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DESCRIÇÃO A origem, o objeto de estudo, os princípios e as características do comportamentalismo ou behaviorismo em sua versão metodológica, criado pelos precursores Watson, Thorndike e Pavlov. Skinner e seus estudos, que originaram o behaviorismo radical. O condicionamento operante, a teoria da aprendizagem de Skinner e as suas aplicações. PROPÓSITO Compreender a importância da Psicologia da Educação Comportamentalista para a formação docente, indicando seus principais representantes e a aplicabilidade dos seus conceitos à prática pedagógica. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer os aspectos da Psicologia Comportamentalista, seu objeto de estudo e suas principais características MÓDULO 2 Distinguir os princípios teóricos dos precursores da Psicologia Comportamentalista: Watson, Thorndike e Pavlov MÓDULO 3 Identificar as principais características das teorias de Skinner e do behaviorismo radical MÓDULO 4 Reconhecer os impactos do behaviorismo na constituição de uma Psicologia da Educação Comportamentalista Fonte: Adike/Shutterstock INTRODUÇÃO Assista ao vídeo a seguir para conhecer mais sobre as “Psicologias” na vida do professor. O século XIX é chamado de o século da Ciência pelos estudiosos da organização de um campo científico. O campo possui regras e um fetichismo de que tudo no mundo poderia ser explicado pela pesquisa e fundamentação metodológica da Ciência. Já o século XX é chamado de o século da Pedagogia pelo enorme crescimento da educação formal e informal. Iniciamos o século com um mundo no campo, vinculados a uma economia natural, e terminamos com a maior parte da população do mundo nas cidades, marcados pela educação, uma marca de hierarquia e componente de disputa social. Foi tudo muito rápido! Para entender tamanha aceleração, precisamos amarrar essas pontas. A Psicologia é um campo fundamental para entender o tamanho e o impacto da educação no mundo atual. Vista de maneira científica pela Pedagogia, um desafio fundamental era como o ato de educar poderia ser mais eficiente. O casamento entre a Educação e a Psicologia passa pelos estudos de como funciona a mente em aprendizado, em especial a das crianças. Você deve estar ainda mais motivado para estudar este tema, que aborda um importante movimento: o comportamentalismo, chamado por muitos de behaviorismo, e que constitui, juntamente com o humanismo e o cognitivismo, as três grandes escolas teóricas da Psicologia da Educação. MÓDULO 1 Reconhecer os aspectos da Psicologia Comportamentalista, seu objeto de estudo e suas principais características PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO – EM BUSCA DA INTERDISCIPLINARIDADE Fonte: REDPIXEL.PL/Shutterstock PSICOLOGIA COMPORTAMENTALISTA: DO QUE ESTAMOS FALANDO? Podemos considerar a Psicologia da Educação como a área da Psicologia que estuda os fundamentos psicológicos, os processos e os fatores psíquicos que intervêm em todas as situações educativas. A existência da Psicologia da Educação é um exemplo de interdisciplinaridade. Ela une a visão da Psicologia aos estudos da Pedagogia. Fonte:ShutterstockFonte: Ollyy/Shutterstock VOCÊ SABE O QUE É INTERDISCIPLINARIDADE? EXPLICAÇÃO Dicio (Dicionário Online de Português) apresenta o seguinte verbete sobre o significado de interdisciplinaridade: Substantivo feminino; Qualidade do que é interdisciplinar comum a duas ou várias disciplinas: há interdisciplinaridade quando o professor de Biologia trabalha juntamente com o de Química; Capaz de estabelecer relações entre duas ou mais disciplinas, ou áreas do conhecimento, com o intuito de melhorar o processo de aprendizagem, estreitando a relação entre professor e aluno. A interdisciplinaridade é, então, a integração entre duas ou mais áreas do conhecimento, seus conceitos e suas teorias, com a finalidade comum do estudo de um fenômeno. É o que acontece na Psicologia da Educação, em que o fenômeno estudado é o ato educativo, os processos de ensino e aprendizagem. AS “PSICOLOGIAS” NA VIDA DO PROFESSOR Fonte: Wavebreakmedia/Shutterstock A Psicologia da Educação, para Foulin e Mouchon (2000), reivindica para si qualquer estudo que trate das estruturas e dos mecanismos psicológicos passíveis de intervir em uma situação educativa, de maneira formal ou informal. javascript:void(0) Os processos de ensino e aprendizagem são tão complexos, que é comum a outras ciências, além da Pedagogia, debruçarem-se sobre eles. Mesmo considerando apenas a Psicologia, ousamos utilizar, no subtítulo desta introdução, o termo no plural (“Psicologias”). VAMOS PENSAR EM QUANTAS “PSICOLOGIAS” PODEM AJUDAR O PROFESSOR? Fonte:ShutterstockFonte: Diki Prayogo/Shutterstock São inúmeras as contribuições: Compreensão do processo de aprendizagem e seus estágios, ao longo das idades do ciclo vital; Fundamentação das estratégias de avaliação; Apoio à resolução de dificuldades de relacionamento no ambiente educativo; Conhecimento mais aprofundado do aluno, além do autoconhecimento do próprio professor; Aprimoramento da didática utilizada pelo professor; Fundamentação dos processos de intervenção e de orientação pedagógica; Incentivo à criação de uma disciplina positiva e criativa no ambiente escolar; Subsídio à compreensão das diferenças e das dificuldades de aprendizagem; Aprimoramento da compreensão da dinâmica dos grupos. Ou seja, podemos dizer que a Psicologia da Educação auxilia o professor em duas grandes tarefas: A compreensão dos processos de ensino e aprendizagem, e o diagnóstico de situações e variáveis que neles interfiram; A intervenção nos processos de ensino e aprendizagem, planejando atividades mais significativas e adequadas aos alunos, e prevenindo o fracasso e a evasão escolar. DESENVOLVIMENTO INFANTIL Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock O estudo da Psicologia em seu princípio e a sua busca sobre o funcionamento da mente humana rapidamente alcançaram os estudos e a percepção de que uma criança vivia fases específicas em seu desenvolvimento. Essas fases foram percebidas e pensadas por autores diversos, como por exemplo, Freud (1856-1939), um dos nomes mais importantes da Psicologia, que definiu as cinco fases do desenvolvimento psicossocial: Fonte:ShutterstockSigmund_Freud/Fonte: Wikipédia 1 Fase Oral 2 Fase Anal 3 Fase Fálica 4 Fase Latência 5 Fase Genital As três primeiras fases (oral, anal e fálica) são fases infantis fundamentais. Freud explicita a importância dos primeiros cinco anos de vida como cruciais para a formação da personalidade adulta. Repare que o alemão não define as maneiras de educar, mas mostra como, nesse caso, a Psicanálise debruça-se na tentativa de compreender a educação infantil. Outros olhares sobre o desenvolvimento da educação passaram por fases diversas; temos contribuições importantes do cognitivismo para a adoção dos modelos atuais. Daqui por diante buscaremos as referências sobre um dos grandes movimentos que fazem parte do desenvolvimento de uma Psicologia da Educação. javascript:void(0) Fonte:ShutterstockFonte: Evgeny Atamanenko/Shutterstock CONTRIBUIÇÕES IMPORTANTES DO COGNITIVISMO Fonte:Shutterstock Fonte: Indagação COMPORTAMENTALISMO OU BEHAVIORISMO: COMEÇANDO O ESTUDO O nome behaviorismo se origina do inglês behavior, que significa comportamento, daí a escola teórica ser também chamada de comportamentalismo. Como já vimos, o comportamentalismo compõe, com o humanismo e o cognitivismo, as três grandes escolas teóricas da Psicologia da Educação. Cada uma dessas escolas tem fundamentos filosóficos, objetos de estudo e metodologias próprios. No caso do comportamentalismo, o objeto de estudo é o comportamento objetivamente verificado, analisado e controlado, visando à sua modificação. O quadro a seguir faz uma breve comparação entre as três escolas teóricas: Humanismo Cognitivismo Comportamentalismo Estudao ser humano (a pessoa) integralmente, suas semelhanças e diferenças. Estuda a cognição humana. Comportamentalismo Estuda o comportamento do homem, muito semelhante ao do animal, entendido como fenômeno observável, e os estímulos que o produzem e podem modificá-lo, modelá-lo. Estuda o comportamento do homem, muito