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O Lúdico e Suas Contribuições a Psicopedagogia

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O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES À PSICOPEDAGOGIA
WEBAULA 1
Unidade 1 – O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES À PSICOPEDAGOGIA
Caro Aluno e Cara Aluna.
Ao escrever este texto bricolado, em pequenos pedaços epistemológicos carregados de sentidos e percepções profissionais e pessoais sobre as contribuições do brincar do ponto de vista psicopedagógico, pus-me, na minha inteireza, a pensar como poderia começar. Nada melhor do que fazer um convite. Melhor! Uma convocação. Um convite pode ser recusado. Uma convocação, não! Não pode, pois é irresistível. Convoco-te a escrever junto comigo esse estudo, essas reflexões. Assim, diante de um tema tão complexo, o texto vai ficar aberto, dialético, inconcluso. Gostaria que você praticasse a escrita desse texto comigo. Aceitas?
Em cena: o brincar
Brincar é uma atividade fundamental da criança, pois é fonte de desenvolvimento e de aprendizagem. Por meio da brincadeira, a criança fala, pensa, elabora sentidos para o mundo, para as coisas, para as relações. Brincar é uma atividade fascinante que comove, emociona, intriga e diverte qualquer pessoa que se dedica em entender seus mistérios. Porém, o encantamento que ocorre por meio do brincar muitas vezes é acompanhado pela ideia de romantização, idealização e certa essencialização. Esse encantamento nos distancia de compreender o que realmente é o brincar e o seu grande valor antropológico, cultural e biológico para a criança. O sujeito brincante é visto como uma pessoa que “não tem o que fazer”, pois o brincar é visto como um ato frívolo, como um ornamento e desocupado.
Acesse o link abaixo:
http://iamachild.files.wordpress.com/2011/04/big-soap-bubble.jpg
Você deve ter percebido que a situação lúdica difere das situações habituais que realizamos em nosso cotidiano, pois ela permite uma ascese, ou seja, um desprendimento da realidade imediata. A situação lúdica permite que eu entre em um mundo onde as sensações, o cheiro, o tempo e o espaço sejam diferentes ou ganhem outra conotação. Assim, a brincadeira deve ser vista com consideração epistemológica porque em nenhum momento estamos tão compenetrados e tão sérios quanto quando brincamos. Devemos ver também como paixão, já que nada nos arrebata tanto quanto a brincadeira e o jogar que se constituem como situações em que nos mostramos em nossa inteireza. O brincar é uma das linguagens do ser humano que indicam que ele não pode ser visto apenas do ponto de vista cognitivo, mas também do ponto de vista da emoção e do corpo. A inteireza do ser humano indica que ele possui muitas linguagens. Uma delas, essencial, é o brincar que é forma de expressão, não só no sentido de “pronunciar palavras”, mas como código de significância dos gestos e comportamentos.
O brincar foi objeto de investigação desde a educação greco-romana com Aristóteles e Platão pela qual foi vista como “algo sem valor”. Outros teóricos, como Montaigne, Comênio, Jean Jacques Rosseau, Pestalozzi e outros, já indicaram a importância do lúdico na educação das crianças. De acordo com Ariès (1981), na antiguidade e na Idade Média tanto crianças como adultos participavam de atividades lúdicas e isso representava um aspecto essencial em suas vidas. As trocas grupais eram de grande relevância e as crianças tinham seus espaços livres para os jogos, porém participavam também dos jogos dos adultos.
Com o passar dos tempos, muitos autores deram ênfase ao estudo do brincar, revendo e analisando conceitos que realmente atingem um significado de totalidade na vida do ser humano, como também sua importância nas várias culturas indistintamente. A partir de então, o jogo ou brincadeira passou a ser reconhecido como comportamento espontâneo em uma sociedade, correspondendo às possibilidades de autoeducação, uma vez que não é um comportamento isento, mas sim, processo de assimilação do real a propósito de objetos que refletem a vida num grupo humano de dimensões variadas (PIAGET, 1974). Essa condição nos leva a refletir sobre o momento em que a criança, ao relacionar-se com o mundo dos adultos, demonstra em determinadas situações, não compreender a realidade que a cerca como, por exemplo, determinadas regras, atitudes e conceitos daquilo que se passa ao seu redor. E, por isso, assimila o real à sua maneira, procurando satisfazer suas necessidades afetivas, intelectuais e motoras, o que justifica um equilíbrio pessoal no mundo físico e social.
Hoje, há muitas pesquisas que abordam a importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras, reconhecidos como meios que favorecem à criança um ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, capazes de estimular a curiosidade, a observação, a intuição, a atividade, favorecendo o seu desenvolvimento pela experiência. Além disso, o brincar leva ao resgate do desejo de aprender. No Brasil o reconhecimento do valor do brinquedo educativo/pedagógico surgiu na década de 70 e ocasionou a priorização dos jogos no contexto educacional. O brincar e o jogar foram associados como fatores facilitadores do desenvolvimento infantil e constituiu uma resposta aos pais e educadores em geral diante da necessidade de estimulação das crianças e criação de novas e variadas situações e oportunidades de ensino e aprendizagem.
