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Chagas: Dados epidemiológicos: • Doença endêmica na América do Sul, Central e México, com uma prevalência de 8 milhões de infectados; • Indivíduos que vivem em áreas rurais tem maior risco, principalmente, os que vivem em casas de pau-a-pique (Cafuas); • Uma das causas da doença é a domesticação de animais silvestres; • É um problema médico social grave, sendo que a OMS considera uma das principais causas de morte súbita em fase produtiva do cidadão; • A pessoa que contém chagas, algumas vezes se torna marginalizado do mercado de trabalho, pois as pessoas com chagas se aposentam precocemente, ocasionando sobrecarga da pervidência; • Formas de transmissão: Oral(72%), Vetorial (9%) e causas desconhecidas (18%). Modo de infecção: • Alimentos ou bebidas contaminadas; • Contato com as fezes do barbeiro - vetorial; • Transfusões de órgão (perigoso em pessoas imunossuprimidas); • Acidentes laboratoriais; • Congênita (no Brasil em 2010 tinham 34.629 casos de mulheres grávidas infectadas com T. Cruzi, e 312-1073 crianças nascidas de infecção congênita); • Caçadores com mãos feridas: presa recente (contato de sangue com sangue); • Coito: Não foi comprovado na espécie humana, mas já foi encontrado parasito na menstruação de mulheres infectadas e no esperma de cobaias! A infeção já foi encontrada em vagina de ratas (Acredita-se que é sexualmente transmissível); • Os vetores são invertebrados, sendo eles: Triatoma infestans, Rhodnius prolixus e Panstrogylus megistus. O habitat em que eles, normalmente, são encontrados na natureza, mas devido o desmatamento eles vão para dentro das casas e se escondem em frenestas. Agente etiológico: Ele é encontrado em 3 formas (amastigota e tripomastigota são as formas mais encontradas no organismo humano): • Amastigota: Dentro das células do sistema monofagocítico multinuclear e células cardíacas, esqueléticas e lisas (é uma forma importante para a patogenia). Eles realizam divisão binária simples e é essa forma que se transforma na tripomastigota! • Epimastigota: Multiplica no intestino de vetor e em cultura! Realiza divisão binária simples! • Tripomastigota: É a forma infectante, que sai nas fezes do barbeiro e entra no indivíduo! É a forma sanguínea do hospedeiro vertebrado, e no momento que se faz o exame, é nessa forma que se vê (tem relação com transmissão e diagnóstico). Nessa forma ele não se divide! Chagas: Faculdade Ciências Médicas MG // PARASITOLOGIA Luisa Trindade Vieira - 72D **Esse grupo de parasitas tem uma organela, denominada cinetoplasto que é uma mitocôndria modificada e rica em DNA, que é importante para estudos de evolução, e para saber que alguns medicamentos não são viáveis para o tratamento da doença. Ciclo biológico: É um ciclo heteroxênico: • A contamianção pelo barbeiro contamiado, é por meio do tripomastigoto que sai nas fezes do invertebrado; • Após esse processo ele penetra a pele (o indivíduo coça o local da picada) e vai para a corrente sanguínea; • Quando ele está na corrente sanguínea, as células fagocitárias fagocitam o protozoário, que resiste às enzimas lisossômicas do mesmo, escapando do vacúolo e se diferenciando em amastigotos; • Após esse processo, o protozoário se replica, formando um ninho de amastigotos dentro da célula fagocítica humana; • Depois dos ninhos formados, eles se replicam até a célula se romper, liberando mais tripomastigoto na corrente sanguínea, reiniciando o ciclo dentro do organismo humano! ***Quando o barbeiro pica um indivíduo contaminado o Tripomastigoto se diferencia em esperomastigoto no organismo do barbeiro, realiza a replicação e se diferencia novamente em Tripomastigoto,! Ciclo de vida: Fases de interação parasita-hospedeiro: • Adesão celular: Contato membrana- membrana; • Interiorização: Formação de pseudópodes; • Fenômenos intracelulares: Tripomastigota resiste a ação das enzimas lisossômicas, 3 horas após transforma-se em amastigota, ocorre a divisão binária a cada 12 horas! Em 9 gerações há cerca de 540 parasitos que se diferenciam em Tripomastigota e rompem a célula. Imagem da divisão binária dos Amastigotos! Reservatório: Os reservatórios de chagas são os mamíferos silvestres, como: Tatus, marsupiais, gambás, além de