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Condução transiente A condução transiente é caracterizada pela variação temporal das condições de contorno. Quando isto ocorre, o perfil de temperaturas e a taxa de transferência de calor no corpo em estudo também variam. Um exemplo clássico é a tempera de ligas de ferro e carbono para alterar a microestrutura do aço para obter dureza e resistência mecânica elevadas. Inicialmente, o aço é aquecido acima de 727 °C e em seguida resfriado a uma taxa adequada para obter as propriedades pretendidas. Método da Capacitância Global Suponha um corpo sólido inicialmente a uma temperatura uniforme, . Se ele for imerso em um fluido a temperatura , menor que a do corpo. O sólido irá trocar calor com o fluido por convecção até entrar em equilíbrio térmico com o ambiente. Método da Capacitância Global O corpo em estudo perde calor para o ambiente por convecção (considerando os efeitos da radiação desprezíveis) e não há geração interna de energia. O balanço de energia para o sólido é: Método da Capacitância Global Conforme o corpo perde calor para o ambiente, a temperatura em seu interior varia e criando um gradiente de temperatura entre seu núcleo e sua superfície. O método da capacitância global considera que a resistência térmica de condução no interior do sólido é muito menor que a resistência térmica de convecção com o ambiente. Aproximando a temperatura do núcleo pela temperatura da superfície ( ). Método da Capacitância Global Definindo a função diferença de temperaturas: A equação diferencial pode ser rescrita Método da Capacitância Global Integrando Constante de tempo térmico, Método da Capacitância Global Em termos de temperatura Para calcular a quantidade de calor transferida do corpo basta integrar a taxa de transferência de calor. 𝑄 = න 0 𝑡 𝑞 𝑑𝑡 = න 0 𝑡 ℎ𝐴𝑠𝑢𝑝 𝑇 − 𝑇∞ 𝑑𝑡 = න 0 𝑡 ℎ𝐴𝑠𝑢𝑝𝜃 𝑑𝑡 Método da Capacitância Global Para relacionar a resistência térmica de condução no interior do sólido com a resistência térmica de convecção com o ambiente, é utilizado o número de Biot, 𝐵𝑖. O método da capacitância global é válido para valores menores que 0,1 para o número de Biot, pois o erro pela aproximação da temperatura do corpo pela temperatura da superfície pode ser considerado pequeno. Onde 𝐿𝑐 é o comprimento característico do corpo. Método da Capacitância Global O comprimento característico, 𝐿𝑐, pode ser calculado pela razão do volume do corpo por sua área superficial. Contudo, se houver o desejo de implementar o critério de forma conservativa, Lc deve ser associado à escala do comprimento correspondente à máxima diferença espacial de temperaturas. Para uma parede plana simetricamente aquecida (ou resfriada) com espessura 2L, Lc corresponde à metade da espessura. Entretanto, no caso de um cilindro longo ou uma esfera, Lc passaria a ser igual ao raio real r, em vez de r/2 ou r/3, respectivamente. 