Brincar é um ato que envolve toda e qualquer situação e materiais. Todo brinquedo é educativo e pedagógico, dependendo da função que lhe é atribuída.
2. JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA
Inúmeros termos são utilizados quando nos referimos à ludicidade. Muitos desses termos nem sempre são claros e precisos. Diante dessa problemática diversos autores apontam para a dificuldade existente em definir os termos “jogo”, “brinquedo” e “brincadeira”. Na língua portuguesa o verbo “brincar”, que indica uma atividade específica seguida por características de espontaneidade e divertimento, não encontra correspondência em outros idiomas. Já o verbo “jogar”, em português possui um sentido mais restrito do que em outras línguas. Bomtempo e Hussein (1986) e Kishimoto (1994), apontam para a dificuldade na discriminação desses termos na língua portuguesa. No Dicionário da Língua Portuguesa Aurélio (FERREIRA, 2010, p.97) o termo “brinquedo” significa “objeto que serve para as crianças brincarem: jogos de crianças; brincadeira”.
O “brinquedo” deve ser entendido como objeto que dá suporte à brincadeira e supõe relação íntima com a criança. Como um suporte da brincadeira ele possui um nível de indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organize sua utilização. Uma boneca permite à criança desde a manipulação até uma brincadeira como “mamãe e filhinha”. O brinquedo estimula a representação e a expressão de imagens que evocam aspectos da realidade. Mas, o que é representação? Uma representação é algo presente no lugar de algo. Representar é corresponder a alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua ausência. O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, na natureza e nas construções humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los. Duplicando diversos tipos de realidades, o brinquedo as metamorfoseia e fotografa, não reproduzindo apenas objetos, mas uma totalidade social, psíquica e cultural do universo da criança. Ao representar realidades imaginárias, os brinquedos expressam, geralmente, personagens sob forma de bonecos, misto de homens, animais, máquinas e monstros.
Brincadeira
Já a “brincadeira”, concomitantemente com o brinquedo, traz vantagens para o desenvolvimento da criança nos níveis social, cognitivo, afetivo e psicomotor, porque brincando a criança se comporta além de seu comportamento diário e habitual. A brincadeira também propicia múltiplas interações entre as crianças, os adultos e os objetos da realidade. A brincadeira é uma experiência que permite às crianças tomar decisões, assumir papeis a serem representados, atribuir significados diferentes aos objetos transformando-os em brinquedos, levantar hipóteses, resolver problemas e pensar/sentirsobre o mundo. Nas brincadeiras estão presentes três categorias: imaginação, imitação e regra. Sendo que uma pode aparecer de forma mais evidente que a outra, dependendo da idade da criança e da função da brincadeira.
Com relação ao “jogo”, Brougére (1998) o entende como “atividade lúdica”. Aprofundando os estudos sobre o conceito decompõe atividade lúdica em: situação lúdica e atitude lúdica, isto é, jogo e jogador. Em algumas situações o jogo constitui-se em uma brincadeira que supõe uma comunicação específica. Esta comunicação indica uma brincadeira, onde as ações imediatas e os objetos são transformados de acordo com as circunstâncias. Considera-se brincadeira quando existe uma ação diferente com um valor de comunicação particular, dependendo do parceiro. No jogo, supõe-se estar inserido um sistema de regras, as quais estão presentes independentemente de quem e com quem brinca. A reprodução dessas regras existe durante todo o jogo, só sendo alteradas quando aceitas por todos. O jogo torna-se ainda, um espaço de decisão ao desejo pessoal e ao de se relacionar com o outro. Tanto a finalidade como os resultados finais do jogo são sempre desconhecidos, imprevisíveis. Jogar é não saber o resultado, mesmo que se tenha planejado. Concluindo, é um espaço de incerteza.
Independente da terminologia utilizada, as pesquisas enfatizam que o lúdico é fonte de conhecimento, pois atua tanto no desenvolvimento quanto na aprendizagem. Entre os fatores que a ludicidade estimula estão: a memória, atenção, observação, raciocínio, criatividade, estimula e dá confiança à criança, proporcionando contentamento e orgulho. Assim, a criança aprende a definir valores, formar juízos, fazer escolhas. A linguagem torna-se mais rica por meio da aquisição de novas formas de expressão.
A relação entre criança e o brincar/jogar pertence à própria natureza infantil no sentido de tornar todas as suas atividades em algo útil ao seu desenvolvimento e como forma de aprender sobre o mundo. Na situação de brincadeira as crianças encontram desafios levantando questões sobre seu comportamento diário, na tentativa de compreender os problemas que lhe são postos pelas pessoas e pela realidade com a qual interagem. Assim, brincar desenvolve a iniciativa, a imaginação, o intelecto, a curiosidade e o interesse, o corpo e a estrutura psíquica, o senso de responsabilidade individual e coletiva, a cooperação, colocar-se na perspectiva do outro, a capacidade de lidar com limites, a memória, a atenção e a concentração por longo período de tempo.
