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Brinquedoteca e o Elemento Lúdico - Temas 1 a 10

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Anhanguera Licenciatura Pedagogia – 4º Semestre 
Matéria: Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Resumo dos Temas 1 ao 10 
 
 
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Tema 1 
Análise do Aspecto Lúdico no Universo Infantil e sua Relação com a 
Educação Escolar 
Ser Criança e Ter Infância 
Reflita. 
Como foi sua infância? Você brincou bastante? Você acredita que as experiências que 
vivenciou durante a sua infância terão influência sobre a sua atuação como 
professor ou professora? 
Essas são perguntas importantes, pois no decorrer da ação docente realizamos 
nossas práticas e escolhemos nossas metodologias e discursos de acordo com aquilo 
que acreditamos e conhecemos bem. 
Por isso, revisitar as nossas experiências quando crianças é importante para refletir 
sobre quais imagens e concepções temos sobre o que é ser criança e ter infância. 
Acompanhe comigo a citação a seguir, escolhida para integrar essa reflexão sobre ser 
criança. 
Elas são o que nós fomos; elas são o que nós devemos tornar-nos novamente. Nós 
fomos natureza assim como elas, e nossa cultura, mediante a razão e a liberdade, 
deve conduzir-nos de volta para a natureza. Elas são, portanto, não só a 
representação da nossa infância perdida, mas também representações da nossa 
realização mais elevada no ideal. (SCHILLER apud KENNEDY, 1999, p. 76) 
Veja que interessantes as expressões usadas por Schiller (apud KENNEDY, 1999) e 
Friedman (2005): “voltar o olhar”, “conduzir-nos de volta para a natureza” e 
“infância perdida”. 
Certamente você está pensando: mas, o que isso pode representar para mim 
enquanto educador ou educadora em formação? Sem querer “fechar uma única 
resposta”, é possível afirmar que ao refletir sobre a infância despertarmos a 
necessária postura de tentar capturar a sua realidade concreta e a oportunidade que 
ela representa para transformar as nossas convicções e certezas. 
A criança é um ser concreto com características singulares que podem ser 
interpretadas pelos adultos como gerais ou universais. É a partir dessas 
características que criamos imagens, entendimentos e cuidados específicos 
voltados para ela. 
 
 
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2 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Assim, não existe uma maneira única de conceber ou entender a criança e a infância, 
como se pudéssemos dizer, com absoluta certeza, a essência desses conceitos. Em 
outras palavras, não podemos entender a criança como um sujeito unificado, 
reificado ou essencializado. Na verdade, ao observar as diferentes culturas em seus 
momentos sociais e históricos, chegamos à consideração de que temos múltiplas 
infâncias, com modos diferentes de compreendê-la e, mais ainda, de vivê-la. 
Para resumir essa partilha de informações, você deve ter em mente que: 
Cada criança deve ser vista no contexto de sua singularidade como única e marcada 
por suas histórias. 
É necessário um cuidado técnico quanto à distinção conceitual das palavras 
“criança” e “infância”. Para otimizar o estudo, organizaremos as informações em 
tópicos 
Sobre o 
conceito 
"criança” 
• A criança é sujeito ativo e é produtora de cultura infantil 
própria. 
• A criança é o sujeito concreto que pertence a um grupo etário 
próprio, a uma classe social, a um gênero. 
Sobre o 
conceito 
‘infância" 
• Etimologicamente a palavra “infância” significa in-fans (o que 
não fala). 
•A infância é uma construção social e varia conforme os 
costumes e valores do grupo social 
 
Ficou claro para você que ao nos referirmos à palavra “criança” estamos falando de 
sujeitos concretos e reais com suas singularidades sociais, psicológicas e culturais? 
E quanto à palavra “infância”? Você consegue entendê-la como uma categoria social 
que indica múltiplas formas de ser criança no contexto de um grupo social e em um 
determinado momento histórico? 
Se sua resposta for sim, com certeza você terá outro olhar sobre as crianças concretas 
que farão parte do seu trabalho pedagógico na escola. É importante reconhecer que 
por trás de cada aluno existe uma criança que experimenta a sua infância conforme 
as condições sociais, culturais e psicológicas lhe impõem. 
Veja o que o poeta Carlos Drummond de Andrade sabiamente disse sobre o brincar: 
Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver meninos sem 
escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com 
exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem. (ANDRADE apud BARROS, 
2009, p. 13) 
Infância e Ludicidade 
 
 
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3 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Será que ludicidade tem a ver somente com o brincar e o jogar? 
Ao compreender a importância de refletir sobre a infância e o ser criança, podemos 
relacionar essas reflexões com o conceito de “lúdico”. Certamente, você deve estar se 
perguntando o porquê de não tratarmos diretamente do conceito de brincar, não é 
mesmo? 
Primeiramente, porque há distinções conceituais importantes sobre os termos 
“lúdico”, “brincar” e “jogar”. Em segundo lugar, porque muitos educadores associam 
o termo “lúdico” somente ao prazer, divertimento, jogar ou brincar. 
O flósofo Huizinga (1999) em seu livro Homo Ludens (título em latim, que significa 
“homem lúdico”) faz considerações importantes que indicam que o conceito de 
“lúdico” atrela-se à ideia de “festa, divertimento, comunicação por meio da 
participação numa alegria coletiva”. 
Afirma ainda que o “lúdico” relaciona-se: com os fatores culturais (individuais e 
coletivos), com o prazer de dominar o corpo (destreza), a vontade (risco, aventura), 
com questões de afetividade e de sensibilidade (expressão artística e literária), com 
a problemática do inconsciente individual e coletivo, com a eternidade do mito, a 
prática dos rituais, o exercício dos poderes mágicos, o passado do homem e o futuro 
do mundo (FRANCO, 2008). 
Huizinga (1999) ensina que ao experienciar a ludicidade, o homem desenvolveu três 
funções, conforme o esquema a seguir: 
 
 
De acordo com Almeida (2010, p. 13), não podemos relacionar “lúdico” apenas ao ato 
de brincar ou de jogar, pois: Se o termo tivesse ligado a sua origem, o lúdico estaria 
se referindo apenas ao jogo, ao brincar, ao movimento espontâneo, mas passou a ser 
conhecido como traço essencialmente psicofisiológico, ou seja, uma necessidade 
básica da personalidade do corpo, da mente, no comportamento humano. As 
implicações das necessidades lúdicas extrapolaram as demarcações do brincar 
espontâneo de modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo do jogo. O 
lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana, trabalhando com a 
cultura corporal, movimento e expressão. 
 
 
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4 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
O universo lúdico: 
[...] refere-se a uma dimensão humana que evoca os sentimentos de liberdade e 
espontaneidade da ação, que abrange atividades despretensiosas, descontraídas e 
desobrigadas de toda e qualquer espécie de intencionalidade ou vontade alheia. (SÁ, 
2004, p. 1) 
Podemos depreender das contribuições de Almeida (2010) e Sá (2004) que lúdico” é 
algo muito mais amplo. Lúdico é o conjunto de manifestações sociais, culturais e 
antropológicas do ser humano. Por se constituir em uma linguagem com processos 
de simbolização, o lúdico se refere à dança, à música, às artes visuais, ao jogo e 
também ao brincar. 
Então, que relações podem ser estabelecidas entre ludicidade e infância? Veja a 
seguir: 
1. Infância e ludicidade estão intimamente relacionadas, pois a presença do 
brincar e do jogar está na base da formação psicológica, social e cultural da 
criança. 
2. A criança cria uma “cultura infantil” ao experienciar um conjunto de 
manifestações lúdicas mediadas pelosadultos. 
Como exemplo, podemos indicar as canções infantis, os jogos tradicionais, a dança e 
a linguagem oral. 
Muitos autores, tais como Gilles Brougère (1998), James, Jenks e Prout (1999), 
afirmam que a criança é um agente social que absorve elementos da cultura à qual 
pertence, mas ao mesmo tempo age sobre ela criando o que denominam de “cultura 
infantil”. Um dos elementos que fazem parte dessa cultura é o que Brougére (1998) 
denomina como “cultura lúdica”. 
A cultura lúdica é o resultado de todas as experiências vividas pela criança ao longo 
de sua infância por meio de suas interações com seus pares (adultos e outras 
crianças). Isso indica que todos os repertórios exercitados continuamente pelas 
crianças ao brincar, cantar, dançar, falar e jogar constituem a base da cultura lúdica. 
Segundo Brougére (1998, p. 106), 
 “[...] dispor de uma cultura lúdica é dispor de um certo número de marcas de 
referência que permitam interpretar como jogo atividades que poderiam não 
parecer como tal a outras pessoas”. 
Ao entender o brincar e o jogar como elementos integrantes da cultura lúdica, 
devemos conceber que ambas as manifestações lúdicas não são “naturais” na 
criança. Em outras palavras, a criança não nasce sabendo brincar ou jogar. 
 
