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Metodologia de Pesquisa Científica - conceitos e tipos de estudos

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METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
Variáveis, desenhos de pesquisa 
As variáveis de pesquisa 
O que são as variáveis? Quais os tipos e características de cada?
Variáveis
Elementos que organizam a percepção e compreensão da realidade
· São elementos do estudo científico que dizem o que está acontecendo com a situação que estamos estudando 
Propriedades daquilo que vai ser examinado
· Ex.: imagem ao lado mostra curva de percentil, a varável é o IMC 
Definidas pelos investigadores como relevantes para o estudo
· Depende do objetivo do estudo e como ele é planejado 
· Para correlacionar variáveis precisa coletá-las
Possui denominações
· Nome 
· Definição 
· Tem que ter uma definição bem clara
· É o que vai nos mostrar se a variável é possível de ser coletada, se tem capacidade analítica
· Se é bem definida o leitor tem mais substrato para tomar suas decisões
· Escopo – amplitude dos valores possíveis 
· Ex.: idade vai de 0 a +infinito, nunca vai ser negativo
· Tipo (nível de mensuração)
· Pode ter natureza contínua
· Ex.: pressão arterial, se for com instrumento muito sensível vai conseguir colher frações do número 
· Pode também ser variável discreta, não tem continuidade
· Ex.: número de filhos 
· Valor
NÍVEIS DE MENSURAÇÃO
Abordagem clássica
· Nominais – não possuem hierarquia ou sequência lógica entre si
· A ordem dos valores não tem importância, é só um texto que tem características da situação
· Ex.: nacionalidade 
· Ordinais – possuem uma relação de ranqueamento entre si
· A ordem faz diferença
· Ex.: pesquisa de opinião, qualitativa (ruim, regular, bom), escala de 1 a 5, se marcar mais perto do 1 é ruim e do 5 é bom. Então faz diferença a ordem que marcar.
· Intervalares – intervalos permanecem constantes, mas multiplicação não (o zero é absoluto)
· Tem uma unidade de medida
· São unidades que tem intervalos
· Os intervalos entre os pontos são constantes, mas se multiplicar não é mais, pois o 0 não é absoluto
· Ex.: ano de nascimento, para o Igor o 0 é 1986 (que foi quando ele nasceu), para gente o 0 é depois disso.
· Não consegue comparar anos de nascimento fazendo operações matemáticas como multiplicação
· O intervalo é sempre 365,4, mas o 0 não é universal 
· Racionais – mensuração proporcional (o zero significa ausência)
· Ex.: comprimento ou estatura 
Abordagem moderna 
· Variável dicotômica – mais simples das variáveis. Permite apenas duas respostas
· Geralmente sim ou não 
· Muito comum em testes de incidência em doenças
· Variáveis métricas (racionais ou intervalares) – tratadas igualmente
Os 3 grandes grupos de variáveis: dicotômica, categóricas e métricas 
· Essa classificação é importante, pois direciona a análise
Obs.: SPSS - programa para fazer estatística 
PAPEL DAS VARIÁVEIS
Genérica
· Típica em pesquisas descritivas
· Muito utilizada em levantamentos 
· Exemplo: descrição das características de uma população (idade, peso, altura, etc) sem fins comparativos
Independente 
· Variável que não é alterada pelas outras variáveis que são medidas
· Geralmente é a variável que insere no processo para alterar as outras 
· Causa do processo 
· Usada para causar algum distúrbio no processo 
· Também chamada de variável de exposição, variável de controle, variável manipulada ou variável explicatória
· Ex.: pegar 2 grupos, 1 dá medicamento e outro placebo. O tratamento com medicamento é a variável independente, é a variável que está sendo inserida para causar mudança. A variável não muda, ela causa mudança.
· Pode ser dicotômica: usou ou não usou o medicamento 
· Pode ser categórica: usou 10mg do medicamento ou usou 20mg, 40mg, ...
· Se a variável não estiver diferente do outro grupo, no caso acima o placebo, quer dizer que ela não influenciou na resposta 
Dependente 
· Variável do efeito esperado 
· No exemplo acima, seria a doença que está esperando a resposta do medicamento e do placebo 
· Variável que deve ser modulada em resposta a algum estímulo (variável independente)
TIPOS DE ESTUDO EM PESQUISAS MÉDICAS 
· Quais são os principais tipos (desenhos) de estudos e sua melhor utilização?
