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RESUMO PARASITO - FILARIOSE

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Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Parasitologia – 2020.1 
Filariose 
 A filariose ou elefantíase é a doença causada 
pelos parasitas Wuchereria bancrofti, Brugia malayi 
e Brugia timori, comumente chamados filária, que 
se alojam nos vasos linfáticos, causando linfedema. 
Tem como transmissor os mosquitos dos 
gêneros Culex, Anopheles, Mansonia ou Aedes, 
presentes nas regiões tropicais e subtropicais. 
 
 
 
 
Espécies 
 
Morfologia 
• Macho Adulto 
O corpo delgado e branco-leitoso. Mede 
~4cm x 0,1mm. A sua extremidade anterior é afilada 
e a posterior enrolada ventralmente. 
• Fêmea Adulta 
Corpo delgado e branco-leitoso. Mede 
~10cm x 0,3mm. Tem órgãos genitais duplos, com 
exceção da vagina, que é única e se exterioriza em 
uma vulva localizada próximo à extremidade 
anterior. 
• Microfilária 
É o embrião. A fêmea grávida faz a postura 
de microfilárias, que possuem uma membrana 
extremamente delicada e que funciona como uma 
“bainha flexível". Mede ~300 μm e se movimenta 
ativamente na corrente sanguínea do hospedeiro. A 
bainha cuticular lisa é apoiada sobre numerosas 
células subcuticulares e células somáticas. 
OBS.: A presença da bainha é importante, pois alguns filarídeos 
encontrados no sangue não possuem tal estrutura, sendo este um 
dos critérios morfológicos para o diagnóstico diferencial. 
• Larva 
São encontradas no Culex quinquefaciatus. 
A larva de primeiro estádio (L1) mede ~ 30 μm de 
comprimento, e é originária da transformação da 
microfilária. Essa larva se diferencia em larva de 
segundo estágio (L2), duas a três vezes maior, e 
sofre nova muda originando a larva infectante (L3). 
Biologia 
• Habitat 
Os Vermes adultos habitam nos vasos e 
gânglios linfáticos humanos, vivendo em média 
cerca de 4 a 8 meses. As Microfilárias: vivem na 
circulação sanguínea do hospedeiro. 
• Periodicidade 
É de periodicidade noturna, em que suas 
microfilárias vão para sangue periférico do 
hospedeiro humano; durante o dia, essas formas se 
localizam nos capilares profundos, principalmente 
nos pulmões, e, durante a noite, aparecem no 
sangue periférico, apresentando o pico da 
microfilaremia em tomo da meia-noite, decrescendo 
novamente no final da madrugada. 
OBS.: O pico da microfilaremia periférica coincide, na maioria das 
regiões endêmicas, com o horário preferencial de hematofagismo do 
principal inseto transmissor, o Culex quinquefasciatus. 
Ciclo Biológico 
 É do tipo heteroxênico. A fêmea do Culex 
quinquefasciatus, ao exercer o hematofagismo em 
pessoas parasitadas, ingere microfilárias que no 
Wuchereria bancrofti
• LOCAIS: África, Ásia tropical, Caraíbas e América do Sul;
• VETORES: Mosquitos Culex, Anopheles e Aedes. No Brasil o 
vetor primário e principal é o Culex quinquefasciatus.
Brugia malayi
• LOCAIS: Subcontinente Indiano e a algumas regiões da Ásia 
oriental. 
• VETORES: é o mosquito Anopheles, Culex ou Mansonia.
Brugia timori
• LOCAIS: Timor-Leste e Ocidental
• VETOR: Anopheles.
A filariose linfática no continente americano é causada 
exclusivamente pela W. bancofti, sendo também conhecida 
como elefantíase, em uma de suas manifestações na fase 
crônica. 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Parasitologia – 2020.1 
estômago do mosquito, após poucas horas, perdem 
a bainha, atravessam a parede do estômago do 
inseto, caem na cavidade geral e migram para o 
tórax, onde se alojam nos músculos torácicos e se 
transformam em uma larva salsichoide ou L1. 
Depois, no máximo, dez dias, ocorre a primeira 
muda originando a L2. Esta cresce muito e, 10-15 
dias depois, sofre a segunda muda se 
transformando em larva infectante (L3), medindo 
aproximadamente 2mm, que migra pelo inseto até 
alcançar a probóscida (aparelho picador), 
concentrando-se no lábio do mosquito. 
O ciclo no hospedeiro invertebrado é de 15 a 
20 dias em temperatura de 20-25°C mas, em 
temperaturas mais elevadas, pode ocorrer em 
menor período. 
Quando o inseto vetor vai fazer novo repasto 
sanguíneo, as larvas L3 escapam do lábio, 
penetram pela solução de continuidade da pele do 
hospedeiro (não são inoculadas pelos mosquitos), 
migram para os vasos linfáticos, tornam- se vermes 
adultos e, sete a oito meses depois, as fêmeas 
grávidas produzem as primeiras microfilárias 
(período pré-patente longo). 
 