 
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5 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Aprende-se a brincar e a jogar por meio das interações com o meio, com os adultos e 
com outras crianças. Assim, “não existe na criança uma brincadeira natural. A 
brincadeira é um processo de relações interindividuais, portanto, de cultura” 
(BROUGÈRE, 1998, p. 93). 
Brincar e Jogar na Escola: isso pode? 
A escola deve garantir os direitos da criança recorrendo a ações concretas, de 
mudança de postura e de transformação (FRANCO; BATISTA, 2007). É na escola que 
começa a “aprendizagem da democracia e do saber” e que, portanto, é indispensável 
“repensar a forma como a organização das escolas e a formação e intervenção dos 
professores se devem entrosar com este movimento contemporâneo de 
reconhecimento dos direitos da criança” (DEROUET apud SARMENTO; 
ABRUNHOSA; SOARES, 2007, p. 63). 
Se entendemos que a criança é sujeito de direitos e, portanto, cidadã, então significa 
que reconhecemos “que tem direito à brincadeira, a não tomar conta de outras 
crianças, a não trabalhar, a não exercer funções que, em outras classes sociais, são 
exercidas por adultos” (KRAMER, 1996, p. 122-123). 
A defesa de uma escola promotora dos direitos da criança e de uma dimensão de 
cidadania para a infância terá que necessariamente repensar os contextos em que 
hoje em dia se desenvolvem os quotidianos infantis, sendo indispensável neste 
processo um investimento consistente na promoção de cultura de respeito para com 
as crianças. (DUBET apud SARMENTO; ABRUNHOSA; SOARES, 2007, p. 64, grifos dos 
autores) 
O artigo 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, BRASIL, 1990) determina 
quais são os direitos de liberdade da criança. O brincar é um desses direitos de 
liberdade. 
O direito de brincar na Constituição Federal de 1988 se depreende da conjugação dos 
direitos ao lazer, à convivência familiar e à convivência comunitária, e ao direito ao 
não trabalho, que é muito mais do que um “direito ao ócio”. Por ser extensão do 
direito à infância, deve ser considerado como tutela autêntica, completa e 
compartilhada entre a família, a sociedade civil e o Estado, pois assim afirma a 
Constituição Federal de 1988. (FRANCO, 2008, 78) 
Ao estabelecer no artigo 15 do ECA que as crianças são titulares de liberdade, 
respeito e dignidade como pessoas em processo de desenvolvimento, quis o 
legislador que a eles fossem garantidos direitos básicos de caráter moral como 
prioridade absoluta constitucional. 
O ECA estabelece neste artigo os direitos de personalidade, oponíveis a todos, erga 
omnes. Isso significa que quem se omite em situação concreta poderá ser 
responsabilizado. 
 
 
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6 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
O direito de brincar está estabelecido no ECA em seu Livro I da Parte Geral, sob a 
égide do Título II que trata dos direitos fundamentais, mais especificamente artigo 
16 do Capítulo II que elenca os direitos de liberdade, ao respeito e à dignidade da 
criança: 
Artigo 16 – O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: 
IV – Brincar, praticar esportes e divertir-se. 
O brincar como expressão do direito de liberdade da criança é um dos fundamentos 
do princípio da dignidade de sua pessoa. O reconhecimento do direito de brincar 
exposto no art.16, IV do ECA demonstra que a luta pelo reconhecimento da 
dignidade da infância venceu uma prova importante na aceitação dos ideais e da 
forma de vida infantil. 
O brincar consiste no direito de liberdade de ação da criança no sentido de que ela 
tem a possibilidade de escolha e de ação de acordo com suas motivações próprias. 
(FRANCO, 2008, p. 145-146) 
Segundo Machado (2003, p. 195), “o direito de brincar das crianças assume o 
contorno de essencialidade que o leva à condição de direito fundamental especial 
delas, na ótica de uma acepção radicalmente aberta aos direitos humanos”. 
Formação lúdica do Professor 
Nesta parte do estudo, será tematizado o olhar do educador sobre a ludicidade e 
como é importante a sua formação lúdica para assegurar e promover o brincar e o 
jogar em sala de aula. 
Articular a formação teórica e a prática educativa é fundamental. Essa articulação 
leva o educador a escolher e utilizar metodologias significativas direcionadas a 
atender às necessidades dos educandos. Por isso: 
A prática pedagógica por meio da ludicidade não pode ser considerada uma ação 
pronta e acabada que ocorre a partir da escolha de um desenvolvimento de jogo 
retirado de um livro. A ludicidade na educação requer uma atitude pedagógica por 
parte do professor, o que gera a necessidade do envolvimento com a literatura da 
área, da definição de objetivos, organização de espaços, da seleção e da escolha de 
brinquedos adequados e o olhar constante nos interesses e das necessidades do 
educando. (RAU, 2011, p. 30) 
A ludicidade tem sido vista, na formação do professor, como um recurso pedagógico 
que pressupõe que podemos ensinar melhor se dispusermos de recursos lúdicos. 
Além disso, temos extensa literatura pedagógica que indica que a criança aprende 
melhor quando está brincando. 
Para a formação de qualidade do educador, é preciso contemplar três aspectos: 
 
 
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7 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
 
O que esperar do educador? 
Deve-se esperar que ele desenvolva um olhar que considere a ludicidade como uma 
linguagem infantil. Isso significa que ele deve ser um promotor dos atos de brincar 
e jogar no processo de ensino e aprendizagem. 
As competências a serem desenvolvidas são: conhecer os fundamentos sociais, 
culturais e antropológicos da ludicidade, para ser capaz de perceber, identificar e 
valorizar a ludicidade no contexto da educação formal. 
Vejamos as contribuições de Santos a respeito da formação lúdica do educador. 
A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o 
cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando 
aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais, que se utilizam da 
ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora. 
(SANTOS, 1997, p. 14) 
Para Almeida (2010), o educador deve ser um promotor/facilitador dos jogos, das 
brincadeiras, da utilização dos brinquedos e principalmente da organização dos 
espaços lúdicos. 
Rego (1994) indica com maior clareza os papéis que o educador deve desempenhar. 
Veja a seguir quais são eles: 
1. Ser um promotor/facilitador das brincadeiras, planejando momentos 
pedagógicos nos quais orienta e dirige o jogar,bem como momentos nos 
quais a criança tem a liberdade de promover suas brincadeiras. 
2. Saber observar, registrar e analisar as informações e dados que as 
brincadeiras/jogos oferecem, bem como relacioná-los com o processo 
de desenvolvimento e aprendizagem da criança. 
3. Enriquecer os jogos e as brincadeiras desenvolvendo a postura lúdica. 
4. Planejar e organizar espaços lúdicos adequados aos interesses da 
criança. 
5. Ser um sujeito brincante e com repertório lúdico capaz de mobilizar 
brincadeiras e jogos junto às crianças. 
 
 
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8 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
De acordo com Rizzo (1996, p. 27-28), em seu livro Jogos Inteligentes, o educador 
lúdico precisa ter as seguintes posturas: 
• Deve ser um líder democrático, que propicia, coordena e mantém um 
clima de liberdade para a ação do aluno, limitado apenas pelos direitos 
naturais dos outros. 
• Deve atuar em sintonia com a criança para estabelecer a necessária 
cooperação mútua. 
• Precisa ter antes construído a sua autonomia intelectual e segurança 
afetiva. 
• Precisa aliar a teoria à prática e valorizar o conhecimento produzido a 
partir desta. 
• Deve jogar com as crianças e participar ativamente de suas brincadeiras, 
talvez seja o caminho mais seguro para obter informações e 
conhecimentos sobre o mundo infantil. 
Resumidamente, a postura lúdica do educador diante do brincar e do jogar da 
criança é de reflexão e comprometimento de quem busca valorizar um direito muito 
maior: o direito de ser criança. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, você teve a oportunidade de estudar a relação entre três grandes 
conceitos: infância, ludicidade e espaço escolar. 
Você se lembra da questão inicial desta aula: Será que ludicidade tem a ver somente 
com o brincar e o jogar? 
Ao final desse estudo, você, com certeza, já deve ser capaz de respondê-la. As 
construções sobre infância, ludicidade e espaço escolar são fundamentais, pois ao 
proporcionar o brincar ou o jogar no ambiente escolar, você estará promovendo para 
os alunos o direito de ser criança e de vivenciar importantes experiências, que farão 
da criança um adulto mais feliz e preparado para enfrentar os desafios do cotidiano. 
Tanto o brincar quanto o ato de jogar são fundamentais para o desenvolvimento e 
aprendizagem infantil. Partindo desse pressuposto, entendemos que a prática 
educativa deve garantir espaços efetivos para que o lúdico seja vivenciado em sua 
plenitude. 
Se o contexto social atual diz “não” ao brincar, ao tempo livre e ao ócio criativo, é 
dever do educador garantir o brincar, o jogar, o tempo livre e o ócio criativo, talvez 
como um dos últimos recursos de espontaneidade que a humanidade possui. 
 
 
 
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9 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
 
Categoria social: refere-se a um determinado grupo de pessoas que faz parte de uma 
estrutura social. No contexto desse estudo, as crianças pertencem a uma categoria 
social sendo atores e produtores de uma cultura infantil. 
Cultura lúdica: conjunto de representações criadas no contexto de um grupo social. 
Consiste no resultado de todas as experiências sociais e culturais vividas pela criança 
ao longo de sua infância diante das suas interações com seus pares. 
Estatuto da Criança e do Adolescente: O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 
foi instituído pela Lei nº 8.069, no dia 13 de julho de 1990, e regulamenta os direitos 
das crianças e dos adolescentes previstos na Constituição Federal de 1988. 
Lúdico: conjunto de manifestações humanas que vão além dos atos de brincar e 
jogar. Trata-se de um universo mais amplo, incluindo sentidos culturais, sociais e 
antropológicos de um determinado grupo social. 
Postura lúdica: conjunto de ações do educador frente ao universo da ludicidade, que 
entra em ação ao promover ou facilitar os atos de brincar ou jogar. Ela é construída 
a partir da formação pedagógica, teórica e lúdica no contexto da formação inicial do 
educador, bem como da formação continuada no exercício da profissão docente. 
 