semelhante ao do animal, entendido como fenômeno observável, e os estímulos que o produzem e podem modificá-lo, modelá-lo. Valoriza as sensações, os sentimentos, as expectativas, as relações humanas, os interesses e as motivações. Valoriza as operações mentais, a linguagem, a memória e a percepção. Comportamentalismo Valoriza a conduta social considerada adequada. Valoriza a conduta social considerada adequada. Aprendizagem como desenvolvimento do self, consolidação da autoimagem. Aprendizagem como desenvolvimento progressivo do aparato cognitivo do ser humano, sendo capaz de resolver situações- problema cada vez mais complexas. Comportamentalismo Aprendizagem como modificação controlada do comportamento mediante a repetição e aplicação de estímulos. Aprendizagem como modificação controlada do comportamento mediante a repetição e aplicação de estímulos. Conhecimento construído, educação sem regras rígidas e definidas. Conhecimento construído pelos processos mentais do ser humano diante dos estímulos do mundo que o cerca. Comportamentalismo Conhecimento como uma resposta do organismo a modificações ambientais ou estímulos, adquiridos por meio de esquemas de reforço positivo e negativo. Conhecimento como uma resposta do organismo a modificações ambientais ou estímulos, adquiridos por meio de esquemas de reforço positivo e negativo. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ERA UMA VEZ... O BEHAVIORISMO O cenário da Psicologia no início do século XX era marcado por uma forte reação ao mentalismo – doutrina segundo a qual a mente é a realidade fundamental, mas sem explicar os comportamentos – e pela busca do rigor científico e do purismo metodológico nas pesquisas. Assim, surgiu uma imediata oposição entre o comportamentalismo e a Psicanálise, de conotação mentalista, com os estudos de Freud sobre o inconsciente do homem e preocupado com os aspectos internos do ser humano. Também havia nesse cenário uma forte influência do positivismo e das ideias de teóricos como Augusto Comte (1798-1857). Fonte:ShutterstockAuguste Comte | Fonte: Wikipédia POSITIVISMO É uma corrente teórica baseada na noção de progresso contínuo da humanidade. Seu pensamento postula a existência de uma marcha contínua e progressiva que a humanidade teria como fio condutor. Auguste Comte, criador do positivismo, considerava o progresso uma constatação histórica que deveria nortear a ação humana e ser constantemente reforçado. As ciências positivas teriam a sua mais forte expressão na Sociologia, ciência da qual Comte é considerado o fundador. VOCÊ SABIA QUE O LEMA DA BANDEIRA BRASILEIRA, “ORDEM E PROGRESSO”, É DE INSPIRAÇÃO POSITIVISTA? SAIBA MAIS John Stuart Mill (1806-1873) incorporou ao positivismo elementos políticos com um espoco moral e ético, reforçando o molde de uma teoria política positivista, fundada na ordem e no javascript:void(0) javascript:void(0) conhecimento para se alcançar o progresso. No caso brasileiro, a teoria encontrou ressonância na política, mais especificamente no início do período da Primeira República, com o marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), primeiro presidente do Brasil, e outros políticos que participaram do governo e que tinham fortes influências positivistas. Esse era o cenário ideal para o surgimento, em 1913, do texto manifesto escrito por John B. Watson, autor que estudaremos mais adiante em A Psicologia como um comportamentalista a vê. Watson defendia a ideia de que a Psicologia não deveria pesquisar os processos internos da mente, mas sim o comportamento humano que, por ser observável, visível, deveria ser o objeto de uma ciência positivista. Mais tarde, em 1914, Watson publicou uma obra intitulada Behavior, em que abordou mais uma vez o conceito de Psicologia do Comportamento. Por isso Watson é considerado o pai do comportamentalismo, difundindo a crença de que é possível prever e controlar toda conduta humana, com base no estudo do meio em que o indivíduo vive. RESUMINDO Watson argumentava que havia pouca precisão nos conceitos utilizados pela Psicologia, além da necessidade de métodos de pesquisa mais rigorosos. A Psicologia deveria ser uma ciência aplicada, com resultados práticos na sociedade. OS QUATRO GRANDES VULTOS DA PSICOLOGIA COMPORTAMENTALISTA O quadro a seguir mostra os quatro mais conhecidos teóricos da Psicologia Comportamentalista, cujas obras abordaremos nos próximos módulos. autor/shutterstock WATSON (1878-1958) autor/shutterstock THORNDIKE (1874-1949) autor/shutterstock PAVLOV (1849-1936) autor/shutterstock SKINNER (1904-1990) Para Watson, era possível conduzir diferentes indivíduos a determinados papéis sociais controlando o ambiente e estimulando-os por meio de treinamentos. Nesse sentido, a citação a seguir exprime, de maneira muito polêmica, a essência do comportamentalismo: DÊ-ME UMA DÚZIA DE CRIANÇAS SAUDÁVEIS, BEM FORMADAS, E MEU PRÓPRIO MUNDO ESPECIFICADO PARA FAZÊ-LOS CRESCER E, GARANTO, QUALQUER UM QUE EU PEGUE AO ACASO POSSO TREINÁ-LO PARA SE TRANSFORMAR EM QUALQUER TIPO DE ESPECIALISTA QUE EU PODERIA ESCOLHER – MÉDICO, ADVOGADO, ARTISTA, COMERCIANTE CHEFE E, SIM, ATÉ MESMO MENDIGO E LADRÃO, INDEPENDENTEMENTE DOS SEUS TALENTOS, SUAS INCLINAÇÕES, TENDÊNCIAS, HABILIDADES, VOCAÇÕES E RAÇA DOS SEUS ANTEPASSADOS. (WATSON, 1925 apud OSTERMANN e CAVALCANTI, 2011) EXEMPLO Já percebeu, quando você era aluno, ou circulando por uma escola, que em muitas salas normalmente havia o barulho, os diálogos, mas em algumas salas o silêncio dominava? Os alunos temiam a força do professor e como ele seria capaz de ameaçá-los. A cópia do quadro se dava em produção industrial, ininterrupta, e caso algum aluno se levantasse contra o “domínio” de turma do professor, era quase um assombro! De certa forma, esse professor reproduz a citação anterior: os condicionamentos, a repetição para que o professor impusesse o seu planejamento e obtivesse o resultado esperado. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. LEIA A AFIRMATIVA A SEGUIR: O BEHAVIORISMO SURGIU NO INÍCIO DO SÉCULO XX, REALIZANDO FORTES CRÍTICAS AO ______________ E INFLUENCIADO PELA CORRENTE TEÓRICA INTITULADA _______________ . AS DUAS PALAVRAS QUE COMPLETAM CORRETAMENTE A FRASE ACIMA SÃO: Condicionamento – Psicanálise. Positivismo – humanismo. Mentalismo – positivismo. Mentalismo – metodologia científica. Cognitivismo – humanismo. 2. O OBJETO DE ESTUDO DO COMPORTAMENTALISMO É: O comportamento do homem, entendido como fenômeno observável. A percepção, o pensamento e a memória, o modo como o homem percebe o mundo. Os processos inconscientes e a sua influência sobre o ser humano. O significado de estar vivo como ser humano, aprimorando constantemente o self. A relação entre o corpo e a mente do indivíduo, que é analisado por meio das formas de representação do mundo. GABARITO 1. Leia a afirmativa a seguir: O behaviorismo surgiu no início do século XX, realizando fortes críticas ao ______________ e influenciado pela corrente teórica intitulada _______________ . As duas palavras que completam corretamente a frase acima são: A alternativa "C " está correta. Por focalizar o estudo do comportamento observável, o behaviorismo ou comportamentalismo fazia duras críticas às abordagens teóricas, como a Psicanálise e o humanismo, que davam ênfase aos processos internos do homem. O positivismo, fundado em princípios da ordem e do conhecimento para se alcançar o progresso, influenciou a correntecomportamentalista, que privilegiava a pesquisa experimental rigorosa e as influências do meio, modelando o comportamento humano através dos estímulos que o indivíduo recebe. 