matem%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_sociais https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia 13 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 OBJETIVOS GERAIS O presente estudo acadêmico tem como objetivo compreender e expressar de forma projetual o funcionamento de edifícios destinados a saúde animal para o atendimento público, bem como, entender as necessidades para funcionamento perfeito desses espaços e suas particularidades, visando ter conhecimento e capacidade, para propor uma arquitetura funcional para tais espaços. 1.1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO O objetivo principal deste estudo é, através da compreensão de funcionamento de edifícios destinados a saúde animal, elaborar um anteprojeto de um hospital veterinário público para atendimento de animais de pequeno porte, como, cães, gatos e animais silvestres, respondendo às particularidades de uma edificação de uso público. Previamente será apresentado um estudo preliminar, onde foram levantadas todas as necessidades da tipologia, estudo bioclimático e funcionogramas, que posteriormente originaram o anteprojeto. O anteprojeto será composto em, implantação/situação, planta baixa do primeiro e segundo pavimento, planta de cobertura, fachada e cortes. 1.1.3 JUSTIFICATIVA A associação entre a espécie humana e os animais tem início datado em períodos pré-históricos. Porém, o desenvolvimento da medicina veterinária é de certo modo recente, motivado principalmente por razões financeiras associadas à obtenção de alimentos e ao auxílio no trabalho. (THRUSFIELD, 2004 apud GOMES et al, 2016). Após meados da década de 1940, o papel do veterinário passou a se tornar amplo, a partir do momento que: As necessidades ligadas a sanidade animal e a produção de alimentos, o crescimento expressivo das populações de animais de estimação e da forma de viver humana, tem conduzido a transformações profundas no papel deste profissional dentro do contexto da saúde animal, humana e ambiental em especial nas últimas cinco décadas. (PFUETZENREITER E ZYLBERSZTAJN, 2004 apud GOMES et al, 2016, p. 73). 14 Nos dias atuais, as discussões e ações relacionadas à saúde no âmbito veterinário passaram a se voltar à saúde única e ao bem-estar animal, associando-se inclusive a questões éticas, visto que esses animais são encarados “não apenas como potenciais zoonóticos, mas sim, como familiares, e com valor intrínseco agregado” (GARCIA, 2006 apud GARCIA et al, 2008, p. 107). Os cuidados com a saúde e bem-estar animal envolvem ações que visam diminuir a incidência de doenças e a mortalidade, tanto de animais como guardiões, como de animais comunitários, através do oferecimento de serviços públicos de atenção básica à saúde, controle reprodutivo, vacinação, atendimento para distúrbios comportamentais e o manejo de animais abandonados e rejeitados pela comunidade (GARCIA et al, 2008). A medida principal para o controle de zoonoses, trata-se do controle populacional dos cães e gatos, pois esses podem se tornar fonte de infecções para outros animais e para a população humana. Em muitos países, inclusive no Brasil, a eliminação de animais de rua tem sido o método adotado, sem apoio de outras atividades de impacto. (BASTOS, 2013). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (1990 apud VIEIRA et al, 2016), as atividades de recolhimento e eliminação dos animais de rua não são efetivas para o controle da população. Tal controle deve ser realizado em programas e políticas públicas nos municípios, atuando nas principais causas do problema do excesso populacional: a procriação de cães e gatos e a responsabilidade humana quanto à posse (VIEIRA, 2016). Deste modo, o controle de reprodução através da esterilização cirúrgica (castração) subsidiada pelo poder público mostra-se como uma opção para resolver o problema sócio ecológico relacionado às populações de animais (BASTOS, 2013). Além disso, os custos de esterilização dos animais são consideravelmente inferiores aos custos da eutanásia, sendo possível, com o mesmo recurso, esterilizar um número 48,5% superior ao número de animais que poderiam passar pela eutanásia (CÁCERIS, 2004 apud BASTOS, 2013). 15 De acordo com dados do IBGE de 2015, o Espírito Santo possuí animais em pelo menos 42% dos domicílios, a consulta veterinária no ES tem valores entre R$ 150,00 a R$ 400,00, segundo o CRMV-ES (Conselho Regional de Medicina Veterinária do ES). Ainda segundo o IBGE 60% da população do ES vive com apenas um salário mínimo, logo, essas pessoas não possuem condição de pagarem uma consulta veterinária. Em outros locais o problema tem se mostrado de maneira parecida com o nosso estado e medidas vem sendo tomadas para a solução do mesmo. Diante desta situação, fica evidente o papel do controle populacional como um dos fatores principais para a saúde animal. Nesse sentido, a criação de um hospital veterinário na saúde pública mostra-se importante, como ferramenta de atenção básica à saúde, controle reprodutivo e vacinação; e como instrumento de efetivação da Medicina Veterinária do Coletivo e da Saúde Única. 2 METODOLOGIA DE PESQUISA Neste trabalho de conclusão de curso foram adotadas metodologias que estruturam- se a partir de dois tipos de atividades: (1) pesquisa e coleta e (2) desenvolvimento do projeto. Foram adotadas abordagens teóricas e empíricas que se relacionam com a primeira categoria e um processo de projeto que viabiliza a etapa de desenvolvimento. O referencial teórico foi elaborado a partir da atividade de pesquisa bibliográfica pautada em quatro temas: medicina veterinária; medicina veterinária no Espirito Santo; hospital veterinário, edificações de uso público. Para obtenção de dados, foram consultados livros, artigos, sites e normas. O referencial empírico, pautado também na pesquisa e coleta, utiliza como técnicas a construção de estudos de referenciais diretos e indiretos, consultando não só a bibliografia, bem como profissionais da área e coletando dados in loco. Devido a pandemia houve dificuldade para realização de pesquisas in loco, deste modo foram realizadas duas pesquisas diretas e uma indireta, sendo as diretas no hospital SOS Veterinária, localizado no bairro Praia da Costa no município de Vila Velha; e no Patinhas Carentes, instituição localizada no bairro Barro Vermelho, no município de Vitória, que retira animais das ruas, levando-os ao veterinário, abrigando- os e posteriormente lhes oferecendo em feiras de adoção. A pesquisa indireta foi 16 realizada na internet, no qual foi analisado o projeto do hospital veterinário Memphis Veterinary Specialists, localizado em uma área industrial no subúrbio de Cordova, Tennessee, nos Estados Unidos. 