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Fisiopatologia da Osteoporose CÁLCIO ○ O ser humano tem cerca de 1.000 g de cálcio (Ca) no organismo; 99% desse elemento compõe o osso, sob a forma de hidroxiapatita; e 1% permanece circulando no sangue, nas células e nos líquidos extracelulares Mais abundante no meio extracelular comparado ao meio intracelular; ○ O cálcio sérico (intravascular) está divido em porcentagem: 50% Ca iônico – cálcio disponível e ativo para fazer as suas funções Ex.: impulso nervoso 40% Ca ligado à Albumina (proteína que carreia o cálcio no sangue) - A afinidade do Ca-Alb é variável de acordo com o pH do meio: › Meio alcalótico: aumenta › Meio ácido: diminui (+ cálcio iônico disponível) 10% ligado a outros íons (ex.: citrato, fosfato, etc.) ○ Já que 40% do Ca sérico está ligado a Alb., devemos calcular o Ca total corrigido, de acordo com a albumina sérica; Em situações de hiperventilação (ex.: ansiedade), isso torna o sangue mais básico, devido a exalação de CO2 em grande quantidade, por consequência há o aumento da afinidade Ca-Alb., o que gera uma diminuição do cálcio iônico que causa sintomas de hipocalcemia reativa, como parestesia (formigamento) e contraturas involuntárias; ○ A absorção do cálcio corre especialmente no duodeno e jejuno de forma dependente da vitamina D; ○ Suas principais fontes é o leite e seus derivados, pois onde temos uma concentração e uma biodisponibilidade de cálcio mais elevada; ○ Outras fontes: Leite de cabra e leite de soja têm menor quantidade de cálcio, a não ser que sejam enriquecidos. Polenguinho® e requeijão também têm pouco cálcio Além desses alimentos, o restante da alimentação do dia costuma conter algo em torno de 300 mg de cálcio em dietas de homens, e 200 mg de cálcio em dietas de mulheres. ○ Precisamos de uma ingestão de 1500mg/dia, que equivale a 3 copos de 300ml de leite em um dia; Esse valor é passado para o paciente da seguinte forma: - Copos de leite; - Copos de iogurte; - Fatia grossa de queijo. ○ Esse valor deve ser fracionado no decorrer do dia, visto que a absorção de cálcio é limitada a 30%; (cerca de 3 porções ao dia) ○ Uma vez que o cálcio é absorvido pelo organismo e se torna circulante, ele é reabsorvido a nível renal; A reabsorção ocorre em todos os níveis: Túbulo Contorcido Proximal - Reabsorve 65%; - Ocorre de forma passiva; - Depende da natriurese e da volemia, logo, dietas ricas em Na causa um aumento da calciúria, perda de cálcio pela urina; (observar a dieta do paciente por completo) Alça de Henle - Reabsorve 20%; - Ocorre de forma passiva; - Depende da calcemia, logo, uma dieta rica em cálcio pode causar hipercalciúria (o contrário também pode acontecer); Túbulo Contorcido Distal - Reabsorve 15%; - Ocorre de forma ativa; - Depende dos hormônios PTH e Calcitriol (vit. D ativa); Há alimentos que possuem bastante cálcio em sua composição, no entanto o fornecimento de cálcio por esse alimento (capacidade de absorção) é pequeno. Ex.: folhas verdes, gergelim... FÓSFORO ○ O fósforo também está presente a formação óssea, na forma de hidroxiapatita (85% do fosforo total), como o cálcio; e os 15% restantes de fosforo está presente no meio intracelular; ○ O fósforo possui outras funções como composição da membrana celular e o sistema tampão (fosfato); ○ Muitos alimentos são ricos em fósforo, como carne, leite/derivados, conservantes (alimentos industrializados), logo, dificilmente se tem uma queda do fósforo sérico em decorrência de uma baixa ingesta; ○ A absorção ocorre no intestino de forma passiva; ○ Devido a alta disponibilidade nos alimentos e sua fácil absorção, é preciso eliminar o fósforo para não ter excesso; O mecanismo de fosfatúria ocorre através do PTH e do FGF-23, mantendo a homeostase do fósforo. VITAMINA D ○ A vitamina D é produzida na pele bem como pode ser absorvida através dos alimentos; VITAMINA