Inicialmente divididos em estudos primários e secundários
· Secundários – compilam estudos existentes em revisões e metanálises
· Usam dados que já existem em outros estudos 
· Primários – estudos propriamente ditos
· Estudos originais, que coleta e apresenta um dado que não existia antes
Estudos primários
Divididos em 3 áreas principais 
· Pesquisa básica
· Para entender mais sobre a origem do efeito 
· Pesquisa clínica
· Lida diretamente com doenças 
· Pesquisa epidemiológica 
· Lida com populações
Essas 3 áreas são importantes para ver a função do estudo 
A classificação em categorias ou subcategorias pode ser difícil
Pesquisa básica
Inclui pesquisas animais (não-humanos), celulares, bioquímicas, genéticas e fisiológicas, além do estudo da propriedade de fármacos e materiais
Geralmente possuem uma variável independente e algumas variáveis dependentes
Geralmente tem alto grau de controle e baixa variabilidade da amostra 
· Controla o máximo de variáveis que puder, por isso faz em animais e não seres humanos 
· Amostra e resultados bem homogêneos
A validação externa destes experimentos (ex. extrapolação para humanos) pode ser difícil
· Nem tudo o que funciona nos ratos funciona em humanos, por exemplo 
· Alguns achados muito promissores na pesquisa básica não se concretizam na clínica
Pode ter o objetivo de melhoras técnicas disponíveis, criação de modelos de doenças (Ex.: ratinhos com Alzheimer), procedimentos biomédicos, etc.
Inclui estudos teóricos e aplicados
Pesquisa clínica
Pode conter uma intervenção (estudos experimentais) ou não (estudos observacionais)
· Estudos observacionais são menos utilizados atualmente, mas estão numa crescente
Estudos experimentais podem envolver fármacos, dispositivos médicos, procedimentos cirúrgicos, físicos, psicólogos, etc.
· Com fármacos: podem pesquisar efeitos farmacológicos de uma droga, segurança, eficácia, efeitos adversos, absorção, distribuição, metabolismo, eliminação
Estudos experimentais
Em geral, estudos clínicos precisam de apreciação ética e seguir todos os protocolos pertinentes (experimentais ou não), pois fazem estudos em seres humanos 
· Praticamente todos os estudos com seres humanos precisam passar pelo Comitê de ética 
Geralmente existe a comparação entre grupos
· Importante ter uma amostra com grupos homogêneos e balanceados (grupos da intervenção e controle)
· Idade, estatura, IMC, gênero, etc.mais homogêneos e balanceados
· Ex.: fazer pesquisa sobre diabetes e no grupo controle ter mais obesos do que no grupo da intervenção
· Tabela 1 do artigo geralmente mostra a característica da população estudada. Mostra característica geral (2 grupos juntos) e de cada grupo separado, para que o leitor possa analisar se os grupos são homogêneos 
· Cegamento – os participantes e/ou examinadores podem não saber qual grupo recebe uma intervenção ou não
· Participante não sabe se está recebendo a intervenção proposta ou o controle, para reduzir efeitos psicológicos 
· Examinador tem análise mais isenta dos dados 
· Ensaio clínico randomizado controlado
· Variável independente é o tratamento 
· Variáveis dependentes são os desfechos
· Variável genérica descrevendo a população e os grupos 
· Randomiza a população nos grupos 
· Muito utilizado hoje em dia para novos fármacos, novas modalidades terapêuticas 
As recomendações internacionais para a comunicação de estudos clínicos randomizados podem ser encontrados na declaração CONSORT
· Consolidated Standarts of Reporting Trials
· www.consort-statement.org
· Checklist para facilitar a vida do leitor, padroniza informações 
· Se estiver faltando algum item do checklist pode deixar dúvidas no resultado do trabalho
Estudos clínicos observacionais
Semelhante ao ensaio clínico randomizado controlado, mas com a diferença que o paciente escolhe a modalidade terapêutica junto com o médico, sem randomização ou placebo
· Solução para o dilema ético de “o paciente nem sabe o que está recebendo”
Chamados de ensaios clínicos
não-randomizados
Podem ser realizados também os métodos diagnósticos, para prognóstico, etc
Estudos epidemiológicos
Estuda a incidência da doença na população e não somente em uma pessoa 
Investigam a distribuição e as mudanças históricas na frequência de doenças e as causas dessas 
Podem ser experimentais ou observacionais 
· Exemplo de experimental: adição de iodo ao sal para o controle de alterações da glândula tireoide. Não são os mais frequentes 
· Estudos observacionais podem ser coorte (follow-up), caso-controle, transversal, ecológico
Estudos de coorte 
Avaliam dois (ou mais) grupos de pessoas por um tempo
Um grupo é exposto a uma variável e outro não é 
Ao longo do tempo, é avaliado algum desfecho (exemplo: incidência de alguma doença)
· Pega um grupo de pessoas saudáveis (que não tem determinada doença ou condição), expõe a um fator que acha que pode estar contribuindo para a ocorrência da doença (ou condição). Ao longo do tempo analisa a proporção de sim e não (se desenvolveu ou não a doença) do grupo exposto e do grupo não exposto
São adequados para detectar conexões causais entre a exposição e o desenvolvimento da doença
Geralmente exigem muito tempo, organização e dinheiro 
· Por isso não utilizado para doenças raras
Coorte retrospectiva (ou histórica) – todos os dados sobre exposição e efeito (doença) já estão disponíveis no início do estudo e são analisados retrospectivamente
· Ex.: pegar dados de estudos feitos sobre o que aconteceu com as pessoas expostas à radiação de Chernobyl para analisar outras coisas que ainda não foram analisadas, como por exemplo, se a distância que elas estavam do reator influenciou nos desfechos.