Transmissão 
Se dá pela picada da fêmea do C. 
quinquefasciatus e deposição das larvas 
infectantes na pele lesada das pessoas. O estímulo 
que provoca a saída das larvas da probóscida do 
mosquito é o calor emanado do corpo humano. A 
pele, estando úmida, permite a progressão e 
penetração das larvas. 
Manifestações clínicas 
 Tem-se uma variedade de manifestações, 
que dependem da resposta imunologia do 
hospedeiro, para microfilarias, e resposta linfática, 
para os vermes adultos 
• Assintomática: microfilárias no sangue sem 
sintomas. 
OBS.: na realidade, apresentam doença subclínica com danos nos 
vasos linfáticos (dilatação e proliferação do endotélio) ou no sistema 
renal (hematúria microscópica), merecendo atenção médica precoce. 
• Manifestações agudas: linfagite (que parte 
da raiz do membro à extremidade) e adenite 
associada à febre a mal estar. 
• Manifestações crônicas: a hidrocele é a mais 
comum destas manifestações crônicas e 
frequentemente desenvolve na ausência de 
reações inflamatórias prévias. 
OBS.: Pacientes com hidrocele podem apresentar microfilárias no 
sangue periférico. A elefantíase geralmente se localiza nos membros 
inferiores e na região escrotal, e está associada a episódios 
inflamatórios recorrentes. A incidência e gravidade das 
manifestações aumentam com a idade e lesões crônicas podem 
torna-se irreversíveis. Alguns pacientes também podem apresentar 
comprometimento renal (quilúria). 
• Eosinofilia pulmonar tropical (EPT): 
síndrome caracterizada por sintomas de 
asma brônquica. 
Patogenia 
Os pacientes assintomáticos ou com 
manifestações discretas podem apresentar alta 
microfilaremia, e os pacientes com elefantíase ou 
outras manifestações crônicas não apresentam 
microfilaremia periférica ou esta é bastante 
reduzida. 
Algumas manifestações, especialmente as 
imunoinflamatórias, se devem as microfilárias, e 
outras, aos vermes adultos. 
• Ação mecânica. A presença de vermes 
adultos dentro de um vaso linfático pode 
provocar os seguintes distúrbios: estase 
linfática com linfangiectasia (dilatação dos 
vasos linfáticos); derramamento linfático ou 
linforragia. 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Parasitologia – 2020.1 
OBS.: Este derramamento, ocorrendo nos tecidos, provocará o 
edema linfático. Ocorrendo na cavidade abdominal, teremos a ascite 
linfática e na túnica escrotal, a linfocele. 
• Ação irritativa: presença dos vermes adultos 
dentro dos vasos linfáticos, bem como dos 
produtos oriundos do seu metabolismo ou de 
sua desintegração após a morte, provoca 
fenômenos inflamatórios. Como 
consequência, teremos a linfangite 
retrógrada (inflamação dos vasos) e adenite 
(inflamação e hipertrofia dos gânglios 
linfáticos). Frequentemente aparecem 
fenômenos alérgicos, como urticárias e 
edemas extrafocais. 
Fenômenos imunológicos, especialmente os 
alérgicos, também induzem a patogenia. Exemplo 
típico é o quadro conhecido como eosinofilia 
pulmonar tropical (EPT), no qual o paciente 
apresenta hiperresposta imunológica a antígenos 
filariais, com aumento de IgE e hipereosinofilia, 
levando ao aparecimento de abscessos 
eosinofilicos com microfilárias e posterior 
aparecimento de fibrose intersticial crônica nos 
pulmões, comprometendo a função do órgão. 
A síndrome denominada elefantíase podeaparecer em alguns casos crônicos com até mais 
de dez anos de parasitismo. Esta síndrome pode ter 
outras causas que não a W. bancrofti; é 
caracterizada por um processo de inflamação e 
fibrose crônica do órgão atingido, com hipertrofia do 
tecido conjuntivo, dilatação dos vasos linfáticos e 
edema linfático. Inicialmente, há hipertrofia da 
derme, porém a epiderme é normal. Com a 
progressão da doença, há esclerose da derme e 
hipertrofia da epiderme, dando a aparência típica da 
elefantíase: aumento exagerado do volume do 
órgão com queratinização e rugosidade da pele. 
 
