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Resumo: Queimaduras Introduçã� Lesão dos tecidos orgânicos com destruição do revestimento epitelial , a partir de um agente externo. Pode variar desde uma pequena bolha até formas mais graves capazes de desencadear grande número de respostas sistêmicas. Os agentes podem ser térmicos, eletricidade, químicos e radiações ionizantes. Classificaçã� Classicamente as queimaduras são classificadas quanto a sua profundidade: primeiro grau, segundo grau e terceiro grau. Queimadura de Primeiro Grau Atinge a epiderme, gerando eritema e dor. Não provoca alterações clínicas e hemodinâmicas significativas, todas as estruturas de reepitelização são preservadas e a reepitelização total sem cicatriz acontece entre 3 e 6 dias. Queimadura de Segundo Grau Atinge a epiderme e parte da derme e os anexos cutâneos permanecem preservados. Clinicamente caracterizada pela presença de bolhas, que são divididas em superficiais ou profundas. ➔ Superficial: superfície rósea abaixo das bolhas, ocorrendo cicatrização, sem sequelas, de 10 a 14 dias. ➔ Profunda: esbranquiçadas, menos dolorosas do que as superficiais e demoram de 25 a 35 dias para reepitelização, a partir dos anexos dérmicos existentes (cicatrizes inestéticas) Queimadura de Terceiro Grau São queimaduras profundas, que atravessam toda a extensão da pele e chegam a tecidos mais profundos. Não são dolorosas, nem reepitelizam (endurecidas e peroladas) �siopatologi� da� Queimadura� Ocorrem dois eventos principais: aumento da permeabilidade capilar e edema. Em contato com o agente causal ocorre exposição do colágeno e liberação de histamina pelos mastócitos. LIBERAÇÃO DE HISTAMINA AUMENTO DA PERMEABILIDADE CAPILAR EDEMA TECIDUAL E HIPOVOLEMIA Choqu� n� Pacient� Queimad� Moléculas grandes vazam para o interstício, levando com elas grande volume de água, isso gera a formação de um intenso edema, resultando em redução do volume circulante e choque hipovolêmico. Ocorre também a alteração da polaridade da membrana celular com a migração de sódio e água para o meio intracelular e a saída de potássio para o meio extracelular. A perda da permeabilidade capilar é o fator mais importante na chamada fase de choque da queimadura, levando ao choque hipovolêmico e à formação de edema com repercussões irreversíveis, se não tratadas a tempo. Esse fenômeno é bifásico e a permeabilidade é recomposta em 24 horas Alteraçõe� Metabólica� PACIENTE QUEIMADO ALTERAÇÕES METABÓLICAS MEDIADORES INFLAMATÓRIOS/ DESCARGAS HORMONAIS Existem alguns fatores associados às alterações metabólicas, são eles: o tamanho da lesão, a composição física, idade e fatores genéticos. O gasto calórico e o catabolismo proteico são maiores e mais consistentes na queimadura do que em qualquer outro estado de estresse fisiológico. Já o gasto de energia pode ser superior a duas vezes o valor basal normal. Entre as alterações metabólicas ocorrem: ➔ Lipólise acentuada. ➔ Diminuição de vitaminas. ➔ Diminuição de minerais Em relação a imunidade ocorre diminuição acentuada dos linfócitos T, infecções e pseudomonas. Atendiment� Primári� A realização do ABCDEF deve ocorrer, proposta pela ABLS, onde: a. vias aéreas: queimaduras das vias aéreas levam a edema de mucosas e insuficiência respiratória aguda, com intubação precoce - cílios, supercílios, fímbrias nasais, mucosa oral, nasal chamuscados. b. ventilação: a inalação de gases aquecidos pode acometer as vias aéreas inferiores (queimadura termo-química), levando à condensação pulmonar e dificuldade de trocas gasosas, os efeitos iniciam-se após 24 horas. c. circulação: devido à grande perda de tecido epitelial, com consequente perda hídrica, somada a edema e inflamação, o paciente queimado apresenta-se frequentemente desidratado e/ou em choque. Devem-se obter dois