Tema 2 
O Ato de Brincar como Fator de Desenvolvimento e Aprendizagem 
 
Na aula anterior, você estudou o aspecto lúdico no universo infantil e sua relação 
com a educação escolar. Aprendeu ainda que o conceito de ludicidade é mais amplo 
do que apenas o ato de brincar ou de jogar, e que garantir a ludicidade no contexto 
escolar implica afirmar o direito à infância. 
Agora você irá estudar um dos elementos fundamentais do universo lúdico: o ato de 
brincar. Como você verá, o brincar é uma das linguagens da criança e, no contexto 
escolar, se constitui como um fator de desenvolvimento e de aprendizagem. 
Assim, a pergunta central que você terá condições de responder com segurança ao 
final desta aula é: como o ato de brincar interfere nos processos de desenvolvimento 
e aprendizagem da criança? 
 
 
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10 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Nesta aula, você também aprenderá importantes conceitos, como o que é 
desenvolvimento infantil, o que é aprendizagem e como ambos os processos 
interferem no ato de brincar. 
O ato de brincar como fator de desenvolvimento e aprendizagem 
Uma das questões amplamente discutidas na atualidade é a importância do brincar, 
especialmente no ambiente escolar. Muitos entendem que nesse espaço não se pode 
conceder tempo para tal atividade, pois brincar é perder tempo. 
Ao contrário, você aprenderá os fundamentos psicológicos e pedagógicos que lhe 
mostrarão que o brincar não é perda de tempo e não significa apenas divertir-se, mas 
constitui uma das formas mais complexas pelas quais a criança aprende a 
comunicar-se consigo mesma e com o mundo que a circunda. 
O brincar potencializa os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. 
Ao falarmos em processo de desenvolvimento e aprendizagem logo você se lembra 
do que aprendeu de Psicologia Educacional, não é mesmo? 
Sendo assim, a primeira tarefa à qual você deve se dedicar é retomar e responder as 
duas questões indicadas na abertura desta aula: 
a) O que é desenvolvimento infantil? 
b) O que é aprendizagem? 
Parecem ser perguntas simples, que apresentam respostas rápidas e um tanto 
óbvias. Contudo, você deve ter muito cuidado ao respondê-las, já que nesse processo 
de conceituação é comum cair em noções simplistas e descontextualizadas da 
abordagem teórica que as sustenta. 
O primeiro pressuposto que você deve ter a respeito do desenvolvimento e 
aprendizagem é que ambos são processos distintos, mas que devem ocorrer 
simultaneamente. 
Isso significa: o processo de desenvolvimento impulsiona o processo de 
aprendizagem e vice-versa. Inclusive, o correto é dizer: processos de 
desenvolvimento e aprendizagem. 
Para nos ajudar nessa reflexão existe um livro bem interessante, denominado 
Construção da Inteligência pela Criança, da autora Maria da Glória Seber (2002). Nele 
há uma parte muito interessante que pode servir às nossas reflexões. 
A autora pauta-se na abordagem da Epistemologia Genética de Jean Piaget. Leia a 
citação atentamente e anote os pontos que considerar mais interessantes. 
O desenvolvimento psicológico é um processo histórico caracterizado por 
construções e reconstruções. As constantes ultrapassagens dos limites das 
 
 
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11 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
aquisições, por causa das sucessivas conquistas, dão a esse desenvolvimento um 
caráter sequencial e integrativo. Sequencial porque pode-se distinguir nos vários 
momentos evolutivos certas características específicas, que se manifestam tanto 
nos arranjos espontaneamente feitos pelas crianças com os objetos diversos, como 
nas justificativas que elas fornecem. Cada conjunto dessas características expressa 
uma etapa de desenvolvimentoque é extensão das precedentes. 
É exatamente essa sequência invariável que Piaget divide em quatro grandes 
períodos – sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e hipótese dedutivo. 
Apesar de essa sequência ser invariável, os períodos não são fixos em termos de 
idade cronológica, pois, dependendo da estimulação do meio e de fatores internos 
ligados ao ritmo individual, ocorrem defasagens de até muitos anos. 
O caráter integrativo é devido ao fato de cada período reconstruir, no seu próprio 
plano, as construções do período anterior, integrando-as como conteúdo necessário 
à elaboração de novas formas de conhecimento, ao mesmo tempo em que abre 
possibilidades para o aparecimento do próximo. 
Sintetizando o que foi dito sobre o caráter sequencial e integrativo do 
desenvolvimento, depreende-se que no processo do conhecimento, nada aparece 
sem uma ligação com as conquistas que precederam a que está sendo alcançada aqui 
e agora, e que toda aquisição nova prepara o caminho para os progressos 
subsequentes. (SEBER, 2010, p. 15-16, grifos da autora) 
Desta citação podem-se depreender, de forma esquemática, as seguintes 
informações: 
a) O processo de desenvolvimento é uma das fontes de construção de 
conhecimento. Ele é caracterizado por construções e reconstruções de 
conhecimentos que se manifestam por meio de etapas com características 
específicas. 
b) O tempo é marcado pelos estímulos do meio e dos fatores ligados ao ritmo 
individual. Isso quer dizer que as crianças, com necessidades especiais ou não, 
percorrem as mesmas etapas de desenvolvimento; contudo, cada criança tem 
o seu ritmo de aprendizagem e de desenvolvimento, de acordo com suas 
potencialidades. É importante lembrar que o professor terá como parâmetro 
o padrão de desenvolvimento normal da criança, mas cabe também ressaltar 
que se trata de um parâmetro, e não de um elemento de comparação para 
rotular a criança. Assim, é preciso considerar os limites da criança, ou seja, 
esperar dela aquilo que pode realmente oferecer. 
c) Cada etapa de desenvolvimento relaciona-se com a etapa anterior, já que a 
etapa do período pré-operatório nada mais é do que a extensão da etapa 
sensório-motor, e assim por diante. 
 
 
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12 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
d) Cada etapa é marcada por características específicas que se manifestam nas 
ações da criança em interação com o meio. Essas características não são 
determinadas pelo critério de idade. Ao contrário, dependem da estimulação 
do meio e dos fatores ligados ao ritmo individual. 
e) Podem ocorrer defasagens em uma etapa de desenvolvimento, devido à baixa 
ou inadequada estimulação do meio. 
f) Nenhum dos aspectos do desenvolvimento e da aprendizagem da criança 
ocorre sem um elo com construções anteriores já alcançadas pela criança. 
Além da necessidade de sabermos diferenciar conceitualmente os significados de 
desenvolvimento e aprendizagem, é preciso também ter claro que esses significados 
situam-se no contexto de abordagens teóricas diferentes. Isso significa dizer que, de 
acordo com cada autor que tomamos como referência, teremos uma forma de 
conceituar tanto um quanto o outro processo. 
Leia agora as próprias palavras de Piaget (1964) sobre o que se entende por 
desenvolvimento e aprendizagem na abordagem teórica da Epistemologia Genética. 
Primeiro, eu gostaria de esclarecer a diferença entre dois problemas: o problema do 
desenvolvimento e o da aprendizagem. [...] desenvolvimento é um processo que diz 
respeito à totalidade das estruturas de conhecimento. 
Aprendizagem apresenta o caso oposto. Em geral, a aprendizagem é provocada por 
situações – provocada por psicólogos experimentais; ou por professores em relação 
a um tópico específico; ou por uma situação externa. 
Em geral, é provocada e não espontânea. Além disso, é um processo limitado – 
limitado a um problema único ou a uma estrutura única. Assim, eu penso que 
desenvolvimento explica aprendizagem, e essa opinião é contrária à opinião 
amplamente difundida de que o desenvolvimento é uma soma de experiências 
discretas de aprendizagem. (PIAGET, 1964, p. 176) 
O que você extraiu dessa citação? Certamente que o processo de desenvolvimento é, 
para Piaget (1964), um processo relacionado à construção de conhecimento e das 
estruturas cognitivas que o compõem. Já o processo de aprendizagem é construído a 
partir da realidade externa, ou seja, das situações. Interessante notar que o processo 
de desenvolvimento é um processo interno e o da aprendizagem é um processo 
externo. 
Outro ponto importante da fala de Piaget (1964) é a seguinte afirmação: “eu penso 
que desenvolvimento explica aprendizagem”. 
O que isso significa? Significa que o processo de desenvolvimento orienta as 
possibilidades de como o sujeito aprende. 
 
 
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13 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
A criança aprende o que a realidade exterior coloca para ela se as estruturas 
cognitivas (processo de desenvolvimento) estiverem previamente desenvolvidas. 
Então, é o processo de desenvolvimento que dá o suporte necessário para a 
aprendizagem da criança. 
O processo de desenvolvimento potencializa a aprendizagem. 
Como se dá a relação desses conceitos piagetianos com o ato de brincar? Sem querer 
adiantar um tópico específico da discussão, esses conceitos implicam o 
entendimento de que, segundo essa abordagem, o ato de brincar da criança está 
intimamente ligado às suas construções cognitivas, isto é, ao seu processo de 
desenvolvimento. 
De acordo com Vygotsky, temos outra visão sobre o desenvolvimento e a 
aprendizagem. Segundo este pesquisador, “o único bom ensino é o que se adianta ao 
desenvolvimento” (VYGOTSKY, 2010, p. 115). Analisemos diretamente as suas 
palavras: 
A aprendizagem não é, em si mesma, desenvolvimento, mas uma correta 
organização da aprendizagem da criança conduz ao desenvolvimento mental, ativa 
todo um grupo de processos de desenvolvimento, e esta ativação não poderia 
produzir-se em aprendizagem. Por isso, a aprendizagem é um momento 
intrinsecamente necessário e universal para que se desenvolvam na criança essas 
características humanas não naturais, mas formadas historicamente. (VYGOTSKY, 
2010, p. 115) 
Oliveira (1005) complementa a ideia de Vygotsky sobre a aprendizagem, afirmando: 
É um processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, 
valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras 
pessoas. 
É um processo que se diferencia dos fatores inatos (a capacidade de digestão, por 
exemplo, que já nasce com o indivíduo) e dos processos de maturação do organismo, 
independentes da informação do ambiente. 
Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a ideia de 
aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. O 
termo que ele utiliza em russo (obuchenie) significa algo como “processo de ensino 
aprendizagem”, incluindo sempre aquele que aprende, aquele que ensina e a relação 
entre essas pessoas. (OLIVEIRA, 1995, p. 57) 
Ao comparar a visão dos dois pensadores, você verá que para Piaget (1964) é o 
desenvolvimento que impulsiona a aprendizagem. 
Já para Vygotsky (2010), é o processo de aprendizagem que impulsiona o 
desenvolvimento. 
 
