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Geologia e Introdução a Solos Professora Camila Natália Ramos de Almeida almeidac@uni9.pro.br UNINOVE – Universidade Nove de Julho Engenharia Civil Classificação granulométrica dos solos ● A classificação granulométrica (textura) dos solos é dividida em: ○ Solos grossos (granulares): mais de 50% dos grãos são visíveis a olho nu, ou seja, são areias e pedregulhos; ○ Solos finos: mais de 50% dos grãos não são visíveis a olho nu, ou seja, são siltes e argilas. ● A distribuição granulométrica é muito importante em solos grossos, pois pode indicar o comportamento referentes as suas propriedades físicas; ● Para os solos finos, a granulometria é de pouca importância para a solução dos problemas de engenharia geotécnica; ● Em função da distribuição granulométrica os solos podem ser bem graduados (solos constituídos por grãos de diferentes tamanhos) ou mal graduados (solos com grãos de tamanhos que pouco variam). Usos da análise granulométrica na engenharia ● Identificação dos solos bem graduados ampla gama de tamanho de partículas, apresentam melhor comportamento em termos de resistência e compressibilidade que os solos com granulometria uniforme; ● Estimativa do coeficiente de permeabilidade de solos de granulação grossa, especialmente no dimensionamento de filtros; ● Execução de concreto de cimento agregados bem graduados requerem menos cimento para encher os vazios e, havendo menos água por unidade de volume de concreto, ele será mais denso, menos permeável e apresentará maior resistência à alteração do que se fosse executado com agregado uniforme. Análise granulométrica do solo ● O ensaio de análise granulométrica do solo está normalizado pela ABNT/NBR 7181/82; ● Distribuição granulométrica dos materiais granulares (areias e pedregulhos) processo de peneiramento; ● Distribuição granulométrica dos materiais finos (siltes e argilas) processo de sedimentação; ● Para solos que tem partículas tanto na fração grossa quanto na fração fina, se torna necessária a análise granulométrica conjunta (peneiramento + sedimentação). Análise granulométrica do solo: Peneiramento A indicação das peneiras utilizadas refere-se à abertura da malha ou ao número de malhas quadradas por polegadas. Peneiramento: escolha do conjunto de peneiras ● As peneiras são colocadas uma sobre a outra de modo a ter uma abertura crescente de baixo para cima; ● Para a montagem do conjunto de peneiras a ser utilizado, deve ser levado em conta o diâmetro da maior e da menor partícula presente na amostra de solo estimados visualmente; ● A menor peneira normalmente empregada é a nº 200 (0,075mm); ● Pesam-se as quantidades retiradas em cada peneira. Sedimentação ● Para partículas de solos menores que 0,075mm; ● São realizadas medidas em períodos determinados na solução com densímetro e os cálculos são feitos baseando-se na lei de Stokes; ● Determina-se em cada medição o menor diâmetro das partículas já sedimentadas (1) e a porcentagem de partículas com diâmetros inferiores que ainda não sedimentaram (2). (1) (2) pedregulho 60,00 Exemplo de curva granulométrica 𝟑 𝟒 ” 1”#4 𝟑 𝟖 ” 1 𝟏 𝟐 ” #10#20#30#40#60#100#200 PeneiramentoSedimentação P e rc e n ta g e m q u e p a s s a ( % ) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 • Com os resultados do ensaio de peneiramento e sedimentação traça-se a curva granulométrica. • No eixo y é plotada a porcentagem que passa em cada peneira, ou seja, o percentual do peso das partículas que tem tamanho menor que a dimensão considerada, e no eixo x, é plotado em escala logarítmica os diâmetros das peneiras e/ou partículas. Identificação da granulometria pelo intervalo de peneiras Classificação dos solos: Curvas granulométricas 60,00 Bem graduado Uniforme Mal graduado Bem graduado com finos Bem graduado com excesso de finos Quanto mais deslocada a curva está para a esquerda, mais grosso é o solo. Exemplo