2. O objeto de estudo do comportamentalismo é: A alternativa "A " está correta. Skinner confirma e reitera as críticas ao cognitivismo e à Psicanálise, afirmando que os psicólogos cognitivistas apontavam sobre as representações e argumentavam que elas eram as únicas coisas que poderiam ser vistas, mas que não afirmavam sua interferência ao processá- las. Por outro lado, os psicanalistas teriam se voltado para a teoria. (SKINNER, 1999) As outras opções de resposta indicam, respectivamente, os objetos de estudo das seguintes escolas teóricas: Alternativa B – Cognitivismo - A percepção, o pensamento e a memória, o modo como o homem percebe o mundo; Alternativa C – Psicanálise - Os processos inconscientes e a sua influência sobre o ser humano; Alternativa D – Humanismo - O significado de estar vivo como ser humano, aprimorando constantemente o self. Alternativa E – Trata-se de uma leitura equivocada da noção de representação do mundo pela Psicanálise. MÓDULO 2 Distinguir os princípios teóricos dos precursores da Psicologia Comportamentalista: Watson, Thorndike e Pavlov WATSON, THORNDIKE E PAVLOV: O BEHAVIORISMO CLÁSSICO OU METODOLÓGICO Fonte: Lia Koltyrina/Shutterstock A PSICOLOGIA COMO UM COMPORTAMENTALISTA A VÊ No módulo anterior, caracterizamos o comportamentalismo ou behaviorismo que constitui, junto com o humanismo e o cognitivismo, as três grandes escolas teóricas da Psicologia da Educação. Vimos o contexto em que surgiu e que o seu objeto de estudo é o comportamento objetivamente observado, analisado e controlado, visando à sua modificação e ao seu controle. Identificamos quatro teóricos que são referências do comportamentalismo: a primeira geração de behavioristas, constituída por Watson, Thorndike e Pavlov, que abordaremos neste módulo, e Skinner, que será visto no módulo 3. A construção de um diálogo a partir daqui será fundamental. Nesse sentido, coloque-se no papel correto, reflita como se você fosse o professor. Chegou a hora de abordar uma escola fundamental para a Psicologia da Educação: o comportamentalismo. O comportamentalismo, mesmo levantando polêmicas e sofrendo críticas, teve impacto profundo no cenário da Psicologia, nos seus desdobramentos para a Educação e tem ainda muita atualidade. Vamos conhecer os precursores do comportamentalismo e seus estudos mais importantes, começando pelo “pai” dessa linha teórica. JOHN B. WATSON, O CRIADOR DO BEHAVIORISMO QUEM FOI WATSON? Ao apresentarmos a biografia mais extensa do teórico, não quer dizer que você precise decorar os fatos e as datas relacionados à vida dele, mas conhecer esses aspectos ajuda a compreender o contexto em que viveu e que pode ter influenciado a sua obra. Fonte:ShutterstockJohn Broadus Wason | Fonte: Wikipédia 1 John Watson foi um psicólogo norte-americano e é reconhecido como o pai do behaviorismo metodológico, que na Psicologia é também conhecido como comportamentalismo. Mesmo tendo nascido em uma família religiosa, na idade adulta se opunha abertamente à religião. 2 Ingressou na Furman University e, ao fim de cinco anos, recebeu o grau de mestre. Em seguida, matriculou-se na Universidade de Chicago, onde cursou Psicologia e começou a desenvolver suas teorias baseadas no behaviorismo. Influenciado por figuras como Vladimir Bekhterev e Ivan Pavlov, partiu dos princípios da fisiologia experimental para investigar os aspectos do comportamento. Em sua tese para o grau PhD em Neuropsicologia, analisou a relação entre o comportamento dos ratos de laboratório e o sistema nervoso central. Permaneceu na Universidade de Chicago como pesquisador. 3 Em 1908, passou a lecionar Psicologia Experimental e Comparada na Johns Hopkins University, em Baltimore, onde contou com a criação de um laboratório de Psicologia Animal. Em 1913, John Watson publicou um artigo intitulado A Psicologia como um comportamentalista a vê, em que estabelece as bases da nova corrente da Psicologia, contrária à Psicanalise de Freud, a qual considerava fantasiosa. Foi contrário, também, à noção de hereditariedade e sua influência nos tipos de personalidade, que atribuía exclusivamente à experiência e ao condicionamento do comportamento. 4 Com uma passagem pelo exército e a campanha devido à eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, Watson participou de uma campanha militar na França. Posteriormente, em 1915, foi nomeado presidente da Associação Psicológica Americana (APA). Em 1918, retornou às suas investigações, estudando a primeira infância. Em 1920, foi convidado a deixar a Universidade após vir a público o seu relacionamento com sua assistente Rosalie Rayner. 5 John Watson, então, ingressou em uma agência de publicidade, tornando-se, posteriormente, presidente da J. Walter Thompson, uma das maiores empresas de publicidade dos Estados Unidos. Paralelamente, dedicou-se à divulgação de suas teorias, publicou: Behaviorism (1925) e Atendimento psicológico de lactentes e crianças (1928). 6 Em 1957, já aposentado, recebeu o prêmio da APA pelas contribuições para a Psicologia. Pouco antes de sua morte, queimou grande parte de seus documentos e escritos inéditos. John Watson faleceu em Nova York, nos Estados Unidos, no dia 25 de setembro de 1958. Fonte: eBiografia javascript:void(0) APA Associação Americana de Psicologia, fundada em 1892 e em atividade. O SURGIMENTO DO COMPORTAMENTALISMO METODOLÓGICO OU CLÁSSICO Fonte: Fizkes/Shutterstock Já dissemos que o manifesto lançado por Watson, em 1913, é tido como o marco zero do surgimento do comportamentalismo, também chamado de behaviorismo. Nele, Watson defendeu o abandono dos estudos voltados para os processos psíquicos internos e a adoção da observação direta do comportamento como o único método possível para uma psicologia científica. Inaugurou, assim, o primeiro movimento do comportamentalismo, chamado de metodológico. Mais tarde surgiria outro movimento, o comportamentalismo radical, desenvolvido por Skinner. PODE SER REDUNDANTE, MAS O COMPORTAMENTALISMO VÊ O COMPORTAMENTO COMO UMA FORMA DOS ORGANISMOS VIVOS FUNCIONAREM E REAGIREM AO AMBIENTE. POR ISSO, WATSON AFIRMAVA QUE O ESTUDO DO MEIO EM QUE O INDIVÍDUO VIVE POSSIBILITA A PREVISÃO E O CONTROLE DO SEU COMPORTAMENTO, AS AÇÕES E AS HABILIDADES DE UM INDIVÍDUO SÃO DETERMINADAS POR SUAS RELAÇÕES COM O MEIO. CONSEQUENTEMENTE, UMA CRIANÇA PODERIA SER MOLDADA UTILIZANDO-SE TÉCNICAS DE CONDICIONAMENTO DO SEU COMPORTAMENTO. Watson era especialista em Psicologia Animal, também chamada de Psicologia Comparada, e os estudos sobre o comportamento de animais, estabelecendo analogias com os seres humanos, foram frequentes na sua obra e na dos dois outros precursores do behaviorismo: Thorndike e Pavlov. Fonte:ShutterstockFonte: Gorodenkoff/ Shutterstock Sua obra também é caracterizada pela preocupação com a metodologia das pesquisas, trazendo a valorização da Psicologia Experimental, com estudos realizados em laboratório, as condições de realização e os resultados rigorosamente controlados, sofrendo forte influência dos trabalhos de Pavlov. Considerava a aprendizagem como o resultado da associação entre estímulos (E) e respostas (R) e a isso chamou de condicionamento. A manipulação dos estímulos poderia aumentar a frequência das respostas ou, ao contrário, inibi-las, diminuindo a frequência e até fazendo com que desaparecessem. No vídeo a seguir o professor Caio Abitbol Carvalho nos apresenta a relação entre cientificismo, experiência e Pedagogia. EDWARD L. THORNDIKE E A CONEXÃO ENTRE A EXPERIÊNCIA VIVIDA E A RESPOSTA DADA PELOS SUJEITOS O psicólogo norte-americano Edward L. Thorndike era um comportamentalista com todas as características: faziaexperimentos de laboratório com animais, generalizando as conclusões aos comportamentos humanos; e estudava o comportamento e a sua modificação aplicando o conexionismo, a relação entre estímulos e respostas. Fonte:ShutterstockEdward Lee Thorndike / Fonte: Wikipédia Fonte: Africa Studio/ Shutterstock Um de seus experimentos mais conhecidos foi o da utilização de caixas-problema (puzzle boxes) para estudar como os animais aprendem. Eram caixas fechadas que continham uma pequena alavanca que, quando pressionada, permitia ao animal escapar. EXEMPLO Thorndike colocou um gato faminto dentro da caixa e um pedaço de carne do lado de fora. A seguir, observou e registrou cuidadosamente as tentativas e o tempo que o animal levou para escapar e obter a comida. De início, o gato apertava a alavanca por simples acaso, saía da caixa e recebia o alimento. Com a repetição da situação, no entanto, o animal buscava pressionar a alavanca e, progressivamente, chegava mais rapidamente a abrir a porta da caixa porque, segundo Thorndike, tinha recebido um prêmio imediatamente após executar a ação. Fonte:ShutterstockCaixa-problema utilizada no