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 CONCEITO DE HOSPITAL VETERINÁRIO Do grego nosocômio, hospital é um substantivo masculino que significa um estabelecimento onde doentes são admitidos paratratamento por um grupo de médicos em diversas especialidades. Já a palavra veterinária, tem origem do latim veterinária, um substantivo feminino, que possui o significado de ter conhecimento das doenças dos animais, é uma medicina que se aplica a esses animais. (DICIONÁRIO MICHAELIS, 2009) 3.2 CARACTERIZAÇÃO DE HOSPITAL VETERINÁRIO Para compreensão do tema, faz-se necessário entender as definições de hospital veterinário, clínica veterinária e consultório veterinário. Segundo a Resolução nº 1015/2012, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), define-se: Art. 2º Hospitais Veterinários são estabelecimentos capazes de assegurar assistência médico-veterinária curativa e preventiva aos animais, com atendimento ao público em período integral (24 horas), com a presença permanente e sob a responsabilidade técnica de médico veterinário. (...) Art. 4º Clínicas Veterinárias são estabelecimentos destinados ao atendimento de animais para consultas e tratamentos clínico-cirúrgicos, podendo ou não ter cirurgia e internações, sob a responsabilidade técnica e presença de médico veterinário. (...) Art. 6º Consultórios Veterinários são estabelecimentos de propriedade de Médico Veterinário destinados ao ato básico de consulta clínica, curativos, aplicação de medicamentos e vacinações de animais, sendo vedada a realização de procedimentos anestésicos e/ou cirúrgicos e a internação. (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA, Resolução 1015, 2015) 17 O hospital veterinário diferencia-se pelo fato, além de oferecer atendimento integral e serviços de maior complexidade. Vale alertar que, o consultório veterinário se configura como um setor do hospital, apesar de também ser encontrado como um estabelecimento. 3.3 DIFERENCIANDO O PÚBLICO DO PRIVADO Também é muito importante compreender quais as diferenças entre serviços de saúde públicos e privados, a Dra. Luiza Sterman, Médica Sanitarista, coordenadora do Núcleo de investigação em Serviços de Saúde do Instituto de Saúde da Secretaria da Saúde de São Paulo, define as diferenças da seguinte forma: “A primeira diferença que, para nós, é fundamental para a análise dessa situação é o próprio conceito de Saúde. Enquanto, no Sistema Público, a saúde está relacionada a condições de vida e é resultante das diferentes políticas, sejam elas econômicas sejam sociais, no Privado, a saúde é definida a partir da doença exclusivamente e a doença é entendida como uma mercadoria. Quanto às características do sistema, o Público se organiza a partir de princípios - universalidade, integralidade e equidade - e o Privado, ao contrário, seleciona e segmenta a clientela. Enquanto o Público é integral, o Privado é parcial, porque também seleciona o tipo de oferta ou de atendimento dado a essa clientela. O sistema Público tem como princípio, a equidade, isto é, trata de forma diferente os "diferentes", para atingir a universalidade e a integralidade, enquanto que, no sistema Privado, os direitos dependem do poder aquisitivo. Quanto aos princípios organizativos e operativos do sistema, tanto no Sistema Público quanto no Privado há descentralização, regionalização, hierarquização e mesmo participação, embora fundamentados em bases teórico-conceituais diferentes que não cabe agora aprofundar.” (STERMAN, 2018). Apesar das diferenças mencionadas pela Dra, vale ressaltar que as diferenças arquitetônicas entre edifícios públicos e privados, basicamente estão ligadas à questões estéticas, que variam devido a diferença dos materiais utilizados, visando menor custo. Desta maneira, a análise de edifícios particulares de mesma tipologia, são válidas para aplicação na concepção de um projeto público, visto que o programa de necessidades se assemelham, bem como todas as atividades e usuários do edifício. 18 3.4 PROPOSTAS CONVERGENTES E RELATO DE UM ESPECIALISTA. Para perfeita compreensão e interação ao tema, foram pesquisadas, propostas parecidas com o objetivo deste trabalho, além da opinião de um especialista, sobre o tema. 3.4.1 PROJETO DE LEI, DEPUTADO TONY MEDEIROS, PARA MANAUS. No estado de Manaus diante dos problemas relacionados a saúde que animais de rua podem causar, especialistas discutiram junto ao Deputado Estadual Tony Medeiros a criação de um hospital veterinário público. O presidente o conselho de medicina veterinária do Amazonas, Paulo Carneiro, define o problema da seguinte forma: ‘’Os animais domésticos que não podem ser tratados por famílias de baixa renda acabam abandonados, é preciso uma divulgação sobre a castração de animais de pequeno porte na via pública e mais conscientização sobre os cuidados de tutelar um animal e proteger uma vida’’ (CARNEIRO, 2006). Ele argumenta ainda que: “É claro, devemos pensar primeiro nos hospitais e unidades de saúde, mas não se pode mais desvincular a saúde do homem da saúde do animal’’ (CARNEIRO, 2006). 3.4.2 PROJETO DE LEI, VEREADOR ZANDER FÁBIO, PARA GOIÂNIA. Em Goiânia também visando sanar problemas de saúde pública que os animais podem causar, o Plenário da Câmara Municipal aprovou, um projeto de Lei, de autoria do vereador Zander Fábio (Patriota), que instituiu uma Unidade Ambiental de Saúde e Bem Estar Animal em Goiânia. O hospital público veterinário deve atender animais domésticos, nativos ou exóticos de todos os tamanhos, que estiverem abandonados ou que pertençam a tutores sem condições financeiras para pagar tratamentos ou ações preventivas, além de animais que forem encaminhados por órgãos públicos, ONGs ou protetores. 19 3.4.3 PROJETO ARQUITETONICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO CONSTITUCION NA ESPANHA – ARQUITETOS DOBLEESE SPACE & BRANDING Na Espanha os arquitetos do grupo Dobleese Space & Branding criaram o projeto do hospital veterinário Constitucion, e definiram a realização do projeto da seguinte forma: [...]Queríamos criar referências para os animais domésticos no projeto. Depois de tantos anos desenhando situações humanas, nos pareceu muito interessante a ideia de projetar pensando no bem estar de nossos mascotes (DOBLEESE SPACE & BRANDING,2016). 3.4.4 RELATO DO ARQUITETO MARCELO GUEDES, ESPECIALISTA EM PROJETOS PARA PETS, ESCLARECE AS PRINCIPAIS PARTICULARIDADES QUE A ARQUITETURA PARA ANIMAIS DEVE ADOTAR. Além de referenciais que esclareçam a importância da criação de um hospital veterinário público, para concepção do projeto, se faz necessário utilizar referenciais que sirvam como embasamento para que as particularidades da tipologia sejam atendidas e que classificam os principais pontos que um projeto de obra pública deve conter. O arquiteto Marcelo Guedes, relata a arquitetura para animais da seguinte forma: “Se o arquiteto e/ou designer de interiores é responsável em planejar e organizar os espaços para todos viverem, nada mais justo do que dar especial atenção aos nossos animais que devem viver em lugares arejados e aconchegantes. Nosso principal objetivo é cuidar do conforto, planejar os espaços ideais, definir tipo de mobiliário, plantas adequadas, tipos de acabamentos, espaços para descanso, entre outros detalhes importantes. Nos acabamentos devemos avaliar a resistência dos materiais utilizados assim como a impermeabilidade, pensar na segurança como telas de proteção em alguns ambientes como janelas, varandas ou sacadas e proporcionar que os animais possam viver confortavelmente nos seus espaços. Esses espaços devem estar integrados e ter harmonia com o projeto de arquitetura. Certos tipos de mobiliário podem servir de descanso e evite trocar os espaços de lugar, pois, os animais preferem se acostumar nesses lugares e criam uma certa afinidade com o tempo. Para o piso sempre oriento pensar na praticidade dos pisos laváveis para evitar arranhões ou a acidez do xixi, pois, mesmo os mais treinados algumas vezes podem demonstrar um deslize e isso compromete a limpeza. Pisos decerâmica ou porcelanatos são mais indicados que pisos de madeira, portanto, entre os modelos existentes o mercado oferece os tipos