de obtenção do d10, d60 e d30: Para este solo: d10 = 2 mm d30 = 4,2 mm d60 = 24 mm Coeficiente de não uniformidade (CNU) ● É a razão entre os diâmetros correspondentes a 60% e 10%, tomados na curva granulométrica. CNU = d60 d10 Classificação: CNU < 5: solo de granulometria muito uniforme 5 ≤ CNU ≤ 15: Solo de uniformidade média CNU > 15: solo de granulometria desuniforme Sendo: d60: diâmetro abaixo do qual se situam 60% das partículas d10 ou diâmetro efetivo (Def): diâmetro abaixo do qual se situam 10% das partículas Exemplo: CNU = d60 d10 = 24 2 = 12 Solo de uniformidade média Solos bem graduados, com granulometria desuniforme, quando bem compactados, normalmente apresentam alta resistência Coeficiente de Curvatura (CC) ● Indica sobre a forma da curva granulométrica entre d60 e d10 . CC = (d30)² d60 . d10 Classificação: CC < 1: curva granulométrica tende a ser descontínua, faltando um diâmetro de grãos na distribuição. CC > 3: solo mal graduado com curva tendendo a ser mais uniforme, ou seja tem muitos grãos com tamanhos iguais ou quase iguais. 1 ≤ CC ≤ 3: solo bem graduado com curva suave, de forma que os espaços deixados pelas partículas maiores sejam ocupados pelas menores Sendo: d30: diâmetro abaixo do qual se situam 30% em peso das partículas. Exemplo: CC = (d30)² d60 . d10 = (4,2)² 24 . 2 = 0,37 Solo descontínuo, faltando um diâmetro de grãos na distribuição Exercício 1 Exercício 2 a) Identificar a presença as frações pedregulho, areia (grossa, média e fina), silte e argila nas curvas granulométricas abaixo. #200 Curva A Exercício 2 - Resolução #200 Exercício 2 Curva B b) Calcule o Coeficiente de não uniformidade (CNU) e o Coeficiente de curvatura e realize a classificação do solo quanto a estes coeficientes. Exercício 2 - Resolução Consistência dos Solos ● Os solos que apresentam certa porcentagem da fração fina (silte e argila), não podem ser adequadamente caracterizados pelo ensaio de granulometria. São necessários outros parâmetros tais como: forma das partículas, a composição mineralógica e química e as propriedades plásticas, que estão intimamente relacionados com o teor de umidade. ● Alguns solos finos, dependendo do seu teor de umidade, apresentam características de consistência diferentes, como a plasticidade, podendo ser modelados sem se desintegrar. ● A plasticidade de um solo é devida à água adsorvida pelas partículas de argilominerais ou materiais orgânicos presentes no solo. ● No início do século passado, o químico sueco Albert Atterberg desenvolveu um método para descrever a consistência dos solos finos em função do seu teor de umidade. Consistência dos Solos ● Quando o teor de umidade é muito baixo, o solo se comporta como um sólido. ● Quando o teor de umidade é muito alto, o solo pode fluir como um líquido. ● Dependendo do seu teor de umidade, o comportamento de um solo pode ser classificado em quatro estados básicos: sólido, semi-sólido, plástico e líquido. Limites de consistência (Atterberg) ● Uma massa de solo argiloso no estado líquido (por exemplo, lama) não possui forma própria e tem resistência ao cisalhamento nula acima do limite de liquidez; ● Retirando-se água aos poucos (secamento) , a partir de um teor de umidade esta massa de solo torna-se plástica, podendo ser moldada sem apresentar uma variação sensível do volume, ruptura ou fissuramento entre o limite de plasticidade e liquidez; ● Continuando o secamento, atinge-se um teor de umidade no qual o solo deixa de ser plástico e adquire a aparência de sólido, mas ainda apresentando uma variação de volume para teores de umidade decrescentes, porém mantendo-se saturado, se encontrando no estado semi-sólido entre o limite de contração e plasticidade. ● Finalmente, a partir de um teor de umidade, amostra começará a secar, mas a volume constante, até o secamento total, tendo atingido o estado sólido. Limites de Atterberg● Limite de liquidez (LL ou wL): ○ O solo