experimento de Thorndike AS LEIS DE THORNDIKE Com base em seus experimentos, Thorndike enunciou três conhecidas leis da aprendizagem: LEI DO EFEITO A aprendizagem, conexão entre um estímulo e uma resposta, será fortalecida se for acompanhada de uma satisfação (recompensa) e enfraquecida se for acompanhada de um estímulo desagradável (punição). LEI DA PRONTIDÃO OU DA MATURIDADE ESPECÍFICA Para que a conexão entre um estímulo e uma resposta seja efetivamente realizada e a aprendizagem ocorra, é necessário um estado do organismo que a favoreça. LEI DO EXERCÍCIO OU DA REPETIÇÃO Quanto mais vezes for realizada a conexão entre um estímulo e uma resposta, mais duradouro será o comportamento aprendido. PAVLOV, UM CIENTISTA RUSSO QUE CONDICIONAVA CACHORROS Assista ao vídeo a seguir para conhecer a história sobre o cão de Pavlov. COMO PAVLOV REALIZOU O CONDICIONAMENTO CLÁSSICO COM CÃES Conheça a seguir as etapas desenvolvidas por Pavlov: ANTES DO CONDICIONAMENTO - PRIMEIRA ETAPA Pavlov apresentou a carne (estímulo incondicionado) ao cachorro, provocando uma resposta incondicionada, espontânea: a salivação do animal. ANTES DO CONDICIONAMENTO - SEGUNDA ETAPA Um segundo depois apresentou o estímulo sonoro de uma campainha (estímulo neutro), que não provocava a salivação do animal. DURANTE O CONDICIONAMENTO - TERCEIRA ETAPA Apresentou ao cão os dois estímulos, sucessivas vezes, produzindo uma associação entre os dois. ANTES DO CONDICIONAMENTO - QUARTA ETAPA Após algumas associações, o som da campainha tornou-se um estímulo condicionado, pois, quando era apresentado sem a presença do alimento, o cão reagia com a salivação, agora uma resposta condicionada. RESUMINDO Pavlov concluiu que o cão “aprendeu”, ou seja, foi condicionado a salivar ao som da campainha, o que não era seu comportamento natural. Isso era o que ele chamou de condicionamento clássico ou respondente. O condicionamento respondente é a forma de aprendizagem que ocorre quando dois estímulos são realizados de maneira repetida em um período de tempo. O resultado é que o primeiro estímulo predispõe à ocorrência do segundo estímulo aquele que está aprendendo. Existe uma grande polêmica sobre a generalização desses resultados obtidos com animais aos seres humanos, mas é inegável que os princípios do condicionamento clássico são utilizados, ainda, no adestramento de animais. Fonte:ShutterstockFonte: Vellicos/Shutterstock Vejamos alguns exemplos com os alunos: 1. Nas escolas com fortes problemas disciplinares, como, por exemplo, nas cadeias e nos reformatórios, as aulas têm a designação de sujeitos que possuem “notoriedade” e são nomeados de “xerifes” ou algo afim. Eles têm função de estabelecer ou levar códigos externos para dentro do espaço de sala em troca de benefícios, como mais acesso a algumas áreas e até redução de penas ao coletivo se as aulas transcorrerem com “tranquilidade”. 2. Quando o professor deseja que todos façam silêncio, ele é responsável por executar um gesto repetido, ou um comando reconhecido, e todos devem parar. O condicionamento tem várias relações com os condicionamentos implementados e a obrigatoriedade de atender àquela hierarquia. 3. Outro exemplo é o das escolas que exigiam que todos os alunos ficassem de pé quando o professor entrasse em sala. A ideia de que era o momento de prestar atenção, ou do início da aula era o objetivo condicionado. Esses exemplos são simplórios e têm a função de ampliar a observação, sendo mais complexos se analisarmos individualmente cada uma dessas funções. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SOBRE O COMPORTAMENTALISMO OU BEHAVIORISMO, É CORRETO AFIRMAR QUE: Adota o conceito de consciência descrito por John B. Watson no manifesto A Psicologia como um comportamentalista a vê. Apresentou uma única corrente: o comportamentalismo metodológico. Teve a sua difusão a partir da publicação do livro Walden II. Aceita como válidos somente os métodos objetivos, rejeita a introspecção e o estudo dos processos humanos internos. Usa como método somente a análise sistêmica de seres humanos, pois rejeita a transposição de resultados obtidos com animais para investigar a ação humana. 2. O PSICÓLOGO E FISIOLOGISTA RUSSO IVAN PAVLOV DEMONSTROU EXPERIMENTALMENTE, EM SEUS ESTUDOS COM UM CÃO, O CONDICIONAMENTO CLÁSSICO. É CORRETO DIZER QUE, APÓS O CONDICIONAMENTO: Pavlov ensinou o cão a salivar diante de animais de brinquedo. O som da campainha tornou-se um estímulo condicionado pelo cão, pois, quando era apresentado sem a presença do alimento, o animal reagia com a salivação. Pavlov apresentava os estímulos alimento e campainha sempre separados por um longo intervalo de tempo. Pavlov, em seu experimento, extinguiu totalmente o comportamento do cão de salivar diante da apresentação da comida. Pavlov cria um ambiente em que, por condicionamento, ele pode obrigar os animais, e em teoria os humanos, a obedecerem à sua vontade por desejo. GABARITO 1. Sobre o comportamentalismo ou behaviorismo, é correto afirmar que: A alternativa "D " está correta. O comportamentalismo defende os métodos objetivos e o rigor experimental da pesquisa e rejeita o estudo dos processos humanos internos, por meio de métodos como a introspecção (reflexão que a pessoa faz sobre o que ocorre no seu íntimo, sobre suas experiências, emoções e seus sentimentos). <="" p="" style="margin: 0px auto; padding: 0px; font-family: sans-serif; -webkit-print-color-adjust: exact;"> Vamos ao comentário das quatro alternativas de resposta: Alternativa A – É incorreta porque John B. Watson rejeitava os estudos sobre a consciência e demais processos internos e defendeu essa ideia no manifesto A Psicologia como um comportamentalista a vê. Alternativa B – O comportamentalismo teve duas correntes: o comportamentalismo metodológico, dos precursores do movimento, como Watson, e o comportamentalismo radical, desenvolvido por Skinner. Alternativa C – A difusão do comportamentalismo se deu a partir da publicação do manifesto A Psicologia como um comportamentalista a vê, de John B. Watson. Walden II, com o subtítulo Uma Sociedade do Futuro, foi publicado por Skinner quando o comportamentalismo já estava totalmente difundido. Alternativa E – O comportamentalismo comumente utiliza as metodologias e os resultados da Psicologia Comparada estabelecendo analogias entre os resultados conseguidos com a análise de animais e o aprendizado de humanos. 2. O psicólogo e fisiologista russo Ivan Pavlov demonstrou experimentalmente, em seus estudos com um cão, o condicionamento clássico. É correto dizer que, após o condicionamento: A alternativa "B " está correta. A sequência correta do experimento do “cãode Pavlov”, que torna a opção B correta, é: 1ª etapa/2ª etapa – ANTES DO CONDICIONAMENTO: Pavlov apresentou a carne (estímulo incondicionado) ao cão, provocando uma resposta incondicionada, espontânea: a salivação do animal. Um segundo depois, apresentou o estímulo sonoro de uma campainha (estímulo neutro), que não provocava a salivação do animal. 3ª etapa – DURANTE O CONDICIONAMENTO: Apresentou ao cão os dois estímulos, sucessivas vezes, produzindo uma associação entre os dois. 4ª etapa – APÓS O CONDICIONAMENTO: Após algumas associações, o som da campainha tornou-se um estímulo condicionado, pois, quando era apresentado sem a presença do alimento, o cão reagia com a salivação, agora uma resposta condicionada. Resumindo, Pavlov concluiu que o cão “aprendeu”, ou seja, foi condicionado a salivar ao som da campainha, o que não era seu comportamento natural. MÓDULO 3 Identificar as principais características da teoria de Skinner e do behaviorismo radical SKINNER E O SURGIMENTO DO BEHAVIORISMO RADICAL PREMISSA No módulo 2, caracterizamos o behaviorismo chamado de clássico ou metodológico, segundo o qual a Psicologia não deve estudar os processos internos da mente, mas sim o comportamento. Este é visível e observável por uma ciência que se pretende positivista. Nesse contexto, são os estímulos do ambiente que geram e modificam o comportamento humano. Estudamos um pouco da obra de três comportamentalistas clássicos: Watson, o criador da linha teórica; Thorndike e as suas três leis da aprendizagem: a lei do efeito, a lei da prontidão ou da maturidade específica e a lei do exercício ou da repetição; e Pavlov e a formulação teórica do condicionamento clássico ou respondente. Neste módulo, conheceremos o criador do behaviorismo radical ou neobehaviorismo, Burrhus Frederic Skinner. QUEM FOI BURRHUS FREDERIC SKINNER? Burrhus Frederic Skinner foi um psicólogo norte-americano, amplamente influenciado pelo behaviorismo de J. B. Watson, que atuou na década de 1940 e foi responsável pela criação do behaviorismo radical com uma proposta filosófica sobre o comportamento humano. Fonte:ShutterstockBurrhus Frederic Skinner | Fonte : Wikipédia 1 Skinner nasceu na Pensilvânia, nos Estados Unidos, em 1904. Filho de um advogado e de uma dona de casa, desde cedo teve interesse no comportamento dos animais. Ingressou no Hamilton College, em Nova York, com o objetivo de se tornar escritor. 