lisos, amadeirados ou aqueles que imitam concreto. https://www.archdaily.com.br/br/office/dobleese-space-branding?ad_name=project-specs&ad_medium=single https://www.archdaily.com.br/br/office/dobleese-space-branding?ad_name=project-specs&ad_medium=single 20 Se não puder substituir o piso evite deixar esse espaço para uso do seu bichinho, só uma dica. Nas paredes indico as tintas acrílicas laváveis que facilitam a limpeza e de preferência use cores escuras pois disfarça os danos. Se tiver papel de parede nos ambientes fique atento às bordas, e prefira tipos de vinil que podem ser limpos com um pano úmido. Quanto aos móveis, sugiro sempre peças fechadas que evitem que os bichinhos fiquem escondidos ou procure treinar os animais. Fique atento em móveis abertos, pois, aquele cantinho pode ser bem convidativo aos seu animal, por isso, não facilite e aumente o grau de dificuldade com peças altas, principalmente aos gatos que adoram escalar e se esconder. Em poltronas ou cadeiras prefira peças com fibras sintéticas às naturais de linho ou algodão e sempre impermeabilize peças com tecido a fim de proteger seus moveis e tenha preferência nas tramas fechadas para evitar danificar. Quanto às cortinas, prefira persianas em rolo e fuja das cortinas de tecido, esse é o preço de se ter um gato por exemplo. E, finalmente, tome muito cuidado com certos tipos de plantas em casa, se tiver seu bichinho saiba escolher corretamente qual planta utilizar e não ter imprevistos como intoxicação. E já que estamos falando da área interna de nossa casa, os lugares dos bichinhos devem ser acomodados em cantos bem confortáveis, sempre limpos e arejados. Nossos animais de estimação são integrantes da família e por isso devem ser tratados com maior carinho. Lembre se que o animal precisa se sentir integrante da casa. Em apartamentos evite deixar seu animal isolado em áreas fechadas, e acima de tudo procure fazer exercícios frequentemente, valorize o cuidado nos pet shops e sempre o trate com muito amor, afinal quem não gosta de carinho e atenção né?” (GUEDES,2020) 3.5 LEIS, NORMAS E DIRETRIZES Para concepção do projeto, foram analisadas algumas leis, normas e diretrizes tanto da cidade de Vitória, quanto da área da saúde e do Conselho Federal de Medicina Veterinária. As mesmas, serão citadas e descritas a seguir. 3.5.1 RESOLUÇÃO Nº 1015 DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA Esta resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária, datada em 09 de dezembro de 2012 tem como função principal, conceituar e estabelecer as condições para funcionamento de estabelecimentos médicos veterinários, além de suas devidas providências e materiais necessários. 21 No artigo 5º, o conselho determina funcionamento de hospitais veterinários da seguinte forma: Art. 5o São condições para funcionamento de hospitais veterinários: I - setor de atendimento: a) sala de recepção; b) consultório; c) geladeira, com termômetro de máxima e mínima para manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros produtos biológicos; e d) sala de arquivo médico, que pode ser substituída por sistemas de informática; II – para o caso de o estabelecimento optar pelo atendimento cirúrgico, setor cirúrgico: a) sala para preparo e recuperação de pacientes, contendo: 1. sistemas de aquecimento (colchões térmicos e/ou aquecedores); 2. sistemas de provisão de oxigênio e ventilação mecânica; 3. armário de fácil acesso com chave para guarda de medicamentos controlados e armário para descartáveis necessários a seu funcionamento; e 4. no caso dos medicamentos sujeitos a controle, será obrigatória a sua escrituração em livros apropriados, de guarda do médico veterinário responsável técnico, devidamente registrados nos órgãos competentes. b) sala de antissepsia e paramentação com pia e dispositivo dispensador de detergente sem acionamento manual; c) sala de lavagem e esterilização de materiais, contendo equipamentos para lavagem, secagem e esterilização de materiais. d) a sala de lavagem e esterilização de materiais pode ser suprimida quando o estabelecimento utilizar a terceirização destes serviços, comprovada pela apresentação de contrato/convênio com a empresa executora; e) sala cirúrgica: 1. mesa cirúrgica impermeável e de fácil higienização; 2. equipamentos para anestesia inalatória, com ventiladores mecânicos; 3. equipamentos para monitorização anestésica com no mínimo temperatura corporal, oximetria, pressão arterial não-invasiva e eletrocardiograma; 4. sistema de iluminação emergencial própria; 5. foco cirúrgico; 6. instrumental para cirurgia em qualidade e quantidade adequadas à rotina; 7. aspirador cirúrgico; 8. mesa auxiliar; 9. paredes impermeabilizadas de fácil higienização, observada a legislação sanitária pertinente; 10. sistema de provisão de oxigênio; 11. equipamento básico para intubação endotraqueal, compreendendo no mínimo tubos traqueais e laringoscópio; 12. sistema de aquecimento (colchão térmico); 22 III - para o caso de o estabelecimento optar pela internação, setor de internação, devendo dispor de: a) mesa e pia de higienização; b) baias, boxes ou outras acomodações individuais e de isolamento compatíveis com os animais a elas destinadas, de fácil higienização, obedecidas as normas sanitárias municipais e/ou estaduais; c) local de isolamento para doenças infectocontagiosas, no caso de internação; d) armário para guarda de medicamentos e descartáveis necessários a seu funcionamento; e) no caso dos medicamentos sujeitos a controle, será obrigatória a sua escrituração em livros apropriados, de guarda do médico veterinário responsável técnico, devidamente registrados nos órgãos competentes. IV - setor de sustentação: a) lavanderia; b) depósito/almoxarifado; c) instalações para descanso, preparo de alimentos e alimentação do médico veterinário e funcionários, quando houver funcionamento 24 horas; d) sanitários/vestiários compatíveis com o número de funcionários; e) setor de estocagem de medicamentos e fármacos; f) unidade de conservação de animais mortos e restos de tecidos; Parágrafo único. A clínica deverá manter contrato/convênio com empresa devidamente credenciada para recolhimento de cadáveres e resíduos hospitalares. (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA,2012). 3.5.2 RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA (RDC Nº 50) Esta resolução é um regulamento técnico elaborado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) fevereiro de 2002, no qual cita sobre planejamentos, programação, elaboração e avaliação de projetos de estabelecimentos relacionados à saúde, onde podem ser utilizadas também para estabelecimentos veterinários. Todos os estabelecimentos de saúde, devem estar de acordo com esta resolução, estando ligados as normas federais, estaduais e municipais, visando o projeto atender todos os aspectos, leis, normas e legislações relacionadas ao proposto tema. Para elaboração de projetos físicos e sua organização, esta resolução nos traz inúmeros aspectos sobre o tema, descrevendo todos os ambientes que devem existir em um projeto da área de saúde. Esta RDC considera que a localização da edificação no terreno deve seguir as exigências do código de obras local, porém, determina como regra básica, que nenhuma janela de ambientes de uso prolongado poderá possuir 23 afastamento menor que três metros em relação à qualquer edificação e nos demais ambientes os afastamentos não devem ser menores que 1,5 m exceto de banheiros, vestiários e depósitos de materiais de limpeza. (RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA, nº 50,2002). 