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SÃO PAULO 2020 CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS CURSO DE DIREITO Nome: Mayara do Nascimento Nunes R.A.: 8936216 Turma: 003208A02 AVALIAÇÃO 2 – SHORT PAPER. SÃO PAULO 2020 CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS CURSO DE DIREITO Avaliação 2 apresentada ao Curso de Graduação de Direito. Analisar o art. 818 da CLT que preconiza a inversão do ônus da prova tendo como norteador o texto “O PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO E O ÔNUS DA PROVA (GUSTAVO CARVALHO CHEHAB Rev. TST, Brasília, vol. 76, no 3, jul/set 2010)”. Professora: Christiane Passos INTRODUÇÃO O presente trabalho pretende abordar o princípio da não discriminação, que é resguardado pela Carta Magna, normas internacionais, diversos códigos brasileiros e leis esparsas, especialmente no âmbito trabalhista, pois nas relações laborais uma das partes é subordinada a outra. E abordar ainda a distribuição do ônus probatório que seria o encargo de comprovar através de elementos uma determinada situação. No entanto, muitas vezes a discriminação acaba sendo ocultada pelos agressores. As vítimas enfrentam dificuldades para encontrar a proteção necessária junto a lei, pois, embora o direito tenha sido violado, não conseguem produzir provas em juízo que evidenciem o preconceito sofrido. SHORT PAPER: ANÁLISE DO ART. 818 DA CLT QUE PRECONIZA A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA TENDO COMO NORTEADOR O TEXTO “O PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO E ÔNUS DA PROVA (GUSTAVO CARVALHO CHEHAB REV. TST, BRASÍLIA, VOL. 76, NO 3, JUL/SET 2010)”. O Princípio da Igualdade se encontra no art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que afirma que todos são iguais perante a lei, sem discriminação de qualquer natureza. Uma infinidade de normas positivam o Princípio da Igualdade, como por exemplo a Declaração Universal dos Direitos Humanos que dispõe: “Art. 7. Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual porteção da lei (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS)”. Ademais, temos o Pacto de São José estabele o seguinte: “Art. 24. Igualdade perante a lei. Todos as pessoas são iguas perante a lei. Por conseguinte, tê direito, sem discriminação alguma, à igyal proteção da lei (CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANNOS DE 1969)”. O príncipio da não discriminação surge a partir da busca pela igualdade material que vai além da mera formalidade da lei, esta que na medida que assegura também cria desigualdades. Discriminação, expressão do princípio da igualdade, “é a conduta pela qual se nega à pessoa, em face de critério injustamente desqualificante, tratamento compatível com o padrão jurídico assentado para a situação concreta por ele vivenciada (DELGADO, 2003, p. 767)”. Na seara trabalhista percebe-se uma preocupação em tornar igualar homens ou mulheres trabalhadores. A Convenção nº 111 da Organização Internacional do Trabalho – OIT dispõe sobre a igualdade de salários entre homens e mulheres e entende que a discriminação é “toda distinção, exclusão ou preferência, com base em raça, cor, sexo, religião, opinião política, nacionalidade ou origem social, que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou de tratamento no emprego ou profissão”. A origem da discriminação é o preconceito, e pode ser manisfestada de forma direta, indireta ou oculta: “Na forma direta, a discriminação é explícita, pois plenamente verificada a partir da análise do conteúdo do ato discriminatório. A discriminação indireta, por sua vez, é criação do direito norte-americano, baseada na teoria do impacto desproporcional (...). Esta modalidade se dá através de medidas legislativas, administrativas ou empresariais, cujo conteúdo, pressupondo uma situação preexistente de desigualdade, acentua ou mantém tal quadro de injustiça, ao passo que o efeito discriminatório da aplicação da medida prejudica de maneira desproporcional determinados grupos ou pessoas. Finalmente, a discriminação oculta, oriunda do direito francês, caracteriza-se pela intencionalidade (não encontrada na discriminação indireta). A discriminação oculta, outrossim, é disfarçada pelo emprego de instrumentos aparentemente neutros, ocultando real intenção efetivamente discriminatória. (OLIVEIRA, 2010)” Quanto ao ônus da prova, estabelecido nos arts. 818 da Consolidação das Leais do Trabalho – CLT e 333 do Código de Processo Civil – CPC, é distribuído observando as alegações trazidas pelas partes e a natureza dos fatos deduzidos. De modo que o autor deve demonstrar os constituitivos e o réu os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos de seu direito. Nos casos de discriminação direita e indireta, são aplicadas as regras dos referidos artigos menciamos acima. É comum a discriminação oculta no âmbito trabalhista uma vez que é velada e difícil de provar, porém há outras formas de distribuir o ônus probatório nesses casos. Nos termos do art. 335 do Código de Processo Civil, “o juz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece”. Essa experiência faz parte da cultura normal do juiz. É uma fonte, normas de experiência de ampla aplicação que possuem algumas funções, dentre elas: : a) apuração dos fatos, a partir dos indícios; b) valorização da prova, confrontando as provas produzidas; c) limite ao livre convencimento motivado, não podendo o juiz apreciar as provas em desconformidade com as regras da experiência (DIDIER, 2001, p. 41). Diante de uma situação de discriminação o juiz do trabalhor pode se valor das regras de exprência. O ônus probandi incumbe ao litigante que possui a melhor condição de provar o fato, em atenção ao princípio da aptidão para a prova. Normalmente, o empregador possui maiores condições de produzir provas. Os dados estatísticos são admitidos e estando aliados a outros indícios da discriminação caberá ao demandado o encargo de comprovar a inexistência do tratamento diferente. Elaine Vasconcelos leciona que: “Por meio de interpretação judicial, o encargo de provar a inexistência da conduta discriminatória ficaria com os acusados de praticarem a discriminação no âmbito do contrato de trabalho, quando o reclamante (empregado) tiver apresentado elementos de presunção acerca da veracidade dos fatos narrados na petição inicial (VASCONCELOS, Op, cit, p 104).” Ao incorporar no direito interno os Tratados e convenções internacionais que vedam a discriminação, o Brasil se responsabilizou, atravás de um compromisso internacional, a combater a discriminação em matéria de emprego e ocupação. Do mesmo modo, a Constituição Federal que impõe esse dever de combater e eliminar todas formas de discriminação ao Estado. Por fim, as vítimas enfrentam muitas dificuldades para reunir e produzir provas que possam fundamentar seu requerimento nos processos judiciais, razão pela qual o Estado deverá ajudar transferindo o ônus probatório. Na seara trabalhista a teoria estática não é suficiente para situações de discriminação, pois é necessário assegurar ao empregado litigante o acesso ao órgão judicial, a igualdade de condições em relação a outra parte, incluindo a inversão do ônus. Nos casos de discrimanação velada é posível se valer da máxima de experiência. Nesse sentido, a ordem jurídica constitucional e o compromisso internacional assumido pelo Brasil impõem ao magistrado o dever de combater e eliminar todas formas de discriminação, atruindo ao demandado o ônus de provar a não discriminação em casos de prova diabólica. REFERÊNCIAS: DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2003. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção nº 111. Disponível em: . Acesso em: 05 nov. 2020.BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Portal da Legislação. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm >. Acesso em: 05. nov. 2020. CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Disponível em: < http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm >. Acesso em: 05. nov. 2020. OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano de. O princípio da não discriminação e sua aplicação às relações de trabalho. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8950>. Acesso: Em: 05. nov. 2020. VASCONCELOS, Op. cit., p. 104.
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