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3. O LÚDICO: FATOR PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO
O lúdico, sob qualquer perspectiva, é fundamental no processo educativo, abrangendo eixos indispensáveis ao desenvolvimento cognitivo, social, afetivo e psicomotor. A seguir descreveremos cada um desses aspectos. Vamos lá?
Segundo Zanlorenzi (1989) as atividades lúdicas auxiliam a criança a elaborar conceitos, relações e construções lógicas, bem como a possibilidade de expressar-se de forma afetiva, corporal e cognitiva. Para Cunha (1988), enquanto brinca a criança desenvolve a curiosidade, a iniciativa, autoconfiança e pode experienciar situações de aprendizagem que favoreçam a linguagem, a concentração, o pensamento e a atenção. O brincar devido ao seu caráter espontâneo, parece a princípio, incompatível com a rigidez e busca de resultados concretos do ambiente escolar. Entretanto, brincar e aprender na escola devem caminhar juntos para potencializar a elaboração de novos conceitos e o desenvolvimento integral da criança.
NA TELINHA
Convido você para assistir um vídeo bem interessante com Bia Bedran. A Bia é uma arte educadora muito conhecida entre nós.
A nossa tarefa será:
· vídeo designado no link abaixo: <http://www.youtube.com/watch?v=EfjKtCeRBgY>.
· Anotar partes que você considera como interessante na fala da Bia;
· Relacionar as contribuições da Bia escrevendo a sua contribuição baseando-se em algum autor de sua preferência;
O brincar em grupo proporciona, segundo Zanlorenzi (1989), a internalização das regras de convivência, de vínculos afetivos e sociais. O não cumprimento de regras, a falta de limites pré-estabelecidos talvez pudessem ser amenizados, ou até solucionados, com a internalização de normas e regras quando estas sejam amplamente discutidas e analisadas em conjunto. Brincando o educando apreende a cultura do ambiente social e se insere culturalmente, por meio da construção de normas e regras estabelecidas de forma participativa. Os limites a serem estabelecidos no contexto escolar podem ser amplamente discutidos e analisados pelos educandos, desde que eles aprendam a planejar e compreender normas de cooperação e de controle intergrupal. Todo jogo é composto por regras fixas ou atribuídas pelos sujeitos brincantes. Para jogar é preciso estabelecer e internalizar tais regras. A internalização de regras e normas se manifesta em atividades lúdicas, que podem ser extrapoladas para outros ambientes.
APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
Para aprofundar nossos conhecimentos sobre o brincar do ponto de vista social trago a autora Kishimoto. Ela é uma das maiores pesquisadoras do Brasil sobre o assunto do brincar/jogar.
A nossa tarefa será:
· Assistir ao vídeo designado no link abaixo: <http://www.youtube.com/watch?v=HpiqpDvJ7-8&feature=related>.
· Anotar partes que você considera como interessante na fala da Kishimoto;
· Relacionar as contribuições da Kishimoto escrevendo a sua contribuição baseando-se em algum autor de sua preferência;
Por meio do lúdico a criança pode compreender, interiorizar e recriar experiências do dia a dia. As atividades lúdicas promovem a experimentação, percepção e manipulação das coisas e situações cotidianas, possibilitando a análise, síntese e generalização de conceitos e formas de agir. Segundo Friedmann (1996) o jogo melhora o progresso da criança na escola, através da afirmação do eu na idade escolar, ajudando na tarefa de consolidação do eu. No jogo pode ser comprovada a importância dos intercâmbios afetivos das crianças entre elas ou com adultos significativos. O Jogo, para Friedmann (1996) é a “janela” da vida emocional das crianças.
NA TELINHA
Convido você para assistir um vídeo bem interessante sobre a afetividade. O vídeo traz o conceito de afetividade no campo da Epistemologia Genética e relaciona a afetividade e a inteligência. Maravilhoso! Vamos lá?
A nossa tarefa será:
· Assistir ao vídeo “Desenvolvimento Afetivo” designado no link abaixo: <http://www.youtube.com/watch?v=IUSVeVnmt1U>.
· Anotar partes que você considera como interessante na fala da Bia;
· Relacionar as contribuições da Bia escrevendo a sua contribuição baseando-se em algum autor de sua preferência;
O lúdico também se constitui como algo muito importante para o desenvolvimento psicomotor da criança. Para Petty (1995), as brincadeiras com o corpo auxiliam as crianças a compreender conceitos como: perto, longe, dentro, fora, mais perto, bem longe, em frente, atrás, alto, mais alto, em cima, embaixo, direita e esquerda. A autora explica que é por meio do corpo que a criança aprende e toma consciência do mundo, o jogo é atividade própria da criança e está centrado no prazer que ele proporciona. DeLièvre (1992) e Fonseca (1996) concordam que é a partir de certo nível de organização motora, do domínio do gesto e do instrumento, esquema corporal, lateralização, estruturação espacial, percepção temporal, discriminação auditiva e visual a criança poderá começar a ler e a escrever. Para que isso ocorra é preciso deixar de valorizar apenas o treino mecânico destas habilidades, o qual se compõe de exercícios de reprodução de letras e números, desenhos mimeografados para colorir e recortar, além de outros. É preciso começar a valorizar o desenvolvimento destas habilidades a partir de uma vivência corporal e lúdica, partindo das experiências que a criança tem com o seu corpo, em busca de novas descobertas e conhecimentos.  Embora o lúdicoseja essencial para o desenvolvimento observa-se que muitas crianças e adolescentes, estão cada vez mais distanciados da oportunidade de brincar. É preciso que educadores visualizem a possibilidade de integração entre ludicidade, o ensino e a aprendizagem, tornando o ambiente escolar mais prazeroso, estimulante e motivador.