3.5.3 CONSELHO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEN) Este, traz as determinações para a realização de práticas nucleares, onde qualquer ação que envolva fontesassociadas a práticas nucleares só pode ser executada com o controle regulatório do conselho. O conselho só autoriza a realização da prática nuclear, se está de alguma forma beneficiar a sociedade. O ambiente a ser realizado a atividade nuclear deve ser bem sinalizado com informações e instruções apropriadas e os funcionários responsáveis pelo raio-x devem utilizar um avental de chumbo durante o uso do equipamento no exame do animal. (CONSELHO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR, 2010). 3.5.4 DECRETO Nº 40.400 DE 24 DE OUTUBRO DE 1995 – SÃO PAULO Este traz orientações para pré-dimensionamento e materiais a serem utilizados em alguns setores do hospital veterinário. Funciona como um complemento à resolução nº 1015 do Conselho Federal de Medicina Veterinária, seguindo as mesmas condições de funcionamento de hospitais veterinários, da resolução. De acordo com o Capítulo II, artigo 6°, a respeito de dependências, instalações, recintos e partes dos estabelecimentos veterinários: ‘’ I - sala de recepção e espera: destina-se à permanência dos animais que aguardam atendimento; deve ter acesso diretamente do exterior; sua área mínima deve ser 10,00m2 sendo a menor dimensão no plano horizontal não inferior a 2,50m; o piso dever ser liso, impermeável e resistente a pisoteio e desinfetantes; as paredes devem ser impermeabilizadas até altura de 2,00m; II - sala de consultas: destina-se ao exame clínico dos animais; deve ter acesso direto da sala de espera; sua área mínima deve ser 6,00m2, sendo a menor dimensão no plano horizontal não inferior a 2,00m; o piso deve ser liso, impermeável e resistente a pisoteio e desinfetantes; as paredes devem ser impermeabilizadas at a altura de 2,00m; III - sala de curativos: destina-se à prática de curativos, aplicações e outro procedimentos ambulatoriais; obedece às especificações para a sala de consultas; IV - sala de cirurgia: destina-se à prática de cirurgias em animais; a sua área deve ser compatível com o tamanho da espécie a que se destina, nunca inferior a 10,00m2, sendo a menor dimensão no plano horizontal nunca inferior a 2,00m; o piso deve ser liso, impermeável e resistente a pisoteio e 24 desinfetantes; suas paredes devem ser impermeabilizadas até a altura de 2,00m; o forro dever ser de material que permita constante assepsia; não deve haver cantos retos nos limites parede-piso e parede-parede; as janelas devem ser providas de telas que impeçam a passagem de insetos; seu acesso deve ser através de antecâmara; V - antecâmara: compartimento de passagem; sua área mínima deve ser 4,00m2, sendo a menor dimensão no plano horizontal nunca inferior a 2,00m; o piso deve ser liso e impermeável; as paredes devem ser impermeabilizadas até a altura de 2,00m; conterá pia para lavagem e desinfecção das mãos e braços dos cirurgiões; poderá conter armários; VI - sala de esterilização: destina-se à esterilização dos materiais utilizados nas cirurgias, nos ambulatórios e nos laboratórios; seu piso deve ser liso e impermeável, resistente a desinfetantes; as paredes devem ser impermeabilizadas até o teto; sua área mínima de 6,00m2 sendo menor dimensão no plano horizontal nunca inferior a 2,00m; deve ser provida de equipamento para esterilização seca e úmida; VII - sala de coleta: destina-se à coleta de material para análise laboratorial médico veterinário; sua área mínima deve ser 4,00m2, sendo a menor dimensão no plano horizontal nunca inferior a 2,00m; o piso e as paredes devem ser impermeabilizados; VIII - sala para abrigo de animais: destina-se ao alojamento de animais internados; nela se localizam as instalações e compartimentos de internação; seu acesso deve ser afastado das dependências destinadas a cirurgia e laboratórios; o piso deve ser liso e impermeabilizado, resistente ao pisoteio e desinfetantes; as paredes devem ser impermeabilizadas até a altura de 2,00m; deve ser provida de instalações necessárias ao conforto e segurança dos animais e propiciar ao pessoal que nela trabalha condições adequadas de higiene e segurança ao desempenho; suas dimensões devem ser compatíveis com o tamanho das espécies a que se destina; deve ser provida de dispositivos que evitem a propagação de ruídos incômodos e exalação de odores; deve ser provida de água corrente suficiente para a higienização ambiental; o escoamento das águas servidas deve ser ligado à rede de esgoto, ou, na inexistência desta, ser ligado à fossa séptica com poço absorvente; as portas e as janelas devem ser providas de tela para evitar a entrada de insetos; IX - sala de radiografias: deve ter dimensão compatível com o tamanho da espécie a que se destina; suas especificações de proteção ambiental e individual devem obedecer à legislação vigente para radiações; XIII - canil: o compartimento destinado ao abrigo de cães; deve ser individual, construído em alvenaria, com área compatível com o tamanho dos animais que abriga e nunca inferior a 1,00m2; as paredes devem ser lisas, impermeabilizadas de altura nunca inferior a 1,5m; o escoamento das águas servidas não poderá comunicar-se diretamente com outro canil; em estabelecimentos destinados ao tratamento de saúde pode ser adotado o canil de metal inoxidável ou com pintura antiferruginosa, com piso removível; em estabelecimentos destinados ao adestramento e/ou pensão pode ser adotado o canil tipo solário, com área mínima de 2,00m2, sendo o solário totalmente cercado por tela de arame resistente, inclusive por cima; XIV - gaiola: a instalação destinada ao abrigo de aves, gatos e outros animais de pequeno porte; deve ser construída em metal inoxidável ou com pintura antiferruginosa; não pode ser superposta a outra gaiola nem o escoamento das águas servidas pode comunicar-se diretamente com outra gaiola.’’ (SÃO PAULO, decreto nº 40.400, 1995). 25 3.5.5 AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE (ANVISA) A ANVISA é o órgão que regulamenta as condições de saúde pública, em todo país, a mesma é capaz de ditar regras e normas para a saúde. Segundo o Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFF, a ANVISA foi criada no governo Fernando Henrique Cardoso pela lei no 9.782, de 26 de Janeiro de 1999. Tendo como missão proteger e promover a saúde da população garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços e participando da construção de seu acesso. Em relação à área de saúde e sanitária, temos as seguintes leis: “Lei 6.360, de 23 de setembro de 1976 – Dispõe sobre a vigilância sanitária a que estão sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos e saneantes e outros produtos, e dá outras providências.” (BRASIL,1976) “Lei no 6437, de 20 de agosto de 1977 – Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências.” (BRASIL,1977) “Decreto no 79.094, de 05 de janeiro de 1977 – Regulamenta a Lei no 6.360/76 que submete a sistema de vigilância sanitária os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêutico e correlatos, cosméticos, produtos de higiene, saneantes e outros.” (BRASIL, 1977) “Lei no 9.782, de 26 de janeiro de 1999 – Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências.” (BRASIL, 1999) 3.5.6 NORMAS