 
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14 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
O ato de brincar, na visão de Vygotsky (2010), relaciona-se com o contexto social e 
histórico, bem como o pressuposto de que as mediações sociais (aprendizagem) da 
criança com o meio é que influenciarão diretamente no seu processo de 
desenvolvimento. 
Pare um pouco agora e reflita: até aqui ficaram claros os conceitos de aprendizagem 
e de desenvolvimento segundo os autores que apresentamos? Você conseguiu 
perceber o cuidado que devemoster ao conceituar esses dois termos tendo como 
referência uma abordagem teórica? 
Volte às citações diretas feitas anteriormente, de Piaget (1964) e de Vygotsky (2010), 
e sublinhe a ideia que mais lhe chamou atenção. Ter acesso a conceitos diretamente 
das fontes originais dos pensadores ajudará você a ter mais segurança em seus 
estudos. 
O ato de brincar com os processos de desenvolvimento e aprendizagem 
O que é o brincar na sua concepção? Você acredita que brincando a criança 
potencializa a sua aprendizagem e desenvolvimento? O que caracteriza o brincar? 
Para ampliar o universo conceitual você estudará a visão de alguns estudiosos sobre 
o tema. Ao ler e refletir acerca das contribuições deles, gostaria que você tomasse a 
posição de uma pessoa que está dialogando com esses autores, certo? 
Para isso, veja a seguir o conjunto de citações em sequência, para depois refletir a 
partir delas. 
Citação 1: 
O brincar é uma linguagem infantil e: Nenhuma criança brinca só para passar o 
tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, 
ansiedades. O que está acontecendo com a mente da criança determina suas 
atividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo 
se não a entendemos. (GARDNEI apud FERREIRA; MISSE; BONADIO, 2004) 
Citação 2: 
Para Oliveira (1995), o brincar e o brinquedo fundem-se e ambos criam: [...] uma 
Zona de Desenvolvimento Proximal na criança, lembrando do que ela afirma que a 
aquisição do conhecimento se dá através das zonas de desenvolvimento: a real e a 
proximal, a zona de desenvolvimento real é a do conhecimento já adquirido, é o que 
a pessoa traz consigo, já a proximal só é atingida, de início, com o auxílio de outras 
pessoas que já tenham adquirido esse conhecimento. (OLIVEIRA, 1995, p. 67) 
Citação 3: 
Para Vygotsky (1984, p. 56), brincar proporciona a aprendizagem: [...] a criança ao 
brincar de faz-de-conta, cria uma situação imaginária podendo assumir diferentes 
 
 
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15 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
papéis, como o papel de um adulto. A criança passa a se comportar como se 
realmente fosse mais velha, seguindo as regras que esta situação propõe. 
Ao ler as citações anteriores, o que mais despertou a sua atenção? Alguma palavra 
ou frase? 
Na citação 1, o brincar é uma linguagem infantil. De um modo bem amplo, podemos 
entender a linguagem como processos de simbolização. Simbolizar significa criar 
representações de algo que observamos e percebemos da realidade. Ao dizer que o 
brincar é uma linguagem da criança, estamos dizendo que por meio desse ato a 
criança expressa, comunica, representa as suas percepções da realidade. Portanto, o 
brincar expressa todo o conteúdo simbólico que a criança guarda dentro de si. A 
criança brinca com o “material”, o conteúdo que apropriou da realidade. Por isso, o 
educador deve ter um olhar especial para as brincadeiras infantis. 
Na citação 2, a autora relaciona o brincar com a abordagem de Vygotsky. Como você 
já aprendeu, segundo esse autor, o processo de aprendizagem e desenvolvimento 
ocorre por meio da zona de desenvolvimento proximal. 
Na citação 3, complementar à citação 2, o brincar enriquece a aprendizagem e 
impulsiona o desenvolvimento infantil. 
Resumindo, “a capacidade de brincar e a capacidade de simbolização são 
interdependentes” (FORTUNA, 2012, p. 21). 
O ato de brincar cria uma ponte entre a realidade interna e a externa, mantendo a 
integridade da criança (WINNICOTT, 1982). 
FINALIZANDO 
Para finalizar o estudo, vamos retomar a nossa pauta e sistematizar, de forma 
resumida, o que alcançamos. 
Acerca do que entendemos por desenvolvimento infantil: é um processo interno que 
segue leis biológicas e que interfere diretamente no processo de construção do 
conhecimento. Esse conceito deve ser extraído de cada abordagem teórica. 
A respeito do que estudamos sobre a aprendizagem: é um processo externo que 
ocorre por meio de mediações sociais e que influencia diretamente o processo de 
desenvolvimento. Trata-se da apropriação pelo sujeito da realidade que o cerca. 
Para finalizar, sintetizamos que os dois processos interferem no ato de brincar, na 
medida em que são responsáveis pela formação do seu “conteúdo”. Ou seja, a criança 
brinca de acordo com o repertório que tem internamente e que foi construído a 
partir do seu desenvolvimento e de suas aprendizagens. 
 
 
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16 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Agora você tem maiores argumentos para responder a nossa pergunta inicial: 
Sabemos que o brincar é uma das linguagens da criança, mas como esse ato interfere 
nos processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança? 
 
Processo: significa, no contexto de nosso estudo, um sistema com regras próprias. 
Epistemologia genética: teoria criada por Jean Piaget que entende que o 
conhecimento é construído a partir de estruturas cognitivas do sujeito. 
Estruturas cognitivas: é o conjunto de elementos que são usados nos processos 
mentais superiores de cognição. 
Simbolizar: é a capacidade de representar e exprimir-se por meio de símbolos. 
Representações: é a ação de apresentar algo por meio de símbolos. Podemos 
entender também que “representar” é algo que está substituindo outra coisa, que 
pode ser uma ideia ou um objeto. 
 
Tema 3 
A Brincadeira como Instrumento de Desenvolvimento da 
Criatividade 
Na aula anterior você aprendeu sobre a importância do brincar para o 
desenvolvimento da criança e para sua aprendizagem. 
Além disso, você compreendeu que ambos são considerados processos distintos, a 
depender da perspectiva teórica adotada. Como futuro professor, você já deve estar 
convencido do quanto é fundamental assumir a ludicidade como estratégia no 
processo de ensino-aprendizagem da criança. 
Nesta aula, você aprenderá sobre o conceito de criatividade e como ela pode ser 
identificada no comportamento da criança. 
Verá também como utilizar o jogo, a brincadeira e o brinquedo como eficientes 
recursos de estímulo à criatividade da criança, desde a educação infantil até o ensino 
fundamental. 
Conhecerá ainda algumas pesquisas atuais a respeito de um tema que interessa a 
todos, pois quem não quer ser criativo? Independentemente da área em que se atua 
 
 
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17 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
– na área educacional, na empresarial, na artística e em quaisquer outras –, a 
criatividade é um diferencial desejável e deve ser estimulada desde a infância. 
Por isso, anime-se para esta aula! 
1. O conceito de criatividade 
Pense por um momento: o que significa ser criativo? Significa saber fazer obras 
artísticas, como pintar um quadro, fazer uma escultura, fazer um trabalho manual? 
Saber decorar a casa, combinar cores e estilos de roupas? É criativo quem consegue 
propor novas soluções para velhos problemas? Ou seja, quando a pessoa apresenta 
um jeito novo de fazer alguma coisa, com um olhar inovador e prático, ela está sendo 
criativa? A criatividade é um dom ou se aprende a ser criativo? 
O estudo da criatividade é relativamente recente (cf. PEARSON, 2011) e teve início 
no campo da psicologia cognitiva. 
Em 1926, o inglês Graham Wallas elaborou o que pode ser considerado como o 
primeiro modelo do pensamento criativo. 
Segundo esse modelo, a criação de uma nova ideia seria um processo formado por 
quatro etapas: 
1. Preparação: diz respeito ao momento em que a pessoa coleta as informações 
necessárias para conhecer o problema em questão. 
2. Incubação: diz respeito ao período de “descanso mental”, em que a pessoa 
deixa o problema de lado temporariamente. 
3. Iluminação: diz respeito ao momento em que a pessoa tem uma espécie de 
“insight” ou inspiração, chegando, finalmente, à solução criativa. 
4. Verificação: diz respeito ao momentode ajuste e implementação da solução de 
um problema. 
Neste modelo, a ideia criativa depende de um processo inconsciente, incontrolável, 
isto é, de um “clique”. A criatividade passa a ser vista e estudada como uma mistura 
de esforço e imaginação. Em momento posterior, pesquisadores perceberam que 
eram necessários certos passos antes da “iluminação” ou do “clique”, e começaram a 
se dedicar à preparação de roteiros objetivos predefinidos, os quais as pessoas 
deveriam seguir para conseguirem ser mais criativas. 
Esse modo de ver a emergência da criatividade era muito centrado na pessoa, no 
indivíduo, como se dependesse apenas do talento pessoal, ignorando a influência de 
um ambiente estimulante e/ou da interação com outras pessoas (amigos, familiares, 
colegas de trabalho e de escola etc.). 
 