roedores e macacos! **Por isso o perigo de caçadores com mãos feridas! Ao encostar sua ferida no sangue do mamífero contaminado, ele contrai a doença. Formas clínicas: Possuem as formas clinicas sintomáticas e assintomáticas: • Os sinais e sintomas (fase aguda) são de 8 a 12 semanas após o contágio; • Sinais específicos da doença, não são muito comuns, mas são eles: Sinal de Romaña (olho inchado - edema bipalpebral e unilateral) e Chagoma de inoculação (edema em outra região do corpo) Sinal de Romaña! • Os sintomas inespecíficos são: Febre, mal- estar, falta de apetite, anrexia, hepatoesplenomegalia, poliadenite (que é uma inflamação em diversos gânglios linfáticos - muito comum, geralmente próximo a região da picada do barbeiro); • PERÍODO DE INCUBAÇÃO: Depende de como a doença foi contraída: ORAL - 3 a 22 dias (associada a maior morbidade e mortalidade), VETOR - 4 a 15 dias e TRANSFUSÃO - 30 a 40 dias; • Geralmente tem uma evolução favorável, sendo que em menos de 1% dos casos, se desenvolvem doenças severas (miocardite aguda, geralmente); • A letalidade em crianças é até 7%! • FASE CRÔNICA ASSINTOMÁTICA: Positividade dos exames sorológicos e ausência de sinais da doença (10 - 30 anos após a infecção); • FORMA INDETERMINADA: 50% dos pacientes; • FASE CRÔNICA SINTOMÁTICA: Temos 3 tipos, sendo eles: Cardíaca (20% a 40% dos pacientes), Digestiva (7% a 11% dos pacientes) e mista (cardiodigestiva) que. Curso natural da doença: • FASE AGUDA: Período de incubação, que varia muito de acordo com a forma de transmissão; • PARASITEMIA: Concentração parasitária, que primeiramente aparece alta, e depois na fase crônica abaixa bastante; • IgM: Possui o pico e a fase aguda (anti- corpo de fase aguda); • IgG: Ele sobe na fase crônica (é o anti-corpo de memória). **É importante destacar que a parasitologia na fase crônica é melhor identificada diante da observação dos anti-corpos, diante da baixa quantidade do parasita! Patogênese: A gênese das alterações patológicas da doença de chagas dependem: • Estado imunológico e nutricional do indivíduo; • Grupos de risco: Crianças são mais suceptíveis; • Cepas do T. Cruzi, pois exitem várias e possuem algumas que são mais resistentes ao tratamento; • Características morfológicas do parasito: FORMA: ⤷ Delgadas: são mais infectantes, possuem penetração rápida, são sensíveis aos anti- corpos, e estão mais presentes em fase aguda; ⤷ Largas: São menos infectantes, possuem penetração lenta, sendo mais resistentes aos ainti-corpos e geralmente estão nos tecidos musculares TROPISMO POR DIFERENTES TIPOS CELULARES! **Geralmente em fase aguda há um parasitismo intenso das células, com MUITOS NINHOS do parasito! Fase crônica: FORMA CARDÍACA: • Ocorre o comprometimento do sistema nervoso autônomo (SNA) simpático e parassimpático; • O que leva a insuficiência cardíaca congestiva devido a destruição da massa muscular com fibrose (coração fica grande e perde sua capacidade de bombardeamento sanguíneo); • Há 76% de chance da formação de trombos e êmbolos, gerando infartos locais, ou até mesmo em outros órgãos (depende de onde o trombo for parar); • RAIO-X MOSTRANDO O ALARGAMENTO DA ÁREA CARDÍACA: • MIOCARDITE CHAGÁSICA CRÔNICA: Dilatação global de todas as câmaras com contorno arredondado, além de microscopicamente poder ser observada a destruição de grande número de cardiomiócitos (na fase aguda) ou por reações imunológicas (na fase crônica)! FORMA DIGESTIVA: • Ocorro o comprometimento do sistema nervosos e muscular das fibras musculareslisas: MEGAESÔFAGO (disfagia, dor esternal, regurgitação, soluço e tosse) e MEGACÓLOM (obstrução intestinal, perfuração com peritonite e morte). Fatores patogenéticos e fisiopatológicos: • O principal fator é a denervação do parassimpático no coração e nos megas; • Alterações morfofuncionais das glândulas do intestino que secretam vários tipos de hormônios; • Alterações do reflexo peristáltico intrínseco com relação ao extrínseco; • Alterações da neurosecreção dos gânglios parassimpáticos (motilidade e condutibilidade das células musculares); • Fibrose difusa: incapacidade de contração. Quadro clínico de fase crônica assintomática (indeterminada): Há ausência de sinais e sintomas, com exame sorológico positivo e alguns