AUXILIARES DA ABNT Para realização de um projeto arquitetônico adequá-lo as normas da ABNT são de extrema importância e o projetista deve atentar-se as seguintes normas. NBR 6492 – Representação de projeto de arquitetura; NBR 5261 – Símbolos gráficos de eletricidade; NBR 7191 – Execução de desenhos para obras de concreto simples ou armado; 26 NBR 14611 – Desenho Técnico – Representação simplificada em estruturas metálicas; NBR 9077 – Proteção contra incêndios. NBR 13532 – Elaboração de projetos de edificações – arquitetura; NBR 9050 – Acessibilidade; NBR 7808 – Símbolos gráficos para projetos de estruturas; 3.5.7 PLANO DIRETORMUNICIPAL O município de Vitória/ES teve aprovado no ano de 2001 e revisado no ano de 2018, o seu plano diretor municipal, instrumento básico de política urbana e expansão urbana, ele orienta a ocupação do solo urbano, levando em consideração interesses coletivos, como a preservação da natureza e da história da cidade, e outros interesses particulares, como a opinião dos moradores do município. O mesmo foi consultado para que o projeto atendesse ao predisposto e desta forma, seja considerado um projeto legal e executável. 4 METODOLOGIA DE PROJETO. Para desenvolvimento do anteprojeto, foi utilizado o método de projeto de Laert Neves (1989), Neves (1989) adota o partido como ideia preliminar do edifício projetado, enfatizando o modo de como pensar o projeto, separando-o em três etapas: coleta e análise das informações básicas; procedimentos para adoção do partido; e o projeto arquitetônico. Em seu livro Neves aborda apenas as duas primeiras etapas. Na primeira, são coletados os dados necessários para adoção do partido. Na segunda etapa, para adoção do partido, busca-se passar para o papel as ideias preliminares de projeto. Finalizando a adoção do partido, o ajuste tridimensional sincroniza as ideias realizadas nos planos horizontal e vertical, podendo produzir novas ideias e/ou induzir modificações nas decisões já adotadas. Essa etapa finaliza o processo conceptivo, precedendo a etapa de projeto, na qual se desenvolve a ideia expressa no partido a partir do desenvolvimento do projeto. 27 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA Neste capítulo são apresentados os resultados dos estudos de referência realizados, a partir da análise de edificações com uso semelhante ao proposto, a fim de observar aspectos formais e funcionais que auxiliem na elaboração do anteprojeto. 5.1 PESQUISAS DIRETAS Através das pesquisas diretas buscou-se obter, com a visita in loco, informações relacionadas ao edifício e seu entorno, além de aspectos funcionais e construtivos. A avaliação levou em consideração os aspectos de localização, relações com a vizinhança, aspecto formal e principais fluxos. Já a avaliação dos espaços, visou observar, em cada espaço visitado, aspectos como quantidade de usuários, atividades realizadas, relações com demais ambientes, mobiliários, equipamentos, materiais, acabamentos, temperatura e iluminação. As informações relevantes obtidas nas visitas estão descritas abaixo. 5.1.1 SOS VETERINÁRIA O hospital SOS veterinária situado na Avenida Hugo Musso, no bairro Praia Da Costa, Vila Velha-ES (FIGURA1), tem como proprietários um casal de médicos veterinário. Figura 1 – Localização do Hospital SOS Fonte: Google Earth, Adaptado pelo autor 2020. 28 Possuí em seu entorno vários edifícios de uso misto, onde o pavimento térreo é composto por lojas comerciais e os demais possuem uso residencial. A escolha deste estabelecimento, se deu pelo fato do mesmo ser considerado um dos melhores hospitais veterinários do estado e por oferecer estrutura atualizada, apesar de não ser um hospital tão amplo, no ponto de vista arquitetônico (FIGURA2). Figura 2 – Fachada do Hospital SOS Fonte: Google, 2020. Na pesquisa foram levantados os ambientes do hospital, bem como os móveis existentes no mesmo e seus respectivos usuários. Para que as informações ficassem organizadas, foi elaborado o quadro abaixo: Quadro 1 – Relação ambientes x usuários x móveis do Hospital SOS. AMBIENTE MÓVEIS USUÁRIOS Recepção. 1 unidades. Balcão de atendimento; cadeiras de espera, espaço para água/café. Prever armários para arquivo junto à recepção. Tutores, Funcionários, Prestadores de serviços e animais. 29 Consultórios. 3 unidades Mesa de trabalho e atendimento, mesa de procedimentos, armários e lavatório, Geladeira. Tutores, Funcionários e animais. Internação 1 unidades Cabines com capacidade para 15 animais. Deve ter uma pia e área para banho dos animais. Animais e Funcionários. Centro Cirúrgico 1 unidades. Mesa de cirurgia, mesa de monitoramento, carrinhos de apoio, luz cirúrgica, armários e negatoscópio. Animais e funcionários. Banheiros 1 unidades Cabines para sanitário e banho, pia e armários. Funcionários. Banheiros 1 unidades Sanitário e lavatório, com barras e demais adequações à NBR 9050. Clientes e Prestadores de Serviços. Vestiário 1 unidades Cabine para troca e guarda volumes. Funcionários. Banheiro. 1 unidades Sanitário e lavatório, com barras e demais adequações à NBR 9050. Clientes e Prestadores de Serviços. Dormitório Descanso para três funcionários, com três Funcionários. 30 1 unidade. camas de solteiro e armários. Refeitório. 1 unidade. Mesa para refeições, Geladeira e micro- ondas. Funcionários e Prestadores de Serviços. Almoxarifado. 1 unidade. Estantes para guarda de produtos, geladeira para medicamentos termolábeis. Funcionários. Lavanderia. 1 unidade. Armário para guardar produtos. Funcionários. Sala de esterilização. 1 unidade Bancadas com pia e armários. Necessita de espaço para autoclave. Funcionários. Estacionamento. 1 unidade 5 vagas. Tutores, Funcionários, Prestadores de serviços e animais. Necrotério. 1 unidade. Bancadas com pia, refrigerador, e armário. Funcionários. Fonte: Elaboração própria, 2020. O hospital conta com recepção moderna com dimensões apropriadas para o seu funcionamento (FIGURA 3). 31 Figura 3 – Recepção SOS. Fonte: Arquivo próprio, 2020. O centro cirúrgico não é muito amplo, porém segundo os funcionários, o mesmo possui dimensões suficientes para que as cirurgias sejam executadas tranquilamente(FIGURA4). Figura 4 – Centro Cirúrgico SOS. Fonte: Arquivo próprio, 2020. O consultório se assemelha muito com o de humanos, tendo como maior diferença a maca onde deita-se o paciente, por motivos óbvios as mesas existentes nos 32 consultórios do hospital são pequenas e chumbadas na parede, ocupando menos espaço e facilitando os atendimentos (FIGURAS 5 E 6). Figura 5 – Consultório SOS. Fonte: Arquivo próprio, 2020. Figura 6 – Consultório SOS. Fonte: Arquivo próprio, 2020. A internação do hospital possui capacidade para quinze pacientes, os mesmos ficam presos a baias com dimensões variadas, portas de vidro com furos que facilitam que animal esteja visível a todo instante (FIGURAS 7 E 8). 33 Figura 7 – Baia de internação SOS. Fonte: Arquivo próprio, 2020. 