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Rose Anne 1 Filariose Linfática • Causada por helminto Nematoda que parasita os vasos linfáticos do homem • Elefantíase • Antroponose (ser humano como único reservatório) • Doença negligenciada Agentes etiológicos: • Wuchereria bancrofti • Onchocerca volvulus Características: Ciclo heteroxênico Vetor: • Mosquito Culex, Anopheles, Mansonia ou Aedes • No brasil: Culex quinquefasciatus (principal transmissor) Acredita-se que é uma das doenças mais antigas do mundo Otto Wucherer: descobriu microfilárias (forma juvenil das filárias) na urina de seus pacientes com hematúria (presença de sangue na urina) e quiluria (presença de quilo – líquido linfático na urina) Apenas as fêmeas são vetores do parasito. Reprodução: Inicia com a ovoposição em águas paradas e poluídas, encontrando nesse meio as condições perfeitas de proliferação, principalmente se houver infraestrutura precária de saneamento e esgoto. O mosquito vetor pica o indivíduo transferindo a larva L3. Epidemiologia Enfermidade endêmica em regiões de muita pobreza e com clima tropical ou subtropical; Muito comum na Região Amazônica; Sério problema de saúde pública na China, índia, Indonésia. Morfologia • Vermes adultos – humano • Embriões (microfilárias) – humano • Estágios larvais – mosquito (L1, L2 e L3) Diferenciação das microfilárias de diferentes espécies com base nas extremidades interiores (direita) e posteriores (esquerda) Distribuição dos núcleos e a presença ou ausência de bainha Fêmea > macho Verme adulto Wuchereria bancrofti Macho: • Corpo delgado e branco leitoso • Extremidade anterior afilada e posterior enrolada ventralmente Fêmea • Corpo delgado e branco leitoso • Possui órgãos genitais duplos, com exceção da vagina que é única e se exterioriza em vulva localizada próximo à extremidade anterior Microfilária • Embrião • A fêmea gravida faz a postura de microfilárias, possuem membrana extremamente delicada e que funciona Rose Anne 2 como uma “bainha flexível” (para resistência e proteção) • Movimenta ativamente na corrente sanguínea do hospedeiro • Bainha cuticular lisa apoiada sobre numerosas células subcuticulares (formam a hipoderme e a musculatura do helminto adulto) e células somáticas (formam o tubo digestivo) • Presença de bainha: critério de diagnostico morfológico diferencial de outras espécies Larva Encontrada no inseto vetor L1 – originária da transformação da microfilária L2 – L3 – larva infectante (Filarioide) Habitat Vermes adultos: • Vasos e gânglios linfáticos humanos • Vivem em média de 4 a 8 anos • As regiões do corpo humano que abrigam as formas adultas: pélvica (pernas e escroto), mamas e braços Inseto: • Após a entrada da microfilária no vetor, perdem sua bainha de revestimento, atravessam a parede do estômago do inseto, alojam-se nos músculos torácicos desenvolvendo-se como L1 • Como L3 migra para a probóscida do inseto Periodicidade das microfilárias Na corrente circulatória sanguínea periférica pode obedecer a padrões distintos • Durante o dia: localizam-se nos capilares profundos, principalmente nos pulmões • Durante a noite: aparecem no sangue periférico, apresentando o pico de microfilaremia em torno da meia noite, decrescendo novamente no final da madrugada • A microfilaremia coincide com o horário de maior atividade hematofágica do mosquito vetor. Ciclo biológico Culex quinquefasciatus 1. A fêmea do C. quinquefasciatus ao exercer o hematofagismo em pessoas parasitadas, ingerindo microfilárias 2. No estomago do mosquito, as microfilárias perder a bainha, atravessam a parede do estômago do inseto e se alojam nos músculos torácicos e transformam-se em L1 3. Seis a 10 dias depois após o repasto infectante, ocorre a primeira muda para L2 4. A L2 cresce muito e após 10-15 dias a segunda muda transforma-se em larva infectante L3 5. A L3 migra pelo inseto até alcançar a probóscida (aparelho picador), concentrando-se no lábio do mosquito. Rose Anne 3 Mecanismos de transmissão Unicamente pela picada do inseto vetor – fêmea de Culex quinquefasciatus com a deposição das larvas infectantes na pele lesada das pesadas O estímulo provoca a saída das larvas da probóscida do mosquito é o calor emanado pelo corpo humano A pele úmida (suor e alta umidade do ar) permite a progressão e penetração das larvas A vida média de um mosquito Culex é de um mês e com o parasito em seu interior é de 20 dias O período de tempo no qual o vetor pode transmitir o parasito ao ser humano é curto Manifestações clínicas Vermes adultos causam distúrbios nos vasos linfáticos, enquanto as microfilárias atuam no meio extralinfático (corrente sanguínea). Quatro principais formas clínicas da filariosa linfática são: Assintomática (maioria) • Aquelas com microfilária no sangue • Pacientes não apresentam sintomas de filariose linfática mesmo com a presença do parasito Manifestações agudas • Febre filarial • Dor • Inflamação dos linfonodos • Geralmente acompanhada por náuseas e vômitos Manifestações crônicas • Pode ocasionar linfedema • Hidrocele • Elefantíase em homens • Aumento das mamas em mulheres • Quilúria Eosinofilia Pulmonar Tropical (EPT) • Sinais de asma brônquica • Manifestação relativamente rara • Migração das microfilárias para o pulmão • Doença intersticial pulmonar • Aumento do numero de eosinófilos na corrente sanguínea – resposta imunológica exacerbada • Crise asmatiforme e tosse • Falta de apetite e perda de peso • Faixa etária mais acometida: entre 20 e 40 anos • Mais comum no sexo masculino • Pacientes reagem bem ao tratamento com dietilcarbamazina (DEC) Patogenia Distinguir os casos de infecção (presença de vermes e microfilárias sem sintomatologia aparente) dos casos da doença As lesões podem ser de origem inflamatória ou não São devidas a dois fatores: • Mecânicos • Irritativos Sistema linfático: • Responsável pela drenagem do fluido resultando (restos celulares e microrganismos) pelas vias linfáticas. Ação mecânica: causa obstrução dos vasos linfáticos Presença de vermes adultos dentro de um vaso linfático pode provocar obstrução com os seguintes distúrbios: • Dilatação dos vasos linfáticos Rose Anne 4 • Interrupção da drenagem da linfa fluido circulante • Derramamento da linfa • Pode ocorrer nas pernas, cavidade abdominal, túnica escrotal, tórax e vias urinárias • Hidrocele: acumulo de liquido envolvendo os testículos dentro da bolsa escrotal o que provoca o aumento do seu tamanho de forma unilateral ou bilateral • Quiluria: extravasamento de linfa que se junta à urina Ação irritativa • Presença dos vermes adultos dentro dos vasos linfáticas oriundos do seu metabolismo ou de sua desintegração após a morte • Inflamação dos vasos • Hipertrofia dos gânglios linfáticos • Produz uma mancha subcutânea que acompanha o trajeto do vaso linfático (linfagite) • Sintomas: • Linfonodos aumentados • Nódulos no local da lesão • Fraqueza, febre, dores de cabeça Patogenia crônica • Linfedema e elefantíase iniciam-se após o início dos ataques agudos em moradores de áreas endêmicas • Processos obstrutivos: linfoedema • Interior dos linfonodos • Filarias formam novelos • Envolvidos pela reação inflamatória e fibrose • Obstrução da circulação linfática • Quando a dificuldade circulatória é maior pode acumular linfa nos tecidos – edema linfático (linfoedema) Elefantíase • Pode aparecer em alguns casos crônicos com ate mais de dez anos de parasitismo • Um acumulo de vermes nos vasos linfáticos, impedindo a reabsorção de linfa que se acumula nos espações intercelulares – fase crônica da doença • Com a progressão da doença,há esclerose da derme e hipertrofia da epiderme • Aumento exagerado do volume do órgão com queratinização e rugosidade da pele. Microfilária tem preferência de se localizar em regiões abdominal e pélvica – mais evidentes nos membros inferiores e nos órgãos genitais. Não existe cura para filariose, depois que chega à fase crônica não há reversibilidade do caso. Diagnóstico Maior dificuldade: • Sintomas iniciais: assintomático ou generalizados • Quadros clínicos podem ter outras causas etiológicas • Nem todo quadro de elefantíase é de etiologia filarial Laboratorial Presença de microfilárias • Técnica mais utilizada é a gota espessa preparada com sangue colhido por punção capilar digital no horário do pico de microfilaremia; • Faz-se a desmoglobinização, cora-se pelo Giemsa e examina-se ao microscópio. Técnica de exame a fresco Sorológico • Pesquisa de antígeno circulante filarial Rose Anne 5 • Teste de imunocromatografia rápida em cartão Técnica de imagem: Pesquisa de vermes adultos Dança das filárias – capta movimentos do parasita nos vasos linfáticos, determinando a localização do verme Sendo possível a retirada do verme por meio de cirurgia • Ultrassonografia • Biópsia • Radiologia • Linfocintigrafia (avaliação da circulação linfática) Profilaxia • Forma mais eficaz: combate ao vetor • Inseticidas para mosquitos e larvas • Controle biológico • Telagem das coleções de água • Uso de repelentes • Dormir sob mosquiteiros ou telar as janelas e portas • Monitorar sintomas Tratamento Objetivos: • Reduzir ou prevenir morbidade em indivíduos com infecção ativa; • Correção das alterações provenientes do parasitismo; • Impedir a transmissão a novos hospedeiros. Contra o parasito: • Medicamento citrato de Dietilcarbamazina (DEC) 6 mg/kg/dia durante 12 dias • Esse tratamento pode ser repetido várias vezes até a diminuição da carga parasitária. – para reduzir a transmissibilidade da doença • Ivermectina • Albendazol – reduz vermes adultos Cuidados paliativos: • Tratamento do linfedema: intensiva higiene do local • Administração de antibióticos para combater infecções bacterianas que agravam o quadro • Fisioterapia ativa • Drenagem postural • Uso de compressas → Diminuir as chances de evolução para elefantíase.
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