DA TEORIA À PRÁTICA
No link abaixo há um passo a passo da construção do brinquedo “Jogo da Onça” muito interessante.
http://www.youtube.com/watch?v=
Nossa tarefa será construir esse brinquedo em casa. Jogá-lo junto à criança.
· Relacionar as contribuições do brinquedo para o desenvolvimento e aprendizagem da criança.
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4  PERSPECTIVAS SOBRE O BRINCAR: PIAGET E VYGOTSKY
Os teóricos apresentam algumas concepções diferentes sobre a importância da ludicidade para o desenvolvimento da criança. No entanto, concordam que a atividade lúdica evolui, modifica, transforma e desenvolve. Para exemplificar Brown (apud FIGUEIRÓ, 2012, p. 29):
Brincar é como nós somos feitos, como nos desenvolvemos e nos ajustamos a mudanças; permite que expressemos nossa alegria e nos conecta mais profundamente com o melhor de nós mesmos e dos outros; é a forma mais pura de expressão de amor. Quando um número suficiente de pessoas elevar o brincar ao status que ele merece em nossas vidas, veremos que o mundo será um lugar melhor de viver.
Para desenvolver essa parte de nosso estudo, vou propor a você a análise de uma sequência de vídeos tematizadores que apresentam com riqueza os principais conceitos dos autores abaixo. Essa forma de organizar nosso estudo deve-se à amplitude das teorias desses autores e, mesmo porque, considero relevante retomar esses conceitos estruturantes e relacioná-los com o brincar/jogar como elementos para o desenvolvimento e aprendizagem da criança e do adolescente. Antes de compreender o que é o brincar segundo a Epistemologia Genética de Jean Piaget, vamos relembrar alguns conceitos importantes sobre sua teoria. O documentário chama-se “Jean Piaget por Ives de La Taille”. O professor Ives é muito conhecido por suas obras analisando a perspectiva piagetiana. E aí, ficou curioso?
NA TELINHA
A nossa tarefa será assistir as quatro partes do documentário “Jean Piaget por Ives La Taille” designados nos links abaixo:
· Parte 1: Jean Piaget por Ives La Taille<http://www.youtube.com/watch?v=8UYz8cTBfgg>.
· Parte 2: Jean Piaget por Ives La Taille<http://www.youtube.com/watch?v=TxtcBXOz8ZU&feature=relmfu>.
· Parte 3: Jean Piaget por Ives La Taille<http://www.youtube.com/watch?v=h3EzpmEK6yU&feature=relmfu>.
· Parte 4: Jean Piaget por Ives La Taille<http://www.youtube.com/watch?v=13qkS1TITbI&feature=relmfu>>
· Anotar partes que você considera como interessantes na fala do professor Ives de La Taille;
· Relacionar as contribuições de Ives escrevendo a sua contribuição baseando-se em algum autor de sua preferência;
· Registrar no fórum da disciplina.
De acordo com a Epistemologia Genética de Piaget, a brincadeira é a assimilação quase pura do real ao eu infantil. A criança, ao brincar, tem a possibilidade de adaptar-se ao mundo social dos adultos, cujos interesses e regras ainda lhe são estranhos e não foram internalizados.  De acordo com Piaget, a criança não consegue satisfazer todas as suas necessidades afetivas e intelectuais nesse processo de adaptação ao mundo adulto. Segundo Piaget (1974), a brincadeira não tem finalidade adaptativa, não provoca um aprimoramento dos esquemas mentais, ou de ação, da criança. Sua importância para o desenvolvimento reside no fato de possibilitar – pela aplicação de esquemas conhecidos a objetos “inadequados” – a transformação do significado dos objetos e criação de símbolos lúdicos individuais.
Num símbolo lúdico, como pedacinhos de biscoito que representam bolo, um objeto é evocado por outro, ao qual são atribuídas qualidades daquele. A função simbólica é, então, indispensável para a ampliação das fronteiras da inteligência, embora, de acordo com Piaget, ela só progrida com o desenvolvimento da própria inteligência. Ou seja, é à medida que o pensamento da criança se desenvolve que sua linguagem, o desenho e o próprio jogo evoluem. Portanto, embora a brincadeira seja importante para a constituição de símbolos que servem para representar objetos ou acontecimentos, ampliando o campo de ação da inteligência, seu desenvolvimento está subordinado ao desenvolvimento da própria inteligência. Para Piaget o papel do aluno consiste em ver, manipular o que vê produzir significado ao que resulta de sua ação, representar por imagem, fazer comparações entre a representação imaginada e o objeto de sua ação real: jogar, desenhar, errar, corrigir, construir a partir do erro, mostrando de uma maneira ou de outra o que aprendeu. O erro que a criança comete, passa a ser visto não como algo negativo, ruim e que deve ser imediatamente corrigido pelo professor. Ao contrário, o erro é visto como uma manifestação positiva de grande valor pedagógico e deve ser considerado um reflexo do pensamento da criança.