34 Figura 8 – Baia de internação SOS. Fonte: Arquivo próprio, 2020. Para perfeita compreensão de fluxos e interações entre os ambientes, foi elaborado o funcionograma a seguir: Figura 9 – Funcionograma SOS. Fonte: Arquivo próprio, 2020 35 5.1.2 ONG PATINHAS CARENTES Visando entender os hábitos dos animais e o funcionamento de canil e gatil, foi realizada uma pesquisa in loco na ONG Patinhas Carentes. A ONG localizada na rua Juiz Alexandre Martins de Castro Filho, no bairro Santa Luíza, Vitória-ES (FIGURA10), foi formada no ano de 2008, quando universitárias começaram a se engajar na causa animal. Figura 10 – Localização da ONG. Fonte: Google Earth, Adaptado pelo autor 2020. O projeto teve início com ajuda e intermédio a outros grupos de proteção animal e surgindo a necessidade de atender aos animais que se encontravam em situação de risco nas ruas, fez-se necessário a criação da sede para abrigar esses animais. Atualmente o Patinhas Carentes abriga 50 cães e 75 gatos. A ONG, ao retirar os animais dasruas, arca com todas as despesas hospitalares desses animais, pois os mesmos na maioria das vezes precisam de cuidados médicos para posteriormente serem abrigados. Com a inexistência de um hospital veterinário público o trabalho da ONG fica muito dificultado. Segundo a veterinária e idealizadora da ONG, cujo a mesma não quis ter o nome mencionado, cada animal gera em média um gasto de 500,00R$ (quinhentos reais) com procedimentos médicos, esses valores são pagos através de doações, porém nem sempre as doações conseguem suprir os gastos, tendo então que sair do bolso dos idealizadores. Conforme já mencionado o abrigo possui capacidade para 50 cães e 75 gatos que ficam abrigados em baias (FIGURA11) 36 Figura 11 – Abrigo da ONG. Fonte: Arquivo próprio, 2020. As baias da ONG possuem 1,2 metros de largura, 2 metros de comprimento e 1,8 metros de altura. Essa será a dimensão de baia utilizada no canil do hospital. 5.2 PESQUISA INDIRETA 5.2.1 MEMPHIS VETERINARY SPECIALISTS Localizado em uma área industrial no subúrbio de Cordova, Tennessee, nos Estados Unidos, o Memphis Veterinary Specialists (FIGURA12) foi concluído em 2011, com projeto elaborado pelo escritório americano Archimania. Anteriormente, o hospital funcionava em um shopping center, no entanto passou a precisar de um edifício independente para ampliar suas atividades, contando agora com 17.022,62 m² de área. 37 Figura 12 – Fachada do Hospital Memphis Fonte: Archidayli, 2020. Este hospital não oferece serviços veterinários gerais, ofertando apenas atendimentos especializados nas áreas de odontologia, dermatologia, oncologia e oftalmologia. O cliente, buscava um espaço eficiente de trabalho, além de orçamento baixo, forneceu plantas e desenhos, elaborados pelo cirurgião chefe, que foram utilizados como critério de avaliação dos desenhos preliminares do arquiteto. A edificação está situada em um terreno de formato irregular (FIGURA13), no qual sua porção noroeste é fronteiriça com um riacho, cuja margem é marcada por uma linha de massa arbórea. A partir da conciliação entre as restrições do terreno e o programa de necessidades, surgiu a forma do edifício, marcada por suas linhas retas, e a planta em formato triangular. 38 Figura 13 - Implantação do Memphis Fonte: Archidayli, 2020. À vista disso, foi dada atenção à maneira na qual os ambientes internos possibilitem a visibilidade do riacho, e a como um espaço poderia ser criado entre a edificação e a linha de árvores. Ambientes de uso cirúrgico, de procedimentos especiais e suporte foram locados na parte central do edifício, enquanto espaços como áreas de apoio ao diagnóstico e emergência circundam o corpo central (FIGURAS14 E 15). Figura 14 - Planta baixa primeiro pavimento do Memphis Fonte: Archidayli, 2020. 39 Figura 15 - Planta baixa segundo pavimento do Memphis Fonte: Archidayli, 2020. A entrada, marcada por um balanço de forma triangular (FIGURA11), foi orientada para o norte, em direção à rua no qual se encontra o acesso principal e buscando obter um melhor aproveitamento da iluminação zenital. A preocupação com a utilização da luz natural evidencia-se a partir do uso de janelas altas, dispostas de maneira que formam volumes adicionados ao topo do edifício, orientadas também ao norte. O pavimento inferior do edifício forma uma base de concreto, com panos de vidro utilizados na parte que marca a entrada principal. Já no pavimento superior, utilizou- se aço corten corrugado, com “costuras” verticais, para acentuar o volume da platibanda e do pavimento. Os equipamentos e os volumes criados para aproveitamento da iluminação natural, localizados na cobertura do edifício, também foram revestidos pelos painéis de aço, criando um aspecto monolítico na parte superior (FIGURA 16). 40 Figura 16 - Recepção do Memphis Fonte: Archidayli, 2020. As pesquisas realizadas trouxeram compreensão do funcionamento de edifícios destinados a saúde animal. Através da crítica feita sobre os objetos de pesquisa tornou-se possível criar o programa de necessidades para a proposta do hospital veterinário público de Vitória. De maneira geral, todos os ambientes pesquisados atendem de maneira eficiente as necessidades, porém alguns pontos negativos foram identificados, como, espaços pequenos para algumas atividades, problemas relacionados ao fluxo interno de pessoas, dentre outros. A percepção destes problemas foi muito útil para que a proposta seja realizada, já prevendo não apresentar os mesmos pontos negativos. 5.3 PROPOSTA 5.3.1 CONDICIONANTES Abaixo serão descrevidos as condicionantes para criação da proposta, como, local escolhido, terreno e sua qualificação perante o PDM. Tabelas e imagens foram inseridas visando organizar as informações. 41 5.3.2 LOCAL O local escolhido para implantação do hospital é a Avenida Vitória, uma das mais importantes da cidade, tem comércio intenso, liga a cidade aos dois extremos e tem ótima localização geográfica. Quadro 2 – Dados demográficos Vitória-ES. Denominação dos habitantes Capixaba População 327.801 habitantes (IBGE/2010) Área 93,38 km² Limites Cariacica, Vila Velha e Serra. Altitude 3 metros Ponto mais elevado Parque da Fonte Grande 304m Latitude (S) 20°19’15’’ Longitude (WGr) 40°20’10’’ Clima Tropical Úmido Região Sudeste do país Fuso Horário UTC 3 Principais atividades econômicas O setor de serviços é a principal atividade econômica da cidade. Vitória, capital capixaba, abriga os portos de Tubarão e Vitória, sendo esse último um dos mais movimentados do Brasil. Fonte: Elaboração própria, 2020. https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk00ixdibLv9mkb4TnA0rsj_vnBadcQ:1604426856872&q=vit%C3%B3ria+%C3%A1rea&stick=H4sIAAAAAAAAAOPgE-LUz9U3MKpMKTDWkspOttLPyU9OLMnMz4MzrBKLUhMXsfKVZZYc3lyUmahweCFQAAAVI6tNOgAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwjSofzm--bsAhU0GbkGHZxNDNIQ6BMoADAEegQIBhAC 42 5.3.3 TERRENO O Terreno proposto para o projeto (FIGURA17), localiza-se no bairro De Lourdes, numa quadra envolta por três vias: Rua Professor Arnol Cabral, Rua Gilberto Paixão e a Avenida Vitória, uma área de 1876,99m² e plano conforme estudo da área e configura-se basicamente em formato trapezoidal. Ao seu entorno há residências, comércios, Oficinas mecânicas, e tem testada para a Avenida Vitória. Figura 17 – Localização do lote. Fonte: Google Earth, Adaptado pelo autor 2020. A princípio não foi fácil encontrar um terreno que se encaixasse na proposta e devido à dificuldade de encontrar um terreno no centro, a escolha deste se deu porque o mesmo localiza-se próximo à pontos de referência na cidade, como a faculdade Faesa, o Instituto Federal do ES, além do fato principal que é ter testada para a principal avenida da cidade. Por ser um local com três vias existentes, tem-se facilidade para acessar ao terreno, este fator possibilita uma divisão de fluxos entre pessoas e serviços. 5.3.4 QUALIFICAÇÃO DO LOTE PARA IMPLANTAÇÃO DO HOSPITAL Seguem abaixo, as informações retiradas no PDM, que qualificam o lote escolhido para implantação do hospital. 