 
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18 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Um dos pioneiros em perceber e estudar essa inter-relação foi o psicólogo Mel 
Rhodes, para o qual a: 
[...] criatividade é um fenômeno em que uma pessoa comunica um novo conceito – o 
produto. 
A pessoa chega até esse produto por meio de um processo mental. 
Como nenhum ser humano vive ou opera num vácuo, precisamos considerar 
também o ambiente. (apud PEARSON, 2011, p. 7) 
Em 1961, então, surge o modelo das quatro dimensões da criatividade: pessoa, 
produto, processo e ambiente. Veja na Figura 3.1 a seguir. 
 
Figura 3.1 As quatro dimensões da criatividade segundo Mel Rhodes (adaptado) 
Fonte: Pearson (2011, p. 7). 
 
De acordo com essa visão, a criatividade não acontece espontaneamente; ela emerge 
durante as interações da pessoa com o ambiente e surge a partir dos efeitos que essas 
interações têm sobre a própria pessoa e os grupos sociais dos quais ela faz parte. A 
criatividade é, portanto, um fenômeno de natureza individual e social. 
A criatividade pode, então, ser conceituada como: 
“[...] um conjunto de capacidades que permitem a uma pessoa comportar-se de 
modos novos e adaptativos em determinados contextos” (MOUCHIRD; LUBART, 
2002 apud BRITO; VANZIM; ULBRICHT, 2011, p. 205). 
 
 
 
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19 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
“[...] a capacidade de criar uma solução que é ao mesmo tempo inovadora e 
apropriada” (STERNBERG; LUBART, 1999 apud BRITO; VANZIM; ULBRICHT, 2011, 
p. 205). 
2. Infância, imaginação e criatividade 
Dentro de uma perspectiva histórico-cultural sobre o desenvolvimento humano, 
sobretudo com base nas reflexões de Vygotsky, considera-se que, apesar de a ação 
criadora se manifestar ao longo de todo o desenvolvimento do indivíduo, é na 
infância que ela assume contornos específicos. Daí a importância de o professor 
estar atento e motivar seus alunos nesse sentido, pois as crianças configuram suas 
expressões criativas por meio de brincadeiras, narrativas, desenhos etc., os quais 
evidenciam, muitas vezes, não somente o modo como pensam o real, mas também 
como o sentem e interpretam. 
Você, como futuro professor, irá perceber que quando uma criança ou um grupo de 
crianças decide brincar, ocorre o despertamento de sua imaginação. Rau (2011) 
descreve como isso acontece. 
Veja: 
Inicialmente, elas não sabem exatamente do que brincar, então trocam ideias e 
elaboram o tema de suas brincadeiras. A partir desse momento, definem espaços e 
objetos que servirão de suporte para elas. No começo não há intencionalidade em 
relação às ações que serão desenvolvidas. Assim, quando dialogam e interagem, as 
crianças problematizam e representam os cenários de seu cotidiano. Nesse sentido, 
o brincar se distingue de qualquer outra forma de atividade, pois nele a criança cria 
uma situação imaginária. (RAU, 2011, p. 171) 
Você deve ter percebido, por essa descrição, que a maneira como se manifesta a 
criatividade da criança está ligada à imaginação, a qual, segundo Silva (2012, p. 20), 
é “a capacidade do homem de criar, mesmo que se baseando na experiência passada, 
elementos novos”. 
Você com certeza já observou crianças brincando de casinha, de super-herói, de 
médico, e deve ter reparado que elas sempre agregam algo novo ou inusitado à 
brincadeira de faz de conta. Usam diferentes objetos a elas acessíveis, como telefone, 
estetoscópio, panela ou copo etc. A brincadeira estimula a criatividade ao permitir a 
construção de novas possibilidades de ação e formas inéditas de arranjar os 
elementos do ambiente. 
A experiência cultural da criança, isto é, as experiências que ela tem em diferentes 
contextos e situações influenciam a composição de sua imaginação. Assim, a 
imaginação não deve ser considerada um devaneio ou uma simples ilusão infantil, 
pois ela é a base para o pensamento, a criatividade e o conhecimento de mundo. 
 
 
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20 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Para Vygotsky (apud SILVA, 2012), a necessidade do indivíduo de adaptar-se ao meio 
que o rodeia é o principal fator psicológico do desenvolvimento da imaginação. 
Segundo o estudioso russo, se o ambiente não oferece nenhum obstáculo ao seu 
desenvolvimento natural, não existe base para o surgimento de uma ação criadora. 
Dessa forma, pode-se afirmar que a inadaptação é a condição principal para o 
desenvolvimento humano, pois faz emergir a necessidade de transformação do 
ambiente. 
Assim, vê-se que o ambiente tem papel fundamental tanto para a emergência quanto 
para a repressão da criatividade. 
Os fatores de bloqueio à criatividade podem ser agrupados em categorias, como 
barreiras perceptivas, culturais, ambientais, emocionais, intelectuais e expressivas 
ou então de ordem social, ligadas a valores, normas e pressupostos existentes na 
sociedade. (ALENCAR; MARTINEZ, 1998 apud BRITO; VANZIM; ULBRICHT, 2011, p. 
206) 
Como você já estudou nas aulas anteriores, o lúdico é fundamental para a 
emergência do pensamento abstrato, da capacidade de representação e 
simbolização, e, portanto, da elaboração e ampliação das competências tanto 
imaginativas quanto linguísticas das crianças. Nesse processo de aprendizagem e 
desenvolvimento, a figura do mediador – o professor – é essencial. 
Infelizmente, a formação tradicional de professores tem privilegiado os processos 
de ensinar e aprender pelo enfoque disciplinar e controlador. Planejamentos e 
avaliações estão pautados neste objetivo instrucional e a concepção de aula está 
fundada nesses princípios. Imagine a seguinte situação em uma sala de educação 
infantil: 
Logo depois de contar a história do Coelho da Páscoa, a professora distribui folhas de 
sulfite e giz de cera para seus alunos, com o desenho de um coelho comendo uma 
cenoura e de alguns ovinhos de chocolate ao redor do animal. 
Ela, então, os orienta a pintar o coelho de amarelo, a cenoura de laranja e os ovinhos 
de marrom. Uma das crianças pergunta se não poderia pintar o seu coelho de preto, 
pois na chácara do avô havia um desta cor. A mestra responde que não, pois o coelho 
da páscoa era amarelinho e todos deveriam pintá-lo do mesmo jeito. Outra criança 
pergunta se não poderia colorir os ovos com outras cores, ao que a professora 
também se opõe, dizendo que deveria ser marrom, pois é a cor do chocolate. 
O que você acha dessa situação? A professora está dando chance à criatividade de 
seus alunos ou a está cerceando? 
Neste caso, ela está dando valor ao produto e não ao processo, negligenciando os 
aspectos da atividade imaginativa da criança. A mestra poderia aproveitar a 
oportunidade e permitir que as crianças falassem de suas experiências, relatassem 
 
 
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21 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
se já tinham visto algum coelho de perto, de que cor eles eram, se comiam apenas 
cenoura ou algum outro alimento, entre outros questionamentos, para que a partir 
da realidade as criançasimaginassem novas situações e pudessem expressar suas 
emoções e impressões. 
Em vez disso, a professora predetermina a estética do desenho, destacando apenas 
uma forma de categorizar a realidade, como se fosse a única possível. A professora 
do nosso exemplo parece ignorar que os ovos de chocolate não são vendidos com a 
cor exposta, mas vêm em embalagens coloridas e chamativas. Ao direcionar as 
escolhas das crianças, denota uma postura autoritária e centralizadora, e ocorre 
uma espécie de intimidação do desenvolvimento criativo da criança de qualquer 
faixa etária. 
Você, como futuro profissional da educação infantil, deve cuidar para que o espaço 
da aula não se configure de modo que impeça e limite os processos criativos, mas que 
funcione como cenário de expansão e de apropriação de novos modos de 
compreender, representar e expressar o real. 
Segundo Oliveira (2011), 
a criatividade deve permear também o ensino e, por isso, deve-se repensar o modelo 
de escolarização atual, que prioriza certos rituais, lições de casa, suspensões, e a 
metodologia de trabalho centrada no professor, que propõe tarefas iguais para 
todos, para serem realizadas ao mesmo tempo, de uma mesma maneira. 
A autora salienta: 
Em vez de um método único de ensino, baseado em um processo cognitivo que se 
julga perfeito, homogêneo e irreversível, propomos o encorajamento da 
familiaridade das crianças com novas situações, a legitimação, para elas, de um 
espaço de participação amplo e diversificado nas atividades propostas. (OLIVEIRA, 
2011, p. 185) 
O RCNEI - Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - afirma caber ao 
professor a organização de situações para que as brincadeiras ocorram da maneira 
mais diversificada possível, a fim de propiciar às crianças a possibilidade de 
escolherem os temas, os objetos, os papéis e os companheiros com quem brincar, 
bem como os jogos, para assim elaborarem de forma pessoal e independente seus 
sentimentos, emoções, conhecimentos e regras sociais (BRASIL, 1998b, p. 29). 
O professor, que quase sempre tem o controle sobre os materiais utilizados na escola, 
é quem define o que será oferecido à criança no momento da brincadeira. Por isso, 
além de oferecer objetos diferentes dos que ela provavelmente possui fora da escola, 
também pode orientar a escolha dos objetos e brinquedos que poderão estimular e 
 
