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EAD ESTACIO 2021 - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: Aula 1 - Do Mito à Razão

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Filosofia da Educação 
Aula 1 - Do Mito à Razão
Introdução
1. Identificar os fatores de ordem cultural, política, econômica e social que contribuíram para o surgimento da Filosofia na Grécia Antiga.
2. Explicar a diferença entre o discurso mítico-religioso e o discurso filosófico.
3. Explicar em que sentido o pensamento filosófico rompe com a tradição mítico-religiosa.
Objetivos
- Identificar os fatores de ordem cultural, política, econômica e social que contribuíram para o surgimento da Filosofia na Grécia Antiga.
- Explicar a diferença entre o discurso mítico-religioso e o discurso filosófico.
- Explicar em que sentido o pensamento filosófico rompe com a tradição mítico-religiosa.
Créditos
Ramany Oliveira - Designer Instrucional
Allan Gadelha - Web Designer
Rostan Silva – Programador
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Nascimento da Filosofia
Na Grécia Antiga, a religião e o mito eram as fontes originárias de conhecimento.
A partir do século VI a.C., no entanto, surgiram alguns sábios que propuseram
uma outra forma de pensar e de explicar o mundo. Eles passaram a utilizar os
argumentos racionais (não mais os religiosos ou míticos) para teorizar a
realidade a partir de elementos presentes no próprio mundo natural, sem que
precisassem apelar a um mundo sobrenatural.
Nesse contexto, nasce a Filosofia. A seguir, você entenderá melhor
esses acontecimentos.
O nascimento da polis (cidade), no século VIII a.C., provocou grandes transformações na Grécia Antiga.
Como você viu anteriormente, a passagem de uma visão mágica, mítica e religiosa do mundo para uma interpretação racional, humana, marca o nascimento da Filosofia no Ocidente e o início do período chamado Filosofia Antiga.
O nascimento da Filosofia ocorreu no século VI a.C., nas colônias gregas da Magna Grécia (sul da Itália) e Jônia (atual Turquia).
Atividade
A Filosofia, tendo como fundamento a razão (logus), estabeleceu uma nova forma de interpretação da realidade.
A Filosofia nasceu fincada no chão da sociedade grega, sob condições políticas, econômicas e culturais que determinaram todo o edifício racional que fora construído pelos inúmeros pensadores.
Tendo como base o que você estudou até aqui, leia as afirmações abaixo e complete as lacunas.
 (
Religião
) (
Mit
o
)
a) Na Grécia Antiga, a ______________ e o _______________ eram as fontes originárias de conhecimento.
 (
Polis
)
b) O nascimento da ______________ (cidade), no século VIII a.C., provocou grandes transformações na Grécia Antiga.
 (
Política
)
c) A ______________ permitiu aos cidadãos debaterem e traçarem o seu próprio destino em praça pública.
 (
Filosofia
)
d) O nascimento da _________________ ocorreu no século VI a.C., nas colônias gregas da Magna Grécia (sul da Itália) e Jônia (atual Turquia).
GABARITO
a) Na Grécia Antiga, a religião e o mito eram as fontes originárias de conhecimento.
b) O nascimento da Polis (cidade), no século VIII a.C., provocou grandes transformações na Grécia Antiga.
c) A política permitiu aos cidadãos debaterem e traçarem o seu próprio destino em praça pública.
d) O nascimento da Filosofia ocorreu no século VI a.C., nas colônias gregas da Magna Grécia (sul da Itália) e Jônia (atual Turquia).
VÍDEO:
PROFª.: Viviane da Costa Lopes
VÍDEO:
PROFª.: Viviane da Costa Lopes
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Fatores políticos, religiosos e econômicos contribuíram para o surgimento da Filosofia na Grécia Antiga. Vamos conhecer cada um deles:
FATORES POLÍTICOS
As origens da Filosofia vinculam-se ao processo de consolidação da democracia grega em torno da polis.