flui como um líquido quando w > LL ● Limite de plasticidade (LP ou wP): ○ Menor teor de umidade para o qual o solo ainda é plástico ● Limite de contração (LC ou wS): ○ Para w < LC, não apresenta variação de volume durante a secagem Limite de Liquidez ● O limite de liquidez LL é determinado com o aparelho de Casagrande Limite de Liquidez ● Aparelho de Casagrande 10 mm 10 mm 2 mm 8 mm 10 mm quando levantado concha de latão vista lateral vista frontal base de ebonite pasta de solocinzel 1 2 3 4 ranhura fechada O limite de liquidez (LL) é arbitrariamente definido como sendo o teor de umidade no qual uma ranhura trapezoidal padrão fecha-se com 25 golpes. Limite de Liquidez ● Aparelho de Casagrande Calibração Cinzel Acessórios Necessários Ranhura Aparelho de Casagrande Aparelho de Casagrande 35 40 45 50 55 10 20 30 40 50 número de golpes w [ % ] Execução do Ensaio • solo que passa #40 • mínimo de 15 golpes, máximo de 40 golpes • 2 revoluções (batidas) por segundo • fechamento de 13mm na ranhura • LL = w equivalente a 25 golpes 13mm Limite de Plasticidade Acessórios para o ensaio Placa de vidro jateado Gabarito de metal (3mm) para a comparação do diâmetro do molde de solo Cápsula para determinação das umidades Ensaio baseado na umidade necessária para moldar bastões de tamanhos definidos. Limite de Plasticidade Aparecimento das fissuras Comparação com o gabarito O ensaio será repetido, no mínimo, 3 vezes e o LP ou wp será a média das 3 umidades obtidas 10 g de solo Limite de Plasticidade ● Determina-se o teor de umidade no qual um cilindro de solo executado com a palma da mão, por meio de movimentos regulares de vaivém, sobre uma placa de vidro fosco, começa a fissurar ao atingir dimensões padrões D (diâmetro) = 3 mm e L = 10 cm; ○ Se aparecerem fissuras em um rolinho com D>3mm está no estado semi-sólido. Neste caso deve-se acrescentar água ao solo, homogeneizá-lo e repetir a ação até atingir 3mm de diâmetro e aparecer fissuras; ○ Se o rolinho atingir D<3mm sem fissurar, o solo ainda encontra-se no estado plástico e deve ser revolvido com a espátula para secar. ● Ao adquirir esta condição, D=3mm e aparecimento de fissuras, determina-se o teor de umidade que corresponderá ao LP. Repete-se o processo 5x e faz-se os resultados; ○ Se alguma das medições de distanciar mais de 5% da média esta medição deve ser descartada; ○ Com pelo menos 3 medições dentro deste limite é feita a média e o LP é determinado como sendo o numero inteiro mais próximo. Índice de Plasticidade (IP) ● Intervalo para o teor de umidade para o qual o solo permanece plástico. Índice de Plasticidade = limite de liquidez – limite de plasticidade ● Classificação: ○ fracamente plásticos 1 < IP ≤ 7 ○ medianamente plásticos 7 < IP ≤ 15 ○ altamente plásticos IP > 15 ● Classificação: ○ As argilas são tanto mais compressíveis quando maior for o “IP”. Exercício 3 Tabela 1: Limite de liquidez do solo Amostras 1 2 3 4 5 6 w (%) 30,51 33,48 37,00 34,92 38,82 40,10 N 38 27 21 17 15 12 Figura 1 - Gráfico do limite de liquidez determinado pelo ensaio de Casagrande, teor de umidade x número de golpes (escala log). a) Para a determinação do limite de liquidez foi realizado o ensaio de Casagrande que apresentou os dados mostrado na Tabela 1. A partir destes dados foi elaborado o gráfico mostrado na Figura 1. Com os dados apresentados determine o limite de liquidez deste solo. Exercício 4 b) Com a mesma amostra de solo foram obtiveram-se as seguintes umidades apresentadas na Tabela 2 quando o cilindro com diâmetro de 3 mm se fragmentava ao ser moldado. Qual o Limite de Plasticidade deste solo? Qual o Índice de Plasticidade. Tabela 2 - Limite de plasticidade do solo. 1 2 3 4 5 w (%) 18,52 19,72 16,67 20,20 19,18 Para saber mais: ● USE AVA: ○ Análise Granulométrica dos Solos, determinação dos coeficientes de não uniformidade (CNU) e de curvatura (CC) ○ O estado do solo: índices Físicos, Limites de Atterberg