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A pirâmide de evidência científica da base ao topo! - Ortodontia Descomplicada

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Início ! Para Ortodontista ! Academia ! A pirâmide de evidência cientí!ca: da base ao topo!
18492
TAGS análise de artigo artigo metodologia
A pirâmide de evidência
científica: da base ao topo!
Existem vários tipos de artigos científicos sendo publicados, de
relatos de casos à revisões sistemáticas. Milhares de artigos
são publicados todo mês e quem quer se manter atualizado
precisa saber o que está lendo. Mas se você quer pesquisar se
um tipo de tratamento é útil para seu paciente, como saber a
qual tipo de artigo recorrer? Uma dica: use a Pirâmide de
Evidência Científica!
Esse é um artigo da nossa coluna Academia, voltada para
análise de artigos científicos.
A pirâmide de evidência cientí1ca, da
base ao topo
Sherlock Holmes, A face amarela.
Fonte
Todos sabem o que é uma pirâmide. Uma estrutura formada
por triângulos, com a base mais larga que o topo. É uma
estrutura sólida e firme, justamente pela sua forma, onde o
topo, menor é sustentado pela base, maior.
A pirâmide de evidência científica
A pirâmide de evidência científica não é muito diferente. Uma
base larga, formada por artigos científicos de menor qualidade
de evidência ajuda a construir a pirâmide que chega ao topo
com artigos de alta qualidade.
A forma de pirâmide é um resultado natural de como a
pesquisa científica se desenvolve. Apesar de serem artigos com
mais “poder”, os artigos do topo não poderiam existir sem os
artigos da base que vieram antes. E artigos da base são
publicados em maior quantidade, pois além de serem
razoavelmente mais fáceis e baratos de se realizar que alguns
artigos do topo, são o primeiro passo para o teste de
intervenções e estudos mais complexos.
A base da pirâmide de evidência
cientí1ca: pesquisas animais e in vitro
Estudos em laboratório e em animais são a base da pirâmide.
Muitos estudos do topo da pirâmide começam aí,
principalmente quando são intervenções que podem ser
perigosas para os pacientes. O problema desses tipos de
estudo é que eles geralmente seus resultados não podem ser
aplicados com rigor em nosso consultório. Animais são
diferentes de humanos e os resultados de um estudo em
laboratório e não devem ser extrapolados diretamente para a
prática clínica 
Estudos in vitro (do latim: no vidro) são estudos que não são
feitos em seres vivos, geralmente em um laboratório. São a
base para praticamente qualquer intervenção e muitos estudos
grandes começam com o que se chama de estudo piloto: um
estudo preliminar feito em laboratório para se “calibrar” o
estudo clínico que será feito futuramente. Na ortodontia,
muitas variáveis como osso, musculatura da boca, saliva,
biomecânica, forças oclusais de mastigação e repouso, e muitas
outras, não podem ser reproduzidas fielmente em laboratório.
Por isso, é importante sempre avaliar esses artigos
criticamente.
Um exemplo, na postagem passada falamos sobre torques. Boa
parte dos estudos usados foram estudos feitos in-vitro. Como é
difícil fazer as avaliações desejadas pelos pesquisadores em
pacientes, foram usados testes em laboratório. Como existem
muitas variáveis que não são levadas em conta nesses estudos,
podemos imaginar que ao transferir para nossa clínica esses
resultados, eles talvez sejam ainda piores do que os obtidos
nos artigos.
Outro exemplo seriam estudos realizados em animais. Muitas
intervenções são impossíveis de serem feitas em humanos por
motivos éticos. Asschericlx e colegas queriam saber o que
acontece quando um mini-implante encosta na raiz de um
dente. Por motivos óbvios, seria difícil que um comitê de ética
permitisse que os pesquisadores saíssem perfurando raízes de
pacientes para avaliar. Então, os pesquisadores usaram
cachorros Beagle. Porém, Kadioglou et al conseguiram realizar
esse estudo em pré-molares de humanos que seriam extraídos,
o que torna seu estudo mais confiável ainda.
Apesar de não serem artigos do topo da pirâmide, esses artigos
têm um grande valor quando bem interpretados e é um erro
achar que não merecem consideração . Muitas vezes, vão ser
a única resposta disponível no momento e nessas horas,
qualquer verdade é melhor do que a dúvida.
Muito legal…mas eu não sou
pesquisador e não leio muitos artigos.
Eu pre1ro frequentar cursos e palestras.
Você pode achar que isso não te interessa se você não estiver
envolvido em pesquisa, não é?
Mas vamos imaginar uma situação hipotética…
Você está em um congresso e resolve assistir um curso sobre
um novo tipo de técnica. Vamos imaginar uma coisa nova,
como um bracket que não usa ligaduras elásticas e promete ter
menos atrito e com isso um tratamento mais rápido. O
palestrante está mostrando resultados incríveis com gráficos
que prometem uma redução de atrito incrível. Algo assim:
Retirado de Burrows et al
Porém, você percebe que os dados são de um estudo in vitro e
fica desconfiado. Ao pesquisar mais você descobre que esse
gráfico não leva em conta a inclinação do dente durante a
movimentação, o que resulta em um atrito similar ao de um
bracket convencional. Nesse caso o atrito aumenta a medida
que o fio se torna mais calibroso de maneira similar nos dois
tipos de bracket.
Retirado de Burrows et al.
Por ser um estudo in vitro, algumas variáveis não foram
levadas em conta no primeiro gráfico e no caso de brackets
auto-ligantes, muitos estudos em laboratório que avaliavam o
atrito não consideraram a inclinação dos dentes, que
causa binding. Mas isso não foi um problema para os
fabricantes na hora de divulgar os resultados.
Isso aconteceu de verdade e a empresa quando anunciou o
lançamento do bracket, convenientemente se esqueceu de
colocar o segundo gráfico. Proffit e Burrows abordaram esse
assunto em uma entrevista de 2013 do JCO . No site da
empresa a matéria original foi retirada do ar .
Se você não consegue analisar a informação que te vendem de
maneira crítica, vai acabar tendo suas decisões clínicas
tomadas pelos fabricantes e vendedores de materiais
odontológicos. E isso é o melhor para o seu paciente?
 
