Buscar

Fatos Sociais e a Liberdade - Durkheim

Prévia do material em texto

Durkheim enfatiza que, apesar do
nome, os fatos sociais não remetem a todos os
fenômenos que acontecem dentro da sociedade
e que, portanto, não são objeto de estudo de
nenhuma outra área senão a sociologia. Por
definição, os fatos sociais possuem três
principais características, sendo a primeira a
exterioridade, o que implica na existência dos
fatos sociais fora dos indivíduos,
independentemente de suas vontades e
aceitação voluntária, ou seja, o indivíduo ao
nascer já adentra num mundo cercado de uma
força social que exerce poder sobre seus
comportamentos. Logo após, a segunda
característica: a coercitividade. Esta diz
respeito à força exercida pelos fatos sociais a
fim de regular suas ações em detrimento das
regras impostas pela sociedade. A
coercitividade se dá pelo constrangimento que
causa no indivíduo ao não aderir às regras que
a sociedade dita, como por exemplo usar
determinado tipo de roupa para determinada
situação social: caso não haja adesão à regra, é
inevitável que o indivíduo vá sofrer com
olhares de descontentamento. Na situação
exemplificada anteriormente, percebe-se que
com a reprovação de suas ações, o indivíduo
passa a sentir a força coercitiva, que antes agia
sutilmente, eis, então, uma grande
característica dessa coerção: passa
despercebida até que se levante contra ela.
Ainda sobre a questão da força
coercitiva agir através de constrangimento,
cabe ressaltar outro ponto levantado por
Durkheim: a coesão. Esta sendo, portanto,
resultado da coerção social, apresenta-se como
uma fuga desse constrangimento social,
promovendo um estado de união coesa do
grupo social. Sem a coesão, a sociedade
adoece no estado de anomia, visto que a coesão
é o que mantém a união social e promove a
solidariedade. Por fim, a terceira característica:
a generalidade. Sobre ela, Durkheim afirma
“este fenômeno é um estado do grupo, que se
repete nos indivíduos porque se impõe a eles”
(DURKHEIM, Émile. As Regras do Método
Sociológico. 3° ed. São Paulo: Martins Fontes,
2007, p. 9). Sendo assim, o fato social é geral
justamente porque é coletivo e se difunde por
toda a sociedade, se expressa de forma geral a
ela, e pode-se tomar como exemplo o idioma.
Em conclusão, “é fato social toda
maneira de agir fixa ou não, suscetível de
exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior;
ou então ainda, que é geral na extensão de uma
determinada sociedade, apresentando uma
existência própria, independente das
manifestações individuais que possa ter” (Op.
cit. p. 13). Desse modo, para Durkheim, a
liberdade não é real, visto que não somos
autores da nossa própria vivência em
sociedade. “Somos vítimas de uma ilusão que
nos faz crer que elaboramos, nós mesmos, o
que se impôs a nós de fora.”. (Op. cit. p. 5)

Continue navegando