𝐿𝑐 = ∀ 𝐴𝑠𝑢𝑝 Método da Capacitância Global Para uma análise genérica dos processos de aquecimento e resfriamento, é possível definir um tempo adimensional conhecido como número de Fourier, Fo. Partindo da equação temporal da temperatura, , o expoente da função exponencial pode ser rescrito em termos do comprimento característico. ℎ𝐴𝑠𝑢𝑝𝑡 𝜌∀𝑐𝑝 = ℎ𝑡 𝜌𝐿𝑐𝑐𝑝 ∙ 𝑘𝐿𝑐 𝑘𝐿𝑐 = ℎ𝐿𝑐 𝑘 ∙ 𝑘𝑡 𝜌𝑐𝑝𝐿𝑐 2 = ℎ𝐿𝑐 𝑘 ∙ 𝛼𝑡 𝐿𝑐 2 = 𝐵𝑖 ∙ 𝐹𝑜 Recapitulando: 𝛼 = 𝑘 𝜌𝑐𝑝 ; Bi = ℎ𝐿𝑐 𝑘 ; Fo = 𝛼𝑡 𝐿𝑐 2 Um floco de cereal tem espessura e = 1,2 mm. A massa específica, o calor específico e a condutividade térmica do floco são ρ = 700 kg/m3, cp = 2400 J/(kg · K), e k = 0,34 W/(m · K), respectivamente. O produto deve ser cozido através do aumento de sua temperatura de Ti = 20°C até Tf = 220°C em um forno convectivo, através do qual o produto é passado sobre uma esteira com Lfo = 3 m de comprimento, onde o coeficiente de transferência de calor na superfície do produto e a temperatura do ar no interior do forno forem h = 55 W/(m2·K) e T∞ = 300°C, respectivamente, determine a velocidade da esteira. Exemplo Esferas de aço com 12 mm de diâmetro são temperadas pelos processos de aquecimento até 1150 K e resfriado lentamente durante 20 minutos em um ambiente controlado a 325 K cujo coeficiente de convecção de 20 W/(m2·K). Supondo que as propriedades do aço sejam k = 40 W/(m·K), ρ = 7800 kg/m3 e c = 600 J/(kg·K), determine a temperatura final das esferas e a energia transferida durante o processo de resfriamento. Exemplo A resistência e a estabilidade de pneus podem ser melhoradas pelo aquecimento de ambos os lados da borracha (k = 0,15 W/(m · K), α = 6,35 × 10−8 m2/s) em uma câmara de vapor na qual T∞ = 200°C. No processo de aquecimento, uma parede de borracha com 20 mm de espessura (não frisada) é levada de sua temperatura inicial de 25°C até uma temperatura no plano central de 150°C. Se o escoamento do vapor sobre as superfícies do pneu mantém um coeficiente convectivo de h = 150 W/(m2 · K), quanto tempo será necessário para se atingir a temperatura desejada no plano central? Neste instante qual será a temperatura na superfície? Efeitos espaciais O método da capacitância global não pode ser usado! Com frequência os gradientes de temperatura no interior de um corpo não podem ser ignorados e uma abordagem diferente do método da capacitância global deve ser utilizado. Por exemplo, para uma parede plana trocando calor com o ambiente, a condução ao no interior da parede é unidirecional e assumindo que não há geração interna de energia, a equação da difusão do calor se resume a: 1 𝛼 𝜕𝑇 𝜕𝑡 = 𝜕2𝑇 𝜕2𝑥 Para resolvê-la são necessárias duas condições de contorno e uma condição inicial. Efeitos espaciais Efeitos espaciais É possível contudo adimensionalizar a equação usando agrupando as variáveis de modo conveniente. 