Os primeiros jogos que a criança realiza são denominados por Piaget jogos de exercício. Estes não comportam ainda nenhum simbolismo e consistem de repetição, por puro prazer, de comportamento que ela já aprendeu. Os jogos de exercícios manifestam-se entre a faixa etária de zero a dois anos e presentifica-se durante toda a existência do ser humano, isto é, da infância à idade adulta. O jogo vai se tornando mais elaborado e mais complexo à medida que o bebê começa a combinar ludicamente ações diferentes, passando de uma a outra ação sem empreender nenhum esforço que vise adaptação ao meio ou aos objetos e sem ter nenhuma finalidade determinada. O bebê repete certas ações pelo prazer de exercitá-las.
Se num primeiro momento as ações do bebê são repetidas, aplicando-se aos mesmos objetos, chega um momento em que outros e novos objetos começam a ser empregados.  Esse tipo de jogo dá origem ao jogo simbólico (o faz-de-conta), que surge na criança quando seu pensamento torna-se capaz da representação simbólica (mais ou menos entre 2 e 6 anos).
Com a diminuição dos jogos de exercício surgem os jogos simbólicos, caracterizados pela dissociação entre significantes e significados. De acordo com Piaget, o jogo simbólico começa por comportamentos pelos quais a criança imita objetos, pessoas ou situações. Aos poucos, a brincadeira simbólica com outras crianças (casinha, escolinha etc.) começa a ter lugar e o simbolismo lúdico mais complexo. O símbolo lúdico possibilita a criança representar de forma mais adaptada ao meio. As brincadeiras típicas desse momento são as brincadeiras de faz de conta. O faz de conta é um jogo simbólico que se desenvolve na direção de uma atividade mais construtiva com finalidade de adaptação ao real. Os jogos de construção, os jogos dramáticos e também os jogos com regras são, em verdade, manifestações do aparecimento do jogo simbólico. O esquema simbólico pode ser entendido por sua função do exercício, ou seja, um exercício simbólico. A criança deixa de buscar apenas satisfação motora passando a sentir prazer em “fazer de conta” que consiste em um espetáculo oferecido a si próprio e aos outros.
Aos 7 anos de idade o simbolismo dá lugar aos jogos de construção, tais como os desenhos e as atividades e brincadeiras de construção. Piaget (1974) considera que esses tipos de jogos estão caracterizados entre os jogos simbólicos e os jogos de regras, mas um espaço “entre”, ou seja, ocupam uma posição situada no meio do caminho entre o jogo e o trabalho inteligente. Os jogos com regras aparecem por volta dos sete anos, possibilitados pela crescente socialização do pensamento da criança, que conduz à substituição do símbolo lúdico individual pelas regras. No início do pensamento operatório concreto, as crianças passam a compreender a importância das regras de um jogo, tornando-se cientes delas e exigem dos outros uma adesão mais rígida. Elas percebem asregras como fixas e permanentes e ao participar de jogos elas jogam para ‘vencer’. Ao contrário dos outros tipos de jogos, que são substituídos, durante a evolução, o jogo com regras é praticado em todas as idades. Diante desse panorama da evolução do brincar, de um estado mais egocêntrico até a socialização, é interessante observar que numa situação de livre escolha estarão se revelando os interesses e necessidades de cada criança ou de cada grupo de crianças através do brinquedo que cada um escolheu e da forma como brincam.
Porém, é preciso frisar que os jogos de regras já iniciam sua manifestação aos cinco anos, mas desenvolvem-se de forma mais intensa na fase dos 7 aos 12 anos. Este tipo de jogo continua durante toda a vida do sujeito. São jogos de combinações sensório-motoras ou intelectuais, com competições entre os sujeitos fazendo com que a regra seja necessária. Estas podem ser transmitidas por gerações passadas ou podem ser estabelecidas por acordo entre os participantes no momento em que jogam.
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Os jogos de regras são jogos que implicam as relações sociais das crianças, possibilitando entenderem melhor as regras pré-estabelecidas na sociedade onde habitam.
Para Piaget, essa evolução acompanha o desenvolvimento da inteligência e do pensamento, enquanto para Vygotsky (1989) ela se deve às mudanças que ocorrem na interação da criança com o meio social, em razão das diferentes posições que ocupa e das diferentes tarefas que lhe são colocadas. Assim, cada um desses autores dirige sua atenção para aspectos distintos do processo de evolução da ludicidade, reconhecendo nele diferentes momentos.
Brincar não é o aspecto predominante da infância, mas é um fator muito importante do desenvolvimento. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos (Vygotsky, 1989, p.109).