 
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22 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
desafiar a criatividade da criança, em função do ritmo e estágio de desenvolvimento 
em que ela se encontra. 
3. Sugestões de atividades para estimular a criatividade da criança 
3.1 Criatividade por meio da expressão oral (narrativa) 
O professor escolhe uma história já conhecida pelos alunos, como por 
exemplo, um conto de fadas (Chapeuzinho Vermelho, Os Três Porquinhos, Rapunzel, 
João e o Pé de Feijão etc.), faz uma roda no chão e conta a narrativa às crianças. Em 
seguida, sugere que a história seja recontada, isto é, que cada um vá fazendo 
mudanças em seu enredo, seja alterando acontecimentos, seja inserindo novos 
personagens. O professor serve de mediador, para dar sequência aos fatos narrados 
pelas crianças e “alinhavar” a contribuição que cada criança dá à história. 
3.2 Criatividade por meio da expressão gráfica 
Aproveitando a história já contada e recontada pelas crianças, pede-se então a 
cada uma delas que crie um desenho em função da nova história, recriada a partir 
dos novos detalhes e personagens inventados na roda de história. 
Você deve deixá-las produzir livremente, sem interferências, seja quanto aos 
personagens que ela irá escolher retratar, seja quanto às cores que irá utilizar. 
Nesta atividade, o professor só irá definir o que a criança usará para produzir 
o desenho (sulfite, papel manilha, cartolina, lápis de cor, tinta guache, giz de cera). 
3.3 Criatividade por meio da expressão cênica (teatro) 
Finalmente, aproveitando-se do que foi realizado nas duas atividades 
anteriores – expressão oral e expressão gráfica –, parte-se então para a expressão 
cênica, por meio da encenação da nova história criada na roda. Se a escola não tiver 
fantasias para as crianças, aproveite a sua criatividade e a das crianças e crie 
fantasias você mesmo em sala de aula. Você pode usar material reciclável, diferentes 
tipos de papel, placas de EVA e tecido tipo TNT de várias cores. É só dar asas à 
imaginação! 
Para se inspirar ainda mais, leia a seguir uma experiência bastante inovadora que a 
professora de Artes Marisa Szpigel, da Escola da Vila, em São Paulo (SP), propôs aos 
seus alunos: 
O desenho já faz parte da rotina do 1º ano da EMEB Edson Danillo Dotto, em 
São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. A professora Daniella 
Corrêa Bezerra promove atividades de Arte combinadas à leitura pedindo que as 
crianças desenhem após ouvir as histórias. 
 
 
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23 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Ela notou, porém, que elas tendem a copiar o que veem nos livros. Nessa idade, 
os alunos querem produzir o desenho considerado correto, mais próximo à 
representação do real. 
Pensando nisso, Marisa Szpigel, a Zá, coordenadora de Arte da Escola da Vila, 
em São Paulo, propôs uma atividade que retoma o desenho de imaginação, mais 
usual na Educação Infantil. Os alunos fazem as ilustrações de um livro sem ver as 
imagens dele, só com as informações do texto. Depois, com a apreciação de obras de 
vários artistas e das suas próprias, eles refletem sobre as possibilidades de 
representação de uma mesma coisa. 
A obra escolhida foi O Grúfalo (Julia Donaldson e Axel Scheffler, 32 págs., Ed. 
Brinque-Book), que descreve um animal imaginário. Primeiramente, Zá anunciou 
que faria a leitura do livro e avisou que as crianças fariam o trabalho de ilustrá-lo. 
Para isso, precisariam prestar muita atenção às partes com descrições do 
personagem. 
Depois da leitura, em grupos, cada criança recebeu caneta, lápis de cor e um 
papel. Zá explicou que eles deveriam fazer a cabeça do animal na metade superior do 
papel e o corpo na metade inferior. Com os desenhos prontos, a formadora mostrou 
à turma o Grúfalo imaginado pelo ilustrador da obra, comparando-o com as 
produções dos alunos. 
Zá mostrou, então, o livro Bichos Que Existem e Bichos Que Não Existem 
(Arthur Nestrovski, 56 págs., Ed. Cosac Naify) para ampliar as referências que as 
crianças têm de imagens desse tema. 
Zá, Daniella e a coordenadora pedagógica Carla Freschi de Araújo destacaram 
a cooperação entre as crianças. Elas se ajudaram na hora de desenhar, ao recordar a 
descrição do livro, e na apreciação, ao mostrar quais elementos chamaram a atenção. 
As educadoras também comentaram a importância de validar a produção dos alunos 
que saem do que é convencionalmente esperado e como é necessário um repertório 
de Arte e de conhecimentos didáticos para que isso seja encaminhado a fim de 
alimentar o percurso criador de todos. 
FINALIZANDO 
Você aprendeu nesta aula que a criatividade não é um “clique” ou um dom 
especial que poucos privilegiados possuem, mas sim uma capacidade que pode ser 
desenvolvida. Para isso, é fundamental, desde a mais tenra infância, que a criança 
esteja em um ambiente que a estimule e favoreça ações criativas, principalmente por 
meio da imaginação, quando ela será capaz de simbolizar e representar. 
Assim, a escola e você, como futuro professor da educação infantil, devem 
cuidar para que o espaço da aula, o ambiente em que a criança passa boa parte de seu 
 
 
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24 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
dia, não seja um impedimento aos processos criativos, mas sim um cenário de 
expansão e de apropriação de novas formas de compreensão, representação e 
expressão do real. 
 
Criatividade: um conjunto de capacidades que permitem a uma pessoacomportar-se de modos novos e adaptativos em determinados contextos; a 
capacidade de criar uma solução que é ao mesmo tempo inovadora e apropriada. 
Imaginação: a capacidade do homem de criar elementos novos, mesmo que se 
baseando na experiência passada. 
Representação: a capacidade que temos para evocar verbalmente objetos e 
acontecimentos ausentes, isto é, somos capazes de pensar e/ou falar sobre coisas, 
pessoas e acontecimentos sem que os estejamos vendo ou vivenciando no momento. 
Simbolização: é a capacidade de representar, reconhecer e exprimir-se por 
meio de símbolos. 
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: constituído de três 
volumes, integra a série de documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais 
elaborados pelo Ministério da Educação e do Desporto, e visa subsidiar o trabalho 
educativo diário dos educadores da Educação Infantil nas creches e entidades 
equivalentes e nas pré-escolas. 
 
Tema 4 
As relações entre o brincar, o jogar e o brinquedo 
Os conceitos a respeito do brincar, jogar, brinquedo e brincadeira estão 
presentes na “fala” de todo educador que pretende criar um espaço educativo que 
favoreça a ludicidade como manifestação da linguagem infantil. 
Saber diferenciar bem esses conceitos e os seus sentidos certamente ajudará 
você a planejar aulas mais lúdicas que contemplem essas ações. 
Para tornar nosso estudo mais direcionado, a pergunta que nos orientará será 
a seguinte: você percebe a distinção conceitual e, ao mesmo tempo, as relações entre 
os termos “jogo”, “brinquedo”, “brincadeira” e “brincar”? Esses conceitos possuem o 
mesmo sentido? Com base nessas questões, ao final desse estudo você deverá ser 
 
 
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25 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
capaz de diferenciar os conceitos de “jogo”, “brinquedo”, “brincadeira” e “brincar”; 
além de compreender esses conceitos do ponto de vista teórico a partir das 
contribuições dos autores que estudam a temática As relações entre o brincar, o 
jogar e o brinquedo. 
Você aprendeu anteriormente que a ludicidade é um conjunto de 
manifestações sociais, culturais e antropológicas do ser humano. A ludicidade não 
está presente em um único momento de nossas vidas, mas ao longo de todo processo 
de evolução humana. Em cada etapa do nosso desenvolvimento o lúdico tem um 
sentido diferente. 
Segundo Rau (2011, p. 47, grifos da autora) 
 “[...] o lúdico se manifesta por meio do jogo, do brinquedo e da brincadeira, termos 
que, conceitualmente, apresentam diferenças”. 
O lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que quer dizer “jogo”. Se 
achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, 
ao brincar, ao movimento espontâneo. A evolução semântica da palavra “lúdico”, 
entretanto, não parou apenas nas suas origens e acompanhou as pesquisas de 
Psicomotricidade. 
O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do 
comportamento humano, de modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo 
de jogo. As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do 
brincar espontâneo. (FREITAS; SALVI, 2010, p. 4-5) 
Para você, quais seriam essas diferenças? 
Segundo Kishimoto (2011, p. 4), o jogo é 
“[...] uma ação voluntária da criança, um fim em si mesmo, não pode criar nada, não 
visa um resultado final [sic]”. 
Huizinga (2001), por sua vez, nos aponta que o jogo possui as seguintes 
características: 
a) O prazer demonstrado pelo jogador. 
b) O caráter “não sério” da ação. 
c) A liberdade do jogo. 
d) A sua separação dos fenômenos do cotidiano. 
e) A existência de regras. 
f) O caráter fictício ou representativo. 
 