2 Em 1926, concluiu o bacharelado em Literatura Inglesa e Línguas Românicas. Durante dois anos se dedicou a escrever, mas concluiu que lhe faltavam habilidades literárias. 3 Em 1928, ingressou no curso de pós-graduação em Psicologia pela Universidade de Harvard, embora nunca tivesse estudado Psicologia antes. Concluiu o mestrado em 1930 e o doutorado em 1931, permanecendo, até 1936, como pesquisador na universidade. No mesmo ano, começou a lecionar na Universidade de Minnesota, onde permaneceu por nove anos. 4 Entre 1945 e 1947, lecionou na Universidade de Indiana, onde se tornou presidente do Departamento de Psicologia. Em 1948, retornou à Harvard como professor titular. Skinner, influenciado pela teoria dos reflexos condicionados de Pavlov e pelo estudo do comportamento de John B. Watson, buscava explicar a conduta dos indivíduos como um conjunto de respostas fisiológicas condicionadas e se dedicou ao estudo das possibilidades que ofereciam o controle científico da conduta mediante técnicas de reforço (estímulo do comportamento desejado). Para ele, a aprendizagem gestava-se na capacidade de estimular ou reprimir comportamentos, desejáveis ou indesejáveis. Fonte:ShutterstockExperimento de condicionamento, estudantes no laboratório de Psicologia Experimental da Faculdade de Psicologia (UNMSM) – Lima, Peru, 1999. Fonte: Wikipédia Sua relação com o behaviorismo de Watson resultou no desenvolvimento de sua própria versão, o behaviorismo radical. Tal corrente era contra as causas internas (mentais) como explicação da conduta humana, opondo-se, também, à realidade e à atuação dos elementos cognitivos – opondo-se à concepção de Watson. Para Skinner, o indivíduo era um ser único, homogêneo e não um todo construído de corpo e mente. Skinner escreveu vários livros e artigos sobre a teoria do comportamento, o reforço e a teoria da aprendizagem. Foi radical ao rejeitar a maioria das teorias no campo da Psicologia e levantou diversas polêmicas. Sua crítica mais sistêmica foi ao pensamento de Sigmund Freud. Ele acreditava que examinar os motivos inconscientes dos seres humanos não daria resultados, pois, em sua análise, a única coisa que valia investigar era o comportamento. A ORIGEM DO BEHAVIORISMO RADICAL Muitos consideram o norte-americano Burrhus F. Skinner como o mais legítimo representante do comportamentalismo. Realmente, ele foi incansável na tarefa de demonstrar a possibilidade de controlar e modelar o comportamento humano por meio da manipulação de estímulos do ambiente. Skinner criou a corrente do comportamentalismo chamado de radical, ou linguístico (devido ao grande interesse de Skinner pelos estudos da linguagem), ou ainda neobehaviorismo. Matos (1995) afirma que o termo radical buscou dar conta de dois sentidos. A princípio, por negar de maneira radical a existência de algo que escapasse ao mundo físico, que não tivesse uma existência identificável no espaço e no tempo (a mente, a consciência e a cognição); depois, por abarcar, radicalmente, todos os fenômenos comportamentais. Após estudar profundamente o condicionamento clássico ou respondente, investigado por Pavlov, três questões o preocuparam: O animal se mantinha totalmente passivo, apenas sofrendo a ação dos estímulos apresentados. No comportamento, especialmente o humano, qualquer resposta está relacionada com uma pluralidade de fatores, tem múltiplas causas e não é provocada por um único estímulo. Os estímulos provocam respostas (comportamentos) diferentes em indivíduos distintos. Skinner também foi influenciado pelos estudos do behaviorismo metodológico de Watson e de Thorndike, em especial pela lei do efeito – a aprendizagem, conexão entre um estímulo e uma resposta, será fortalecida se for acompanhada de uma satisfação (recompensa) e enfraquecida se for acompanhada de um estímulo desagradável (punição). Recordaremos a seguir a lei do efeito, de Thorndike: Fonte:Shutterstock ATENÇÃO Skinner desenvolveu, então, os estudos que deram origem à nova corrente teórica do comportamentalismo. A “CAIXA DE SKINNER” Assista ao vídeo a seguir para conhecer mais sobre a Caixa de Skinner e outras experiências de Psicologia Comportamentalista Aplicada. Agora, vamos conhecer um resumo do procedimento experimental que Skinner utilizou com ratos: Fonte:Shutterstockimagem 2 – Fonte: Psicoativo Fonte:Shutterstockimagem 1 – Fonte: Psicoativo De acordo com Nunes e Silveira (2008), um ser humano pode apresentar ações similares quando, por exemplo, aperta um botão de um aparelho para obter água. Em todas as vezes que sentir sede, havendo no ambiente tal aparelho, sua ação será apertar o botão do bebedouro e saciar a sede. Cada vez que isso acontece, o indivíduo é reforçado pela saciação da sede que sentia. ATENÇÃO Skinner afirmava que não era necessário condicionar todos os comportamentos, pois uma aprendizagem condicionada seria generalizada para todas as situações semelhantes. Continuando o experimento, depois de realizado o condicionamento da resposta desejada, Skinner efetivou sua extinção. Cada vez que o rato se aproximava da alavanca, recebia um choque. Depois de algum tempo, o animal não mais apresentava o comportamento de pressionar a alavanca, que havia sido condicionado. Esse comportamento desapareceu, foi extinto. Assim Skinner considerou superada a questão da passividade do indivíduo, presente no condicionamento clássico ou respondente estudadopor Pavlov. Estava descoberto o condicionamento operante. VAMOS, AGORA, COMPARAR OS DOIS TIPOS? Condicionamento clássico (Pavlov) Condicionamento operante (Skinner) Estímulos Simples associação entre os estímulos. O comportamento desejado é seguido de consequências agradáveis, positivas (reforço). Comportamento Reflexos, respostas automáticas. Comportamentos inéditos, ainda não apresentados pelo sujeito. Resposta emitida Involuntária. Voluntária. Papel do sujeito Passivo, apenas recebe o estímulo e emite a resposta. Ativo, o sujeito age para receber o reforço. Aprendizagem Aprende a associação entre os estímulos. Discriminação das circunstâncias (sem o reforço e com o reforço). Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal A NOSSA COLEÇÃO DE CONCEITOS DE SKINNER Conceito de condicionamento operante É o processo de aprendizagem provocado pela apresentação de um estímulo após o comportamento, com o intuito de aumentar ou diminuir sua frequência, causando a associação entre o comportamento e a sua consequência. Tal método difere do condicionamento clássico, no qual o sujeito tem um comportamento ativo que opera no ambiente para gerar as consequências desejadas. Conceito de reforço É a contingência apresentada após o comportamento, com o objetivo de aumentar, diminuir ou extinguir um comportamento. São três os tipos de reforço: autor/shutterstock REFORÇO POSITIVO Recompensa pelo comportamento que se deseja condicionar. Como, por exemplo, um cão que recebe um biscoito (reforço mediante recompensa ou prêmio) sempre que atende à ordem de sentar (comportamento). Fonte: Gray Kotze/Shutterstock autor/shutterstock REFORÇO NEGATIVO Retirada de uma consequência desagradável quando ocorre o comportamento que se deseja condicionar. Como, por exemplo, o uso de protetor solar (o comportamento) para evitar as queimaduras solares e a possibilidade do câncer de pele (reforço mediante a remoção