casos de morte súbita. Quadro clínico de fase crônica sintomática: O paciente pode ter ficado assintomático por vários anos, e tornar-se sintomático, e diante disso, deve ser feito o acompanhamento pro resto da vida do indivíduo infectado! A forma cardíaca é a mais comum, e os sintomas de coração aumentado são: Dispnéia de esforço insônia, congestão visceral, edema generalizado e em alguns casos, morte! Já os sintomas com relação a fase crônica de forma digestiva, pode-se apresentar: Ausência de coordenação motora, disfagia (dificuldade de engolir), dor retroesternal, regurgitação, pirose (azia), soluço, tosse, sialose (produção excessiva de saliva) e complicações (obstrução intestinal e perfuração - peritonite). Doença de chagas transfusional (adquirida por transfusão): Ela é muito confundida com infecção bacteriana, por seus sintomas (febre, linfadenopatia), mas também pode ocasionar: Esplenomegalia, palidez, edema periorbital e dos membros, exantema (erupções cutâneas vermelhas), hepatomegalia, distúrbios cardíacos, sonolência, fadiga e tremores. Doença de chagas congênita: Pode ocorrer em qualquer período da gravidez, e pode ocasionar: Nascimento prematuro, baixo peso, abortamento e natimortalidade, placentite chagásica (inflamação na placenta). Além disso, o bebê pode ter: Hepatoesplenomegalia, insuficiência cardíaca (ICC), baixo peso, abdômen distendido, meteorismo, mudança da composição sanguínea (mudança nas porcentagens em relação ao que se tem no hemograma)! NATIMORTO, geralmente a causa é Meningoencefalite, miocardite e infecções associadas. **No recém nascido o diagnóstico é feito por IgM (porque IgM não passa pela placenta, e se o bebê possui, significa que ele produziu) ou parasita no cordão umbilical. Doença de Chagas no imunosuprimido: Tudo é mais grave no imunosuprimido, porém pode-se ter reativação da doença (paciente que passou a ser assintomático, volta a ser sintomático), pode ter a ocorrência de encefalite multifocal, forma tumoral, parasitas nas células gliais, neurônios e macrófagos! O diagnóstico é feito por exame de imagem e o tratamento deve-se ter bastante cautela com relação à toxidade das drogas! Diagnóstico: • CLÍNICO: É necessário que haja confirmação por métodos laboratoriais, mas indivíduos em áreas de risco e o risco de transmissão congênita, com apresentação dos sintomas da doença pode ser um grande indicador de Chagas; • LABORATORIAL: Na fase aguda, como tem maior parasitemia se realiza pesquisa direta (através de hemocultura) e, se necessário, indireta do parasito! Já na fase crônica a parasitemia está muito baixa, e com isso, procuram-se anti-corpos específicos, através de métodos sorológicos (imuno- fluorecência, hemaglutinação e ELISA para IgG), ou pesquisa do parasito por métodos indiretos! Diagnóstico diferencial: • Celulite periorbitária; • Mononucleose; • HIV aguda. **Para que seja feito o diagnóstico correto é necessário que seja realizado o exame laboratorial, para comparar o diagnóstico! Tratamento: Existem drogas que atuam sobre a forma sanguínea, sendo elas: Benzonidazol e Nifurtimox (tem pouca ação tecidual, e é eficaz na Argentina mas em MG não, pois nosso parasito já é resistente a ele, diante da organela cinetoplasto)! Diante disso, temos apenas o BENZONIDAZOL em MG! • O tratamento cura de 60% a 85% dos casos em fase aguda, diminuindo a severidade dos sintomas, reduzindo o curso clínico e reduz a parasitemia; • A fase crônica da doença é incurável (tratamento paliativo), sendo que os danos em órgãos como o coração e sistema nervoso são irreversíveis. A cardiopatia chagásica é medicada como as de outras etiologias e o megaesôfago/megacólon são tratados cirurgicamente! Chagas tem cura? O controle de cura é difícil e é feito por diferentes exames! O curado deve ter negativação parasitológica, sorologia convencional e não convencional! Profilaxia: • Melhoria da habitação; • Controle dos alimentos; • Ação sobre as fontes de infecção; • Controle vetorial (inseticidas e métodos auxiliares); • Controle do doador de sangue (Triagem sorológica e adição de substâncias tripanossomicidas); • Proteção aos susceptíveis (possíveis vacinas, pois tem vários estudos em busca dela).
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