 
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26 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
g) A limitação do jogo no tempo e no espaço. 
A primeira característica refere-se ao elemento “prazer”. Associa-se 
comumente ao jogo a ideia de que ele dá prazer ao jogador. Contudo, nem sempre é 
assim, pois “embora predomine, na maioria das situações, o prazer como distintivo 
do jogo, há casos em que o desprazer é o elemento que caracteriza a situação lúdica” 
(KISHIMOTO, 2011, p. 4). Um exemplo para ilustrar é a situação vivenciada pela 
criança que perde o jogo. Nesta situação, ela se sente frustrada por não atingir o 
objetivo do jogo. 
Definir o brinquedo como uma atividade que dá prazer à criança é incorreto 
por duas razões. Primeiro, muitas atividades dão à criança experiências de prazer 
muito mais intensas do que o brinquedo, como, por exemplo, chupar chupeta, 
mesmo que a criança não se sacie. E, segundo, existem jogos nos quais a própria 
atividade não é agradável, como, por exemplo, predominantemente no fim da idade 
pré-escolar, jogos que só dão prazer à criança se ela considera o resultado 
interessante. (VYGOSTKY, 2007, p. 107) 
O segundo elemento - o caráter “não sério” - significa que o jogo se contrapõe 
à seriedade (ao trabalho), sendo concebido como algo menos importante. Por 
relacionar-se ao ócio, ao riso, ao engraçado etc., é tido como algo destituído de 
seriedade. A liberdade à qual Huizinga (2001) refere-se é entendida como algo 
voluntário e espontâneo do sujeito que joga. 
Na sociedade contemporânea, só possuem valor as atividades que geram 
lucro. Como o jogo não é produtivo, do ponto de vista do capital, ele passou a ser 
considerado um simples passatempo, atividade que se opõe ao trabalho. Isso fez com 
que ele fosse desprezado também na escola, onde o trabalho, para a criança, nada 
mais é do que o estudo [...]. (BARBATO, 1995, p. 30) 
O quarto elemento é a separação do jogo dos elementos que fazem parte do 
cotidiano. Nesse ponto, o autor alega que o jogo pertence ao mundo do imaginário, 
isto é, à possibilidade de pensar a realidade de uma nova forma, uma forma 
transformada pelo jogador. Por exemplo, quando a criança atribui a um cabo de 
vassoura a representação de um cavalo. 
No sentido do cotidiano ou da realidade, o cabo de vassoura tem a finalidade 
de sustentar a base que é capaz de varrer e de juntar o lixo. Entretanto, para uma 
criança, esse objeto pode ter um sentido diferente, atribuindo-lhe um novo valor e 
uma nova função. 
O quinto elemento é a presença de regras predeterminadas, e esta é a sua 
principal característica, pois sem as regras o jogo não acontece. 
O caráter fictício refere-se aos sentidos que a criança atribui ao jogo. 
 
 
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27 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
A limitação do jogo no espaço e no tempo nos indica que o jogo possui natureza 
improdutiva, já que o jogador, quando envolvido na situação lúdica, não deseja 
intencionalmente produzir um efeito ou um resultado. 
Sendo assim, conceituamos o jogo como uma situação lúdica na qual o jogador 
desempenha a sua conduta conforme as características anteriormente descritas. 
É fundamental, portanto, entender que o jogo se difere do ato de brincar, 
porque as regras já estão predeterminadas e não podem ser modificadas. Tomemos 
como exemplo o jogo do futebol. 
Se desobedecermos às regras do jogo, esta situação lúdica poderá ser tudo, 
menos um jogo de futebol. 
Vamos aproveitar esse momento de conceituação do jogo para aprender o que 
Piaget (1946) entende sobre os jogos. 
Na obra “A formação do símbolo na criança”, Piaget (1946) dedica-se ao estudo 
da função simbólica, com base na imitação e no jogo como atividades propulsoras do 
desenvolvimento da inteligência, estabelecendo relações entre mecanismos de 
acomodação e assimilação e os conceitos de jogo e imitação. 
 “Se o ato de inteligência culmina num equilíbrio entre a assimilação e a 
acomodação, enquanto que a imitação prolonga a última por si mesma, poder-se-á 
dizer, inversamente, que o jogo é essencialmente assimilação, ou assimilação 
predominando sobre a acomodação” (PIAGET, 1946, p. 115). (SANTOS,2012, p. 48) 
Esse autor classifica os jogos conforme ilustra a Figura 4.1 a seguir: 
 
 
 
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28 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Conforme Piaget (1946), os primeiros jogos que a criança realiza são os jogos 
de exercício, que não contêm nenhum simbolismo e consistem no prazer da 
repetição de comportamentos que ela já aprendeu. 
Esse tipo de jogo situa-se no período sensório-motor do desenvolvimento 
cognitivo infantil e manifesta-se na faixa etária de zero a dois anos, acompanhando 
o ser humano durante toda a sua existência. 
A finalidade dos jogos de exercício é o próprio prazer do funcionamento. 
Dividem-se em sensório-motores e de exercício do pensamento. Embora típicos nos 
primeiros 18 meses, reaparecem durante toda a infância e acham-se presentes em 
muitas atividades lúdicas praticadas por adultos. (FORTUNA, 2012, p. 35) 
À medida que a criança vai se desenvolvendo e aprendendo, esse tipo de jogo 
se torna mais elaborado e mais complexo. 
Isso ocorre porque o bebê aprende a combinar de forma lúdica ações 
diferentes. Assim, ele vai de uma ação a outra sem realizar nenhum esforço que exija 
a adaptação ao meio ou aos objetos. O jogo de exercício do bebê implica repetir as 
ações simplesmente pelo prazer de exercitá-las. 
Ao começar a ampliar seu repertório de ações de forma repetida, a criança 
passa a escolher e aplicar objetos que criam novas situações de adaptação. A partir 
desse momento, aparece o jogo simbólico (o faz de conta), no qual o seu pensamento 
torna-se capaz da representação simbólica. 
Os jogos simbólicos têm como função a compensação, a realização de desejos 
e a liquidação de conflitos e expressam-se no “faz de conta” e na ficção. 
São característicos da fase que vai do aparecimento da linguagem até 
aproximadamente os seis/sete anos. (FORTUNA, 2012, p. 35) 
Isso ocorre entre os dois e seis/sete anos de idade. Ao imitar objetos, pessoas 
ou situações, os jogos pelos quais a criança representa situações da realidade que 
vivencia começam a ter espaço. Exemplos são as brincadeiras simbólicas de casinha 
e de escolinha. Nesses jogos há um conteúdo mais complexo, repleto de simbolismo, 
que pouco a pouco se torna representações adaptadas nas quais o jogo de papéis ou 
de dramatização ocupa o lugar do faz de conta. 
O jogo simbólico dirige-se a uma atividade mais complexa e construtiva para 
a adaptação ao real. É aí que surgem os jogos de construção, os jogos dramáticos e os 
jogos com regras. 
Os jogos de regras são aqueles cuja regularidade é imposta pelo grupo, 
resultado da organização coletiva das atividades lúdicas. As regras podem ser 
transmitidas ou espontâneas e passam de uma condição inicial motora e individual, 
depois egocêntrica, de cooperação até a codificação. (FORTUNA, 2012, p. 35) 
 
 
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29 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Os jogos com regras surgem por volta dos sete anos e são acompanhados pelo 
processo de socialização do pensamento da criança, que possibilita a ela substituir o 
símbolo lúdico individual pelas regras. 
De acordo com Piaget (1946, p. 182), os jogos de regras são a “atividade lúdica 
do ser socializado”. 
O objetivo agora será entender o conceito de brincadeira. Vamos recorrer ao 
dicionário: 
brincar [...] 1. Divertir-se, recrear-se. 2. Mover-se com alegria, como as 
crianças. 3. Dizer ou fazer algo pelo prazer da brincadeira. 4. Gracejar, troçar. 
5. Participar de festa carnavalesca. [...] 6. Distrair-se. 7. Gracejar. 
jogar [...] 1. Participar do jogo de. 2. Arriscar ao jogo. 3. Apostar em jogo. 4. 
Lançar, arremessar. [...] 5. Balançar. [...] 6. Dedicar-se ao jogo, por prazer ou 
vício. 7. Lançar-se. 
jogo [...] 1. Ação ou efeito de jogar. 2. Atividade física ou mental, geralmente 
coletiva, determinada por regras que definem ganhadores e perdedores. 3. 
Brincadeira, passatempo. 4. Jogo de azar. 5. Jogatina. 6. Conjunto de objetos 
que formam um todo. 7. Mecanismo de direção de um todo. 8. Balanço 
transversal. 9. Cada partida de uma competição. 10. Ardil, artimanha. 
brinquedo [...] 1. Objeto com que brincam as crianças. 2. Folguedo de criança; 
brincadeira. 3. Divertimento. 
brincadeira [...] 1. Ação ou efeito de brincar. 2. Divertimento, espec. da criança. 
3. Gracejo. 4. Zombaria. 5. Recreação, entretenimento. (XIMENES, 1999, p. 
126;366; 367, grifos do autor) 
Segundo Batista, Furlanetto e Vale (2010, p. 263), a análise dos verbos brincar e jogar 
nos leva à seguinte reflexão: 
Na língua portuguesa o verbo “brincar” que designa um tipo de atividade específica 
seguida por características de espontaneidade e divertimento, não encontra 
correspondência em outros idiomas. Já o verbo “jogar” em português possui um 
sentido mais restrito do que em outras línguas. 
Para Friedmann (1996), as atividades lúdicas são assim conceituadas: 
Brincadeira: refere-se basicamente à ação de brincar, ao comportamento 
espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada. 
Jogo: trata-se de uma brincadeira que envolve regras. Brinquedo: refere-se ao 
objeto de brincar. 
 