do estímulo aversivo). Fonte: Kleber Cordeiro/Shutterstock. Fonte: Kleber Cordeiro/Shutterstock autor/shutterstock PUNIÇÃO Consiste em provocar uma condição desagradável, na tentativa de eliminar um comportamento não desejado. Como, por exemplo, uma criança que faz uma travessura (comportamento) e perde o direito de brincar no playground (punição). Fonte: Fizkes/Shutterstock PROBLEMATIZANDO A TEORIA DE SKINNER O comportamentalismo em geral, e principalmente Skinner, sofreram muitas críticas e levantaram grandes polêmicas, não apenas por causa dos seguidores da Psicanálise, do humanismo e do cognitivismo, mas também pela própria essência das formulações teóricas apresentadas. Escolhemos três para que você reflita sobre elas, mas, por uma questão de imparcialidade, apresentaremos a resposta do comportamentalismo a cada uma. VAMOS FAZER UM EXERCÍCIO? E se você pudesse perguntar a Skinner sobre as polêmicas acerca de suas teorias? Responda e compare seu texto com o texto apontado na ilustração abaixo, em que um estudante pesquisa sobre a obra de Skinner e questiona essas críticas: TEORIA 1: COMO É POSSÍVEL PROPOR UMA TEORIA DA APRENDIZAGEM, DESCONHECENDO FATORES COMO A MOTIVAÇÃO, OS PROCESSOS COGNITIVOS, A EMOÇÃO E OS SENTIMENTOS DO SER HUMANO? RESPOSTA SKINNER O objeto de estudo do behaviorismo não envolve os aspectos mentalistas, mas o comportamento observável do homem. Deseja observar, controlar e modificar o comportamento, mediante a utilização de reforços. “Como a ciência do comportamento continuará a aumentar o uso eficaz desse controle, é agora mais importante do que nunca, compreender o processo implicado e prepararmo-nos, nós mesmos, para os problemas que certamente surgirão.” (SKINNER, 1981). TEORIA 2: COMO É POSSÍVEL REFORÇAR O COMPORTAMENTO QUE SE DESEJA CONDICIONAR O TEMPO TODO, PARA QUE ELE SEJA MANTIDO? RESPOSTA SKINNER O comportamento condicionado tem permanência e adquire, com o tempo, certa variedade de manifestações, a não ser que se realize a extinção do comportamento pela utilização de um novo esquema de reforços. “Os resultados experimentais são bastante precisos para sugerir que, em geral, o organismo desenvolve certo número de respostas para cada resposta reforçada. Nós veremos, entretanto, que os resultados dos esquemas de reforçamento não são sempre redutíveis a uma equação simples de input com output.” (SKINNER, 1981) TEORIA 3: COMO É POSSÍVEL, SENDO TÃO GRANDE A VARIEDADE DE COMPORTAMENTOS HUMANOS, REFORÇAR CADA UM DELES, PARA QUE SEJAM CONDICIONADOS DE MANEIRA SATISFATÓRIA? RESPOSTA SKINNER O comportamentalismo não pretende condicionar cada comportamento humano. O condicionamento proporciona a generalização do que foi aprendido para situações semelhantes, atendendo a todas as possibilidades de comportamento. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) “Dividimos o comportamento em unidades rápidas e rígidas e depois nos surpreendemos ao constatar que o organismo menospreza os limites por nós colocados. É difícil conceber duas respostas que não tenham algo em comum... elementos são reforçados onde quer que ocorram. (...) O reforço de uma resposta aumenta a probabilidade de todas as respostas que contêm os mesmos elementos.” (SKINNER, 1981) SAIBA MAIS SOBRE A POLÊMICA ENTRE SKINNER E CHOMSKY Já dissemos que uma das várias áreas de interesse de Skinner era a linguagem. Ele publicou, em 1957, um livro muito importante chamado Comportamento Verbal (Verbal Behavior), em que considera a linguagem como adquirida, passando de contingências comportamentais simples para complexas mediante associações, imitação e reforçamento. Noam Chomsky, linguista, filósofo, sociólogo e ativista político norte-americano, considerado o pai da Linguística moderna, e de orientação cognitivista, criticou duramente a concepção de linguagem apresentada por Skinner. Fonte: Wikipédia Linguagem aprendida (Skinner) autor/shutterstock Linguagem não aprendida (Chomsky) Autor da “Teoria Gerativa”, Chomsky tem como pressuposto que os seres humanos nascem geneticamente dotados de uma faculdade da linguagem (uma espécie de módulo mental específico para a língua), ela não é aprendida (CHOMSKY, 2002). VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O BEHAVIORISMO RADICAL FOI PROPOSTO POR B. F. SKINNER, PSICÓLOGO NORTE- AMERICANO. SOBRE A VISÃO DE APRENDIZAGEM DESSA ESCOLA TEÓRICA, CONSIDERE AS SEGUINTES AFIRMATIVAS: I. A APRENDIZAGEM POR CONDICIONAMENTO IMPLICA A EXPOSIÇÃO DIRETA ÀS CONTINGÊNCIAS DE REFORÇO II. A APRENDIZAGEM POR CONDICIONAMENTO É A ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTÍMULO E RESPOSTA. III. A APRENDIZAGEM DESCRITA POR SKINNER É O CONDICIONAMENTO RESPONDENTE. IV. REFORÇOS SÃO CONDIÇÕES QUE PODEM AUMENTAR, DIMINUIR OU EXTINGUIR A EMISSÃO DE UMA RESPOSTA. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA. As afirmativas I, III, e IV são corretas. As afirmativas I, II e IV são corretas. Apenas a afirmativa IV é verdadeira. Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras. Apenas a afirmativa I é verdadeira. 2. NUMERE A SEGUNDA COLUNA, FAZENDO A CORRESPONDÊNCIA À PRIMEIRA, QUANTO AOS TIPOS DE REFORÇO ESTUDADOS POR SKINNER. 1. REFORÇO POSITIVO 2. REFORÇO NEGATIVO 3. PUNIÇÃO ( ) EM UMA LOJA DE BRINQUEDOS, BERNARDO CHORA E SE ATIRA NO CHÃO, PEDINDO QUE OS PAIS COMPREM UM CARRINHO, E OS PAIS COMPRAM, SATISFAZENDO A VONTADE DO MENINO. ( ) NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, MARIANA FEZ BAGUNÇA, AGIU AGRESSIVAMENTE COM OS COLEGAS E RESPONDEU DE MANEIRA POUCO EDUCADA AO PROFESSOR. ESTE A RETIROU DA ATIVIDADE E AVISOU QUE DIMINUIRIA UM PONTO DA NOTA DA PROVA DE MARIANA. ( ) SABENDO QUE, ÀS SEXTAS-FEIRAS, O TRÂNSITO NO CAMINHO DA CASA AO TRABALHO É MUITO INTENSO, SÉRGIO SAI PELO MENOS MEIA HORA MAIS CEDO, SENÃO CHEGARÁ ATRASADO. A SEQUÊNCIA DE NÚMEROS QUE EXPRESSA A CORRESPONDÊNCIA ADEQUADA ENTRE AS DUAS COLUNAS É: 3 - 2- 1 3 - 1 - 2 1 - 3 - 2 1 - 2 - 3 2 - 1 - 3 GABARITO 1. O behaviorismo radical foi proposto por B. F. Skinner, psicólogo norte-americano. Sobre a visão de aprendizagem dessa escola teórica, considere as seguintes afirmativas: I. A aprendizagem por condicionamento implica a exposição direta às contingências de reforço II. A aprendizagem por condicionamento é a associação entre estímulo e resposta. III. A aprendizagem descrita por Skinner é o condicionamento respondente. IV. Reforços são condições que podem aumentar, diminuir ou extinguir a emissão de uma resposta. Assinale a alternativa correta. A alternativa "D " está correta. Segundo Skinner, a aprendizagem por condicionamento implica atividade de quem aprende em buscar ou evitar contingências, que ele chamou de reforços. Estes, apresentados após as respostas, podem aumentar, diminuir ou extinguir a emissão delas, como apresentam as afirmativas I e IV. No entanto, na afirmativa II, ao falar da aprendizagem como associação entre estímulo e resposta, refere-se ao condicionamento clássico ou respondente, formulado pelos pioneiros do comportamentalismo, como Watson e Pavlov, e na afirmativa III, o correto seria dizer que: “A aprendizagem descrita por Skinner é o condicionamento operante”. 2. Numere a segunda coluna, fazendo a correspondência à primeira, quanto aos tipos de reforço estudados por Skinner. 