 
Diagnóstico 
Clinicamente, as alterações causadas são 
muito similares a outros agentes etiológicos. Mas, 
em uma região endêmica, febre acompanhada de 
adenolinfagite, pode ser um indicativo. 
Laboratorialmente, divide-se em 3 formas 
• Pesquisa de microfilárias: A pesquisa de 
microfilárias no sangue periférico é feita por 
diferentes métodos parasitológicos. Entre as 
técnicas disponíveis, a mais utilizada é a 
gota espessa preparada com o sangue 
colhido por punção capilar digital, entre as 
22-24 horas. Após 12- 15 horas do preparo 
das lâminas com sangue, faz-se a 
desemoglobinização, cora-se pelo Giemsa e 
examina-se ao microscópio para verificar a 
presença de microfilárias. 
• Pesquisa de anticorpos e antígenos 
circulantes: A pesquisa de antígenos 
circulantes é feita pela técnica 
imunoenzimática (ELISA) com soro 
(resultado semiquantitativo), ou por 
imunocromatografia rápida (ICT) com 
resultado qualitativo (positivotnegativo) 
usando sangue ou soro do paciente. 
OBS.: Os testes sorológicos para pesquisa de anticorpos não são 
adequados para bancroftose, pois não permitem distinguir indivíduos 
parasitados daqueles já curados ou aqueles não-infectados, mas 
constantemente expostos a antígenos do parasito na área endêmica. 
Outro problema são as reações cruzadas com anticorpos presentes 
no soro de pacientes infectados com outros helmintos, comuns em 
áreas endêmicas de bancroftose. 
• Pesquisa de vermes adultos: é o usado 
ultrassom para detectar a presença e 
localização de vermes adultos vivos, 
principalmente nos vasos linfáticos escrotais 
de pacientes microfilarêmicos 
assintomáticos. 
Tratamento 
É feito se tendo três objetivos: (1) reduzir ou 
prevenir a morbidade em indivíduos com infecção 
ativa; (2) correção das alterações provenientes do 
parasitismo (edema, hidrocele); e (3) impedir a 
transmissão a novos hospedeiros. 
• Contra o parasito, o medicamento utilizado é 
o citrato de dietilcarbamazina (DEC). A 
ivermectina, um antibiótico semissintético de 
largo espectro, tem sido utilizado em 
diferentes regiões endêmicas. 
Em resumo: elefantíase é caracterizada pela 
inflamação, fibrose crônica com hipertrofia do tecido conjuntivo 
e edema linfático. 
 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Parasitologia – 2020.1 
A DEC também é o medicamento de escolha 
para os casos de eosinofilia pulmonar tropical; seu 
uso DEC diminui significativamente os quadros 
agudos e reduz o desenvolvimento de lesões 
obstrutivas (quando em fase inicial), mas pacientes 
com intensa hidrocele ou elefantíase não 
apresentam melhora após o tratamento. 
• Para o tratamento do linfedema, recomenda-
se intensiva higiene local, com uso de água, 
sabão e, quando necessário, administração 
de antibióticos, para combater infecções 
bacterianas que agravam o quadro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências: 
Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São 
Paulo, Atheneu, 2005.

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