 
1. Burrow SJ. Friction and resistance to sliding in orthodontics:
A critical review. Ajodo 2009; 135:442-7 
↩
2. Asscherickx K, Vannet B V, Wehrbein H, Sabzevar M M.
Success rate of miniscrews relative to their position to
adjacent roots. European Journal of Orthodontics 2008; 30:
330–335 
↩
3. Kadioglu O, Buyukyilmaz T, Zachrisson B U, Maino B G.
Contact damage to root surfaces of premolars touching
miniscrews during orthodontic treatment. Ajodo 2008; 134:
353–360 
↩
4. Greenhalgh T. How to read a paper. 2ª ed. BMJ Books,
Londres. 2001. 
↩
5. Burrow SJ, Proffit WR, Keim RG. JCO Interviews Drs. S.J.
“Jack” Burrow and William R. Proffit on the Efficacy of Self-
Ligating Brackets. J Clin Ortho 2013;47(7):413-8. 
↩
6. Thorstenson, G.: SmartClip self-ligating brackets frictional
study, Orthodontic Perpectives, 3M Unitek, Monrovia, CA,
Vol. 12, No. 1, 2005, pp. 8-11. 
↩
 " 
 
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9 de junho de 2016 #
“QUALQUER VERDADE É MELHOR DO
QUE A DÚVIDA”
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6
Alexandre da Veiga Jardim
Cirurgião-dentista, especialista em
ortodontia pela ABO-GO com 10 anos de
experiência. Mestre e doutorando em
ciências da saúde pela UFG. Professor nas
universidades Fasam e Integra, membro da
diretoria da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR-GO).
Credenciado no sistema Invisalign e apaixonado por ensino,
música e tecnologia. Artigos publicados neste blog, sites e
revistas científicas.
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Artigo cientí,co: Efeitos
do Bionator de Balters na
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Alexandre Veiga Jardim
Cirurgião-dentista,
especialista em ortodontia
pela ABO-GO e mestre em
ciências da saúde pela UFG.
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