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Classificação da Norma Jurídica As normas jurídicas são estruturas fundamentais do Direito e nas quais são gravados preceitos e valores que vão compor a ordem jurídica. A norma jurídica regula a conduta do indivíduo, e fixa enunciados sobre a organização da sociedade e do Estado, impondo aos que a ela infringem, as penalidades previstas, em interesse da busca do bem maior do Direito, que é a Justiça. As normas podem ser nacionais e locais, embora oriundas da mesma fonte legiferante, podem vigorar em todo o país ou só em parte dele. Normas Federais Normas com alcance nacional que prescreve regra proveniente do poder legislativo e promulgada pelo chefe do poder executivo. Exemplo: Art. 1º da Constituição Federal - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Art. 5º da Constituição Federal - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. Normas Estaduais Normas autônomas que controla um determinado estado de um país. Exemplos: Lei nº 16.338, de 14 de dezembro de 2016. Artigo 2º - Fica a Fazenda do Estado autorizada a alienar os imóveis indicados nos Anexos II a IV desta lei. Lei nº 17.230, de 9 de dezembro de 2019. Artigo 1º - O Estado deve fornecer alimentação especial, na merenda escolar, adaptada para alunos com restrições alimentares, em todas as escolas da rede pública estadual de ensino, no Estado de São Paulo. Normas Municipais As normas municipais regulam a vida politica da cidade com base na Constituição Federal. Exemplos: Lei orgânica do município de Cotia/SP. Art. 1º O Município de Cotia é uma unidade territorial do Estado de São Paulo, parte integrante da República Federativa do Brasil, com personalidade de direito público interno e autonomia, política, administrativa e financeira, nos termos assegurados pela Constituição da República. § 1º Todo o poder do Município emana do povo cotiano, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente nos termos desta Lei Orgânica; § 2º São Poderes do Município, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo e o Executivo; § 3º São símbolos do Município de Cotia o brasão, a bandeira e outros estabelecidos em Lei. Lei orgânica do município de Cotia/SP. Art. 2º O Município, como entidade autônoma e básica da Federação, garantirá a vida digna a seus moradores e será administrado com transparência dos atos e ações do governo, com moralidade, com a participação popular nas decisões governamentais, e sob o princípio da descentralização administrativa. Normas temporárias As normas temporárias, são normas criadas com prazo de termino para sua vigência, tendo cláusula de autorrevogação. Exemplos: Lei Nº 12.663, de 5 de junho de 2012. Art. 1º - Esta Lei dispõe sobre as medidas relativas à Copa das Confederações FIFA 2013, à Copa do Mundo FIFA 2014 e aos eventos relacionados, que serão realizados no Brasil. Lei Nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Art. 39 - A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto aberto ou fechado, não depende de licença da polícia. § 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR: I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata; II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna; Normas permanentes Normas permanentes, são aquelas que não possui prazo de vigência, ou seja, sua vigência é valida ate que outra norma a modifique ou revogue. Exemplos: Art. 2º da Constituição Federal - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Art. 6º da Constituição Federal - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Normas singulares Norma que atua para determinada pessoa, ou grupo restrito de indivíduos. Exemplos: Lei 1.079, de 10 de abril de 1950 Art. 2º Os crimes definidos nesta lei, ainda quando simplesmente tentados, são passíveis da pena de perda do cargo, com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública, imposta pelo Senado Federal nos processos contra o Presidente da República ou Ministros de Estado, contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal ou contra o Procurador Geral da República. Art. 85 da Constituição Federal - São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV - a segurança interna do País; V - a probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. Normas excepcionais São consideradas normas excepcionais, aquelas criadas para vigorar sob determinadas condições excepcionais, ou seja, períodos anormais. Exemplos: Art. 10 do Código Penal Militar - Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra: I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra; II - os crimes militares previstos para o tempo de paz; III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente: a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado; b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança externa do País ou podem expô-la a perigo; IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território estrangeiro, militarmente ocupado. Art. 20 do Código Penal Militar - Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial, aplicam-se as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um terço. Normas cogentes Normas de imperatividade absoluta; impositivas. São as normas que constrange à quem se aplica transformando sei cumprimento coercivo. As normas Cogentes são de ordem pública, visto que, estão relacionadas ao interesse comum. Exemplos: Art. 3 o do Código Civil - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. Art. 1.301 do Código Civil - É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho. Normas dispositivas Normas de imperatividade