Esta era a base da cidadania grega: os cidadãos são a finalidade última do Estado, o bem do Estado é seu próprio bem, sua liberdade, sua grandeza.
A cidade-estado grega era o espaço legítimo e legitimador de sua liberdade, a ponto de o Estado tornar-se horizonte ético do homem grego.
A democracia grega se apoiava em uma concepção de cidadania excludente. Eram considerados cidadãos, apenas os homens (varões) que possuíam bens ou riquezas. Portanto, estavam excluídos da cidadania as mulheres, os estrangeiros, os escravos e os homens pobres.
 (
Homens (varões) que possuíam bens ou riquezas
Esse pequeno número de pessoas é que exerciam plenamente os seus direitos políticos e cidadãos na praça pública.
)
FATORES RELIGIOSOS
Os gregos conseguiram alcançar um patamar de liberdade religiosa muito elevado em relação a outros povos da Ásia Menor e do Oriente Próximo.
Enquanto em outras nações o poder religioso, aliado às monarquias de cunho tributário, servia para legitimar o Estado absoluto e o poder do rei, algumas cidades-estado da Grécia construíram uma relativa liberdade, baseada na autoridade do Pater Familias (Pai de Família).
A religião grega não se baseava em um livro Sagrado. Portanto, os gregos não tinham dogmas a serem defendidos, ortodoxia, nem heresias, ou uma casta sacerdotal. Estava aberto o caminho para o livre pensar.
Pater Familias - era o dono de terras, casa, bens, escravos e mulher, que participava em diversas instâncias da vida pública.
Ortodoxia - Interpretação correta das verdades religiosas.
Heresias - Desvios doutrinários.
FATORES ECONÔMICOS
O florescimento das cidades-estado gregas deveu-se principalmente ao desenvolvimento da indústria artesanal e do comércio. Antes disso, a Grécia era predominantemente agrária, sendo dominada politicamente por grandes proprietários de terras. Neste contexto, é mais compreensível que cultivasse uma visão mítica do mundo, mais ligada aos ciclos do clima.
O crescimento industrial e comercial fez florescerem as cidades-estado, fazendo surgir novos atores sociais, que começavam a dominar o cenário político e ameaçar o poder da nobreza fundiária. É nessas circunstâncias que a Filosofia nasce, fazendo justificar o poder emergente de comerciantes e artesãos.
Novos atores sociais - Os grandes comerciantes, por exemplo.
1 – Vale notar que essas mudanças ocorreram primeiro nas colônias gregas da Ásia Menor (em Mileto, por exemplo).
2 – Expandindo-se, depois, para a região da Itália Meridional.
3 – Chegando, então, ao centro da Grécia, em Atenas. Isto porque, estando longe do controle central, puderam desenvolver instituições políticas autônomas e desenvolver um comércio próprio.
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Atividade
Verifique seus conhecimentos!
Analise as afirmativas abaixo:
I. As origens da Filosofia vinculam-se ao processo de consolidação da democracia grega em torno da polis.
II. A democracia grega se apoiava em uma concepção de cidadania inclusiva.
III. Os gregos não conseguiram alcançar um patamar de liberdade religiosa elevado em relação a outros povos da Ásia Menor e do oriente Próximo.
IV. O florescimento das cidades-estado gregas deveu-se principalmente ao desenvolvimento da indústria artesanal e do comércio.
Indique a opção que apresenta as afirmativas corretas:
a) I e IV
b) II e III
c) I e III
d) I, III e IV
e) I, II e III
Entenda melhor o discurso mítico-religioso na Grécia Antiga
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=JS6eoVXzqyo
Assista ao vídeo abaixo para ter uma pequena percepção do que se trata a mitologia da Grécia Antiga.
Atividade
Como você viu anteriormente, a religião dos gregos não se apoiava em um Livro sagrado, fonte da revelação divina para os humanos, e não havia uma verdade que se encontrasse, de uma vez por todas, vertida em texto. Como consequência, também não havia dogma ou ortodoxia, nem profetas ou messias, tampouco uma casta sacerdotal. Talvez, por causa destas características da religião dos gregos, vigorava grande liberdade para pensar e para divergir, o que é fundamental para a Filosofia.