1. Reforço positivo 2. Reforço negativo 3. Punição ( ) Em uma loja de brinquedos, Bernardo chora e se atira no chão, pedindo que os pais comprem um carrinho, e os pais compram, satisfazendo a vontade do menino. ( ) Na aula de Educação Física, Mariana fez bagunça, agiu agressivamente com os colegas e respondeu de maneira pouco educada ao professor. Este a retirou da atividade e avisou que diminuiria um ponto da nota da prova de Mariana. ( ) Sabendo que, às sextas-feiras, o trânsito no caminho da casa ao trabalho é muito intenso, Sérgio sai pelo menos meia hora mais cedo, senão chegará atrasado. A sequência de números que expressa a correspondência adequada entre as duas colunas é: A alternativa "C " está correta. Skinner descreveu três tipos de reforço: O reforço positivo ancora-se na recompensa por se fazer de forma estruturada. A punição é o combate ao comportamento que deve ser abandonado, aproximando-se de um exercício de constranger o erro. E, por fim, quase como uma consequência, o reforço negativo, ao mudar o comportamento não desejado e fazer a suspensão da consequência desagradável se o comportamento for ao caminho desejado. MÓDULO 4 Reconhecer os impactos do behaviorismo na constituição de uma Psicologia da Educação Comportamentalista A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO COMPORTAMENTALISTA E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM Fonte: Microgen/Shutterstock A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO No módulo anterior, abordamos um dos mais importantes teóricos do comportamentalismo: Burrhus F. Skinner. Enquanto Watson foi considerado fundador dessa escola teórica, criando o behaviorismo metodológico, Skinner, com os seus experimentos e a proposição do condicionamento operante, criou o behaviorismo radical. As principais diferenças entre ambos os behaviorismos podem ser resumidas da seguinte forma: BEHAVIORISMO METODOLÓGICO Watson Comportamento reflexo ou respondente. Comportamento produzido por estímulos do ambiente. Condicionamento clássico. BEHAVIORISMO RADICAL Skinner Comportamento operante. Comportamento ativo do sujeito sobre o ambiente, reforçado por suas consequências. Condicionamento operante. Veremos algumas implicações do que podemos chamar de Psicologia da Educação Comportamentalista sobre o ensino e a aprendizagem. A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO COMPORTAMENTALISTA Começaremos definindo a aprendizagem para o comportamentalismo ou behaviorismo. Vale a pena lembrar três premissas básicas do comportamentalismo: 1. A aprendizagem se refere às repostas ou aos comportamentos observáveis e mensuráveis. 2. Alguns mecanismos de aprendizagem utilizados por animais são semelhantes e utilizados por seres humanos. 3. A base para a compreensão da aprendizagem é o processo elementar de relacionamento entre estímulos e respostas. ATENÇÃO Assim, para essa escola teórica, aprendizagem é o processo de mudança do comportamento do indivíduo em função de sua interação com o meio, dos estímulos externos a que é submetido, das contingências de reforço etc. Ensinar, consequentemente, é controlar esses estímulos, modelando o comportamento no sentido desejado pelo sujeito e pela sociedade em geral. Isso fica claro quando Skinner afirma que o comportamento é seguido pelo reforço, na medida em que ele não o persegue ou ultrapassa. Explica-se o desenvolvimento de uma espécie e o comportamento de um membro da espécie pela ação seletiva das contingências de sobrevivência e contingências de reforço. Para Skinner (1981), tanto a espécie como o comportamento do indivíduo se desenvolvem quando são modelados e mantidos pelos seus efeitos sobre o mundo à sua volta. Dos teóricos comportamentalistas que estudamos, sem dúvida foi Skinner o que mais se preocupou com a Educação e realizou trabalhos nessa área. APLICAÇÕES DO BEHAVIORISMO RADICAL DE SKINNER À EDUCAÇÃO Estes são alguns dos pensamentos de Skinner sobre a Educação: Skinner sistematizou a sua teoria da aprendizagem em um livro chamado Tecnologia do Ensino (1975a), em que trata do impacto de suas teorias a longo prazo. Chama a atenção como uma tecnologia do ensino: o comportamentalismo aumentaria a produtividade do professor, pois permitiria que ensinasse mais – mais em determinada matéria, mais matérias, a mais alunos. Não considera que trate de um “alargamento” no sentido industrial, pois não identifica ser mais produtivo ao ato de trabalhar mais. Ao contrário, aponta que motiva trabalhar em melhores condições e a troco de melhores recompensas. (SKINNER, 1975) São estas as etapas do ensino, de acordo com o comportamentalismo de Skinner: 1ª ETAPA Estabelecimento dos comportamentos desejados (formulação de objetivos instrucionais). 2ª ETAPA Análise da tarefa de aprendizagem (estabelecimento da ordem dos passos da instrução a ser realizada). 3ª ETAPA Execução do programa de instrução (reforço gradual das respostas corretas). PRINCÍPIOS DA TEORIA DA APRENDIZAGEM DESENVOLVIDA POR SKINNER Segundo Case e Bereiter (1984), a teoria da aprendizagem de Skinner possui os seguintes os princípios: Identificar os reforçadores potenciais disponíveis e eficazes para o aprendiz em questão; Identificar e descrever objetivamente o comportamento desejado; Descrever o comportamento inicial, ou de entrada, do aprendiz; A partir do comportamento de entrada, definir uma série de comportamentos capazes de conduzir ao comportamento final desejado, em uma sucessão na qual cada teste represente uma pequena modificação do precedente; Passar os estudantes pela sequência de comportamentos, fazendo uso de demonstrações e instruções, conjugadas a reforços positivos das variações de comportamento produzidas na direção desejada; Por meio da prática, reforçada, assegurar que cada comportamento seja bem aprendido antes de avançar para o passo seguinte. EXEMPLOS DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO COMPORTAMENTALISTA NOS TRABALHOS DE SKINNER Podemos mencionar a existência de uma Psicologia da Educação Comportamentalista não apenas pelas visões de aprendizagem dos pioneiros do behaviorismo metodológico, Watson, Thorndike e Pavlov, mas principalmente pelos trabalhos de Skinner. Skinner enunciou o conceito de aprendizagem como a aquisição de novos conhecimentos, expressos por mudanças comportamentais, por intermédio de estímulos do meio, que chamou de reforços, modelando os comportamentos desejados, e estudou a aprendizagem de seres humanos e animais. Duas famosas aplicaçõesdas teorias de Skinner à Educação, e que nos autorizam a falar da existência de uma Psicologia da Educação Comportamentalista, são a instrução programada e as máquinas de ensinar, que tiveram sucesso na década de 1960 e no início dos anos 1970. INSTRUÇÃO PROGRAMADA A instrução programada era um material de ensino, impresso (apostilas e livros), que obedecia aos princípios elaborados por Skinner para a aprendizagem: Permite definir os objetivos operacionais do que se pretende realizar com os alunos, relativo a conhecimentos, habilidades e atitudes; O conteúdo é apresentado, ordenado em sequência lógica, em pequenas quantidades, que crescem gradativamente em profundidade e extensão; A cada porção de conteúdo apresentada, exige-se uma resposta imediata, uma atividade por parte do educando; A porcentagem de erro por parte do aluno deve ser mínima ou igual a zero e, para isso, podem ser apresentadas pistas da resposta correta, induzindo ao acerto. Após cada esforço do aluno para dar uma resposta correta, segue-se uma recompensa imediata; Permite ao aluno evoluir no material e desenvolver-se em seu próprio ritmo. Há avaliação constante do progresso do aluno e do programa quanto à sua efetividade. Para compreender melhor o que é a instrução programada, vejamos dois exemplos: Exemplo 1: autor/shutterstock Exemplo 2: autor/shutterstock MÁQUINAS DE ENSINAR Podemos dizer que Skinner foi um precursor da inserção das tecnologias na Educação. Uma das maneiras de emprego da instrução programada era por meio de máquinas programadas com um sistema eletrônico, indicando os passos que os estudantes deveriam seguir para realizar os estudos e apresentando vários exercícios que deveriam ser respondidos individualmente. Cada resposta era corrigida na mesma hora e a percepção do acerto era considerada por Skinner como um reforço positivo. Cada aluno resolvia os exercícios em seu tempo. O professor atuava como um monitor, tirando dúvidas sobre a utilização das máquinas e explicando apenas o necessário para cada atividade. Para Skinner, a apresentação de um material deveria ser cuidadosamente planejada, e cada problema deveria depender da resposta ao anterior, tendo em vista um progresso contínuo até a aquisição de um repertório complexo. Passos adicionais devem ser introduzidos caso, e onde, os alunos encontrem dificuldades, até que finalmente o material atinja o ponto em que as respostas do aluno estejam quase sempre certas. (SKINNER, 1975) VOCÊ SABIA QUE SKINNER APLICOU OS SEUS PRINCÍPIOS TEÓRICOS À EDUCAÇÃO DE JOVENS INFRATORES? Na década de 1970, desenvolveu um trabalho no Kennedy Youth Center, um centro