relativa. São as normas que permitem a pessoa fazer ou deixar de fazer algo, ou seja, deixam uma margem de ação, de escolha para o indivíduo. As normas dispositivas se dividem em permissivae supletivas. Permissiva – Permite eu faça ou deixe de fazer, alguma coisa. Exemplos: Art. 5 o do Código Civil - A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Art. 1.299 do Código Civil - O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos. Supletivas – Suprem a falta de manifestação de manifestação de vontade das partes. Exemplos: Art. 331 do Código Civil - Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. Art. 1.640 do Código Civil - Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. Normas prescritíveis Regulam a conduta, indicando o que é obrigatório ou proibido, com o objetivo de ordenamento por meio de sanções. Exemplo: Art. 1.521 do Código Civil - Não podem casar: I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II – os afins em linha reta; III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V – o adotado com o filho do adotante; VI – as pessoas casadas; VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Normas perfeitas Cuja transgressão autoriza sanção de anulabilidade do ato contra a sua disposição, ou seja, age como se ato nunca tivesse existido. Exemplos: Art. 1.730 do Código Civil - É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o poder familiar. Art. 171 do Código Civil - Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I – por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Normas mais que perfeitas Além da sanção de anulabilidade do ato realizado, também gera pena ao violador. Exemplos: Art. 235 do Código Penal – Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena – reclusão, de dois a seis anos. § 1º – Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. § 2º – Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime. Art. 952 do Código Civil - Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se- á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado. Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele. Normas menos perfeitas Dirige uma sanção incompleta ou inadequada para aquele que transgrediu a norma. Exemplos: Art.1523 do Código Civil - Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. Art. 74 do Código Civil - Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem. Normas imperfeitas Prescreve uma conduta que não promove qualquer consequência jurídica, ou seja, não acarreta nenhuma punição, ou nulidade. Exemplos: Art. 814 do Código Civil - As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito. § 1º Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé. § 2º O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos. § 3º Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam às prescrições legais e regulamentares. Art. 1.551 do Código Civil - Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez. Normas autônomas As normas autônomas expressam sentido e significado completo. Apresentam de modo implícito ou explicito, em seu texto, a endorma e a perinorma, fazendo-se autossuficiente. Exemplos: Lei Nº 13.256, de 4 de fevereiro de 2016. Art. 1º - Esta Lei altera a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), para disciplinar o processo e o julgamento do recurso extraordinário e do recurso especial, e dá outras providências. Lei Nº 13.058, de 22 de dezembro de 2014. Art. 1º - Esta Lei estabelece o significado da expressão “guarda compartilhada” e dispõe sobre sua aplicação, para o que modifica os arts. 1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.058-2014?OpenDocument Normas não autônomas São normas que possuem aplicação vinculada ao disposto em outra norma, visto que, a primeira norma é autônoma e relacionada com segunda, entretanto a segunda é legitima apenas com a existência da primeira. Exemplos: Art. 6º do Código Civil - A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Art. 1.314 do Código Civil - Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la. Normas Interpretativas Normas que sofreram algum tipo de edição, pelo próprio legislador, tendo em vista, traduzir o significado de texto de norma ou parte de outra norma. Exemplos: Lei complementar Nº 118, de 9 de fevereiro de 2005. Art. 1o A Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, passa a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 133. § 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial: I – em processo de falência; II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial. Art. 1.007 do Código de Processo Civil - No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigidopela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. Normas rígidas Normas que não possibilita alternativas, impondo ordem e inflexibilidade. Exemplos: Lei 152 de 3 de dezembro de 2015. Art. 1o - Esta Lei Complementar dispõe sobre a aposentadoria compulsória por idade, com proventos proporcionais, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos agentes públicos aos quais se aplica o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal. Art. 228 da Constituição Federal - São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. Normas jurídicas flexíveis As normas flexíveis contem termos de significação ampla, permitindo arbitro judicial. Exemplos: Art. 1.584, do Código Civil - A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar; (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe Art. 1.586 do Código Civil - Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles para com os pais.
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