𝜃 𝑥, 𝑡 = 𝑇 𝑥, 𝑡 − 𝑇∞ (𝜃 função diferença de temperatura) 𝜃𝑖 = 𝑇𝑖 − 𝑇∞ (𝜃𝑖 máxima diferença de temperaturas) 𝜃∗ = 𝜃 𝜃𝑖 = 𝑇−𝑇∞ 𝑇𝑖−𝑇∞ (𝜃∗ diferença adimensional de temperaturas) 𝑥∗ = 𝑥 𝐿 (𝑥∗ coordenada espacial adimensional) 𝑡∗ = 𝛼𝑡 𝐿2 = 𝐹𝑜 (𝑡∗ tempo adimensional) Obs: Como a convecção ocorre nos dois lados da parede, L é a metade da espessura. Efeitos espaciais Efeitos espaciais As condições de contorno precisam ser reescritas para corresponderem aos temos adimensionais da equação da difusão do calor 𝑇 𝑥, 0 = 𝑇𝑖 ∴ 𝜃 ∗ 𝑥∗, 0 = 𝑇𝑖 − 𝑇∞ 𝑇𝑖 − 𝑇∞ = 1 ቤ 𝜕𝑇 𝜕𝑥 𝑥=0 = 0 ∴ ቤ 𝜕𝜃∗ 𝜕𝑥∗ 𝑥∗=0 = 0 −𝑘 ቤ 𝜕𝑇 𝜕𝑥 𝑥=𝐿 = ℎ 𝑇 𝐿, 𝑡 − 𝑇∞ ∴ ቤ 𝜕𝜃∗ 𝜕𝑥∗ 𝑥∗=1 = −𝐵𝑖 ∙ 𝜃∗ 1, 𝐹𝑜 Assim é possível observar que 𝜃∗ = 𝑓 𝑥∗, 𝐵𝑖, 𝐹𝑜 . Esta apresentação facilita a apresentação, utilização e estudo de problemas transientes. Efeitos espaciais As soluções analíticas para problemas de condução transiente foram obtidas para muitas geometrias e condições de contorno e estão disponíveis na literatura. Diversas técnicas matemáticas, como o método da separação de variáveis, podem ser usadas para esse propósito e, tipicamente, a solução para a distribuição de temperaturas adimensional, tem a forma de uma série infinita. 𝜃∗ = 𝑛=1 ∞ 𝐶𝑛𝑒 −𝜉𝑛 2𝐹𝑜 𝑐𝑜𝑠 𝜉𝑛𝑥 ∗ Exceto para valores muito pequenos do número de Fourier, essa série pode ser aproximada por um único termo, simplificando consideravelmente a sua avaliação. Efeitos espaciais Os valores 𝐶𝑛 e de 𝜉𝑛 podem ser encontrados a partir das equações: 𝐶𝑛 = 4𝑠𝑒𝑛 𝜉𝑛 2𝜉𝑛 + 𝑠𝑒𝑛 2𝜉𝑛 𝜉𝑛𝑡𝑎𝑛 𝜉𝑛 = 𝐵𝑖 A equação de 𝜉𝑛 é transcendental e deve ser encontrado por iteração. A solução para valores do número de Fourier maiores que 0,2 (Fo > 0,2) pode ser aproximada por: 𝜃∗ = 𝜃𝑜 ∗ 𝑐𝑜𝑠 𝜉1𝑥 ∗ Onde 𝜃𝑜 ∗ = 𝐶1𝑒 −𝜉1 2𝐹𝑜 = 𝑇𝑜 − 𝑇∞ / 𝑇𝑖 − 𝑇∞ representa a temperatura adimensional no plano central da parede. Efeitos espaciais Voltando ao problema do pneu... Assumindo que Fo > 0,2, osvalores de 𝐶1 e 𝜉1 tabelados para Bi = 10 são respectivamente 1,2620 e 1,4289. 𝜃𝑜 ∗ = 𝑇𝑜 − 𝑇∞ 𝑇𝑖 − 𝑇∞ = 150°𝐶 − 200°𝐶 25°𝐶 − 200°𝐶 = 0,2857 𝜃𝑜 ∗ = 𝐶1𝑒 −𝜉1 2𝐹𝑜 ∴ 𝐹𝑜 = −1 𝜉1 2 ln 𝜃𝑜 ∗ 𝐶1 = −1 1,42892 ln 0,2857 1,2620 = 0,7276 > 0,2 ! 𝐹𝑜 = 𝛼𝑡 𝐿2 ∴ 𝑡 = 𝐹𝑜𝐿2 𝛼 = 0,7276 ∙ 0,01𝑚 2 6,35 ∙ 10−8 Τ𝑚2 𝑠 ≈ 1146 𝑠 Efeitos espaciais Bi = ℎ𝐿𝑐 𝑘 = 10 Efeitos espaciais E quanto a temperatura na superfície... 