 
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30 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Atividade lúdica: abrange, de forma mais ampla, os conceitos anteriores. 
(FRIEDMANN, 1996, p. 28) 
Já o conceito de brinquedo deve ser entendido como um objeto que dá suporte 
à brincadeira e é capaz de estimular um conjunto de representações que evocam 
elementos da realidade. 
Para Rau (2011), o brinquedo 
 “[...] é entendido como suporte da brincadeira ou do jogo, quer no sentido concreto, 
quer no ideológico”. É preciso muito cuidado, porque não podemos entender que 
qualquer objeto possa ser um brinquedo. Só podemos entender que um objeto será 
considerado como brinquedo se ele propiciar ao sujeito brincante o ingresso em uma 
situação lúdica. Em outras palavras, um objeto só pode se transformar em brinquedo 
quando fizer parte de uma ação lúdica. 
A brincadeira, por sua vez, encontra fundamento na fala de Kishimoto (1994), 
quando é apontada como uma atividade espontânea da criança, sozinha ou em 
grupo. Ela constrói uma ponte entre a fantasia e a realidade, o que leva a lidar com 
complexas dificuldades psicológicas, como vivência de papéis e situações não bem 
compreendidas e aceitas em seu universo infantil. (RAU, 2011, p. 50) 
A brincadeira associada ao brinquedo faz com que a criança atue além de seu 
comportamento habitual. Além disso, a brincadeira promove a interação entre as 
crianças. 
De acordo com Fontana e Cruz (1997, p. 67), a brincadeira: 
[...] é uma experiência que permite às crianças tomar decisões, assumir papéis a 
serem representados, atribuir significados diferentes aos objetos transformando-os 
em brinquedos, levantar hipóteses, resolver problemas e pensar/sentir sobre o 
mundo. 
Segundo os mesmos autores, nas brincadeiras estão presentes três categorias: 
1. imaginação, 
2. imitação, e 
3. regra. 
Kishimoto (2011) indica que há quatro tipos de brincadeiras: 
1. as educativas, pelas quais a ação lúdica tem finalidade pedagógica; 
2. as tradicionais, que são aprendidas por tradição nos grupos sociais, 
fazendo parte da cultura popular; 
 
 
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31 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
3. as de faz de conta, nas quais a criança lança mão de um intenso papel de 
imaginação, representando situações e papéis vivenciados na sua 
realidade; e 
4. as de construção. 
FINALIZANDO 
Ficou claro para você que o jogar e o brincar são situações lúdicas que 
contribuem efetivamente para o desenvolvimento e aprendizagem? 
Ficou suficientemente claro que o brinquedo é o suporte da brincadeira? 
O brincar e o jogar fazem parte das manifestações lúdicas na etapa da infância. 
São linguagens que refletem como a criançaconstrói a realidade e a si mesma. 
Portanto, é dever da escola assegurar que a prática educativa transcorra de modo a 
valorizar e promover as situações lúdicas como forma de ensino e aprendizagem. 
Além disso, o brinquedo deve ser compreendido como um artefato cultural 
repleto de significados a serem manipulados pela criança. 
Espero que você tenha evoluído nesses conceitos. 
 
 
Jogos dramáticos: são uma evolução dos jogos simbólicos ou de faz de conta. Neles, 
há uma presença mais forte de organização, planejamento e espaço. 
Jogos de regras: são jogos que preveem um conjunto de regras preestabelecidas e 
impostas pelo grupo. Pressupõem a presença de parceiros e de regras. Por isso, têm 
uma característica social. 
 
Tema 5 
Conceituação e Importância da Brinquedoteca 
No tema anterior você aprendeu sobre como o brincar é importante para a 
emergência da criatividade na criança. Viu também como você, enquanto futuro 
professor, pode contribuir para que seus alunos desenvolvam suas potencialidades 
cognitivas, emocionais e sociais por meio da imaginação. 
 
 
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32 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Neste tema, você aprenderá a importância da estruturação dos ambientes de 
aprendizagem na educação infantil e no ensino fundamental, a fim de que se 
constituam como espaços que permitam às crianças interagirem umas com as 
outras, terem contato com diversos tipos de materiais e brinquedos, que as estimule 
a construírem o conhecimento sobre o mundo que as cerca e a desenvolverem seu 
lado social – de aceitação do outro. Dentre esses ambientes, você aprenderá também 
sobre a conceituação e a importância da brinquedoteca. 
1. Importância dos Ambientes de Aprendizagem 
O brincar e o aprender, como você estudou até agora, são praticamente 
indissociáveis desde a primeira infância (0 a 3 anos) até os anos iniciais do ensino 
fundamental. Ao brincar, a criança vai se preparando para a vida adulta à medida 
que aprende a viver em uma ordem social e num mundo culturalmente simbólico. 
Para promover de forma eficaz o desenvolvimento cognitivo, emocional e 
social da criança, é fundamental propiciar a ela um ambiente adequado. Assim, os 
ambientes existentes nas creches e pré-escolas devem ser pensados de maneira a 
atender às melhores condições de aprendizagem. 
Na infância, a criança atribui significação especial ao ambiente físico, o qual 
pode lhe provocar medo, curiosidade, animação, calma, apatia ou irritabilidade. 
A qualidade do ambiente adequado para a criança não deve ser medida apenas 
por suas características físicas tais como condições de higiene, iluminação, 
arejamento e conforto; deve-se dar atenção, também, e especialmente, ao arranjo 
dos elementos materiais e humanos que dele fazem parte. Esses espaços requerem 
atenção e planejamento especiais e devem, portanto, articular corretamente 
atividades, conteúdos, objetos, horários e parceiros disponíveis. 
Não se deve esquecer que a organização de um ambiente reflete uma 
concepção educacional e apresenta objetivos específicos. Existem ambientes 
abarrotados de brinquedos; uns, com livros, pouco mobiliário e alguns brinquedos; 
outros com cadeiras em círculo ou com almofadas no chão. O espaço, se muito 
pequeno e com poucos brinquedos, poderá causar brigas entre as crianças em razão 
da disputa pelo objeto com o qual vão brincar. 
Se, ao contrário, contar com muitos brinquedos, escolhidos de forma 
indiscriminada, haverá alguns deles que serão inadequados para alguma faixa 
etária. 
 
 
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33 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
 
Figura 5.1 Espaço/Ambiente (Ed. Infantil) 
Para o gestor de uma determinada instituição de ensino infantil, a questão que 
se coloca é: o arranjo existente no ambiente condiz com a proposta pedagógica da 
instituição? Em outros casos, a instituição, guiada por uma determinada concepção 
de educação, organiza seus espaços de forma a atingir seus objetivos pedagógicos 
para as crianças que atende? 
Segundo Oliveira (2011, p. 197), o ambiente das creches e pré-escolas pode ser 
considerado como um campo de vivências e explorações, zona de múltiplos recursos 
e possibilidades para a criança reconhecer objetos, experiências, significados de 
palavras e expressões, além de ampliar o mundo de sensações e percepções. 
Funciona esse ambiente como recurso de desenvolvimento, e, para isso, ele deve ser 
planejado pelo educador, parceiro privilegiado de que a criança dispõe. 
Você, como futuro professor, sabe da importância de propiciar à criança uma 
intensa atividade exploratória e criativa, seja individualmente, seja em grupo, 
compartilhando diferentes recursos materiais, que estimulem visualmente e 
cineticamente. Um ambiente em que as características dos objetos, tais como cor, 
formato, textura e usos, e os próprios objetos, como os brinquedos, os blocos, os 
livros, os vídeos, a lousa, os cartazes, entre outros, são interpretados pelas crianças 
“como desencadeadores de determinados enredos de ação” (OLIVEIRA, 2011, p. 
199). 
A sala de aula das crianças, por exemplo, deve ser estruturada a fim de que 
facilite a orientação quanto à rotina diária. 
O professor pode, para isso, utilizar cartazes com os dias da semana, com o 
nome das crianças presentes, com o nome dos ajudantes do dia; com o desenho de 
relógio e do alfabeto, de personagens de histórias conhecidos pelas crianças. 
As prateleiras e os armários devem localizar-se em locais de fácil acesso, 
possibilitando que os alunos retirem e guardem materiais, promovendo sua 
autonomia. 
 
 
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34 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
Em função da importância dada à organização de um ambiente, várias escolas 
e creches organizam os chamados “cantinhos”. Trata-se de espaços semiabertos de 
atividades diversas, dos quais o professor pode manter certa distância, observando 
as crianças que interagem uns com os outros. 
Esses espaços são semelhantes àqueles em que a criança vive em seu dia a dia, 
tais como “cantinho da casinha”, “cantinho do cabeleireiro”, “cantinho do médico” 
etc., nos quais a criança, ao brincar, reproduz, imita comportamentos e utiliza a 
imaginação, desenvolvendo, portanto, a capacidade criativa, além de habilidades e 
competências relacionadas à linguagem, à negociação, à resolução de conflitos, à 
aceitação do outro, dentre outras. 
 
Figura 5.2 Cantinhos (Creche Profa. Rosinha Ziviani) 
Cantinhos: de jogos de encaixe, da beleza, da leitura. 
 
Há também os cantinhos de aprendizagem, com finalidade pedagógica, que 
são espaços estabelecidos na sala de aula ou fora dela em que as crianças 
desenvolvem atividades que envolvem a manipulação, a observação e a comparação 
de objetos ou a realização de experimentos. Entre outros, podem ser encontrados 
nesses espaços materiais naturais, como plantas, animais ou minerais; materiais 
recicláveis, jogos didáticos, CDs, DVDs, materiais de experimentação, como aquário, 
herbário, ferramentas etc. 
 
 
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35 Anhanguera - Pedagogia – Brinquedoteca e o Elemento Lúdico 
 
Figura 5.3 Ambiente/Espaço/Cantinho 
Ao se pensar em espaços para o brincar, deve-se ter em mente ainda outros que 
possibilitem o manuseio de argila, de terra e sementes, por meio do cultivo de uma 
horta, por exemplo. Além disso, deve-se pensar em ambientes abertos e não 
construídos, onde a criança possa correr, trepar em brinquedos com degraus, 
escorregar, balançar, propiciando um cenário não apenas para o desenvolvimento 
motor, mas também para a formação do imaginário e da construção do autoconceito 
por parte da criança. 
 
Figura 5.4 No Jardim – A horta no parque é uma boa opção para ampliar o contato 
com a natureza 
2. Conceituação de Brinquedoteca 
Agora que entendeu a importância

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