Nesta parte do nosso estudo, convido você a relembrar os principais conceitos da abordagem de Vygostky (1989) que estruturam a sua teoria e que podem ser úteis para compreender o brincar do ponto de vista desse pensador. Para isso, trago para você um coletânea de vídeos sobre o assunto elaborado pela professora Marta Kohl de Oliveira que é uma das referências nacional sobre a abordagem desse autor. Vamos nessa?
Na telinha!
A nossa tarefa será assistir aos vídeos:
· Documentário 1 “Marta Kohl de Oliveira – Vygotsky – Aprendizado e desenvolvimento” por  Marta Kohl designado no link abaixo:<http://www.youtube.com/watch?v=pZFu_ygccOo>.
· Documentário 2 “Lev Vygostky” da Univesp TV<http://www.youtube.com/watch?v=_BZtQf5NcvE>.
· Anotar partes que você considera como interessante na fala da professora Marta;
· Relacionar as contribuições de Ives escrevendo a sua contribuição baseando-se em algum autor de sua preferência;
Para Vygotsky (1989) o brincar constitui uma ação criada em um contexto imaginário que proporciona à criança organizar e direcionar o seu comportamento. O que direciona os comportamentos é um conjunto composto pela percepção imediata dos objetos, pela própria situação em si, bem como o significado dessa situação. Em palavras mais simples, o ato de brincar/jogar convoca a criança a agir ensinando-a a interpretar. Vygotsky (1989) também analisa a emergência e o desenvolvimento da brincadeira nas relações sociais da criança com o mundo adulto. Segundo ele, na idade pré-escolar, algumas modificações ocorrem no desenvolvimento da criança. Como demonstra Leontiev (1994), importante psicólogo soviético, o mundo objetivo que a criança conhece está continuamente se expandindo e, nesse período, já não inclui apenas objetos que constituem o ambiente que a envolve (como seus brinquedos, sua cama ou os utensílios com os quais está sempre em contato e sobre os quais pode agir), mas também os objetos com os quais os adultos operam e sobre os quais ela ainda não pode agir.
A criança passa a se interessar por uma esfera mais ampla da realidade e sente necessidade de agir sobre ela. Agir sobre as coisas é a principal forma que a criança dispõe para conhecê-las, compreendê-las.
Com base em Vygotsky (1989) ainda a situação imaginária da brincadeira é o resultado da ação da criança, ou seja, na tentativa de reproduzir as ações do adulto em condições diferentes daquelas que ocorrem na realidade (situação imaginária). Isso significa que a criança não imagina uma situação para depois agir, brincar. Ao contrário, para imaginar, ela precisa agir. Na perspectiva de Vygotsky (1989) a situação imaginária e as regras definidas e criadas por essa situação cria uma zona de desenvolvimento proximal. No brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e também aprende a separar objeto e significado. A brincadeira também propicia à criança a interação e o confronto de diferentes crianças com diferentes pontos de vista; ou seja, contribui para a convivência em sociedade.
De acordo com Vygotsky (1989) a criança ao brincar aprende a agir cognitivamente. Isso significa que na brincadeira os objetos perdem sua força determinadora e a criança passa a operar com o significado das coisas. Além disso, quando a criança assume um papel na brincadeira, ela opera com o significado de sua ação e submete seu comportamento a determinadas regras. Isso conduz ao desenvolvimento da vontade, da capacidade de fazer escolhas conscientes, que estão intrinsecamente relacionadas à capacidade de atuar de acordo com o significado de ações ou regras e de controlar o próprio comportamento por meio de regras. Assim para Vygotsky (1989), a brincadeira é a atividade em conexão com a qual ocorrem as mais importantes mudanças no desenvolvimento psíquico da criança e dentro da qual se desenvolvem processos psíquicos que preparam o caminho da transição da criança para um novo e mais elevado nível de desenvolvimento. Logo a atividade de brincar é essencial para o desenvolvimento da criança.
De acordo com Vygotsky (1989), as primeiras brincadeiras surgem da necessidade de dominar o mundo dos objetos humanos. Ao brincar, a criança tenta agir sobre os objetos, como os adultos. É por isso que a brincadeira de crianças mais novas caracteriza-se pela reprodução de ações humanas realizadas em torno de objetos. E é durante o desenvolvimento dessas brincadeiras, que as relações humanas incluídas nessas ações começam a aparecer mais claramente.
Nas brincadeiras de grupo, as relações sociais são reproduzidas nas ações das crianças entre si. Reguladas por regras implícitas de comportamento, essas relações são uma pré-condição importante para que, aos poucos as crianças tornem-se conscientes da existência de regras na brincadeira. É sobre essa base que surgem os jogos com regras. Vygotsky (1989) afirma que, da mesma forma que uma situação imaginária tem que conter regras de comportamento, todo jogo com regras contém uma situação imaginária. O jogo de xadrez, por exemplo, baseia-se em uma situação imaginária.