43 Conforme consulta prévia ao mapa de zoneamento do município constatou-se que o terreno situa-se na ZAR1(Zona artérial1). O PDM indica quais os usos e atividades permitidos ou não permitidos por zona e conforme a tabela abaixo, as atividades do classificadas em G1, G2 e G3 são permitidas no lote escolhido (FIGURA 18) Figura 18 – Grupo de atividades permitidas por zona. Fonte: Plano Diretor Municipalde Vitória-ES, Adaptado pelo autor 2020. Nesta outra tabela, temos relacionadas as atividades permitidas em cada grupo, o que caracteriza o lote escolhido como apropriado para implantação de edifício para atividades veterinária (FIGURA19). 44 Figura 19 – Atividades de cada grupo Fonte: Plano Diretor Municipal de Vitória-ES, Adaptado pelo autor 2020. 5.3.5 PESQUISA IN LOCO - LOTE Para entender melhor o funcionamento e possibilidades do terreno, foi realizada uma pesquisa in loco, onde foi observado, que o lote conta com serviços de infraestrutura, como iluminação e energia, água e esgoto, além de pavimentação asfáltica. Seu entorno há residências, comércios, oficinas mecânicas, além de ficar próximo à locais 45 de referência da cidade, já citados. As construções ao redor são de no máximo dois pavimentos. Um estudo solar foi realizado(FIGURA20) e neste foi constatado que os ventos predominantes estão à nordeste, sendo os lados norte e noroeste, os de maiores incidência solar. Figura 20 - Estudo Solar Fonte: Elaboração própria, 2020. 5.3.6 PARTIDO ARQUITETÔNICO Segundo NEVES,2012, o partido Arquitetônico, é compreendido como a ideia preliminar do projeto. Ele cita que o partido pode ser concebido a partir de duas etapas. Uma, do conjunto de informações indispensáveis pelo projetista para idealizar o partido, e, a outra, dos procedimentos necessários à adoção. Para a idealização do partido arquitetônico foram utilizadas as definições de Neves, onde, primeiro foram obtidas todas as informações necessárias, e posteriormente adotados procedimentos para melhor concepção do partido. Através do levantamento feito nas pesquisas, obteve-se o programa de necessidades/arquitetônico do hospital veterinário SOS e através de uma entrevista com os proprietários, tornou-se possível compreender quais espaços poderiam ser incluídos para melhorar o funcionamento do hospital. Além desta entrevista, sendo o profissional arquiteto mais qualificado para relacionar os espaços, com os usuários e suas necessidades que um veterinário, evidenciou-se através de um olhar mais técnico pontos que deveriam ser melhorados, incluídos ou retirados para que a 46 proposta possa suprir todas as necessidades que um hospital veterinário público possuí. Diante do citado, foi criado o programa de necessidades abaixo, no qual relaciona todos os ambientes necessários para o perfeito funcionamento do hospital, com suas respectivas funções e usuários. Quadro 3 – Programa de necessidades x ambientes x usuários. NECESSIDADE AMBIENTE USUÁRIOS Espera, cadastros, agendamentos e informações. Recepção. 2 unidades. Tutores, Funcionários, Prestadores de serviços e animais. Atendimento e triagem dos pacientes. Consultórios. 6 unidades Tutores, Funcionários e animais. Cuidados intensivos visando a recuperação dos pacientes. Internação 2 unidades Animais e Funcionários. Espaço para realização de cirurgias de pequenas e grandes complexidades. Centro Cirúrgico 3 unidades. Animais e funcionários. Cuidados intensivos para recuperação de doenças infectocontagiosas. Internação. 1 unidades. Animais e funcionários. Necessidades fisiológicas Banheiros 4 unidades Funcionários. Necessidades fisiológicas Banheiros Clientes e Prestadores de Serviços. 47 2 unidades Espaço para troca de roupa. Vestiário 2 unidades Funcionários. Necessidades fisiológicas -PCD Banheiro. 2 unidades Clientes e Prestadores de Serviços. Repouso e dormida Dormitório 1 unidade. Funcionários. Alimentação dos funcionários. Refeitório. 1 unidade. Funcionários e Prestadores de Serviços. Guarda de materiais médicos hospitalares e medicamentos, bem como demais utensílios. Almoxarifado. 1 unidade. Funcionários. Área para reuniões e palestras. Auditório. 1 unidade. Funcionários, tutores e outros da área. Lavagem de roupas. Lavanderia. 1 unidade. Funcionários. Limpeza de Utensílios e Equipamentos. Sala de esterilização. 1 unidade Funcionários. Atendimento de emergência Sala 1 unidade Funcionários e animais. 48 Guarda de veículos. Estacionamento. 1 unidade 10 vagas. Tutores, Funcionários, Prestadores de serviços e animais. Guarda de animais em óbito. Necrotério. 1 unidade. Funcionários. Planejamento de funcionamento e recursos humanos. Administrativo. 1 sala. Funcionários. Fonte: Elaboração própria, 2020. Após entender e relacionar os ambientes, suas funções e seus usuários, deu-se início ao processo de organização desses espaços. Segundo NEVES,2012, existem relações de maior ou menor grau de intimidade entres os ambientes do programa, deste modo, se faz necessário compreender as relações, pois elas condicionam as disposições espaciais no terreno e no edifício, facilitando deste modo a produção do projeto. Para organizar os espaços de acordo com suas relações, conforme Neves sugere, foram criados os funcionogramas setoriais abaixo (FIGURA 21 E 22). 49 Figura 21 – Funcionograma térreo Fonte: Elaboração própria, 2020. 50 Figura 22 – Funcionograma segundo pavimento Fonte: Elaboração própria, 2020. No funcionograma acima, procurou-se fazer com que cada ambiente ficasse próximo ao seu devido setor, para não haver uma distância muito grande dos mesmos, para isso foi utilizado de corredores. Cada espaço ficou próximo ao setor, minimizando contatos e risco de infecções. Ainda segundo NEVES,2012, a análise do funcionograma, oferece ao projetista a oportunidade de entender as relações e enxergar melhores alternativas para o projeto. O funcionograma acima, não foi diferente e possibilitou através de sua crítica melhorias para concepção do funcionograma abaixo. 51 Figura 23 – Novo Funcionograma térreo Fonte: Elaboração própria, 2020. Alguns ambientes foram reorganizados de modo a propor um melhor funcionamento do hospital. Através do último funcionograma produzido deu-se início à criação do projeto, porém para que o projeto fosse concebido dentro das normas estabelecidas no PDM, ainda, se fez necessário consulta à tabela abaixo, a mesma evidencia os índices de controles urbanísticos a serem respeitados por cada zona. 52 Figura 24 – Novo Funcionograma 2º pavimento Fonte: Elaboração própria, 2020. 53 Figura 25 – Índices de contole urbanístico Fonte: Plano Diretor Municipal de Vitória-ES, Adaptado pelo autor 2020. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 6.1 PROPOSTA FINAL As análises realizadas nos capítulos anteriores, foram bases idealizadoras para a proposta final, através das informações obtidas, tornou-se possível a criação do anteprojeto, conforme os desenhos técnicos abaixo. 54 6.1.2 DESENHOS TÉCNICOS Figura 26 – Planta baixa primeiro pavimento Fonte: Elaboração própria, 2020. Figura 27 – Planta baixa segundo pavimento Fonte: Elaboração própria, 2020. 55 Figura 28 – Fachada principal da edificação Fonte: Elaboração própria, 2020. Figura 29 – Cortes da edificação Fonte: Elaboração própria, 2020. 