Ora, então, qual era a fonte de conhecimento sobre os deuses: seus nomes, suas genealogias, seus atributos, suas aventuras, seus respectivos poderes,seu modo de agir, as honras que lhes eram devidas etc.?
RESPOSTA
- narrativas orais passadas de pessoa para pessoa, por gerações. Deram origem aos chamados mitos.
- só muito depois é que as mesmas foram transcritas pelos historiadores e poetas.
GABARITO
Tais saberes sobre os deuses eram veiculados por narrativas eminentemente orais. Ou seja, por histórias que eram transmitidas de boca a ouvido, e que passavam adiante, de boca em boca, através das fábulas contadas pelas mulheres às crianças nos lares e das vozes e dos cantos dos poetas ao público em geral. Mais tarde, no século VII a.C., esta tradição oral foi escrita por Hesíodo em textos que ficaram conhecidos como Teogonia e Cosmogonia (respectivamente, a origem dos deuses e a origem do mundo). Esta tradição de base oral constitui o que chamamos de mito.
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Leitura
Clique aqui para obter mais informações sobre a linguagem mítica.
A Linguagem Mítica
O mito se expressa em linguagem poética, rica em metáforas e analogias. Ele difere da linguagem lógica e racional muito propícia às definições e às explicações conceituais. A metáfora é uma forma de linguagem simbólica que vem sendo utilizada há séculos para abordar temas de forma paradoxal e indireta, na busca de seu significado. Nesta figura de linguagem, o sentido comum de uma palavra é trocado por outro sentido possível que, a partir de uma comparação ou analogia subentendida, tal palavra passa a seguir. A linguagem metafórica provoca uma busca por parte do aprendiz. Para compreender essa linguagem, é necessário ultrapassar o modelo convencional de pensamento e superar a busca do entendimento. As metáforas abrem a porta para a dimensão simbólica, ajudam na percepção dos múltiplos significados que coexistem em uma só imagem. Os símbolos sugerem que algo pode ser compreendido além da sua aparência óbvia e imediata. Como exemplo, veja a seguir o Mito de Prometeu Acorrentado. O Mito de Prometeu Acorrentado Prometeu e, seu irmão, Epimeteu receberam de Zeus a tarefa de criar os homens e todos os animais. Epimeteu encarregou-se da obra e Prometeu encarregou-se de supervisioná-la depois de pronta. Assim, Epimeteu atribuiu a cada animal seus dons variados, de coragem, força, rapidez, sagacidade; deu asas a um, garras a outro, uma carapaça protegendo um terceiro etc. Porém, quando chegou a vez do homem, que deveria ser superior a todos os animais, Epimeteu já havia gastado todos os recursos. Com isso, ele recorreu a Prometeu que, com a ajuda de Minerva, roubou o fogo que assegurou a superioridade dos homens sobre os outros animais. Entretanto, o fogo que Prometeu roubou era exclusivo dos deuses. Como castigo, Zeus ordenou a Hefesto que acorrentasse Prometeu no cume do monte Cáucaso, onde todos 2 os dias uma águia (ou abutre) iria dilacerar o seu fígado. Apesar do castigo, Prometeu sempre se regenerava porque era imortal. Esse castigo deveria durar 30.000 anos. Prometeu foi liberto do seu sofrimento por Hércules que, havendo concluído os seus doze trabalhos, dedicava-se a aventuras. No lugar de Prometeu, o centauro Quíron deixou-se acorrentar no Cáucaso, pois a substituição de Prometeu era uma exigência para assegurar a sua liberdade. Essa história foi teatralizada pela primeira vez por Ésquilo no século V a.C. com o título de Prometeus desmotes (Prometeu Agrilhoado/Acorrentado). 