D3 (colecalciferol): sintetizado na pele a partir de 1,7-de-hidrocolesterol (colesterol). Depende da exposição solar. - Com a exposição solar o colecalciferol vai sofrer uma hidroxilação hepática (adição de um radical hidroxila), formando a 25-OH-vitamina D. - Essa vai sofrer a adição de mais um radical hidroxila através de uma enzima renal denominada 1 hidroxilase, formando a 1,25 (OH2)D3, que é o Calcitriol ou a vitamina D ativa, - Indivíduos que possuem uma baixa exposição/absorção do sol possuem uma menor dosagem de vit. D3, necessitando da prescrição dessa. Obs.: a melanina atrapalha a conversão de colesterol em vit. D3, logo, os negros se enquadram nesses grupos; VITAMINA D2 (ergocalciferol): ingerida na forma de cogumelos, plantas - O ergocalciferol quando ingerido também sofre uma hidroxilação hepática, formando a 25-OH-vitamina D, que sofre a mesma influência do 1 hidroxilase mencionada anteriormente; - Não necessita da participação do sol. EFEITOS DA 25-OH-vitamina D (mediados pelo Calcitriol) ○ É dividido em efeitos calcêmicos e não-calcêmicos; CALCÊMICOS: - Aumenta absorção intestinal de Ca e P; - Aumenta a reabsorção renal de Ca no TCD; - Reduz a secreção de PTH – o PTH aumenta o cálcio sérico, que é prejudicial ao organismo pois causa hipercalcemia provocando arritmia cardíaca e convulsão; NÃO-CALCÊMICOS: - Def. de vit. D é fator de risco cardiovascular – estudos observacionais - Parece reduzir o processo inflamatório autoimune no DM1 e reduzir a resistência à insulina no DM2 – estudos observacionais e epidemiológicos - Parece reduzir CA mama, colón, próstata – estudos epidemiológicos - Esclerose Múltipla, Art. Reumatoide, Dç. Alzheimer, Depressão – estudos epidemiológicos - Uso para terapêutico de Psoríase (formulações tópicas, p/ crianças) e Tuberculose (naqueles com deficiência) - Asma – melhora do controle em crianças - Diminuição de quedas e fraturas em idosos suscetíveis. ○ A Endosociety (academia americana de endocrinologia) recomendou em 2011 (ainda valido) que a suplementação de vitamina D fosse feia penas para paciente que possui deficiência/insuficiência dessa substância, sendo eles: Doenças ósseas: OP, Raquitismo, Hiperparatireoidismo 1º Má-absorção: bariátrica, doença intestinal inflamatória (DII) Medicações: corticoides, fenitoína Desordens granulomatosas: tuberculose Condições clínicas: obesidade, idosos com história de quedas e fraturas, pacientes institucionalizados (não se expõem a luz solar), insuficiência renal crônica (IRC), insuficiência hepática. Diuréticos Tiazídicos (ex.: hidroclorotiazida) 1- Atuam no TCD, bloqueando o carreador Na- Cloreto, havendo perda de sódio e água nesse seguimento como contraponto, o TCP reabsorve mais Na e água e, portanto, mais Ca 2- Aumentam a reabsorção de Ca no TCD CONCEITO: Tiazídicos diminuem a calciúria. Insuf. Renal Crônica 1- Redução da filtração de Ca 2- Redução do Calcitriol (a vit. D depende de hidroxilação renal p/ ser ativada) CONCEITO: Na IRC há hipocalcemia e hipocalciúria ○ Deve-se ter cuidado ao realizar a suplementação, visto que o excesso pode causar intoxicação, que causa o excesso de cálcio sérico (hipercalcemia) e suas consequências no organismo. CALCITRIOL (1,25-di-hidroxi-vitamina D) ○ É a vitamina D ativa, que se liga com maior afinidade ao VDR (receptor de vit. D) ○ A conversão da vit. D em calcitriol depende do PTH (aumenta a conversão) e ocorre nos rins (pela 1-alfa- hidroxilase) ○ Aumenta a absorção intestinal de Ca (pela ação das calbindinas, proteína que absorve o Ca para célula intestinal) e de P ○ Reduz a perda renal de Ca (no TCD) ○ CAUSAS DE DEFICIÊNCIA: - IRC; - Deficiência de vitamina D importante (baixa ingesta de alimentos que possuem ergocalciferol, baixa exposição solar,muita melanina, idosos); - Hipoparatireoidismo (diminuição do PTH). PTH (paratormônio) ○ Sintetizado na paratireoides ○ A síntese aumenta quando: - Hipocalcemia - Hipovitaminose D - IRC (por apresentar hipocalcemia) ○ Ações: manter a normalidade da calcemia; efeito fosfatúrico; ○ Ele age estimulando a RANK ligante, estrutura produzida pelos osteoblastos, que faz com que haja maior formação de osteoclastos aumentando a reabsorção ósseo, gerando um aumento de disponibilidade de Ca sérico, mantendo a normo calcemia; Ocorre especialmente em ossos corticais, que estão em grandes concentrações na coluna, no antebraço, e nas falanges; ○ A ação do PTH ocorre também no TCD, aumentando a reabsorção de Cálcio, e no TCP, diminuindo a reabsorção de P; MECANISMOS DE FORMAÇÃO E REABSORÇÃO ÓSSEAS ○ Osso trabecular corresponde a 20% da massa óssea e se encontra similar a uma rede. ○ O osso cortical corresponde aos 80% restantes, e se encontra de forma mais compacta, envolvendo o osso trabecular; É a região na qual o PTH possui preferência em agir, porem age também no trabecular. MARCADORES DO METABOLISMO ÓSSEO ○ Existem três principais marcadores de formação que são importantes para mensuras como estar a formação óssea do paciente FOSFATASE ALCALINA: transporta o P para o interior do osteoblasto, para que haja síntese mineral da matriz óssea, usando do P como matéria prima; P1NP: reflete a formação do colágeno, que também faz parte da matriz óssea, pois provém da molécula pró-colágeno; - Se há um aumento do P1NP, por consequência, há um aumento do colágeno. OSTEOCALCINA: produzida na fase final de formação óssea, influencia a mineralização óssea; ○ Há também marcador de reabsorção óssea, denominados CTX; O CTX é um marcador de clivagem do colágeno, que ocorre no momento da reabsorção óssea; Esse marcador possui um papel interessante em pacientes com osteoporose em tratamento, pois nesse contexto é desejado que o CTX do paciente reduza, para que diminua a reabsorção, nos valores de <0,2 ng/ml ou uma queda de 30% em 3 meses, possuindo também um valor prognóstico. DEFICIÊNCIA – quando a 25-hidrox dosada está abaixo de 20; INSUFICIÊNCIA – quando se encontra em 21 e 29; EXCESSO – acima de 80. Na IRC pode-se desenvolver: HIPERPARATIREOIDISMO TERCIÁRIO – que se traduz no aumento da autonomia da paratireoide produzindo exageradamente o PTH e aumento de cálcio; HIPERPARATIREOIDIMOS SECUNDÁRIO – há um aumento de PTH (menor que no terciário) e o Ca se encontra baixo, embora haja PTH elevado; EFEITOS DO ENVELHECIMENTO SOBRE OS OSSOS ○ O envelhecimento gera muitas mudanças relacionadas aos ossos; MENOPAUSA / ANDROPAUSA ○ Na menopausa ocorre uma insuficiência ovariana fisiológica, provocando uma queda no estrogênio; ○ O estrogênio possui diversas ações em relação sobre os ossos: Aumento da osteoprotegerina: diminui expressão de RANK ligante e, portanto, de osteoclastos; Diminui a meia vida dos osteoclastos, ao sintetizar citocinas inflamatórias (TGF-beta: gera apoptose); Aumenta o recrutamento de células progenitoras para a formação de osteoblastos; Reduz apoptose dos osteoblastos; Melhora a qualidade do colágeno; Aumenta absorção intestinal de Ca e sua reabsorção tubular; ○ No homem, o estrogênio participa de 70% da formação óssea (pela conversão periférica, através da enzima aromatase, de testosterona → estradiol), sendo os 30% restantes relacionados à testosterona; ○ Como o homem não tem uma queda tão abrupta da testosterona conforme a idade pela andropausa comparada a mulher pela menopausa, a massa óssea se mantém mais preservada; ○ A ação não esquelética da Testosterona: A testosterona, por aumentar a massa magra e a força muscular, reduz o risco de quedas e fraturas; CORTISOL ○ Com o envelhecimento, aumenta-se a atividade da enzima 11-beta-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 1 (11-beta-HSD 1) que converte cortisona (cortisol inativo) em cortisol; O cortisol precisa permanecer inativa, para que não se encontre em