de recuperação de jovens em conflito com a lei. AS PRISÕES E ESCOLAS PARA DELINQUENTES JUVENIS SÃO OUTROS LUGARES NOS QUAIS A MODIFICAÇÃO DE COMPORTAMENTO SUBSTITUIU AS MEDIDAS PUNITIVAS. ESSAS INSTITUIÇÕES NÃO SÃO PLANEJADAS PARA PUNIR APENAS O MAU COMPORTAMENTO NO PASSADO, MAS TAMBÉM DURANTE O ENCARCERAMENTO, NO SENTIDO QUE OS PRISIONEIROS TENDEM A RECEBER ATENÇÃO DAS AUTORIDADES DA PRISÃO PRINCIPALMENTE QUANDO SE COMPORTAM MAL. HÁ POUCOS INCENTIVOS EM UMA PRISÃO POR COMPORTAR-SE BEM. ISSO NÃO PRECISA SER ASSIM. EM UM EXPERIMENTO EM UMA ESCOLA PARA DELINQUENTES JUVENIS NOS EUA, OS GAROTOS RECEBERAM UMA CHANCE. ELES PODERIAM, SE QUISESSEM, FICAR SEM FAZER NADA DURANTE O DIA. ELES PODERIAM SE SENTAR EM UM BANCO, COMER REFEIÇÕES NUTRITIVAS, MAS NÃO MUITO INTERESSANTES, DORMIR NO DORMITÓRIO DURANTE A NOITE. ENTRETANTO, SE GANHASSEM PONTOS, PODERIAM RECEBER COMIDA MAIS INTERESSANTE, TER ACESSO A MESAS DE BILHAR, TELEVISORES, ALUGAR UM QUARTO PRIVATIVO OU MESMO COMPRAR UM TEMPO FORA DA INSTITUIÇÃO. ELES GANHAVAM PONTOS EM PARTE REALIZANDO SERVIÇOS DE LIMPEZA, MAS A MAIORIA, ESTUDANDO COM INSTRUÇÃO PROGRAMADA. MUITOS DESSES MENINOS FORAM ABANDONADOS PELOS SISTEMAS EDUCACIONAIS AOS QUAIS FORAM EXPOSTOS. E AGORA ELES DESCOBRIRAM QUE SÃO CAPAZES DE APRENDER A LER, ESCREVER E FAZER ARITMÉTICA SIMPLES. OS MENINOS PARTICIPARAM DO EXPERIMENTO APENAS POR POUCOS MESES, MAS A TAXA DE RECIDIVA FOI GRANDEMENTE ALTERADA. AO FINAL DE UM ANO APÓS A LIBERTAÇÃO, 25 POR CENTO ESTAVAM NOVAMENTE EM APUROS, MAS A QUANTIA SERIA DE 85 POR CENTO EM OUTROS CASOS. AO FINAL DO SEGUNDO ANO, 50 POR CENTO ESTAVAM EM APUROS E, APÓS TRÊS ANOS, HAVIA POUCA EVIDÊNCIA DA EFETIVIDADE DO PROGRAMA. OS MENINOS VOLTARAM AO MUNDO NO QUAL MUITAS CONTINGÊNCIAS ERRADAS PREVALECIAM. MESMO ASSIM, O EXPERIMENTO RENDEU MAIS DO QUE CUSTOU, NO QUE DIZ RESPEITO AO INTERESSE DO GOVERNO. (SKINNER, 1979) Agora, o professor Caio Abitbol Carvalho fala um pouco mais sobre a experiência de Skinner. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. EM UMA ESCOLA, A DIREÇÃO CONVIDOU UMA ESPECIALISTA NA TEORIA DE SKINNER PARA FAZER UMA SESSÃO DE ESTUDOS COM OS PROFESSORES. UM DOS ASPECTOS QUE MAIS CHAMOU A ATENÇÃO DOS PROFESSORES FOI: Deve ser evitada a utilização de qualquer tipo de elogio ou prêmio. A punição somente deve ser utilizada, como reforço, na impossibilidade de aplicação de reforços positivos (elogios, premiações). O reforço positivo é a única intervenção capaz de motivar o aluno para a aprendizagem. O ensino baseado nos princípios de Skinner dispensa o planejamento. O uso do reforço positivo precisa estar condicionado ao término do processo de educação. 2. AO VOLTAR DA ESCOLA, ONDE TEVE UMA REUNIÃO COM OS PROFESSORES, UMA MÃE FICOU PREOCUPADA COM AS NOTAS BAIXAS QUE O FILHO TEVE NO BIMESTRE. EM CASA, COMBINOU COM O MENINO QUE ELE SERIA DISPENSADO DE AJUDAR NA LIMPEZA DA CASA, TAREFA DOMÉSTICA DE QUE ELE MENOS GOSTA, CASO SE DEDICASSE AOS ESTUDOS E AS NOTAS MELHORASSEM. A LIBERAÇÃO CONTINUARIA ATÉ O FINAL DO ANO, SE AS NOTAS SE MANTIVESSEM NA MÉDIA. O MENINO FEZ O COMBINADO. NO BIMESTRE SEGUINTE, AS NOTAS AUMENTARAM SIGNIFICATIVAMENTE E A LIBERAÇÃO DO AUXÍLIO NA LIMPEZA DA CASA FOI IMPLANTADA, COM A POSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO ATÉ O FINAL DO ANO. ESSA MÃE FEZ USO DE UM DOS MAIS IMPORTANTES CONCEITOS DO CONDICIONAMENTO OPERANTE, CRIADO POR SKINNER, QUE É: Reforço positivo. Reforço negativo. Punição. Compreensão empática. Condicionamento operante. GABARITO 1. Em uma escola, a direção convidou uma especialista na teoria de Skinner para fazer uma sessão de estudos com os professores. Um dos aspectos que mais chamou a atenção dos professores foi: A alternativa "B " está correta. Skinner propõe que se evite o uso de punições, utilizando alguns argumentos: os estímulos aversivos empregados na punição podem se limitar a uma situação imediata e não obrigatoriamente modificarão o comportamento futuramente; comportamentos severamente punidos desencadeiam respostas emocionais que podem dificultar o condicionamento. Nas demais alternativas, temos: Alternativa A – É contrária à proposta de Skinner, de utilização de reforços positivos para alcançar as aprendizagens desejadas. Alternativa C – Fala apenas do reforço positivo, quando Skinner descreveu mais dois tipos de reforço: o negativo e a punição. Alternativa D – É incorreta porque o ensino baseado nos princípios de Skinner demanda a elaboração de um planejamento detalhado (formulação de objetivos, análise da tarefa, estabelecimento de etapas). Alternativa E – Está incorreta, pois Skinner salientou que cada resposta deveria ser corrigida na mesma hora, e a percepção do acerto era considerada como reforço positivo. 2. Ao voltar da escola, onde teve uma reunião com os professores, uma mãe ficou preocupada com as notas baixas que o filho teve no bimestre. Em casa, combinou com o menino que ele seria dispensado de ajudar na limpeza da casa, tarefa doméstica de que ele menos gosta, caso se dedicasse aos estudos e as notas melhorassem. A liberação continuaria até o final do ano, se as notas se mantivessem na média. O menino fez o combinado. No bimestre seguinte, as notas aumentaram significativamentee a liberação do auxílio na limpeza da casa foi implantada, com a possibilidade de manutenção até o final do ano. Essa mãe fez uso de um dos mais importantes conceitos do condicionamento operante, criado por Skinner, que é: A alternativa "A " está correta. A única alternativa correta é A – Reforço Positivo (recompensa pelo comportamento que se deseja condicionar). O comportamento desejado pela mãe era a melhora das notas do filho. Para isso, aplicou o reforço positivo da liberação da tarefa doméstica e obteve a modificação comportamental que era necessária. Nas demais alternativas, temos: Alternativa B – O conceito de reforço negativo é a retirada de uma consequência desagradável quando ocorre o comportamento que se deseja condicionar. Alternativa C – A punição é a utilização de uma condição desagradável na tentativa de eliminar um comportamento não desejado. Alternativa D – A compreensão empática é um conceito de Carl Rogers: a capacidade de se colocar no mundo subjetivo do outro e de participar na sua experiência, de ver o mundo como o outro o vê. Alternativa E – O condicionamento operante é um conceito formulado por Skinner, que considera que o comportamento ativo do sujeito sobre o ambiente é reforçado por suas consequências. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Abordamos a Psicologia da Educação Comportamentalista ou Behaviorista e suas principais bases teóricas. Vimos o surgimento do behaviorismo metodológico e seus precursores: Watson, Thorndike e Pavlov, bem como seus experimentos de laboratório com animais, cujos resultados generalizavam aos humanos e construíram o conceito de condicionamento clássico. Foram muitos os antagonismos com a Psicanálise, o humanismo e o cognitivismo. O criador do behaviorismo radical, Burrhus F. Skinner, formulou uma teoria da aprendizagem – o condicionamento operante – em que o indivíduo era ativo na busca dos reforços que modelavam a mudança do seu comportamento. Fez estudos com seres humanos e deixou o legado de aplicações educacionais como a instrução programada e as máquinas de ensinar, entre outros. Sobre o percurso histórico da Educação, considerava que a escola pública teria sido inventada com o objetivo primário de oferecer os serviços de um “tutor particular” a um número maior de estudantes e ao mesmo tempo. Tendo o número de estudantes aumentado, cada um necessariamente passou a receber menos atenção. Para Skinner, ao atingir a marca de 25 ou 30 alunos, a atenção pessoal tutor-aluno tornou-se esporádica. Os livros teriam sido inventados para fazer uma parte desse trabalho, mas eles não fazem duas coisas importantes: não podem, assim como o tutor, avaliar imediatamente o que cada estudante disse, nem dizer-lhes exatamente o que devem fazer em seguida; as máquinas de ensino e os textos programados foram inventados para restabelecer essas características importantes da instrução tutorial (SKINNER, 1991).
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