Leia a íntegra da peça Prometeu Acorrentado, de Ésquilo, no site:
 http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/prometeu.html.
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Discurso filosófico na Grécia Antiga
A princípio, os filósofos pré-socráticos, também chamados de "naturalistas" ou filósofos da physis, tinham como escopo especulativo o problema cosmológico, ou cosmo-ontológico, e buscavam o princípio (ou arché) das coisas.
Filósofos Pré-Socráticos - Como sugere o nome, os filósofos pré-socráticos são aqueles que antecedem a Sócrates. Contudo, essa divisão se dá mais propriamente devido ao objeto de sua filosofia (o interesse pelo estudo da natureza) em relação à novidade introduzida por Sócrates, do que em relação à cronologia. Já que, temporalmente, alguns dos ditos pré-socráticos são contemporâneos a Sócrates, ou mesmo posteriores a ele (como no caso de alguns sofistas).
Physis - Palavra grega que significa natureza - entendendo-se este termo não em seu sentido corriqueiro, mas como realidade primeira, originária e fundamental, ou como o que é primário, elementar e persistente, em oposição ao que é secundário, derivado e transitório.
Cada um dos filósofos pré-socráticos sugeriu um elemento primordial (princípio) ou causa de todas as coisas que compõem a realidade física.
Exemplos de elementos primordiais sugeridos pelos filósofos pré-socráticos:
	Tales de Mileto
	Anaximandro de Mileto
	Xenófanes de Cólofon
	Anaxímenes de Mileto
	a água
	o apeíron
	a terra
	o ar
	Heraclito de Éfeso
	Pitágoras de Samos
	Demócrito de Abdera
	Empédocles de Agrigento
	o fogo
	o número
	o átomo
	os quatro elementos
(terra, água, fogo e ar)
Em um segundo momento, surge a sofística e o foco da filosofia muda do cosmo para o homem e o problema moral.
Sofística - Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação.
Como você deve ter percebido, o pensamento filosófico rompeu com a tradição mítico-religiosa na Grécia Antiga.
Os gregos pré-socráticos compreenderam que as causas explicativas do mundo estavam presentes no próprio mundo.
Portanto, através dos elementos primordiais (água, terra, fogo, ar etc.) era possível explicar a realidade, sem a necessidade de apelo às forças divinas, sobrenaturais, extramundanas.
VOCÊ SABIA?
Os primeiros principais sofistas da Grécia Antiga foram, Protágoras, Górgias, Isócatres, Hípias, Pródico, Crítias, Antifonte, Trasímaco, mais além com os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles.
VÍDEO:
PROFª.: Viviane da Costa Lopes
Atividade
Verifique seus conhecimentos!
Leia as alternativas abaixo e assinale a(s) opção(ões) correta(s).
Os gregos cultuavam muitos deuses. Estes múltiplos deuses estavam no mundo e faziam parte dele.
A princípio, os filósofos pré-socráticos tinham como escopo especulativo o problema cosmológico e buscavam o princípio das coisas.
Para os filósofos pré-socráticos, a arché seria um princípio que deveria estar presente em todos os momentos da existência de todas as coisas; no início, no desenvolvimento e no fim de tudo.
Os gregos pré-socráticos compreenderam que as causas explicativas do mundo estavam presentes no próprio mundo.
- O GABARITO ESTÁ ERRADO (Só apresenta como V as I e IV)
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Resumo do conteúdo
· Contexto histórico, político, social e cultural da Grécia, no século VI a.C., período em que surge uma nova forma de pensar e de conhecer o mundo: a Filosofia;
· Narrativas míticas e religiosas como forma fundamental de conhecimento do mundo, antes do surgimento da Filosofia;
· Discurso filosófico numa ruptura com o mito, na busca de compreender e explicar a realidade através da linguagem racional.
Próximos passos
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· Pesquisar na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto;
· Conversar com seu professor online, em caso de dúvidas, utilizando os recursos disponíveis no ambiente de aprendizado.
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