56 O ponto chave deste projeto é o fato do mesmo ser dividido em duas partes, possuindo uma recepção para gatos e uma para cachorro,tendo apenas um corredor interligando esses dois lados. Os ambientes foram dispostos de modo que as áreas mais frequentadas ficassem no primeiro pavimento, tendo no segundo, em sua maioria, ambientes particulares, que possuem como usuários basicamente os funcionários do hospital. Tal organização, oferece maior segurança e compreensão espacial do edifício, facilitando ao usuário compreender o funcionamento. O pavimento térreo contará com estacionamento, quartos, que abrigará moradores de rua, durante o período de internação de seus animais, canil com vaga para cachorros, gatil com vaga para gatos, recepções distintas para cães e gatos, almoxarifado com sala separada para medicamentos de uso controlado, consultórios, centros cirúrgicos, necrotério, sala de raio-X, sala de esterilização e banheiros. O acesso ao segundo pavimento, se dar por duas escadas localizadas ao centro da edificação, além de dois elevadores também centralizados. O segundo pavimento, abriga consultórios, sala de reuniões, setor administrativo, refeitório, vestiários masculino e feminino, além de dormitórios para repouso dos funcionários. Quadro 4 – Quadro de áreas ÁREA DO TERRENO 1876,99m² TÉRREO 526,30m² 2º PAVIMENTO 365,45m² 3º PAVIMENTO 89,01m² COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO 0,5 TAXA DE OCUPAÇÃO 28% TAXA DE PERMEABILIDADE 10% ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA 980,76M² Fonte: Elaboração própria, 2020. 57 6.1.3 ESTUDO DE MASSA Para perfeita compreensão, e maior qualificação da proposta foi elaborado o estudo de massa abaixo. Figura 30 – Estudo de massa Fonte: Elaboração própria, 2020. Figura 31 – Estudo de massa Fonte: Elaboração própria, 2020. 58 Figura 32 – Estudo de massa Fonte: Elaboração própria, 2020. Figura 33 – Estudo de massa Fonte: Elaboração própria, 2020. 59 Figura 34 – Estudo de massa Fonte: Elaboração própria, 2020. 6.1.4 MATERIAIS A SEREM UTILIZADOS A tipologia proposta possui particularidades determinantes, que devem ser consideradas para criação de uma proposta que atenda, fatores técnicos, estéticos e financeiros. Deste modo, seguem abaixo os materiais principais a serem utilizados na proposta. Optou-se por materiais, que tenham custos baixos, porém que pudessem oferecer funcionalidade e estética a proposta. Para vedação foi escolhido o uso de tijolos cerâmico, as famosas lajotas (FIGURA 35) Figura 35 - Tijolo cerâmico Fonte: Google Imagens, 2020. 60 Para o piso interno, optou-se por colocar revestimento vinílico (FIGURA 36), pelo fato do mesmo ser um material adequado à estabelecimentos de saúde, por sua fácil limpeza, além de garantir acabamento de qualidade. Figura 36 – Piso vinílico Fonte: Google Imagens, 2020. Para as áreas externa, optou-se pelo piso intertravado (FIGURA37) nos acessos, pois o mesmo facilita o escoamento de água e tem custos relativamente menor. Figura 37 – Piso intertravado Fonte: Google Imagens, 2020. 61 Será utilizado o piso concregrama (FIGURA38), pois este possui ótima estética e possibilita absorção da água da chuva, ampliando a área permeável da construção. Figura 38 – Piso concregrama Fonte: Google Imagens, 2020. Nas janelas é fator importante a utilização de fechamento, para evitar possíveis fugas de animais, grades foram descartadas, pois as mesmas não oferecem ganho estético ao edifício. Deste modo, optou-se por brises horizontais (FIGURA38), pois os mesmos oferecem ganho estético e funcionam perfeitamente como bloqueio para eventuais fugas de animais. Figura 39 – Brises horizontais Fonte: Google Imagens, 2020. 62 6.2 CONCLUSÃO Com a finalização do projeto do Hospital Veterinário Público, evidencia-se que os objetivos propostos desde as etapas de planejamento foram atendidos de forma parcial, os estudos realizados indicaram que para criação de uma proposta perfeita se faz necessário compreender outros aspectos, como por exemplo, a iluminação, que possui suma importância nos procedimentos médicos e que poderia ser solucionada através de projeto luminotécnico, além disso, até mesmo os pontos que foram abordados poderiam ser compreendidos de forma ainda mais resultante com mais visitas in loco. Esses fatores tornariam o projeto ainda mais rico, porém o curto tempo para um estudo aprofundado, somado a pandemia de Covid-19 dificultaram na realização de alguns objetivos. Mesmo com alguns pontos que poderiam ser considerados, particularmente, vejo que o anteprojeto apresentado atende às necessidades de uma construção pública e tem capacidade para suprir as demandas dos animais comunitários da cidade de maneira funcional e ética. A metodologia aplicada teve papel importantíssimo para elaboração do projeto, na medida em que a mesma estabeleceu todos os passos para o desenvolvimento do produto final, bem como permitiu um processo de projeto mais consciente, sem seguir etapas necessariamente lineares. A partir dos informações obtidas nas etapa de análise, principalmente nos estudos das referências projetuais, foi possível entender a organização funcional dos equipamentos de saúde voltados aos animais. Por fim, todos os procedimentos adotados para concepção do anteprojeto, contribuíram para meu desenvolvimento enquanto futuro arquiteto, ampliando minha visão para questões éticas, sociais, ambientais e zoonoses. 63 REFERENCIAS ABNT. NBR-9050. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2015. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Referência técnica para o funcionamento dos serviços veterinários. Brasília, 2010. BASTOS, Ana Liz Ferreira. Estudo da dinâmica populacional e das estratégias de manejo da população canina no município de Itabirito, MG, Brasil de 2007 a 2011. Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, 2013, 143 p. BRASIL. Casa civil. LEI Nº 6.360, DE 23 DE SETEMBRO DE 1976. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Resolução nº 1015, de 09 de novembro de 2012. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Resolução nº 670, de 10 de agosto de 2000 COORDENADORIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Laudo ergonômico 2013 – Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Elaborado por Ana Maria Lobo Noronha. São Paulo: COVISA, 2013. DOBLEESE SPACE & BRANDING (2016). Hospital Veterinário Constitución. Hospital veterinário. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/867854/hospital-veterinario-constitucion- dobleese-space-and-branding?ad_source=search&ad_medium=search_result_projects Acesso em: 15 abr. 2020 FASTFORMAT (2007). Escrevendo seu TCC. Metodologia Cientifica. Disponível em: https://blog.fastformat.co/monografia-ou-tcc-o-que-fazer-e-o-que-nao- fazer/ Acesso em: 13 abr. 2020. GARCIA, R.C. M.; MALDONADO, N. A. C.; LOMBARDI, A. Controle populacional de cães e gatos – Aspectos éticos. Revista Ciência Veterinária Tropical, v.11, Supl.1, p.106-111, 2008. GÓES, Ronald de. Manual prático de arquitetura hospitalar. 1. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2004.193 p. GÓES, Ronald de. Manual prático de arquitetura para clínicas e laboratórios. 2.ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Edgar Blücher, 2010. 265 p. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%206.360-1976?OpenDocument https://www.archdaily.com.br/br/867854/hospital-veterinario-constitucion-dobleese-space-and-branding?ad_source=search&ad_medium=search_result_projects https://www.archdaily.com.br/br/867854/hospital-veterinario-constitucion-dobleese-space-and-branding?ad_source=search&ad_medium=search_result_projects