Assim, no contexto das práticas histórico-culturais, a brincadeira se desenvolve, passando de uma situação claramente imaginária, com regras implícitas, para uma situação implicitamente imaginária, com regras e objetivos claros.  Tanto a brincadeira, quanto o papel que ela exerce no desenvolvimento infantil se modificam. Na idade pré-escolar, a brincadeira do faz-de-conta é a principal atividade da criança. Já na idade escolar, os jogos com regras e os esportes tornam-se mais importantes. Estes têm um papel específico no desenvolvimento, mas não são tão fundamentais como o faz-de-conta na idade pré-escolar. A escolarização formal, culturalmente valorizada e estimulada, passa a ocupar então o papel central no desenvolvimento da criança.
5. EDUCAÇÃO LÚDICA: A INSERÇÃO DO LÚDICO NO PROCESSO EDUCACIONAL
Reconhecemos as dificuldades que as escolas brasileiras enfrentam para lidar comos inúmeros problemas que lhes são apresentados no dia a dia. Porém é preciso superar o discurso negativista e enfadonho de que “nada adianta”, “nada resolve”. A inserção de um novo conceito sobre o “brincar”, se faz indispensável no ambiente escolar, revertendo o quadro da mesmice desmotivadora. O lúdico é essencial para a educação, ao contrário do imposto pelo mito que “brincar é passatempo” que dicotomiza as atividades lúdicas do espaço educativo. Proporcionar o lúdico ao processo educacional parece-nos um desafio, unir as atividades lúdicas ao contexto escolar pode significar a oportunidade de transformar o sentido do processo educativo para educandos e educadores.
No Brasil, esta preocupação começa a surgir com as primeiras instituições infantis, influenciadas pelos princípios pedagógicos oriundos de Froebel e os Escolanovistas, no início do século passado. A partir dos anos 70, foram amplamente difundidos os “jogos ou brinquedos pedagógicos”, associados à ideia de facilitadores do desenvolvimento. Este destaque iniciou a priorização deste tipo de brinquedo em detrimento de outros, criando-se o mito de que somente este tipo de brinquedo educava e os outros se constituíam em passatempo. Fröebel (1782-1852), discípulo de Pestalozzi, foi o primeiro pedagogo a incluir o jogo no sistema educativo.
Para Almeida (1998, p.23), “o grande educador faz do jogo uma arte, um admirável instrumento para promover a educação para as crianças”. Almeida (1998) ainda acrescenta que a melhor forma de conduzir a criança à atividade, à autoexpressão e à socialização seriam os jogos, considerados como fatores decisivos na educação das crianças. Essa necessidade de estimulação tem sido uma preocupação constante e é questionada especialmente hoje, “com o surgimento de novas formas de lazer moderno e a fabricação de brinquedos eletrônicos e mecânicos”, que tornam o lúdico uma atividade didatizada dando à criança apenas a incumbência de expectadora de sua ação, livre de qualquer esforço ou criatividade, e de qualquer participação ativa (ARAÚJO, 1992, p.14).
Devido à influência que exerce no desenvolvimento infantil, o jogo é utilizado pela escola como um recurso muito eficaz para a realização de atividades com fins educativos. A esse respeito, Kishimoto (1998) acrescenta que o jogo foi incluído no sistema educativo como um suporte da atividade didática, visando-se com ele à aquisição de conhecimentos. Para a autora, qualquer jogo pode ser utilizado na escola, desde que se respeitem a natureza do ato lúdico, a liberdade e a manifestação da criança, pois, se essas condições forem garantidas, a função pedagógica subsidiará o “desenvolvimento integral da criança”, e o jogo poderá ser designado como jogo educativo e até indispensável ao desenvolvimento infantil. Nessa perspectiva pedagógica, Kishimoto (1998) define o jogo como educativo, uma vez que ele é além de jogo, ensino, é um aliado do professor em sua tarefa diária de ensinar e instruir seus alunos. Partindo dessa concepção educacional, Kishimoto (1998, p.22) caracteriza o jogo educativo da seguinte forma:
· Sentido amplo: como material ou situação que permite a livre exploração em recintos organizados pelo professor, visando ao desenvolvimento geral da criança;
· Sentido restrito: como material ou situação que exige ações orientadas (com vistas) à aquisição ou treino de conteúdos específicos ou de habilidades intelectuais. No segundo caso recebe, também, o nome de jogo didático.
Visto sob esse prisma, o jogo pode ser utilizado no contexto escolar sem, contudo, se transformar somente em diversão e sem esquecer que o objetivo da escola é transmitir conhecimento e proporcionar à criança um desenvolvimento integral. É importante, portanto, que se compreenda que o trabalho desenvolvido na escola “deve ser mais que um jogo e menos que um trabalho (restrito)”; é necessário que haja equilíbrio entre esforço e prazer, instrução e diversão, educação e vida (ALMEIDA, 1998, p.61).
Para a psicologia genética, o jogo pode ser um meio muito valioso para a estimulação dos mecanismos, construção e desenvolvimento da inteligência, bem como pode tornar mais prazerosas atividades como a leitura, escrita e matemática (PIAGET, 1974).