𝜃∗ = 𝜃0 ∗ 𝑐𝑜𝑠 𝜉1𝑥 ∗ = 0,2876 𝑐𝑜𝑠 1,4289 ∙ 1 ≈ 0,0407 𝑥∗ = 𝑥 𝐿 = 𝐿 𝐿 = 1 𝑇 = 200 °𝐶 + 0,0407 25 °𝐶 − 200 °𝐶 𝑇 𝑥 = 𝐿; 𝑡 = 1146 𝑠 ≈ 193 °𝐶 Efeitos espaciais A energia transferida por cada elemento diferencial de um corpo para um meio a uma diferente temperatura pode ser calculada pela equação: dQ = 𝑑𝑚𝑐𝑝 𝑇𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑇𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 dQ = 𝜌𝑑∀𝑐𝑝 𝑇 𝑥, 𝑡 − 𝑇𝑖 A energia cedida por todo o corpo para o ambiente Q = න 0 ∀ 𝜌𝑑∀𝑐𝑝 𝑇 𝑥, 𝑡 − 𝑇𝑖 = න 0 ∀ 𝜌𝑐𝑝 𝑇 𝑥, 𝑡 − 𝑇𝑖 𝑑∀ Efeitos espaciais A quantidade máxima de energia que pode ser transferida entre o corpo e o meio pode ser descrita como: 𝑄𝑚á𝑥 = 𝜌∀𝑐𝑝 𝑇∞ − 𝑇𝑖 Dividindo-se a energia transferida máxima energia que o corpo pode trocar com o meio obtemos: 𝑄 𝑄𝑚á𝑥 = 0 ∀ 𝜌𝑐𝑝 𝑇 𝑥, 𝑡 − 𝑇𝑖 𝑑∀ 𝜌∀𝑐𝑝 𝑇∞ − 𝑇𝑖 = 1 ∀ න 0 ∀ 𝑇 𝑥, 𝑡 − 𝑇𝑖 𝑇∞ − 𝑇𝑖 𝑑∀ Efeitos espaciais Reescrevendo: 𝑄 𝑄𝑚á𝑥 = 1 ∀ න 0 ∀ 𝑇𝑖 − 𝑇 𝑥, 𝑡 𝑇𝑖 − 𝑇∞ 𝑑∀ 𝑄 𝑄𝑚á𝑥 = 1 ∀ න 0 ∀ 𝑇𝑖 − 𝑇∞ + 𝑇∞ − 𝑇 𝑥, 𝑡 𝑇𝑖 − 𝑇∞ 𝑑∀ 𝑄 𝑄𝑚á𝑥 = 1 ∀ න 0 ∀ 𝑇𝑖 − 𝑇∞ − 𝑇 𝑥, 𝑡 − 𝑇∞ 𝑇𝑖 − 𝑇∞ 𝑑∀ 𝑄 𝑄𝑚á𝑥 = 1 ∀ න 0 ∀ 1 − 𝜃∗ 𝑑∀ Efeitos espaciais Para um corpo plano e valores do número de Fourier maiores que 0,2, podemos escrever: 𝑄 𝑄𝑚á𝑥 = 1 ∀ න 0 ∀ 1 − 𝜃𝑜 ∗𝑐𝑜𝑠 𝜉1 𝑥 𝐿 𝑑∀ 𝑄 𝑄𝑚á𝑥 = 1 ∀ න 0 𝐿 1 − 𝜃𝑜 ∗𝑐𝑜𝑠 𝜉1 𝑥 𝐿 𝐴 ∙ 𝑑𝑥 𝑄 𝑄𝑚á𝑥 = 𝐴 ∀ න 0 𝐿 1 − 𝜃𝑜 ∗𝑐𝑜𝑠 𝜉1 𝑥 𝐿 ∙ 𝜉1𝐿 𝜉1𝐿 𝑑𝑥 Efeitos espaciais Para um corpo plano e valores do número de Fourier maiores que 0,2, podemos escrever: 𝑄 𝑄𝑚á𝑥 = 1 𝐿 න 0 𝐿 𝑑𝑥 −න 0 𝐿 𝜃𝑜 ∗ 𝐿 𝜉1 𝑐𝑜𝑠 𝜉1 𝑥 𝐿 ∙ 𝜉1 𝐿 𝑑𝑥 𝑄 𝑄𝑚á𝑥 = 1 𝐿 𝐿 − 𝜃𝑜 ∗ 𝐿 𝜉1 𝑠𝑒𝑛 𝜉1 𝐿 𝐿 𝑄 𝑄𝑚á𝑥 = 1 − 𝜃𝑜 ∗ 𝜉1 𝑠𝑒𝑛 𝜉1 Efeitos espaciais As soluções exatas para condução radial transiente para as condições de temperatura uniforme e transferência de calor convectiva são: Efeitos espaciais Estas soluções podem ser aproximadas pelo primeiro termo do somatório para valores do número de Fourier maiores que 0,2. Efeitos espaciais Um cilindro longo com 30 mm de diâmetro, inicialmente a uma temperatura uniforme de 1000 K, é subitamente resfriado pela imersão em um grande banho de óleo que se encontra a uma temperatura constante de 350 K. Sabendo que as propriedades do cilindro são k = 0,75 W/(m·K), c = 1600 J/(kg·K) e ρ = 400 kg/m3, enquanto o coeficiente convectivo é de 50 W/(m2·K), determine: a) o tempo necessário para a superfície do cilindro atingir 500 K. b) representar graficamente a temperatura da superfície e no centro do cilindro ao longo do intervalo 40 ≤ t ≤ 500 s. E se o óleo fosse agitado, fornecendo um coeficiente convectivo de 250 W/(m2·K)? Exemplo Exemplo Um ovo comum pode ser modelado como uma esfera de 5 cm de diâmetro, cujas propriedades termofísicas são: k = 0,6 W/m·K e α = 2 x 10-7 m²/s. O ovo, inicialmente a temperatura uniforme de 6 °C, é colocado em água fervente a 97 °C, onde o coeficiente de transferência de calor por convecção é 2400 W/m²·K. Determine: a) quanto tempo é necessário para que a temperatura no centro do ovo alcance 75 °C. b) quanta energia foi necessária para processo de aquecimento? Exemplo
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