excesso no organismo e é convertida de acordo com a necessidade; Com a idade, tem-se uma maior atividade dessa enzima ainda que não haja necessidade; ○ Ações do Cortisol: Destrói as conexinas. Essas estruturas são importantes para a comunicação intercelular das células ósseas, e sua destruição é estímulo para a reabsorção óssea; - Esse mesmo mecanismo ocorre no trauma quando possuímos uma fratura óssea Aumenta a degradação da Vit. D e por consequência reduz absorção intestinal de Ca; Piora a sarcopenia – perda de massa magra (risco de quedas e fraturas) sendo “trocado” por massa magra; Existe aumento de RANK ligante e redução de Osteoprotegerina; ○ O cortisol tem efeitos favoráveis à osteoporose seja pelos efeitos do envelhecimento seja pelo uso excessivo de corticoides (especialmente por mais de 3 meses). ESTRESSE OXIDATIVO ○ Com o envelhecimento, aumenta-se o estresse oxidativo, consequentemente a produção de ROS – espécies reativas de oxigênio; ○ As ROS precisam ser degradadas e para isso existe uma via protetora, no nosso organismo, denominada via FOX; Essa é uma via de transcrição que produzem substâncias capazes de combater as ROS, mas que competem com a Betacatenina, ocasionando sua diminuição. A Betacatenina, normalmente, bloqueia a esclerostina. A esclerostina, normalmente, bloqueia a via Wnt (a vida de formação dos osteoblastos). Portanto, em última análise: a betacatenina estimula a via Wnt. ○ Logo, teremos: inibição da formação de osteoblastos e aumento de sua apoptose. MATRIZ OSSEA ○ Com o envelhecimento, não só a massa óssea se prejudica, mas também a qualidade da matriz óssea que se torna mais frágil; ○ Colágeno tipo 1, com o envelhecimento, torna-se menos resistente, alterando a microarquitetura óssea, favorecendo: microdanos, microfraturas, perda de osteócitos (o que também reduz o próprio reparo ósseo) OUTROS INTERFERENTES QUE CONTRIBUEM PARA A FISIOPATOLOGIA DA OSTEOPOROSE ○ Alcoolismo: menor ingesta de Ca, aumento do cortisol, aumento de PTH ○ Hiperparatireoidismo primário e terciário (que ocorre em IRC) / deficiência de Vit. D ○ Hipertireoidismo: aumenta a reabsorção óssea ○ Tabagismo: efeito anti-estrogênico ○ História pregressa: como foi o pico de massa óssea (atingido entre 20-29 anos)? Questionando a ingestão de Ca, exposição solar, atividade física, idade da menarca; - O sol que gera a transformação do colesterol para vit. D3 é o das 12hrs até as 15hrs, devendo o médico alertar sobre o tempo de exposição não ser muito longo, afim de evitar outras enfermidades; - Podemos fazer a substituição da exposição solar pela suplementação de vit. D; É valido lembrar que o tabagismo exerce efeito anti- estrogênico, independentemente da idade. Um exemplo prático dessa informação é a seguinte: comparando 2 pessoas, uma de 65 e outra de 80 anos, e com a mesma massa óssea quantificada pela densitometria, observamos que o risco de fratura é maior nessa pessoa de 80 anos, evidenciando a alteração da microarquitetura óssea. ○ História familiar de osteoporose e de fraturas – 70% da massa óssea é determinada geneticamente) ○ IMC e altura – mulheres mais magras e baixas: risco maior de fraturas, devido a menor quantidade de massa muscular e o fato de o tecido adiposo exercer uma proteção contra fraturas; ○ Medicamentos: corticoides e a fenitoína aumenta degradação de vitamina D; ○ Doença osteometabólica que cursa com redução da massa óssea (T-score < -2,5) e desorganização da microestrutura do osso (má qualidade), causando redução da resistência do osso e maior fragilidade óssea, aumentando sobremaneira o risco de fraturas de fragilidade; ○ O T- score é oque é medido, em desvio padrão, da densidade mineral óssea que se tem da paciente examinada comparada à da população jovem, quando essa comparação gera um desvio padrão menor que – 2,5.
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