Estudo de caso-controle
Casos são comparados com controles
Casos são pessoas que adoecem com a doença em questão. Controles são pessoas que não estão doentes, mas são comparáveis aos casos
· Pegar pessoas que já tiveram a doença e pessoas que não tiveram, mas que tenham características semelhantes daquelas que tiveram (o ideal seriam irmão gêmeos idênticos com mesmos hábitos, porém isso é quase impossível)
· No início ainda não tem os dados (como tem na Coorte)
É realizada uma análise retrospectiva para avaliar a influência da exposição a algum fator
Se for observado que as pessoas doentes são mais frequentemente expostas do que as pessoas saudáveis, pode-se concluir que há uma ligação entre a doença e o fator de risco
· Não é necessariamente a exposição analisada, pode ser algo relacionado a ela
Geralmente requerem menos tempo e menos recursos do que os estudos de coorte
· Esse é interessante para analisar doenças raras 
A taxa de incidência não pode ser calculada
Também existe um grande risco de viés na seleção da população do estudo (“viés de seleção) e de recordação incorreta
· Como é informação retrospectiva a pessoa pode não se lembrar 
· Viés de seleção: se tem uma tendência na seleção de pessoas com as mesmas características, o grupo acaba sendo um pouco diferente 
· O nível de evidência costuma ser mais baixo por causa das limitações metodológicas 
Estudo transversal
Avaliação feita em um momento específico 
· Não analisa retrospectivamente nem prospectivamente, é como se tirasse uma foto da população em um certo momento 
Não observa evolução ou desenvolvimento de condições 
Característica descritiva
Estudos epidemiológicos observacionais 
Devem ser relatados de acordo com o STROBE
STrengthening the Reporting of OBservational studies in Epidemiology
A ideia é muito semelhante ao CONSORT
As revisões 
Estratégias para reunir pesquisas, livrar-se das fontes não relevantes e resumir o melhor material disponível
Geralmente as revisões, quando tem algum grau de sistematização, analisam cada um dos estudos publicados com relação a sua qualidade metodológica, por exemplo.
Vê se usou um STROBE ou CONSORT
Diversos tipos com diferentes aplicações 
· Diferentes metodologias ou grau de rigor científico
Revisão: “visualizar, inspecionar ou examinar uma segunda vez ou novamente”
Revisão da literatura (narrativa)
Termo genérico: materiais publicados que examinam a literatura recente ou atual
· Geralmente tem um caráter mais acadêmico do que científico
Pode cobrir vasta gama de assuntos em vários níveis de completude e abrangência
Pode incluir resultados de pesquisa
Revisão crítica
Tem como objetivo demonstrar que o escritor pesquisou extensivamente a literatura e avaliou criticamente sua qualidade
Vai além da mera descrição e inclui grau de análise e inovação conceitual
· Propõe novo conceito para o tema
Resultados tipicamente em hipótese ou modelo 
· Importante porque leva a ter novas ideias para fechar a hipótese
· Tem caráter mais ideológico
Revisão sistemática 
Procura buscar, avaliar e sintetizar sistematicamente evidências de pesquisa, muitas vezes aderindo a diretrizes sobre a condução de uma revisão
· Tem caráter mais científico
· Segue um protocolo de pesquisa 
· Geralmente tem uma pessoa da equipe especializada em busca 
Metanálise 
Técnica que combina estatisticamente os resultados de estudos quantitativos para fornecer um efeito mais preciso dos resultados 
São artigos com maiores níveis de evidências
· Quadrado é a população estudada (número e homogeneidade)
· Linhas são variabilidade dos dados encontrados 
· Losango é o resultado 
www.cochrane.org colaboração mundial para a apresentação de evidências em revisões sistémicas e metanálises sobre diversos tópicos da área da saúde
Revisão guarda-chuva
Especificamente, refere-se à compilação de várias revisões em um documento acessível e utilizável. 
Concentra-se em condições ou problemas amplos para os quais existem intervenções concorrentes e destaca análises que abordam essas intervenções e seus resultados 
As revisões 
Devem ser relatados de acordo com o PRISMA 
· Equivalente ao CONSORT e STROBE
Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses
Melhora a qualidade das revisões publicadas através de um checklist
Resumindo

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