acessos venosos periféricos calibrosos em área não queimada. d. déficit neurológico: inicialmente atento e orientado. Caso contrário pensar em lesão combinada e. expor e examinar: despir todo o paciente f. reposição de fluidos: ringer lactato Os princípios de controle são: ➔ Parar o processo de queimadura: ◆ remover roupas, lavar áreas acometidas, retirar do contato elétrico, remover anéis, pulseiras e relógios que podem funcionar como torniquetes. ➔ Precauções universais: ◆ luvas, gorro, máscaras e capotes. ➔ Controle das vias respiratórias: ◆ oxigênio a 100% em queimaduras de 20% ou mais de SC. ➔ Sonda nasogástrica: ◆ 20% ou mais de SCQ. ➔ Controle circulatório: ◆ controle do choque hipovolêmico. infusão endovenosa de ringer lactato. via calibrosa. 2 a 4 ml de ringer lactato x scq x peso corporal. ministrar metade do volume calculado nas primeiras 8hora8 horas e restante nas outras 16 horas subsequentes. ➔ Sonda vesical de demora: ◆ controle do débito urinário. ➔ Analgesia: ◆ opióides. ➔ Avaliação de pulsos periféricos: ◆ síndromes compartimentais e necrose. Critéri� d� Internaçã� ➔ 2º grau acima de 20% em adultos ➔ 2º grau acima de 10% em crianças. ➔ Queimaduras em face. ➔ Queimaduras perineais. ➔ Queimaduras elétricas em áreas passíveis de sofrimento vascular Cálcul� d� SCQ Em 1951, Wallace propôs um método, não muito preciso, porém eficaz e facilmente memorizável. A regra dos nove: ➔ Cabeça: 9% ➔ Pescoço: 1% ➔ Tronco anterior: 18% ➔ Tronco posterior: 18% ➔ Membro superior: 9% ➔ Membro inferior: 18% Rep�içã� Volêmic� Para a reposição volêmica existem a regra de parkland (4 ml de ringer lactato x peso x SC), a regra do Brooke Army Hospital (2 ml de ringer lactato x peso x SCQ) e a manutenção (diurese de 30-50 ml/ hora). OBS: para a imunização contra o tétano é utilizado 3 doses de toxóide Curativ� n� Pacient� Queimad� Sulfadiazina de prata 1% Droga de escolha na maioria dos centros de queimados, por ser eficaz e prática. Uma ou duas aplicações dia. Indolor, boa penetração tecidual, eficaz contra grande número de bactérias. Tem a leucopenia como principal efeito colateral. Acetato de mafenide 11,1% Pode ser usado em curativos fechados ou abertos, assim como a sulfadiazina. Tem ação contra pseudomonas. É a primeira escolha em ferimentos infectados, com aplicação dolorosa e inibidora da anidrase carbônica (perda renal de bicarbonato e acidose). Nitrato de prata 0,5% Aplicado na forma de compressas molhadas, indolor na hora da aplicação, porém podendo ser doloroso durante a troca dos curativos. Apresenta penetração ruim nos tecidos e tem como efeitos colaterais a espoliação de sódio, potássio, cálcio e cloro Nitrato de cério Geralmente associado à sulfadiazina de prata, pois é uma barreira contra toxinas na corrente sanguínea Curativos abertos Mais realizado em face, pescoço e região perineal, para que haja uma observação contínua da ferida. Curativo fechado Tem como benefício maior conforto do paciente, com isolamento do meio externo, porém a troca do curativo é dolorosa . Tratament� Cirúrgic� Debridamento É a retirada de todos os tecidos desvitalizados, promovendo a diminuição de processos infecciosos e aceleração da cicatrização. Escarotomia Os tecidos desvitalizados formam uma carapaça capaz de impedir o retorno venoso, bloqueando a circulação dos locais afetados. Por essa razão são realizadas incisões longitudinais que quebram o bloqueio exercido pelos tecidos desvitalizados. Auto enxertia cutânea É a cobertura de áreas afetadas pela queimadura, com uso de dermátomos ou facas de blair. cicatrizes retráteis. Sequela� d� Queimadura� Pode ocorrer limitação de movimentos, discromias, cicatrizes hipertróficas, quelóides, cicatrizes dolorosas e malignização (úlcera de marjolin).
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