Tendo como base todo o conhecimento que se tem sobre o assunto podemos constatar que a cada dia, na escola, o tempo para que o brincar aconteça tem se tornado cada vez mais restrito, concomitantemente, as pesquisas vem, de uma forma geral, enfatizando os benefícios que os jogos e brincadeiras trazem ao desenvolvimento bio-psico-social da criança. De forma natural, atividades lúdicas reforçam o prazer de jogar, anima, estimula e dá confiança ao vencedor, proporcionando contentamento e orgulho. Assim a criança aprende a definir valores, formar juízos, fazer escolha e a linguagem torna-se mais rica através da aquisição de novas formas de expressão. É, portanto, nas situações de brincadeira que as crianças passam a colocar desafios e questões de seu comportamento diário, levantando hipóteses na tentativa de compreender os problemas que lhe são postos pelas pessoas e pela realidade com a quais interagem.
Todas estas afirmações sobre a importância do jogo e brincadeira para a educação e desenvolvimento infantil vêm nos mostrar o quanto a sua inserção na vida da criança tem um papel especial, sendo um intermediário, um meio, um instrumento extremamente indispensável e eficaz, que viabiliza a interação criança-adulto, criança-criança, possibilitando à mesma experimentar e socializar novas formas de comportamento. Para Kamii (2001), os professores que trabalham com exercícios formais defendem que as crianças devem aprender a fazer o trabalho duro e desagradável porque a vida não é feita somente de jogos e brincadeiras.
ALMEIDA, P.N. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1998.
ARAÚJO, V.C. O jogo no contexto da Educação Psicomotora. São Paulo: Cortez, 1992.
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FERREIRA, A.B.H. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
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FRIEDMANN, A. Brincar: crescer e aprender: o resgate do jogo. São Paulo: Moderna, 1996.
HENRIOT. J. Le Jeu. Paris: Synonyme.S.O.R. 1989.
KAMII, C.; DEVRIES, R. Jogos em grupo na educação infantil: implicações da teoria de Piaget. Tradução de Marina Célia Dias São Paulo: Trajetória cultural, 2001.
KISHIMOTO, T. M. O Jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira. 1994.
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ZANLORENZI, E. Você quer brincar? Comunicarte. Campinas, n. 13/14, 1989, p. 26-34.
O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES 
À
 
PSICOPEDAGOGIA
 
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Unidade 1 
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O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES 
À
 
PSICOPEDAGOGIA
 
Caro Aluno e Cara Aluna.
 
Ao escrever este texto bricolado, em pequenos 
pedaços epistemológicos carregados de sentidos e percepções 
profissionais e pessoais sobre as contribui
ções do brincar do ponto de 
vista psicopedagógico, pus
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me, na minha inteireza, a pensar como 
poderia começar. Nada melhor do que fazer um convite. Melhor! Uma 
convocação. Um convite pode ser recusado. Uma convocação, não! Não 
pode, pois é irresistível. Con
voco
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te a escrever junto comigo esse 
estudo, essas reflexões. Assim, diante de um tema tão complexo, o 
texto vai ficar aberto, dialético, inconcluso. Gostaria que você 
praticasse a escrita desse texto comigo. Aceitas?
 
Em cena: o brincar
 
Brincar é uma ativi
dade fundamental da criança, pois é fonte de 
desenvolvimento e de aprendizagem. Por meio da brincadeira, a 
criança fala, pensa, elabora sentidos para o mundo, para as coisas, 
para as relações. Brincar é uma atividade fascinante que comove, 
emociona, intrig
a e diverte qualquer pessoa que se dedica em entender 
seus mistérios. Porém, o encantamento que ocorre por meio do brincar 
muitas vezes é acompanhado pela ideia de romantização, idealização 
e certa essencialização. Esse encantamento nos distancia de 
O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES 
À PSICOPEDAGOGIA 
WEBAULA 1 
Unidade 1 – O LÚDICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES 
À PSICOPEDAGOGIA 
Caro Aluno e Cara Aluna. 
Ao escrever este texto bricolado, em pequenos 
pedaços epistemológicos carregados de sentidos e percepções 
profissionais e pessoais sobre as contribuições do brincar do ponto de 
vista psicopedagógico, pus-me, na minha inteireza, a pensar como 
poderia começar. Nada melhor do que fazer um convite. Melhor! Uma 
convocação. Um convite pode ser recusado. Uma convocação, não! Não 
pode, pois é irresistível. Convoco-te a escrever junto comigo esse 
estudo, essas reflexões. Assim, diante de um tema tão complexo, o 
texto vai ficar aberto, dialético, inconcluso. Gostaria que você 
praticasse a escrita desse texto comigo. Aceitas? 
Em cena: o brincar 
Brincar é uma atividade fundamental da criança, pois é fonte de 
desenvolvimento e de aprendizagem. Por meio da brincadeira, a 
criança fala, pensa, elabora sentidos para o mundo, para as coisas, 
para as relações. Brincar é uma atividade fascinante que comove, 
emociona, intriga e diverte qualquer pessoa que se dedica em entender 
seus mistérios. Porém, o encantamento que ocorre por meio do brincar 
muitas vezes é acompanhado pela ideia de romantização, idealização 
e certa essencialização. Esse encantamento nos distancia de

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